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Agonistas e antagonistas colinérgicos

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@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
1 
A acetilcolina (Ach) atua como 
neurotransmissor em diferentes tipos 
de receptores colinérgicos. 
São eles: receptores pré-ganglionares 
tanto do sistema nervoso autônomo 
(SNA) simpático como parassimpático; 
receptores pós-ganglionares do SNA 
parassimpático e em alguns do 
simpático; receptores pré e pós-
sinápticos no sistema nervoso central 
(SNC); e receptores pós-juncionais 
da junção neuromuscular. 
 
Os receptores colinérgicos são 
classificados em muscarínicos e 
nicotínicos. 
Estas denominações advêm de 
estudos dos efeitos colinérgicos 
obtidos com o emprego dos 
alcaloides muscarina (obtido de um 
cogumelo) e nicotina (encontrada em 
um arbusto). 
Os agonistas e antagonistas 
colinérgicos têm como ação principal 
estimulação ou bloqueio das células 
efetoras (pós-ganglionares) do SNA 
parassimpático, respectivamente. 
Assim, drogas que produzem 
respostas semelhantes àquelas obtidas 
após estimulação do SNA 
parassimpático são denominadas 
colinérgicas, colinomiméticas ou 
parassimpatomiméticas. 
Neste grupo também estão incluídos 
a Ach e vários ésteres da colina 
intimamente relacionados, os quais são 
agonistas muscarínicos e/ou 
nicotínicos. 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
2 
Dentre as substâncias colinomiméticas, 
encontram-se também os agentes de 
ação indireta ou agentes 
anticolinesterásicos, que mimetizam as 
ações da Ach pela inibição da enzima 
colinesterase, responsável pela 
degradação da Ach. 
Por outro lado, há, também, drogas 
antagonistas ou bloqueadores de 
receptores colinérgicos muscarínicos, 
denominados anticolinérgicas ou 
parassimpatolíticos, ou ainda, mais 
especificamente, antimuscarínicos. 
As drogas colinérgicas mimetizam os 
efeitos da estimulação dos neurônios 
colinérgicos, atuando diretamente em 
receptores da Ach, por isto são 
denominadas de drogas colinérgicas 
de ação direta. 
Classificação 
As drogas colinérgicas de ação direta 
podem ser classificadas, segundo sua 
estrutura química em dois grupos: 
(a) alcaloides naturais e análogos 
sintéticos e (b) ésteres da colina. 
Alcaloides naturais e análogos sintéticos 
É um alcaloide presente no cogumelo 
Amanita muscaria e espécies 
relacionadas. 
Foi o agente utilizado para 
caracterizar o receptor muscarínico. 
Apresenta absorção mais limitada. 
É um alcaloide encontrado nas folhas 
de arbustos do gênero Pilocarpus, 
característico da América do Sul. 
 
É o alcaloide obtido das nozes de 
betel, Areca catechu. 
 
É uma substância sintética utilizada 
como instrumento em pesquisa, para 
o estudo da ativação de receptores 
muscarínicos. 
É substância sintética com ação em 
receptores muscarínicos do subtipo 
M1. 
Ésteres da colina 
É o neurotransmissor endógeno das 
sinapses e junções neuroefetoras dos 
sistemas nervosos central e periférico. 
Não tem aplicação terapêutica devido 
à sua ação difusa e rápida hidrólise 
pela acetilcolinesterase (AchE) e 
butirilcolinesterase. 
Por estas razões, utilizam-se derivados 
sintéticos com ação mais seletiva e 
efeitos mais prolongados. 
A sua estrutura é um composto de 
amônio cuja ação no sistema nervoso 
central (SNC) é limitada. 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
3 
A ação da metacolina é mais 
prolongada porque ela é hidrolisada 
pela AchE em uma taxa mais lenta do 
que a Ach e é totalmente resistente 
à hidrólise pela colinesterase 
inespecífica ou butirilcolinesterase. 
Também denominado carbamilcolina, 
pois sua estrutura é um éster 
carbamílico da colina. 
É resistente à hidrólise pelas enzimas 
AChE e colinesterase inespecífica. 
Tanto o carbacol quanto o betanecol 
são ésteres carbamílicos não 
substituídos; são totalmente 
resistentes à hidrólise pela AchE ou 
butirilcolinesterase. 
Assim, suas meias-vidas são mais 
longas e podem ser distribuídos para 
áreas ou estruturas com pouca 
circulação sanguínea. 
Mecanismo de ação das drogas 
colinérgicas 
O mecanismo de ação dessas drogas 
depende do tipo e da localização dos 
receptores colinérgicos muscarínicos. 
Tais receptores são encontrados 
principalmente nas células efetoras 
autônomas inervadas pelos neurônios 
parassimpáticos pós-ganglionares, 
também estão presentes no cérebro, 
nos gânglios e em algumas células, 
como dos vasos sanguíneos. 
Esses receptores pertencem à família 
de receptores acoplados a proteínas 
G. 
Os subtipos de receptores são 
designados como: 
 M1 
Também conhecido como “neural” 
dada sua extensa distribuição no SNC 
no córtex e hipocampo. 
É também encontrado nos gânglios 
autonômicos, por esta razão, alguns 
autores o denominam receptor 
“ganglionar”. 
Também está localizado em células 
parietais gástricas. 
 M2 
É designado “cardíaco”, presente em 
átrios, tecido de condução, músculo 
liso, no SNC; na próstata está 
envolvido na contração. 
Está localizado tanto na pós-sinapse 
de células musculares quanto na pré-
sinapse de neurônios, nos quais regula 
a resposta colinérgica por reduzir a 
liberação de acetilcolina na fenda 
sináptica. 
Na localização pós-juncional, pode 
reduzir a habilidade de agonistas beta-
adrenérgicos (endógenos ou drogas) 
em diminuir o tônus das células 
musculares. 
 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
4 
 M3 
Ou “glandular”, parece estar presente 
em glândulas exócrinas, músculo liso e 
endotélio vascular. 
 M4 
Foi descrito no pulmão e no SNC 
(corpo estriado, córtex e hipocampo), 
olhos, pulmão e coração. 
É um receptor pré-sináptico 
e que faz autoinibição da liberação de 
acetilcolina em terminações nervosas. 
 M5 
Encontrado no SNC (substância negra 
e área tegmental ventral) e regula a 
liberação de dopamina na via 
mesolímbica. 
Os receptores M1 e M3 estão 
associados à proteína Gq que, por sua 
vez, ativa a fosfolipase C, responsável 
pela formação do segundo 
mensageiro, trifosfato de inositol (IP3). 
Os receptores M2 e M4 apresentam 
2 vias efetoras diferentes: a primeira 
pela inibição da adenilciclase (via 
proteína Gi/o), resultando em 
diminuição da síntese de cAMP, e a 
segunda através da proteína G, 
regulando a abertura de canais de 
potássio. 
Com relação às ações dos ésteres da 
colina e dos alcaloides colinomiméticos 
nos receptores muscarínicos, sabe-se 
que não existe seletividade desses 
compostos para os subtipos de 
receptores muscarínicos. 
Todavia, esta seletividade é 
encontrada em alguns antagonistas 
muscarínicos como a pirenzepina (M1) 
e a metoctramina (M2 e M4). 
Muscarina 
Foi o agente utilizado para inicialmente 
caracterizar o receptor muscarínico. 
 
 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
5 
Pilocarpina 
Esta droga apresenta tanto ações 
muscarínicas quanto nicotínicas, 
entretanto, atua predominantemente 
em receptores muscarínicos. 
Os efeitos da pilocarpina sobre 
glândulas são particularmente 
pronunciados, induzindo aumento da 
secreção de saliva e sudorese, além 
de aumento da secreção brônquica. 
Este composto apresenta efeitos 
discretos sobre o coração e o 
sistema gastrintestinal (SGI). 
Todavia, produz contração intensa do 
músculo liso da íris, e por essa razão 
é amplamente empregado no 
tratamento do glaucoma. 
Arecolina 
Atua tanto em receptores 
muscarínicos como em nicotínicos. 
Oxotremorina 
É uma droga sintética, utilizada como 
instrumento em pesquisa para o 
estudo da ativação de receptores 
muscarínicos do subtipo M1. 
McN-A-343 
Substância sintética com ação em 
receptores muscarínicos M1. 
Carbacol 
Atua tanto em receptores 
muscarínicos quanto em nicotínicos, 
principalmente nos gânglios 
autonômicos. 
Metacolina 
Apresentaação nicotínica discreta e 
atua preferencialmente em 
receptores muscarínicos. 
Betanecol 
Atua predominantemente em 
receptores muscarínicos, com alguma 
seletividade no SGI e na motilidade 
vesical. 
Efeitos farmacológicos 
Os efeitos dos agonistas colinérgicos 
muscarínicos equivalem aos efeitos 
dos impulsos nervosos 
parassimpáticos pós-ganglionares, 
diferindo muito mais na potência do 
que na seletividade entre os 
diferentes subtipos de receptores 
muscarínicos. 
De modo geral, tanto os alcaloides 
naturais ou sintéticos como os ésteres 
da colina apresentam ações 
farmacológicas bastante similares 
Músculo liso 
Promovem aumento da musculatura 
lisa e relaxamento de esfíncteres de 
todo organismo animal. 
Assim, observa-se no sistema 
gastrintestinal aumento do tônus e da 
motilidade; há também contração da 
vesícula biliar. 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
6 
O uso de altas doses provoca 
espasmo pronunciado e tenesmo. 
Observa-se ainda aumento da 
atividade secretora do SGI. 
O aumento da motilidade pode ser 
acompanhado de náuseas, eructações, 
vômitos, cólicas intestinais e 
defecação. 
No sistema urinário observa-se 
contração da bexiga e ureteres. 
Os ésteres da colina aumentam a 
peristalse uretral, contraem o músculo 
detrusor da bexiga, aumentam a 
pressão miccional voluntária máxima e 
reduzem a capacidade vesical. 
Além disso, o trígono e o esfíncter 
externo são relaxados. 
Na musculatura brônquica observam-
se broncoconstrição e aumento da 
secreção das glândulas 
traqueobrônquicas. 
A pilocarpina, quando aplicada 
topicamente no olho, causa constrição 
pupilar, espasmo da acomodação e 
elevação transitória da pressão 
intraocular, seguida de uma redução 
mais persistente. 
A miose dura de poucas horas até 24 
h, porém o efeito sobre a 
acomodação visual desaparece em 
cerca de 2 h. 
Glândulas 
Esses compostos produzem estímulo 
da secreção de glândulas sudoríparas, 
lacrimais, brônquicas, salivares e de 
todo sistema digestório. 
A muscarina, a pilocarpina e a 
arecolina são diaforéticos (sudoríficos) 
potentes. 
Sistema cardiovascular 
A Ach produz quatro efeitos principais 
no sistema cardiovascular: 
vasodilatação, redução da frequência 
cardíaca (efeito cronotrópico 
negativo), diminuição da taxa de 
condução nos tecidos especializados 
dos nodos sinoatrial (SA) e 
atrioventricular (AV) (efeito 
dromotrópico negativo) e redução da 
força de contração cardíaca (efeito 
inotrópico negativo). 
Considerando, em particular, a 
atuação no SNA parassimpático, os 
efeitos cardiovasculares mais 
proeminentes que ocorrem após 
administração intravenosa de Ach 
consistem em queda pronunciada e 
fugaz (pois é rapidamente hidrolisada 
pelas colinesterases plasmáticas) da 
pressão arterial e bradicardia, mesmo 
em doses extremamente pequenas 
Os ésteres da Ach produzem 
dilatação em quase todos os leitos 
vasculares, incluindo o pulmonar e o 
coronariano, devido a suas ações em 
receptores muscarínicos, 
principalmente do subtipo M3, que 
quando estimulados induzem à 
liberação de óxido nítrico. 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
7 
Estes efeitos típicos das drogas 
colinérgicas de ação direta podem, 
em parte, ser mascarados pelos 
mecanismos compensatórios, 
conduzindo, por exemplo, à 
taquicardia compensatória. 
SNC 
A Ach é uma amina terciária, que 
possui um átomo de nitrogênio 
carregado positivamente e, deste 
modo, praticamente não atravessa a 
barreira hematencefálica. 
Entretanto, a administração 
intracerebroventricular de Ach produz 
aumento da excitabilidade e podem 
ocorrer convulsões. 
A injeção intravenosa de pilocarpina, 
muscarina e arecolina produz ativação 
cortical em gatos, semelhante àquela 
observada após injeção de Ach ou 
estimulação da formação reticular do 
tronco cerebral. 
Usos terapêuticos 
O uso das drogas colinérgicas de ação 
direta visando a efeitos terapêuticos 
(como medicamento) é relativamente 
limitado em Medicina Veterinária. 
Pilocarpina 
Medicamento padrão no tratamento 
do glaucoma, usa-se solução aquosa 
0,5 a 4,0%, no tratamento do 
glaucoma de ângulo aberto. 
A redução da pressão intraocular 
ocorre dentro de poucos minutos e 
persiste por 4 a 8 h. 
Deve-se ter cautela quando houver 
risco de descolamento da retina. 
A pilocarpina atua no músculo liso do 
olho, contraindo a pupila (miose), 
aumentando a drenagem do humor 
aquoso e reduzindo a pressão 
intraocular. 
Algumas formas desta doença podem 
ser aliviadas pela administração de 
pilocarpina e anticolinesterásicos, 
embora a associação da pilocarpina 
com timolol, um bloqueador 
adrenérgico, seja também utilizada, 
havendo, inclusive, formulações 
comerciais com as duas drogas 
combinadas. 
Carbacol 
Tem sido empregado a 0,01% para 
produzir miose durante cirurgia ocular. 
Para a terapia prolongada do 
glaucoma de ângulo aberto não 
congestivo, utiliza-se o carbacol a 0,75 
a 3%. 
O carbacol reduz a pressão 
intraocular em pacientes que se 
tornaram resistentes aos efeitos da 
pilocarpina ou do anticolinesterásico 
fisostigmina. 
Betanecol 
É utilizado por via oral, para estimular 
a contração da bexiga e do sistema 
geniturinário (SG). 
Assim, é indicado no tratamento da 
retenção urinária e esvaziamento 
incompleto da bexiga, quando não 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
8 
houver obstrução mecânica, como 
ocorre nas retenções urinárias pós-
operatória e pós-parto e em alguns 
casos crônicos de bexiga hipotônica, 
miogênica ou neurogênica. 
Após administração do betanecol 
esses efeitos duram em média 1 h. 
Sugere-se que receptores M2 podem 
se opor ao relaxamento da bexiga 
mediado pelo simpático, e que, 
adicionalmente, em bexiga de animais 
são estes os receptores responsáveis 
pela inibição muscarínica pré-juncional 
Metacolina 
Tem sido empregada no diagnóstico 
da hiperreatividade brônquica e como 
modelo de estudos de asma. 
Também é utilizada para aumentar a 
motilidade gastrintestinal e atenuar a 
retenção urinária após anestesia ou 
vagotomia. 
Arecolina 
Foi utilizada como anti-helmíntico em 
cães e gatos, sendo substituída por 
outros agentes mais eficientes. 
Cevimelina 
A cevimelina, agonista de receptores 
M3 localizados em glândulas salivares e 
lacrimais, também é um composto de 
amônio capaz de aumentar secreções 
em xerostomia e pacientes com 
síndrome de Sjögren, uma condição 
que afeta o sistema imune e causa 
secura de olhos e boca. 
Efeitos colaterais e 
contraindicações 
Os efeitos colaterais das drogas 
colinérgicas de ação direta são 
essencialmente caracterizados pela 
exacerbação do SNA parassimpático. 
Assim, observam-se mais 
frequentemente sudorese, cólicas 
abdominais, eructações, dificuldade de 
acomodação visual, aumento da 
secreção salivar e lacrimal. 
São contraindicadas em pacientes 
com obstrução intestinal ou urinária. 
Os portadores de asma brônquica 
podem ter as crises precipitadas 
devido às ações broncoconstritoras. 
A hipotensão e a bradicardia induzidas 
por estas drogas podem reduzir o 
fluxo coronariano em pacientes com 
insuficiência coronariana, podendo 
levar o animal à morte. 
A secreção de ácido clorídrico 
produzido pelos colinomiméticos pode 
agravar os sintomas de úlcera péptica, 
sendo, portanto, contraindicados em 
pacientes com esta enfermidade. 
Estas drogas também são 
contraindicadas durante a gestação, 
pois podem aumentar a motilidade 
uterina. 
Em caso de efeitos colaterais graves, 
deve-se administrar sulfato de atropina 
(0,5 a 1,0 mg/kg) por via subcutânea 
ou intravenosa. 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
9 
A epinefrina (0,3 a 1,0 mg/kg)por via 
subcutânea (SC) pode ser associada 
para controlar as alterações 
cardiovasculares e o broncospasmo. 
Estas drogas não atuam em 
receptores colinérgicos, como as 
drogas de ação direta, mas inibem a 
enzima que degrada a Ach, 
permitindo que esse neurotransmissor 
permaneça ativo para atuar em 
receptores colinérgicos. 
A Ach é hidrolisada por enzimas 
denominadas, genericamente, 
colinesterases. 
 
Estas enzimas interrompem as ações 
da Ach nas junções das terminações 
colinérgicas com seus órgãos 
efetores ou sítios pós-sinápticos. 
As drogas que inibem as 
colinesterases são denominadas 
anticolinesterásicos e provocam 
acúmulo de Ach junto aos receptores 
colinérgicos e, deste modo, são 
potencialmente capazes de produzir 
efeitos equivalentes à estimulação 
excessiva destes receptores no SNC, 
SNA e na junção neuromuscular. 
As colinesterases podem ser de dois 
tipos, de acordo com a especificidade 
para o substrato e distribuição nos 
diferentes órgãos. 
A colinesterase presente no SNC 
(medula espinal, principalmente nos 
gânglios da raiz dorsal), nas fibras pré-
ganglionares do SNA simpático e 
parassimpático, nas fibras motoras 
somáticas que inervam glândulas 
sudoríparas e na membrana dos 
eritrócitos possui maior afinidade pela 
Ach do que pelos outros ésteres e 
alcaloides colinomiméticos; esta é 
denominada acetilcolinesterase 
(AChE), colinesterase verdadeira ou 
eritrocitária. 
É sintetizada no corpo celular dos 
neurônios e transportada pelo axônio 
até a terminação nervosa. 
A colinesterase encontrada no plasma, 
chamada de pseudocolinesterase, falsa 
colinesterase, colinesterase plasmática 
ou ainda de butirilcolinesterase (BChE), 
por apresentar maior afinidade pela 
hidrólise dos análogos da colina, é 
sintetizada principalmente no fígado. 
Classificação 
Todos os agentes anticolinesterásicos 
inibem tanto a acetilcolinesterase 
como a pseudocolinesterase, embora 
nem sempre na mesma extensão. 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
10 
Os efeitos farmacológicos 
característicos destas drogas são 
devidos à inibição da 
acetilcolinesterase. 
Os anticolinesterásicos podem ser 
divididos em 2 grupos: inibidores 
reversíveis das colinesterases 
(agentes de curta duração) e 
inibidores irreversíveis das 
colinesterases, os quais formam 
complexos estáveis com a enzima 
(agentes de longa duração). 
Inibidores reversíveis das colinesterases 
Estes agentes são antagonistas 
competitivos das colinesterases. 
É um alcaloide extraído da fava do 
calabar, Physostigma venenosum. 
É uma droga lipofílica que pode 
atravessar a barreira hematencefálica 
e produzir efeitos no SNC; é 
rapidamente absorvida pelo SGI, 
tecido subcutâneo e mucosas 
,
São anticolinesterásicos que têm 
dificuldade em atravessar a barreira 
hematencefálica. 
Apresentam algumas ações nicotínicas 
nos músculos esqueléticos, daí advém 
seu uso como medicamentos no 
tratamento da miastenia gravis 
(doença autoimune, na qual são 
produzidos anticorpos antirreceptores 
nicotínicos). 
O ambenônio é um agente de ação 
mais prolongada, enquanto a 
neostigmina tem ação mais curta. 
Estas drogas não são bem absorvidas 
por via oral, são destruídas e os 
metabólitos são eliminados pelos rins. 
É um inibidor reversível da 
colinesterase de curta duração (3 a 4 
min). 
É usado na espécie humana por via 
intravenosa (IV), para diferenciar os 
sintomas de uma crise colinérgica dos 
sintomas da miastenia gravis; em 
pacientes miastênicos, produz uma 
transiente melhora, enquanto em 
pacientes em crise colinérgica leva a 
uma transiente piora. 
Foi também descrito seu uso em 
ovelhas (0,5 mg/kg) para antagonizar 
os efeitos dos bloqueadores 
neuromusculares atracúrio ou 
mivacúrio. 
Um carbamato que é classificado 
como agente anticolinesterásico de 
segunda geração. 
É utilizado para o tratamento de 
pacientes com demência leve, 
moderada e grave, em particular na 
doença de Alzheimer. 
Inibe preferencialmente a 
colinesterase presente no SNC com 
duração intermediária (10 h). 
 
@STDSELVAGEM FARMACOLOGIA E TERAPÊUTICA 
II 
 
11 
É uma aminoacridina com ação 
anticolinesterásica; tem duração de 
efeito que varia de 4 a 6 h. 
É metabolizada pelo fígado, podendo 
causar elevação de transaminases 
(hepatotoxicidade), o que exige 
monitoramento laboratorial frequente. 
É um inibidor da colinesterase de 
ação prolongada, tipo piperidina. 
Atua preferencialmente na inibição da 
acetilcolinesterase e secundariamente 
sobre a pseudocolinesterase. 
 
É um alcaloide extraído de Galanthus 
nivalis que atua como 
anticolinesterásico e também como 
agonista nicotínico. 
No tratamento da doença de 
Alzheimer este medicamento produz 
ligeira melhora cognitiva. 
 
O inseticida carbarila, que é 
extensamente utilizado em produtos 
de jardinagem, inibe a colinesterase 
de forma idêntica à de outros 
inibidores carbamilantes; apresenta 
toxicidade baixa em relação à 
absorção dérmica. 
 
 
Inibidores irreversíveis das 
colinesterases 
Esta classe é formada por inúmeros 
agentes denominados genericamente 
de organofosforados. 
Inclui desde agentes denominados 
“gás dos nervos” (tabum, sarim e 
somam), empregados como arma 
química, até praguicidas usados na 
agropecuária, produtos domissanitários 
e medicamentos anti-helmínticos. 
Produzem fosforilação do sítio 
esterásico da acetilcolinesterase, 
formando uma ligação covalente e 
bastante estável, sendo por isto 
considerados inibidores não 
reversíveis das colinesterases. 
Os “gases dos nervos” estão entre os 
agentes sintéticos mais conhecidos 
que existem e são letais para animais 
de laboratório em baixas doses. 
A parationa apresenta baixa 
volatilidade e instabilidade em solução 
aquosa, disto decorre sua utilização 
como inseticida. 
Todavia, é responsável por mais 
casos de intoxicação acidental e óbito 
do que qualquer outro composto 
organofosforado. 
A malationa é outro inseticida que 
tem sido empregado na borrifação 
aérea contra moscas-das-frutas e 
mosquitos; pode ainda ser encontrado 
em diversos preparados 
dermatológicos utilizados para o 
tratamento da pediculose. 
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II 
 
12 
A dose letal para mamíferos é de 
cerca de 1 g/kg. 
Entre os compostos de amônio 
quaternário, apenas o ecotiofato tem 
utilidade clínica, para o tratamento de 
glaucoma; por apresentar uma carga 
positiva, este composto não é volátil e 
não penetra a pele com facilidade. 
Na maioria, os anticolinesterásicos 
irreversíveis são líquidos altamente 
lipossolúveis, que podem ser voláteis; 
são rapidamente absorvidos por 
diferentes vias: pele, mucosas dos 
sistemas digestório e respiratório. 
Após absorção a maioria dos 
organofosforados sofre a ação de 
enzimas fosforilfosfatases presentes 
em vários tecidos e são excretados 
quase totalmente como produtos de 
hidrólise na urina. 
Como estes agentes são altamente 
lipossolúveis, podem se depositar no 
tecido adiposo e retornar à circulação 
posteriormente. 
Mecanismo de ação dos 
anticolinesterásicos 
Carbamatos 
Os carbamatos se ligam tanto no local 
aniônico como esterásico da 
acetilcolinesterase. 
O edrôfonio produz a mais potente 
inibição transitória da enzima. 
Uma inibição prolongada da enzima é 
obtida com a fisostigmina e a 
piridostigmina, as quais se comportam 
como substrato. 
Os carbamatos têm também 
propriedade agonista, produzem 
dessensibilização e bloqueio do canal 
do receptor nicotínico. 
Assim, os carbamatos que contêm 
aminas quaternárias têm atividade 
anticolinesterásica e bloqueadora de 
receptores nicotínicos. 
Organofosforados 
Estes agentes inibem a colinesterase 
através da ligação covalente 
(fosforilação) como grupo hidroxila da 
serina presente no local esterásico da 
enzima; alguns organofosforados 
ligam-se em ambos os sítios ativos 
desta enzima. 
Certos agentes tornam-se ativos 
somente após biotransformação, 
como, por exemplo, a parationa, que 
é convertida a paraoxona sendo esta 
mais tóxica. 
Por outro lado, a malationa é um 
praguicida largamente utilizado e, após 
a biotransformação, resulta em 
produtos que são rapidamente 
metabolizados. 
Foi demonstrado que a parationa e a 
diazinona também reduzem a função 
de receptores M2 em concentrações 
que não inibem a acetilcolinesterase. 
Isto sugere que alguns 
organofosforados causam 
hiperreatividade de vias respiratórias 
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II 
 
13 
através de mecanismos dependentes 
de receptores muscarínicos, sem que 
a inibição da enzima seja necessária 
para a ocorrência de efeitos adversos. 
Efeitos farmacológicos 
Os efeitos farmacológicos dos 
anticolinesterásicos são consequência 
do acúmulo de Ach em todos os 
locais em que este neurotransmissor 
é liberado. 
Portanto, os efeitos são consequência 
da estimulação de receptores 
colinérgicos tanto muscarínicos como 
nicotínicos. 
Junção neuromuscular (JNM) 
Os anticolinesterásicos produzem 
aumento da contração da musculatura 
esquelética, dependente de 
receptores nicotínicos. 
Após inibição da acetilcolinesterase, o 
tempo de permanência da Ach na 
sinapse aumenta, permitindo a ligação 
do neurotransmissor aos múltiplos 
receptores colinérgicos nicotínicos. 
A estimulação excessiva resulta em 
prolongamento do decaimento do 
potencial de placa motora. 
Observa-se excitação assincrônica, 
bem como fibrilação das fibras 
musculares. 
Com inibição suficiente da 
acetilcolinesterase, a despolarização da 
placa motora predomina e ocorre 
bloqueio em virtude da despolarização 
excessiva. 
Os sinais clínicos são: fasciculação 
muscular e contração espasmódica. 
Os agentes anticolinesterásicos 
revertem o antagonismo causado 
pelos bloqueadores neuromusculares 
competitivos. 
Sistema gastrintestinal 
Os anticolinesterásicos promovem 
aumento das secreções do sistema 
gastrintestinal, contração da 
musculatura lisa e relaxamento dos 
esfíncteres. 
O efeito dos anticolinesterásicos sobre 
a motilidade intestinal representa uma 
combinação de ações sobre as células 
ganglionares do plexo de Auerbach e 
sobre as fibras musculares lisas, em 
consequência da preservação da Ach 
liberada pelas fibras colinérgicas pré e 
pós-ganglionares, respectivamente. 
Sistema respiratório 
Observam-se broncoconstrição e 
aumento das secreções, conduzindo a 
dispneia e respiração ruidosa. 
Sistema cardiovascular 
Os efeitos cardiovasculares dos 
anticolinesterásicos são complexos, 
pois refletem tanto os efeitos 
ganglionares quanto os pós-
ganglionares do acúmulo de Ach 
sobre o coração e vasos sanguíneos. 
Há tendência de predomínio do tônus 
do SNA parassimpático, conduzindo a 
bradicardia e vasodilatação, porém em 
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II 
 
14 
consequência de mecanismos 
compensatórios podem ocorrer 
episódios de taquicardia e 
vasoconstrição. 
Aliado a isto, a Ach liberada na adrenal 
promove a liberação de 
norepinefrina/epinefrina, responsáveis 
pelo predomínio do tônus do SNA 
simpático. 
Sistema nervoso central 
Os compostos terciários como 
fisostigmina e organofosforados 
apolares atravessam a barreira 
hematencefálica e produzem 
excitação, que pode resultar em 
convulsões, seguidas de depressão 
intensa com perda de consciência e 
insuficiência respiratória. 
Neurônios periféricos 
Alguns organofosforados podem 
produzir desmielinização com 
fraqueza muscular e perda sensorial. 
Esse efeito não ocorre com os 
anticolinesterásicos usados 
clinicamente. 
Olhos 
Quando aplicados diretamente no 
saco conjuntival, os 
anticolinesterásicos causam hiperemia 
da conjuntiva e contração do músculo 
esfíncter pupilar, causando miose, e 
do músculo ciliar, promovendo 
bloqueio do reflexo de acomodação, 
com consequente focalização para 
visão próxima. 
A pressão intraocular, quando elevada, 
costuma cair em decorrência da 
facilitação da drenagem do humor 
aquoso. 
Glândulas exócrinas 
Os anticolinesterásicos produzem 
aumento nas respostas secretoras das 
glândulas brônquicas, lacrimais, 
sudoríparas, salivares, gástricas, 
intestinais e pancreáticas acinares. 
Usos terapêuticos 
Os anticolinesterásicos que são 
rotineiramente utilizados em Medicina 
Veterinária são os organofosforados. 
Antiparasitários 
Em Medicina Veterinária, os 
organofosforados são empregados 
como anti-helmínticos e como 
ectoparasiticidas, em particular o 
triclorfom, indicado em ovinos, 
caprinos, equinos, suínos, aves, 
coelhos, cães e peixes. 
Glaucoma 
A fisostigmina e o ecotiopato (longa 
duração) podem ser empregados 
como colírios para provocar 
constrição da pupila e contração do 
músculo ciliar, resultando na drenagem 
do humor aquoso. 
Entretanto, podem aparecer efeitos 
colaterais sistêmicos de acordo com a 
dose utilizada. 
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II 
 
15 
Estes agentes podem ser instilados no 
saco conjuntival em intervalos que 
podem variar de 12 a 48 h. 
Ambos reduzem a pressão intraocular 
no máximo por um dia, mas tendem 
a predispor ao aparecimento de 
catarata com o uso prolongado. 
Miastenia gravis 
Doença que se caracteriza por 
fraqueza progressiva da musculatura 
esquelética, resultando na paralisia 
neuromuscular. 
Sua etiologia resulta da resposta 
autoimune contra o receptor 
nicotínico da junção neuromuscular. 
Neste caso, os agentes de curta 
duração, neostigmina e piridostigmina, 
são usados para diminuir a 
degradação da Ach, que pode então 
atuar nos receptores nicotínicos 
remanescentes e, consequentemente, 
aumentar a transmissão muscular 
interrompida. 
Reversão do bloqueio neuromuscular 
Os anticolinesterásicos de curta 
duração como edrofônio, neostigmina 
e piridostigmina podem ser usados 
para reverter o bloqueio 
neuromuscular induzido por agentes 
bloqueadores competitivos da junção 
neuromuscular, devido ao 
antagonismo competitivo que se 
estabelece entre a Ach e o agente 
bloqueador neuromuscular atuando 
em receptores nicotínicos da junção 
neuromuscular. 
Íleo paralítico e atonia de bexiga 
Em ambas as condições, a 
neostigmina é o agente mais 
satisfatório. 
A neostigmina é usada para aliviar a 
distensão abdominal causada por 
diversas situações médicas e 
cirúrgicas. 
Doença de Alzheimer 
Esta doença é caracterizada por 
deficiência funcional de neurônios 
colinérgicos no SNC (levando à perda 
de memória), concomitante à 
deposição de proteína beta amiloide e 
acúmulo da proteína tau. 
Verificou-se que a fisostigmina e a 
tacrina (anticolinesterásico de ação 
prolongada) podem ser usadas nos 
estágios iniciais da doença para 
melhora da memória. 
A tacrina deve ser administrada 4 
vezes/dia e produz efeitos colaterais 
intensos, como náuseas, espasmos 
abdominais e hepatotoxicidade em 
alguns pacientes. 
Outro anticolinesterásico, a donepezila, 
também comercializado no Brasil, 
parece induzir menos efeitos 
adversos em pacientes com 
demência, mas arritmias foram 
relatadas em alguns estudos. 
Efeitos colaterais e/ou tóxicos 
Estes efeitos são consequência do 
acúmulo de Ach em todas as 
terminações nervosas colinérgicas e, 
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II 
 
16 
portanto, observam-se tanto efeitos 
característicos da excessiva 
estimulação de receptores 
muscarínicos como nicotínicos. 
Tratamento da intoxicação 
Os efeitos muscarínicos podem ser 
controlados com doses adequadas de 
agentes antimuscarínicos,como a 
atropina. 
Nas intoxicações por 
organofosforados podem ser utilizados 
também os reativadores das 
colinesterases: as oximas, sendo a 
pralidoxima uma das mais utilizadas.. 
As oximas podem deslocar a ligação 
dos organofosforados junto ao local 
esterásico, estabelecendo-se uma 
ligação oxima-organofosforado, 
reativando a enzima. 
No entanto, a efetividade do 
tratamento depende do emprego 
precoce da oxima logo após a 
exposição ao organofosforado e do 
local esterásico da enzima (quanto 
mais estável, mais difícil torna-se a 
reativação enzimática). 
As oximas não são eficazes para 
antagonizar a intoxicação por 
inibidores carbamil éster (os 
carbamatos) que têm uma hidrólise 
mais rápida e, considerando que a 
própria pralidoxima possui atividade 
anticolinesterásica fraca, não são 
recomendados para o tratamento da 
superdosagem de neostigmina ou 
fisostigmina e são contraindicadas na 
intoxicação por carbarila. 
Nesta classe de medicamentos serão 
estudados os agentes 
antimuscarínicos ou 
parassimpatolíticos, que antagonizam 
competitivamente a Ach em seus 
receptores. 
O principal uso clínico é como 
relaxante da musculatura lisa dos 
brônquios, dos sistemas urinário e 
digestório, como midriáticos e como 
antídoto em altas doses de 
colinomiméticos ou na intoxicação por 
organofosforados. 
Classificação 
Antimuscarínicos de ocorrência natural 
Os principais compostos que 
pertencem a esta classificação são a 
atropina e a escopolamina. 
É um alcaloide extraído das 
solanáceas, como a Atropa belladona, 
o Hyoscyamus niger e a Datura 
stramonium. 
É também um alcaloide encontrado 
nas mesmas plantas que a atropina, 
mas difere por apresentar um átomo 
de oxigênio a mais em sua molécula. 
Esses compostos são também 
denominados alcaloides da beladona. 
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II 
 
17 
Análogos sintéticos dos antimuscarínicos 
Os agentes sintéticos incluem drogas 
estruturalmente relacionadas à 
atropina. 
É um composto semissintético 
produzido pela combinação da base 
tropina com ácido mandélico. 
É menos potente que a atropina com 
relação à atividade antimuscarínica, 
mas é quatro vezes mais potente 
como agente bloqueador ganglionar. 
É um composto que difere da 
atropina por ter atividade bloqueadora 
ganglionar muito elevada em relação 
a sua ação antimuscarínica. 
É quimicamente semelhante à 
metantelina, no entanto, é de duas a 
cinco vezes mais potente. 
É uma das drogas antimuscarínicas 
mais utilizadas. 
Em doses muito altas, ocorre bloqueio 
da junção neuromuscular esquelética. 
, ,
São compostos derivados da atropina. 
Produzem efeitos semelhantes aos da 
atropina quando ambos são 
administrados por via parenteral, mas 
na clínica são usados por via inalatória 
como broncodilatadores. 
,
São compostos antimuscarínicos. 
Esses medicamentos são preferíveis 
aos alcaloides da beladona, pois sua 
ação é mais curta. 
Podem atravessar a barreira 
hematencefálica. 
É um antimuscarínico seletivo para 
receptores do tipo M1. 
É um análogo da pirenzepina que 
apresenta maior potência e 
seletividade para os receptores M1. 
É um derivado que vem sendo 
empregado na pré-anestesia em 
Medicina Veterinária. 
É uma droga bloqueadora 
neuromuscular portanto, que bloqueia 
receptores nicotínicos, além de atuar 
como antagonista muscarínico do 
subtipo M2. 
É um antagonista seletivo para o 
subtipo M4 com efeitos 
predominantes no SNC. 
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II 
 
18 
Assim, é utilizada para identificar 
receptores M4 em estudos 
experimentais 
É um antagonista de receptores 
muscarínicos, que foi especificamente 
desenvolvido para o tratamento de 
pacientes com bexiga hiperativa que 
apresentam frequência, urgência ou 
incontinência urinária. 
É um antagonista sem especificidade, 
que se liga aos subtipos de 
receptores muscarínicos com a 
mesma afinidade. 
O AF-DX 116 ou otenzepado é um 
análogo da pirenzepina que apresenta 
grande afinidade por receptores M2 
cardíacos. 
A metoctramina é mais potente que 
o AF-DX 116 nos receptores M2 e é 
altamente seletiva para os mesmos. 
O hexa-hidrosiladifenidol e 4-DAMP 
são os compostos que possuem 
maior seletividade para os receptores 
M3. 
Mecanismo de ação 
Os alcaloides de ocorrência natural e 
seus análogos sintéticos são também 
denominados antimuscarínicos, ou 
agentes bloqueadores muscarínicos, 
porque atuam competitivamente, 
bloqueando as ações da Ach tanto 
em receptores muscarínicos centrais 
(quando atravessam a barreira 
hematencefálica) como em 
receptores muscarínicos periféricos. 
Os anticolinérgicos, como a atropina e 
a escopolamina, competem com a 
Ach por todos os subtipos de 
receptores muscarínicos, de M1 a M4. 
Outras drogas podem discriminar os 
subtipos de receptores, como, por 
exemplo, pirenzepina e diciclomina, 
que apresentam alta seletividade para 
bloquear receptores do tipo M1. 
Ainda, baixas doses de ipratrópio em 
cães inicialmente podem reduzir o 
diâmetro das vias respiratórias por 
bloqueio neuronal de receptores M2, 
enquanto doses altas bloqueiam 
receptores M3 em músculos lisos de 
vias respiratórias, resultando em 
broncodilatação. 
Outras drogas que bloqueiam 
receptores muscarínicos incluem os 
antidepressivos, neurolépticos e anti-
histamínicos. 
Em doses terapêuticas, estes agentes 
produzem efeitos semelhantes à 
atropina 
Farmacocinética 
Os alcaloides da beladona são 
absorvidos rapidamente pelo sistema 
gastrintestinal, mas também alcançam 
a circulação quando aplicados 
topicamente nas mucosas. 
Os derivados dos alcaloides da 
beladona são pouco absorvidos após a 
administração oral; no entanto, alguns 
compostos aplicados topicamente nos 
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II 
 
19 
olhos podem causar cicloplegia e 
midríase, característica que permite 
seu uso em exames e tratamentos 
de algumas enfermidades oftálmicas. 
A meia-vida (t1/2) da atropina é de 
aproximadamente 4 h. 
A biotransformação hepática é 
responsável pela eliminação de cerca 
de 50% da dose, enquanto o restante 
é excretado inalterado na urina. 
Traços de atropina podem ser 
encontrados em várias secreções, 
inclusive no leite humano. 
Os compostos com estrutura de 
amônio quaternário, como o ipratrópio 
ou a metescopolamina, têm absorção 
reduzida, entre 10 e 25%, e 
imprevisível após a administração oral. 
Esses compostos praticamente não 
atravessam a barreira hematencefálica. 
Entretanto, suas ações são um pouco 
mais prolongadas do que os alcaloides 
da beladona. 
Tanto o ipratrópio como o tiotrópio 
têm alto clearance em cães e ratos, 
cerca de 87 a 150 ml/min x kg–1, e são 
extensivamente distribuídos em vários 
tecidos, tendo volume de distribuição 
entre 3 e 15 l/kg. 
A meia-vida de eliminação do tiotrópio 
ou ipratrópio em ratos, após uma 
dose intravenosa, é de 21 a 24 h, que 
é maior do que a meia-vida plasmática 
correspondente (6 a 8 h). 
A metescopolamina atua por 6 a 8 h. 
A duração das ações da metantelina e 
da propantelina são um pouco 
maiores do que a da atropina e os 
efeitos das doses terapêuticas 
persistem por 6 h. 
A farmacocinética da tolterodina é 
similar em camundongos e cães, e 
correlacionada com a de humanos, 
porém a metabolização é diferente 
em ratos. 
Nessas três espécies animais, a 
concentração sérica máxima é obtida 
uma hora após a administração, e a 
bioviabilidade varia entre 2 e 20% em 
roedores e 58 a 63% em cães. 
Apresenta alto clearance, com valores 
em torno de 10 a 15 l/kg x h–1 em 
ratos e camundongos e 1,4 l/kg x h–1 
em cães. 
A biotransformação da tolterodina 
produz dois principais metabólitos que 
representam 83 a 99% do 
metabolismo. 
Os medicamentoscom estrutura de 
amina terciária, como a benzatropina 
ou a trihexafenidila, penetram 
facilmente no SNC e podem ser 
usados para o tratamento da doença 
de Parkinson em seres humanos ou 
para atenuar os efeitos extrapiramidais 
dos neurolépticos. 
Efeitos farmacológicos 
Todos os antagonistas muscarínicos 
produzem efeitos muito semelhantes, 
embora alguns agentes possam 
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II 
 
20 
apresentar seletividade para 
determinados órgãos. 
SNC 
A atropina em doses terapêuticas 
causa discreta excitação, devido à 
estimulação bulbar, do hipotálamo e 
do córtex cerebral. 
Tanto a frequência como a amplitude 
respiratória aumentam. 
A escopolamina em doses 
terapêuticas normalmente causa 
depressão, que se manifesta por 
sonolência, amnésia e fadiga. 
No passado, quando os efeitos 
depressores e amnésicos eram 
desejáveis, a escopolamina foi 
empregada como pré-anestésico. 
Nos pacientes com dor intensa, doses 
pequenas de escopolamina podem 
provocar excitação, agitação, 
alucinações e delírios. 
Sistema cardiovascular 
O principal efeito da atropina sobre o 
coração é a alteração da frequência 
cardíaca. 
Apesar de a resposta predominante 
ser taquicardia, a frequência cardíaca 
pode diminuir com doses 
intermediárias. 
A atropina em doses altas causa 
taquicardia em função do bloqueio 
dos efeitos vagais sobre os 
receptores M2 no marca-passo nodal 
sinoatrial. 
Com baixas doses de escopolamina, a 
bradicardia é maior do que aquela 
observada com atropina. 
Com doses normais, há taquicardia 
inicial, mas de curta duração. 
Doses adequadas de atropina podem 
suprimir muitos tipos de 
alentecimento ou assistolia cardíaca 
vagal reflexa, como aquela causada 
pela inalação de vapores irritativos, ou 
a estimulação do seio carotídeo. 
Este anticolinérgico também evita ou 
suprime a bradicardia ou assistolia 
causada pelos ésteres da colina, 
anticolinesterásicos ou outros 
medicamentos 
parassimpatomiméticos, bem como a 
parada cardíaca por estimulação 
elétrica do vago. 
Na circulação, a atropina impede a 
vasodilatação e a acentuada queda na 
pressão arterial após administração de 
drogas colinérgicas. 
Por outro lado, quando administrada 
isoladamente, os efeitos sobre os 
vasos e a pressão arterial não são 
acentuados e nem constantes. 
Sistema gastrintestinal 
Os antagonistas de receptores 
muscarínicos são muito utilizados 
como agentes antiespasmódicos para 
os distúrbios gastrintestinais e 
tratamento da úlcera péptica. 
Os antimuscarínicos diminuem a 
atividade motora do estômago, 
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II 
 
21 
duodeno, jejuno, íleo e cólon, 
caracterizada por redução no tônus, 
na amplitude e na frequência das 
contrações peristálticas. 
Além disto, a atropina bloqueia a 
atividade motora excessiva do sistema 
gastrintestinal induzida pelos 
medicamentos parassimpatomiméticos 
e agentes anticolinesterásicos. 
A secreção gástrica é reduzida por 
algumas drogas antimuscarínicas 
seletivas como a pirenzepina e a 
diciclomina, que bloqueiam receptores 
do tipo M1. 
A pirenzepina tem sido usada no 
tratamento da úlcera péptica em 
humanos, devido sua ação seletiva em 
receptores M1 e seus efeitos na 
cicatrização de úlceras devido à 
inibição da secreção ácida gástrica. 
Secreções 
Todos os antimuscarínicos 
clinicamente empregados produzem 
diminuição das secreções das 
glândulas salivares, sudoríparas, 
lacrimais e brônquicas. 
A secreção salivar é particularmente 
sensível à inibição pelos 
anticolinérgicos; a boca torna-se seca 
e tanto a fala quanto a deglutição 
podem ser dificultadas. 
Os antagonistas de receptores 
muscarínicos reduzem também a 
secreção gástrica. 
 
Sistema respiratório 
O sistema nervoso parassimpático 
desempenha uma função importante 
na regulação do tônus bronquiolar, 
contribuindo para a broncoconstrição, 
via receptores M3 presentes na 
musculatura lisa das vias respiratórias. 
Além disto, as glândulas submucosas 
que são inervadas pelos neurônios 
pós-ganglionares parassimpáticos 
também possuem esses receptores. 
Assim, os antagonistas muscarínicos 
são particularmente eficazes contra o 
broncospasmo produzido pelos 
medicamentos parassimpatomiméticos 
e também antagonizam parcialmente 
a broncoconstrição produzida pela 
histamina, bradicinina ou prostaglandina 
F2α. 
Os alcaloides da beladona inibem as 
secreções do nariz, da boca, da 
faringe e de brônquios e assim 
ressecam as mucosas das vias 
respiratórias. 
Esse efeito torna-se mais pronunciado 
quando as secreções estão 
aumentadas, fato que explica a 
utilização tanto da atropina como da 
escopolamina como agentes pré-
anestésicos para reduzir tais 
secreções durante o procedimento 
anestésico-cirúrgico. 
Músculo liso 
Tanto a musculatura lisa bronquiolar 
quanto a das vias urinárias sofrem 
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II 
 
22 
relaxamento após utilização das 
drogas antimuscarínicas. 
A broncoconstrição reflexa que pode 
ocorrer durante a anestesia é evitada 
pela atropina, enquanto a 
broncoconstrição causada por 
mediadores locais, como a histamina, 
não é afetada. 
A atropina reduz o tônus normal e a 
amplitude das contrações do ureter e 
bexiga e pode eliminar a hipertonia 
uretral induzida por agentes 
farmacológicos. 
Os efeitos dos antagonistas 
muscarínicos, como a atropina e a 
escopolamina, sobre a motilidade 
uterina são questionáveis, embora 
formulações comerciais indicadas para 
o tratamento de dismenorreia tragam 
escopolamina ou derivados da 
beladona em sua composição. 
Olhos 
As drogas semelhantes à atropina 
bloqueiam as respostas do esfíncter 
muscular da íris e da musculatura ciliar 
do cristalino após uma estimulação 
colinérgica. 
Ocorrem ainda, midríase e cicloplegia 
(paralisia da acomodação visual). 
Usos terapêuticos 
As drogas antimuscarínicas têm sido 
empregadas em diversas situações 
clínicas, com o objetivo de inibir os 
efeitos da atividade do SNA 
parassimpático (efeitos colinérgicos). 
Sistema gastrintestinal 
Os agentes antimuscarínicos vêm 
sendo amplamente empregados no 
tratamento da úlcera péptica porque, 
além da diminuição da motilidade, 
também produzem diminuição das 
secreções gástricas; entretanto, 
nestas doses, surgem alguns efeitos 
indesejáveis, por isto, atualmente, 
preferem-se os antagonistas da 
histamina e/ou os inibidores da bomba 
de prótons. 
No entanto, a pirenzepina ainda é 
empregada para esta finalidade dadas 
suas ações mais seletivas. 
Os derivados que não atravessam a 
barreira hematencefálica, como a 
diciclomina e o metronitrato de 
atropina, são usados para diminuição 
da motilidade gastrintestinal; 
entretanto, além de serem 
fracamente absorvidos, são mais 
eficazes quando a hipermotilidade é 
induzida por drogas como os 
anticolinesterásicos e antagonistas 
adrenérgicos. 
A homatropina pode ser empregada 
para o alívio de espasmos abdominais. 
Finalmente, a atropina pode também 
reduzir a secreção ácida basal em 
cavalos. 
Medicação pré-anestésica (MPA) 
Os alcaloides da beladona, como a 
atropina e a escopolamina, eram 
usados para inibir a salivação e 
secreções excessivas das vias 
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II 
 
23 
respiratórias, induzidas pela 
administração dos anestésicos gerais, 
além do efeito broncodilatador desses 
compostos, que também era 
desejável. 
Atualmente, com a utilização de 
anestésicos relativamente não 
irritantes, eliminou-se a necessidade 
de administrar antagonistas 
muscarínicos. 
Todavia, a atropina ainda é utilizada 
para evitar reflexos vagais induzidos 
pela manipulação cirúrgica dos órgãos 
internos.Esse anticolinérgico também é usado 
junto com a neostigmina para 
compensar seus efeitos 
parassimpatomiméticos, quando este 
último agente for administrado para 
reverter o relaxamento muscular 
depois da cirurgia. 
Além disto, a escopolamina pode 
contribuir para tranquilização, sedação 
e amnésia em diversas situações 
clínicas, incluindo o parto. 
Nesta situação a droga é associada a 
outros agentes que produzem 
analgesia e sedação. 
O glicopirrolato, tanto em cães quanto 
em gatos, diminui a acidez e o volume 
das secreções gástricas e reduz a 
motilidade intestinal, por isso também 
vem sendo usado como MPA. 
 
 
Cinetose 
A escopolamina é empregada na 
prevenção de náuseas e vômitos 
associados à cinetose quando da 
exposição curta (4 a 6 h) a 
movimentos intensos. 
Olhos 
A administração local de 
anticolinérgicos produz midríase e 
cicloplegia. 
Os agentes habitualmente 
empregados são homatropina, 
ciclopentolato ou tropicamida, pois 
têm menor duração de efeitos; a 
atropina e a escopolamina não são 
usadas, pois produzem efeitos muito 
prolongados. 
Sistema cardiovascular 
Os efeitos cardiovasculares das 
substâncias anticolinérgicas têm 
aplicação limitada. 
A atropina pode ser usada como 
antídoto para o colapso cardiovascular 
que pode resultar da administração 
acidental de um colinérgico ou de um 
anticolinesterásico. 
Também pode ser empregada no 
tratamento inicial de pacientes com 
infarto agudo do miocárdio, nos quais 
o tônus vagal excessivo cause a 
bradicardia sinusal ou nodal. 
Em cães, verificou-se que a atropina 
administrada previamente à 
medetomidina preveniu a bradicardia 
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induzida por este sedativo, mas 
induziu hipertensão e alteração de 
pulso. 
Doença de Parkinson 
Nesta enfermidade ocorre diminuição 
dos níveis de dopamina no SNC, 
como consequência observam-se 
alguns sintomas característicos, como 
tremor de repouso, rigidez e acinesia. 
O uso de medicamentos 
anticolinérgicos como a benzatropina 
e a trihexafenidila podem atenuar 
principalmente o tremor. 
Tanto a atropina como a 
escopolamina podem ainda ser 
empregadas para reduzir a salivação 
excessiva, como a que ocorre nos 
pacientes parkinsonianos ou com 
intoxicação por metais pesados. 
Trato geniturinário 
A atropina pode ser administrada 
concomitantemente a um opioide 
para tratamento de cólica renal com o 
objetivo de induzir relaxamento da 
musculatura lisa ureteral e uretral. 
Os alcaloides da beladona e vários 
substitutos sintéticos podem reduzir a 
pressão intravesical, aumentar a 
capacidade vesical e reduzir a 
frequência das contrações da bexiga, 
antagonizando o controle 
parassimpático desse órgão. 
 
Tratamento da intoxicação por 
anticolinesterásicos 
A atropina é a droga de escolha para 
diminuir a bradicardia e antagonizar o 
aumento da secreção bronquial. 
Pode ser administrada pela via 
intravenosa, pois os efeitos sistêmicos 
da atropina, quando administrada por 
via oral ou subcutânea, duram 
somente algumas horas. 
Sistema respiratório 
O brometo de ipratrópio é usado em 
equinos com obstrução aérea 
recorrente (OAR), preferencialmente 
por via inalatória, para minimizar os 
efeitos colaterais. 
É indicado também em humanos e 
animais acometidos por doença 
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), 
pois atua primariamente como 
broncodilatador e, posteriormente, 
como antitussígeno, além de abolir o 
efeito vagal reflexo do broncospasmo 
deflagrado por agentes não 
específicos, como fumaça de cigarro, 
poeira e ar frio, e por mediadores 
inflamatórios, como a histamina. 
Bexiga hiperativa 
A tolterodina tem alta efetividade para 
reduzir os sintomas de bexiga 
hiperativa, como urgência, 
incontinência e alta frequência de 
micção, e aumenta o volume da 
bexiga funcional. 
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A eficácia neste tratamento é similar 
à da oxibutinina, porém a incidência 
de efeitos colaterais é menor. 
Efeitos colaterais 
Em doses altas os antimuscarínicos 
promovem ressecamento da boca, o 
que pode dificultar tanto a deglutição. 
No sistema cardiovascular, o principal 
efeito indesejável é o aumento da 
frequência cardíaca. 
Outros efeitos incluem distúrbios 
oculares como a turvação da visão. 
A atropina, em função de seu efeito 
midriático, é contraindicada em casos 
de glaucoma. 
Além disto, o uso prolongado dos 
antimuscarínicos pode provocar 
retenção urinária. 
A ingestão intencional ou acidental 
dos alcaloides da beladona ou de 
outros medicamentos anticolinérgicos 
pode levar a intoxicação. 
Muitos agentes bloqueadores dos 
receptores histaminérgicos H1, os 
neurolépticos do tipo fenotiazinas e os 
antidepressivos tricíclicos possuem 
atividade bloqueadora muscarínica e 
podem produzir síndromes que 
incluem sintomas da intoxicação 
atropínica. 
A dose letal 50% (DL50) da atropina 
intravenosa para cães e gatos é de 
50 mg/kg e 70 mg/kg, 
respectivamente. 
Alguns pacientes podem apresentar 
convulsões. 
Depressão e colapso circulatório são 
observados em casos graves de 
intoxicação; a pressão sanguínea 
diminui, a respiração se torna ineficaz 
e o óbito pode ocorrer devido à 
insuficiência respiratória após um 
período de paralisia e coma. 
O diagnóstico da intoxicação com 
atropina é sugerido pela paralisia 
generalizada dos órgãos inervados 
pelos neurônios parassimpáticos. 
As medidas que visam limitar a 
absorção intestinal devem ser iniciadas 
imediatamente, caso a absorção tenha 
sido por via oral. 
Para o tratamento sintomático, a 
fisostigmina (1 a 4 mg intravenosa 
lenta) é o medicamento mais indicado 
e controla rapidamente o delírio e o 
coma causados pelas doses elevadas 
de atropina. 
Se houver excitação acentuada, o 
diazepam é o agente mais indicado 
para sedação e controle das 
convulsões. 
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SPINOSA, H. S., et al. (2017). Farmacologia aplicada à Medicina Veterinária. 6ª edição. 
Rio de Janeiro: Guanabara. Koogan Capítulo 6 – Agonistas e Antagonistas 
Colinérgicos.

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