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PRINCIPIOLOGIA DO PROCESSO DO TRABALHO - PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO - (Processo do Trabalho)

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Resumos | Brenda Alves | Passei Direto 
 
PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO 
Não obstante o processo do trabalho ser guiado pelos princípios constitucionais e se 
utilizar de alguns princípios do processo civil, entendemos existir outros que lhe são inerentes 
ou estão mais presentes em sua esfera. 
 
3.1 Princípio do jus postulandi 
Na esfera do processo do trabalho, tanto o empregado quanto o empregador podem 
atuar no processo, sem a necessidade de advogado. Essa faculdade não é absoluta, pois o 
Tribunal Superior do Trabalho exige, em alguns casos, que a parte esteja representada por um 
advogado, conforme se depreende da Súmula 425: 
Jus postulandi na Justiça do Trabalho. Alcance. O jus postulandi das partes, estabelecido 
no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não 
alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de 
competência do Tribunal Superior do Trabalho. 
Agora, com a utilização apenas do PJE (Processo Judicial Eletrônico), cremos que ficará 
cada vez mais difícil para o trabalhador postular em juízo diretamente, em face das dificuldades 
que encontrará para inserir seu pleito no sistema, restando-lhe apenas o comparecimento nas 
Varas do Trabalho, para, perante o diretor da Vara, postular o seu direito material, para que seja 
consignado em termo circunscrito e, daí, encaminhado ao processo eletrônico, para fins de 
distribuição. 
 
3.2 Princípio da proteção 
Este princípio caminha em conjunto com o princípio da isonomia, e objetiva reduzir o 
desequilíbrio naturalmente existente na relação jurídica trabalhista, buscando a igualdade das 
partes, no âmbito processual, na lógica da paridade de armas. O primeiro princípio concreto, de 
âmbito internacional, é o protecionista: o caráter tutelar do Direito Material do Trabalho se 
transmite e vigora também no Direito Processual do Trabalho. Nada mais justo que o Direito 
Processual do Trabalho recepcionar e efetivar o princípio da proteção, posto que o processo, 
com seu caráter instrumental, tem como escopo concretizar as normas de direito material e 
realizar o amparo a direitos violados. Dessa forma, a proteção em âmbito processual nada mais 
é do que assegurar, efetivamente, o princípio protetor consagrado no Direito do Trabalho. 
* A partir da Lei 13.467/2017, a ausência do reclamante na audiência inicial passou a ser 
regulada pelo art. 844, em seus parágrafos: 
§ 2º Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das 
custas calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça 
gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo 
legalmente justificável. 
§ 3º O pagamento das custas a que se refere o § 2º é condição para a propositura de 
nova demanda. 
Resumos | Brenda Alves | Passei Direto 
Com a alteração do art. 878 da CLT promovida pela Lei 13.467/2017, a execução ex 
officio pelo magistrado somente será possível se as partes estiverem desacompanhadas de 
advogado. 
E a gratuidade de justiça passou a ter um novo regramento, conforme podemos 
observar da nova redação do art. 790 da CLT em seus parágrafos: 
§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de 
qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, 
inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior 
40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência 
Social. (R$ 2.212,52) 
§ 4º O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência 
de recursos para o pagamento das custas do processo. 
A partir do advento desta nova Lei não basta afirmar que não tem condições de arcar 
com as despesas processuais, pois a Lei exige que a parte comprove, ou seja, demonstre 
insuficiência de recursos para o pagamento das custas do processo, o que poderá ser feito por 
cópia da CTPS, dos contracheques, extratos bancários ou da Declaração Anual do Imposto de 
Renda. 
E o art. 791-A também foi acrescido pela Lei 13.467/2017, com a seguinte redação: 
§ 4º Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, 
ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes 
de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser 
executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, 
o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou 
a concessão de gratuidade, extinguindo-se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. 
§5º São devidos honorários de sucumbência na reconvenção. 
Dessa forma, vemos que o reclamante somente se livrará, definitivamente, das despesas 
processuais, mesmo que beneficiário da justiça gratuita, dois anos após o trânsito em julgado 
da decisão, e mesmo assim se o credor não conseguir demonstrar que houve alteração 
patrimonial ou financeira suscetível de possibilitar o pagamento daquelas despesas. 
Essa regra aproximou o Processo do Trabalho do Processo Civil, que possui regramento 
idêntico, porém, com um prazo mais dilatado, ou seja, 5 anos para que se verifique a 
possibilidade de mudança patrimonial do réu para arcar com as despesas processuais. 
 
3.3 Princípio da conciliação 
Conquanto este princípio apareça em outros ramos processuais, é no Processo do 
Trabalho que se apresenta com maior destaque. A própria CLT, nos arts. 764 e 831, impõe aos 
magistrados a necessidade de se tentar a conciliação. Tanto é verdade que a tentativa de 
conciliação deverá ocorrer em dois momentos distintos no curso do processo. Primeiramente, 
“Aberta a audiência, o Juiz ou Presidente proporá a conciliação” (CLT, art. 846). Em segundo 
plano, temos a tentativa de conciliação, após a apresentação das razões finais pelas partes, cujo 
comando se encontra no art. 850 da CLT. 
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A conciliação, aos olhos do Processo do Trabalho, torna-se tão importante que seus 
efeitos podem ser equiparados à coisa julgada, posto não ser passível de recurso, podendo ser 
somente atacada por ação rescisória (Súmula 259 do TST). 
 
3.4 Princípio da normatização coletiva 
De forma exclusiva, a Justiça do Trabalho brasileira é a única que tem o condão de criar 
normas gerais e abstratas, por meio de sentença (tecnicamente, acórdão), que irão incidir de 
forma obrigatória nos contratos individuais de trabalho de integrantes pertencentes à categoria 
profissional envolvida no processo coletivo (dissídio coletivo). 
É o denominado poder normativo da Justiça do Trabalho, ou seja, em situações de 
conflito coletivo, quando provocada, a Justiça do Trabalho poderá criar normas e condições de 
trabalho para dirimir o conflito, função essa ínsita, originariamente, ao Poder Legislativo 
Essa permissão “legislativa” encontra-se respaldada no art. 114, § 2º, da CF. Todavia, 
esse poder normativo não é pleno, esbarrando em limites fixados pela própria Constituição 
Federal, por normas de ordem pública de caráter protetivo para o trabalhador, por matérias de 
natureza estritamente legais, bem como por cláusulas contidas em acordos, convenções e 
sentenças normativas anteriormente estabelecidas. 
 
3.5 Princípio da ultrapetição 
Por meio deste princípio, permite-se ao magistrado o julgamento fora do pedido, em 
casos específicos, a notar: 
- Nos casos de litigância de má-fé, consoante o art. 80 do CPC/2015. O juiz, de ofício ou 
a requerimento, condenará o litigante a indenizar a parte contrária dos prejuízos, mais 
honorários advocatícios e despesas, conforme o art. 81 do CPC/2015; 
- Nos casos em que a obrigação consistir em prestações periódicas, as quais se 
considerarão incluídas no pedido, independentementede declaração expressa do autor, de 
conformidade com o art. 323 do CPC; 
- No caso das obrigações de fazer ou não fazer, consoante o art. 497 do CPC/2015, nos 
quais o magistrado pode conceder a tutela específica, bem como impor multa diária ao réu, 
independentemente do pedido do autor; 
- Nas situações em que a reintegração do empregado estável for desaconselhável, dado 
o grau de incompatibilidade resultante do dissídio, quando o empregador for pessoa física; 
- Nos casos em que haja pleito de readmissão ou reintegração do empregado, nos quais 
o magistrado poderá condenar o réu ao pagamento dos salários e multa diária pelo 
retardamento no cumprimento da decisão (CLT, art. 729). 
A litigância de má-fé foi acrescida à CLT pela Lei 13.467/2017 sob o título “Da 
Responsabilidade por dano processual”, nos artigos 793-A e seguintes: 
793-A. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como reclamante, 
reclamado ou interveniente. 
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Art. 793- B. Considera-se litigante de má-fé aquele que: 
I – deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II – 
alterar a verdade dos fatos; III – usar o processo para conseguir objetivo ilegal; IV – opuser 
resistência injustificada ao andamento do processo; V- proceder de modo temerário em 
qualquer incidente ou ato do processo; VI – provocar incidente manifestamente infundado; VII 
– interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. 
Art. 793 C. De ofício ou a requerimento, o juízo condenará o litigante de má-fé a pagar 
multa, que deverá ser superior a 1% (um por cento) e inferior a 10% (dez por cento) do valor 
corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os 
honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. 
§ 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juízo condenará cada um na 
proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligarem 
para lesar a parte contrária. § 2º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa 
poderá ser fixada em até duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de 
Previdência Social. 
§ 3º O valor da indenização será fixado pelo juízo ou, caso não seja possível mensurá-lo, 
liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos. 
Art. 793-D. Aplica-se a multa prevista no art. 793-C desta Consolidação à testemunha 
que intencionalmente alterar a verdade dos fatos ou omitir fatos essenciais ao julgamento da 
causa. 
Parágrafo único: A execução da multa prevista neste artigo dar-se-á nos mesmos autos. 
Verifica-se, assim, que até mesmo a testemunha será condenada a pagar a multa 
prevista na hipótese de agir de forma contrária ao direito, mentindo em juízo, ou alterando a 
verdade dos fatos, evento que se coaduna com os princípios éticos do processo, à luz do 
neoprocessualismo.

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