Buscar

PRÁTICA PROFISSIONAL: UMA ANALISE SOBRE A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA, NO CENTRO DE REFERENCIA DE ASSISTENCIA SOCIAL CRAS DO BAIRRO COMPENSA 1


Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

4
CENTRO UNIVERSITÁRIO – FAMETRO
UNIDADE ACADÊMICA DE PÓS-GRADUAÇÃO
CURSO ASSISTÊNCIA SOCIAL E FAMÍLIA
ANA TEREZA TAVARES MARINHO
ANDREZA CRISTINA CORDEIRO DE CARVALHO
SAMIATRAVESSA PICANÇO
PRÁTICA PROFISSIONAL: UMA ANALISE SOBRE A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA, NO CENTRO DE REFERENCIA DE ASSISTENCIA SOCIAL – CRAS DO BAIRRO COMPENSA 1
MANAUS – AM
2020
ANA TEREZA TAVARES MARINHO
ANDREZA CRISTINA CORDEIRO DE CARVALHO
SAMIATRAVESSA PICANÇO
PRÁTICA PROFISSIONAL: UMA ANALISE SOBRE A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA, NO CENTRO DE REFERENCIA DE ASSISTENCIA SOCIAL – CRAS DO BAIRRO COMPENSA 1
Artigo científico apresentado ao curso de Pós-Graduação em Assistência Social e Família do Centro Universitário FAMETRO, como requisito parcial para obtenção do título de especialista.
Orientadora: Profa. Msc. Geisiane Tavares Soares 
MANAUS – AM
2020
PRÁTICA PROFISSIONAL: UMA ANALISE SOBRE A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA, NO CENTRO DE REFERENCIA DE ASSISTENCIA SOCIAL – CRAS DO BAIRRO COMPENSA 1
Ana Tereza Tavares Marinho[footnoteRef:1] [1: Assistente Social, Pós-Graduanda do curso de especialização em Assistência Social e Família pelo Centro Universitário- FAMETRO, e-mail: anaterezamarinho@hotmail.com] 
Andreza Cristina Cordeiro de Carvalho[footnoteRef:2] [2: Assistente Social, Pós-Graduanda do curso de especialização em Assistência Social e Família de Saúde pelo Centro Universitário- FAMETRO, e-mail: andrezac.carvalho@hotmail.com] 
Samia Travessa Picanço[footnoteRef:3] [3: Assistente Social, Pós-Graduando do curso de especialização em Assistência Social e Família pelo Centro Universitário- FAMETRO, e-mail: samiatravessa@gmail.com ] 
Profa. Msc. Geisiane Tavares Soares [footnoteRef:4] [4: Administradora, Mestre em Serviço Social e Sustentabilidade da Amazônia pela UFAM, e Docente de Metodologia da Pesquisa Científica, e-mail:geisiane.soares1@gmail.com] 
RESUMO
Este artigo busca analisar ao trabalho do(a) assistente social em programas oferecidos pelo Governo Federal no campo dos direitos sociais onde, o assistente social, com capacidade teórico-metodológico, técnico-operativo e ético-político, realiza seus processos de trabalho contribuindo para que os sujeitos usufruam de seus direitos ao participarem do Programa Bolsa Família. É uma pesquisa descritiva, observacional participante, exploratória, com revisão de literatura, onde se utilizou das legislações voltadas a Assistência Social, ao Programa Bolsa Família e ao trabalho do profissional de Serviço Social. A coleta de dados foi realizada no CRAS COMPENSA 1, na Biblioteca Científica Eletrônica Virtual (SCIELO), sites oficiais e livros. Como resultados, foram observados que a Política Nacional de Assistência Social não está sendo executada de forma correta, assim como não há o acompanhamento às famílias inscritas no Programa. Nota-se também que o profissional do Serviço Social se encontra engessado perante ao seu fazer profissional. Chegou-se à conclusão que, ao se analisar a prática profissional do Assistente Social junto as condicionalidades do Programa Bolsa Família, existe um embate e uma institucionalização, pois os mesmos estão na contramão do que preconiza o código de ética da profissão. 
Palavras-Chave: Assistência Social, Programa Bolsa Família, Trabalho
ABSTRACT
This article seeks to analyze the work of the social worker in programs offered by the Federal Government in the field of social rights, where the social worker, with theoretical-methodological capacity, operating and technical and ethical-political, performs its work processes contributing to the subjects enjoy their rights to participate in the Bolsa Familia Program. It is a descriptive research, observational participant, exploratory, with a review of the literature, where it is used of the laws geared to social assistance, the Bolsa Familia Program and the work of the professional of Social Service. The data collection was performed in the CRAS COMPENSA 1, in Virtual Scientific Electronic Library (SCIELO), official websites and books. As a result, it was observed that the National Social Assistance Policy is not being executed correctly, as there is no monitoring of families enrolled in the program. It is also noted that the professional Social Service is plaster before to her professional. It is also noted that the professional Social Service is plaster before to her professional. The conclusion was reached that, when we analyze the professional practice of the Social Worker along the conditionalities of the Bolsa Familia Program, there is a clash and an institutionalisation, because they are in the opposite direction to that advocated by the code of ethics of the profession.
Keywords: Social Assistance, Bolsa Família Program, Work
1. INTRODUÇÃO
A atuação desenvolvida pelo Assistente Social tem sido um tema bastante discutido entre os profissionais e estudantes através de debates e vem sinalizando a premência de estudos e pesquisas que desvendem o processamento do trabalho do assistente social e as formas assumidas nos diferentes espaços ocupacionais e nas diversas atividades que desenvolvem no cotidiano das instituições públicas e privadas.
As transformações contemporâneas que afetam o mundo do trabalho, seus processos e sujeitos provocam redefinições profundas no Estado e nas políticas sociais, desencadeando novas requisições, demandas e possibilidades ao trabalho do assistente social no âmbito das políticas sociais.
Com a criação do Sistema Único da Assistência Social - SUAS e sua implementação por todo o território nacional, ampliou consideravelmente o mercado de trabalho para os profissionais do Serviço Social. Ao mesmo tempo e no mesmo processo, contraditoriamente, aprofundam a precarização das condições em que este trabalho se realiza, considerando o estatuto de trabalhador assalariado do assistente social, subordinado a processos de alienação, restrição de sua autonomia técnica e intensificação do trabalho a que estão sujeitos os trabalhadores assalariados em seu conjunto.
Ainda que a política de assistência social seja um campo de trabalho multiprofissional e interdisciplinar, constitui-se historicamente como uma das principais mediações do exercício profissional dos assistentes sociais, sendo reconhecidos socialmente como os profissionais de referência desta política, apesar das ambiguidades que cercam essa relação.
Este artigo surge a partir de uma problemática em relação a práxis do Assistente Social, no Centro de Referência de Assistência Social - CRAS, nas suas dimensões teórico-metodológica, ético-política e principalmente técnico-operativa. Para tanto, definiu-se como tema do trabalho: atuação profissional na área da assistência social, junto ao Programa Bolsa Família. 
Assim tem-se como tema: a prática profissional: uma análise sobre a atuação do assistente social no programa bolsa família, no Centro de Referência de Assistência Social Compensa, situado na zona oeste de Manaus e possui, como objetivo geral, refletir sobre a atuação dos profissionais do Serviço Social diante das controvérsias das condicionalidades do Programa Bolsa Família - PBF, tendo por objetivos específicos: entender a Política Nacional de Assistência Social e as leis voltadas ao PBF, levantar os serviços viabilizados pelo CRAS, conforme o que preconiza a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais e confrontar o trabalho realizado pelo Assistente Social junto ao que preconiza a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS - NOB-RH/SUAS e o seu fazer profissional. 
A pesquisa realizada para esse trabalho foi classificada como bibliográfica e de campo, sendo caracterizada como quantiqualitativa, pois, permitiu-nos o reconhecimento em detalhes as características do trabalho que o Assistente Social está realizando e aumentou nossa perspicácia e absorção com a pesquisa, permitindo a movimentação mais acertada e eficaz durante as investigações. Quanto à
metodologia o trabalho em mãos fez-se a opção pelo método Dialético pois é o método caracterizado por leis que afirmam que tudo se transforma permanentemente, tudo se relaciona, existe permanentemente impulsionando a transformação e a relações uma luta dos contrários;
Enquanto procedimento, esta pesquisa foi realizada por meio de observação direta. Utilizou-se para a aplicação da pesquisa, um questionário relacionado ao PBF. Esta ferramenta permite-nos levar ao objetivo dessa pesquisa. A pesquisa foi realizada com duas Assistentes Sociais que fazem parte do quadro de funcionários do CRAS COMPENSA 1, no dia 15 de janeiro de 2020, data estabelecida pela Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania – SEMASC A pesquisa se mostra relevante, pois visa desmitificar os diversos questionamentos encontrados pelos acadêmicos durante a formação relacionados a Teoria e Prática e as dificuldades encontradas na prática profissional.
Assim, refletiu-se sobre a Prática do Assistente Social no âmbito da Assistência Social, no contexto do CRAS, pois a consolidação da Assistência Social na perspectiva do direito pressupõe o contraponto ao passado caracterizado pelo clientelismo, pelo patrimonialismo, pelo engessamento burocrático e pela cultura do favor, pois efetivar a consolidação da Assistência Social enquanto política pública, na perspectiva de concretizar os princípios e diretrizes conquistados, significa instaurar outro padrão civilizatório, comprometido com o fortalecimento do controle social na democratização dos processos decisórios, no protagonismo dos sujeitos sociais.
2. METODOLOGIA
Para conceituar pesquisa, discorre Gil (2009, p. 26):
 
Pode-se definir pesquisa como o processor formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para o problema mediante o emprego de procedimentos científicos.
A pesquisa caracterizou-se por ser QuantiQualitativa, de caráter exploratório, na qual foram utilizados: pesquisa bibliográfica, visita de campo, questionários mistos para identificar a práxis do Assistente Social junto ao Programa Bolsa Família, observações visuais e levantamento de dados junto ao CADUNICO do CRAS da Compensa 1.
Quanto à metodologia, fez-se a opção pelo método Materialismo Histórico Dialético, pois, segundo MARX, é o método de interpretação da realidade, visão de mundo e práxis. O método é caracterizado por leis que afirmam que tudo se transforma permanentemente, tudo se relaciona, existe permanentemente impulsionando a transformação e a relações uma luta dos contrários.
Através de questionário elaborado pelas discentes do curso de Pós-Graduação em Assistência Social e Família, da turma ASF-12, do Centro Universitário FAMETRO – CEUNI-FAMETRO, realizou-se um levantamento das informações por meio observação participativa com duas Assistentes Sociais do CRAS- COMPENSA 1, no mês de Janeiro de 2020.
O número de participantes foi determinado pela Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania – SEMASC, por intermédio de documento protocolado na referida secretaria. As profissionais repassaram as informações conforme suas possibilidades e conhecimento prévio sobre o assunto.	
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Para se chegar ao objetivo geral desse artigo, serão discutidos os objetivos específicos e os resultados da pesquisa. 
3.1. A Política de Assistência Social e as leis voltadas para a execução do Programa Bolsa Família. 
O pauperismo se apresenta como um dos mais severos problemas a ser enfrentado em nossa sociedade, resultante de uma combinação de fatores sociais, políticos e econômicos, sendo uma das principais expressões da questão social existem em mundo. 
A Carta Magna Brasileira de 1988 foi um marco, pois inseriu a Assistência Social no campo da Seguridade Social, enquanto política que compõe o sistema de proteção social no Brasil, em conjunto com a previdência social e a saúde. Assim, a assistência social passou a ser reconhecida enquanto política pública de caráter não contributivo, como dever do Estado, direcionada a quem dela necessitar.
A Assistência Social, parte integrante do tripé da seguridade social (saúde, previdência e assistência social), é uma política pública social pautada nos princípios de universalização, inaugurando um sistema participativo, descentralizado, que possui uma concepção de cidadão de direitos e suas demandas (PNAS, 2004). É estruturada por níveis de proteção, proteção social básica e especial de média e alta complexidade, tendo centralidade na família e base do território. 
Os serviços de proteção social básica possuem como unidade executora de referência o Centro de Referência da Assistência Social – CRAS, que possui como objetivos, informar, orientar, inserir e encaminhar a população às políticas que efetivem seus direitos, de modo a evitar que direitos sejam violados. (PNAS, 2004). 
A Política Nacional de Assistência Social (2004) e a Lei Orgânica da Assistência Social (1993), nas redes socioassistenciais, definem os programas de Transferência de Renda. No Brasil, o histórico da criação dos programas de transferência acompanha o avanço o surgimento de centros urbanos industriais, e juntamente a necessidade da criação de políticas de proteção social. 
Os programas de transferência de renda existem no país desde a década de 1970 com a finalidade de garantir renda mínima à população pobre. A partir de 2000, os mesmos tiveram expressivo aumento e, por conta disso, foram consolidados e unificados em um único programa, o Programa Bolsa Família. Criado em 2003, o referido Programa prioriza a atenção sobre aspectos relacionados às condições de saúde e educação de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza e quando passam a receber o benefício, as famílias se comprometem a cumprir com as contrapartidas ou condicionalidades que são aplicadas ao entrarem no Programa. Para ter acesso a esse programa, o usuário deve estar inserido no sistema Cadastro Único (CADUNICO).
O programa foi criado, segundo a intenção governamental, com o objetivo de responder a um grande desafio que é o combate à fome e à miséria, mediando à promoção e à emancipação das famílias mais pobres do Brasil. Entretanto, o PBF se apresenta de forma celetista, através da realização de análises sociais e econômicas das famílias como condição para o acesso ao benefício para aquelas que a eles recorrem, pela LEI Nº 10.836, DE 9 DE JANEIRO DE 2004.
Weissheimer (2006) afirma que o Bolsa Família é um programa federal de transferência direta de renda, destinado a famílias em situação de pobreza, fundamentado em dois objetivos básicos: combater a miséria e a exclusão social e promover a emancipação das famílias mais pobres.
O PBF é estruturado por intermédio de condicionalidades que permitem ao usuário serem contemplados por outras políticas, como Educação e Saúde, além da Assistência Social. No âmbito da educação, tem-se como condicionalidade: matricular as crianças e adolescentes de 6 a 17 anos na escola; garantir a frequência escolar mensal mínima de 85% para as crianças de 6 a 15 anos; garantir a frequência escolar mensal mínima de 75% para os adolescentes de 16 e 17 anos que recebem o BVJ; informar à escola sempre que algum motivo impedir o aluno de ir às aulas e manter atualizadas as informações de escola das crianças e adolescentes no Cadastro Único.  
No âmbito da Saúde, as condicionalidades são: levar as crianças até 7 anos para serem vacinadas conforme o calendário de vacinação do Ministério da Saúde; levar as crianças até 7 anos para serem pesadas e medidas de maneira a terem acompanhados o seu crescimento e desenvolvimento e levar as gestantes a participarem do pré-natal.  O acompanhamento dessas condicionalidades é realizado por meios específicos e tem como objetivo: monitorar o cumprimento dos compromissos pelas famílias beneficiárias, como determina a legislação que criou o Bolsa Família; responsabilizar o poder público pela garantia de acesso aos serviços e pela busca ativa das famílias
mais excluídas e vulneráveis; e identificar, nos casos de não-cumprimento, as famílias em situação de maior vulnerabilidade e orientar ações do poder público para seu acompanhamento. (MDS, 2004).
3.2. Os serviços socioassistenciais ofertados pelo CRAS
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é uma unidade pública estatal descentralizada da política de assistência social responsável pela organização e oferta dos serviços socioassistenciais da Proteção Básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) que favorece a oferta de serviços e programas nas áreas de vulnerabilidade e risco social. É uma unidade pública estatal de base territorial, localizado em áreas de vulnerabilidade social, que abrange um total de até 1.000 famílias/ano. No CRAS são realizados diversos atendimentos, nos quais não deve haver violação de direitos. O espaço trabalha com projetos, e vários programas. Entretanto, o PBF é o programa mais solicitado pelos usuários, sendo suas condicionalidades da assistência, um dos objetos de trabalho dos Assistentes Sociais no CRAS. (Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, 2014). 
O Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) compõe um dos serviços de proteção social básicos ofertados pelos CRAS, cujo objetivo é fortalecer a função protetiva das famílias, visando a: prevenção de ruptura de vínculos; promoção do acesso e usufruto de direitos; e o desenvolvimento de trabalho social com famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF). (Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, 2014). Esse trabalho é fundamental na medida que se considera a proteção social para além da transferência de renda. 
 Fonte: MDS – cartilha sobre orientações técnicas do CRAS
3.2.1 O trabalho do serviço social no CRAS (Compensa I- MANAUS/AM)
O efetivo funcionamento do CRAS é imprescindível para o desempenho de suas funções e oferta com qualidade de serviços socioassistenciais. Constituem alguns dos elementos a serem observados para o funcionamento do CRAS: seu espaço físico, período de funcionamento e sua identificação. A preocupação com esses itens deve-se ao fato de que o SUAS pretende superar a prática da assistência social como uma política pobre, destinada aos mais pobres, por meio de ações pobres, ofertadas em unidades pobres (ORIENTAÇÕES TÉCNICAS DO CRAS – MDS, 2009). 
O CRAS é a unidade pública responsável pela oferta do Programa de Atenção Integral às Famílias - PAIF e, dessa forma, deve dispor de espaços que possibilitem o desenvolvimento das ações previstas por este Serviço. Observou-se que na estrutura do CRAS COMPENSA 1, existe uma recepção, uma sala para atendimento ao CADUNICO, uma sala para atendimento psicossocial, uma sala para a gestão e uma sala para atendimento ao PAIF. O atendimento realizado aos usuários inscritos no PBF é na mesma sala do PAIF, não havendo uma sala exclusiva para o Serviço Social realizar a escuta qualificada, levando em consideração que a busca só é feita pelo próprio usuário quando o benefício é bloqueado. 
A NOB-RH/SUAS determina que toda a equipe de referência do CRAS seja composta por servidores públicos efetivos. A baixa rotatividade é fundamental para que se garanta a continuidade, eficácia e efetividade dos serviços e ações ofertados no CRAS, bem como para potencializar o processo de formação permanente dos profissionais. As duas profissionais do Serviço Social são estatutárias e já atuam nesse Centro de Referência há 8 anos. Notou-se que ambas não realizam busca ativa, pois, segundo as mesmas, não existe transporte veicular para sua execução, limitante assim a prática. 
No contexto de famílias inscritas no PBF, a nível de Manaus, no mês de dezembro de 2019, chegou-se ao quantitativo de 266.175 famílias, sendo que apenas 221.660 atualizaram o recadastramento no referido ano, segundo o Relatório sobre Bolsa Família e Cadastro Único do Ministério da Cidadania. No CRAS Compensa 1, conforme informação repassada pelas técnicas, existem 35 famílias inscritas no PBF, não havendo acompanhamento das mesmas em relação as condicionalidades. Ambas relataram que os únicos contatos com essas famílias são realizados quando ocorre a inscrição ou quando ocorre o bloqueio. 
Observou-se que o cumprimento do que preconiza a Política de Assistência Social - PNAS, a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais e a NOB-RH/SUAS é realizado de forma parcial, mesmo sendo a porta principal dos direitos assistenciais. De forma geral, ocorre apenas a apresentação do PBF para as famílias que são inseridas, sem um acompanhamento posterior. A busca ativa junto a essas famílias não é realizada e, consequentemente, não há intervenção para o bloqueio do PBF. O fazer profissional só ocorre a partir da demanda espontânea, indo de embate ao que preconiza o Código de Ética e a Lei de Regulamentação da Profissão (CRESS, 2013). O profissional não realiza uma intervenção crítica, criativa e propositiva, executando assim o que é determinado pela instituição. 
3.3. A prática profissional do Assistente Social junto ao PBF
As competências e atribuições dos/as assistentes sociais, na política de Assistência Social, com base na Lei de Regulamentação da Profissão, requisitam, do/a profissional, algumas competências gerais que são fundamentais à compreensão do contexto sócio-histórico em que se situa sua intervenção: 
• apreensão crítica dos processos sociais de produção e reprodução das relações sociais numa perspectiva de totalidade; análise do movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo as particularidades do desenvolvimento do Capitalismo no país e as particularidades regionais;
 • compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio histórico, nos cenários internacional e nacional, desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade; 
• identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, considerando as novas articulações entre o público e o privado (ABEPSS, 1996).
Conforme Iamamoto (2004), o exercício profissional do assistente social é resultado de uma construção histórica que permite ao Serviço social ser uma profissão cujo projeto de sociedade resulta em um perfil profissional diferenciado em relação à outras profissões. Analisar, pois, o exercício profissional em seus limites e possibilidades requer inserir a profissão em sua trajetória histórica e como resultado de construções teórico-práticas dos profissionais.
Requer-se do profissional maturidade para assumir a gestão social pública, não ser apenas executor de políticas e sim, articulador da política social, que priorize e viabilize direitos e garantias sociais, reiterando o processo de transformação na vida dos usuários, ao tomar uma atitude propositiva frente a uma realidade que lhe é dada, mas não acabada e nem impossibilitada de ser transformada, numa concepção de propostas criativas em que exerça a “sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos” (IAMAMOTO, 2000, p. 20).
A estrutura e a lei que regulamentam o Programa Bolsa Família são algumas das documentações necessárias que o profissional do Serviço Social, que atua no PBF, deve conhecer para construir estratégia coerente com seus conhecimentos e necessidades dos usuários. O Conceito de prática profissional, segundo BAPTISTA (2009), pode ser entendido como um componente específico presente dentro da prática social, esta que, por sua vez, é uma categoria teórica que permite compreender e explicitar a constituição e as expressões do ser social e a dinâmica social na qual se insere.
Ainda, segundo BAPTISTA (2009), A prática profissional, assim, é resultante da especialização do trabalho coletivo, previamente determinada pela divisão sociotécnica do trabalho, situando-se no âmbito das relações sociais concretas com uma dimensão historicamente determinada, que vai se particularizar em diversos campos
de trabalho vinculados ao todo social. 
Segundo Montaño (2009), os profissionais de Serviço Social precisam de qualificação, e comprometimento para que não se conformem com as demandas imediatas e rotineiras, e sim possam ir além delas, a fim de desenvolverem outros tipos de práticas que incorporem as demandas (do empregador), mas que as transcenda (atingindo a compreensão das verdadeiras causas das necessidades. 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Ao longo deste artigo foi discorrido sobre a prática profissional do Assistente Social junto as famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família, no CRAS COMPENSA-1. O PBF é o maior programa de transferência de renda do governo, estruturado com o cumprimento de condicionalidades associada à assistência social, saúde e educação e deve ser acompanhado pelo poder público para que não ocorra o descumprimento dessas condicionalidades. Entretanto, o PBF é um programa de caráter restritivo e seletista pois inclui uma parcela de famílias em situação de pobreza, cuja renda per capta é muito baixa e, com a não realização da busca ativa pelos profissionais do Serviço Social, outras famílias que se encontram em estado de extrema pobreza, deixam de ser inseridas no referido programa. 
A Política Nacional de Assistência Social preconiza que haja supremacia do atendimento as necessidades sociais, a universalização dos direitos sociais, o respeito à dignidade do cidadão, e a igualdade de direitos no acesso ao atendimento. Questiona-se: como que o preconiza a Política será implementado se o profissional não realiza busca ativa e acompanhamento após a inserção dessas famílias no PBF? O fazer profissional resume-se a ausência de um meio de transporte?
Por ser uma das profissões que intervém no processo de reprodução social, no terreno de disputas entre capital e trabalho, intervindo diretamente na vida dos sujeitos, o Serviço Social vivencia no cotidiano profissional alterações significativas que diversificam e complexificam os espaços sócioocupacionais, imprimindo novos contornos às condições objetivas de trabalho e às demandas e requisições profissionais, com incidências sobre a identidade e a autonomia.
Assim, nossos objetivos foram alcançados e concluímos que, para que seja preconizado o que é estabelecido pela Política Nacional de Assistência Social, pelo SUAS, pelas NOB/SUAS e NOB-RH/SUAS e a Tipificação Nacional de Serviço Sócioassistenciais, compete ao profissional façam cumprir o que preconiza o código de ética, além de lutar pelo sólido projeto ético-político-profissional do Serviço Social, impulsionando o fortalecimento de um projeto societário contra-hegemônico comprometido com os interesses e necessidades das classes subalternas.
	
REFERÊNCIAS
BAPTISTA, M. V. A ação Profissional no Cotidiano. São Paulo. PUC/SP, 1993
BRASIL. Decreto nº 5.209 de 17 de setembro de 2004. Regulamenta a Lei no 10.836, de 9 de janeiro de 2004, que cria o Programa Bolsa Família, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5209.htm . Acesso em: 28 de dezembro de 2019..
________. Diário Oficial da União. Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Texto da Resolução Nº 109, nov. 2009.
_______. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Caderno informativo sobre o Índice de Gestão Descentralizada do PBF – IGD. Disponível em: http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/manuais-e-publicacoes-1. Acesso em: 02 de janeiro de 2020
________. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Centro de Referência e Assistência Social – CRAS. Orientações Técnicas Centro de Referência de Assistência Social – CRAS. Brasília, 2009a.
________. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações para o acompanhamento das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (SUAS): versão preliminar. Brasília, 2006a. Disponível em: http://www.redesabara.org.br/downloads/2009/famlia_orientao%20acompanhamento_mds.pdf . Acesso em: 11 de janeiro de 2020.
________. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Norma Operacional Básica NOB/SUAS. Brasília, 2012.
________. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Caderno de Textos: VI Conferência Nacional de Assistência Social. /Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. __ Brasília, DF: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Conselho Nacional de Assistência Social, 2007. Disponível em: http://mds.gov.br/ . Acesso em 28 de dezembro de 2019.
________. Norma Operacional Básica de Recursos Humanos – NOB-RH/SUAS. Brasília: 2007.
_________. Relatório sobre bolsa família e Cadastro Único – Manaus/AM ano 2019. Disponível em:  https://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIv3/geral/relatorio_form.php?p_ibge=130260&area=0&ano_pesquisa=&mes_pesquisa=&saida=pdf&relatorio=153&ms=585,460,587,589,450,448,464,601. Acesso em: 07 de fevereiro de 2020.
CARVALHO, Raul de & IAMAMOTO, Marilda. Relações sociais e serviço social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 17. ed. São Paulo: Cortez, 2005. 
CFESS. Proposta do Conselho Federal de Serviço Social para definição de Serviço Social. 2010. Disponível em: http://www.cfess.org.br/arquivos/definicao_ss_fits_SITE_por.pdf . Acesso em 21 de dezembro de 2019.
CFESS. Parâmetro para Atuação de Assistentes Sociais e Psicólogos na Política de Assistência Social. Brasília: CFSS, CFP, 2007.
CRESS. Coletânea de Leis. Conselho Regional de Serviço Social 15ª Região Amazonas/Roraima. 3 ed. Amazonas: Valer, 2013.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
GOHN, M. G. M. Teorias dos Movimentos Sociais: Paradigmas Clássicos e Contemporâneos. São Paulo: Edições Loyola, 2002, v.1. p.396, 3ª ed. 1995.
FALEIROS, V. de Paula. Saber profissional e poder institucional. 11 ed. Editora Cortez, 2015
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 10 ed. São Paulo: Cortez, 2006. 
IAMAMOTO, M.V. Serviço social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social. São Paulo: Cortez, 2007
MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: identidade e alienação. – 11 ed. – São Paulo: Cortez, 2005..
MDS. Caderno informativo sobre o Índice de Gestão Descentralizada do PBF – IGD. Disponível em: http://www. mds.gov.br/bolsafamilia/menu_superior/manuais-e-publicacoes-1. Acesso em: 02 de janeiro de 2020
	
MESTRINER, Maria Luiza. O Estado entre a filantropia e a assistência social. 3. Ed. São Paulo. Cortez, 2008.
MIOTO, Regina Célia Tamaso. Família, Gênero e Assistência. In: CFESS. O Trabalho do Assistente Social no SUAS. Brasília: CFESS, 2011. Debate Simultâneo, p. 108-117.
MIOTO, R. C. Família, trabalho com famílias e serviço social. Serviço Social em Revista, Londrina, v. 12, n. 2. p. 163-176, jan./jun. 2010
MIOTO, C. R. T. Trabalho com famílias: um desafio para os assistentes sociais. Revista Virtual Textos & Contextos, Porto Alegre, n. 3, dez. 2004. Disponível em: http://unesav.com.br/ckfinder/userfiles/files/Trabalho%20com%20fam%EDlias.pdf. Acesso em: 17 de janeiro de 2020.
OLIVEIRA, N. H. D.; JOSÉ FILHO, M. O trabalho social com famílias: repercussões, possibilidade e desafios. Serviço Social e Realidade, Franca, v. 18, n. 2, p. 55-80, 2009.
PEREIRA, Potyara A. P. Necessidades Humanas: subsídios à crítica dos mínimos sociais. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2009. 
PEREIRA, Potyara A. P. Política social: temas e questões. São Paulo: Cortez, 2008.
PEREIRA, Potyara A.P. Proteção social contemporânea: cui prodest. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n116/04.pdf. Acesso em: 14 de janeiro de 2010. 
SPOSATI, Aldaíza. Assistência Social em Debate: direito ou assistencialização? In: CFESS. O Trabalho do Assistente Social no SUAS. Brasília: CFESS, 2011. Mesa Redonda, p. 32-51.
TEIXEIRA, Joaquina Barata; BRAZ, Marcelo. O projeto ético político do Serviço Social. In: Serviço Social: Direitos Sociais e Competências Profissionais.
Brasília: CFESS/ABEPSS. 2009. Disponível em: http://www.cfess.org.br/publicacoes_livros.php . Acesso em: 02 de janeiro de 2020.
TEIXEIRA, Maria Solange. Família na Política de Assistência Social: avanços e retrocessos com a matricialidade sociofamiliar. Revista Política Públicas, São Luiz, 2009.
WEISSHEIMER, M. A. Bolsa família: avanços limites e possibilidades do programa que está transformando a vida de milhões de famílias no Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2006.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando