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EA D Abordagem à Teoria Estruturalista 2 1. ObjetivOs • Compreender a Teoria Estruturalista e sua intervenção no conflito das Teorias Clássicas e das Relações Humanas. • Identificar a metodologia do Estruturalismo e sua rele- vância na análise e na constituição das organizações. • Entender os tipos de Estruturalismo, sua aplicação nas or- ganizações, bem como o perfil do homem organizacional e sua atividade na sociedade das organizações. 2. COnteúdOs • Origens da Teoria Estruturalista. • Conceito de Estruturalismo. • Tipos de Estruturalismo. • A sociedade das organizações e o homem organizacional. © Práticas Corporais Alternativas54 3. Orientações para O estudO da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Aproveite a oportunidade para colocar seus estudos em dia e tirar suas dúvidas. Caso tenha dúvidas, poderá acessar a Sala de Aula Virtual (SAV) e interagir com seus colegas de turma e com seu tutor. 2) Um dos principais autores da Escola Estruturalista foi o sociólogo e professor Amitai Etzioni. Para saber um pou- co mais sobre sua vida e obra, acesse os sites História da Administração e Fundação Etzioni. • História da Administração. Disponível em: <http://www.his- toriadaadministracao.com.br/jl/index.php?option=com_ content&view=article&id=146:amitai-etzioni&catid=10:gu rus&Itemid=10>. Acesso em: 28 set. 2012. • Fundação Etzioni: Disponível em: <http://amitaietzioni. org/index.shtml>. Acesso em: 28 set. 2012. 4. intrOduçÃO à unidade Como foi visto na unidade anterior, a divergência entre a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas criou tal impasse no estudo da Administração que nem mesmo a Teoria Burocrática teve condições de ultrapassar (CHIAVENATO, 2000). Para isso, a abordagem estruturalista mostra um redesenho da Teoria Burocrática. Ainda que as premissas da Teoria das Rela- ções Humanas sejam consideradas relevantes, a visão estruturalis- ta é mais crítica em relação à organização formal. Nesta unidade, vamos aprender que os estudiosos do estrutura- lismo, de origem europeia, buscam a interdisciplinaridade das ciências. O início dos estudos dessa teoria baseia-se primeiramente na oposição entre a Teoria Clássica e a das Relações Humanas, na necessidade de considerar a organização como uma organização Claretiano - Centro Universitário 55© U2 - Abordagem à Teoria Estruturalista social, na integração da abordagem estrutural com as ciências so- ciais e no aprimoramento do conceito de estrutura. No estudo das unidades anteriores, relembramos que os pri- meiros estudos das teorias administrativas deram ênfase à eficiên- cia e à organização das empresas, em relação às quais destacavam a importância da divisão do trabalho, a perfeita seleção do indiví- duo, a especialização das atividades, além do agrupamento dos trabalhadores na busca de produção em escala. Essas abordagens demonstraram a relevância direcionada à internalização dos processos organizacionais. As empresas ganha- ram em eficiência, produtividade e formalismo, em detrimento dos aspectos sociais implícitos na organização. Esta unidade abordará o conceito de estrutura, a sua aplica- ção na sociedade burocrática de Weber e sua utilidade no desen- volvimento das organizações. 5. Origens da teOria estruturaLista O termo estrutura é de uso muito antigo em todas as ciên- cias, pois ele significa tudo o que a análise interna de uma tota- lidade revela, isto é, os elementos internos de um sistema, suas inter-relações e sua disposição (MOTTA; VASCONCELOS, 2002). Embora o termo "estrutura" tenha alcançado sua populari- zação após a década de 1930, sua utilização na língua inglesa tem origem no período anterior ao século 16, ocasião em que significa- va unicamente a forma pela qual um edifício era construído. Posteriormente, ele foi utilizado também para denotar as inter-relações entre as partes componentes de um todo, sentido em que é usado pela Biologia. A expressão "estrutura" foi incluí- da nas Ciências Sociais graças a H. Spencer (1858), que a utilizou como um conceito de função anatômica, ou seja, estudo por meio de uma análise minuciosa. © Práticas Corporais Alternativas56 No final da década de 1950, aconteceu o declínio da Aborda- gem das Relações Humanas, por se tratar de uma teoria democrática e ideológica. As organizações, juntamente com a sociedade mundial do pós-guerra, passavam por um profundo processo de mudança. Os estudiosos organizacionais constataram que a tentativa inicial de implantação das ciências do comportamento na Teoria Administrativa, por meio de uma filosofia humanística que desta- cava a presença e a relevância do homem na organização, gerava inúmeras reflexões no estudo da Administração. Embora se notasse na comunidade científica e organizacio- nal que um dos principais objetivos da Abordagem Humanística era combater de forma ampla a Teoria Clássica, ela não foi capaz de estabelecer as bases adequadas de uma nova teoria que pudesse substituir as abordagens organizacionais mecanicistas. Veja a seguir: Com efeito, os princípios da Teoria das Relações Humanas geraram uma oposição com a Teoria Clássica, criando um impasse dentro da Administração que a Teoria da Burocracia não teve condições de convalescer. A Teoria Estruturalista reproduz uma extensão da Teo- ria da Burocracia e uma ligeira aproximação à Teoria das Relações Humanas. Representa também uma visão extremamente crítica da organização formal (CHIAVENATO, 2000, p. 344). Agora que você já conheceu as origens da teoria estruturalista, vamos abordar os conceitos e tipos específicos de Estruturalismo. 6. COnCeitO de estruturaLismO Dando continuidade ao nosso estudo da Teoria Estruturalista, é necessário, primeiramente, conhecer o conceito de Estruturalismo. Veja, a seguir, a definição de Estruturalismo feita por dois autores: 1) Estruturalismo é um método analítico e comparativo que estuda os elementos ou fenômenos com relação a uma totalidade, salientando o seu valor de posição. O conceito de estrutura significa a análise interna de uma totalidade em seus elementos constitutivos, sua disposi- ção, suas inter-relações etc. (CHIAVENATO, 2000, p. 345). Claretiano - Centro Universitário 57© U2 - Abordagem à Teoria Estruturalista 2) Estruturalismo é um método analítico comparativo por- que estuda o conceito de sistema e considera o relacio- namento das partes na constituição do todo, portanto implica totalidade e interdependência (MOTTA; VAS- CONCELOS, 2002, p.132). Ao comparar as duas definições, podemos chegar à conclu- são do interesse dos estruturalistas pelos sistemas, isto porque eles desenham como característica a visão de que o todo é maior do que a simples soma das partes. Por outro lado, em razão da necessidade de se enxergar as organizações como um complexo social – no qual vários grupos sociais se interagem para compartilhar os objetivos principais da organização –, a abordagem estruturalista possuía parâmetros de gerenciamento de conflitos, motivo pelo qual incrementava subsí- dios necessários para reunir mecanismos de sustentação da estru- tura organizacional. 7. tipOs de estruturaLismO Como vimos no item anterior, o estruturalismo tem como cenário o relacionamento das partes na formação de um todo. Essa totalidade tem como princípio a interdependência das par- tes e a somatória delas para completar o perfil básico do estru- turalismo. Motta e Vasconcelos (2002), em seus estudos sobre as cor- rentes estruturalistas, dizem que não existe uma única definição com validação máxima sobre qual é o tipo mais ideal de estrutu- ralismo a ser aplicado nas organizações. Entretanto, é necessária a compreensão de cada tipo de Estruturalismo, pois cada um tem sua limitação conceitual e metodológica. Para facilitar nosso estudo, apresentamos no quadro a seguir osquatro tipos de Estruturalismo e suas características. © Práticas Corporais Alternativas58 Quadro 1 Os tipos de Estruturalismo. tipOs CaraCterÍstiCas 1) O Estruturalismo Abstrato O Estruturalismo Abstrato foi um modelo desenvolvido por Lévi-Strauss na década de 1940, que adotou um perfil totalizador em detrimento do funcionário individualizador. As relações sociais se consolidaram no produto para a confecção de modelos de estrutura social. 2) O Estruturalismo Concreto Neste modelo, a estrutura é considerada a própria definição do objeto. O conjunto de relações sociais se constituiria uma estrutura a ser analisada e compreendida. 3) O Estruturalismo Fenomenológico Na concepção do Estruturalismo Fenomenológico, o objetivo é buscar na estrutura um sentido real e lógico dos fatos ocorridos. O tipo ideal de burocracia que estudamos na Unidade I, para Max Weber, é o que reflete este conceito. 4) O Estruturalismo Dialético Nesta corrente de estudo destaca-se Karl Marx, em que a história garante a análise, ou seja, a análise descobre as partes e influencia no desenvolvimento do todo, gerando um episódio de sua história. Fonte: adaptado de Motta e Vasconcelos (2002, p. 134). 8. a sOCiedade de Organizações Nos princípios estabelecidos pelos estruturalistas, "a socie- dade moderna e industrializada é uma sociedade de organizações, das quais o homem passa a depender para nascer, viver e morrer" (CHIAVENATO, 2000, p. 346). Em nosso estudo de Administração I, aprendemos que as or- ganizações sociais possuem diferenças peculiares, pois necessitam de que seus participantes tenham características de personalidade baseadas no trabalho em equipe, na obtenção de resultados e na construção de bens que atendam às expectativas da sociedade. Embora a ciência das teorias administrativas seja algo recente, as organizações não são recentes. Elas existem desde o tempo dos faraós e dos imperadores da antiga China. A Igreja, por exemplo, Claretiano - Centro Universitário 59© U2 - Abordagem à Teoria Estruturalista elaborou sua organização ao longo dos séculos, e os exércitos, des- de a Antiguidade, desenvolveu formas de organizações. Acompanhando o desenvolvimento da humanidade, um nú- mero crescente de organizações foi sendo criado porque era ne- cessário atender às demandas crescentes dos grupos sociais, além do fato de o ser humano, ao longo do tempo, conhecer novas ne- cessidades em função do desenvolvimento tecnológico, o que gera uma diversidade de produtos. De acordo com Chiavenato (2000), as organizações sofreram um longo e penoso desenvolvimento, por meio de quatro etapas, a saber: 1) etapa da natureza: etapa inicial, em que os fatores na- turais (elementos da natureza), constituíam a base única de subsistência da humanidade. 2) etapa do trabalho: surge o trabalho, e os elementos da natureza passam a ser transformados por ele, que, por sua vez, passa a condicionar as formas de organização da sociedade. 3) etapa do capital: o capital predomina sobre a natureza e o trabalho, tornando-se um dos fatores básicos da vida social. 4) etapa da organização: a natureza, o trabalho e o capital se submetem à organização, pois ela se utiliza deles para alcançar seus objetivos. As organizações são desenhadas pelos estruturalistas como um modelo constituído e em permanente relacionamento com o ambiente no qual estão inseridas. Conforme explicações de Motta e Vasconcelos (2002), a or- ganização é compreendida em um sistema maior. Uma indústria, por exemplo, relaciona-se com o governo, com os fornecedores, com o cliente, com os concorrentes, enfim, com inúmeras organi- zações. Para Chiavenato (2000), a análise das organizações realizada pelos estruturalistas foi um estudo muito mais amplo do que o © Práticas Corporais Alternativas60 de qualquer outra teoria anterior, pois pretendia conciliar a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas, baseando-se também na Teoria da Burocracia. Trata-se de uma abordagem múltipla uti- lizada pela Teoria Estruturalista, que envolve: 1. Organização formal e informal. 2. Recompensas salariais e materiais como as recompensas so- ciais e simbólicas. 3. Todos os diferentes níveis hierárquicos de uma organização. 4. Todos os diferentes tipos de organizações. 5. A análise intra-organizacional e análise inter-organizacional (CHIAVENATO, 2000, p. 348-349). No estudo de Administração I, aprendemos que as organizações constituem a forma dominante de instituição da moderna sociedade. Elas são a explanação de um contexto altamente especializado e in- terdependente, que se configura por um padrão de vida em evolução. Portanto, as instituições organizadas norteiam praticamente todos os contextos da vida humana, abrangendo o compartilha- mento de grande número de pessoas. Todos os aspectos da vida humana envolvem a participação de numerosas pessoas. Com efeito, em uma sociedade moderna, caracterizada por um grande número de organizações, os indivíduos precisam e dependem de- las para nascer, viver e morrer. À mercê desse complexo, a participação dos indivíduos é compulsória, ou seja, a possibilidade de o ser humano estar alheio às organizações praticamente inexiste. Em função disso, o homem organizacional desempenha papéis em diferentes sociedades de organizações, moderna e industrializada, e, de acordo com Motta e Vasconcelos (2002), para ser bem-sucedido, ele precisa ter as seguintes características de personalidade: 1) ter flexibilidade, pois o indivíduo precisa estar prepa- rado para se deparar constantemente com frustrações. Por isso, deve ser capaz de adiar recompensas e ansiar constantemente a realização; Claretiano - Centro Universitário 61© U2 - Abordagem à Teoria Estruturalista 2) o homem organizacional participa simultaneamente de inúmeros sistemas sociais e desempenha papéis diferen- tes em cada um deles; 3) as mudanças no contexto social e organizacional consti- tuem o grande desafio da sociedade moderna e indus- trializada. Por isso, o indivíduo precisa estar habilitado para enfrentar os diversos cenários constituídos de uma forma dinâmica; 4) os interesses em uma sociedade são predominantes, vi- sando ao aspecto grupal. Uma das características essen- ciais para que o homem organizacional seja inserido nos sistema organizacional é o perfil político. Os homens constroem as organizações em que vivem e por elas são construídos. O homem não pode se alienar das organiza- ções, adotando comportamentos conformistas, contrários àqueles desenhados pelas instituições (MOTTA e VASCONCELOS, 2002). A grande contribuição do Estruturalismo para as teorias das organizações foi a inclusão de uma prática direcionada à raciona- lidade limitada, caracterizada pelos estudos de outros tipos de or- ganizações. Além disso, o enfoque da Teoria Estruturalista destaca as re- lações entre as partes da organização, em que podemos citar os grupos formais e informais, a formação hierárquica, os aspectos sociais e materiais e, principalmente, a apresentação das organiza- ções como sistemas abertos. É importante afirmar que o estudo dos ambientes interno e externo das organizações possibilitou sua análise como um siste- ma aberto. Em função disso, o conceito de sistema foi difundido no estudo das organizações, como veremos na próxima unidade. 9. Organizações segundO etziOni Para Etzioni, há três tipos de organizações. Cada tipo é defi- nido pela forma de poder exercida sobre as pessoas e cada forma © Práticas Corporais Alternativas62 de poder dá origem a um tipo de obediência. O tipo de poder de- termina o tipo de obediência, que, por sua vez, define a natureza da organização (MAXIMIANO, 2004). O Quadro 2 sintetiza essa ideia: Quadro 2 Tipologia de poder, obediência e organização conforme Etzioni. tipO de pOder tipO de COntratO psiCOLÓgiCO tipO de OrganizaçÃO PODER COERCITIVO: baseia-se em punições. ALIENATÓRIO: obediênciasem questionamento. COERCITIVA: objetivo é controlar o comportamento. PODER MANIPULATIVO: baseia-se em recompensas. CALCULISTA: obediência interesseira. UTILITÁRIA: objetivo é obter resultados por meio de barganha com os funcionários. PODER NORMATIVO: baseia-se em crenças e símbolos. MORAL: disciplina interior. NORMATIVA: objetivo é realizar missão ou tarefa em que os participantes acreditam. Fonte: Maximiano (2004, p. 136). Podemos observar que nas organizações coercitivas, o con- trole é feito pela força e/ou ameaça e que, sem elas, as pessoas, provavelmente, não permaneceriam nas organizações. A disciplina também é mantida de forma rigorosa. Podemos exemplificar as prisões como organizações coercitivas. Nas organizações utilitárias, o controle é feito principalmen- te por meio de remuneração, recompensas, benefícios e incenti- vos para a obtenção do comportamento esperado. A maioria das empresas comerciais se enquadrariam nesse tipo de organização. Já nas organizações normativas, o controle é baseado em crenças, motivações interiores, no qual seus participantes apresen- tam alto grau de envolvimento e comprometimento. Instituições religiosas, partidos políticos, times de futebol, escolas de samba, entre outras, podem ser consideradas organizações normativas. Claretiano - Centro Universitário 63© U2 - Abordagem à Teoria Estruturalista 10. Questões autOavaLiativas Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu desempenho no estudo desta unidade: 1) Nesta unidade, você viu diversos conceitos relacionados à Teoria Estrutura- lista. Monte um breve resumo retomando cada um desses conceitos, rela- cionando-os com o cotidiano da empresa em que trabalha. 2) Quais são os pontos positivos da Escola Estruturalista? 3) Você conseguiria apontar alguns pontos negativos dessa escola? 11. COnsiderações Chegamos ao final desta unidade. Nela, você estudou sobre a Teoria Estruturalista e sua intervenção no conflito das Teorias Clássicas e das Relações Humanas. Estudou, também, sobre como se fundamenta a metodologia do estruturalismo e sobre sua relevância na análise e na constituição das organizações. Viu, ainda, quais são os tipos de estruturalismo. Na terceira unidade, você terá a oportunidade de estudar sobre a teoria sistêmica. 12. E- REFERÊNCIAS Sites pesquisados AMITAI ETZIONI. Homepage. Disponível em: <http://amitaietzioni.org/index.shtml>. Acesso em: 28 set. 2012. HISTÓRIA DA ADMINISTRAÇÃO. Homepage. Disponível em: <http://www. historiadaadministracao.com.br/>. Acesso em: 28 set. 2012. 13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. © Práticas Corporais Alternativas64 MAXIMIANO, A. C. A. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. São Paulo: Atlas, 2004. MOTTA, F. C. P.; VASCONCELOS, I. F. F. G. Teoria geral da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
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