Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 Tutorial 2 Objetivo 1: Rever a morfofisiologia da região cervical (ossos, articulações, músculos e ligamentos). Moore Tortora Clínica médica Características clínicas e diagnóstico de radiculopatia cervical - Jenice Robinson 2020 ANATOMIA - Coluna vertebral e articulações - A coluna vertebral cervical é composta por sete corpos vertebrais. A vértebra C1 (também conhecida como atlas) é um anel circular de osso sem corpo ou processo espinhoso. O atlas conecta a coluna ao osso occipital do crânio superiormente e articula-se com a vértebra C2 (também conhecida como eixo) inferiormente, sem um disco vertebral interveniente. - O corpo da vértebra C2 (também conhecido como eixo) dá origem a uma protrusão (o processo odontoide, ou covil) que se projeta superiormente, em torno do qual o atlas gira. - As outras cinco vértebras cervicais são unidas por articulações zigapofisárias (faceta) localizadas na porção posterior das vértebras. O corpo vertebral também tem uma projeção vertical chamada processo uncinado que faz contato com o disco e o corpo vertebral acima. Os pontos de contato são as articulações não-vertebrais, ou juntas de Luschka, e localizam-se ao longo da superfície lateral dos corpos vertebrais. - As articulações zigapofisárias são verdadeiras articulações sinoviais que ligam os corpos vertebrais adjacentes e fornecem estabilidade direcional à coluna vertebral. O ramo dorsal do nervo espinhal existente inerva a articulação zigapofisária e essas articulações podem ser uma fonte de dor. - Articulações não-vertebrais são anteromediais para as raízes nervosas existentes; eles não são verdadeiras articulações sinoviais. As articulações não-vertebrais são um local frequente de crescimento ósseo. - Os corpos vertebrais são separados por discos intervertebrais, que fornecem suporte e mobilidade. Os discos são compostos de um núcleo pulposo gelatinoso cercado por um anel (a fibrose do anel). O núcleo do disco é de aproximadamente 90% de água e desidrata com a idade, passando por substituição por tecido fibroso. A fibrose do anel é reforçada pelo ligamento longitudinal anterior e o ligamento longitudinal posterior. O ligamento longitudinal posterior não se estende muito lateralmente, aumentando a probabilidade de o núcleo herniar através do anel lateralmente, e não na linha média. - O canal medular é mais largo na parte superior da coluna cervical. Nos níveis de C1 a C3, a dimensão posterior posterior máxima do canal varia de 16 a 30 mm e nos níveis de C4 a C7, de 14 a 23 mm. O canal estreita mais 2 a 3 mm com extensão máxima do pescoço. - A coluna cervical superior é responsável pelos movimentos rotacionais da cabeça. A coluna cervical inferior é responsável pelos movimentos de flexão e extensão da cabeça. A doença espondilótica ocorre mais comumente na coluna cervical inferior e é incomum em níveis cervicais altos. - Forame intervertebral - Os forames intervertebrais, através dos quais os nervos espinhais saem, são delimitados nas margens anteromediais pelos processos uncinados dos corpos vertebrais cervicais inferiores que se estendem superiormente, nas margens superiores pelos pedículos dos corpos vertebrais cervicais superiores, nas margens posteriores por articulações zigapofisárias e inferiormente pelos pedículos dos corpos vertebrais cervicais inferiores. - Raízes nervosas e gânglios da raiz dorsal - As raízes do nervo espinhal dorsal e ventral são formadas a partir de raízes que emergem da medula espinhal. As raízes dorsais fornecem informações sensoriais aferentes e as raízes ventrais contêm fibras eferentes que preservam a função motora. - Sete vértebras cervicais formam a região cervical da coluna vertebral, que encerra a medula espinal e as meninges. Os corpos vertebrais empilhados e posicionados centralmente sustentam a cabeça, e as articulações intervertebrais (IV) – sobretudo as articulações craniovertebrais em sua extremidade superior – proporcionam a flexibilidade necessária para permitir o posicionamento da cabeça. As quatro vértebras cervicais típicas (III a VI) têm as seguintes características: -O corpo vertebral é pequeno e mais longo no sentido laterolateral do que no sentido anteroposterior; a face superior é côncava e a face inferior é convexa -O forame vertebral é grande e triangular 2 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 -Os processos transversos de todas as vértebras cervicais (típicas ou atípicas) incluem forames transversários para os vasos vertebrais (as veias vertebrais e, com exceção de C VII, as artérias vertebrais) -As faces superiores dos processos articulares estão voltadas em sentido superoanterior, e as faces inferiores estão voltadas em sentido inferoposterior Os processos espinhosos são curtos e, em indivíduos de ascendência europeia, bífidos. Existem três vértebras cervicais atípicas (C I, C II e C VII): -A vértebra C I ou atlas: um osso anular e reniforme que não tem processo espinhoso nem corpo e consiste em duas massas laterais unidas por arcos anterior e posterior. Suas faces articulares superiores côncavas recebem os côndilos occipitais -A vértebra C II ou áxis: um dente, semelhante a um pino, projeta-se de seu corpo para cima -A vértebra proeminente (C VII): assim denominada por causa do processo espinhoso longo, que não é bífido. Os processos transversos são grandes, mas os forames transversários são pequenos. - Os corpos das vértebras cervicais (C I a C VII) são menores que os das outras vértebras, exceto aquelas que formam o cóccix. Seus arcos vertebrais, no entanto, são maiores. Todas as vértebras cervicais apresentam três forames: um forame vertebral e dois forames transversos. - Os forames vertebrais das vértebras cervicais são os mais largos da coluna espinal porque alojam a intumescência cervical da medula espinal. Cada processo transverso cervical contém um forame transversário, através do qual passam a artéria vertebral e sua veia acompanhante, além de fibras nervosas. - Os processos espinhosos de C II a C VI são muitas vezes bífidos – isto é, se ramificam em duas projeções pequenas nas extremidades. - As duas primeiras vértebras cervicais são consideravelmente diferentes das outras. O atlas (C I), uma referência à figura mitológica de Atlas, que sustentava o mundo nos ombros, é a primeira vértebra cervical abaixo do crânio. O atlas é um anel ósseo com arco anterior e arco posterior e grandes massas laterais. Não apresenta corpo nem processo espinhoso. - As superfícies superiores das massas laterais, chamadas faces articulares superiores, são côncavas e se articulam com os côndilos occipitais do occipital para formar o par de articulações atlantoccipitais. Essas articulações possibilitam o movimento de anuência. As superfícies inferiores das massas laterais, as faces articulares inferiores, se articulam com a segunda vértebra cervical. Os processos transversos e os forames transversos do atlas são bastante grandes. - A segunda vértebra cervical (C II), o áxis, apresenta corpo vertebral. Um processo chamado dente ou processo odontoide se projeta superiormente pela porção anterior do forame vertebral do atlas. O dente serve de eixo em torno do qual a cabeça faz rotação. Esse arranjo possibilita o movimento lateral da cabeça, como quando se quer fazer o sinal de “não”. A articulação formada entre o arco anterior do atlas e o dente do áxis, e entre suas faces articulares, é chamada de articulação atlantoaxial. Em algumas situações de trauma, o dente do áxis pode ser projetado contra o bulbo, sendo esse tipo de lesão a causa usual de morte das lesões por mecanismo de chicote (lesão por flexão extensão súbitas). - A terceira, a quarta, a quinta e a sexta vértebras cervicais (C III a C VI), correspondemao padrão estrutural de uma vértebra cervical típica previamente descrita. A sétima vértebra cervical (C VII), chamada de vértebra proeminente, é um tanto diferente, revelando um processo espinhoso grande e não bífido que pode ser percebido e palpado na base do pescoço, mas, sob outros aspectos, é típica. ANATOMIA DA REGIÃO CERVICAL - A coluna cervical exerce funções de sustentação, proteção e movimentação. É constituída por sete vértebras, cinco discos intervertebrais e um amplo conjunto de ligamentos. Pode ser dividida em duas unidades funcionais: a rostral (unidade occipito-atlanto-axial) e a caudal, (C3-C4-C5-C6- C7). - Os segmento rostral é fundamental para movimentação cervical tanto de flexão e extensão (C1-occipital) como de rotação (C1-C2). As unidades funcionais caudais possibilitam flexão, extensão e movimentação lateral da coluna e são constituídas por vértebras com anatomia mais homogênea processo espinhoso bífido e algumas com forame transversário por onde cursa a artéria vertebral. - Na coluna cervical, destacam-se o ligamento longitudinal anterior, que se adere à porção anterior dos corpos vertebrais e previne lesões por hiperextensão, o ligamento longitudinal posterior, que se adere na face posterior dos corpos vertebrais e nos ânulos fibrosos, o ligamento amarelo, que apresenta propriedades elásticas e localiza-se sob as lâminas vértebrais, os ligamentos interespinhosos e intertransversos, as articulações zigoapofisárias e os discos intervertebrais, compostos de núcleo pulposo e ânulo fibroso. - A medula cervical é fixa à dura-matér pelos ligamentos denteados e apresenta diâmetro máximo que ocupa cerca de 3/5 do canal raquidiano; o diâmetro médio transversal apresenta 13 mm e, o ântero-posterior, 9 mm2. - Vários músculos atuam durante a movimentação cervical e alguns relacionam-se com os movimentos respiratórios. O músculo trapézio origina-se na linha nucal superior e apófises espinhosas das vértebras cervicais e torácicas e insere-se na clavícula, espinha da escápula e acrômio; pode 3 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 ser dividido em uma porção rostral, uma média e outra caudal. A porção rostral eleva a clavícula, e conseqüentemente, a escápula e a desloca para trás, enquanto a porção média, aduz a escápula e, a porção caudal estabiliza a escápula enquanto a porção rostral está agindo. - O músculo esternocleidomastóideo é composto por duas porções, uma esternal e outra clavicular. A primeira origina- se no esterno e, a segunda, na clavícula. Ambas inserem-se na mastóide. Este músculo causa rotação contralateral do pescoço e elevação contralateral do segmento cefálico. -O músculo esplênio da cabeça origina-se nos processos espinhosos de C3 a T3 e insere-se na linha nucal superior e na mastóide. O esplênio do pescoço origina-se nos processos espinhosos T3 ou T4 à T6 e insere-se nos processos espinhosos das primeiras vértebras cervicais. - O músculo elevador da escápula origina-se nos processos transversos das primeiras quatro vértebras cervicais e insere-se no ângulo rostral da escápula. Eleva a escápula e, quando esta está fixa, inclina o pescoço lateralmente. - Os músculos supraespinhais da cabeça e do pescoço, o longuíssimo da cabeça e o multífido originam-se, inserem-se e localizam-se mais profunda- mente que os descritos anteriormente. Têm como função principal auxiliar a extensão cervical. - Os músculos retos posteriores e oblíquos profundos localizam-se na região da primeira e segunda vértebras cervicais. O músculo escaleno anterior, médio e posterior têm como funções a estabilização da primeira e segunda costelas durante a respiração e estabilização do pescoço, durante a rotação. Apresenta íntima relação anatômica com o plexo braquial, que cursa entre o escaleno anterior e médio. - O escaleno anterior origina-se no processo transverso de C3 e 4 e insere-se na primeira costela. O escaleno médio origina- se nos processos transversos das últimas seis vértebras cervicais e insere-se na primeira costela. - O escaleno posterior origina-se nos processos transversos das três últimas vértebras cervicais e insere-se na segunda costela. Os músculos do pescoço podem ser divididos em flexores e extensores da cabeça e do pescoço. Os flexores da cabeça são o reto curto anterior e lateral e o músculo longo da cabeça. - Os extensores da cabeça são o reto posterior maior e menor, o oblíquo superior e inferior, o longuíssimo da cabeça, o esplênio da cabeça e o semiespinal da cabeça. Os flexores da coluna cervical são o escaleno anterior, médio e posterior e, os extensores, são o esplênio cervical, o semiespinhoso cervical e o longuíssimo cervical. - Estes três, em conjunto com o esternocleidomastóideo, são responsáveis pela rotação ipsilateral do pescoço. Os músculos infraespinhoso, o elevador da escápula, o trapézio e o multífido participam também da movimentação cervical e do ombro. Objetivo 2: Compreender a fisiopatologia e o quadro clínico da cervicalgia (correlacionar com má postura e aparelhos eletrônicos). Clínica médica Neurologia Clínica – Harrison Cervicalgia e Lombalgia - Lissiane Karine Noronha Guedes 2009 Cervicalgias - Manoel Jacobsen Teixeira CERVICALGIAS INTRODUÇÃO - A dor no pescoço, que geralmente se origina de doenças da coluna cervical e dos tecidos moles do pescoço, é comum. A dor cervical que se origina da coluna cervical é precipitada por movimentos, podendo ser acompanhada de dor focal à palpação local e limitação dos movimentos. - A dor que se origina no plexo braquial, no ombro ou em nervos periféricos pode ser confundida com uma doença da coluna cervical, porém a história clínica e o exame físico geralmente identificam uma origem mais distal para a dor. - Traumatismo da coluna cervical, doença discal ou espondilose com estreitamento de forame intervertebral podem ser assintomáticos ou dolorosos e ocasionar mielopatia, radiculopatia ou ambas. Acredita-se que os mesmos fatores de risco para uma causa séria de lombalgia se apliquem à dor no pescoço, além de também poderem ocorrer sinais neurológicos de mielopatia (incontinência, nível sensorial, pernas espásticas). - A cervicalgia é uma das queixas mais frequentes no dia-a- dia da prática clínica. Ela tem sido observada em cerca de 25% dos indivíduos na faixa etária de 25 a 29 anos e em até 50% da população com mais de 45 anos de idade. Estudos epidemiológicos revelaram uma prevalência, no decorrer de toda a vida, superior a 70%. - A cervicalgia e a cervicobraquialgia são sintomas que traduzem, na maioria das vezes, um processo degenerativo ou um distúrbio funcional das estruturas ligamentares, musculares, discais e ósteo-cartilaginosas da região cervical. - Habitualmente destituída de qualquer complicação neurológica grave ou mesmo de uma evolução inquietante, essas cervicalgias comuns respondem de modo favorável a um tratamento simples adaptado à importância da alteração funcional e suas conseqüências psicológicas. Às vezes, porém, a cervicalgia ou a cervicobraquialgia constituem o sintoma revelador de uma doença local, regional ou sistêmica grave. ETIOPATOGENIA - É extremamente difícil, na prática clínica, estabelecer com exatidão qual a estrutura anatômica responsável pela cervicalgia crônica comum. Na teoria, a irritação do disco 4 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 intervertebral, as articulações facetárias, as articulações uncovertebrais, os ligamentos e os enteses podem causar dor. Ao contrário, a simples compressão da raiz nervosa não é suficiente para causar dor. - É preciso que, além da compressão, haja inflamação para o desenvolvimento de dor radicular. Além do que já foi dito, é preciso ressaltar também o papel dos músculos cervicais na gênese da dor desta região.- As cervicalgias estão com frequência associadas à sensibilidade focal e “pontos-gatilho” na musculatura do pescoço. Finalmente, as artérias vertebrais carregam consigo fibras simpáticas que podem estar envolvidas nas alterações simpático-reflexas da síndrome de Barré-Lieou. - As cervicalgias agudas podem ocorrer como um sintoma de patologias subjacentes inflamatórias, infecciosas ou mesmo tumorais. Estas cervicalgias sintomáticas são menos frequentes, porém seu diagnóstico precoce é de extrema importância no prognóstico desses doentes devido à gravidade do acometimento cervical. Na artrite reumatóide, o comprometimento cervical pode até ser fatal. - Mais frequentemente, as cervicalgias ocorrem em razão de distúrbios mecânicos e musculoesqueléticos inespecíficos. Tratam-se de situações clínicas benignas, na grande maioria das vezes com evolução para a cura em alguns dias ou semanas. Há também várias causas de dor cervical referida, muitas das quais são patologias graves. - Por outro lado, os fatores relacionados com uma evolução para cronicidade das cervicalgias são pouco conhecidos. Trauma e fatores ocupacionais estão envolvidos na maioria dos casos. Neste mesmo sentido, fatores posturais, principalmente hiperflexão prolongada da coluna cervical, também podem desencadear cervicalgia em conseqüência do estiramento das articulações zigoapofisárias posteriores. - A prevalência de processos degenerativos da coluna cervical envolvendo discos (espondilose), articulações facetárias e unciformes (osteoartrose) aumenta com a idade, chegando a ser um achado quase que universal na população acima dos 65 anos de idade. - Com o processo de envelhecimento normal, o disco intervertebral cervical desidrata-se e sofre um processo de fragmentação e fissuração posterior. Traumas repetidos podem contribuir para o desenvolvimento deste processo, bem como o desenvolvimento de osteoartrose prematura das articulações zigoapofisárias e unciformes. - Também há lesões das raízes nervosas cervicais que podem provocar tanto quadros de cervicobraquialgias como dor apenas nos membros superiores, sem dor no pescoço. - A principal causa das neuralgias cervicobraquiais são alterações degenerativas progressivas com a idade, que comprometem o disco, as vértebras, os processos uncinados e as facetas. Conforme já descrito, ao nos referirmos à anatomia da região cervical, o prolapso do disco isoladamente não é uma causa frequente de radiculalgia cervical, pois a este nível as raízes se localizam na parte inferior do forame, abaixo do nível do disco. - Mais tipicamente, esta região é comprimida por hipertrofia e/ou osteófitos das articulações zigoapofisárias. Por outro lado, muito embora as alterações degenerativas das articulações uncovertebrais sejam freqüentes, as manifestações clínicas relacionadas ao acometimento dela são muito raras. - É importante lembrar que as raízes nervosas anteriores (motoras) estão relativamente protegidas pelos processos unciformes e são menos suscetíveis à compressão do que as 5 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 raízes posteriores (sensitivas) que são adjacentes às articulações zigoapofisárias. EPIDEMIOLOGIA - A cervicalgia é um problema relativamente comum na prática clínica. Estima-se que sua prevalência na população varie entre 10 e 15%5. É uma condição mais frequente em mulheres e aumenta com a idade. - A menor prevalência de dor cervical relatada em populações asiáticas sugere uma variação cultural. Nas populações da Europa e América do Norte, aproximadamente um terço dos adultos cursarão com cervicalgia ao longo de um ano de seguimento e por volta de 5 a 10% dos adultos apresentarão problemas cervicais com algum grau de limitação funcional. - Os principais fatores identificados na população geral relacionados aos episódios de cervicalgia foram precárias condições de saúde pública, fatores psicológicos e uma queixa prévia de dor cervical. A história de trauma cervical parece ser um fator de risco isolado para o desenvolvimento de cervicalgia crônica. A intensidade da dor e episódios prévios de cervicalgia parecem estar associados com um pior prognóstico e evolução para cronicidade. - Embora a cervicalgia esteja associada a uma série de fatores de risco físico e psicossociais, bem como a atividades ocupacionais e fatores posturais, esses dados não se encontram claramente demonstrados; sobretudo em função da precária qualidade metodológica e do número limitado de estudos QUADRO CLÍNICO - O paciente com cervicalgia costuma adquirir uma atitude de defesa e rigidez dos movimentos, ocorre também uma alteração na mobilidade do pescoço e a dor durante a palpação da musculatura do pescoço podendo também abranger a região do ombro e nos casos mais graves ou prolongados irradiando para todo o membro superior. - Em relação à dor, o paciente pode se queixar desde uma dor leve local e uma sensação de cansaço, até uma dor mais forte e limitante. O braço, além de doer, pode apresentar alterações de sensibilidade e força muscular, são as chamadas “alterações neurológicas”. - O paciente refere adormecimento de alguma área ou de todo o membro, podendo ser contínua ou desencadeada por algum fator. A fraqueza muscular acontece em casos mais graves ou prolongados, sendo geralmente progressiva. Podem existir também alterações nos reflexos encontrados em algumas inserções musculares no punho, cotovelo e ombro nos casos mais graves. Confira os principais sintomas identificados: 1. Espasmos musculares nas regiões cervical e supraescapulares. 2. Diminuição da amplitude de movimento de rotação, lateralização e flexo-extensão da coluna cervical. 3. Dor que começa na nuca e se irradia para região supraescapular, interescapular e couro cabeludo. 4. Sensação de peso nos ombros e parte alta das costas. Às vezes, acompanhada de ardência. 5. Formigamento para ombros e braços. 6. Cefaleia. 7. Ao realizar rotação, o paciente relata que sente como se existisse areia entre as vértebras (crepitação). 8. Fraqueza no ombro e braço, relatando dificuldade de segurar um copo com água ou livro. - A maioria das cervicalgias é aguda e autolimitada, podendo ser atribuída a problemas mecânicos. Uma parcela dos pacientes, porém, evolui com cervicalgia crônica. A cervicalgia crônica também costuma ser causada por problemas mecânicos, porém é a obrigação do clínico excluir outras patologias mais graves e potencialmente tratáveis. Uma história cuidadosa e um exame físico meticuloso permitem, na maioria das vezes, estabelecer a origem musculoesquelética da cervicalgia. - A dor sentida na região cervical se origina no estímulo de qualquer das estruturas inervadas pelos nervos espinais cervicais. Isso inclui fontes locais nas estruturas intrínsecas da coluna cervical, bem como fontes distantes que produzem uma dor referida na região do pescoço pela estimulação de nervos cuja origem está na região cervical. 6 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 - As dores cervicais e lombares apresentam múltiplas causas já bem definidas. Porém, a real causa da dor não é diagnosticada em um grande número de pacientes, mesmo após vasta investigação clínica/laboratorial e por imagens. Por exemplo, nas lombalgias, apenas 25 a 30% dos pacientes recebe um diagnóstico anatomopatológico provável. A grande maioria constitui, ainda, as chamadas cervicalgias/lombalgias comuns, idiopáticas ou inespecíficas. - Para fins didáticos, podemos classificar as causas de dor em primárias e secundárias. Primárias se fatores locais envolvendo a estrutura da coluna levam à dor, e secundárias se fatoresà distância ou não próprios da coluna são os responsáveis pela dor. Podemos ainda dividir as causas em: mecânico-degenerativas (primárias), não mecânicas, psicogênicas, psicossomáticas ou referidas (secundárias). - A cervicalgia pode causar incapacidade e alto custo para o sistema de saúde, contudo pouco se sabe sobre a história natural e a sua evolução. Além da dor, podem haver queixas de limitação da amplitude de movimentos articulares e rigidez local, desencadeadas ou agravadas por movimentos cervicais bruscos ou posturas sustentadas do segmento cervical. Causas Mecânico-degenerativas - São relacionadas a alterações da biomecânica na unidade funcional espinhal (UFE), que é a menor unidade de movimento vertebral, constituída por 1 par de vértebras adjacentes, duas articulações sinoviais (zigoapofisárias ou facetárias) e o complexo disco-ligamentar-muscular. 1. Alterações discais - São causas comuns de disfunção mecânica da UFE (85% das causas mecânicas de lombalgia), pois o disco tem a importante função de absorver os impactos e as pressões sofridas pela coluna. Com o seu mau funcionamento, as pressões recebidas se deslocam para outros pontos e estruturas não habilitadas, gerando, assim, lesões permanentes, inflamação e dor. - As alterações discais mais comumente encontradas são discopatias e abaulamentos ou herniações. As discopatias englobam a desidratação discal, as fissuras e as rupturas discais. A desidratação discal é causada pelas alterações dos níveis de proteoglicanos e diminuição de água no núcleo pulposo. As fissuras são lacerações concêntricas do ânulo fibroso, e as rupturas, lacerações radiais. Os abaulamentos e herniações são alterações do contorno discal. Se globais, são chamadas de abaulamentos; se focais, de hérnias. 2. Lombalgia/cervicalgia idiopática - É hoje também denominada de lombalgia/cervicalgia comum, inespecífica ou distensão muscular: tem caráter mecânico, porém sem alterações precisas nos exames de imagem que lhes confira um alvo de alteração anatomopatológica na UFE. Algumas vezes, encontramos, ao exame físico, apenas pontos miofasciais na musculatura (triggers points) ou contraturas. Acredita-se que é uma forma anatomoclínica inicial da causas de natureza mecanicodegenerativas. Causas Não mecânicas - Entre elas, podemos citar os processos inflamatórios, infecciosos, neoplásicos e metabólicos da coluna. 1. Doenças inflamatórias - As espondiloartropatias são caracteristicamente um tipo de doença autoimune inflamatória que afeta o esqueleto axial nas ênteses (pontos de inserção de ligamentos e tendões ao esqueleto) e que também podem afetar as articulações sacroilíacas, assim como as grandes articulações dos membros inferiores. - A artrite reumatoide, que também é uma doença autoimune sistêmica, pode acometer a coluna cervical no segmento C1-C2, em 34 a 42% dos casos, determinando subluxação atlantoaxial. 2. Processos infecciosos - Normalmente tem origem no disco intervertebral e são chamados de espondilodiscites, porém podem se estender para as vértebras e tecidos adjacentes com gravidade. Os microrganismos podem atingir a coluna vertebral por via hematogênica, linfática ou por contiguidade (inoculação direta). 3. Tumores - São mais comumente metástases nos corpos vertebrais de carcinomas de pulmão, mama, próstata, rins, tireoide e cólon. O mieloma e a leucemia também podem envolver as vértebras, e todos normalmente levam a sintomas por compressão neurológica ou por fraturas patológicas. Os tumores primários benignos mais comuns da coluna são hemangiomas, cistos ósseos aneurismáticos, osteoma osteoide, osteoblastoma e osteocondroma. Os malignos são osteossarcoma, condrossarcoma, sarcoma de Ewing, linfoma, plasmicitoma e cordoma. 4. Doenças metabólicas ou repercussão de outras doenças sistêmicas - Entre as causas não mecânicas, há uma série de outras doenças sistêmicas que podem levar à dor na coluna. P. ex.: doenças osteometabólicas (osteoporose e hiperparatiroidismo) que normalmente são dolorosas por acometerem estruturas intra ou extrarraquidianas adjacentes, ou por levarem a fraturas. CERVICALGIA CRÔNICA COMUM - Na imensa maioria dos casos, ocorre pós-trauma (síndrome do chicote) ou evolução de cervicalgias mecânicas comuns, em geral associadas aos processos degenerativos discais e articulares ao nível cervical. A cervicalgia postural do adulto jovem é observada principalmente nas mulheres com 7 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 profissões que exigem longos períodos de flexão da cabeça, como secretárias ou costureiras. - A dor ocupa toda a região cervical, irradiando, em geral, pela região dos trapézios até a região dorsal. A mobilidade do pescoço é normal, mas a palpação das massas musculares é dolorosa. Fatores psicológicos e fibromialgia costumam exercer um papel importante nesses casos de cervicalgia. O exame radiológico é inespecífico. - Por outro lado, no paciente idoso, a cervicalgia se apresenta habitualmente com dores mais localizadas na parte baixa do pescoço. As contraturas musculares são menos intensas e menos difusas, mas os movimentos são dolorosos e limitados. A radiografia mostra quase sempre uma artrose importante. CERVICALGIAS AGUDAS - Com frequência, são cervicalgias mecânicas comuns. Raramente constituem o sintoma revelador de uma patologia subjacente. TORCICOLO - Caracteriza-se por uma dor cervical de intensidade variada associada à atitude viciosa do pescoço. A maioria dos torcicolos entra no quadro das cervicalgias comuns. - Tem início abrupto, geralmente durante a noite, com uma dor intensa que impede qualquer movimento. A cura ocorre de maneira espontânea em alguns dias, mas a recidiva é possível. Um torcicolo febril ou que resiste ao tratamento habitual não é um torcicolo banal e deve ser melhor investigado. NEURALGIA DE ARNOLD - Ligada ao sofrimento do ramo posterior do segundo nervo cervical que leva à dor localizada na região homolateral do crânio entre o occipito e o vértix. Às vezes se acompanha de cervicalgia posterior alta, com limitação dolorosa da rotação. FORMAS ETIOLÓGICAS - A descrição detalhada do envolvimento cervical em inúmeras patologias de origem inflamatória, tumoral ouinfecciosa foge ao espectro desta revisão. Algumas patologias, porém, merecem considerações especiais. - Pela sua frequência e pela gravidade do acometimento cervical, a artrite reumatóide deve sempre ser lembrada. Tanto a artrite reumatóide do adulto quanto a artrite reumatóide juvenil podem acometer a coluna cervical. O envolvimento da coluna cervical alta pode levar à subluxação atlantoaxial, porém apenas a minoria dos pacien tes evolui com sinais clínicos de compressão medular. Ainda assim, a gravidade desta complicação exige muito rigor no acompanhamento clínico destes doentes. - A espondilite anquilosante caracteriza-se por um processo de entesopatia inflamatória com calcificação ligamentar levando à anquilose óssea, apesar dos espaços discais se manterem preservados. Esta anquilose óssea dos ligamentos interdiscais leva a importante rigidez da coluna cervical, que fica mais vulnerável a fraturas e lesão medular. - A síndrome de Grisel é observada em crianças após infecção da rinofaringe, e caracteriza-se por um torcicolo de início brutal associado à luxação atlantoaxial. A evolução é favorável com tração ou imobilização e antibioticoterapia. CERVICOBRAQUIALGIAS - O quadro clínico das cervicobraquialgias é quase sempre unilateral. A dor parte da região cervical baixa e irradiase para o membro superior com topografia radicular freqüentemente associada a parestesias de um ou mais dedos. A evolução é favorável com remissãodos sintomas em 1 a 3 meses, porém parestesias no território afetado persistem por período maior e as recidivas são frequentes. - A dor da neuralgia cervicobraquial segue o dermátomo apropriado e é sentida no braço com característica de “descarga elétrica”, às vezes acompanhada de alterações neurológicas motoras ou sensoriais. A imensa maioria ocorre nos níveis C6, C7 e C8. - Porém, devido à considerável sobreposição de dermátomos do braço e à complexa representação central do membro supe rior, a dor de uma radiculalgia pode ser bem mais difusa do que sugerido pelos diagramas dermatoméricos clássicos. ARTROSE CERVICAL - A artrose cervical é um achado radiológico extremamente freqüente, porém difícil de relacionar com a presença clínica de dor. Nas cervicalgias crônicas, outros fatores, como contratura muscular do pescoço e da cintura escapular, participam também na gênese da dor. No entanto, artrose pode ser responsável por várias manifestações neurológicas: Uma raiz nervosa pode ser comprimida por um osteófito com crescimento póstero-lateral. Na verdade, nódulos disco-osteofíticos são a principal causa de cervicobraquialgias. A coluna cervical abriga as artérias vertebrais através dos forames situados nos processos transversos das vértebras cervicais. A artéria vertebral e o plexo simpático podem ser deslocados lateral e posteriormente por processos degenerativos articulares ou discais. Com o movimento de rotação da cabeça, pode haver compressão da artéria levando à diminuição do fluxo sangüíneo para os tecidos cerebrais. Em conseqüência, podem ocorrer vertigens, nistagmo, fraqueza, disartria e síncope. Porém, tais manifestações ocorrem principalmente em pacientes com aterosclerose. A síndrome de Barré-Lieou consiste em várias manifestações clínicas resultantes de disfunções autonômicas e neurovasculares. Os pacientes podem apresentar tontura, ataxia, nistagmo, midríase e 8 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 sudorese. Não está clara a relação dessa síndrome com manifestações neuró ticas ou depressivas em pacientes portadores de cefaléia crônica e artrose cervical. Por fim, um osteófito posterior pode comprimir a medula. As complicações medulares são excepcionais, manifestando-se clinicamente por uma síndrome lesional periférica dos membros superiores e uma síndrome piramidal dos membros inferiores. TRAUMATISMO DA COLUNA CERVICAL - O traumatismo da coluna cervical (fraturas, subluxação) submete a medula espinal ao risco de compressão. Acidentes com veículos motorizados, crimes violentos ou quedas são responsáveis por 87% das lesões da medula espinal cervical. - A imobilização imediata do pescoço é essencial para minorar qualquer lesão adicional da medula espinal em consequência do movimento de segmentos instáveis da coluna cervical. A decisão de obter imagens deve basear-se na natureza da lesão. Os critérios NEXUS de baixo risco estabelecidos que normalmente alertam pacientes sem sensibilidade à palpação na linha média, intoxicação, déficits neurológicos e lesões dolorosas por distração têm uma probabilidade muito baixa de lesão traumática significativa da coluna cervical. - A regra da coluna Canadian C recomenda que a imagem seja obtida após o traumatismo da região do pescoço se o paciente tiver mais de 65 anos de idade, parestesia de membro ou um mecanismo perigoso para a lesão (p. ex., colisão de bicicleta com árvore ou carro estacionado, queda de altura > 1 m ou cinco degraus, acidente de mergulho). Um exame de TC é o procedimento diagnóstico de escolha para a detecção de fraturas agudas. Quando se suspeita de lesão traumática das artérias vertebrais ou da medula espinal cervical, a visualização por RM com angiorressonância é preferida. - A lesão em chicotada decorre de flexão e extensão rápidas do pescoço, geralmente em acidentes automobilísticos, e causa entorse lesão musculoligamentar, diagnóstico que não deve ser aplicado a pacientes com fraturas, herniação de disco, traumatismo craniano, achados neurológicos focais ou alteração da consciência. - Até 50% das pessoas que relatam lesão em chicotada aguda têm dor per- sistente no pescoço até um ano mais tarde. A realização de exames de imagem da coluna cervical não é custo-efetiva, mas útil para detectar hérnias de disco quando os sintomas persistem por mais de seis semanas após a lesão. Os sintomas graves iniciais têm sido associados a desfecho precário a longo prazo. DOENÇA DISCAL CERVICAL - A herniação de um disco cervical inferior é uma causa comum de dor ou formigamento no pescoço, no ombro, no braço e na mão. Dor no pescoço, rigidez e limitação da amplitude dos movimentos pela dor são as manifestações habituais. Uma hérnia de disco cervical é responsável por aproximadamente 25% das radiculopatias cervicais. - A extensão e a rotação lateral do pescoço estreitam o forame intervertebral ipsilateral e podem reproduzir os sintomas radiculares (sinal de Spurling). Em pessoas jovens, a compressão aguda de raízes nervosas por um disco cervical roto frequentemente decorre de traumatismo. Em geral, as hérnias discais cervicais são posterolaterais, próximo ao recesso lateral. As raízes nervosas cervicais mais comumente acometidas são C7 e C6. ESPONDILOSE CERVICAL - A osteoartrite da coluna cervical pode provocar dor no pescoço que se irradia para a nuca, os ombros ou os braços, ou pode ser a origem de cefaleias na região occipital posterior (suprida pelas raízes nervosas C2-C4). Osteófitos, protrusões discais ou hipertrofia das articulações facetárias ou uncovertebrais podem comprimir uma ou várias raízes nervosas nos forames intervertebrais; essa compressão é responsável por 75% das radiculopatias cervicais. As raízes mais comumente acometidas são C7 e C6. - O estreitamento do canal vertebral por osteófitos, a ossificação do ligamento longitudinal posterior (OLLP) ou um grande disco central podem comprimir a medula espinal cervical. Pode haver combinações de radiculopatia e mielopatia. Quando a compressão da medula é acompanhada de pouca ou nenhuma dor no pescoço, o diagnóstico pode ser confundido com esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla tumores da medula espinal ou siringomielia. - A possibilidade de espondilose cervical deve ser considerada mesmo quando o paciente apresenta apenas sinais ou sintomas nas pernas. A RM é o estudo de escolha para definir as anormalidades anatômicas, mas a TC simples é adequada para avaliar esporões ósseos, estreitamento do forame, estenose do recessão lateral ou OLLP. A EMG e os estudos da condução nervosa podem localizar e estimar a intensidade da lesão de raiz nervosa. OUTRAS CAUSAS DA DOR NO PESCOÇO - A artrite reumatoide (AR) das articulações apofisárias cervicais provoca dor, rigidez e limitação dos movimentos do pescoço. Na AR avançada, a sinovite da articulação atlantoaxial (C1-C2) pode lesar o ligamento transverso do atlas, ocasionando um deslocamento anterior do atlas sobre o áxis (subluxação atlantoaxial). - São observadas evidências radiológicas de subluxação atlantoaxial em 30% dos pacientes com AR. Como seria esperado, o grau de subluxação correlaciona-se com a gravidade da doença erosiva. Na presença de subluxação, a avaliação cuidadosa é importante para identificar os primeiros sinais de mielopatia. 9 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 - Alguns pacientes desenvolvem compressão da medula espinal superior, resultando em tetraparesia, insuficiência respiratória e morte. Deve se considerar a possibilidade de cirurgiaquando há mielopatia ou instabilidade da coluna. A RM é a modalidade de imagem preferida. - A espondilite anquilosante pode causar dor cervical e, menos comumente, subluxação atlantoaxial; a cirurgia pode ser necessária para evitar compressão da medula espinal. O herpes-zóster agudo apresenta-se como dor cervical ou occipital posterior aguda antes do aparecimento de vesículas. - Neoplasias metastáticas para a coluna cervical, infecções (osteomielite e abscesso extradural) e doenças ósseas metabólicas também podem causar dor cervical. A dor no pescoço igualmente pode ser referida a partir do coração na doença arterial coronariana (DAC) isquêmica (síndrome de angina cervical). RELAÇÃO COM A MÁ POSTURA Correlação entre postura da cabeça, intensidade da dor e índice de incapacidade cervical em mulheres com queixa de dor cervical – 2011 Juliana Corrêa Soares - O fator de risco número um para a cervicalgia é a má postura. “As pessoas que trabalham em computadores ou usam demais o celular, principalmente se ficam com a cabeça abaixada durante um período prolongado, podem sentir dor e desenvolver um quadro de cervicalgia. Outro fator de risco importante é o estresse, pois a tensão acaba se concentrando na região dos ombros e pescoço. - Nas observações clínicas, as alterações posturais da cabeça estão muitas vezes associadas à ocorrência ou persistência de dor cervical. - A postura anteriorizada da cabeça pode ser considerada a alteração mais frequente associada à queixa desse tipo de dor devido à sobrecarga dos músculos cervicais posteriores na tentativa de manter o equilíbrio da cabeça sobre a coluna. - A anteriorização, comumente definida como a protrusão da cabeça no plano sagital, pode ocorrer por uma translação anterior da cabeça, uma flexão da coluna cervical inferior ou ambas. Podem estar associadas à hiperextensão da coluna cervical superior e, às vezes, resultar em alterações funcionais e dor. - O uso de computadores e a sobrecarga de trabalho estão associados ao aumento de sintomas cervicais3 (B). Nos Estados Unidos, cerca de 92,2 milhões de pessoas utilizam o computador, e dessas, cerca de 63,9 milhões usam o computador para trabalhar. - Uma cabeça relativamente anterior em relação aos ombros pode sobrecarregar nas estruturas posteriores da cervical. Com o indivíduo de perfil, uma postura ideal seria que suas orelhas estivessem alinhadas com seus ombros. Assim, a cabeça estaria com 1/3 posterior em relação à linha dos ombros e 2/3 à frente. - Quando estamos sentados diante de um computador ou de um livro e colocamos nossa cabeça à frente, 100% do peso da nossa cabeça está na frente da linha dos ombros, gerando sobrecarga nos músculos, ligamentos, articulações e discos na região posterior da cervical.
Compartilhar