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OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 Doença Hemolítica Perinatal • É uma condição caracterizada pela incompatibilidade sanguínea maternofetal → onde são produzidos anticorpos maternos específicos para antígenos das hemácias do concepto → acontece quando o pai é Rh+, a mae Rh- e o feto Rh+ • A troca (reação) imunológica de antígenos e anticorpos entre indivíduos da mesma espécie é caracterizada como aloimunização → pode envolver antígenos e anticorpos de todos os sistemas sanguíneos, em especial o sistema Rh • Quando uma gestante Rh-negativo é exposta a sangue com células Rh-positivo, frequentemente por causa de hemorragia feto- materna, ela desenvolve anticorpos anti-D que atravessam a placenta → destruindo os eritrócitos fetais o QC varia de anemia fetal assintomática, hidropsia fetal com anemia grave e icterícia e até óbito fetal • A aloimunização ao sistema Rh em pctes obstétricas é um problema de saúde pública → evento que, quando tomado em conjunto com a incompatibilidade materno-fetal para o sistema ABO, está presente em 9% de nossas gestantes o Nos países desenvolvidos a incidência é baixa, enquanto nos países em desenvolvimento ainda é um grande problema e causa de muitos óbitos fetais e neonatais o A prevenção adequada diminui a sensibilização para menos de 1% das gestantes Rh- com fetos Rh+ ❖ A doença ainda repercute muito sobre o bem-estar do concepto e RN, e, em nosso meio não se observa tendência à erradicação, principalmente pois a introdução da profilaxia ainda não é universal • A importância clínica deve-se à facilidade que pessoas Rh- podem ser estimuladas a produzirem anticorpos anti-Rh, após transfusão incompatível ou gestação de um feto Rh+ o Entre nós, o antígeno Rh está presente em 85% dos indivíduos brancos, 90% a 95% dos negros e praticamente 100% dos amarelos e índios • Só uma pequena parte das mulheres com Rh-que dão a luz a RN com Rh+ tornam-se imunizadas e tinham crianças afetadas pela DHPN → sugere que há fatores protegendo a maioria das mães da aloimunização o Como o fato de que, por motivo não esclarecido, até 1/3 dos indivíduos são incapazes de produzir anticorpos anti-D, mesmo depois de repetidos estímulos. ▪ Também se assinala o grau de proteção conferido pela incompatibilidade ABO entre mãe suscetível e RN, o que reduziria o risco de sensibilização de 16% para 2% nessa eventualidade Etiopatogenia • Até o momento, mais de 400 antígenos de superfície foram descritos nas hemácias humanas, muitos implicados na DHPN o Mais de 40 antígenos eritrocitários já foram associados à DHPN, mas o antígeno D do sistema Rh é o de maior importância clínica devido a sua elevada imunogenicidade e frequência com que provoca sensibilização na ausência profilaxia • O sistema Rh é controlado pelos genes RHD e RHCE localizados no braço curto do cromossoma 1 → as proteínas CcDEe constituem os principais antígenos do sistema, sendo encontrados exclusivamente nos eritrócitos o O status de positivo ou negativo para o sistema Rh é definido de acordo com a presença ou ausência do antígeno D o A produção de anticorpos anti-D por mães Rh-D-negativo é a responsável pela doença hemolítica em fetos Rh-D-positivo ❖ Atualmente existem 29 sistemas de grupos sanguíneos → outros antígenos mais associados à DHPN são tambem do sistema Rh o Antígenos E, e, C, c e Cw → além dos pertencentes aos grupos sanguíneos Kell, MNS, Kidd, Duffy e Diego • O sistema Kell é composto por 25 antígenos → antígenos Kell (K) e Cellano (k) são os de maior importância, tanto na doença hemolítica grave como na ocorrência de reações transfusionais o Antígeno Kell (K) participa do crescimento e diferenciação eritrocitária → esta em 9% dos caucasianos e 2% dos negros o O antígeno k é encontrado em 99,8% dos caucasianos e, virtualmente, em todos os negros. • Houve aumento relativo, nas últimas décadas, no número de pacientes imunizadas a outros antígenos (não D) → impõe-se melhorar o prognóstico da aloimunização por outros antígenos • O reconhecimento precoce dos fetos sujeitos a agravos é fundamental, a fim de se traçar estratégia terapêutica adequada • Nesse sentido, se defende o rastreamento de anticorpos antieritrocitários na primeira consulta de pré-natal de todas as gestantes o Sendo mandatório em pacientes com fatores de risco, como antecedente de transfusão sanguínea, uso de drogas injetáveis e antecedente obstétrico de óbito fetal ou hidropisia de causa desconhecida ❖ O risco de uma mãe Rh-D-negativo ser aloimunizada em uma gestação incompatível depende da: o Quantidade de antígeno D → o volume transfundido deve ser suficiente para induzir a resposta ▪ Exposição pode ser espontânea → parto, descolamento de placenta, abortamento, morte fetal IU, GE... ▪ Ou traumática → amniocentese, biopsia de vilosidades coriônicas, cordocentese, aborto provocado o Variabilidade da resposta materna o Incompatibilidade ABO → constitui proteção parcial contra a aloimunização anti-D, pois hemácias ABO incompatíveis são rapidamente destruídas antes de estimularem o sistema imunológico materno OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 Fisiopatologia • O processo inicia-se com a penetração de hemácias Rh+ na circulação de mulheres com Rh-, determinando a produção de anticorpos específicos → linfócitos B e T e macrófagos estão envolvidos nesse mecanismo de defesa imunológica • O contato da gestante com sangue incompatível por transfusão, ou quando ocorre passagem transplacentária de sangue fetal Rh+ para mãe, leva à resposta imune primária contra o antígeno Rh • A resposta é lenta, levando de 6 semanas até 6 meses para acontecer, talvez pela imunodepressão característica do estado gravídico → resulta na produção de IgM, anticorpo o qual não cruza a barreira placentária e não agride o feto o Em uma subsequente exposição da mãe ao antígeno Rh, uma rápida resposta celular e humoral se deflagra, com produção especificamente de anticorpos anti-Rh do tipo IgG → moléculas pequenas que cruzam a placenta • Alcançada a circulação fetal, os anticorpos ficam adsorvidos à superfície das hemácias portadoras de seu antígeno específico → o sistema reticuloendotelial de macrófagos é ativado e causa hemólise o IG exata q o processo começa é incerta, mas depende do início da competência do SRE do feto, q ocorre em 17-18 sem • O feto procura compensar a destruição de suas hemácias pelo incremento na eritropoiese medular e, mais tardiamente, pelo aparecimento de focos extramedulares de eritropoiese no fígado, baço, rins e placenta o Leva à hepatoesplenomegalia e ao aparecimento de células imaturas, como reticulócitos e eritroblastos, circulando no sangue periférico ▪ Quando o processo atinge intensidade suficiente para a velocidade de hemólise superar a de formação de novas células sanguíneas, instala-se a anemia. • Habilidade do feto em ter uma resposta efetiva à hemólise é outro fator que modula a gravidade • A persistência do processo leva à hepatomegalia crescente, ocasionando alteração na circulação hepática com hipertensão portal → a função do hepatócito é afetada, provocando hipoalbuminemia → pontua o início do aparecimento da ascite o Forma mais grave da doença (hidropisia fetal) → acarreta acidose metabólica, edema tissular, alterações ventilatórias, imaturidade pulmonar, diminuição da complacência da parede torácica e instabilidade da função cardíaca ❖ A pequena capacidade de transporte de oxigênio pelas hemácias imaturas e a destruição das células sanguíneas velhas levam à anoxia anêmica, com comprometimento dos tecidos suscetíveis à carência de oxigenação o Causa anoxia miocárdica e ICC → a alteração na bomba miocárdica aumenta a pressão hidrostática nas câmaras direitas ▪ Em resposta a hipertensão, os miócitosatriais direitos secretam o peptídeo atrial natriurético (potente diurético, inibidor da aldosterona e vasodilatação periférica) → pode, em parte, explicar o aparecimento do polidrâmnio ❖ O outro efeito da hemólise é o aumento na produção da bilirrubina não conjugada, transportada no plasma ligada à albumina • No feto, o complexo Bb-albumina é transportado pela placenta, onde a albumina é dissociada e a Bb não conjugada é metabolizada no organismo materno → por isso não há icterícia intraútero mesmo nos casos graves • Após o parto, o desaparecimento repentino do compartimento materno altera a situação → quando os níveis de Bb não conjugada começam a ser excessivos, pode haver difusão deles pela barreira hematoencefálica e impregnação dos núcleos da base o Leva a encefalopatia bilirrubínica, conhecida por kernicterus ❖ Quadro clinico o 45-50% → anemia discreta com icterícia leve o 25-30% hepatoesplenomegalia, anemia moderada e icterícia precoce o 20-25% → edema, ascite, anasarca e ICC OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 Diagnóstico Anamnese • Os antecedentes obstétricos são de extremo valor, destacando a presença de icterícia ou transfusões no período neonatal, transfusões intrauterinas ou hidropisia fetal o Na presença de história prévia de feto afetado, o comprometimento fetal tende a ser progressivamente mais grave nas gestações seguintes o Também é importante o relato da necessidade de reposição sanguínea pela paciente, devido à possibilidade de transfusões incompatíveis. • O uso de drogas injetáveis tambem é uma forma relativamente frequente de sensibilização materna • Troca de parceiros também é dado relevante → cônjuges Rh compatíveis podem não apresentar história típica de sensibilização Determinação Do Tipo Sanguíneo • Tipagem sanguínea materna → toda gestante deve ser submetida à investigação do tipo sanguíneo Rh. o Em algumas ocasiões o fenótipo (tipagem sanguínea) pode não corresponder à genotipagem • Tipagem sanguínea paterna → nas gestantes com Rh negativo, o risco de sensibilização ocorre quando o pai é Rh+ o A zigotagem do parceiro é opcional, indicado em casos de maior gravidade Pesquisa Dos Anticorpos Antieritrocitários (Teste De COOMBS Indireto) • A pesquisa de anticorpos irregulares por meio do teste de CI deve ser realizada para todas as gestantes. • Em casos em que as questões financeiras interfiram, se recomenda só se realize o teste nas gestantes Rh+ quanto há mau passado obstétrico ou transfusão ou uso de drogas → feito na 1ª visita pré-natal e repetida na 28ª semana de gestação • Sensibilização materna só é caracterizada quando o exame é positivo, existindo anticorpos antieritrocitários na circulação materna o Nesse caso deve ser realizado painel de anticorpos irregulares para definição do(s) antígeno(s) envolvido(s) • Quando for caracterizada a DHPN por CI positivo, essa só terá repercussão clínica importante quando a titulação for > ou = 1:16 → níveis inferiores não oferecem risco de anemia moderada ou severa na maioria dos casos Conduta na pcte não imunizada → caso mantem CI negativo, repetir mensalmente ate a 28ª semana o Caso fique positivo, encaminhar para propedêutica caso > 1:16 Espectrofotometria Do Líquido Amniótico • Visa à quantificação dos pigmentos biliares liberados na diurese fetal, cujos níveis são proporcionais à hemólise. • A passagem da Bb não conjugada (aumentada pela hemólise) para o LA resulta da transudação pelos vasos fetais da superfície placentária e também pelos pulmões e traqueia o Amniocentese para a análise é realizada sob visão direta do ultrassom, evitando-se a punção de partes fetais e placenta, para que não haja contaminação com sangue e se aumente a taxa de falsos-positivos • Atualmente, com o advento da Dopplervelocimetria, esse método está cada vez mais em desuso. o Quando realizamos o rastreamento da anemia fetal pela Dopplervelocimetria da artéria cerebral média, obtemos maiores taxas de hemoglobina e hematócrito nos RN e menor necessidade de transfusão pós-natal Determinação Do Rh Fetal • O sistema Rh possui > 45 antígenos → principais D, C, c, E, e → as proteínas que expressam o antígeno D são chamadas de RHD, e as que se relacionam com os antígenos C, c, E e e são denominadas de RHCcEe ou RHCE • O fenótipo Rh negativo pode ser causado pela deleção parcial/total do RHD → nas populações negras e amarelas, pode ser observado o fenótipo negativo na presença integral do RHD, porém com mutações que causam interrupção na transcrição RHD. o Essas mutações podem definir genes híbridos e pseudogenes RHD (RHDy) → nesses indivíduos, o genótipo é discordante do fenótipo (genótipo é “Rh positivo” e, pela transcrição inadequada, o fenótipo é Rh negativo) • Na gestante Rh negativa não sensibilizada com feto Rh negativo, poderia ser evitada a ministração da imunoglobulina anti-D na 28ª semana → possibilidade de contaminação pelo uso da imunoglobulina anti-D é rara, mas há relatos quanto ao vírus da hepatite o Nesse mesmo grupo de pacientes, seria feito menor número de exames laboratoriais, minimizando gastos e trazendo maior conforto à grávida ▪ Nos casos de feto Rh positivo, seriam tomadas medidas adequadas para a profilaxia antenatal • Na gestante sensibilizada pelo antígeno D, ao saber que o feto é Rh negativo, significa que não terá DHPN • Outro aspecto importante é descaracterizar acompanhamento de “alto risco”, com maior número de exames e consultas, prevenindo a prematuridade e a iatrogenia. OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 Ultrassonografia • É método pouco sensível para predizer os estados anêmicos do concepto, detectando-se apenas nos estados avançados • Seu maior objetivo é rastrear sinais que possam sugerir o início da descompensação fetal a caminho da hidropisia • Achados mais importantes → aumento do volume de líquido amniótico, ascite incipiente (halo anecogênico ao redor da bexiga e vesícula, derrame pericárdico e aumento da hidrocele), aumento da espessura placentária (sinal mais tardio) o E surgimento de áreas de maior ecogenicidade dispersas pelo parênquima (representa a substituição do tecido placentário por tecido hematopoiético extramedular) • A hidropisia fetal (grau máximo de comprometimento do concepto) é caracterizada por pelo menos dois derrames serosos (ascite, derrame pericárdico ou derrame pleural) acompanhados de edema de pele. • As alterações ultrassonográficas no acompanhamento pré-natal são tardias → aumento da espessura e a alteração textural são os aspectos ultrassonográficos mais frequentes Dopplervelocimetria • Nas enfermidades que determinam anemia fetal a avaliação pela Dopplervelocimetria baseia-se no preceito fisiológico do aumento da velocidade média da coluna de sangue advinda do aumento do trabalho cardíaco e diminuição da viscosidade sanguínea • A avaliação do pico de velocidade sistólico na ACM pela Dopplervelocimetria apresenta vantagens no diagnóstico da anemia fetal → método mais eficaz, seguro, não invasivo, de fácil repetição, fornece de imediato o resultado o Anemia é associada a aumento do débito cardíaco, fluxo sanguíneo e velocidade do fluxo na maioria dos vasos fetais o Velocidade máxima da ACM aumenta com a IG em fetos normais e apresenta correlação inversa com níveis de Hct e Hb • ACM fornece resposta rápida à hipoxemia, fácil visibilização no ângulo 0º, menor variabilidade intra e interobservador e técnica difundida entre os ultrassonografistas Profilaxia • É possível prevenir a aloimunização RhD pelo emprego da imunoglobulina anti-D → bloqueia as hemácias fetais Rh+ • Utilização da imunoglobulina anti-D profilaticamente após o parto, com 300 mcg de IgG anti-D entre 72h até 28 dias→ quanto menor o intervalo, maior a eficácia • O risco de sensibilização nas mães que dão à luz a fetos com Rh+ e ABO compatíveis caiu de 16% nas que não recebiam a profilaxia para 1,5% a 2% naquelas tratadas, quando avaliadas até 6 meses após o parto o O percentual de falha da imunoglobulina deve-se provavelmente à ocorrência da sensibilização durante a gravidez, ou pela atuação de anticorpos menos frequentes que não o D, em que não há ação da gamaglobulina • A profilaxia antenatal diminui ainda mais a incidência para 0,007% → dose adicional de 300 mcg de imunoglobulina anti-D na 28ª semana de gestação. OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 ❖ A condição para a aplicação da imunoglobulina anti-D na profilaxia da aloimunização na gestação é que a mulher seja Rh negativa, não possua anticorpos anti-D (teste de CI negativo) e que o marido seja Rh+ ou com tipagem indeterminada • Aplica-se a droga via IM, em dose de 250 a 300 µg o Na 28ª semana o Nas primeiras 72h do parto ou até 28 dias → o ultimo só em caso de omissão ou falta do produto, desde que o RN seja Rh+ ou D fraco, apresente teste de Coombs direto negativo e que o parto ocorra após 3 semanas da primeira dose o Em casos de abortamento, gestação molar ou ectópica, sangramentos genitais e trauma abdominal, biópsia de vilo corial, amniocentese, versão cefálica externa ou feto morto → todas com Rh negativo, CI negativo e parceiro Rh+ ▪ Recebem profilaxia com 250 µg de anti-D IM, preferencialmente nas primeiras 72h após o evento, reaplicados a cada 12 semanas nas que se mantenham grávidas o Em não gestantes com Rh-, não sensibilizadas, transfundidas inadvertidamente com sangue Rh+ → 12 µg de anti-D para cada ml de sangue incompatível → quando se necessita > 5 ampolas, a dose deve ser fracionada a cada 24h ▪ Para transfusões incompatíveis > 900 mL, em homens ou mulheres com prole constituída, nada deve ser feito. ▪ Nas que desejam engravidar deve ser feita exsanguineotransfusão de 1,5 volume, com sangue ABO compatível, Rh negativo → seguida de aplicação de dose de anti-D que neutralize 25% do sangue incompatível transfundido ❖ O termo hemorragia fetomaterna (HFM) excessiva vem sendo empregado para designar eventos nos quais o volume transferido de hemácias fetais para a circulação materna supere a capacidade de neutralização conferida pela dose de anti-D utilizada • A escolha do método de avaliação da HFM depende da dose de anti-D padronizada na profilaxia, que vai dizer a partir de qual volume consideraremos a HFM excessiva e qual prova laboratorial melhor se aplica o O teste mais aplicado para esse fim é o de Kleihauer-Betke, baseado na resistência da hemoglobina fetal à eluição ácida, permitindo que seja corada, visibilizada e avaliada quantitativamente Tratamento – Conduta Obstétrica • Nas gestantes sensibilizadas, com teste de CI >= 1:16, a conduta pode ser invasiva ou não invasiva ❖ Amniocentese → para se estimar a concentração da Bb no LA, se observa a diferença de densidade ótica do liquido no comprimento de onda de 450 nm → observando a curva de Liley (divide os resultados em um gráfico de 3 linhas) o Grau 1 leve (pode repetir em 3 a 4 sem), 2 moderado (repetir em 1-2 sem) e 3 gravíssimo (cordocentese) ❖ Dopplervelocimetria da ACM → deve-se fazer o acompanhamento por esse exame (mais usado) • Pico de Velocidade Sistólica da ACM < 1,5 MoM → repetir em 7 a 15 dias (parto com 38 semanas) • A manutenção da normalidade na Dopplervelocimetria e provas de vitalidade preservadas não influenciarão na conduta obstétrica → podendo-se levar a gestação a termo, já que apresentam baixo risco para anemia moderada ou grave • Diante de fetos imaturos < 34 semanas, com PVS ACM > 1,5, sinais de hidropisia fetal ou ascite, deve ser feita a cordocentese → análise do sangue fetal, submetido à dosagem de Hb e Hct e à tipagem sanguínea o O tratamento intrauterino baseia-se na transfusão intravascular, intraperitoneal ou ambas → infundir o feto com concentrado de hemácias de sangue Rh-negativo → depois monitorar BCF por 2 a 4h ▪ Transfusões subsequentes são programadas considerando-se queda média da Hb de 0,3 a 0,4 g/dL/dia, quando a estimativa da Hb estiver < 10 g/dL. • Porém, nos fetos com velocidades de ACM > 1,5, com idades gestacionais > 34 semanas, o parto deve ser imediato o Quando próximo a 34 semanas, deve-se realizar um ciclo de corticoide para acelerar a maturidade pulmonar, entre outras indicações • Diante de sensibilização grave com passado de perdas de repetição e ocorrência de hidropisia antes da 28ª sem, uma das terapêuticas é a infusão IV materna de altas doses de gamaglobulina (0,4 g/kg por 4 a 5d), repetida a cada 15 a 21 dias o Mantida até a antecipação do parto, ou até a 28ª semana de gestação Tratamento Adjuvante ❖ Prometazina → reduz ligação antígeno-anticorpo e fagocitose pelo SRE fetal → no neonato, aumenta a conjugação da Bb e excreção o Dose de 25 a 30 mg por 3-4X ao dia, iniciando com 14 a 16 semanas de gestação ❖ Plasmaférese → plasma contendo anticorpos é removido e substituído por plasma, albumina e solução salina, reduzindo-se assim os anticorpos maternos e indiretamente os anticorpos fetais o Em alguns casos de aloimunização Rh grave, plasmaférese pode adiar necessidade de transfusões o Deve ser realizado entre 12 e 16 semanas de gestação → níveis de IgG fetais nesse período são 10 a 25% dos níveis maternos → a cada semana, 15 a 20 L de plasma devem ser trocados ❖ O manejo das aloimunizadas para o sistema Kell apresenta algumas particularidades → uma vez que a maioria dos pais são Kell negativo, somente 5% dos RN de gestantes aloimunizadas para esse fator apresentam DHPN. o Nesses casos, a abordagem do status antigênico paterno eliminará a necessidade de testes adicionais na maioria OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Contudo, nos casos em que o feto de uma gestante aloimunizada carrega esse antígeno, é relatada acentuação da anemia fetal em virtude da atuação desse anticorpo em células eritroides progenitoras, levando à redução na eritropoiese o As alterações da espectrofotometria do líquido amniótico não guardam assim boa correlação com seu nível de anemia ❖ Devido à baixa frequência de aloimunização por outros anticorpos do sistema Rh (C, c, E, e) e anticorpos não Rh, faltam na literatura protocolos específicos, recomendando-se que se siga o algoritmo usado na aloimunização Rh o Com exceção da aloimunização RhD, não há estratégias específicas para profilaxia • Podemos sempre adotar medidas gerais que minimizem o risco de troca sanguínea feto-materna no período antenatal, evitando procedimentos invasivos no feto e anexos, bem como manobras de versão externa • No parto, deveríamos procurar realizá-lo via vaginal, não fazer uso excessivo de ocitocina, realizar amniotomia oportuna, evitar a remoção manual da placenta e não manter o clampeamento do cordão umbilical enquanto se aguarda a dequitação LITERATURA: - Tratado de Obstetrícia da FEBRASGO - Obstetrícia – Zugaib (3ª edição)
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