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Bioquímica 1 – 05/05/2020 Gabriela Klein Introdução • As vitaminas estão ligadas as atividades enzimáticas, e em alguns casos por exemplo, são coenzimas importantes para as reações metabólicas. • Estudamos sobre as situações clínicas de carência vitamínica, doenças por falta de vitaminas ou por carência de metabolização adequada. • As vitaminas começaram a ser estudadas no século XIX, e eram moléculas de “aminas vitais”, dando origem ao nome vitamina. Além disso, por muito tempo acreditaram que as vitaminas não fossem produzidas pelo organismo, mas com o passar dos anos, descobriram que o corpo era capaz de produzir algumas vitaminas, como por exemplo a Vitamina D, que é sintetizada na pele a partir da exposição aos raios UV provenientes do sol. O que são vitaminas? • São moléculas biológicas que não pertencem somente ao grupamento amina. Pois, existem moléculas de natureza esteroide que possuem uma ação como coenzimas. • Podemos categorizar de acordo com a sua natureza química: - Vitaminas Lipossolúveis: K;E;D;A - Vitaminas Hidrossolúveis: C; Vitaminas do Complexo B • O Complexo B apresenta um grande grupo de vitaminas que são numeradas por sequência (B1,B2,B3...), essa sequência é em função da ordem em que as vitaminas foram descobertas. Obs: Não há vitamina B4, visto que em um dado momento descobriram que era outra molécula e jogaram para outro grupo e para não haver outra vitamina com esse mesmo nome, permaneceu uma lacuna. • As vitaminas do Complexo B são muito semelhantes estruturalmente. Além disso, pertencem a grandes grupos dentro de uma • • • mesma função, portanto, ao se falar do Complexo B, dividimos em dois grandes grupos: vitaminas geradoras de energia e as vitaminas hematopoiéticas (relacionadas na produção de hemácias, leucócitos e plaquetas). Vitaminas Lipossolúveis • As vitaminas lipossolúveis podem se acumular facilmente no corpo e exercerem um efeito tóxico, pois não são facilmente eliminadas pela urina. Por isso, é necessária uma metabolização dessas vitaminas para que se tornem hidrossolúveis, assim sendo eliminadas tanto pela via biliar, mas principalmente pela via urinária. • A característica lipossolúvel faz com que se acumulem em alguns tecidos, principalmente no fígado. • Existe uma alerta para pessoas que fazem suplementação de vitamina sem nenhum tipo de prescrição médica ou necessidade real de ingestão, pois podem acabar causando um efeito tóxico. As vezes o efeito tóxico é muito parecido ao efeito causado pela carência de vitamina. E a consequência fisiológica do efeito tóxico do acúmulo vitamínico pode ser reversível dependendo do nível da lesão. • Se tratando de excesso de vitamina e dano hepático significativo, o fígado consegue se regenerar até 70% da sua massa funcional que foi lesionada, logo, um acúmulo de vitamina excedendo essa capacidade de regeneração hepática, pode ser que não haja reversibilidade do quadro. Portanto, a reversibilidade depende do nível de toxicidade que foi alcançado e do dano causado em função dessa toxicidade. Ex: a vitamina D é relacionada com a calcificação e em um efeito tóxico dessa vitamina, é provocada a mineralização dos néfrons, de tecido mole e parede de vaso sanguíneo. • Para serem absorvidas, além de ter uma quantidade mínima presente no alimento, é Vitaminas Bioquímica 1 – 05/05/2020 Gabriela Klein necessária uma qualidade na digestão de lipídeos. • A bile, atua como uma substância emulsificante caracterizada como um “detergente biológico” que ajuda na emulsificação da fase lipídica com a fase aquosa. A bile, o pâncreas/suco pancreático/lipase pancreática serão importantes para uma boa digestão de lipídeos assimilação de vitaminas lipossolúveis. • Prática: Um paciente com uma doença hepática ou uma doença pancreática terá dificuldade para digestão de lipídeos. • Além disso, medicamentos para emagrecimento tem o intuito de diminuir a digestão de lipídeos e esse comprometimento tem como consequência uma carência de vitamina lipossolúvel. o Sua função biológica é relacionada com a visão e o epitélio. o Possui 3 formas ativas: retinol, retinal ou retinaldeído e ácido retinóico. o Presente principalmente no fígado que é um órgão de reserva e acúmulo de vitamina lipossolúvel. Também é encontrado em gema de ovo, manteiga e leite integral. A forma ativa é ingerida apenas em alimentos de origem animal. o O alimento vegetal contém o precursor da vitamina A que são os carotenoides e o principal é o betacaroteno. A conversão para vitamina A ativa, não é 100% para cada carotenoide. Exemplo hipotético: 1000 moléculas de carotenoide viram apenas 10 moléculas de vitamina A. o Um quadro de excesso de vitamina A pode estar relacionado com uma grande quantidade de ingestão de fígado de animais. Portanto, não existe quadro epidemiológico relatando intoxicação por excesso de vitamina A, porém em função de suplementação de vitamina é ocorrente. o Na forma de 11-cis-retinal (presente na retina), a vitamina A se associa com as proteínas opsinas. O 11-cisretinal, à medida que a luz é captada na retina, sofre uma transformação de isomeria e se transforma em all-trans-retinal. A partir do momento que se modifica esse lipídeo, há todo um mecanismo de sinalização celular que gera um estímulo para o nervo óptico responsável por transportar uma informação até o quiasma óptico, onde ocorre a interpretação do que está sendo visto. Sem a presença do 11-cis-retinal não teria como enxergar e é por isso que a carência da vitamina A, gera um caso de cegueira noturna. Esse tipo de lipídeo está presente nas estruturas de cones e bastonetes que estão localizados na retina e são essas células que captam esse estímulo luminoso. o As outras formas de apresentação estão principalmente relacionas com a segunda função: manutenção do epitélio. o O ácido retinóico atua como um hormônio de natureza esteroide e quando há a entrada da molécula na célula, há também a indução de uma transcrição gênica (é como se existisse um receptor e quando esse receptor é ativado pelo ácido retinóico, estimula o DNA a realizar transcrição gênica), havendo uma diferenciação celular e síntese de proteínas que contribuem para secretar a manutenção do epitélio. A deficiência de vitamina A compromete proteção do epitélio. o A falta de manutenção do epitélio desfavorece uma produção de muco que ajuda na proteção contra agressões, além da baixa produção de células envolvidas na renovação epitelial. o Um epitélio atacado por agressões físicas do meio, resseca porque não há produção de muco, o que contribui para uma hiperqueratinização epitelial. Portanto, a vitamina A quando deficiente pode provocar prejuízo da manutenção do epitélio levando a infecções e hiperqueratinização folicular. Exemplo: O epitélio respiratório envolvido com a questão da queratinização, pode criar fendas que podem ser assemelhadas com as imagens do solo rachado dos sertões, o que contribui para que infecções secundárias aconteça facilmente. o Vitamina A também atua síntese de uma proteína chamada transferrina, importante para Bioquímica 1 – 05/05/2020 Gabriela Klein a condução de ferro para a medula óssea e consequentemente para produção de hemácia. Se a transferrina não for produzida, não é possível aproveitar o ferro das hemácias que são destruídas para levar de volta para a medula óssea e ocorrer a síntese de hemácias, o que causa uma anemia. Essa anemia cursa semelhante com uma anemia ferropriva, visto que o ferro não é reaproveitado. o A xeroftalmia é o ressecamento com hiperqueratinização da córnea (o epitélio sem proteção aumenta a produção de queratina para tentar se proteger das agressões do meio). o EFEITO TÓXICO: hepatomegalia e efeitos no epitélio. O excesso da vitamina A causa as mesmas agressões da deficiência,não no sentido da cegueira noturna, mas em relação com a hiperqueratinização dos epitélios. o É obtida tanto a partir de alimentos como também, produzida na própria pele. o Cuidado com a figura: está escrito 25-di-hidroxi- vitamina D3 porém, só há UMA hidroxila. O correto é 25-HIDROXI-VITAMINAD3 ou 25- HIDROXICOLECALCIFEROL o A radiação solar quando absorvida, propicia a transformação de uma molécula produzida na pele a partir do colesterol, a chamada 7- dehidrocolesterol em colecalciferol. Partindo do início, a partir do colesterol é produzido o 7- dehidrocolesterol que, com a exposição solar, é transformado em colecalciferol que ainda não é a vitamina D ativa propriamente dita. O colecalciferol vai para o fígado sofre a primeira transformação. Assim, a partir de uma enzima é transformado. Essa enzima, encaixa uma hidroxila no carbono de número 25, que então passa a ser chamado de 25hidroxicolecalciferol. Posteriormente, nos rins ocorre a segunda hidroxilação: encaixe da hidroxila no carbono de número 1, por isso será chamado de 1,25- dihidroxicolecalciferol e então, é produzido a vitamina D ativa. o Se houver doenças no fígado e nos rins, poderá haver comprometimento da síntese de vitamina D. Existem muitos casos de insuficiência renal que cursam com o comprometimento da produção dessa vitamina. o A vitamina D3 é a não metabolizada. o A vitamina D2 é de origem vegetal. É uma molécula que é similar com o colesterol, chamado de ergosterol que também pode ser utilizado para a produção de vitamina D. Lembrando que: colesterol é uma molécula que só obtemos a partir de origem animal e ergosterol, é o que obtemos de fonte de origem vegetal. o A vitamina D pode vir “pronta” da alimentação, dependendo do que está sendo ingerido ou pode vir na forma de ergosterol (molécula precursora) que posteriormente será utilizado para a produção de vitamina D ativa. Se a vitamina D foi obtida a partir da alimentação, a etapa da pele é pulada. Exemplo: Os esquimós passam muito tempo sem exposição solar e não desenvolvem sinais de deficiência de vitamina D e a explicação é justamente por ingerirem alimentos ricos dessa vitamina (alimentos marinhos como peixes e outros mamíferos marinhos). o A vitamina D tem uma característica de ser muito estável quimicamente, portanto muitos Bioquímica 1 – 05/05/2020 Gabriela Klein alimentos hoje em dia são enriquecidos com essa vitamina, principalmente leite e derivados lácteos. o Um quadro tóxico envolvendo a vitamina D, se haver uma ingestão exagerada da própria vitamina ou análogo da vitamina D, ocorre com a calcificação metastática ou calcinoses, que é quando existe uma calcificação generalizada de tecidos moles do corpo. Por que a exposição solar não causaria uma intoxicação? ➢ Primeiro, a produção de 7-dehidrocolesterol acaba sendo autolimitante, portanto, a pele não conseguiria produzir uma grande quantidade. Há uma taxa de produção constante e lenta de 7- dehidrocolesterol. ➢ Quando há o excesso para a transformação de 7-dehidrocolesterol para colecalciferol, os componentes envolvidos nesse processo acabam gerando produtos que são degradados pelo próprio raio UV e, portanto, são moléculas foto degradantes. ➢ É um processo que segue um fator autolimitante, tanto pelo fato de que não é possível produzir muito 7dehidrocolesterol, tanto porque quando há muita produção de colecalciferol os produtos dessa reação são degradados. FUNÇÃO BIOLÓGICA DA VITAMINA D ➢ Está relacionada com o cálcio. ➢ A vitamina D contribui para o aumento da concentração de cálcio no sangue, agindo como se fosse um hormônio. Essa vitamina é produzida na sua forma ativa e vai para o intestino, especificamente para o enterócito e age estimulando canais de cálcio para que aumente a absorção desse íon obtido através da alimentação. Com o cálcio já absorvido, a vitamina D também estimula a produção da proteína que vai transportar esse íon no sangue. É por esse motivo que a vitamina D age como se fosse um hormônio, porque induz a transcrição gênica uma vez que afeta o metabolismo do enterócito com relação ao cálcio (estimula a produção de canais). ➢ No sangue, o cálcio é importante para vários processos metabólicos: contração muscular, transmissão de impulso nervoso, mineralização óssea, liberação de hormônios como a insulina. Portanto, a vitamina D acaba tendo relações importantes com várias situações. Essas situações envolvem a suplementação de vitamina D com questões de prevenção de diabetes, resistência insulínica, Alzheimer e doenças neurodegenerativas. ➢ A função biológica vai além da mineralização óssea, justamente pelos vários processos que envolvem a participação do cálcio. ➢ A vitamina D e o paratormônio também conhecido como PTH (hormônio liberado pelas glândulas paratireoides) trabalham em sinergia. Em um estado de hipocalcemia, o PTH estimula a ativação das enzimas que promovem a segunda hidroxilação da vitamina D que ocorre nos rins. O paratormônio também age nos rins, estimulando uma absorção de cálcio que seria perdido na urina. ABSORVEMOS CÁLCIO INDEPENDENTEMENTE DA VITAMINA D? ➢ Sim, se o alimento ingerido for rico em cálcio. Mas é absorvido em uma taxa menor quando comparada com uma absorção na presença de vitamina D. Por difusão passiva, é possível absorver cálcio intestinal, porém, com a presença da vitamina D há uma difusão facilitada porque cria transportadores na membrana do enterócito para absorver mais cálcio. CARÊNCIA DE VITAMINA D ➢ Raquitismo em crianças: como característica, pode haver fraturas ósseas chamadas de “galho verde”, ou seja, não é uma fratura de quadro de osteoporose visto que há matriz orgânica no osso mas, o que está faltando é o cálcio. Possui uma maleabilidade de envergadura que gera fratura. ➢ Osteomalácia: é a deficiência de cálcio nos ossos na fase adulta. Diferentemente da osteoporose que é o comprometimento da matriz mineral e matriz orgânica do osso, ou seja, o colágeno por exemplo também está comprometido, na osteomalácia há apenas o comprometimento da matriz mineral do osso. OUTRAS FUNÇÕES DA VITAMINA D ➢ Age como um hormônio esteroide, tem uma característica de participação na transcrição gênica portanto possui papel importante na Bioquímica 1 – 05/05/2020 Gabriela Klein regulação da proliferação celular. Existem receptores intracelulares para a vitamina D, sendo que também possui uma pequena participação no processo de diferenciação celular. ➢ Regulação do sistema imune inato e adaptativo: está associado com o papel da vitamina D no sistema imunológico, agindo na função dos leucócitos e liberação de mediadores de inflamação e sendo que a vitamina D não possui papel especifico para alguma infecção. ➢ Regulação de secreção de insulina pelas células β pancreáticas. ➢ Regulação da pressão sanguínea e função neuromuscular mediadas pelo cálcio. EFEITO TÓXICO ➢ Calcificação metastática, ou seja, calcificação de tecido mole seja pelo excesso da ingestão de vitamina D ou substancias semelhantes à vitamina. Exemplo: Na medicina veterinária, os animais podem ingerir plantas tóxicas que mimetizam a vitamina D e após a ingestão, podem ter calcificação metastática. O animal começa a andar rígido e pode ter calcificação dos rins e parede de vaso sanguíneo de grosso calibre. Essas consequências também poderiam vir acontecer com o ser humano na ingestão de plantas tóxicas. o Agente antioxidante - Tecidos que apresentam alta taxa metabólica, seriam os mais necessários para a presença da vitamina E, e portanto, hemácias carreadoras de oxigênio estão sujeitas ao dano oxidativo e a vitamina E é importante para a proteção desses radicais livres gerados. Também é encontrada em tecido cardíaco e em outros tecidos que possuem função metabólica intensa que necessitem de oxigênio(é o oxigênio que causa dano oxidativo). o O LDL, a medida em que se oxida, se acumula na parede do vaso sanguíneo e causa aterosclerose. A vitamina E, contribui com a proteção da oxidação da LDL e possui um efeito de prevenção da aterosclerose. o A vitamina E possui uma função scavengers, ou seja, de “lixeira” de radicais livres, eliminando esses radicais e impedindo que haja alteração dos fosfolipídios de membrana e lipídeos presentes na molécula de LDL, corroborando para a diminuição do dano oxidativo. o Os radicais livres estão associados com envelhecimento celular, pois alteram estrutura de proteína e de colágeno. o A vitamina E possui duas apresentações: tocoferóis e tocotrienóis. o Não há relatos na literatura envolvendo efeito tóxico da vitamina E. Não há também claramente um estudo que mostre o que a deficiência poderia causar. O que se sabe é sobre um possível efeito tóxico, mas que ainda é algo experimental, é que a vitamina E poderia potencializar o efeito de substâncias anticoagulantes como o dicumarol. ➢ Encontrada de 3 formas diferentes: - K1 ou filoquinona (encontrada em vegetais verdes). - K2 ou menaquinona (sintetizada por bactérias intestinais). - Menadiona (análogo sintético). ➢ É importante para síntese de fatores de coagulação. Existem 4 proteínas que são fatores de coagulação (fatores II, VII, IX e X) e são dependentes da vitamina K. ➢ Os hepatócitos são responsáveis pela produção dos fatores de coagulação, sendo que a modificação final das proteínas (que são os fatores de coagulação), é realizada pela vitamina K. Essa modificação é chamada de modificação pós traducional, ou seja, depois que houve a tradução do RNA e a proteína já está pronta, ainda há uma modificação final realizada pela vitamina K. POR QUE ESSA MODIFICAÇÃO É IMPORTANTE? ➢ É importante porque se não existir, a proteína não se torna funcional na cascata de coagulação portanto, a modificação é indispensável. COMO É ESSA MODIFICAÇÃO? ➢ A modificação que a vitamina K vai promover, é uma modificação pós traducional no qual se modifica um aminoácido denominado de ácido glutâmico ou glutamato, dando para ele um Bioquímica 1 – 05/05/2020 Gabriela Klein grupamento carboxila. O glutamato se transforma em γ-carboxiglutâmico (gama- carboxiglutâmico) e sem isso, o fator de coagulação não pode ser utilizado. O QUE ACONTECE NA PRÁTICA CLÍNICA EM RELAÇÃO A VITAMINA K? ➢ Em muitos casos, não se observa deficiência nutricional ou alimentar da vitamina K pois, é muito encontrada em alimentos de origem animal e vegetal sendo que o corpo humano ainda produz um pouco de vitamina K pelas bactérias intestinais, o que contribui para a manutenção da concentração ideal dessa vitamina. ➢ O que pode acontecer é a inibição da regeneração da vitamina K. Quando há a transformação do ácido glutâmico em ácido gama-carboxiglutâmico, a vitamina K sofre uma modificação nesse processo e sai alterada, ou seja, em um estado de reduzida. Quando ela se altera, é preciso que se regenere para que seja reciclada e reaproveitada e neste processo, necessita-se de uma enzima redutase. Porém, quando um paciente intoxicou por uma substância como o dicumarol, esse anticoagulante inibe a enzima redutase e impede a recuperação da vitamina K. Como consequência, a síntese dos fatores de coagulação não é bem feita e como sinal clínico, o paciente pode apresentar hemorragia. ➢ O prejuízo relacionado com a deficiência da vitamina K está relacionada com o fato da inibição da enzima que recupera a vitamina. ➢ Uma outra situação clínica envolvendo a vitamina K, é em casos de crianças prematuras onde deve haver a suplementação da vitamina, uma vez que a microbiota intestinal não é corretamente desenvolvida e a vitamina K não passa facilmente pelo leite. A suplementação é importante para prevenir hemorragias. ➢ Além disso, pacientes que fazem uso de antibiótico terapia por muito tempo, pode ter também deficiência de vitamina K em função de estar matando as bactérias intestinas. DEFICIÊNCIA DE VITAMINA K ➢ Provoca um aumento no tempo para coagulação. ➢ Icterícia obstrutiva e síndromes de má absorção. A deficiência também pode existir em função de uma doença hepática do qual há obstrução para liberação da bile, doença intestinal ou síndrome de má absorção ou doenças celíacas que prejudicam a absorção. ➢ O uso de anticonvulsivantes por tempo prolongado atrapalham a absorção da vitamina K. Exemplo: gardenal Vitaminas Hidrossolúveis o MACETE: “C de colágeno” o A estrutura da proteína colágeno possui dentre outros, dois principais aminoácidos: lisina e prolina que precisam sofrer modificação pós traducional que é realizada pela vitamina C. Nesse processo, haverá a hidrolização transformando esses aminoácidos em hidroxiprolina e hidroxilisina. o Se não há vitamina C, a estrutura do colágeno não fica correta afetando sua função e portanto, existe alteração nos ossos e especificamente na matriz orgânica. o Falta de vitamina C gera: fragilidade das paredes dos vasos sanguíneos visivelmente aparente em sangramentos gengivas, perda da arquitetura da estrutura dentária, entre outros... o O comprometimento imediato devido a deficiência de vitamina C está associado com a prolina e lisina!!! o Vitamina C está associada com a síntese de carnitina (aminoácido modificado que participa da mobilização de ácidos graxos). Não há relatos relacionados com a deficiência de vitamina C atrapalhando esse processo, mas participa da produção desse aminoácido. o A vitamina C está também atrelada com a síntese de catecolaminas (adrenalina e Bioquímica 1 – 05/05/2020 Gabriela Klein noradrenalina). Não há relatos que a deficiência de vitamina C afeta diretamente esse processo. O QUE A CARÊNCIA DE VITAMINA C PROVOCA? ➢ Fragilidade capilar sanguínea (petéquias são sinais clínicos visíveis caracterizados por pontinhos vermelhos indicando fragilidade) ➢ Osteoporose em função do comprometimento do colágeno do osso. ➢ Escorbuto: perda da arquitetura normal do dente e sangramento gengival. Escorbuto também é conhecido como Doença dos Navegantes. EXCESSO DE VITAMINA C ➢ A vitamina C em doses elevadas poderia levar a formação de cristais de oxalato em vias do trato urinário. Entretanto, em alguns casos, mesmo se tratando de uma vitamina lipossolúvel de fácil eliminação, algumas pessoas que possuem pré disposição na metabolização da vitamina C, podem gerar compostos de oxalato que poderão formar cristas e consequentemente cálculos e levar a uma obstrução urinária. o As vitaminas do complexo B possuem vitaminas liberadoras de energia e hematopoiéticas. LIBERADORAS DE ENERGIA São vitaminas que estão relacionadas com reações metabólicas que cursam com geração de energia no corpo (ciclo de Krebs, utilização de aminoácidos para produção de glicose). o Tiamina pirofosfato: Importante na hora transição da glicólise para o ciclo de Krebs. Atua como uma coenzima da enzima piruvato desidrogenase, responsável por transformar o piruvato em acetil coenzima A (se não houver transformação de piruvato em acetil-coA não é possível realizar ciclo de Krebs). Importante também para outra enzima participante do ciclo de Krebs, A alfa-cetoglutarato desidrogenase. o Tiamina trifosfato: também é importante para a transmissão de impulsos nervosos, por isso que na deficiência da vitamina observa-se sinais neurológicos. o A deficiência de tiamina é denomina beribéri. Apresenta neuropatia periféricas, irritabilidade, confusão mental, ataxia, oftalmoplegia (atrofia e fraqueza muscular). A beribéri pode ou não cursar com um edema, quando há um edema abdominal é chamado de beribéri úmida ou beribéri seca quando não há edema. o Se não há realização de ciclo de Krebs, é realizado a via de fermentação lática portanto há a produção de ácidolático que pode gerar uma acidose metabólica, chamada acidose lática. o A deficiência nutricional de vitamina B1 pode acontecer, mas é rara. Acontece majoritariamente em países de desnutrição grave. o O indivíduo que possui alcoolismo crônico, pode desenvolver deficiência de tiamina (o álcool inibe a absorção de tiamina no intestino, pois compete com o transportador que absorveria a vitamina no intestino delgado). Na neuropatia periférica, chamamos de beribéri e quando temos sinais de encefalopatia, principalmente em função do álcool, chamamos de síndrome de Wernicke-Korsakoff. o Usada como corante, por isso sua deficiência não é recorrente. o Importante para geração de energia pois é precursora da coenzima FAD e FMN (ambas envolvidas na produção energética e respiração celular). o Não há muitos relatos da deficiência, mas, existem sinais clínicos relacionados. A riboflavina também é importante para a manutenção de epitélio então, além de prejudicar processos de geração de energia (ciclo de Krebs, cadeia respiratória que precisam do FAD) a deficiência também estaria relacionada com uma alteração do epitélio, gerando queilite angular, glossite (inflamação da língua) e dermatite escamosa. o Pode ser apresentada de duas formas: nicotinamida ou ácido nicotínico. o MACETE: a deficiência da B3 é relacionada com 3 D = diarreia, dermatite e demência que correspondem com os sinais clínicos da doença denominada PELAGRA. Bioquímica 1 – 05/05/2020 Gabriela Klein o A importância da niacina: precursora do NAD e NADP. o Participa do reconhecimento de lesão no DNA regulando replicação, reparo e progressão no ciclo celular (alguns estudos relatam suplementação de niacina para prevenção de tipos de câncer, além disso pode ser utilizado como fármaco atuando na diminuição de LDL e VLDL e aumentar a síntese de HDL no sangue principalmente na sua forma de ácido nicotínico). o Pode ser produzida a partir do aminoácido denominado triptofano. Pode haver deficiência de niacina pela deficiência de triptofano. Produzir B3 pelo triptofano não é uma o prioridade do corpo, primeiro a prioridade é para síntese de proteína, serotonina e por último, niacina através deste aminoácido. o Importante na síntese de coenzima A, constituinte da molécula acetil-coA (é fundamental para a realização do Ciclo de Krebs). o Está bem distribuído nos alimentos, logo a deficiência é rara e estaria associada a outras deficiências vitamínicas. O que pode ser observado em alguns casos experimentais de falta de B5 são dormência nos dedos, formigamento e algumas dificuldades de mobilidade nos dedos. o Tudo que está associado com a coenzima A depende do ácido pantotênico. o Importante para a gliconeogênese, que é a etapa de aproveitamento de aminoácidos para produção de glicose, portanto a piridoxina é importante no processo de transaminação. Transaminação é o processo que remove o grupamento amina do aminoácido para produção de glicose. o Síntese de neurotransmissores como serotonina, GABA, norepinefrina, epinefrina e esfingolipídios (importante componente da bainha de mielina). o Existem 3 formas de apresentação: piridoxina, piridoxal fosfato e piridoxamina. São importantes para as vias metabólicas geradoras de energia, como as etapas relacionadas com o glicogênio (algumas enzimas que trabalham com o metabolismo de glicogênio são dependentes da vitamina B6). o Piridoxal fosfato: principalmente relacionado com transaminação. o Relatos de deficiência são mais raros de ser observado, embora muitas pessoas podem desenvolver a deficiência de piridoxina como parte de um pacote de outras vitaminas em carência. Na deficiência, apresenta-se sintomas neurológicos (neuropatias periféricas e convulsões), leve irritabilidade, nervosismo e depressão além do comprometimento do metabolismo energético. / / o Está covalentemente ligada com enzimas chamadas carboxilases. Exemplo: acetil-CoA carboxilase. o A deficiência de biotina é rara. Primeiramente, é altamente distribuída em várias fontes de alimentos diferentes. Porém, sua deficiência está relacionada com a inibição de sua absorção por pessoas que ingerem ovo cru (a gema do ovo cru contém uma substancia chamada avidina que atrapalha o processo de absorção de biotina). o É encontrada em amendoim, chocolate, ovos, além de ser produzida por bactérias intestinais. o Distúrbios de metabolismo energético como fraqueza musculares, é um dos poucos relatos de sinais clínicos de deficiência de biotina. HEMATOPOIÉTICAS Vitaminas responsáveis por produção de células sanguíneas (principalmente leucócitos e hemácias). o A característica de seu processo de metabolização se inicia no intestino delgado, dentro de enterócitos. A partir do momento que vitamina é absorvida, é transformada inicialmente dentro do enterócito e ganha a forma de tetra-hidrofolato. o O tetra-hidrofolato participa de várias reações químicas onde há a transferência de grupamento contendo um carbono e isso acaba sendo importante para síntese de ácidos Bioquímica 1 – 05/05/2020 Gabriela Klein nucleicos então, em processos de divisão celular é necessária essa transferência de um carbono. o Quando pensamos em desenvolvimento embrionário, atuando a multiplicação celular, temos a transferência de carbono, portanto é necessário ácido fólico. Na 3ª semana de gestação, no fechamento do tubo neural, é importante a presença dessa vitamina. o Os derivados do ácido fólico estarão participando de síntese de aminoácidos, nucleotídeos (como DTPM) e as bases purinas. o Atua na conversão de homocisteína em metionina necessária para regulação da expressão gênica. (são aminoácidos com função de sinalização celular). o O ácido fólico tem principal função de diferenciação (desenvolvimento embrionário) e multiplicação celular (processo de hematopoese). o A deficiência do ácido fólico pode provocar anemia megaloblástica. As células advindas, ou seja, precursoras da medula (eritoblastos) tendem a ser maiores que as células maduras (eritrócitos). As células maduras, por serem menores, passaram por um processo de perda de conteúdo nuclear/citoplasmático e organelas. Quando há um processo de deficiência dessa maturação, o eritrócito será maior do que o normal e é liberado para a corrente sanguínea. A partir de uma observação de um esfregaço do sangue em uma lâmina histológica, é notado eritrócitos de tamanhos variados e alguns possuem grandes tamanhos, o que demonstra um comprometimento da maturação. Outra coisa que pode ser notado, é que os neutrófilos possuem o aspecto de hiper segmentação. O neutrófilo tem aspecto polimorfonuclear pois, o núcleo sofre estrangulações sendo consequência de um processo de maturação (quanto mais estrangulações, mais “idade” tem o neutrófilo). Se há uma deficiência medular na produção de células pela falta de vitamina B9, o corpo tenta poupar os neutrófilos impedindo que eles saiam rapidamente da circulação para ir para os tecidos sendo que função do neutrófilo não é ficar na corrente sanguínea, mas sim defender agente infeccioso em tecidos porém, se há deficiência de produção de neutrófilo, o organismo retém essa célula por mais tempo e portanto, as estrangulações ocorrem no neutrófilo circulante. Para dizer que há neutrófilo hiper segmentado deve haver no mínimo: 1 neutrófilo com 7 lobulações ou 2 neutrófilos com 6 lobulações. o Existe uma necessidade aumentada de B9 em mulheres grávidas, dessa forma, normalmente há uma suplementação para que possa prevenir o defeito no tubo neural. o Contém cobalto. o Está sempre ligada com proteínas de origem animal. Algumas cascas de frutas através de ação bacteriana também podem conter B12. o Existe um estoque hepático significativo de cobalamina, sendo que algumas pessoas podem ficar por muito tempo sem ingestão de B12 esem que haja deficiência vitamínica. o Participa da conversão de homocisteína em metionina (atuando na reciclagem de ácido fólico). o Fator intrínseco: importante para processo de metabolização da cobalamina. Em um primeiro momento, temos no estômago pela ação do ácido clorídrico, a separação da cobalamina da proteína animal pela qual ela veio ligada. Uma vez desligada, temos uma proteína chamada de cobalofilina que é produzida no estômago, mas principalmente é liberada pela glândula salivar. A cobalofilina vai se ligar com a cobalamina e juntas, migram para o intestino delgado e por ação das enzimas/suco pancreático/bile há o desligamento da cobalofilina. O fator intrínseco atua após o desligamento da cobalofilina. O fator intrínseco é uma proteína produzida pelas células parietais do estômago, esse fator intrínseco é indispensável para que essa vitamina seja absorvida no intestino delgado, sem o fator intrínseco a vitamina não é absorvida. o Algumas pessoas podem desenvolver uma doença imuno mediada contra o fator intrínseco, ou seja, há produção de anticorpos contra esse fator. Essa produção de anticorpos também pode estar relacionada, por questões cirúrgicas, que tenha retirado parte do estômago. Nestes casos, a deficiência de cobalamina pode ocorrer. o A cobalamina é importante para a reciclagem do ácido fólico e para o processo de hematopoese. A anemia provocada pela deficiência será uma Bioquímica 1 – 05/05/2020 Gabriela Klein anemia grave chamada de anemia perniciosa. A anemia perniciosa cursa com a anemia megaloblástica, uma vez que a deficiência de ácido fólico está atrelada com anemia megaloblástica. o Anemia perniciosa está associada com deterioração neurológica causada por desmielinização progressiva relacionada com a produção de metionina. o A cobalamina pode ser dosada diretamente pelo sangue para verificar sua concentração ideal. Também pode ser verificado a dosagem na urina de ácido metilmalônico (MMA). Essa dosagem é devido ao acúmulo do metilmalonil-CoA que está relacionada com a deficiência de cobalamina. O metilmalonil-CoA inibe a biossíntese de ácidos graxo e consequentemente, há a inibição da formação da bainha de mielina causando uma desmielinização. O metilmalonil-CoA pode ser transformado em ácido metilmalônico, que é liberado na urina.
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