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DOCÊNCIA EM SAÚDE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1 Copyright © Portal Educação 2012 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842e Educação a distância / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 153p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-66104-05-9 1. Ensino a distância. 2. Tecnologia educacional. I. Portal Educação. II. Título. CDD 371.35 2 SUMÀRIOS SUMÁRIO 1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ............................................................................ 4 1.1 Educação a Distância no mundo ............................................................................................. 6 1.2 Educação a Distância no Brasil............................................................................................. 13 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS ........................................ 19 2.1 Abordando conceitos ............................................................................................................. 19 2.2 Características da Educação a Distância .............................................................................. 22 2.3 Ensino e aprendizagem com qualidade na Educação a Distância ...................................... 25 2.4 Ambiente virtual de aprendizagem ........................................................................................ 32 2.5 Características de alguns ambientes virtuais ....................................................................... 32 3 LEGISLAÇÃO QUE FUNDAMENTA A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ....................................... 38 4 TECNOLOGIAS UTILIZADAS EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA .............................................. 39 4.1 Ferramentas de aprendizagem colaborativa na Internet no processo de ensino- aprendizagem ..................................................................................................................................... 48 4.2 Conhecendo as ferramentas de aprendizagem colaborativa na Internet (wiki, blog, chats e fóruns), no processo de ensino-aprendizagem ................................................................ 49 4.3 Por que utilizar uma ferramenta colaborativa? .................................................................... 49 4.4 Didática no uso de ferramentas de aprendizagem colaborativa: processo e avaliação .. 51 4.5 Blog.......................................................................................................................................... 55 4.6 Chat.......................................................................................................................................... 59 4.7 Fórum ...................................................................................................................................... 62 4.8 Wiki .......................................................................................................................................... 66 4.9 Alguns exemplos de práticas educativas colaborativas ..................................................... 68 4.10 Conhecendo e explorando as ferramentas de aprendizagem colaborativa na internet ... 82 3 5 DOCÊNCIA, DISCÊNCIA E TUTORIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ................................. 105 5.1 Docência: o perfil do educador ............................................................................................. 105 5.2 O ator do processo: o discente ............................................................................................. 112 5.3 Tutoria, novo personagem na Educação a Distância .......................................................... 121 5.4 Avaliação em Educação a Distância ..................................................................................... 135 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 146 4 1HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A Educação a Distância no Brasil não é uma prática recente. Existindo hoje instituições conceituadas com milhares de alunos à distância, em cursos de graduação utilizando diversas mídias e estruturas (RODRIGUES, 1998, p.19). No Brasil, desde a fundação do Instituto Rádio Monitor, em 1939, várias experiências na área de Educação a Distância foram iniciadas. Em que utilizam diferentes mídias e materiais para levar a Educação a Distância aos mais diferentes locais do Brasil, permitindo o acesso e a democratização do ensino superior a aqueles que por diversos motivos se encontram impossibilitados de freqüentar a universidade diariamente. Partindo do pressuposto de que a formação acadêmica é uma questão de suma importância, a Educação a Distância deve então ser vista como uma estratégia e uma possibilidade democratizadora de acesso à universidade. A humanidade sempre produziu conhecimentos, mas hoje com um expressivo diferencial, o acesso e a rapidez da transmissão dessas informações acontecem em tempo real. E esses são fatores fundamentais que devem ser levados em consideração quando se faz uma EaD = Educação a Distância! 5 análise do processo de conhecimento, informação e educação que a universidade se propõe a oferecer aos seus acadêmicos em cursos a distância. O avanço tecnológico imposto pelo mercado capitalista e as transformações sociais ocorridas em virtude dessas tecnologias e das rápidas transformações do mercado e da sociedade. Certamente forçaram mudanças no modo de vida da população e em conseqüência essas mudanças também atingiram os sistemas de ensino, que buscam por inovações e novas formas de trabalhar as necessidades educacionais que não podem ser satisfeitas somente pelos sistemas tradicionais de ensino. O século que se inicia pode caracterizar-se por uma particularidade no âmbito educacional, a demanda sem precedentes pelo acesso a educação. Esta demanda deve-se à consciência do direito a educação e a certeza de que sem escolarização não contribuímos com uma sociedade justa e igualitária. Saímos do século da produção e iniciamos o século do conhecimento, século que exige da sociedade uma revisão e reavaliação de posicionamentos, de atitudes e posturas. Exige também maior abertura de espaços educativos para que possa agregar maior número de pessoas possíveis. Prosseguindo nesse pensamento, podemos levantar questionamentos tais como: as escolas, em seu espaço físico, estão capacitadas para atender essa demanda? Que escola estaria preparada para atender uma diversidade cultural tão grande? Como a escola pode superar possíveis limitações de tempo, de espaço e a falta de profissionais qualificados? Percebemos então que a escola, na forma que se encontra estruturada hoje, não consegue atender a demanda pela educação que a sociedade necessita. É necessário que se (re) pense em uma nova modalidade de educação, que seja capaz de atender o grande contingente de pessoas existente, esperando pelo acesso a educação. Esta modalidade pensada é aEducação a Distância, que cresceu de forma surpreendente nos últimos tempos e alcança os mais diferentes lugares do mundo, devido ao uso das novas tecnologias da informação e da comunicação. A diferença entre a educação presencial e a educação a distância se dá pelo fato de que na modalidade presencial o aluno tem acesso ao conhecimento em um espaço previamente determinado, ou seja, todos os dias na universidade, em um espaço físico determinado. Na modalidade à distância o aluno desenvolve capacidades e habilidades no tempo e no local que lhe são adequados, com mediação de professores e tutores, utilizando-se de variados materiais didáticos, como: cadernos pedagógicos, fitas de vídeo, teleconferências, 6 videoconferências, teleaudiovideoconferências, acompanhamento tutorial, internet, utilização de hipertextos e todas as formas disponíveis dos meios de comunicação. O desafio de educar e educar-se a distância é grande, pois o acadêmico deverá desenvolver competências e habilidades inerentes a sua profissão, ser mais reflexivo quanto a sua ação e mediação, uma vez que será ele próprio o autor das práticas educativas que serão embasadas nas teorias estudadas. No ensino a distância, o aluno fará uso da teoria para amparar sua prática pedagógica ou então a sua prática será início de uma nova teorização. Mas ambas deverão estar pautadas nos pilares da reflexão/ação/reflexão. Os cursos superiores buscam por indicadores de qualidade para se firmar no mercado e a educação a distância não é diferente. Viabilizar cursos na modalidade de Educação a Distância no Brasil, onde a diversidade de contextos e experiências mal sucedidas na educação criou uma imagem de descrédito e resistência perante as universidades. Implica um trabalho cauteloso de pesquisa e avaliação das iniciativas que estão surgindo no Brasil, na busca da estruturação de modelos que sejam adequados a realidade brasileira e que consolidem a Educação a Distância enquanto prática educativa (RODRIGUES, 1998, p.16). A Educação a Distância é caracterizada pela separação do professor e aluno no espaço e no tempo, pelo controle do aprendizado realizado mais intensamente pelo aluno do que pelo instrutor distante, também pela comunicação entre professores e alunos sendo mediada por documentos impressos ou alguma forma de tecnologia. 1.1Educação a distância no mundo Quando falamos em Educação a Distância nos parece ser um elemento inovador e uma proposta mágica no cenário educacional, porém, a Educação a Distância apresenta uma longa história. Nesta trajetória, se destacam modelos de Educação a Distância que foram marcados pelo sucesso da atividade realizada, bem como pelo fracasso no processo, devido a vários fatores. Sua origem remonta as experiências de educação por correspondência iniciadas no final do século XVIII e com amplo desenvolvimento a partir de meados do século XIX. De acordo com alguns autores, Educação a Distância (EAD) é uma modalidade de ensino tão antiga quanto às primeiras epístolas bíblicas. 7 Segundo Chaves (1999, p.22), a Educação a Distância (EAD) é uma modalidade de ensino bastante antiga, sendo uma forma de ensino que ocorre quando o aluno e professor se encontram separados no tempo ou no espaço, entre outros vários fatores também determinantes e decisivos para o sucesso ou fracasso deste modelo de educação. Obviamente, para que possa haver Educação a Distância, é necessária a utilização de alguma tecnologia. A primeira tecnologia que permitiu as pessoas comunicar-se sem estarem face a face foi à escrita. A tecnologia tipográfica, posteriormente, ampliou grandemente o alcance da Educação a Distância. Landim (1997, p.36) menciona que as mensagens trocadas pelos cristãos para difundir a palavra de Deus são a origem da comunicação educativa, por intermédio da escrita, com o objetivo de propiciar aprendizagem aos discípulos. De acordo com Chaves (1999, p.24): A invenção da escrita possibilitou que as pessoas escrevessem o que antes só podiam dizer e, assim, permitiu o surgimento da primeira forma de EAD: o ensino por correspondência. As epístolas do Novo Testamento (destinadas a comunidades inteiras), que possuem nítido caráter didático, são claros exemplos de EAD. Seu alcance, entretanto, foi relativamente limitado – até que foram transformadas em livros. 8 A modalidade de Educação a Distância, impulsionada pelos avanços das novas tecnologias deslanchou em meados do século XX, embora os registros apontem para as cartas de Platão e as Epístolas de São Paulo. A Educação a Distância começou no século XV, quando Johannes Gutenberg, em Mogúncia, Alemanha, inventou a imprensa, com composição de palavras com caracteres móveis. Desta forma, o livro manual deu lugar ao livro copiado, sendo desnecessário ir às escolas para assistir o venerando mestre ler, na frente de seus discípulos, o raro livro copiado, surgindo assim à possibilidade da leitura acontecer fora da sala de aula. Para Sartori (2002, p.12) e Saraiva (1996, p.18) um dos primeiros acontecimentos da Educação a Distância foi o anúncio publicado na Gazeta de Boston. No início do século XVIII, onde o professor de taquigrafia Cauleb Phillips anunciava que toda pessoa da região, desejosa de aprender a arte da taquigrafia, podia receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston. Rodrigues (1998, p.23) ao fazer referências a vários autores em seu texto diz que: Dentro da evolução da comunicação baseada na escrita, o marco importante foi à criação em 1840, na Inglaterra, do Penny Post (Moore e Kearsley, 1996, p.21 e Mattelart 1994, p. 21), que entregava correspondência, independente da distância, ao custo de um penny, o equivalente a 10 centavos. Landim (1997, p.37) também menciona o anúncio da Gazeta de Boston de 1728 que oferecia material para ensino e tutoria por correspondência e Alves (1994) citado por Rodrigues (1998, p.23) considera como a primeira experiência de Educação a Distância um curso de contabilidade na Suécia em 1833. 9 Sartori (2002, p.14) ressalta que no final do século XIX, foi criada a divisão de Ensino por Correspondência no Departamento de Extensão da Universidade de Chicago, sendo que já haviam sido capacitados professores de escolas dominicais com a utilização de correspondência. Na mesma época, Hans Hermond, diretor de uma escola que ministrava cursos de línguas e cursos comerciais, publicou o primeiro curso por correspondência, inaugurando o famoso Instituto Hermond, na Suécia. Rodrigues (1998, p.24) faz menção aos cursos por correspondência formalmente reconhecidos quando o estado de Nova Iorque autorizou o Chatauqua Institute em 1883 a conferir diplomas através deste método. Alves (1994) citado por Rodrigues (1998, p.26) menciona a Illinois Wesleyan University como a primeira Universidade Aberta no mundo, tendo iniciado em 1874 cursos por correspondência. Landim (1997) citado por Rodrigues (1998, p.27) considera que a primeira instituição a fornecer cursos por correspondência foi a Sociedade de Línguas Modernas, em Berlim, que em 1856 iniciou cursos de francês por correspondência. Em 1938, na cidade de Vitória, no Canadá realizou-se a Primeira Conferência Internacional sobre Educação por Correspondência e mais países foram adotando a Educação a Distância, os quais abrigam culturas diferentes e sistemas políticos diferentes, como: África do Sul e Canadá, em 1946; Japão, em 1951; Bélgica, em 1959; Índia, em 1962; França, em 1963, Espanha, em 1968; Inglaterra, em 1969; Venezuela e Costa Rica, em 1977. Nesses países, os cursos superiores à distância tornaram-se bastante populares. Os programas e cursos adotados nessas universidades foram decisivos para validara Educação a Distância, dando-lhes credibilidade e aceitabilidade. Sartori (2002, p.16) destaca a importância das universidades que oferecem cursos à distância. Ressalta que foi a partir de 1969, com a criação da pioneira Universidade Aberta (Open University) na Inglaterra, que teve como objetivo principal à democratização da educação, que ocorreu a significativa expansão dessa modalidade de educação. Rodrigues nos dá uma importante contribuição ao enfatizar que: Mesmo que possa haver divergências quanto à primeira instituição e ao primeiro curso a distância, a bibliografia é unânime quanto à importância da Open University 10 da Inglaterra, criada em 1969 como um marco e um modelo de sucesso, que tem atuação destacada até hoje. A novidade foi o uso integrado de material impresso, rádio e Televisão (através de um acordo com a BBC) e de contato pessoal. Através de centros de atendimento espalhados no país, o fato dos alunos não necessitarem apresentar certificado de formação escolar anterior (ter 21 anos é suficiente para ingressar na universidade) e o alto nível dos cursos. (1998, p.29). A seguir serão destacadas algumas das maiores e mais tradicionais instituições que tem programas de Educação a Distância nos três últimos séculos. Os dados a seguir são de autoria de Rodrigues (1998) e Sartori (2002, p.19). Como destaca Rodrigues (1998, p.30): A análise de algumas das maiores e mais tradicionais universidades que tem programas de Educação a Distância contribui para um referencial teórico e operacional, onde estão apresentadas num panorama para destacar as várias formas possíveis de atuação em diferentes contextos. O contato com outras experiências permite a visão de procedimentos e técnicas que, com certeza, criam atalhos e indicam caminhos que podem ser considerados quanto à viabilidade de implantação no Brasil. 1856: em Berlim foi criada a Sociedade de Línguas Modernas, que ensina Francês por correspondência. 1892: Penn State University - USA. Uma das Universidades pioneiras em cursos à distância, tendo iniciado o primeiro curso por correspondência em 1892. Hoje a Universidade oferece cursos com e sem créditos especialmente modelados para EAD com o objetivo de ajudar as pessoas a aprender sem interromper suas agendas de trabalho, compromissos de família, responsabilidades na comunidade ou outros interesses educacionais. As metodologias de educação à distância incluem aprendizado independente e aberto; teleconferências; televisão interativa; programas internacionais e de pesquisas especialmente contratados. A Penn State sedia o CREAD - Inter-American Distance Education Network, um consórcio de mais de 60 universidades e outras organizações no Canadá, Estados Unidos, México e América do Sul. 1910: Professores rurais do curso primário começam a receber material de educação secundária pelo correio, em Vitória, Austrália; Nasce o centro Nacional de Ensino a Distância na França (CNED). A rádio Sorbonne transmite aulas de matérias literárias da Faculdade de Letras e Ciências Humanas de PARIS. 11 1951: A Universidade de Sudafrica dedica-se exclusivamente a desenvolver cursos à distância. 1958: University of Wisconsin – EUA. A University of Wisconsin iniciou seu programa de Educação a Distância em 1958. Gerencia uma rede com pontos de videoconferência e sites com tele/audioconferência no estado. A Cooperativa de Extensão desenvolve programas educacionais especialmente modelados para as necessidades locais e baseados no conhecimento e pesquisa da universidade. 1962: a Universidade de Dehli cria um departamento de Estudos por correspondência. 1963: inicia-se, na França, o ensino universitário, por rádio, em cinco faculdades de letras. 1971: Canadá, Athabasca University – a Universidade iniciou seu programa de educação a Distância em 1971 e sua missão. Formulada em 1985, apresenta como objetivo a remoção das barreiras que tradicionalmente restringem o acesso e o sucesso em estudos de nível universitário e aumentar a igualdade de oportunidades de educação para todos os seus cidadãos adultos, independente da sua localização geográfica e currículo acadêmico anterior. Em comum com todas as Universidades, Athabasca University tem comprometimento com excelência em ensino, pesquisa e auxílio financeiro aos alunos e na prestação de serviços ao público em geral. 1971: Open University – Inglaterra. A Open University, é possivelmente a maior e mais tradicional instituição de Educação a Distância do Ocidente, em 1971 os primeiros 24.000 estudantes ingressaram em diversos cursos. Em 1996 mais de 150.000 alunos se matricularam em cursos de graduação e pós-graduação da universidade. Foram vendidos mais de 50.000 pacotes de materiais de aprendizado. 1972: cria-se em Madri, Espanha, a Universidade Nacional de Educación a Distância (UNED). Canadá inicia uso de satélites de telecomunicações só para educação. 1974: cria-se a Universidade Aberta de Israel. 1974: Fernuniversität - Hagen – Alemanha. A universidade iniciou seus trabalhos em 1974 e funciona igual às demais instituições alemãs em termos de estrutura, pessoal, pesquisa, currículo, critérios de admissão e avaliação dos alunos. 1979: cria-se o Instituto Português de Ensino a Distância, cujo objetivo é lecionar cursos superiores para os professores. 1979: Rádio e Television Universities – China. A rede nacional de Rádio e Television Universities (RTVU) foi criada em 1979 para atender a crescente e urgente demanda 12 por pessoas qualificadas e educação de adultos que o sistema convencional não conseguia satisfazer. 1983: implanta-se a Associação Sueca de Educação a Distância. 1984: The Open University of the Netherlands – Holanda. A Universidade Aberta da Holanda iniciou suas atividades em 1984. O governo holandês criou uma instituição independente com o objetivo de tornar acessível educação científica para todas as pessoas com os interesses e capacidades compatíveis, para as pessoas que não podem ou não querem freqüentar cursos regulares porque elas não têm a formação acadêmica adequada ou porque não dispõe do tempo necessário. Assim, a Open University se dirige a dois grupos principais: os que necessitam de uma "segunda chance" e os que preferem uma "segunda alternativa". 1987: Indira Gandhi National Open University - Índia (IGNOU). A programação acadêmica da IGNOU começou em 1987 com o objetivo de prover oportunidades de educação superior a grandes segmentos da população incluindo os grupos em desvantagem educacional (mulheres, deficientes físicos e pessoas com baixa renda), promover o conceito de Educação a Distância e prover educação de alta qualidade a nível universitário. 1988: o Instituto Português de Ensino a Distância da origem a Universidade Aberta de Portugal. 2000: cria-se a Universidade Virtual Euromediterrânea. Para Volpato (2005, p.2): A sistematização da Educação a Distância deu-se com a necessidade de treinamento dos recrutas durante a II Guerra Mundial, quando o método foi aplicado tanto para a recuperação social dos vencidos egressos desta guerra, quanto para o desenvolvimento de novas capacidades profissionais para uma população oriunda do êxodo rural. Porém, a Educação a Distância não ficou restrita ao momento pós- guerra. Foi amplamente utilizada por diversos países, independentemente do seu poder econômico ou detenção de tecnologia, tendo sempre como escopo à minimização de seus problemas sociais. Atualmente, mais de 80 países atende milhares de pessoas, com sistemas de ensino a distância em todos os níveis, em sistemas formais e não formais. A Educação a Distância no mundo protagonizou um dos papéis mais distintos no setor educacional, o acesso e a democratização universal do ensino para as pessoas que por diversos motivos não conseguiramterminar ou quem sabe começar um curso, seja ele superior, técnico profissionalizante ou do ensino fundamental. 13 1.2 A Educação a Distância no Brasil A Educação a Distância brasileira é uma novidade que causa dúvidas quanto a sua eficiência, conforme nos alerta Sartori (2002, p.20), ao afirmar que desde a fase de implantação até o momento, algumas iniciativas de Educação a Distância tiveram sucesso e outras não. Embora não haja, ainda, uma tradição dessa modalidade educativa, ela já se fez presente no processo educacional brasileiro, em instituições públicas e privadas. No Brasil, o início da Educação a Distância não está associado ao material impresso, e sim ao rádio, conforme aponta Sartori (2002, p.21) lembrando a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em 1923 por Roquete Pinto como o marco inicial da Educação a Distância que tinha como objetivo utilizar o rádio como forma de ampliação do acesso à educação, ou "transmitindo programas de literatura, radiotelegrafia e telefonia, de línguas, de literatura infantil e outros de interesse comunitário" (ALVES, 1994, p.25). A emissora foi doada ao Ministério da Educação e Saúde em 1936 e no ano seguinte foi criado o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação (ALVES, 1994, p.26). Para Volpato (2005, p.14) a Educação a Distância no Brasil surgiu por volta do ano de 1936, com a criação do Instituto Rádio Monitor, seguida das experiências do Instituto Universal Brasileiro, a partir de 1941. Destaca ainda que, na década de 50, outras instituições motivadas pela necessidade de democratizar o saber e tomando como realidade às dimensões continentais brasileiras, passou a fazer uso do ensino a distância via correspondência. Para Alves (1994, p.27): Inexistem registros precisos acerca da criação da Educação a Distância no Brasil. Tem-se como marco histórico à implantação das “Escolas Internacionais” em 1904, representando organizações norte-americanas. Entretanto, o Jornal do Brasil, que iniciou suas atividades em 1891, registra na primeira edição da seção de classificados, anúncio oferecendo profissionalização por correspondência (datilógrafo), o que faz com que se afirme que já se buscavam alternativas para a melhoria da educação brasileira, e coloca dúvidas sobre o verdadeiro momento inicial da Educação a Distância. Alves (1994, p.29) ressalta que a crise na educação nacional já era notada na época, buscando-se desde então opções para a mudança do status quo. Transcreveu a citação contida no relatório de 1906, do Dr. Joaquim José Seabra, Ministro da Justiça e Negócios Interiores (que 14 abrangia a Educação), ao Presidente da República. Textualmente, assim manifestava o titular da pasta: “O ensino chegou (no Brasil) a um estado de anarquia e descrédito que, ou faz-se a sua reforma radical, ou preferível será aboli-lo de vez”. A educação a distância começou, portanto, num momento bastante conturbado da educação brasileira, tendo sua instituição em 1936, com a criação do Instituto Rádio Técnico Monitor, com programas dirigidos ao ramo da eletrônica (RODRIGUES, 1998, p.34). Em 1939 a Marinha e o Exército brasileiros utilizavam a Educação a Distância para preparar e admitir oficiais na Escola de Comando do Estado Maior, utilizando basicamente material impresso, via correspondência (SARTORI, 2002, p.24). Em 1941, foi criado o Instituto Universal Brasileiro, instituído como entidade livre, com sede em São Paulo e filiais no Rio de Janeiro, dedicado à formação profissional de nível elementar e médio utilizando material impresso (SARTORI, 2002, p.25). Em 1943, Alves (1994, p.31) destaca que a Igreja Adventista lançou no Brasil programas radiofônicos através da Escola Rádio-Postal de “A Voz da Profecia”, com a finalidade de oferecer aos ouvintes os cursos bíblicos por correspondência. Em 1946 tem início às atividades do SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - que desenvolveu no Rio de Janeiro e São Paulo, a Universidade do Ar, que em 1950 já atingia 318 localidades e 80 alunos; em 1973, iniciou os cursos por correspondência, seguindo o modelo da Universidade de Wisconsin - USA (ALVES, 1994, p.32). Rodrigues (1998, p.37) aponta a Diocese de Natal, no Rio Grande do Norte como criadora das escolas radiofônicas que deram origem ao Movimento de Educação de Base - MEB em 1959 e coloca entre as experiências de destaque em Educação a Distância não formal no Brasil. Rodrigues (1998, p.37) cita Nunes (1992) quando o mesmo diz que a preocupação básica do Movimento de Educação de Base - MEB era alfabetizar e apoiar os primeiros passos da educação de milhares de jovens e adultos, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. O projeto foi desmantelado pela ação do governo pós 1964. De acordo com Sartori (2002, p.27) na década de 60, foi criado o Programa Nacional de Teleducação (Prontel) no Ministério da Educação e Cultura, sendo responsável em coordenar e apoiar a Educação a Distância no país, sendo substituída pela Secretaria de Aplicação Tecnológica (SEAT), extinta posteriormente. Em 1962 foi fundada, em São Paulo, a Ocidental School, de origem americana, sendo atuante no campo da eletrônica. Possuía, em 1980, alunos no Brasil e em Portugal (ALVES, 1994, p.33). 15 Alves, (1994, p.33) Na área de educação pública, o IBAM - Instituto Brasileiro de Administração Municipal - iniciou suas atividades de EAD em 1967, utilizando a metodologia de ensino por correspondência. Em 1970 surge o Projeto Minerva irradiando cursos de Capacitação Ginasial e Madureza Ginasial produzidos pela Fundação Padre Landell de Moura - FEPLAM e pela Fundação Padre Anchieta. Foi um programa implementado como possível solução aos problemas do desenvolvimento econômico, social e político que o país atravessava. Tinha como cenário um período de crescimento econômico, conhecido como o milagre brasileiro, onde a ênfase na educação era preparar mão de obra para atender a este desenvolvimento e a competição internacional. Este projeto foi mantido até o início dos anos 80, apesar das severas críticas e do baixo índice de aprovação, 77% dos inscritos não conseguiu obter o diploma (RODRIGUES, 1998). A história da Educação a Distância no Brasil registra também que, nas décadas de 60 a 80, novas entidades foram criadas com fins de desenvolvimento da educação por correspondência, sendo que algumas já estão desativadas. Um levantamento feito com apoio do Ministério da Educação, em fins dos anos 70, apontava a existência de 31 estabelecimentos de ensino utilizando-se da metodologia de EaD, distribuídos em grande parte nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro (ALVES, 1994, p.34). Entre elas podemos destacar as seguintes unidades educacionais: Associação Mens Sana, com cursos a partir de 1967; Centro de Ensino Técnico de Brasília, em 1968; Cursos Guanabara de Ensino Livre, em 1969; Instituto Cosmos, em 1970; Centro de Socialização, em 1972; Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação, em 1973; Universidade de Brasília, em 1973; Centro de Estudos de Pessoal do Exército Brasileiro, em 1974; Universal Center, em 1974; Fundação Centro de Desenvolvimento de Recursos Humanos, vinculado ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, em 1975; Cursos de Auxiliares de Clínica e de Cirurgia, em 1975; Instituto de Radiodifusão da Bahia, em 1975; Empresa Brasileira de Telecomunicações - EMBRATEL, em 1976; Banco Itaú, em 1977; 16 Associação Brasileira de Tecnologia Educacional - ABT, em 1980; Centro Educacional de Niterói, em 1980; Banco do Brasil, em 1981; Universidade Federal do Maranhão, em 1981; Colégio Anglo-Americano, em 1981; Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior, em 1982; Escola de Administração Fazendária, em 1985; Projeto Rondon, em 1986. Sartori (2002,p.29) destaca a importância do projeto LOGUS II, desenvolvido nas décadas de 70 e 80, habilitando mais de 60 mil professores em todo o Brasil especificamente em Santa Catarina. Destinava-se a habilitação de professores leigos para atuarem nas séries iniciais do ensino fundamental. Posteriormente foi substituído pelo Programa de Valorização do Magistério, sendo que o mesmo está praticamente desativado. No início dos anos 70 o número de analfabetos no Brasil foi um obstáculo à modernização do país, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. O governo optou pela adoção das primeiras experiências de educação por satélite, baseado no relatório Advanced System for Comunications and Education in National Development - ASCEND, idealizado pela Stanford University, que preconizava a eficácia de um protótipo de sistema total de utilização do audiovisual com a finalidade de educação primária (RODRIGUES, 1998, p.39). Em 1974 surge então o projeto SACI que atendia as quatro primeiras séries do primeiro grau. O projeto foi interrompido em 1977-1978 sob o pretexto oficial de que seria demasiado dispendioso comprar outro satélite; colocando em evidência às contradições nas diferentes instâncias do Estado brasileiro entre as estratégias em matéria de telecomunicações, educação e política científicas (RODRIGUES, 1998, p.41). Em 1974 a Fundação de Teleducação do Ceará - FUNTELC, também conhecida como Televisão Educativa - TVE do Ceará desenvolve ensino regular de 5a a 8a Série e em 1993 tinha 102.170 alunos matriculados em 150 municípios (ALVES, 1994, p.34). Em 1978, a Fundação Padre Anchieta (TV Cultura) e a Fundação Roberto Marinho lançaram o Telecurso 2o. Grau, utilizando programas de TV e material impresso vendido em bancas de jornal, para preparar os alunos para o exame supletivo em 1995 foi lançado o Telecurso 2000, nos mesmos moldes (ALVES, 1994, p.34). Em 1991 foi lançado o programa Um Salto para o Futuro, uma parceria do Governo Federal, das Secretarias Estaduais de Educação e da Fundação Roquette Pinto dirigido à formação de professores e veiculado através de emissoras de televisão educativas. Este 17 programa vem crescendo e aprimorando o atendimento aos professores, aumentando o número de telepostos organizados pelas Secretarias de Educação dos Estados, contando com orientadores de aprendizagem nos telepostos. Esses orientadores assumem o papel de tutores do curso (SARTORI, 2002, p.32). O MEC, através da Secretaria de Educação a Distância, oferece o curso Proformação. Apresenta como objetivo habilitar professores em nível de ensino médio. Mas e a Educação Superior? Em que momento da história brasileira a Educação Superior a Distância surgiu? Na década de 70, uma das primeiras experiências com Educação Superior a Distância ocorreu na Universidade de Brasília, que ofereceu cursos na área de ciências políticas. Porém, somente no final da década seguinte que são credenciadas as primeiras universidades brasileiras para desenvolver cursos superiores de graduação, na modalidade à distância, conforme nos apresenta Sartori (2002, p.33): Em 1988 a Escola do Futuro-USP, que é um laboratório interdisciplinar de pesquisa da Universidade de São Paulo e iniciou seus trabalhos e tem como meta investigar tecnologias emergentes de comunicação e suas aplicações educacionais (RODRIGUES, 1998, p.44). Em 1995 a Universidade Federal de Santa Catarina estruturou o Laboratório de Ensino a Distância no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Os cursos são customizados e permitem atender as necessidades de diversas clientelas (RODRIGUES, 1998, p.44). 1999, a Universidade Federal do Pará – UFP. 1999, a Universidade Federal do Paraná. Em 2000 a Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. Em 2001 a Universidade Federal do Mato Grosso – UFMT. A Educação a Distância tem avançado de forma gradativa e muitas foram às experiências observadas. No cenário internacional adquiriu com o passar dos tempos qualidade e credibilidade para a sua expansão. 18 No Brasil, a Educação a Distância principalmente a que atende o ensino superior ainda é vista com resistência e descrédito, sendo motivada pela forte concorrência com as instituições privadas de ensino. Por ser uma modalidade que irá atender a grande massa populacional, necessita passar por ajustes que dêem condições de a mesma estar transitando de forma normal pela sociedade, de ser aceita como uma modalidade inovadora e democratizadora do ensino e da educação. 19 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS 2.1 Abordando conceitos Para Chaves (1999, p.27) se faz necessário distinguir o que seja Educação a Distância, Aprendizagem à distância e Ensino a Distância. Ele caracteriza Educação e Ensino como sendo processos que acontecem dentro das pessoas e não existe a possibilidade de ser realizada a distância. Portanto, considera as expressões Educação a Distância e Aprendizagem a Distância totalmente inadequada ao propósito que se propõe. Pois educação e aprendizagem acontecem onde quer que o indivíduo esteja se educando ou aprendendo. Segundo ele não há como fazer e entender teleducação e teleaprendizagem. Ainda, segundo Chaves (1999, p.27), o Ensino a Distância é perfeitamente possível acontecer. Pois ocorre o tempo todo, como, por exemplo, quando utilizamos um livro que foi escrito para nos ensinar alguma coisa, ou quando assistimos ou temos acesso a uma informação. Para ele, a expressão “Ensino a Distância” faz perfeito sentido porque quem está ensinando, o ensinante, está espacialmente distante (geograficamente) de quem está aprendendo, o aprendente. Percebe-se, portanto divergências sobre o que seja Educação, Ensino e Aprendizagem à Distância. Portanto é necessário buscar auxílio em outros autores para reforçar ou refutar tais idéias ou termos utilizados. Se educar e aprender são processos internos e que independem do espaço e do tempo, podemos então pensar que esses processos acontecem à distância sim. Aprendemos ou 20 educamos e também ensinamos com o auxílio de tecnologias, através da nossa postura e de nossas palavras e até mesmo com o nosso silêncio. Então, dependendo da estrutura que o curso adota, com certeza também adotará uma terminologia, como Ensino, Educação e Aprendizagem a Distância, mas é interessante pensarmos que independente de lugar, espaço, tempo, tecnologias ou denominações, quando falamos em educação, estão automaticamente falando em ensino, aprendizagem e educar. Pois esses são termos que não podem ser desvinculados, um está interligado com o outro. Para Barros (2003, p.15) na sociedade da informação e do conhecimento todas as definições expressas sobre o que seja Educação a Distância trazem diversas formas de relação entre tecnologia, educação, processo ensino aprendizagem e ação docente, num determinado tempo e espaço diferenciados. Várias são as discussões conceituais sobre os termos utilizados, e para Barros (1999, p.15) em relação ao conceito de Educação a Distância, as diferenças estão presente na terminologia educação e ensino a distância. Barros (1999, p.16) chama a atenção para a diferença entre ensino e educação. Para ele o ensino caracteriza-se pela instrução, transmissão de conhecimentos e informações, adestramento, treinamento. E a educação pelo processo de ensino-aprendizagem que leva o indivíduo a aprender a aprender, a saber, pensar, criar, inovar, construir conhecimentos, participar ativamente de seu próprio crescimento. Para que possamos entender as diferenças conceituais é interessante observar o que dizem diferentes autores, iniciando por Niskier apud Barros (1999, p.17). Educação a distância é a aprendizagem planejadaque geralmente ocorre num local diferente do ensino e, por causa disso, requer técnicas especiais de desenho de curso, técnicas especiais de instrução, métodos especiais de comunicação através da eletrônica e outras tecnologias, bem como arranjos essenciais organizacionais e administrativos. Netto apud Barros (1999, p.17): Educação a distância refere-se a ensino e aprendizagem em circunstâncias nas quais o professor e o aprendiz estão separados um do outro no tempo e no espaço; inclui telecursos, estudos por correspondência, ensino aprendizagem por meio de computador como parte de um sistema abrangente de educação ou treinamento que Ensino-Aprendizagem É o método baseado na solução de problemas. 21 culmina com a complementação de uma tarefa, curso, currículo ou programa de treinamento. Chermann e Bonini apud Barros (1999, p.18): Educação/ensino a distância é um método racional de partilhar conhecimentos, habilidades e atitudes através da aplicação da divisão de trabalho e de princípios organizacionais, tanto quanto pelo uso extensivo de meios de comunicação, especialmente para o propósito de reproduzir materiais técnicos de alta qualidade, os quais tornam possível instruir um grande número de estudantes. Ao mesmo tempo, enquanto esses materiais durarem é uma forma industrializada de ensinar e aprender. Aretio apud Sartori (2002, p.36): Educação a distância é um sistema tecnológico e de comunicação de massa bidirecional, que substitui a interação pessoal, em aula, de professor e aluno, como meio preferencial de ensino, pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e o apoio de uma organização tutorial, que propiciam a aprendizagem autônoma dos estudantes. Segundo Laaser apud Sartori “o termo educação a distância é usado para abranger variadas formas de estudo, em todos os níveis, nas quais os estudantes não estejam em contato direto com os seus professores” (2002, p.36). Para Lobo apud Sartori “a educação a distância é uma modalidade de realizar o processo educacional quando (...) promove-se à comunicação educativa, através de meios capazes de suprir a distância que os separa fisicamente” (2002, p.37). Sartori (2002, p.37) fazendo referência ao Ministério de Educação e Cultura – MEC, através do Decreto nº. 2494/98, em seu artigo primeiro, oferece a seguinte definição oficial para Educação a Distância: A EaD é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. 22 Moore apud Rodrigues (1998, p.45): O ensino a distância é o tipo de método de instrução em que as condutas docentes acontecem à parte das discentes, de tal maneira que a comunicação entre o professor e o aluno se possa realizar mediante textos impressos, por meios eletrônicos, mecânicos ou por outras técnicas. Para Holmberg apud Rodrigues (1998, p.45): O termo “educação à distância” esconde-se sob várias formas de estudo, nos vários níveis que não estão sob a contínua e imediata supervisão de tutores presentes com seus alunos nas salas de leitura ou no mesmo local. A educação a distância se beneficia do planejamento, direção e instrução da organização do ensino. E, pela Lei Francesa, França apud Belloni “Ensino a distância é o ensino que não implica a presença física do professor indicado para ministrá-lo no lugar onde é recebido, ou no qual o professor está presente apenas em certas ocasiões ou para determinadas tarefas” (2001, p.25). Se observadas as diferentes bibliografias, veremos que os conceitos são os mais variados possíveis para o termo Educação à Distância. Não é nossa intenção aqui definir qual seja o mais correto utilizar, pois isso cabe a instituição que oferece os cursos nessa modalidade. Apenas gostaríamos de ressaltar que ambas as definições estão preocupadas em destacar o sistema que cada instituição oferece. O que faz a diferença em cursos a distância não é o conceito adotado pela instituição, mas sim a credibilidade e a seriedade com que apresenta e dirige o seu trabalho. 2.2 Características da Educação à Distância A Educação a Distância é caracterizada basicamente pela separação do professor e aluno no tempo e no espaço (geograficamente), sendo que o controle do aprendizado é realizado de forma mais intensa pelo aluno, o que caracteriza como estudo independente. A 23 Educação tradicional ou convencional - Em EaD, geralmente quer dizer educação presencial. Ver “conventional education” comunicação entre alunos e professores é mediada por documentos impressos ou alguma forma de tecnologia, sendo o tutor o elo entre a universidade, professor e aluno. Sartori (2002, p.39) destaca pontos fundamentais que caracterizam a Educação a Distância. Um dos pontos é a simultaneidade que ocorre entre o estudo e o trabalho. O aluno consegue estabelecer horários de estudo que não impliquem em seu trabalho, criando dessa forma a autonomia em seus estudos, uma vez que não precisa estar presencialmente na universidade para estudar. Outro fator destacado é a possibilidade de acesso à educação por uma população mais ampla, que se encontra geograficamente distante. Também existe a possibilidade de os estudantes percorrerem trajetórias diferentes de estudo, de acordo com suas necessidades sociais, culturais e educacionais. Percebemos que o acadêmico da Educação a Distância desenvolve habilidades que implicam em certas capacidades que não são observadas na educação presencial. O aluno desenvolve a autonomia em seus estudos, pois é possível estabelecer horários e locais que lhe são convenientes e oportunos, respeitando o seu ritmo de aprendizagem. Desenvolve a capacidade auto-organizativa e o aprendizado autodirigido, justamente pelo fato da distância geográfica que impede que professores e alunos estejam no mesmo espaço e no mesmo tempo. 24 Uma das características essenciais da Educação a Distância são a interatividade e o trabalho colaborativo que surge entre os alunos. Essa interatividade acontece entre professores por meio de alguma tecnologia, com o tutor e aluno-aluno, o que faz com que o termo “à distância” indique apenas a separação física entre ambos, sendo superada pela mediação e a interatividade. O autoconhecimento, a disciplina e a determinação são fatores característicos da Educação a Distância, desenvolvidos e motivados pela separação física e geográfica entre professores e alunos. Esses fatores são desenvolvidos conforme as necessidades de cada indivíduo, que inseridos em contextos diferenciados e diversificados apresentam também graus diferentes de necessidades. Também podemos destacar como característica da Educação a Distância o fato do aluno adequar-se aos modelos de ensino propostos pela instituição, utilizando para isso, diferentes meios tecnológicos. São competências que o indivíduo desenvolve para viver em sociedade, principalmente em uma sociedade que a todo instante modifica-se e exige indivíduos capazes, capacitados para viver em grupo e desenvolver atividades voltadas para o coletivo. Belloni (2001, p.5) enfatiza que os indivíduos das sociedades contemporâneas necessitam desenvolver competências múltiplas, aprender a trabalhar em equipe, capacidade de aprender e de adaptar-se a situações novas. Para sobreviver na sociedade e integrar-se no mercado de trabalho o indivíduo precisará desenvolver uma série de capacidades novas, como a autogestão, resolução de problemas, adaptação e flexibilidade diante de novos desafios, responsabilidade e aprender por si próprio e constantemente trabalhar em grupo de modo cooperativo e pouco hierarquizado.25 Os cursos em Educação a Distância priorizam essas competências e habilidades, que por si só são desenvolvidas pela necessidade imposta pelo curso, à superação do ensino presencial. 2.3 Ensino e aprendizagem com qualidade na Educação a Distância A Educação à Distância, contemplada no Plano Nacional de Educação (PNE) recebe especial atenção como forma de atingir com qualidade, um número cada vez maior de beneficiários, vencendo as barreiras das distâncias geográficas e obtendo melhor adaptação aos horários de vida dos trabalhadores que necessitam estudar. Para Oliveira (2001), são diversos os condicionamentos e circunstâncias que estão interferindo na consolidação da educação superior à distância. A Educação à Distância vem se consolidando como alternativa para o aperfeiçoamento profissional e a aprendizagem inicial e continuada, na dimensão da educação permanente. De acordo com Delors (2000, p.144) a experiência do ensino a distância demonstrou que, no nível do ensino superior, uma dose sensata de utilização dos meios de comunicação social, de cursos por correspondência, de tecnologias de comunicação informatizadas e de contatos pessoais. Pode ampliar as possibilidades oferecidas, a um custo relativamente baixo se comparado à educação presencial. Alguns países, entre eles o Brasil, atendem hoje a um segmento da sociedade de forma significativa, graças às instituições de ensino superior à distância. Ampliar e democratizar o acesso ao ensino superior é uma necessidade cada vez maior, e os estabelecimentos encontram-se pressionados para poder fazer jus a uma demanda sempre mais acentuada na oferta dessa forma de estudo. Sendo assim, cria-se uma expectativa muito grande quanto a um ensino de qualidade que está sendo apresentado à sociedade, uma vez que a exigência de qualidade tornou-se uma preocupação essencial no ensino superior por parte dos órgãos competentes e da própria sociedade. Educar dentro do contexto da educação a distância requer desenvolver princípios, diretrizes ou critérios que possam assegurar um ensino de qualidade. 26 Para se mencionar garantia de qualidade na educação, um leque de estratégias se faz presente para que o progresso de um projeto em Educação a Distância possa incluir alguns tópicos como: o desenvolvimento do curso, a formação dos professores, o atendimento oferecido aos estudantes, os recursos de aprendizagem, a infra-estrutura e os resultados da avaliação de forma substancial. A exigência de qualidade tornou-se uma preocupação essencial no ensino superior. A exigência da qualidade e de políticas que busquem assegurar qualidade exige que se procure melhorar simultaneamente cada um dos componentes da instituição, considerada como entidade global que funciona como um sistema coerente (UNESCO, 1998, p.97). Ao mencionar ensino de qualidade, Moran (1999), estabelece algumas variáveis: Uma organização inovadora, aberta, dinâmica, com um projeto pedagógico coerente, participativa com infra-estrutura adequada, atualizada, confortável; tecnologias acessíveis, rápidas e renovadas; Uma organização que reúna docentes preparados comunicacional, intelectual, emocional e eticamente bem remunerados, motivados e com boas condições profissionais; Uma organização que tenha alunos motivados, preparados intelectual e emocionalmente com capacidade de gerenciamento pessoal e grupal (MORAN, 1999, p.14); Ainda que para designar qualidade, educação tem sido o termo para tal função, Demo (1994) aponta uma série de razões por considerar; Como instrumento, demonstrando a construção do conhecimento e, como fim, a preocupação em torno da realidade e da vida; 27 Como expediente formativo, apresenta procedimentos pertinentes em termos de qualificar a população tanto para fazer os meios quanto para atingir os fins; Estando na base da formação do sujeito histórico crítico e criativo, educação perfaz a estratégia mais decisiva de fazer oportunidade. Os dois termos, educação e qualidade se implicam intrinsecamente, já que não há como chegar à qualidade sem educação, bem como não será educação aquela que não se destina a formar o sujeito crítico e criativo. No futuro ninguém sobreviverá, em meio à competitividade crescente do mercado, sem uma educação fundamental que lhe entregue os instrumentos para a satisfação de suas necessidades básicas de aprendizagem no que se refere a competências mínimas e flexíveis, no fundo, é a isso que se refere à questão da qualidade (ASSMANN, 1998, p.159). Em termos de qualidade voltada para o cenário da universidade, apontados por Demo (1994), pode ser retratada também nas iniciativas que tomar a serviço da sociedade, demonstrando utilidade prática, destacando: Socialização do conhecimento construído: a universidade deve colocar, à disposição o conhecimento que constrói, através de publicações, seminários e conferências, eventos de promoção, atingindo, sobretudo a grande população; Educação à distância: com o objetivo de diplomar ou conferir certificados, dirigida ao aperfeiçoamento do conhecimento, baseando-se em didáticas construtivas realizadas por meios eletrônicos como também por correio ou similares; Cursos de formação permanente: a primeira necessidade é a de atender profissionais da ativa (privada ou pública) que reclamam capacitação; para 28 ex-alunos que pretendem regressar do ambiente acadêmico para aprimoramentos, recapacitação; ser procurada por quem necessite de competência sempre atualizada, como a economia competitiva, as empresas públicas, as entidades de serviço público e assim por diante; Pesquisa básica ligada à pesquisa operacional: a universidade deve dominar o processo de gerar o conhecimento; caso contrário, as empresas tendem a substituir as instituições acadêmicas com a intenção de pesquisar apenas o que as interessa economicamente; desse modo, permite valorizar de modo incisivo a forma universitária de pesquisar, que privilegia, sobre o fazer e o saber fazer; Fomento à criatividade empresarial: tendo em vista que, diante dos desafios econômicos modernos, a oferta de trabalho tenderá a decrescer. Há universidades que se propõem fomentar entre os diplomados, empreendimentos próprios, sob todas as formas sejam elas individuais ou em grupo, tornando o conhecimento adquirido uma fonte produtiva; Humanização do progresso: uma das expectativas mais explícitas da sociedade é que a universidade tenha a devida competência para dominar a técnica e fazê-la instrumento de humanização do progresso. A qualidade do ensino superior é uma noção pluridimensional, que depende muito do ambiente de um dado sistema, da missão de cada estabelecimento ou ainda das normas e condições que regem as diversas disciplinas. A aptidão para responder às necessidades e expectativas da sociedade depende, em última análise, da qualidade do pessoal, dos programas e dos estudantes, como também da infra-estrutura e do ambiente universitário (UNESCO, 1998, p.98). A educação, em sua etimologia, de educare (ato de criar, de alimentar) ou também de educere (conduzir para fora) no sentido de ser para fora da “forma” da estrutura, propondo uma relação muito íntima e até afetiva entre o educador e o educando, ambos influenciando-se e transformando-se mutuamente. Na visão de Landim (1997), educação é a prática educativa na 29 Interação é a troca de informação entre os participantes do processo de ensino/aprendizagem. Em EAD, existem várias formas de interação: (guidance; conversation; guided conversation; feedback; feedforward; etc). sua essência, o processo ensino-aprendizagem, que leva o indivíduo a aprender a aprender, ao saber pensar, criar, inovar. Portanto, é um processo de humanização que alcança o pessoal e o estrutural, partindo da situaçãoconcreta em que se dá a ação educativa numa relação dialógica. Portanto, quando falamos em educação estamos nos referindo a todas as concepções que ela nos envolve na vida, nas relações sociais, pessoais, políticas e juntamente com a natureza. A educação, porém, não é um conceito moralmente neutro. Educar (alguém ou a si próprio) é, por definição, fazer algo que é considerado moralmente correto e valioso. Usamos outros conceitos para nos referir a processos de certo modo parecidos com a educação, mas que não são moralmente aprovados, como, por exemplo, doutrinação. A aprendizagem está presente em qualquer atividade humana em que possamos aprender algo. A aprendizagem pode ocorrer de duas formas: casual, quando for espontânea ou organizada quando for aprender um conhecimento específico. Com isto defini-se ensino aprendizagem com qualidade como um processo de assimilação de determinados conhecimentos e modos de ação física e mental. Isto significa que podemos aprender conhecimentos sistematizados, hábitos, atitudes e valores. Neste sentido, temos o processo de assimilação ativa que oferece uma percepção, compreensão, reflexão e aplicação que se desenvolve com os meios intelectuais, motivacionais e atitudes do próprio aluno, sob a direção e orientação do professor. Podemos ainda dizer que existem dois níveis de aprendizagem humana: o reflexo e o cognitivo. Isto determina uma interligação nos momentos da assimilação ativa, implicando nas atividades mentais e práticas. O ensino aprendizagem com qualidade é uma atividade planejada, intencional e dirigida, não sendo em hipótese alguma casual ou espontânea. Com isto, podemos pensar que o conhecimento se baseia em dados da realidade. Para que esse processo de aprendizagem com qualidade ocorra na Educação a Distância se faz necessário dois componentes fundamentais: a interação a autonomia. A comunicação e interação estão intimamente relacionadas. A teoria de Piaget afirma que a interação interindividual é concebida em uma dimensão coletiva, estabelecida por relações sociais, permitindo um entendimento na direção de uma explicação, não apenas psicológica, mas também sociológica, da construção do conhecimento. Belloni (1999) reforça 30 afirmando que a aprendizagem é um processo social que envolve a atividade de construção de novo conhecimento e compreensão por intermédio do trabalho individual, em grupo e também através de interação entre os pares. Tal afirmação é apoiada por Peters (2001) com a adição de que, para este autor, a socialização dos indivíduos se dá pela aprendizagem de símbolos e papéis. Com relação à autonomia, Ramos (1996, p.245) define como sendo a capacidade de pesquisar, de se organizar e de pensar de forma crítica e independente. De acordo com Ramos, a autonomia não significa isolamento, pelo contrário, “é a capacidade de superação de pontos de vistas, de compartilhamento de escalas de valores e de sistemas simbólicos, de estabelecimento conjunto de metas e estratégias, que está presente nas relações cooperativas”. Assim sendo, a autonomia significa assumir a aprendizagem através das metas e propósitos da mesma. Essa atitude leva a uma mudança externa de consciência, na qual o estudante vê o conhecimento como contextual e livre de perguntas do que foi aprendido. Na educação à distância, a possibilidade de comunicação caracteriza não somente uma importante interação humana, mas também a interatividade com o material de ensino. O conceito de interação envolve a ação recíproca entre dois ou mais sujeitos e ela pode ser direta ou indireta (quando mediada por algum veículo técnico de comunicação). No contexto da educação à distância, a interação entre os indivíduos tende a ser indireta devido ao fato de dependerem do uso de alguma tecnologia de comunicação. A interatividade, por sua vez, é a atividade humana frente à máquina, isto é, o sujeito age sobre a máquina e esta lhe envia de volta uma retroação (BELLONI, 1999). O grau de interatividade é permitido de acordo com a flexibilidade oferecida por cada componente didático utilizado em uma determinada atividade, apesar de permitir uma adaptação das necessidades individuais. Por outro lado, a flexibilidade exige novos perfis, tanto do professor quanto do aluno. Há uma conexão conceitual entre educação e aprendizagem: não há educação sem que ocorra aprendizagem. Ou, invertendo, se não houver aprendizagem, não haverá educação. A aprendizagem, por seu lado, pode resultar de um processo "de fora para dentro", como o ensino ou de um processo gerado "de AUTO-APRENDIZAGEM Modalidade em que o aprendiz partir de material didático disponível e orientações pedagógicas específicas, aprende e constrói seu próprio conhecimento. 31 Ambiente Virtual de Aprendizagem - É um site ou ambiente na Internet cujas ferramentas e estratégias são elaboradas para propiciar um processo de aprendizagem, através de trocas entre os participantes, incentivando o trabalho cooperativo. dentro para fora" auto-aprendizagem, ou aprendizagem não decorrente do ensino. Aprendemos muitas coisas sem que ninguém nos ensine. Tanto o ensino como a aprendizagem são conceitos moralmente neutros. Podemos ensinar e aprender tanto coisas valiosas como coisas sem valor ou mesmo nocivas, pois a aprendizagem é um processo que ocorre dentro do indivíduo. Mesmo quando a aprendizagem é decorrente de um processo bem-sucedido de ensino, ela ocorre dentro do indivíduo, e o mesmo ensino que pode resultar em aprendizagem, em algumas pessoas pode ser totalmente ineficaz em relação a outras. Ambiente Virtual de Aprendizagem A expressão Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) refere-se ao amplo conceito de espaço de aprendizagem possibilitado pelas tecnologias informáticas e que se caracteriza por ser, antes de tudo, um espaço “onde acontecem interações cognitivo- sociais, possibilitadas pela interface gráfica” (VALENTINI; SOARES, 2005). Estes espaços propiciam o uso de ferramentas especialmente produzidas ou adaptadas para a finalidade educativa, criando oportunidades para que a aprendizagem aconteça de formas diversas. A origem dos sistemas de gerenciamento de aprendizagem remonta aos anos 80 e aos sistemas de conferência por computador, bulletin board ou groupware, que rodavam em redes internas, já que ainda não existia a Internet. Esses meios caracterizavam-se como ferramentas de comunicação predominantemente assíncronas, que viabilizavam o envio de mensagens em tempos e espaços diversos. - A criação da Internet, no final dos anos 80 e, mais tarde, a tecnologia de janelas gráficas, alteraram significativamente a funcionalidade desses sistemas. Atualmente, os ambientes de aprendizagem se configuram e se caracterizam como espaços que organizam recursos e ferramentas que englobam elementos técnicos - como computadores, softwares e servidores, entre outros; humanos – alunos, professores e demais profissionais envolvidos no processo; e suas relações – troca de e-mails, discussões em fóruns e listas, construção coletiva de texto, etc. 32 Se inicialmente as experiências educativas por meio de computador preocupavam-se em disponibilizar materiais, privilegiando experiências mais diretivas, aproximando-se da modalidade a distância até então praticada, como o envio de materiais por correspondência ou aulas através de TV ou rádio, o uso das ferramentas viabilizadas pelas tecnologias de informação e comunicação fez com que, rapidamente, “interatividade” se tornasse a palavra de ordem e as experiências colaborativas e cooperativas passaram então a ganhar espaço, numa sociedade que deseja a criação de comunidades virtuais e valoriza as construções conjuntas e as trocas de conhecimento. Os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) devem estar em sintonia a um projeto político-pedagógicoconstruído de forma lúcida e criativa por interessados em EaD. Desta maneira o AVA precisa refletir em suas estratégias de ensino e aprendizagem o esboço de mundo desejado e atualizar a expectativa de constituir um elo para a inovação pedagógica. O uso de ambientes virtuais de aprendizagem vem se destacando, nos mais diversificados contextos educativos, como forma de aumento dos espaços pedagógicos, promovendo o acesso à informação e à comunicação em tempos diferenciados e sem a necessidade de professores e alunos partilharem os mesmos espaços geográficos. 2.5 Características de alguns ambientes virtuais de Aprendizagem AulaNet: O AulaNet é um ambiente baseado na Web, desenvolvido no Laboratório de Engenharia de Software - LES - do Departamento de Informática da PUC-Rio, para administração, criação, manutenção e participação em cursos à distância. Os cursos criados no ambiente AulaNet enfatizam a cooperação entre os aprendizes e entre aprendiz e docente e são apoiados em uma variedade de tecnologias disponíveis na Internet. Ao criar este ambiente, a equipe do LES tinha como objetivos contribuir com mudanças pedagógicas, promover a adoção da web como um ambiente educacional e criar comunidades de conhecimento. 33 O AulaNet se fundamenta nas seguintes premissas: O autor do curso não precisa ser um especialista em Internet; O autor do curso deve enfatizar a interatividade de forma a atrair a participação intensa do aprendiz; Deve ser possível a reutilização de conteúdos já existentes em mídia digital, através, por exemplo, da importação de arquivos. O ambiente AulaNet é encontrado em diversas universidades como na UFRGS (http://aulanet.cinted.ufrgs.br/aulanet2/). O AulaNet também possui seu próprio domínio (http://www.aulanet.com.br/) e oferece diversos cursos e tutoriais para os alunos cadastrados. O sistema possui dois perfis de usuários: Professores: Nesse ambiente os professores possuem acesso aos recursos para administrar o grupo, avaliar o progresso do aluno e acesso ao ambiente educacional Alunos: Ambos possuem acesso ao ambiente educacional que dispõe os meios para que haja um aprendizado colaborativo. Moodle: O Moodle (http://moodle.org) é um ambiente de gerenciamento de aprendizagem (LMS – Learning Management System) ou ambiente virtual de aprendizagem de código aberto, livre e gratuito. Os usuários podem baixá-lo, usá-lo, modificá-lo e distribuí-lo, seguindo apenas os termos estabelecidos pela licença GNU GPL. O ambiente possui poucas restrições quanto às especificações técnicas do ambiente, ele pode ser executado, sem nenhum tipo de alteração, em vários sistemas operacionais como o Unix, Linux, Windows, Mac OS X, Netware e outros sistemas que suportem a linguagem PHP. Os dados são armazenados em bancos de dados MySQL e PostgreSQL, mas também podem ser usados Oracle, Access, Interbase, ODBC e outros. Além disso, o sistema conta com traduções para 50 idiomas diferentes, dentre eles, o português (Brasil), o espanhol, o italiano, o japonês, o alemão, o chinês e muitos outros. 34 O Moodle possui três perfis de usuários: Administrador: responsável pela administração, configurações do sistema, inserção de participantes e criação de cursos; Tutor: responsável pela edição e viabilização do curso; Estudante/Aluno: ambiente de aula; Os usuários do Moodle são globais no servidor. Isso significa que eles têm apenas um login para todos os cursos. A função permite, por exemplo, que um usuário seja aluno em um curso e professor/tutor em outro curso. O Moodle permite criar três formatos de cursos: Social, Semanal e Modular. O curso Social é baseado nos recursos de interação entre os participantes e não em um conteúdo estruturado. Os dois últimos cursos são estruturados e podem ser semanais e modulares. Esses cursos são centrados na disponibilização de conteúdos e na definição de atividades. Na estrutura semanal informa-se o período em que o curso será ministrado e o sistema divide o período informado, automaticamente, em semanas. Na estrutura modular informa-se a quantidade de módulos. Algumas das instituições brasileiras que utilizam o Moodle são: UFLA, UNB, PUC-SP, USP, UFBA e UFV. Teleduc: O ambiente de Ensino Teleduc está sendo desenvolvido conjuntamente pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED) e pelo Instituto de Computação (IC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O Nied, como uma de suas linhas de pesquisa, tem realizado diversos cursos a distância através do TelEduc desde 1998, acompanhando progressivamente o desenvolvimento do ambiente. Da mesma forma que os outros ambientes analisados, o Teleduc possui um esquema de autenticação de acesso aos cursos, com um usuário e uma senha que é fornecido quando se cadastram no ambiente. O Teleduc é um software livre, portanto pode ser redistribuído e/ou modificado sob os termos da GNU General Public License versão 2, como publicada pela Free Software Foundation. 35 O sistema oferece dois perfis de usuários: Alunos: É o ambiente educacional onde os alunos possuem os recursos para trabalhar e estudar seus conteúdos dos cursos. Os usuários com perfis de alunos possuem os seguintes recursos: o Diário de Bordo: O aluno pode descrever, registrar, analisar seu modo de pensar, expectativas, conquistas, questionamentos e suas reflexões sobre a experiência vivenciada no curso e na atividade de cada dia; o Portfólio. Nesta ferramenta os participantes do curso podem armazenar textos e arquivos a serem utilizados ou desenvolvidos durante o curso, bem como endereços da Internet; o Mural: Espaço reservado para todos os participantes disponibilizarem informações consideradas relevantes no contexto do curso; as Listas de Atividades: Apresenta as atividades a serem realizadas durante o curso; Formadores: Permite aos formadores disponibilizar materiais nas diversas ferramentas do ambiente, bem como configurar opções em algumas delas, permite ainda gerenciar as pessoas que participam do curso. Os usuários com perfis formadores possuem os seguintes recursos: os Acessos: Permite aos fornecedores acompanhar a freqüência de acesso dos usuários ao curso e às suas ferramentas; o Intermap: Permitem aos formadores visualizar a interação dos participantes do curso nas ferramentas, Grupos de Discussão e Bate- Papo; o Administração: Permite aos formadores disponibilizar materiais nas diversas ferramentas do ambiente, bem como configurar opções em algumas delas. Permite ainda gerenciar as pessoas que participam do curso. o Suporte: Permite aos formadores entrar em contato com o suporte do Ambiente (administrador do TelEduc) através de e-mail. Grupos: Permite a criação de grupos de pessoas para facilitar a distribuição de tarefas; BlackBoard: É um programa desenvolvido pela University of British Columbia, que permite a criação de ambientes educacionais baseados na web. Mais de 3 mil instituições de ensino utilizam esta 36 ferramenta para o gerenciamento de cursos à distância. Possuindo cerca de 70% do mercado nos Estados Unidos. O professor pode criar caminhos de aprendizagem personalizados, de acordo com o perfil dos alunos e das disciplinas. O docente pode estabelecer critérios como: data, usuário, afiliação a grupo específico, instituição, perfil, notas, desempenho em testes ou trabalhos ou histórico de visualização de conteúdo para disponibilizar itens de conteúdo, para discussões avaliações ou tarefas ao aluno. Permite criar cursos seqüenciais e determinar se os estudantes devem progredir por esta seqüência ou se podem escolher qualquer tópico. Os docentes podem organizar grupos de alunos com áreas próprias para troca de arquivos, painel de discussão, sala virtual e e-mails entre membros. Perfis de disciplina: Conceptor da disciplina – O utilizadorpode aceder a várias áreas do painel de controle, mas não pode aceder às notas dos alunos; Avaliador – Este tipo de utilizador pode aceder a todas as áreas dentro dos assessments e a algumas ferramentas da disciplina; Visitante – Podem aceder a conteúdos da disciplina que não estejam bloqueados pelo docente da disciplina; Aluno – Este utilizador pode aceder a todos os conteúdos do curso e vai ser avaliado através de assessments (trabalhos, exames e inquéritos); Docente – Este utilizador controla a disciplina, é ele que disponibiliza os conteúdos e controla os acessos à disciplina; Assistente – Este utilizador pode controlar alguns aspectos da disciplina através do painel de controle. Não podem alterar o perfil de um utilizador da disciplina e não podem modificar a password do docente. 37 Perfis administrativos: Gestor de disciplina – Este tipo de utilizador consegue aceder a ferramentas, existentes na área de administração, que permitem administrar as disciplinas. Visitante – Este perfil de utilizador não tem acesso à área de administração. Têm acesso as áreas das disciplinas se os docentes assim o permitirem. Nenhum – Este perfil de utilizador não tem acesso à área de administração, aos alunos e docentes, por default, é lhes atribuído este perfil. Observador – Este perfil pode fazer de sombra a outro utilizador do sistema. Um observador pode visualizar todas as disciplinas do utilizador a que está associado. Não tem acesso à área de administração. Este perfil pode ser atribuído a uma equipe de monitorização do docente da disciplina. Gestor do portal – Este perfil de utilizador tem acesso à área de administração do portal. Suporte técnico – Este perfil limita o acesso à área de administração a tarefas de administração das disciplinas. Administrador de sistema – Este perfil acede à área de administração e ao painel de controle de todos os cursos. Em certas áreas das disciplinas o administrador pode inscrever-se na disciplina de forma a ter acesso, a essas áreas, basta aceder ao Realizar inscrição, podendo depois fazer ou Anular inscrição. Assistente de sistema – Este perfil tem acesso a todas as ferramentas da área de administração, mas não tem acesso ao painel de controle de cada disciplina. Gestor de utilizadores – Este perfil de utilizadores acede à área de administração, mas só as ferramentas relacionadas com os utilizadores. 38 3 LEGISLAÇÃO QUE FUNDAMENTA A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A Educação a Distância é a modalidade educacional na qual a mediação didático- pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios, tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diferentes. Essa definição está presente no Decreto 5.622, de 19.12.2005 (que revoga o Decreto 2.494/98), que regulamenta o Art. 80 da Lei 9394/96 (LDB). Vale salientar que antes da lei nº. 9.394 de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Educação a Distância não era nem sequer mencionada. Com a promulgação da LDB, pela primeira vez se fala em incentivo ao desenvolvimento e veiculação de programas de ensino a distância. As bases legais da Educação a Distância no Brasil foram estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, pelo Decreto nº. 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, publicado no Diário Oficial da União de 11/02/98, também pelo Decreto nº. 2.561, de 27 de abril de 1998, publicado no Diário Oficial da União de 28/04/98 e pela Portaria Ministerial nº. 301 de sete de abril de 1998 publicada no Diário Oficial da União de 09/04/98, que tratam do sistema de credenciamento de instituições de ensino para oferta de cursos à distância. O decreto nº. 2.494 de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o Art. 80 da lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, versa o seguinte conteúdo: “Art. 80 - o poder público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino à distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada”. 39 4 TECNOLOGIAS UTILIZADAS EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Em frente a tantas inovações, o cenário social, tecnológico, político e econômico têm sofrido grandes mudanças neste final de século promovendo o surgimento de novas atividades, ao mesmo tempo em que outras funções desaparecem ou são transformadas. O crescimento exponencial do volume de informação, a geração de novos produtos, o advento de novas teorias ou a nova aplicação de teorias já conhecidas, tem acarretado constantes reavaliações do processo de trabalho, e por conseqüência o processo de educação. A tecnologia está mudando tão rápido, a competição global está forçando uma dramática redução nos tempos decorridos entre o surgimento de uma inovação, sua entrada no mercado, eliminando a oportunidade do sujeito compreender e acompanhar as novas tecnologias da informática e da comunicação. Atualmente, uma das soluções para a globalização dos mercados, são as associações. Portanto, os conceitos chave desta nova era é a colaboração/cooperação entre os sujeitos e a comunicação virtual, eliminando distâncias, aproximando as pessoas e aumentando a produtividade através de métodos cooperativos de trabalho virtual. Fato este marcado por fazermos parte da sociedade do conhecimento, da informação e da comunicação, o que pressupõe que vivemos em rede. Rede no sentido de estarmos 40 constantemente interligados entre a informação e a comunicação e o processamento dessa gama de informações em conhecimento. Estamos em rede em tempo real e virtual. Com isso vislumbramos que a sociedade tem passado e passa por transformações radicais. Essas transformações se dão em âmbito político, social e educacional. Parte dessas transformações se dá devido ao desenvolvimento tecnológico que de forma qualitativa e quantitativamente melhoram a capacidade de comunicação entre instituições, organizações e indivíduos. Esse é o sentido da rede, a capacidade de comunicação. E a Educação a Distância faz uso dessa comunicação, e retrata os diversos períodos da evolução tecnológica ao longo da história, através das mídias como telefone, a televisão e a internet (comunicação digital) como tecnológicas essenciais de todo processo evolutivo. As novas tecnologias não são apenas um meio para distribuir as informações e conhecimento, mas tem o papel de facilitadora indispensável à interação em qualquer processo educativo, dando a visão de novas atitudes e novos enfoques metodológicos. Devemos então entender por tecnologia o conjunto de ferramentas – livros, giz e apagador, papel, caneta, lápis, televisor, telefone, videocassete, computador - e os usos que destinamos a elas, em cada época (TV NA ESCOLA, 2001, p.8). Diferentemente, em cada época da nossa história percebemos que as tecnologias exerceram e exercem influência no comportamento do indivíduo e na sociedade, modificando concepções e paradigmas existentes. Essa nova realidade redefine o perfil do sujeito deste fim de século. É preciso formar profissionais que aprendam de forma não convencional e que saibam trabalhar cooperativamente para gerar soluções inovadoras e competitivas. O ensino convencional não tem dado condições aos sujeitos de se prepararem no tempo adequado a todas essas transformações. O conceito de Educação ainda está associado com treinamento, baseado fisicamente em instituições, restrito a cronogramas pré-definidos de cursos; essa estrutura implica em deslocamento de aprendizes e de professores. Nesta estrutura é difícil manter-se constantemente atualizado em relação a novas informações que acarretam novas relações e, portanto, a geração contínua de conhecimentos.
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