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ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA PARALISICA CEREBRAL ENCEFALOPATIA CRONICA NÃO PROGRESISVA DA INFÂNCIA 1. DEFINIÇÃO: desordem permanente do desenvolvimento da postura e movimento, resultante de um distúrbio não progressivo que ocorre no desenvolvimento encefálico fetal ou na primeira infância. A paralisia pode ser dada em qualquer parte do encéfalo – SN (cérebro, tronco encefálico ou cerebelo) e por isso é chamada de encefalopatia crônica (é permanente) não progressiva da infância. -- O que progride com o tempo, são as sequelas e os comprometimentos clínicos. -- A PC no adulto, é o AVE. · CONCEITOS: ■ Encefalopatia: lesão no encéfalo ■ Crônica: lesão permanente ■ Não evolutiva: lesão anatomopatológica é estacionária. Não piora com o tempo. ■ Infância: somente em crianças 2. FATORES ETIOLÓGICOS: causa multifatorial -- Pré-natal (antes do parto): Fatores da mãe – hipertensão, DM, idade, uso de drogas, se teve algum vírus (candidíase, sífilis, citomegalovírus), má alimentação (nutrição, uso de medicamentos durante a gestação, uso excessivo ou insuficiente de suplementação de ácido fólico, cardiopatas. Fatores do bebê – sofrimento fetal, má formação encefálica do bebê, distúrbios metabólicos fetais (obesidade e não crescimento adequado), idade gestacional. -- Peri-natal (durante o parto): sofrimento fetal (cordão umbilical), tempo de parto, aspiração, desproporção do bebê em relação á mãe (o bb ser maior que a pelve da mãe), PCR (bebê não chorou no nascimento), icterícia (pode causar morte dos neurônios), uso de fórceps. -- Pós-natal (depois do parto): bebê pré-termo, infecções, má formação, traumas, PCR. 3. CAUSAS: hipóxia ou anóxia (falta de 02 insuficiente ou ausente), isquemia (déficit na irrigação sanguínea interrupção ou bloqueio do fluxo sanguíneo), hemorragia (um vaso se rompe e ocorre o extravasamento de sangue). -- Parada cardiorrespiratória da criança (diminuição do oxigênio). PRE NATAL : sofrimento fetal, distúrbios metabólicos fetais, idade gestacional (acima de 41 sem ou abaixo de 37) 4. INCIDÊNCIA: *Os dados epidemiológicos variam no mundo, de acordo com as condições socioeconômicas de cada região: -- países desenvolvidos 2:1.000 -- países subdesenvolvidos 7:1.000 -- Motivos para a incidência ser maior em países desenvolvidos: saúde pública, alta demanda, consciência da saúde pública(pré-natal tardio) *Incidência maior em crianças de baixo peso: --Peso <1kg – cerca de 50% tem PC – Peso >1.5kg – cerca de 25% tem PC *Maior risco em mães com mais de 40 ** A prematuridade da criança leva á uma não maturação do SN, o que pode ser um fator predisponente para a PC. 5. CLASSIFICAÇÃO : · Distribuição topográfica: distribuição dos comprometimentos no corpo do bebê -- Diplegia/diparesia (maior em MMII) -- Hemiplegia/hemiparesia (pode ser tanto superior quanto inferior) -- Paraplegia/paraparesia -- Quadriplegia/ quadriparesia · Sinais clínicos: -- Discinetica: coratetóide e balismo (subcorticais – núcleos da base) -- Espástica: homúnculo motor -- Atáxica: cerebelar -- Mista: é a mais comum (20%dos casos), envolve alterações concomitantes dos sistemas piramidal, extrapiramidal e cerebelar (forma espástica córtex; forma atáxica cerebelar). ** Forma espástica com atetose: • Espasticidade mais evidente nas regiões proximais • Movimento de oscilação distal ** Forma espástica com ataxia · Capacidade funcional motora: sistema de classificação de função motora grossa (GMFCS). A classificação é dividida em 5 níveis funcionais, sendo a 5ª de maior dependência. Faz avaliação do movimento voluntário, com ênfase no sentar, transferências e mobilidade. -- Um paciente em nível 3 pode melhorar e passar para o nível 2. Já em casos de não realização da fisioterapia, pode haver progressão de um nível para outro agravando o caso. 6. CARACTERÍSTICAS COMUNS: -- Tônus muscular anormal: altera o controle de movimento com problemas na coordenação e no sequenciamento do movimento. -- Espasticidade: limita a capacidade de iniciar o movimento e de mover rapidamente. -- Perda da seletividade motora: padrões motores pobres e estereotipados (forma atípica de execução, de padrão alterado. A pessoa faz o movimento, porém faz diferente). -- A criança pode ter tônus postural baixo por falta de controle muscular, porém não é hipotônico. -- Reações associadas: excessiva atividade muscular durante atividade motora devido a incapacidade de fracionar o movimento, falta de habilidades motoras e fraqueza muscular. ** Coativação muscular de segmentos diferentes ao mesmo tempo, devido à incapacidade de fracionar o movimento, falta de habilidades motoras e fraqueza muscular. Ocorre a perda de ativação da sequência tornozelo-quadril-passo, portanto tudo ocorre ao mesmo tempo, ativa toda a musculatura em bloco. -- Diminuição da capacidade de ajustes motores : devido a dificuldade de interação entre a sequência temporal da contração muscular, a fraqueza muscular e a dificuldade do músculo contrair rapidamente. -- Atraso no DNPM **Geralmente, a hipertonia ocorre imediatamente após a lesão ou em ambientes hospitalares, mas as formas mais comuns são a hipertonia. **A hipotonia é transitória, que ocorre na fase aguda (momento da lesão á 3 meses) e sub-aguda (3/4 meses á 7 meses), e vira hipertonia na fase crônica (de 7 meses para o resto da vida) – ocorre evolução da hipotonia para a hipertonia. **Tônus postural é diminuído e tônus basal (contração muscular) é aumentado. 7. DISFUNÇÕES ASSOCIADAS: -- Epilepsia: ocorrem em cerca de 30 a 50% dos pacientes. Frequência e os tipos de crise variam conforme a forma clínica. -- Deficiência visual e oculares: sofre comprometimento no lobo occipital. Podem ser encontradas as mais variadas formas possíveis: perda da visão, estrabismo, nistagmo e perda da coordenação biocular. -- Distúrbios de fala e linguagem: lobofrontal no dorsolateral esquerdo. Pode ter um problema de compreensão do que falamos ou na execução da fala (lobo frontal). -- Distúrbio de cognição: lobo frontal. Retardo do desenvolvimento intelectual e função perceptivas, atenção e memória. -- Dificuldade de aprendizagem: Por todos os motivos apresentados, essas crianças podem apresentar maior demora na absorção de ensinamentos. -- Outros: distúrbio de comportamento (labilidade emocional), constipação, disfunção urinária, problemas odontológicos. 8. DIAGNÓSTICO CLÍNICO: -- História clínica bem minuciosa da gestação, do período perinatal e dos primeiros anos de vida. -- História familiar, consanguinidade entre os genitores e casos semelhantes ou com o mesmo diagnóstico na família. -- Exame neurológico cuidadoso da criança - detalhamento do desenvolvimento neuropsicomotor. ** Baseia-se na história clínica atual e pregressa, história familiar. A TM e a RM são importantes para ver o local e o tamanho da lesão. 9. PROGNÓSTICO: 90% sobrevivem até a idade adulta. Depende do grau de comprometimento motor e da presença de distúrbios associados. ** O bom prognóstico pra marcha com auxílio: controle cervical até um ano de idade e equilíbrio do tronco sentado entre 2 e 3 anos. -- ABVDs independente: leve grau de comprometimento de MMSS, da alteração cognitiva e déficits visuais. ** Um dos objetivos da fisioterapia é quebrar o padrão patológico ou viabilizar que o padrão de movimento atípico se torne o mais funcional possível. 10. TRATAMENTO: multidisciplinar 11. TRATAMENTO MÉDICO: -- Não tem cura, é uma condição clínica crônica ■ Tratamento medicamentoso: anticonvulsivantes, antieméticos, toxina botulínica e/ou Baclofeno (oral/intratecal) ■ Tratamento ortopédico e cirúrgico: tratamento de fraturas, ciirurgias de alongamento de tecido mole, tendão e músculo/ redução de fraturas e subluxações/ correção de deformidades/ rizotomia dorsal seletiva 12. TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO: · Avaliar limitações funcionais, estratégias motoras e comprometimentos:■ Observação das habilidades motoras e do alinhamento postural e segmentar ■ Testes musculares e osteoarticulares – alteração do tônus, fraqueza, encurtamentos musculares, deformidades, deficit de reações protetoras e equilíbrio e etc. ■ Grau de atraso no DNPM ** TTO: estabelecer o diagnóstico funcional, topografia da disfunção, sinais clínicos, predomínio da disfunção (Ex: Quadriparesia espática de predomínio braquial.), elaborar um programa de tratamento individualizado, tratar os comprometimentos e treinar as estratégias motoras, promover ganhos funcionais. ** Uso ativo de padrões anormais de movimento tende a reforçar a patologia e bloquear o desenvolvimento normal. Portanto é importante levar em conta: • as etapas do desenvolvimento motor normal • utilizar diversos tipos de estimulação sensitiva e sensorial • manter estreita relação como desenvolvimento visual, cognitivo e da fala/ comunicação. ■ Em geral, os seguintes princípios estão contidos em suas propostas de atendimento: – Sequência do DNPM normal – Adequação do tônus – Padrões de movimento – Fortalecimento muscular – Prevenção de deformidades – Facilitação motora · TTO dos comprometimentos: -- Adequação do tônus: coaptação articular e movimentos lentos -- Manutenção da mobilidade axial: mobilização do tronco -- Início da flutuação tônica e da movimentação involuntária: exercícios em cadeia cinética fechada com estabilização distal. -- Prevenção das limitações de ADM: mobilização, posicionamento, órteses e adequação postural -- Melhora da mobilidade pélvica: mobilização e alongamentos passivos ou ativos · TTO das estratégias motoras: -- Estimular o DNPM: enfatizar o controle de cabeça e tronco -- Associação de fortalecimento com estratégias de equilíbrio -- Treino de planejamento de estratégias motoras: promoção de experiências Feedfoward e Feedback -- Melhora da coordenação manual: estratégias de preensão e manipulação · TTO da função: -- Treinamento da marcha em diferentes superfícies -- Treinamento da locomoção em diferentes situações -- Melhora da performance de locomoção -- Treino de habilidades funcionais -- Indicação de dispositivos auxiliares para função · CONSIDERAÇÕES FINAIS: ■ PC é uma desordem resultante de uma lesão permanente e não evolutiva do encéfalo ■ Pode ser classificada pela distribuição topográfica, pelos sinais clínicos e pela funcionalidade ■ A proposta terapêutica deve se basear na avaliação funcional: tratando comprometimentos, treinando estratégias motoras e promovendo ganhos funcionais · OBJETIVOS PRINCIPAIS NO TTO: · Correlacionar o comprometimento do DNPM; · Avaliar as limitações funcionais, estratégias motoras e comprometimentos; · Obedecer a topografia da disfunção para traçar o tratamento; · Os comprometimentos determinam o foco do TTO, condutas e objetivos; · O TTO é individualizado; · Terapia neuroevolutiva: Bobath · FNMP: Kabat, taping, cocontração · Identificar os padrões atípicos de movimentos e traçar correções · A prevenção das limitações de DM é feita com órteses (como a sling) · Terapia restritiva: Melhora da coordenação motora restringindo o lado saudável para que a criança use o membro comprometido.
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