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Morfofisiologia coluna cervical e Cervicalgias

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1 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
Tutorial 2
Objetivo 1: Rever a morfofisiologia da região cervical 
(ossos, articulações, músculos e ligamentos). 
Moore 
Tortora 
Clínica médica 
Características clínicas e diagnóstico de radiculopatia cervical - 
Jenice Robinson 2020 
 
ANATOMIA 
 
- Coluna vertebral e articulações - A coluna vertebral cervical 
é composta por sete corpos vertebrais. A vértebra C1 
(também conhecida como atlas) é um anel circular de osso 
sem corpo ou processo espinhoso. O atlas conecta a coluna 
ao osso occipital do crânio superiormente e articula-se com 
a vértebra C2 (também conhecida como eixo) inferiormente, 
sem um disco vertebral interveniente. 
- O corpo da vértebra C2 (também conhecido como eixo) dá 
origem a uma protrusão (o processo odontoide, ou covil) que 
se projeta superiormente, em torno do qual o atlas gira. 
- As outras cinco vértebras cervicais são unidas por 
articulações zigapofisárias (faceta) localizadas na porção 
posterior das vértebras. O corpo vertebral também tem uma 
projeção vertical chamada processo uncinado que faz 
contato com o disco e o corpo vertebral acima. Os pontos de 
contato são as articulações não-vertebrais, ou juntas de 
Luschka, e localizam-se ao longo da superfície lateral dos 
corpos vertebrais. 
- As articulações zigapofisárias são verdadeiras articulações 
sinoviais que ligam os corpos vertebrais adjacentes e 
fornecem estabilidade direcional à coluna vertebral. O ramo 
dorsal do nervo espinhal existente inerva a articulação 
zigapofisária e essas articulações podem ser uma fonte de 
dor. 
- Articulações não-vertebrais são anteromediais para as 
raízes nervosas existentes; eles não são verdadeiras 
articulações sinoviais. As articulações não-vertebrais são um 
local frequente de crescimento ósseo. 
- Os corpos vertebrais são separados por discos 
intervertebrais, que fornecem suporte e mobilidade. Os 
discos são compostos de um núcleo pulposo gelatinoso 
cercado por um anel (a fibrose do anel). O núcleo do disco é 
de aproximadamente 90% de água e desidrata com a idade, 
passando por substituição por tecido fibroso. A fibrose do 
anel é reforçada pelo ligamento longitudinal anterior e o 
ligamento longitudinal posterior. O ligamento longitudinal 
posterior não se estende muito lateralmente, aumentando a 
probabilidade de o núcleo herniar através do anel 
lateralmente, e não na linha média. 
- O canal medular é mais largo na parte superior da coluna 
cervical. Nos níveis de C1 a C3, a dimensão posterior 
posterior máxima do canal varia de 16 a 30 mm e nos níveis 
de C4 a C7, de 14 a 23 mm. O canal estreita mais 2 a 3 mm 
com extensão máxima do pescoço. 
- A coluna cervical superior é responsável pelos movimentos 
rotacionais da cabeça. A coluna cervical inferior é 
responsável pelos movimentos de flexão e extensão da 
cabeça. A doença espondilótica ocorre mais comumente na 
coluna cervical inferior e é incomum em níveis cervicais 
altos. 
- Forame intervertebral - Os forames intervertebrais, através 
dos quais os nervos espinhais saem, são delimitados nas 
margens anteromediais pelos processos uncinados dos 
corpos vertebrais cervicais inferiores que se estendem 
superiormente, nas margens superiores pelos pedículos dos 
corpos vertebrais cervicais superiores, nas margens 
posteriores por articulações zigapofisárias e inferiormente 
pelos pedículos dos corpos vertebrais cervicais inferiores. 
- Raízes nervosas e gânglios da raiz dorsal - As raízes do nervo 
espinhal dorsal e ventral são formadas a partir de raízes que 
emergem da medula espinhal. As raízes dorsais fornecem 
informações sensoriais aferentes e as raízes ventrais contêm 
fibras eferentes que preservam a função motora. 
- Sete vértebras cervicais formam a região cervical da coluna 
vertebral, que encerra a medula espinal e as meninges. Os 
corpos vertebrais empilhados e posicionados centralmente 
sustentam a cabeça, e as articulações intervertebrais (IV) – 
sobretudo as articulações craniovertebrais em sua 
extremidade superior – proporcionam a flexibilidade 
necessária para permitir o posicionamento da cabeça. 
As quatro vértebras cervicais típicas (III a VI) têm as 
seguintes características: 
-O corpo vertebral é pequeno e mais longo no sentido 
laterolateral do que no sentido anteroposterior; a face 
superior é côncava e a face inferior é convexa 
-O forame vertebral é grande e triangular 
 
2 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
-Os processos transversos de todas as vértebras cervicais 
(típicas ou atípicas) incluem forames transversários para os 
vasos vertebrais (as veias vertebrais e, com exceção de C VII, 
as artérias vertebrais) 
-As faces superiores dos processos articulares estão voltadas 
em sentido superoanterior, e as faces inferiores estão 
voltadas em sentido inferoposterior 
Os processos espinhosos são curtos e, em indivíduos de 
ascendência europeia, bífidos. Existem três vértebras 
cervicais atípicas (C I, C II e C VII): 
-A vértebra C I ou atlas: um osso anular e reniforme que não 
tem processo espinhoso nem corpo e consiste em duas 
massas laterais unidas por arcos anterior e posterior. Suas 
faces articulares superiores côncavas recebem os côndilos 
occipitais 
-A vértebra C II ou áxis: um dente, semelhante a um pino, 
projeta-se de seu corpo para cima 
-A vértebra proeminente (C VII): assim denominada por 
causa do processo espinhoso longo, que não é bífido. Os 
processos transversos são grandes, mas os forames 
transversários são pequenos. 
- Os corpos das vértebras cervicais (C I a C VII) são menores 
que os das outras vértebras, exceto aquelas que formam o 
cóccix. Seus arcos vertebrais, no entanto, são maiores. Todas 
as vértebras cervicais apresentam três forames: um forame 
vertebral e dois forames transversos. 
- Os forames vertebrais das vértebras cervicais são os mais 
largos da coluna espinal porque alojam a intumescência 
cervical da medula espinal. Cada processo transverso 
cervical contém um forame transversário, através do qual 
passam a artéria vertebral e sua veia acompanhante, além 
de fibras nervosas. 
- Os processos espinhosos de C II a C VI são muitas vezes 
bífidos – isto é, se ramificam em duas projeções pequenas 
nas extremidades. 
- As duas primeiras vértebras cervicais são 
consideravelmente diferentes das outras. O atlas (C I), uma 
referência à figura mitológica de Atlas, que sustentava o 
mundo nos ombros, é a primeira vértebra cervical abaixo do 
crânio. O atlas é um anel ósseo com arco anterior e arco 
posterior e grandes massas laterais. Não apresenta corpo 
nem processo espinhoso. 
- As superfícies superiores das massas laterais, chamadas 
faces articulares superiores, são côncavas e se articulam com 
os côndilos occipitais do occipital para formar o par de 
articulações atlantoccipitais. Essas articulações possibilitam 
o movimento de anuência. As superfícies inferiores das 
massas laterais, as faces articulares inferiores, se articulam 
com a segunda vértebra cervical. Os processos transversos e 
os forames transversos do atlas são bastante grandes. 
- A segunda vértebra cervical (C II), o áxis, apresenta corpo 
vertebral. Um processo chamado dente ou processo 
odontoide se projeta superiormente pela porção anterior do 
forame vertebral do atlas. O dente serve de eixo em torno 
do qual a cabeça faz rotação. Esse arranjo possibilita o 
movimento lateral da cabeça, como quando se quer fazer o 
sinal de “não”. A articulação formada entre o arco anterior 
do atlas e o dente do áxis, e entre suas faces articulares, é 
chamada de articulação atlantoaxial. Em algumas situações 
de trauma, o dente do áxis pode ser projetado contra o 
bulbo, sendo esse tipo de lesão a causa usual de morte das 
lesões por mecanismo de chicote (lesão por flexão extensão 
súbitas). 
- A terceira, a quarta, a quinta e a sexta vértebras cervicais 
(C III a C VI), correspondemao padrão estrutural de uma 
vértebra cervical típica previamente descrita. A sétima 
vértebra cervical (C VII), chamada de vértebra proeminente, 
é um tanto diferente, revelando um processo espinhoso 
grande e não bífido que pode ser percebido e palpado na 
base do pescoço, mas, sob outros aspectos, é típica. 
ANATOMIA DA REGIÃO CERVICAL 
- A coluna cervical exerce funções de sustentação, proteção 
e movimentação. É constituída por sete vértebras, cinco 
discos intervertebrais e um amplo conjunto de ligamentos. 
Pode ser dividida em duas unidades funcionais: a rostral 
(unidade occipito-atlanto-axial) e a caudal, (C3-C4-C5-C6-
C7). 
- Os segmento rostral é fundamental para movimentação 
cervical tanto de flexão e extensão (C1-occipital) como de 
rotação (C1-C2). As unidades funcionais caudais possibilitam 
flexão, extensão e movimentação lateral da coluna e são 
constituídas por vértebras com anatomia mais homogênea 
processo espinhoso bífido e algumas com forame 
transversário por onde cursa a artéria vertebral. 
- Na coluna cervical, destacam-se o ligamento longitudinal 
anterior, que se adere à porção anterior dos corpos 
vertebrais e previne lesões por hiperextensão, o ligamento 
longitudinal posterior, que se adere na face posterior dos 
corpos vertebrais e nos ânulos fibrosos, o ligamento 
amarelo, que apresenta propriedades elásticas e localiza-se 
sob as lâminas vértebrais, os ligamentos interespinhosos e 
intertransversos, as articulações zigoapofisárias e os discos 
intervertebrais, compostos de núcleo pulposo e ânulo 
fibroso. 
- A medula cervical é fixa à dura-matér pelos ligamentos 
denteados e apresenta diâmetro máximo que ocupa cerca 
de 3/5 do canal raquidiano; o diâmetro médio transversal 
apresenta 13 mm e, o ântero-posterior, 9 mm2. 
- Vários músculos atuam durante a movimentação cervical e 
alguns relacionam-se com os movimentos respiratórios. O 
músculo trapézio origina-se na linha nucal superior e 
apófises espinhosas das vértebras cervicais e torácicas e 
insere-se na clavícula, espinha da escápula e acrômio; pode 
 
3 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
ser dividido em uma porção rostral, uma média e outra 
caudal. A porção rostral eleva a clavícula, e 
conseqüentemente, a escápula e a desloca para trás, 
enquanto a porção média, aduz a escápula e, a porção 
caudal estabiliza a escápula enquanto a porção rostral está 
agindo. 
- O músculo esternocleidomastóideo é composto por duas 
porções, uma esternal e outra clavicular. A primeira origina-
se no esterno e, a segunda, na clavícula. Ambas inserem-se 
na mastóide. Este músculo causa rotação contralateral do 
pescoço e elevação contralateral do segmento cefálico. 
-O músculo esplênio da cabeça origina-se nos processos 
espinhosos de C3 a T3 e insere-se na linha nucal superior e 
na mastóide. O esplênio do pescoço origina-se nos processos 
espinhosos T3 ou T4 à T6 e insere-se nos processos 
espinhosos das primeiras vértebras cervicais. 
- O músculo elevador da escápula origina-se nos processos 
transversos das primeiras quatro vértebras cervicais e 
insere-se no ângulo rostral da escápula. Eleva a escápula e, 
quando esta está fixa, inclina o pescoço lateralmente. 
- Os músculos supraespinhais da cabeça e do pescoço, o 
longuíssimo da cabeça e o multífido originam-se, inserem-se 
e localizam-se mais profunda- mente que os descritos 
anteriormente. Têm como função principal auxiliar a 
extensão cervical. 
- Os músculos retos posteriores e oblíquos profundos 
localizam-se na região da primeira e segunda vértebras 
cervicais. O músculo escaleno anterior, médio e posterior 
têm como funções a estabilização da primeira e segunda 
costelas durante a respiração e estabilização do pescoço, 
durante a rotação. Apresenta íntima relação anatômica com 
o plexo braquial, que cursa entre o escaleno anterior e 
médio. 
- O escaleno anterior origina-se no processo transverso de 
C3 e 4 e insere-se na primeira costela. O escaleno médio 
origina- se nos processos transversos das últimas seis 
vértebras cervicais e insere-se na primeira costela. 
- O escaleno posterior origina-se nos processos transversos 
das três últimas vértebras cervicais e insere-se na segunda 
costela. Os músculos do pescoço podem ser divididos em 
flexores e extensores da cabeça e do pescoço. Os flexores da 
cabeça são o reto curto anterior e lateral e o músculo longo 
da cabeça. 
- Os extensores da cabeça são o reto posterior maior e 
menor, o oblíquo superior e inferior, o longuíssimo da 
cabeça, o esplênio da cabeça e o semiespinal da cabeça. Os 
flexores da coluna cervical são o escaleno anterior, médio e 
posterior e, os extensores, são o esplênio cervical, o 
semiespinhoso cervical e o longuíssimo cervical. 
- Estes três, em conjunto com o esternocleidomastóideo, são 
responsáveis pela rotação ipsilateral do pescoço. Os 
músculos infraespinhoso, o elevador da escápula, o trapézio 
e o multífido participam também da movimentação cervical 
e do ombro. 
Objetivo 2: Compreender a fisiopatologia e o quadro clínico 
da cervicalgia (correlacionar com má postura e aparelhos 
eletrônicos). 
Clínica médica 
Neurologia Clínica – Harrison 
Cervicalgia e Lombalgia - Lissiane Karine Noronha Guedes 2009 
Cervicalgias - Manoel Jacobsen Teixeira 
 
CERVICALGIAS 
INTRODUÇÃO 
- A dor no pescoço, que geralmente se origina de doenças da 
coluna cervical e dos tecidos moles do pescoço, é comum. A 
dor cervical que se origina da coluna cervical é precipitada 
por movimentos, podendo ser acompanhada de dor focal à 
palpação local e limitação dos movimentos. 
- A dor que se origina no plexo braquial, no ombro ou em 
nervos periféricos pode ser confundida com uma doença da 
coluna cervical, porém a história clínica e o exame físico 
geralmente identificam uma origem mais distal para a dor. 
- Traumatismo da coluna cervical, doença discal ou 
espondilose com estreitamento de forame intervertebral 
podem ser assintomáticos ou dolorosos e ocasionar 
mielopatia, radiculopatia ou ambas. Acredita-se que os 
mesmos fatores de risco para uma causa séria de lombalgia 
se apliquem à dor no pescoço, além de também poderem 
ocorrer sinais neurológicos de mielopatia (incontinência, 
nível sensorial, pernas espásticas). 
- A cervicalgia é uma das queixas mais frequentes no dia-a-
dia da prática clínica. Ela tem sido observada em cerca de 
25% dos indivíduos na faixa etária de 25 a 29 anos e em até 
50% da população com mais de 45 anos de idade. Estudos 
epidemiológicos revelaram uma prevalência, no decorrer de 
toda a vida, superior a 70%. 
- A cervicalgia e a cervicobraquialgia são sintomas que 
traduzem, na maioria das vezes, um processo degenerativo 
ou um distúrbio funcional das estruturas ligamentares, 
musculares, discais e ósteo-cartilaginosas da região cervical. 
- Habitualmente destituída de qualquer complicação 
neurológica grave ou mesmo de uma evolução inquietante, 
essas cervicalgias comuns respondem de modo favorável a 
um tratamento simples adaptado à importância da alteração 
funcional e suas conseqüências psicológicas. Às vezes, 
porém, a cervicalgia ou a cervicobraquialgia constituem o 
sintoma revelador de uma doença local, regional ou 
sistêmica grave. 
ETIOPATOGENIA 
- É extremamente difícil, na prática clínica, estabelecer com 
exatidão qual a estrutura anatômica responsável pela 
cervicalgia crônica comum. Na teoria, a irritação do disco 
 
4 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
intervertebral, as articulações facetárias, as articulações 
uncovertebrais, os ligamentos e os enteses podem causar 
dor. Ao contrário, a simples compressão da raiz nervosa não 
é suficiente para causar dor. 
- É preciso que, além da compressão, haja inflamação para o 
desenvolvimento de dor radicular. Além do que já foi dito, é 
preciso ressaltar também o papel dos músculos cervicais na 
gênese da dor desta região.- As cervicalgias estão com frequência associadas à 
sensibilidade focal e “pontos-gatilho” na musculatura do 
pescoço. Finalmente, as artérias vertebrais carregam 
consigo fibras simpáticas que podem estar envolvidas nas 
alterações simpático-reflexas da síndrome de Barré-Lieou. 
- As cervicalgias agudas podem ocorrer como um sintoma de 
patologias subjacentes inflamatórias, infecciosas ou mesmo 
tumorais. Estas cervicalgias sintomáticas são menos 
frequentes, porém seu diagnóstico precoce é de extrema 
importância no prognóstico desses doentes devido à 
gravidade do acometimento cervical. Na artrite reumatóide, 
o comprometimento cervical pode até ser fatal. 
 
- Mais frequentemente, as cervicalgias ocorrem em razão de 
distúrbios mecânicos e musculoesqueléticos inespecíficos. 
Tratam-se de situações clínicas benignas, na grande maioria 
das vezes com evolução para a cura em alguns dias ou 
semanas. Há também várias causas de dor cervical referida, 
muitas das quais são patologias graves. 
 
- Por outro lado, os fatores relacionados com uma evolução 
para cronicidade das cervicalgias são pouco conhecidos. 
Trauma e fatores ocupacionais estão envolvidos na maioria 
dos casos. Neste mesmo sentido, fatores posturais, 
principalmente hiperflexão prolongada da coluna cervical, 
também podem desencadear cervicalgia em conseqüência 
do estiramento das articulações zigoapofisárias posteriores. 
- A prevalência de processos degenerativos da coluna 
cervical envolvendo discos (espondilose), articulações 
facetárias e unciformes (osteoartrose) aumenta com a 
idade, chegando a ser um achado quase que universal na 
população acima dos 65 anos de idade. 
- Com o processo de envelhecimento normal, o disco 
intervertebral cervical desidrata-se e sofre um processo de 
fragmentação e fissuração posterior. Traumas repetidos 
podem contribuir para o desenvolvimento deste processo, 
bem como o desenvolvimento de osteoartrose prematura 
das articulações zigoapofisárias e unciformes. 
- Também há lesões das raízes nervosas cervicais que podem 
provocar tanto quadros de cervicobraquialgias como dor 
apenas nos membros superiores, sem dor no pescoço. 
 
- A principal causa das neuralgias cervicobraquiais são 
alterações degenerativas progressivas com a idade, que 
comprometem o disco, as vértebras, os processos uncinados 
e as facetas. Conforme já descrito, ao nos referirmos à 
anatomia da região cervical, o prolapso do disco 
isoladamente não é uma causa frequente de radiculalgia 
cervical, pois a este nível as raízes se localizam na parte 
inferior do forame, abaixo do nível do disco. 
- Mais tipicamente, esta região é comprimida por hipertrofia 
e/ou osteófitos das articulações zigoapofisárias. Por outro 
lado, muito embora as alterações degenerativas das 
articulações uncovertebrais sejam freqüentes, as 
manifestações clínicas relacionadas ao acometimento dela 
são muito raras. 
- É importante lembrar que as raízes nervosas anteriores 
(motoras) estão relativamente protegidas pelos processos 
unciformes e são menos suscetíveis à compressão do que as 
 
5 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
raízes posteriores (sensitivas) que são adjacentes às 
articulações zigoapofisárias. 
EPIDEMIOLOGIA 
- A cervicalgia é um problema relativamente comum na 
prática clínica. Estima-se que sua prevalência na população 
varie entre 10 e 15%5. É uma condição mais frequente em 
mulheres e aumenta com a idade. 
- A menor prevalência de dor cervical relatada em 
populações asiáticas sugere uma variação cultural. Nas 
populações da Europa e América do Norte, 
aproximadamente um terço dos adultos cursarão com 
cervicalgia ao longo de um ano de seguimento e por volta de 
5 a 10% dos adultos apresentarão problemas cervicais com 
algum grau de limitação funcional. 
- Os principais fatores identificados na população geral 
relacionados aos episódios de cervicalgia foram precárias 
condições de saúde pública, fatores psicológicos e uma 
queixa prévia de dor cervical. A história de trauma cervical 
parece ser um fator de risco isolado para o desenvolvimento 
de cervicalgia crônica. A intensidade da dor e episódios 
prévios de cervicalgia parecem estar associados com um pior 
prognóstico e evolução para cronicidade. 
- Embora a cervicalgia esteja associada a uma série de 
fatores de risco físico e psicossociais, bem como a atividades 
ocupacionais e fatores posturais, esses dados não se 
encontram claramente demonstrados; sobretudo em função 
da precária qualidade metodológica e do número limitado 
de estudos 
QUADRO CLÍNICO 
- O paciente com cervicalgia costuma adquirir uma atitude 
de defesa e rigidez dos movimentos, ocorre também uma 
alteração na mobilidade do pescoço e a dor durante a 
palpação da musculatura do pescoço podendo também 
abranger a região do ombro e nos casos mais graves ou 
prolongados irradiando para todo o membro superior. 
- Em relação à dor, o paciente pode se queixar desde uma 
dor leve local e uma sensação de cansaço, até uma dor mais 
forte e limitante. O braço, além de doer, pode apresentar 
alterações de sensibilidade e força muscular, são as 
chamadas “alterações neurológicas”. 
- O paciente refere adormecimento de alguma área ou de 
todo o membro, podendo ser contínua ou desencadeada por 
algum fator. A fraqueza muscular acontece em casos mais 
graves ou prolongados, sendo geralmente progressiva. 
Podem existir também alterações nos reflexos encontrados 
em algumas inserções musculares no punho, cotovelo e 
ombro nos casos mais graves. 
Confira os principais sintomas identificados: 
1. Espasmos musculares nas regiões cervical e 
supraescapulares. 
2. Diminuição da amplitude de movimento de rotação, 
lateralização e flexo-extensão da coluna cervical. 
3. Dor que começa na nuca e se irradia para região 
supraescapular, interescapular e couro cabeludo. 
4. Sensação de peso nos ombros e parte alta das costas. Às 
vezes, acompanhada de ardência. 
5. Formigamento para ombros e braços. 
6. Cefaleia. 
7. Ao realizar rotação, o paciente relata que sente como se 
existisse areia entre as vértebras (crepitação). 
8. Fraqueza no ombro e braço, relatando dificuldade de 
segurar um copo com água ou livro. 
- A maioria das cervicalgias é aguda e autolimitada, podendo 
ser atribuída a problemas mecânicos. Uma parcela dos 
pacientes, porém, evolui com cervicalgia crônica. A 
cervicalgia crônica também costuma ser causada por 
problemas mecânicos, porém é a obrigação do clínico excluir 
outras patologias mais graves e potencialmente tratáveis. 
Uma história cuidadosa e um exame físico meticuloso 
permitem, na maioria das vezes, estabelecer a origem 
musculoesquelética da cervicalgia. 
- A dor sentida na região cervical se origina no estímulo de 
qualquer das estruturas inervadas pelos nervos espinais 
cervicais. Isso inclui fontes locais nas estruturas intrínsecas 
da coluna cervical, bem como fontes distantes que 
produzem uma dor referida na região do pescoço pela 
estimulação de nervos cuja origem está na região cervical. 
 
 
6 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
- As dores cervicais e lombares apresentam múltiplas causas 
já bem definidas. Porém, a real causa da dor não é 
diagnosticada em um grande número de pacientes, mesmo 
após vasta investigação clínica/laboratorial e por imagens. 
Por exemplo, nas lombalgias, apenas 25 a 30% dos pacientes 
recebe um diagnóstico anatomopatológico provável. A 
grande maioria constitui, ainda, as chamadas 
cervicalgias/lombalgias comuns, idiopáticas ou inespecíficas. 
- Para fins didáticos, podemos classificar as causas de dor em 
primárias e secundárias. Primárias se fatores locais 
envolvendo a estrutura da coluna levam à dor, e secundárias 
se fatoresà distância ou não próprios da coluna são os 
responsáveis pela dor. Podemos ainda dividir as causas em: 
mecânico-degenerativas (primárias), não mecânicas, 
psicogênicas, psicossomáticas ou referidas (secundárias). 
- A cervicalgia pode causar incapacidade e alto custo para o 
sistema de saúde, contudo pouco se sabe sobre a história 
natural e a sua evolução. Além da dor, podem haver queixas 
de limitação da amplitude de movimentos articulares e 
rigidez local, desencadeadas ou agravadas por movimentos 
cervicais bruscos ou posturas sustentadas do segmento 
cervical. 
 Causas Mecânico-degenerativas 
- São relacionadas a alterações da biomecânica na unidade 
funcional espinhal (UFE), que é a menor unidade de 
movimento vertebral, constituída por 1 par de vértebras 
adjacentes, duas articulações sinoviais (zigoapofisárias ou 
facetárias) e o complexo disco-ligamentar-muscular. 
1. Alterações discais 
- São causas comuns de disfunção mecânica da UFE (85% das 
causas mecânicas de lombalgia), pois o disco tem a 
importante função de absorver os impactos e as pressões 
sofridas pela coluna. Com o seu mau funcionamento, as 
pressões recebidas se deslocam para outros pontos e 
estruturas não habilitadas, gerando, assim, lesões 
permanentes, inflamação e dor. 
- As alterações discais mais comumente encontradas são 
discopatias e abaulamentos ou herniações. As discopatias 
englobam a desidratação discal, as fissuras e as rupturas 
discais. A desidratação discal é causada pelas alterações dos 
níveis de proteoglicanos e diminuição de água no núcleo 
pulposo. As fissuras são lacerações concêntricas do ânulo 
fibroso, e as rupturas, lacerações radiais. Os abaulamentos e 
herniações são alterações do contorno discal. Se globais, são 
chamadas de abaulamentos; se focais, de hérnias. 
2. Lombalgia/cervicalgia idiopática 
- É hoje também denominada de lombalgia/cervicalgia 
comum, inespecífica ou distensão muscular: tem caráter 
mecânico, porém sem alterações precisas nos exames de 
imagem que lhes confira um alvo de alteração 
anatomopatológica na UFE. Algumas vezes, encontramos, ao 
exame físico, apenas pontos miofasciais na musculatura 
(triggers points) ou contraturas. Acredita-se que é uma 
forma anatomoclínica inicial da causas de natureza 
mecanicodegenerativas. 
 Causas Não mecânicas 
- Entre elas, podemos citar os processos inflamatórios, 
infecciosos, neoplásicos e metabólicos da coluna. 
1. Doenças inflamatórias 
- As espondiloartropatias são caracteristicamente um tipo de 
doença autoimune inflamatória que afeta o esqueleto axial 
nas ênteses (pontos de inserção de ligamentos e tendões ao 
esqueleto) e que também podem afetar as articulações 
sacroilíacas, assim como as grandes articulações dos 
membros inferiores. 
- A artrite reumatoide, que também é uma doença 
autoimune sistêmica, pode acometer a coluna cervical no 
segmento C1-C2, em 34 a 42% dos casos, determinando 
subluxação atlantoaxial. 
2. Processos infecciosos 
- Normalmente tem origem no disco intervertebral e são 
chamados de espondilodiscites, porém podem se estender 
para as vértebras e tecidos adjacentes com gravidade. Os 
microrganismos podem atingir a coluna vertebral por via 
hematogênica, linfática ou por contiguidade (inoculação 
direta). 
3. Tumores 
- São mais comumente metástases nos corpos vertebrais de 
carcinomas de pulmão, mama, próstata, rins, tireoide e 
cólon. O mieloma e a leucemia também podem envolver as 
vértebras, e todos normalmente levam a sintomas por 
compressão neurológica ou por fraturas patológicas. Os 
tumores primários benignos mais comuns da coluna são 
hemangiomas, cistos ósseos aneurismáticos, osteoma 
osteoide, osteoblastoma e osteocondroma. Os malignos são 
osteossarcoma, condrossarcoma, sarcoma de Ewing, 
linfoma, plasmicitoma e cordoma. 
4. Doenças metabólicas ou repercussão de outras 
doenças sistêmicas 
- Entre as causas não mecânicas, há uma série de outras 
doenças sistêmicas que podem levar à dor na coluna. P. ex.: 
doenças osteometabólicas (osteoporose e 
hiperparatiroidismo) que normalmente são dolorosas por 
acometerem estruturas intra ou extrarraquidianas 
adjacentes, ou por levarem a fraturas. 
CERVICALGIA CRÔNICA COMUM 
- Na imensa maioria dos casos, ocorre pós-trauma (síndrome 
do chicote) ou evolução de cervicalgias mecânicas comuns, 
em geral associadas aos processos degenerativos discais e 
articulares ao nível cervical. A cervicalgia postural do adulto 
jovem é observada principalmente nas mulheres com 
 
7 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
profissões que exigem longos períodos de flexão da cabeça, 
como secretárias ou costureiras. 
- A dor ocupa toda a região cervical, irradiando, em geral, 
pela região dos trapézios até a região dorsal. A mobilidade 
do pescoço é normal, mas a palpação das massas musculares 
é dolorosa. Fatores psicológicos e fibromialgia costumam 
exercer um papel importante nesses casos de cervicalgia. O 
exame radiológico é inespecífico. 
- Por outro lado, no paciente idoso, a cervicalgia se 
apresenta habitualmente com dores mais localizadas na 
parte baixa do pescoço. As contraturas musculares são 
menos intensas e menos difusas, mas os movimentos são 
dolorosos e limitados. A radiografia mostra quase sempre 
uma artrose importante. 
CERVICALGIAS AGUDAS 
- Com frequência, são cervicalgias mecânicas comuns. 
Raramente constituem o sintoma revelador de uma 
patologia subjacente. 
TORCICOLO 
- Caracteriza-se por uma dor cervical de intensidade variada 
associada à atitude viciosa do pescoço. A maioria dos 
torcicolos entra no quadro das cervicalgias comuns. 
- Tem início abrupto, geralmente durante a noite, com uma 
dor intensa que impede qualquer movimento. A cura ocorre 
de maneira espontânea em alguns dias, mas a recidiva é 
possível. Um torcicolo febril ou que resiste ao tratamento 
habitual não é um torcicolo banal e deve ser melhor 
investigado. 
NEURALGIA DE ARNOLD 
- Ligada ao sofrimento do ramo posterior do segundo nervo 
cervical que leva à dor localizada na região homolateral do 
crânio entre o occipito e o vértix. Às vezes se acompanha de 
cervicalgia posterior alta, com limitação dolorosa da rotação. 
FORMAS ETIOLÓGICAS 
- A descrição detalhada do envolvimento cervical em 
inúmeras patologias de origem inflamatória, tumoral 
ouinfecciosa foge ao espectro desta revisão. Algumas 
patologias, porém, merecem considerações especiais. 
- Pela sua frequência e pela gravidade do acometimento 
cervical, a artrite reumatóide deve sempre ser lembrada. 
Tanto a artrite reumatóide do adulto quanto a artrite 
reumatóide juvenil podem acometer a coluna cervical. O 
envolvimento da coluna cervical alta pode levar à subluxação 
atlantoaxial, porém apenas a minoria dos pacien tes evolui 
com sinais clínicos de compressão medular. Ainda assim, a 
gravidade desta complicação exige muito rigor no 
acompanhamento clínico destes doentes. 
- A espondilite anquilosante caracteriza-se por um processo 
de entesopatia inflamatória com calcificação ligamentar 
levando à anquilose óssea, apesar dos espaços discais se 
manterem preservados. Esta anquilose óssea dos ligamentos 
interdiscais leva a importante rigidez da coluna cervical, que 
fica mais vulnerável a fraturas e lesão medular. 
- A síndrome de Grisel é observada em crianças após 
infecção da rinofaringe, e caracteriza-se por um torcicolo de 
início brutal associado à luxação atlantoaxial. A evolução é 
favorável com tração ou imobilização e antibioticoterapia. 
CERVICOBRAQUIALGIAS 
- O quadro clínico das cervicobraquialgias é quase sempre 
unilateral. A dor parte da região cervical baixa e irradiase 
para o membro superior com topografia radicular 
freqüentemente associada a parestesias de um ou mais 
dedos. A evolução é favorável com remissãodos sintomas 
em 1 a 3 meses, porém parestesias no território afetado 
persistem por período maior e as recidivas são frequentes. 
- A dor da neuralgia cervicobraquial segue o dermátomo 
apropriado e é sentida no braço com característica de 
“descarga elétrica”, às vezes acompanhada de alterações 
neurológicas motoras ou sensoriais. A imensa maioria ocorre 
nos níveis C6, C7 e C8. 
- Porém, devido à considerável sobreposição de 
dermátomos do braço e à complexa representação central 
do membro supe rior, a dor de uma radiculalgia pode ser 
bem mais difusa do que sugerido pelos diagramas 
dermatoméricos clássicos. 
ARTROSE CERVICAL 
- A artrose cervical é um achado radiológico extremamente 
freqüente, porém difícil de relacionar com a presença clínica 
de dor. Nas cervicalgias crônicas, outros fatores, como 
contratura muscular do pescoço e da cintura escapular, 
participam também na gênese da dor. No entanto, artrose 
pode ser responsável por várias manifestações neurológicas: 
 Uma raiz nervosa pode ser comprimida por um osteófito 
com crescimento póstero-lateral. Na verdade, nódulos 
disco-osteofíticos são a principal causa de 
cervicobraquialgias. 
 A coluna cervical abriga as artérias vertebrais através 
dos forames situados nos processos transversos das 
vértebras cervicais. A artéria vertebral e o plexo 
simpático podem ser deslocados lateral e 
posteriormente por processos degenerativos articulares 
ou discais. Com o movimento de rotação da cabeça, 
pode haver compressão da artéria levando à diminuição 
do fluxo sangüíneo para os tecidos cerebrais. Em 
conseqüência, podem ocorrer vertigens, nistagmo, 
fraqueza, disartria e síncope. Porém, tais manifestações 
ocorrem principalmente em pacientes com 
aterosclerose. 
 A síndrome de Barré-Lieou consiste em várias 
manifestações clínicas resultantes de disfunções 
autonômicas e neurovasculares. Os pacientes podem 
apresentar tontura, ataxia, nistagmo, midríase e 
 
8 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
sudorese. Não está clara a relação dessa síndrome com 
manifestações neuró ticas ou depressivas em pacientes 
portadores de cefaléia crônica e artrose cervical. 
 Por fim, um osteófito posterior pode comprimir a 
medula. As complicações medulares são excepcionais, 
manifestando-se clinicamente por uma síndrome 
lesional periférica dos membros superiores e uma 
síndrome piramidal dos membros inferiores. 
TRAUMATISMO DA COLUNA CERVICAL 
- O traumatismo da coluna cervical (fraturas, subluxação) 
submete a medula espinal ao risco de compressão. 
Acidentes com veículos motorizados, crimes violentos ou 
quedas são responsáveis por 87% das lesões da medula 
espinal cervical. 
- A imobilização imediata do pescoço é essencial para 
minorar qualquer lesão adicional da medula espinal em 
consequência do movimento de segmentos instáveis da 
coluna cervical. A decisão de obter imagens deve basear-se 
na natureza da lesão. Os critérios NEXUS de baixo risco 
estabelecidos que normalmente alertam pacientes sem 
sensibilidade à palpação na linha média, intoxicação, déficits 
neurológicos e lesões dolorosas por distração têm uma 
probabilidade muito baixa de lesão traumática significativa 
da coluna cervical. 
- A regra da coluna Canadian C recomenda que a imagem 
seja obtida após o traumatismo da região do pescoço se o 
paciente tiver mais de 65 anos de idade, parestesia de 
membro ou um mecanismo perigoso para a lesão (p. ex., 
colisão de bicicleta com árvore ou carro estacionado, queda 
de altura > 1 m ou cinco degraus, acidente de mergulho). Um 
exame de TC é o procedimento diagnóstico de escolha para 
a detecção de fraturas agudas. Quando se suspeita de lesão 
traumática das artérias vertebrais ou da medula espinal 
cervical, a visualização por RM com angiorressonância é 
preferida. 
- A lesão em chicotada decorre de flexão e extensão rápidas 
do pescoço, geralmente em acidentes automobilísticos, e 
causa entorse lesão musculoligamentar, diagnóstico que não 
deve ser aplicado a pacientes com fraturas, herniação de 
disco, traumatismo craniano, achados neurológicos focais ou 
alteração da consciência. 
- Até 50% das pessoas que relatam lesão em chicotada aguda 
têm dor per- sistente no pescoço até um ano mais tarde. A 
realização de exames de imagem da coluna cervical não é 
custo-efetiva, mas útil para detectar hérnias de disco 
quando os sintomas persistem por mais de seis semanas 
após a lesão. Os sintomas graves iniciais têm sido associados 
a desfecho precário a longo prazo. 
DOENÇA DISCAL CERVICAL 
- A herniação de um disco cervical inferior é uma causa 
comum de dor ou formigamento no pescoço, no ombro, no 
braço e na mão. Dor no pescoço, rigidez e limitação da 
amplitude dos movimentos pela dor são as manifestações 
habituais. Uma hérnia de disco cervical é responsável por 
aproximadamente 25% das radiculopatias cervicais. 
- A extensão e a rotação lateral do pescoço estreitam o 
forame intervertebral ipsilateral e podem reproduzir os 
sintomas radiculares (sinal de Spurling). Em pessoas jovens, 
a compressão aguda de raízes nervosas por um disco cervical 
roto frequentemente decorre de traumatismo. Em geral, as 
hérnias discais cervicais são posterolaterais, próximo ao 
recesso lateral. As raízes nervosas cervicais mais comumente 
acometidas são C7 e C6. 
ESPONDILOSE CERVICAL 
- A osteoartrite da coluna cervical pode provocar dor no 
pescoço que se irradia para a nuca, os ombros ou os braços, 
ou pode ser a origem de cefaleias na região occipital 
posterior (suprida pelas raízes nervosas C2-C4). Osteófitos, 
protrusões discais ou hipertrofia das articulações facetárias 
ou uncovertebrais podem comprimir uma ou várias raízes 
nervosas nos forames intervertebrais; essa compressão é 
responsável por 75% das radiculopatias cervicais. As raízes 
mais comumente acometidas são C7 e C6. 
- O estreitamento do canal vertebral por osteófitos, a 
ossificação do ligamento longitudinal posterior (OLLP) ou um 
grande disco central podem comprimir a medula espinal 
cervical. Pode haver combinações de radiculopatia e 
mielopatia. Quando a compressão da medula é 
acompanhada de pouca ou nenhuma dor no pescoço, o 
diagnóstico pode ser confundido com esclerose lateral 
amiotrófica, esclerose múltipla tumores da medula espinal 
ou siringomielia. 
- A possibilidade de espondilose cervical deve ser 
considerada mesmo quando o paciente apresenta apenas 
sinais ou sintomas nas pernas. A RM é o estudo de escolha 
para definir as anormalidades anatômicas, mas a TC simples 
é adequada para avaliar esporões ósseos, estreitamento do 
forame, estenose do recessão lateral ou OLLP. A EMG e os 
estudos da condução nervosa podem localizar e estimar a 
intensidade da lesão de raiz nervosa. 
OUTRAS CAUSAS DA DOR NO PESCOÇO 
- A artrite reumatoide (AR) das articulações apofisárias 
cervicais provoca dor, rigidez e limitação dos movimentos do 
pescoço. Na AR avançada, a sinovite da articulação 
atlantoaxial (C1-C2) pode lesar o ligamento transverso do 
atlas, ocasionando um deslocamento anterior do atlas sobre 
o áxis (subluxação atlantoaxial). 
- São observadas evidências radiológicas de subluxação 
atlantoaxial em 30% dos pacientes com AR. Como seria 
esperado, o grau de subluxação correlaciona-se com a 
gravidade da doença erosiva. Na presença de subluxação, a 
avaliação cuidadosa é importante para identificar os 
primeiros sinais de mielopatia. 
 
9 Sanndy Emannuelly – 5° Período 2020.2 
- Alguns pacientes desenvolvem compressão da medula 
espinal superior, resultando em tetraparesia, insuficiência 
respiratória e morte. Deve se considerar a possibilidade de 
cirurgiaquando há mielopatia ou instabilidade da coluna. A 
RM é a modalidade de imagem preferida. 
- A espondilite anquilosante pode causar dor cervical e, 
menos comumente, subluxação atlantoaxial; a cirurgia pode 
ser necessária para evitar compressão da medula espinal. O 
herpes-zóster agudo apresenta-se como dor cervical ou 
occipital posterior aguda antes do aparecimento de 
vesículas. 
- Neoplasias metastáticas para a coluna cervical, infecções 
(osteomielite e abscesso extradural) e doenças ósseas 
metabólicas também podem causar dor cervical. A dor no 
pescoço igualmente pode ser referida a partir do coração na 
doença arterial coronariana (DAC) isquêmica (síndrome de 
angina cervical). 
RELAÇÃO COM A MÁ POSTURA 
Correlação entre postura da cabeça, intensidade da dor e índice de 
incapacidade cervical em mulheres com queixa de dor cervical – 
2011 Juliana Corrêa Soares 
- O fator de risco número um para a cervicalgia é a má 
postura. “As pessoas que trabalham em computadores ou 
usam demais o celular, principalmente se ficam com a 
cabeça abaixada durante um período prolongado, podem 
sentir dor e desenvolver um quadro de cervicalgia. Outro 
fator de risco importante é o estresse, pois a tensão acaba 
se concentrando na região dos ombros e pescoço. 
- Nas observações clínicas, as alterações posturais da cabeça 
estão muitas vezes associadas à ocorrência ou persistência 
de dor cervical. 
- A postura anteriorizada da cabeça pode ser considerada a 
alteração mais frequente associada à queixa desse tipo de 
dor devido à sobrecarga dos músculos cervicais posteriores 
na tentativa de manter o equilíbrio da cabeça sobre a coluna. 
- A anteriorização, comumente definida como a protrusão da 
cabeça no plano sagital, pode ocorrer por uma translação 
anterior da cabeça, uma flexão da coluna cervical inferior ou 
ambas. Podem estar associadas à hiperextensão da coluna 
cervical superior e, às vezes, resultar em alterações 
funcionais e dor. 
- O uso de computadores e a sobrecarga de trabalho estão 
associados ao aumento de sintomas cervicais3 (B). Nos 
Estados Unidos, cerca de 92,2 milhões de pessoas utilizam o 
computador, e dessas, cerca de 63,9 milhões usam o 
computador para trabalhar. 
- Uma cabeça relativamente anterior em relação aos ombros 
pode sobrecarregar nas estruturas posteriores da cervical. 
Com o indivíduo de perfil, uma postura ideal seria que suas 
orelhas estivessem alinhadas com seus ombros. Assim, a 
cabeça estaria com 1/3 posterior em relação à linha dos 
ombros e 2/3 à frente. 
- Quando estamos sentados diante de um computador ou de 
um livro e colocamos nossa cabeça à frente, 100% do peso 
da nossa cabeça está na frente da linha dos ombros, gerando 
sobrecarga nos músculos, ligamentos, articulações e discos 
na região posterior da cervical.

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