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NEUROANATOMIA 1 Tronco Encefálico – Anatomia macroscópica O tronco encefálico (TE) é contínuo com a medula espinhal cranialmente. O ponto de início do TE é o forame magno ou o local de decussação das pirâmides. O TE é dividido em 3 porções: o bulbo, mesencéfalo e ponte. OBS! No SNC, um aglomerado de somas de neurônios é chamado de núcleos; desses núcleos, vão se projetar feixes nervosos (fibras axônicas), que vão sair ou chegar desses núcleos; esses feixes são chamados de tratos, fascículos ou lemniscos. Figura 1 Visão anterior do tronco encefálico Figura 2 Visão posterior do TE NEUROANATOMIA 2 BULBO O bulbo é o local em que o tronco encefálico é contínuo com a medula espinhal. Acima do bulbo está o ponte, que são separados por um sulco horizontal visível, o sulco bulbo-pontino (ver figura 1). O sulcos da medula são contínuos com o bulbo, formando a fissura mediana anterior, sulco lateral anterior, sulco lateral posterior e sulco mediano posterior. Tais sulcos vão delimitar as áreas anterior, lateral e posterior do bulbo, que são uma continuação dos funículos da medula (anterior, lateral e posterior). Da região da fissura mediana anterior para a região posterior, vamos descrever as estruturas, observe em conjunto a figura 1 e 2 para uma melhor compreensão: • Região ventral do bulbo: é delimitada pela fissura anterior mediana e o sulco lateral anterior. Nessa região vão existir as seguintes estruturas: o Pirâmides: é visto em cada lado da fissura mediana anterior; essa estrutura é formada por um feixe de firas nervosas descendentes que ligam as áreas motoras do cérebro aos neurônios motores da medula, o trato corticoespinhal; na região mais inferior do bulbo, esse feixe de fibras cruzam o plano mediano e formam a decussação das pirâmides. • Sulco lateral anterior: emerge os filamentos radiculares do nervo hipoglosso (XII) • Área lateral do bulbo: fica entre os sulcos lateral anterior e lateral posterior (ver figura 1). Nela ocorre as seguintes estruturas: o Olivas: é uma massa de substância cinzenta (vai apresentar núcleo olivar inferior) que ocupa toda a região lateral do bulbo • Sulco lateral posterior: vai emergir o nervo glossofaríngeo (IX) mais superiormente, o nervo vago (X) e uma parte do nervo acessório (XI) mais inferiormente. • Área posterior do bulbo: essa região está entre o sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior (ver figura 3); é dividida em 2 porções, uma metade caudal e outra cranial. A metade caudal é fechada e é percorrida por um estreito canal, que é continuação do canal central da medula; na metade do bulbo, esse canal se abre para formar o IV ventrículo (abertura que se forma dentro do TE) que está contido na metade cranial (superior) do bulbo, também chamada de porção aberta do bulbo. o Sulco mediano posterior: vai dividir a área posterior do bulbo, mas entre a região cranial e caudal do bulbo, ele vai ter seus lábios afastados, os quais vão formar os limites laterais do IV ventrículo. o Fascículo grácil e cuneiforme: são as duas estruturas vistas na região posterior do bulbo; elas são contínuas com os feixes do funículo posterior da medula e são divididas pelo sulco intermédio posterior (o fascículo grácil está medialmente e o cuneiforme lateralmente). Na região entre a metade cranial e caudal do bulbo, esses fascículos formam duas eminências, chamadas de tubérculo grácil e tubérculo cuneiforme. Em virtude do aparecimento do IV ventrículo, os tubérculos do núcleo grácil e do núcleo cuneiforme afastam-se lateralmente como os dois ramos de um V e gradualmente continuam para cima com o pedúnculo cerebelar inferior formado por um grosso feixe de fibras que fletem dorsalmente para penetrar no cerebelo. NEUROANATOMIA 3 Figura 3 Vista dorsal do TE e parte do diencéfalo. Perceba nessa figura a separação do fascículo cuneiforme e fascículo grácil pelo sulco intermédio posterior. PONTE Está situada ventralmente ao cerebelo e está entre o bulbo e o mesencéfalo no TE. Vai repousar sobre a parte basilar do osso occipital e o dorso da sela túrcica do esfenoide. Na parte anterior da ponte, apresenta-se diversas estriações transversais, que apresenta numerosos feixes nervosos que convergem para formar os pedúnculos cerebelares médios, que penetram em cada hemisfério do cerebelo. No limite entre o pedúnculo e a ponte, emerge os nervo trigêmeo (V), que é feito por duas raízes, a raiz sensitiva do nervo trigêmeo (maior) e a raiz motora do nervo trigêmeo (menor) (ver figura 1). Ainda na região anterior da ponte, atravessando a sua região mediana longitudinalmente está o sulco basilar, no qual aloja a artéria basilar. Do sulco bulbo-pontino emergem os seguinte nervos cranianos: • Nervo abducente (VI): emerge entre a ponte e a pirâmide do bulbo (fica mais medial) • Nervo facial (VII): emerge lateralmente ao VI • Nervo intermédio: emerge lateralmente ao VII e é a raiz sensitiva do VII par • Nervo vestíbulo-coclear (VIII): fica lateralmente ao intermédio NEUROANATOMIA 4 OBS! A presença de tantas raízes de nervos cranianos em uma área relativamente pequena explica a riqueza de sintomas observados nos casos de tumores que acometem esta área, levando à compressão dessas raízes e causando a chamada síndrome do ângulo ponto-cerebelar A separação entre a o bulbo e a ponte na região dorsal não tem uma linha de demarcação; ambas constituem o assoalho do IV ventrículo. QUARTO VENTRÍCULO Figura 4 Corte sagital mediano do TE. Note nessa imagem a região do IV ventrículo, que é formada no seu assoalho pelo bulbo e a ponte, e no seu teto pelo cerebelo. O quarto ventrículo é uma cavidade encontrada entre o TE e o cerebelo; tem forma losângica, é contínua superiormente com o aqueduto cerebral, e inferiormente com o canal central do bulbo. O conteúdo desse ventrículo é preenchido por líquido cerebroespinhal. Na região lateral dessa cavidade, existem os recessos laterais, os quais contêm aberturas laterais do IV ventrículo (ou forames de Luschka), por onde o IV ventrículo se comunica com o espaço subaracnóideo. Há também uma abertura mediana do IV ventrículo (forame de Magendie), situada no meio da metade caudal do teto do ventrículo. Assoalho do IV ventrículo É a região do bulbo (porção aberta) e da ponte que formam o IV ventrículo (figura 2 e 3). Essa parte é limitada: • Inferolateralmente pelos pedúnculos cerebelares inferiores e pelos tubérculos grácil e cuneiforme • Superolateralmente pelos pedúnculos cerebelares superiores (feixes que saem do cerebelo e convergem para entrar no mesencéfalo) O assoalho do IV ventrículo é percorrido em toda sua extensão longitudinal pelo sulco mediano; de cada lado desse sulco, existe uma eminência medial (que se projeta na direção do cerebelo) e são limitadas lateralmente pelo sulco limitante. O sulco limitante forma duas depressões, as fóveas superior e inferior. No meio do IV ventrículo, a eminência medial dilata-se (e forma 2 bolinhas de cada lado do sulco mediano), formando os colículos faciais (formado por fibras nervosas do n. facial). Na região caudal da eminência mediana existe uma área triangular chamada de trígono do nervo hipoglosso (corresponde ao núcleo do nervo hipoglosso). Lateralmente a esse trígono e inferior à fóvea inferior, existe o trígono do nervo vago (corresponde ao núcleo dorsal do vago). Lateralmente ao trígono do NEUROANATOMIA 5 vago, existe uma estreita crista oblíqua, o funiculus separans, que separa este trígono da área postrema, região relacionada com o mecanismo do vômito desencadeado por estímulos químicos. Lateralmente ao sulco limitante, existe uma área triangular, chamada de área vestibular (corresponde aos núcleos vestibulares do nervo vestíbulo-coclear). Cruzando transversalmente a área vestibular, existe fibras nervosas que constituem as estrias medulares do IV ventrículo. Estendendo-se da fóvea superior em direção ao aqueduto cerebral, lateralmenteà eminência medial, encontra-se o lócus ceruleus, área de coloração ligeiramente escura, onde estão os neurônios mais ricos em noradrenalina do encéfalo. Teto do IV ventrículo Essa região é a coberta pelo cerebelo (ver figura 4). A metade superior do teto do IV ventrículo é formada pelo véu medular superior (que se estende entre os 2 pedúnculos cerebelares superiores). A metade caudal é formada pelo véu medular inferior e pela tela corioide, a qual é uma estrutura formada pela união do epitélio ependimário (reveste internamente o ventrículo) com a pia-máter (reforça o epitélio). A tela corioide emite projeções irregulares, e muito vascularizadas, que se invaginam na cavidade ventricular para formar o plexo corioide do IV ventrículo; esse plexo produz o líquido cerebroespinhal, que se acumula na cavidade do ventrículo e passa para o espaço subaracnoide pelas aberturas laterais e da abertura mediana do IV ventrículo. MESENCÉFALO Estrutura que está entre a ponte e o diencéfalo. No seu interior contêm o aqueduto cerebral, que une o III ao IV ventrículo. O mesencéfalo é dividido em duas porções, uma que está dorsalmente ao aqueduto (teto do mesencéfalo) e uma ventralmente (onde estão os pedúnculos cerebrais) Figura 5 Secção transversa do mesencéfalo OBS! Atente-se para não confundir os pedúnculos cerebelares superior, médio e inferior (feixes de fibras que entram ou saem do cerebelo e vão para o TE), contidos na ponte, dos pedúnculos cerebrais contidos no mesencéfalo (tratos que ascendem do mesencéfalo para o diencéfalo). Pedúnculo cerebrais Os pedúnculos se dividem em uma parte dorsal (o tegmento → apresenta neurônios) e uma ventral (a base do pedúnculo → apresenta fibras longitudinais). O tegmento é separado da base do pedúnculo pela substância negra, a qual e formada por neurônios que contêm melanina. Existem dois sulcos longitudinais que marcam, na superfície, o limite entre a base e o tegmento do pedúnculo cerebral, que são o sulco lateral do mesencéfalo e o sulco medial do pedúnculo cerebral. Do sulco medial emerge o nervo oculomotor (III). NEUROANATOMIA 6 As bases dos pedúnculos cerebrais aparecem ventralmente como 2 feixes de fibras acima da ponte que ascendem cranialmente. Ambas as fibras delimitam medialmente a fossa interpeduncular, que apresenta as seguintes estruturas: • Corpos mamilares: duas estruturas ovaladas que ficam lado a lado, situadas superiormente à fossa interpeduncular • Substância perfurada posterior: é o fundo da fossa e abaixo dos corpos mamilares; apresenta pequenos orifício para a passagem de vasos Teto do mesencéfalo É a vista dorsal do mesencéfalo; apresenta 4 eminências arredondadas: 2 colículos superiores e 2 colículos inferiores. O nervo troclear (IV) emerge inferior aos colículos inferiores. Os colículos projetam fibras nervosas (chamadas de braços dos colículos) que os conecta com estruturas chamadas de corpos geniculados. O colículo inferior se liga ao corpo geniculado medial pelo braço do colículo inferior e faz parte da via auditiva. O colículo superior se liga ao corpo geniculado lateral pelo braço do colículo superior e faz parte da via óptica.
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