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imuno humoral

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ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. H. I. V. 
Imunologia básica, 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2017; capítulo 7 – respostas imunes humorais; e 8- 
Mecanismos efetores da imunidade humoral 
A imunidade humoral é uma resposta do 
sistema mune adaptativo que é mediada por 
anticorpos, funcionando para neutralizar e 
eliminar microrganismos extracelulares e 
toxinas microbianas. 
Os anticorpos respondem a antígenos não 
proteicos. 
Os anticorpos são provenientes de linfócitos 
B maduros, chamados de plasmócitos, 
enquanto os imaturos tem maior capacidade 
de identificar antígenos. 
Os linfócitos B imaturos expressam: 
 IgM 
 IgD –ativação do linfócitos B 
Que funcionam como receptores de 
antígenos. 
A diferenciação de algumas células B deve-
se a produção de diferentes classes 
(isotipos) de cadeia pesada de anticorpos, 
caracterizando um anticorpo com diferentes 
funções e especializados ao combate de 
diferentes tipos de microrganismos. Esse 
processo é chamado de troca de isotipo 
de cadeia pesada. 
Maturação de afinidade: exposição 
repetida de um antígeno proteico, 
resultando no aumento da produção de 
anticorpos com afinidade ao antígeno, 
havendo maior capacidade de se ligar e 
neutralizar o microrganismo com suas 
respectivas toxinas. 
Os anticorpos podem ser classificados T- 
dependentes ou T – independentes, 
 
dependendo dos anticorpos a diferentes 
naturezas dos antígenos que irão depender 
ou não de linfócitos T auxiliares. 
 
 
Antígenos proteicos 
Os antígenos proteicos são processados 
pelas APC’s e identificados pelos linfócitos 
T auxiliares. 
Esses APC’s se encontram nos tecidos 
linfoides periféricos, onde irá iniciar a 
maturação dos linfócitos B que, no caso, é 
dependente de células T auxiliares. 
Portanto, os linfócitos B e linfócitos T 
auxiliares devem se unir nesses tecidos 
linfoides periféricos e interagir, para 
estimular a proliferação e diferenciação dos 
linfócitos B. 
Antígenos proteicos desencadeiam 
respostas de anticorpos em um intervalo 
entre 3 e 7 dias após a exposição aos 
antígenos. 
Os passos para interações e ativação dos 
linfócitos B: 
Medicina Nove de Julho 
1. Os linfócitos T CD4+ imaturas são 
ativadas por antígenos ligados a 
MHC II dos APC’s na zona T 
(células dendríticas) e, então 
diferenciadas em linfócitos T CD4+ 
efetoras nas áreas dos tecidos 
linfoides periféricos ricas em células 
T. As células T efetoras capazes de 
produzir citocinas e alguns desses 
linfócitos migram para a 
extremidade dos folículos linfoides. 
2. As células b imaturas são ativadas 
no folículo por um epítopo exposto 
na mesma proteína que é 
transportado para aquele lugar. Os 
antígenos proteicos são 
endocitados pelas células B. 
3. As células T auxiliares ativadas por 
antígeno de células B migram e 
interagem nas extremidades dos 
folículos, onde a resposta inicial dos 
anticorpos se desenvolve. A 
ativação de células B começa a se 
mover para fora dos folículos em 
direção às células T. 
4. Algumas das células migram de 
volta para dentro dos folículos para 
formar centros germinais, em que 
as respostas mais especializadas 
de anticorpos são induzidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A migração das células B e T dependem da 
redução da expressão do receptor para a 
quimiocinas CCR7, que reconhece 
quimiocinas produzidas na Zona de células 
T, e aumentam a expressão do receptor de 
quimiocina CXCR5, que promove a 
migração aos folículos das células b. Já as 
células B ocorre o contrário, reduzem a 
expressão de CXCR5 e aumentam a 
expressão de CCR7. Algumas das células T 
auxiliares ativadas expressam altos níveis 
do receptor de quimiocina CXCR5, que atrai 
essas células T para os folículos 
adjacentes. As células T CD4+ que migram 
para os folículos ricos em células B são 
chamadas de células T auxiliares foliculares 
(Tfh). As células Tfh podem secretar 
citocinas, como (IFN)-γ, interleucina IL-4 ou 
IL-17, que são características dos 
subgrupos Th1, Th2 e Th17. Assim, essas 
células ativadas migram entre si e 
encontram-se na extremidade dos folículos 
linfoides ou nas áreas interfoliculares. 
Apresentação de antígenos pelas células 
B às células T auxiliares 
A membrana Ig do linfócito B é um receptor 
que tem alta afinidade que possibilita se 
ligar ao antígeno. Assim, o antígeno, ao se 
ligar nesse receptor, sofre Endocitose e é 
enviado para as últimas vesículas 
endossômicas e lisossomas, nas quais as 
proteínas são processadas em peptídeos 
que se ligam às moléculas do MHC classe 
II. As células B e células T auxiliares são 
específicas para o mesmo antígeno, mas as 
células B reconhecem os epítopos nativos 
(conformacionais), e as células T auxiliares 
reconhecem os fragmentos de peptídeos do 
antígeno ligado a moléculas de MHC classe 
II e são ativadas para expressar o ligante 
CD40. 
 
 
 
As células B são capazes de ativar 
previamente células T efetoras 
diferenciadas, mas são ineficientes para 
iniciar as respostas das células T imaturas. 
Com isso, se conclui que as células B 
foliculares são APC para células T 
efetoras. 
Ativação e proliferação de linfócitos B T-
dependentes 
O CD40L expresso nas células T auxiliares 
ativadas liga-se ao CD40 nos linfócitos B. O 
envolvimento do CD40 fornece sinais para 
as células B que estimulam a proliferação 
(expansão clonal) e para a síntese e a 
secreção de anticorpos. Ao mesmo tempo, 
as citocinas produzidas pelas células T 
auxiliares se ligam aos receptores de 
citocina nos linfócitos B e estimulam 
maiores proliferações de células B e 
produção de Ig. A necessidade da interação 
de CD40L-CD40 assegura que apenas os 
linfócitos T e B em contato físico se 
envolvam nas interações produtivas. 
Assim, os linfócitos B sofrem diferenciação 
em plasmócitos. 
 
 
 
As células T auxiliares também 
estimulam a troca de classe de cadeia 
pesada e a maturação da afinidade, que 
são, em geral, encontradas nas 
respostas de anticorpos aos antígenos 
proteicos dependentes de T. 
Centro germinativo 
As células plasmáticas geradas nestes 
focos extrafoliculares (resposta humoral 
inicial) são tipicamente de vida curta e 
produzem anticorpos por poucas semanas, 
e poucas células B de memória são 
geradas. Então, as células B que foram 
ativadas por células T auxiliares na borda 
de um folículo primário migram para dentro 
do folículo e proliferam (resposta humoral 
tardia), formando a zona escura do centro 
germinativo. Células do centro germinativo 
central B sofrem grande mudança de isotipo 
e a mutação somática de genes de Ig, e 
migram para dentro da zona clara, em que 
as células B com receptores de Ig de alta 
afinidade são selecionados para sobreviver, 
e eles diferenciam-se em células 
plasmáticas ou células de memória, que 
deixam o centro germinativo. 
 
Mudança de isotipo (classe) da cadeia 
pesada 
O processo de troca de isotipo aumenta. A 
troca de isotipo de cadeia pesada é iniciada 
pela combinação de sinais mediados por 
CD40L e citocinas. As citocinas produzidas 
pelas células T foliculares determinam qual 
isotipo da cadeia pesada dos anticorpos é 
produzido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na ausência de CD40 ou CD40L, as células 
B secretam apenas IgM e deixam de trocar 
para outros isotipos, indicando o papel 
essencial deste par de ligante-receptor na 
troca de classe. 
Respostas a antígenos T independentes 
Os polissacarídeos, lipídeos e outros 
antígenos não proteicos provocam 
respostas de anticorpos sem a participação 
das células T auxiliares, visto que esses 
compostos não são capazes de se ligar a 
moléculas de MHC. 
Como os antígenos polissacarídeos e 
lipídeos frequentemente contêm variedades 
multivalentes do mesmo epítopo, esses 
antígenos são capazes de realizar uma 
ligação cruzada com diversos receptores de 
antígenos em uma célula B específica quepode ativar as células B com intensidade 
suficiente para estimular sua proliferação e 
diferenciação sem necessidade das células 
T auxiliares. Polissacarídeos também 
ativam o sistema complemento, e muitos 
antígenos T-independentes engajam TLR, 
causando a ativação de sinais para as 
células B que também promovem ativação 
de célula B na ausência de célula T auxiliar. 
Esses sinais induzem a expansão clonal da 
célula B e secreção de IgM. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resposta: primária X secundária 
 
Os anticorpos são produzidos após a 
estimulação dos linfócitos B por antígenos 
nos órgãos linfoides periféricos e nos 
tecidos dos locais de inflamação, podendo 
se diferenciar ou em células de memória ou 
em células plasmáticas secretoras de 
anticorpos. 
Essas células plasmáticas sintetizam e 
secretam anticorpos de diferentes isotipos 
de cadeia pesada (classes) que entram no 
sangue, de onde podem alcançar qualquer 
local periférico de infecção e entrar nas 
secreções das mucosas, nas quais eles 
impedem as infecções por microrganismos 
que tentam entrar através de epitélios. 
Os anticorpos protetores são produzidos 
durante a primeira resposta (principal) a um 
microrganismo e em maiores quantidades 
durante as respostas subsequentes 
(secundárias). A produção de anticorpos 
começa na primeira semana após a 
infecção ou vacinação. As células 
plasmáticas que migram para a medula 
óssea continuam produzindo anticorpos por 
meses ou anos. Se o microrganismo tentar 
infectar o hospedeiro novamente, os 
anticorpos secretados continuamente 
fornecem proteção imediata. Algum dos 
linfócitos B estimulados pelo antígeno 
diferenciam-se em células de memória, que 
não secretam anticorpos, mas estão prontos 
para responder se o antígeno aparecer 
novamente. Ao encontrar com o 
microrganismo, estas células de memória 
diferenciam-se rapidamente em células 
produtoras de anticorpos, proporcionando 
grande explosão de anticorpos para obter 
defesa mais eficaz contra a infecção. O 
objetivo da vacinação é estimular o 
desenvolvimento de células plasmáticas e 
células de memória de longa duração. 
Órgãos linfoides periféricos: linfonodos, 
baço, tecidos linfoides da mucosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anticorpo = Imunoglobulina (Ig) = 
gamaglobulina 
 Fab – porção variável do anticorpo 
(cadeia leve); se liga ao antígeno e 
muda de um anticorpo para outro. 
Bloqueia os efeitos prejudiciais de 
microrganismos e toxinas. 
 Fc – porção constante do anticorpo 
(cadeia pesada); ativa vários 
mecanismos efetores que eliminam 
microrganismos e toxinas. Entre 
esses mecanismos está a 
participação de fagócitos e sistema 
complemento. As porções Fc 
contêm os sítios de ligação para os 
 
receptores de Fc em fagócitos e 
para as proteínas do complemento. 
A ligação dos anticorpos ao Fc e 
aos receptores do complemento 
ocorre apenas depois que várias 
moléculas de Ig reconhecem e se 
ligam a um microrganismo ou 
antígeno microbiano. Este recurso 
de anticorpos assegura a ativação 
de mecanismos efetores somente 
quando necessários, ou seja, 
quando reconhecem seu antígeno – 
alvo. A troca de isotipo e a 
maturação de afinidade são duas 
alterações que ocorrem nos 
anticorpos após os linfócitos B 
estimulados com antígenos. 
o Troca de isotipo 
 -A troca de isotipo de cadeia 
pesada (ou troca de classe) é o processo 
pelo qual o isotipo dos anticorpos 
produzidos em resposta a antígeno muda 
enquanto a resposta humoral prossegue. 
Isso resulta na produção de anticorpos com 
regiões Fc distintas, capazes de diferentes 
funções efetoras. Esta alteração aumenta a 
capacidade dos anticorpos de se ligarem e 
neutralizar ou eliminar microrganismos. 
o Maturação de afinidade 
- A maturação da afinidade é 
induzida pela estimulação 
prolongada ou repetida pelos 
antígenos proteicos, e isso 
conduz à produção de 
anticorpos com afinidade cada 
vez mais elevada para o 
antígeno. A maturação da 
afinidade é o processo pelo qual a 
afinidade dos anticorpos pelos 
antígenos proteicos aumenta 
devido a uma exposição 
prolongada ou repetida aos 
antígenos. O processo se inicia 
com sinais das células Tfh, 
resultando na migração das 
células B para os folículos e 
formação de centros germinativos. 
Nessa situação, as células B 
proliferam rapidamente e seus 
genes Ig V sofrem mutações 
somáticas extensas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Opsonização: processo de revestimento de 
partículas para subsequente fagocitose, 
sendo as moléculas que revestem os 
microrganismos e aumentam sua fagocitose 
são chamadas de opsoninas. 
Sistema complemento: é acionado quando 
IgM ou certas subclasses de IgG se ligam a 
antígenos, ativando a via clássica na 
resposta humoral. As regiões Fc adjacentes 
dos anticorpos se tornam acessíveis e se 
ligam a proteína C1 do complemento. O C1 
anexado, torna-se enzimaticamente ativo, 
clivando outras proteínas até alcançar a 
 
clivagem de C3 que leva a opsonização e 
inflamação. 
A mudança para o isotipo IgG prolonga o 
tempo durante o qual um anticorpo 
permanece no sangue e, portanto, aumenta 
a atividade funcional do anticorpo. A IgG 
tem meia-vida incomumente longa devido a um 
mecanismo especial envolvendo um receptor Fc 
em particular.

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