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Margarida Santos Matos Paulo Ferreira de Matos Laboratório Clinico Médico-Veterinário 1.~ ~~\c;,.;,.Q LIVRARIA ATHENEU La boratório Clínico Médico- Veterinário 2~ edição . JUNUEL GUILHERMERAMOS L- La boratório Clínico Médico- Veterinário 2é! edição MARGARIDA SANTOS MATOS, M.V., M.S. PAULO FERREIRA DE MA TOS, M.V., M.S. Professores do Departamento de Patologia e Clínicas da Escola de Medicina- Veterinária da Universidade Federal da Bahia LIVRARIA A THENE U - Rio de Janeiro. São Paulo. 1988 Os Autores MARGARIDA SANTOS MATOS - Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal da Bahia em 1971. Realizou Estágio de Aperfeiçoamento em Patologia Clínica na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais em 1972. Ingressou na carreira do Magistério na UFBa em 1974. Fez Pós-Graduação a nível de Mestrado, Área de Patologia Clínica Veterinária na Escola de Veterinária da UFMG em 197.5. Professora na Disciplina de Propedêutica e Patologia Clínica do Departamento de Patologia e Clínicas da Escola de Medicina Veterinária da UFBa, a partir de 1974. Responsável pelo Laboratório Clínico do Hospital Veterinário "Prof. Renato R. Medeiros Netto" da UFBa, a partir de 1975. Assessora de Pesquisa da Escola de Medicina Veterinária da UFBa, 1980/81. Pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico a partir de 1980. Chefe do Departamento de Patologia e Clínicas da EMVUFBa - 1980/81. Realizou vários cursos e estágios. Participou de vários Congressos, Simpósios e Conclaves afins, tendo publicado vários trabalhos científicos na área de Patologia Clínica Veterinária. PAULO FERREIRA DE MATOS - Graduado em Medicina Veterinária pela 1)niversidade Federal da Bahia em 1971. Realizou Estágio de Aperfeiçoamento em Clínica Médica Veterinária na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais no decorrer de 1972. Ingressou na carreira do Magistério, na UFBa, em 1974. Fez Pós-Graduação a nível de Mestrado, Área de Medicina e Cirurgia na Escola de Veterinária da UFMG em 1975. Professor do Departamento de Patologia e Clínicas da Escola de Medicina Veterinária da UFBa, ministrando aulas na disciplina de Clínica Médica dos Animais DoméstÍcos. Pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico desde 1979. Responsável pelo Ambulatório de Grandes Animais do Hospital Veterinário" Prof. Renato R. Medeiros Netto" da UFBa, desde 1979. Realizou vários cursos e estágios, participando de vários Congressos, Simpósios e Encontros. Publicou vários trabalhos científicos na área de Medicina Veterinária. Prefácio à segunda edição No decorrer das atividades didáticas, científicas e clínicas de um veterinário existem momentos de satisfação: um destes instantes, que quebram as tensões de seu permanente inter-relacionamento com seus discípulos e casos clínicos, é quando ocorre o lançamento de um livro na área de sua especialização. A referida satisfação redobra-se, quando seu nome é lembrado para fazer a apresentação da obra, que além de seus inúmeros méritos é elaborada por eminentes professores e prezados amigos. Com a 2.a edição do livro Laboratório Clínico M édico- Veterinário de autoria dos ilustres Médicos Veterinários e Professores Dr.a Margarida Santos Matos e Paulo Ferreirade Matos, a Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia marca novamente sua tradicional posição de vanguarda nas Ciências Veterinárias, rememorando a atuação de saudosos pesquisadores. A obra em questão vem, inicialmente, ocupar espaços ainda não preenchidos da literatura relacionada à Patologia Clínica, particularmente, daquela escrita no idioma português que, sem sombras de dúvidas, ainda será por muito tempo ávida por novos ensinamentos. Neste livro, os autores completam os dois pontos fundamentais da Semiologia Veterinária de grande importância para a Patologia Clínica, quais sejam: dão ênfase à semiotécnica, quando descrevem de forma elaborada as técnicas de análises laboratoriais dos fluidos e secreções orgânicas e, complementando, enaltecem a Clínica Propedêutica, essência da própria Clínica Médica, ao apresentarem os elementos de interpretação clínica dos resultados dos exames laboratoriais. Ao proceder-se à leitura desta obra, redigid~ em estilo agradável, o que melhor facilita seu entendimento, deparamo-nos com os principais elementos que devem ser considerados na atividade do Laboratório Clínico Médico-Veterinário, tais como: cuidados na colheita e conservação das amostras, adequada manipulação técnica (hematológica, bioquímica ou de microscopia) do material biológico e seguro raciocínio na interpretação dos resultados obtidos. Os fatos ressaltados representam reais subsídios para o estabelecimento e elucidação do diagnóstico e prognóstico das enfermidades dos animais domésticos. Isto torna o compêndio útil aos profissionais ligados ao exercício da clínica médica ou cirúrgica dos animais domésticos, quer sejam docentes, profissionais liberais ou estudantes. Esta 2.a edição, seguramente, consagrará tão significativa obra mormente em se considerando que sua edição anterior, por ter alcançado plenamente os objetivos colimados, de muito contribuiu para o aprimoramento das atividades relacionadas à Clínica Veterinária. Dr. Eduardo Harry Birgel ProL Titular da FMV Z/USP Prefácio à primeira edição A presente obra visa auxiliar aos estudantes e técnicos ligados ao campo da Medicina Veterinária no tangente às Análises Clínicas, uma vez que nos tempos atuais esta área de estudo constitui um valioso instrumento para a execução da Clínica Médica dos Animais Domésticos. Aqui procurou-se reunir os assuntQs básicos de real interesse para o Laboratório Clínico Médico-Veterinário, retratando-os de forma simples e atualizada. A escassez de literatura nacional que englobasse o contexto e a importância desta área de estudo, levou os autores a executar o presente trabalho, procurando sempre que possível retratar a realidade nacional. Contando com a colabora~ão de diversos médicos veterinários, o que veio contribuir para sua valorização. Colaboraram na revisão de alguns capítulos os Professores da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia: Rosilda Menezes de Souza e Armando Pedreira das Neves, enquanto o capítulo referente ao exame de sêmen teve sua revisão executada pelos Médicos Veterinários Thompson de O. Santos e José Vieira Ramos, técnicos da Cabana da Ponte Agropecuária Ltda. - Inseminação Artificial. Salvador, 1981. OS AUTORES Sumário 1 Colheita e Remessa de Material para Exames Laboratoriais 1 Preservação do material colhido - conservadores 3 Conservadores físicos Conservadores químicos 4 Bacteriostáticos 6 Colheita e remessa de amostras ao laboratório 7 Fezes 7 Urina 9 Sangue 13 Fragmento de tecido 18 Anticoagulantes 19 Considerações importantes na utilização de anticoagulantes 21 Material a ser colhido nas principais doenças 21 2 Sumário de Urina 27 Colheita 29 Remessa 29 Exame físico da urina 29 Exame químico qualitativo da urina 35 Exame do sedimento urinário 49 Sumário de urina característica de algumas doenças 58 3 Hematologia Clínica 67 - Eritrograma 69 Determinação do número de hematias 69 Determinação da hemoglobina 73 Determinação do volume globular 75 Interpretação do eritrograma 78 Policitemia 80 Anemia 81 Valores normais do eritrograma: Bovinos 86 Bubalinos 87 Ovinos 87 Caprinos 87 Eqüinos 88 Suínos 89 Caninos e felinos 90 Leucograma 91 Contagem global de leucócitos Contagem global de leucócitos 91 Métodos de coloração de esfregaços sangüíneos 92 Interpretação do leucograma nos animais domésticos 94 Contagem global de eosinófilos 102 Leucograma dos animais domésticos: Bovino 103 Bubalino 104 Ovino 105 Caprino 105 Eqüino 106 Suíno 107 Canino 107 Felino 107 Hemossedimentação 108 Determinação da velocidade de sedimentação 108 Interpretação 108 Valores normais de hemossedimentação nos animais domésticos 110 Trombócitos 111 Contagem de trombócitos 111 Interpretação 113 Valores normaisde trombócitos nos animais domésticos 113 Tempo de Coagulação 113 Determinação do tempo de coagulação 114 Interpretação 115 Tempo de coagulação normal nos animais domésticos 114 Tempo de Sangria 115 Determinação do tempo de sangria 115 Interpretação 115 Tempo de sangria nos animais domésticos 115 Teste de Compatibilidade Sangüínea 115 Prova cruzada de compatibilidade sangüínea 116 Interpretação 116 Leucemias 117 Leucemia nos animais domésticos 118 Leucemia nos bovinos 118 Leucemia nos ovinos e caprinos 119 Leucemia nos eqüinos 119 Leucemia nos suínos 119 Leucemia nos caninos 119 Leucemia nos felinos 120 Pesquisa de Hematozoários 120 Anaplasma 120 Babesia 121 Haemobartonella 123 Erlichia 124 Trypanosoma 124 Filaria 125 4 Exames de Fezes 135 Exame macroscópico 137 Exame microscópico 140 Exame químico 141 Exame parasitológico 143 Relação dos parasitos gastrintestinais cujos ovos, larvas ou cistos são observados nas fezes dos animais domésticos 151 5 Raspados Cutâneos 161 Raspados cutâneos para pesquisa de sàrnas 163 Características dos diversos gêneros de sarnas 166 Exame dos raspados cutâneos para pesquisa de fungos dermatófitos 172 Exame dos raspados cutâneos para pesquisa de dermatophilus 175 Dermatófitos nos animais domésticos 176 6 Transudatos e Exsudatos 179 Colheita de transudatos e exsudatos 181 Exame fisico 182 Exame citológico 183 Exame químico 183 Exame bacteriológico 184 Características de transudatos e exsudatos 185 7 Exame do Sêmen 187 Colheita 189 Exame fisico e microscópico do sêmen 190 Exame bioquímico do sêmen 199 8 Bioquímica Clínica 203 Cálcio 205 Fósforo inorgânico 207 Glicose 210 Colesterol 212 Uréia 215 Magnésio 218 Proteína total e eletroforese 220 Transaminases (TGO e TGP) 223 Fosfatase alcalina 227 Índice ictérico 228 Valores normais nos animais domésticos 230 1 Colheita e Remessa de Material para Exames Laboratoriais A perfeita colheita e remessa de um espécime ao laboratório produz um re- sultado correto, o qual dará ao clínico a segurança do seu diagnóstico. Após a colheita, o material deverá ser identificado e nesta, o remetente de- verá incluir todas as informações que possam auxiliar à conclusão de um diagnós- tico. Pode-se identificar um material anexando a ele as informações referentes à caracterização do animal e dados clínicos. Deve-se incluir: - Espécie animal; - Nome ou número; - Idade e sexo; - Duração da doença; - Taxa de mortalidade; - Taxa de morbidade; - Manejo de rebanho; - Achados de necropsia (quando houver); - Suspeita clínica; - Tratamento usado; - Exame solicitado; - Conservador utilizado. A embalagem do material deve ser feita de forma tal que não proporcione a transmissão de doenças a outros animais ou pessoas, principalmente tratando-se de zoonose. O meio de transporte a ser usado deve ser o mais rápido possível, con- tudo deve-se evitar a remessa em fins de semana ou às vésperas de feriados. PRESERVAÇÃO DO MATERIAL COLHIDO - CONSERVADORES Sãoinúmeras as formas de preservação dos espécimes. Como conservadores podemos citar: - Conservadores físicos; - Conservadores químicos. 3 CONSERVADORES FISICOS Dentre estes merecem citação: - Gelo úmido; - Gelo seco; - Liofilização; - Congelação em nitrogênio líquido. . Gelo Úmido É um método de conservação adequado quando a embalagem da amostra é bem executada e a distância para o laboratório não é excessivamente longa. Deve-se ter o cuidado de não deixar o material entrar em contato direto com o gelo. Assim, pode-se colocar a amostra em um vidro, fechá-Io hermeticamente e acondicioná-Io em caixa de isopor contendo gelo. Deste modo a preservação fornecida pelo gelo úmido é de aproximadamente 18 a 24 horas durante o in- verno e apenas de 8 a 12 horas durante o verão. . GeloSeco Também chamado de neve carbônica, é um método não muito utilizado em conseqüência da dificuldade na aquisição do mesmo, e o seu perigo quando acondicionado de modo incorreto. Usar de preferência o gelo seco em amostras que possam ser congeladas sem causar problemas ao laboratório na execução do exame solicitado, também deve-se ter o cuidado de não deixá-Io entrar em con- tato direto com o material. Merece muita atenção o recipiente em que for colo- cada a neve carbônica, o qual não deve ser de vidro nem fechado hermetica- mente, pois, haverá o perigo de explosão. . Liofilização É realizada através de liofilizador. Consiste na congelação rápida de suspen- sões ou I(quido suspeito, seguida de uma desidratação rápida em vácuo. . Congelaçãoem Nitrogênio Líquido Utilizado para conservação de espermatozóides, Ei,imeria,Trichomonas e Ba- besia. CONSERVADORES QUIMICOS Como conservadores químicos pode-se enumerar: - Fixadores; - Bacteriostáticos; - Bactericidas. 4 . Soluções Fixadoras São conservadores ideais para amostras que devem ser submetidas a exames his- topatológicos. Quando se utilizar um fixador, o volume deste deve ser dez vezes maior que o do material a ser fixado. Dentre os fixadores, pode-se enumerar: - Solução de formo I a 10% É largamente usado em virtude da sua fácil aquisição e bons resultados. Mo- do de preparo: Formaldeídoa40%" oo.oo o o.o25ml Águadestiladaq.s.p. ""'" """""' o.100ml - Álcool Etílico Utiliza-se o etanol (95 a 980), sua ação fixadora é inferior à de solução de formo I anteriormente citada. - Líquido de ZENKER É considerado um bom fixador. Os fragmentos de tecido fixados por este Iíqui- do precisam permanecer imersos apenas durante 24 horaso Após isto, devem ser lava- dos em água corrente durante o mesmo período (24 h), em seguida acondicionar em frascos contendo álcool a 70%, onde devem ser remetidos ao laboratório o mais rápido possível. O líquido de Zenker tem a seguinte fórmula: Sublimado corrosivo "00"""0'00"""""0000"'" 5,Og Sulfatodesódiooo o.o oo o o.o 1,5g Bicromatodepotássio 1,5g Águadestilada o 100,Oml A dissolução destas substâncias deve ser feita a quente. - Solução de BOUIN É recomendada no estudo das lesões de pele e nas doenças que provocam a formação de corpúsculos de inclusão. As amostras deverão permanecer neste fixa- dor durante 24 horas no máximo. Em seguida devem ser transferidos diretamente para o álcool a 70% e remetidas ao menor espaço de tempo possível. Fórmula da Solução de Bouin: Formolcomercialoo...o..o o 20,Oml .Ácidoacético(cristalizado) o... 4,Og Solução saturada de ácido pícrico. . . . . . . . . . . . o. o. . . . . . .. 4O,Oml 5 . Bacteriostáticos São usados geralmente quando se pretende realizar cultura e isolamento de vírus. A relação entre o volume da amostra e do conservador é a mesma citada para os fixadores (1 :10). Dentre os inibidores de crescimento bacteriano mere- cem destaque: - Glicerina pura ou a 50% - Líquido de BEDSON Este inibidor produz ótimos resultados. Eis a sua fórmula: SoluçãoM/15defosfatomonopotássico(KH2PO4) 13,5ml Solução M/15 de fosfato dissódico (Na2 HPO4) . . . . . . . . . . . . .. 85,5ml Glicerinaneutra "00..0"""'0"0"00"""0"" 5000ml Águadestilada oo.o.ooooo o..ooo o o.o400:0ml Mistura-se a glicerina, água e fosfatos; em seguida ajusta-se o pH em poten- ciômetro para 7,5 a 7,6. Usar o fosfato dissódico e monopotássico para corrigir o pHo Distribuir em frascos esterilizados de cor âmbar. - Liquido de VALtE Apresenta resultados idênticos ao Iíquido de Bedson Eis a sua fórmula: Monofosfatodepotássio.o o 0 0. Bifosfatodepotássioooooo...o.oo""" .0. o..... Glicerinaneutra...o.oo.o..o o.. .0."'" Águadestilada ...'00 0"0"""'" . . . o 0,9g 1,15g . 500,Oml . . 500,Oml Dissolver os fosfatos na água, em seguida acrescentar a glicerina. Ajustar o pH para 7,6 em potenciômetro. Corrigir o pH com solução de hidróxido de sódio N/10o Guardar em vidros esterilizados de cor âmbar. - Ácido Bórico Tem a desvantagem de provocar desidratação da amostra e o seu tempo de preservação é curtoo . Bactericidas Não devem ser usados para conservação de espécimes com a finalidade de exa- mes bacteriológicos ou virológicos. 6 - Formol a 10% Usado para a preservação de fezes. - Mertiolato na concentraçãode 1:10.000 É comumente usado .para preservação de soro sangüíneo (uma parte do con- servador para nove de soro). - Fenol a 0,5% Destinado à conservação do soro sangü íneo (uma parte de conservador para nove de soro). COLHEITA E REMESSA DE AMOSTRAS AO LABORATÓRIO FEZES Colheita Sempre que possível devem ser colhidas diretamente no reto. A colheita de fezes nos grandes animais se faz introduzindo a mão na ampola retal, enquanto nos pequenos animais introduz-se um bastão de vidro ou um tubo de ensaio aber- to nas duas extremidades (F ig. 1.1). Nos animais criados em regime extensivo que norf11almente apresentam tem- peramento mais nervoso,pode-se colher alíquotas em diversas partes do bolo fecal nas áreas que não entram em contato com o solo. Quando as fezes forem destinadas a exame bacteriológico ou viro lógico, usar vidraria esterilizada. Fig. 1.1 - Tubo adaptado para colheita de fezes em pequenos animais. 7 ACONDICIONAMENTO DAS FEZES PARA OS DIVERSOS EXAMES Parasito lógico . Helmintoses Em primeira opção colocar as fezes em sacos plásticos e conservar em gelo úmi- do; não sendo possível alcançar o laboratório dentro de 48 horas, acondicionar em frascos de boca larga e conservar em formol a 10% Obter a proporção de uma parte de conservador para quatro de fezes. Também podem ser conserva- das no MIF q.,e é um bactericida à base de mertiolato, iodo e formol, o qual é específico para a conservação de fezes, sua constituição é a seguinte: Solução Estoque: Água ..250ml Mertiolato1:1.000 200ml Formalina 25ml Glicerina """"""""""""""""" 5ml No momento de colocar as fezes neste conservador adicionar à solução esto- que 10 a 15% de solução de lugol à qual deve ter sido recentemente preparada. Solução de Lugol: Iodo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 1 g lodetodepotássio 10g Águadestilada 100ml Nas fezes a serem pesquisadas larvas de Dictyocaulus sp. usa-se gelo úmido como conservador, sendo o prazo para a examinação deste material 24 horas no máximo. . Protozooses Quando os parasitos a serem pesquisados forem protozoários móveis, não usar conservador. Enviaras fezes imediatamente após a evacuação. Para pesquisa de Eimeria sp. e Isospora sp. acondicionar em solução de bicromato de potássio a 2%, a qual poqe ser na proporção de uma parte de conservador para duas partes de fezes. Bacteriológico o ideal é enviar as fezes imediatamente após a evacuação. A refrigeração é recomendada até 24 horas no máximo. . 8 Virológico Usar refrigeração ou congelação. T oxicológico Envolver as fezes em papel alumínio e congelar. Químico Recomenda-se usar a refrigeração. URINA Colheita Para exame qualitativo o ideal é que a urina seja colhida pela manhã, na im- possibilidade, deve-secolher três horas após a alimentação. Para a realizaçãoda co- lheita pode-se esperar a.micção natural. A adaptação de sacos de borracha na região prepucial é uma alternativa, po- de-se ainda optar por massagem no prepúcio para os machos e massagem na região pré-pubiana para as fêmeas, a compressão na bexiga para cães e gatos e o cateteris- mo são largamente usados enquanto que a punção de bexiga deve ser reservada aos casos extremos. Para utilização do cateterismo recomenda-se observar alguns detalhes como: no cão usar sempre sondas de calibre fino devido a presença do osso peniano (Fig. 1.2); nos ruminantes machos e no varão a passagemda sonda é impossívelem Fig. 1.2 -- Sonda uretral para cão. 9 virtude da sua constituição anatõmica, exceto com uso de anestesia nos ruminan- tes machos. Em se tratando de cadela, ovelha, vaca, porca e égua, o calibre da sonda varia de acordo com o porte do animal, geralmente usa-se sondas metálicas (Fig. 1.3). Para o cavalo a sonda deve ser longa e de borracha (F ig. 1.4). Deve-se ficar atento à existência do divertículo suburetral na vaca e na porca. E ~ 10 Ó E 10 N Ó Fig. 1.3 - Sondas metálicas. 10 Fig. 1.4 - Sonda uretral de borracha. 11 ACONDICIONAMENTO DA URINA PARA OS DIVERSOS EXAMES Sumârio Sendo pequena a distância entre o animal e o laboratório, o uso do conser- vador pode ser dispensado; dentre os conservadores para urina, pode-se citar: - Refrigeração - Tolueno Em quantidade suficiente a formar uma fina película sobre a superfície da urina. - Formol a 40% Na proporção de 4 gotas para 100ml de urina (bom conservador para os elementos figurados). A urina assim conservada pode apresentar falso resultado de açúcar positivo. -Timol À proporção 0,1g para 100ml de urina, provoca resultado falso positivo para albumina. Existe no comércio tabletes de timol para conservação de 30ml de uri- na, este conservador interfere na determinação da densidade, pH, sódio e potássio. - Congelação Bom meio de conservação para exame químico. Parasitológico Formol a 40%, 4 gotas para 100ml de urina. Bacteriológico e virológico A urina colhida deve ser da porção média ou final da micção com todos os cuidados de assepsia em recipiente estéril. Não utilizar conservador. Remeter a amostra imediatamente após a colheita. Na leptospirose, dependendo da fase da doença pode-se pesquisar a presença de Leptospira sp. na urina. Em virtude à grande fragilidade destes microorganis- mos, o exame deve ser feito imediatamente após a colheita, caso a urina apresente reação ácida, deve-se alcalinizar e remeter imediatamente ao laboratório. 12 Químicos quantitativos Tomar uma pequena quantidade do volume de urina colhida durante 24 ho- ras. Conservar em tolueno quando o exame a ser determinado for: amônia, creati- na e hormônios. Quando for determinar: catecolaminas, cálcio e fósforo inorgâ- nico recomenda-se usar como conservador 10ml de ácido clorídrico concentrado. SANGUE Dependendo do exame a ser solicitado a remessa pode ser de sangue total ou soro sangüíneo. Colheita Geralmente a colheita de sangue é feita por punção venosa a qual deve ser realizada de acordo com a seguinte seqüência: a) Sempre que necessário depilar a região. b) Realizar a assepsia (usar álcool iodado). c) Exercer o garrote ou fazer pressão com o dedo sobre o vaso sangüíneo a ser puncionado. O garrote não deve ultrapassar um minuto, pois'pode produzir resultado com falsa hemoconcentração todavia não determina influência sobre o leucograma e resistência globular do cão. d) Introduzir a agulha na veia - perfurar primeiramente a pele, em seguida, executar um golpe rápido na agulha para que haja perfuração do vaso. e) Desprezar o garrote, aspirar o sangue desejado. f) Retirar a agulha e pressionar a região puncionada com algodão embebi- do em álcool iodado. g) Desprezar a agulha da seringa e colocar o sangue no vidro ou no tubo de co- lheita. Observação: Quando a colheita for realizada em grandes e médios animais o uso da seringa pode ser dispensado, usando-se apenas a agulha. Local indicado para colheita de sangue nos animais domésticos Bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos: -veiajugular (Figs.1.5,1.6e1.7). Eqüinos: -veiajugular (Fig.1.8). Suínos: - veia cava anterior, seio venQso oftálmico (Figs.l.ge1.10). Caninos e Felinos - radialousafena (Fig.1.11). 13 Fig. 1.5 - Colheita de sangue em bovinos: Punção jugular. Fig. 1.6 - Colheita de sangue em ovinos: Punção jugular. 14 Fig. 1.7 - Colheita de sangue em caprinos: Punção jugular. ( Flg. 1.8 - Colheita de sangue em eqüinos: Punção jugular. 15 Fig. 1.9 - Colheita de sangue em suínos: Punção veia cava anterior. Fig. 1.10 - Colheita de sangue em suínos: Punção seio venoso oftálmico. 16 \ , 4& ~," ffl ", "'1 .. .. Fig. 1.11 - Colheita de sangue em caninos: Punção radial. Quando a amostra requisitada for soro sangüíneo, colocar o sangue em um tubo de ensaio, incliná-Io a 450 na temperatura ambiente, aguardar duas horas aproximadamente para haver a formação do soro. Retirá-Io e enviar ao labora- tório. ACONDICIONAMENTO DO SANGUE PARA OS DIVERSOS EXAMES Análises clínicas Usar um anticoagulante. O EDTA ou a mistura de Paul Heller são indicados. Em caso do estudoda velocidade de sedimentação usar como anticoagulante o 17 citrato de sódio a 3,8%, na proporção de três partes de sangue para uma de anti- coagulante. Bacteriológico e virológico Enviar sangue desfibrinado. Realizar a colheita em um erlenmeyer previa- mente esterilizado contendo pérolas de vidro no seu interior agitando com movi- mentos circulares até a desfibrinação. Não havendo condições para tal, usar a he- pari na corno anticoagulante. Parasitológico Remeter esfregaços delgados, fixados em metanol. Para realizar a fixação cobrir o esfregaço com metanol durante três minutos, escorrer e deixar secar em temperatura ambiente. Imunológico Soro sangüíneo. Para provas in vitro usar como conservador o fenol ou mertiolato; para provas in vivo apenas refrigerar. Determinação bioquímica A maioria das dosagens bioquímicas faz-se no soro, no caso o conservador a ser usado deverá ser a congelação. Quando em sangue total, recomenda-se usar a refrigeração e a remessa deve ser feita imediatamente após a colheita. FRAGMENTO DE TECIDO Colheita A colheita de fragmentos de tecidos vai depender do exame a ser solicitado. Para a realização de exames bacteriológicos ou virológicos colhe-se fragmentos dos órgãos lesados, e a expedição deverá ser em recipientes esterilizados. Quando a co- lheita for realizada para exames histopatológicos deve-se ter atenção de colher fragmentos das áreas: sã, lesadas e de transição do mesmo órgão, sendo que estes fragmentos deverão ter no máximo 12mm de espessura por 18mm de comprimen- to, isto para evitar e putrefação da amostra, a qual ocorre quando o fragmento é de tamanho tal que não permite a penetração do conservador. Estes fragmentos deverão ser acondicionados em vidros com boca larga, evitando sempre o contato direto do tecido com o recipiente (o que pode ser conseguido através de um chu- maço de algodão). Quando for necessário o estudo da medula óssea, remeter um osso longo de- sarticulado. A colheita de raspado cutâneo na suspeita de sarnas deve ser feita de manei- ra profunda; na suspeita clínica de micose adicionar ao raspado cutâneo alguns pê- 18 los da área lesada. Tratando-se de lesões da pele, de um modo geral deve-se reali- zar colheita na transição entre a área sã e a lesada. ACONDICIONAMENTO DOS FRAGMENTOS DE TECIDOS PARA OS DIVERSOS EXAMES Histopatológico Fragmento de tecido em fixador, na proporção de uma parte de tecido para 10 partes de fixador. Virológico Realizar um congelamento rápido e expedir em refrigeração. Como conser- vador químico pode-se usar um bacteriostático. Bacteriológico Sob refrigeração remeter fragmento de tecido. No caso do osso desartit:ula- do usar o ácido bórico como conservador. Parasitológico Tratando-se de raspados cutâneos, acondicionar o raspado em frascos limpos e secos. Toxicológico Envolver a amostra em papel alumínio e congelar. A colheita e remessa de exsudato, transudato e sêmen serão descritas com os respectivos assuntos. ANTlCOAGULANTES São substâncias que impedem a coagulação sangüínea e são empregadas para obtenção do plasma ou células sangüíneas. Existe uma quantidade expressiva de anticoagulantes e a eleição de um deles depende do exame a ser solicitado. Em análises cI ínicas o anticoagulante a ser usado deve ser sólido para evitar a diluição do sangue. Serão citados a seguir apenas os anticoagulantes mais usados: EDTA Quimicamente corresponde ao etilenodiaminotetracetato de sódio 6u potás- sio. É o anticoagulante indicado para estudos hematológicos, exceto determina- ção de cálcio, sódio e potássio. Esta substância não interfere na morfologia celular 19 durante 24 horas quando a amostra de sangue for refrigerada. Nos esfregacos observa-se eritrócitos e leucócitos sem deformações, o que ocorre em virtúde do EDTA impedir as propriedades de adesividade e a agregação das plaquetas. Assim as células apresentam-se isoladas e com distribuição uniforme, o que facilita a contagem. O EDT ANa tem a desvantagem de apresentar uma difícil solubilidade, enquanto que EDT AK possui um custo mais alto que aquele. Para prevenir a coagulação de 5ml de sangue, tomar 1 gota de Solução de EDTA a 10%, colocar em vidro limpo e seco, levar à estufa com temperatura de 50 a 600 para que ocorra a desidratação completa do sal. Após este procedimento os vidros podem ser tampados e guardados até o momento do uso. ANTICOAGULANTE DE PAUL HELLER Também chamado oxalato de Paul Heller, consiste em uma mistura de oxa- lato de potássio com oxalato de amônio, a qual mantém o sangue no estado lí- quido por tempo indefinido. No entanto, a morfologia celular começa a ser alte- rada após 30 minutos em contato com o sangue. Este anticoagulante não deve ser usado em transfusões em virtude da sua toxidez. Fórmula do anticoagulante de PAUL HELLER: Oxalatodeamônio , "., 1,2g Oxalatodepotássio 0,8g Ãguadestilada 100,Oml Cada 0,1 m I desta solução prev ine a coagulação de 1,OmI de sangue. Os fras- cos com o anticoagulante são levados à estufa com 600C para a desidratação com- pleta. CITRATO DE SÓDIO Usado em solução a 3,8%, é indicado para transfusões sangüíneas, velocida- de de sedimentação e compatibilidade sangüínea. Usa-se na concentração de 1,Oml de solução para 9,Oml de sangue, para transfusões sangüíneas. HEPARINA Tem como desvantagem seu alto custo e a sua interferência na coloração dos leucócitos, por isso não 'é recomendada para exames hematológicos. Seu emprego é feito em solução a 1,0%, sendo que 0,1 ml desta solução retarda a coagulação de 5,Oml de sangue. A heparina retarda a coagulação do sangue pelo período de ape- nas 8 horas. FLUO RETO DE SÓDIO Normalmente é usado para a determinação de glicose em virtude deste anti- coagulante inibir a glicólise. Mais comumente utiliza-se o fluoreto de sódio em 20 mistura com outro anticoagulante, como por exemplo o EDTA ou Paul Heller, resultando o EDTA fluoretado e Paul Heller fluoretado, respectivamente. EDTA FLUORETADO Dissolve-se 2,Og de fluoreto de s6dio em BOml de água destilada. Acrescen- tar 1,Og de EDT A e agitar até a completa dissolução, transferir para um balão volumétrico de 100ml, completar o volume com água destilada e homogeneizar. Usa-se O,5ml deste anticoagulante para evitar a coagulação e glic61ise de 5,Oml de sangue. A temperatura usada para a desidratação desta solução varia entre 60 e 70oC durante o tempo necessário à completa desidratação. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES NA UTILIZAÇÃO DE ANTlCOAGULANTES - O EDTA não deve ser usado em amostra cuja finalidade seja a determinação do tempo de protrombina, pois provoca resultados aumentados. - Não se deve utilizar anticoagulantes na forma de s6dio ou potássio quando for necessária a dosagem destes elementos. - Anticoagulantes na forma de oxalatos não devem ser empregados na determina- ção do cálcio; assim como aqueles que contêm oxalatos, não podem ser utiliza- dos quando for necessária a determinação das atividades de enzimas, tais como: desidrogenase tática, fosfatase ácida e amilase, isto em virtude dos oxalatos ini- birem estas enzimas. - Os fluoretos não devem ser empregados na dosagem da uréia, quando esta for realizada através da urease, pois esta enzima é inibida pelos fluoretos. MATERIAL A SER COLHIDO NAS PRINCIPAIS DOENÇAS ANEMIA INFECCIOSA EOUINA - Soro sangüíneo refrigerado; fragmentos de baço, fígado e rins em solução fi- xadora. - Para pesquisa do vírus, remeter sangue desfibrinado ou fragmento de baço re- frigerado. ACTINOBACILOSE - Pus colhido nos abscessos fechados, acondicionados em frascos esterili.zados e conservados em gelo úmido. BABESIOSE - Esfregaços de sangue, fixados em metanol. 21 BRUCELOSE - Soro sangüíneo conservado em gelá úmido. No caso de fêmeas em lactação en- viar o leite em tubos de ensaio, colher e acondicionar separadamente o material proveniente de cada teta. CINOMOSE - Esfregaços de secreção da conjuntiva, mucosa nasal e oral. -- Fragmentos de rim, bexiga e sistema nervoso central em uma solução fixadora. - Para pesquisa de vírus, remeterfragmento de baço congelado. CARBÚNCULO SINTOMÁTICO - Animal vivo: Puncionar a tumefação muscular com seringa esterilizada, colocar o material colhido em tubo esterilizado, remeter conservado em gelo úmido. - Animal morto: Fragmento de músculo lesado conservado em bacteriostático ou osso metacarpiano desarticulado. CO LlBACI LOSE - Período agônico: fezes. - Período septicêmico: sanguedesfibrinado. DERMATOMICOSE - Lesões de pêlo, pele e unhas, em vidro seco e limpo. DURINA - Esfregaços de sangue e do exsudato prepucial ou vaginal, fixados em metanol. - Soro sangüíneo refrigerado. EIMERIOSE OU ISOSPOROSE (COCCIDIOSE) - Aves: intestino completo em sacos de polietileno acondicionados em gelo. - Mamíferos: fezes frescas ou em bicromato de potássio a 2,0%. FEBRE AFTOSA - Soro sangüíneo refrigerado (animal vivo). - Porções do epitélio que recobrem as aftas tanto da cavidade bucal quanto do úbere e patas. Nos dois últimos casos fazer assepsia antes da colheita, porém não se deve usar desinfetantes. Remeter em solução bacteriostática e solução fixadora. 22 GARROTILHO - Swabs da secreção purulenta eliminada pelas vias nasais. - Gânglios linfáticos conservados em gelo úmido e em solução fixadora. HEPATITE INFECCIOSA CANINA - Fragmentos de fígado em solução fixadora. LEPTOSPIROSE - Fase febril: sangue desfibrinado com pérolas de vidro para isolamento das leptospiras. - Fase de convalescência:soro sangüíneo não hemolisado, acondicionado em tu- bos estéreis. Remeter em gelo úmido. - Animal necropsiado: fragmentos de fígado e rim acondicionados em fixador. MAL-DE-CADEIRAS - Esfregaços do sangue fixado pelo metanol. LEISHMANIOSE - Cutânea: Estregaços de material colhido das úlceras, orelhas ou gânglios, fixa- dos em metanol. MASTlTE - Enviar leite colhido assepticamente. Adicionar solução de ácido bórico a 5%. MORMO - Soro sangüíneo, acondicionado com gelo úmido. - Biópsia de gânglio conservado em gelo úmido. - Fragmentos de tecidos lesados em solução fixadora. PANLEUCOPENIA FELlNA - Fragmentos de fígado, rim e intestinos em solução fixadora. PESTE SUINA - Remeter fragmentos de baço acondicionado em solução fixadora e solução bacteriostática. 23 RAIVA - Carnívoros: Quando for pequena a distância entre o local da colheita e o labo- ratório, remeter a cabeça do animal (desarticulada), quando o tempo. necessá- rio a tal remessa for inferior a 3 horas, remeter sem conservador, quando ul- trapassar este tempo, refrigerar. Quando existe recurso pode-se abrir a caixa craniana, retirar os cornos de Ammon e remeter uma parte em bacteriostático e outra em fixador, fragmentos de córtex cerebral e cerebelo. - Herbívoros: Remeter fragmentos dos cornos de Ammon, córtex cerebral e ce- rebelo acondicionados em bacteriostáticos e em fixador. TOXOPLASMOSE - Fragmentos de fígado, baço ou cérebro em bacteriostático. TRICHOMONOSE BOVINA - Mucopara realizaçãode aglutinação, em quantidade aproximada de 2m!. - Lavado prepucial em 1OOmlde soro fisiológico. - Lavado ou muco vaginal em solução fisiológica. Remeter ao laboratório em re- frigeração no tempo máximo de 24 horas. REFERÊNCIAS BIBLlOGRAFICAS 1. BENJAMIN, M.M. Compêndio de Patologia Clínica Veterinária, 2 ed. Méxi- co. Companhia editorial continental, 1962, 354p. CARVALHO, C. M. F. & BATISTA JUNtOR, J. A. Influência da aplicação de garrote, durante a colheita de sangue na resistência globular em cães clinicamente sadios. Arq. Esc. Sup. Veto UREMG, Belo Horizon- te, 11: 117-20, 1958. COFFIN, D. L. Laboratório clínico en Medicina Veterinária. México. La prensa medica mexicana, 1959, 335p. COLES, E. H. Veterinary clinical Pathology, 2 ed. Phyladelphia, W. B. Saunders Company, 1974. 615p. FERREIRA NETO, J. M.; VIANA, E. S. & MAGALHÃES, L. M. Patologia Clínica Veterinária. Belo Horizonte. 2 ed. Rabelp e Brasil, 1979, 293p. FERREIRA NETO, J. M. & MAGALHÃES, L. M. Influência da aplicação de garrotes, durante a colheita de sangue, no quadro hematológico do cão clinicamente sadio. Arq. Esc. Sup. Veto UREMG, Belo Horizonte, 10: 167-77,1957. CORRÊA, O. Doenças Parasitárias dos A. Domésticos. Sulina, Rio Grande . do Sul, 1970. 348p. LABORATÓRIO CENTRAL VETERINÁRIO. Manual de Técnicas de Pa- rasitologia Veterinária. Zaragoza, Acribia, 1971, 196p. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 24 9. LIMA, O. et alii. Métodos de Laboratório aplicados à Clínica. Rio de Ja" neiro, Guanabara Koogan, 1977, 669p. MEDWAY, W.; PRIER, J. E. & WILKINSON, J. S. Patologia Clínica Vete- rinária. UTEHA, México, 1973. 532p. PESSOA, S. B. & MARTINS, A. V. Parasitologia Médica. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1974, 1.002p. SANTOS, J. A. dos S. & MELLO, M. R. de. Diagnóstico Médico Veteriná- rio. {Colheitade Material}.São Paulo, NobeIS.A., 1974. 196p. 10. 11. 12. 25 2 Sumário de Urina A interpretação do sumário de urina fornece ao ti ínico dados valiosos sobre a patologia renal, trato urinárioe algumas moléstias extra-renais. 1. COLHEITA Para proceder um exame completo da urina, deve-se colher a urina emitida durante 24 horas, todavia em medicina veterinária esta prática é um tanto dificul- tosa, assim, recorre-se à colheita através do cateterismo ou esperando a mitção na- tural; aconselha-se realizar três colheitas durante o período de 24 horas, reunindo- se estas amostras faz-se o exame, caso não seja possível faz-se o exame da amostra colhida de uma s6 vez (vide capítulo 1). 2. REMESSA Vide capítulo 1. No sumário de urina estuda-se o exame físico, químico e o sedimento. 3. EXAME FI"SICODA URINA Compõem o exame físico: - estudo do volume - cor - aspecto - cheiro. - densidade. VOLUME Tem importânciasemiol6gica apenas quando é colhida toda a urine emitida durant~ 24 horas. O volume \,irinário durante 24 horas varia de espécie para espé- cie, e depende de vários fatores. 29 INTERPRETAÇÃO Poliúria Aumento do volume urinário excretado durante de~erminado tempo, em geral 24 horas. Ocorre nos seguintes casos: terapia diurética, aumento da inges- tão de I(quidos, administração de fluidos por via parenteral, administração de ACTH e corticosteróide, nefrite crônica, diabetes mellitus, diabetes insipidus, piometria, amiloidose renal, pielonefrite e algumas doenças do fígado. Oligúria Diminuição do volume de urina excretado durante 24 horas. Fisiologica- mente ocorre quando há diminuição do volume de líquido ingerido, desidra- tação, diminuição da pressão sangü(nea, nefrite aguda, febre, hiperemia renal pas- siva, isquemia renal, transtorno circulatório com edema, exercícios, transtornos intestinais com vômitos e diarréia. Anúria Consiste na supressão absoluta da secreção urinária. Pode ocorrer quando há diminuição do volume de água ingerida e aumento da perda de Ifquido (por outras vias), produzindo um grau de concentração tal que não possa mais haver elimina- ção de água; diminuição da circulação periférica; cardiopatias e colapso. Quadro 2.1 Volume urinAriadiário nos animaisdomásticos (litros) Espécie Animal Bovino Eqüino Suíno Ovino Caprino Cão Gato Valor Mddio 14,2 4,7 4,0 1,0 1,0 1,0 0,15 COR A coloração da urina é variável pois depende da quantidade de pigmentos urinários (urocromo e uroeritrina), da presença de substâncias medicamentosas ou ainda de elementos patológicos. A urina normalmente apresenta sua coloração variando entre o amarelo claro e o amarelo âmbar. Geralmente as urinas ácidas são mais escuras que as al- calinas. 30 Valor Valor M/nimo Máximo 8,8 a 22,6 2,0 a 11,0 2,0 a 6,0 0.5 a 2,0 0,5 a 2,0 0,5 a 2,0 0,1 a 0,2 INTERPRETAÇÃO Incolor ou Amarelo Pálido Ocorre normalmente quando há proteinúria, nefrite intersticial crônica, dia- betes insipidus, ingestão excessiva de líquidos, piometria. Do Amarelo Escuro ao Amarelo Âmbar Ocorre quando há oligúria, a urina apresenta-se muito densa, nefrite inters- ticial aguda, ingestão escassa de líquidos, febre, vômitos, diarréia, desidratação. Do Amarelo Âmbar ao Marrom Enegrecido Ocorre na azotúria, metaemoglobinúria e intoxicação pelo fenol. Amarelo Esverdeado Indicaa presença de pigmentos biliares, cuja urina quando agitada produz a formação de espuma de coloração esverdeada. Vermelho Claro ou Escuro Depende da presença de hematias ou hemoglobina, respectivamente. Alguns medicamentos modificam a coloração da urina. O azul-de-metileno e a acriflavina dão à urina uma coloração esverdeada; a fenotiazina e fenolftaleína determinam -coloração vermelha. ASPECTO O aspecto da urina pode ser límpido (ou claro), ligeiramente turvo, turvo e floculento. O aspecto da urina é observado colocando-se a urina em um recipiente de vidro, após isto, procura-se visualizar um foco luminoso através dela. No aspecto límpido e floculento há nitidez na visualização; porém, no segundo, pode-se obser- var partículas maiores disseminadas na urina, e quando turvo há turbidez na visua- lização do foco luminoso. INTERPRETAÇÃO Aspecto Límp"ido ou Transparente Normal na urina dos carn ívoros e on ívoros, nos herbívoros é Iímpido no momento da emissão, após ficar em repouso algumas horas torna-se turvo (ex- ceto nos eqüinos em que a urina é turva logo após a emissão). 31 Aspecto Turvo Normal na urina dos eqüinos. Nos carnívoros e onívoros ocorre todas as vezes que há aumento do número de células epiteliais, leucócitos, cristais, bacté- rias, hematias etc. Observação: Quando há aumento do número de leuc6citos a urina toma as- pecto leitoso, bactérias em grande quantidade produz turbidez uniforme, a qual não sedimenta. A urina de reação ácida freqüentemente apresenta aspecto límpido, enquan- to que a urina alcalina apresenta-se turva. O aspecto floculento geralmente é ol;>servadoquando há aumento da quanti- dade de muco. CHEIRO A urina possui odor característico (sui generis) para as diversas espécies ani- mais o qual é atribuído aos ácidos orgânicos voláteis nela contidos. INTERPRETAÇÃO O odor amoniacal na urina recém-emitida é visto nas fermentações e proces- sos inflamatórios das vias urinárias; o odor de acetona na acetonemia das vacas; o pútrido quando há destruição de tecidos no aparelho urinário; também alguns me- dicamentos podem modificar o odor urinár.io. DENSIDADE A densidade ou peso específico apresenta valores que variam de acordo com a espécie animal, o volume de líquido ingerido, a perda de líquido e a quantidade de solutos eliminados. Determinação da densidade urinária Atualmente a densidade urinária é determinada através da refratometria, usando-se refratômetros clínicos (Fig. 2.1) os quais são indicados para tal. É um processo rápido, preciso e que requer apenas uma gota de urina. O aparelho contém uma escala específica para a densidade urinária que vai de 1.000 a 1.045 (F ig. 2.2). A temperatura da urina não interfere neste método. * Nos casos em que a densidade urinária for superior a 1.045, deve-se diluir a urina em água destilada 1:1. Após a leitura, multiplicar por dois os dois algarismos da direita. Exemplo: Urina sem diluição: leitura acima de 1.045; Urina diluída-l:l~=+e34; resuttado: 1.068. '""./ * Comunicação pessoal. 32 Fig. 2.1 - Refratômetro cllnico. UG 1000 5 10 15 20 25 30 35 40 45 20°C F ig. 2.2 -. Escala refratométrica para determinação da densidade urinária. 33 Paradeterminação da densidade urinária pode-se usar o urinômetro ou uro- densímetro, sua vantagem consiste em seu custo ser bem menor que o aparelho citado anteriormente. . O urinômetro (F ig. 2.3) contém uma escala graduada de 1.000 a 1.060. Para a determinação coloca-se urina em uma proveta ou tubo, introduz-se o aparelho na coluna líquida de forma tal que o mesmo fique flutuando, após isto, faz-se a leitu- ra no ponto da escala em que coincide com a superfície da urina. Deve-se levar em consideração a temperatura de aferição do urinômetro, caso a urina encontre-se na mesma temperatura de aferição o resultado será o observado na leitura, quando não há coincidência deve-se fazer a correção. A densidade é inversamente propor- cional à temperatura, assim para cada 30C acima ou abaixo da temperatura de afe- rição diminui-se ou soma-se 1, respectivamente (Fig. 2.4). o 10 20 30 40 5 o 10 20 30 40 50 60 + 1000 + 1000 \., Fig. 2.3 - Urinômetro. Fig. 2.4 - Determinação da densidade urinária através do urinômetro. 34 Recentemente foi lançada a fita reativa para determinação da densidade. Este método se baseia na mudança do pKa de certas moléculas polieletrolfticas, que são sensíveis ao número de íons presentes na urina, o que provoca a mudança de pH; há mudança de cor devido a presença de um indicador. INTERPRETAÇÃO A densidade urinária está aumentada na desidratação, diabetes mellitus, en- fermidades debilitantes com destruição de tecidos, nefrite intersticial aguda, cistite. Densidade urinária diminuída: diabetes insipidus, ingestão excessiva de líqui- dos, uremia, nefrite intersticial crônica. Quadro 2.2 Valores normais da densidade urinâria nos animais domésticos Espécie Animal Valor Mínimo Valor Máximo Valor Médio Canino Bovino Ovino Caprino Eqüino Su(no Coelho 1.015 1.020 1.015 1.015 1.015 1.010 1.015 1.050 1.050 1.070 1.070 1.060 1.040 1.030 1.030 1.035 1.040 1.040 1.035 1.025 1.020 4. EXAME QUfMICO QUALITATIVO DA URINA Neste item, serão estudados os seguintes elementos: reação, proteína, aceto- na, glicose, pigmentos biliares, sais biliares, urobilinogênio, uribilina, hemoglobina e indican. REAÇÃO Esta característica da urina é influenciada pela alimentação. A dieta com alto teor de proteína resulta na produção de urina ácida. Determinação da reação urinária Usou-se por muito tempo o papel de tornassol. Atualmente util,iza-se com ótimos resultados o "papel indicador universal", o qual pode ser usado para deter- minar o pH de 1,0 a 10. Pode-se ainda determinar a reação urinária. através das ti- ras reagentes (Ames Co.). 35 INTERPRETAÇÃO Reação Ácida: a) nos carnívoros; b) nos ruminantes jovens (em fase de dieta láctica); c) na acidose metabólica e respiratória; d) após prolongada atividade muscular. Reação Alcalina: a) nos herbívoros; b) nos carnívoros com dieta alimentar em que se administra elevados teores vegetais; c) na retenção urinária por obstrução; d) na cistite; e) na alcalose metabólica. PROTEfNA Na urina de um animal normal não deve ser observada a presença de proteí- na. Todavia, os reagentes comuns não detectam menos de 10mg de proteína em 100ml de urina, assim conclui-se que existe na urina normal quantidades ínfimas desta substância, a qual é resultante das excreções normais das vias urinárias e não é observada através dos reagentes comuns. Determinação da proteína na urina Existem vários testeS para detectar a presença da proteína na urina. . PelasTiras Reagentes Atualmente usa-se as tiras reagentes em larga escala, as quais fornecem resul- tados satisfatórios. A reação se baseia na fixação do pH para certos indicadores os quais apresentam mudança de coloração quando em presença de proteína e na sua ausência não existe alteração de cor. Esta técnica é recomendada ma urina ácida ou ligeiramente alcalina e os resultados positivos são aceitáveis quando a urina apresenta alta concentração de proteína. A prova é feita mergulhando-se rapidamente a fita na urina; em seguida retira-se o excesso e compara-se a cor adquirida com o padrão que o estojo contém. Aconselha-se não utilizar as tiras reagentes na pesquisa de proteínas na urina dos herbívoros, em virtude da sua acentuada alcalinidade pois pode produzir re- sultado falso positivo por este método. Quando existir dúvidas com o resultado realizado por esta técnica, deve-se confirmá-Io através de outros métodos, sendo o mais indicado o uso do reagente de Robert. 36 . Pelo Reati{Jo de Robert Fórmula: - Solução saturada de sulfato de magnésio . . . . . . . . . . . . . . . . 5 partes - Ácido nítrico concentrado 1parte Para a preparação da solução saturada de sulfato de magnésio, dissolver 770 9 de sulfato de magnésio para 1.000ml de água. Técnica: colocar 2ml do reativo de Robert em um tubo de ensaio, incliná-Io e com o auxílio de uma pipeta deixarcorrer pelas paredes do tubo 2ml de urina, de forma que esta não se misture com o reagente. o aparecimento de um anel branco no limite de separação entre os dois Ií. quidos indica resultado positivo. . Pelo Ácido Sulfossalicílico (ASS) Reativo: Ácidosulfossalicílico 20g Águadestiladaq.s.p. 100ml Quando a urina estiver alcalina deve-se acidificar com ácido acético a 10%. Observação: em se tratando de urina de eqüino, deve-se acidificar e filtrar para eliminação da mucoproteína. Técnica: Colocar 1ml de urina em um tubo de ensaio e adicionar 1 gota de uma solução de ácido sulfossalicílico. Quando positivo dá-se o aparecimento de uma nuvem ou precipitado branco, os quais são proporcionais à concentração de proteína. Os uratos e resinas não interferem nesta reação, entretanto o uso de meios de contrastes radiológi. cos, doses maciças de penicilina e sulfamidas hipoglicemiantes podem produzir resultados falsos positivos por este método. . Pelo Ácido Nítrico Concentrado Técnica: Colocar em um tubo de ensaio 3ml de urina (quando turva, deverá ser previamente fi Itrada), e com o aux ílio de uma pipeta, depositar no fundo do tubo 3ml de ácido nítrico concentrado, tendo o cuidado de deixá-Io escapar vaga- rosamente para não haver mistura deste com a urina; retirar a pipeta com cuidado. A formação de um anel branco (ANEL DE HELLER) na superfície de sepa- ração entre os dois líquidos indica um resultado positivo, a espessura do anel de Heller é diretamente proporcional à concentração de proteína. 37 Este método apresenta o inconveniente de sofrer influência de vários fato- res os quais devem ser observados. A presença de pseudo-albuminas produz formação de um anel branco, mas este forma-se acima da superfície de separação entre os dois líquidos. Na urina com alta concentração de uréia pode-se observar um anel branco cristalino devido a formação do nitrato de uréia, sendo que este localiza-se acima do anel de Heller. A urina conservada através do timol produz anel semelhante ao de Heller, mas este conservador poderá ser removido através do éter de petróleo (agita-se em um tubo de ensaio urina e éter de petróleo em volumes iguais durante dois minutos, em se- guida faz-se o exame). . Pelo Calor Aquecer lentamente 5ml de urina em um tubo de ensaio até a temperatura de 600C e adicionar 2 a 3 gotas de ácido acético diluído. Será positivo o resultado para a presença de prote ína quando houver turvação da coluna Iíquida, a qual se acentuará quando for adicionado o ácido acético diluído. A presença de fosfatos terrosos na urina também produz turvação pelo calor mas esta desaparece com a adição de ácido acético e a proteína de Bence-Jones quando presente precipita-se quando a temperatura da urina está em torno de 600C, acima de 600C ela se redissolve. INTERPRETAÇÃO Denomina-se proteinúria a presença de proteína na urina. Podemos classificar a proteinúria em: - Fisiológica - Patológica. - Proteinúria fisiológica ou pré-natal Acredita-se resultar de um aumento temporário na permeabilidade glomeru- lar resultante da congestão de capilares. Pode ocorrer quando há exercício mus- cular intenso, stress, ingestão excessiva de proteína ou convulsão. - Proteinúria Patológica Esta pode ser classificada em renal e pós-renal. - Renal Quando a proteína existente na urina provém dos rins. Ocorre quando há: amiloidose renal; nefrite aguda; nefrite crônica, nefrose; pielonefrite; congestão renal; intoxicação por arsênico, fósforo, chumbo, fenol, mercúrio, sulfonamidas e éter. 38 - Pós-renal Quando a proteína existente na urina foi incorporada à mesma no seu tra- jeto após os rins. Ocorre nos seguintes casos: cistite; prostatite; uretrite urolitía- se; contaminação da urina por descarga vaginal ou prepucial. ACETONA Determinação da acetona urinâria . Pelas Tiras Reagentes (Billi-Iabstix-Ames Co.). Tem sido muito utilizada pela sua facilidade de execução. Imerge-se a fita na urina rapidamente e faz-se a leitura comparando a coloração obtida com a tabela padrão que acompanha o produto. Tem a desvantagem de ser específica para o áci- do diacético, não reagindo com a acetona. . Pelo Reativo de Rothera Fórmula: -Nitroprussiatodesódio 1,Og - SulfatPdeamônia 100,Og Pulverizar o nitroprussiato de sódio em um gral, adicionar o sulfato de amô~ nia e misturar bem, até homogeneizar, guardar em frascos de cor âmbar. Técnica: Tomar 4ml de urina em um tubo de ensaio e saturar com o reativo de Rothera modificado (percebe-se a saturação pela presença de um pequeno de- pósito de sulfato de amônio nO fundo do tubo em repouso). Inclinar o tubo e deixar escorrer lentamente pelas paredes 2ml de amônia. Manter o tubo em repouso. O aparecimento de um anel purpúreo na superfície de separação entre os dois líquidos indica a presença de acetona, a velocidade no aparecimento e a es- pessura do anel são proporcionais à quantidade de corpos cetônicos presentes na urina. . Pelo Método de Lippross Fórmula: -Nitroprussiatodesódio 1,Og -Sulfatodeamônia 10,Og - Carbonato de sódio anidro 10,Og 39 Em um gral pulverizar o nitroprussiato de sódio, misturar os dois sais e ho- mogeneizar, guardar em frasco âmbar. Técnica: Tomar uma pequena porção do reativo em pó e dissolver sobre uma lâmina de microscopia, deixar cair algumas gotas de urina sobre o reativo. o resultado é positivo quando após alguns minutos dá-se o aparecimento de uma coloração violeta. Para uma melhor visualização da reação deve-seobser- var a lâmina contra o fundo branco. INTERPRETAÇÃO Os corpos cetônicos são representados pela acetona, ácido acetoacético e beta-hidroxibutírico que na acetonúria representam 2, 20 e 78% respectivamentee são resultantes do metabolismo dos lipídios e do acúmulo de Acetil-Co-Aque não é utilizada na lipogênese ou no ciclo do ácido cítrico, sendo convertida em corpos cetônicos. A relação entre o conteúdo de corpos cetônicos no plasma e na urina ou no leite é incerta, porém asprovastêm valor diag-nóstico. Denomina-seacetonúria a presença de acetona na urina. Acetonúria pode ocorrer: - Em cães e gatos Nesses animais tem como principal causa o diabetes mel/itus; quando ainda jovens, pode ocorrer nos estados febris, após prolongados períodos de inanição. - Nos herbívoros Acetonemia das vacas, inanição, ingestão deficiente de carboidratos. Nos bo- vinos também ocorre no linfoma maligno com invasão intestinal, deslocamento do abomaso. Nas ovelhas gestantes observa-se acetonúria associada à hipoglicemia, principalmente nas fêmeas gestantes de 2 fetos (gêmeos) e na toxemia gravídica. GLlCOSE Determinação da glicose urinâria . AtravésdeTabletesRéagentes- Clinitest Reagent Tablets (Ames Co.) Este método é semiquantitativo e de fácil realizaçãoapresentando bons re- sultados. Colocar 5 gotas de urina e 10 gotas de água em tubo, adicionar um table- te reagente e esperar 15 segundos. Quando negativo, aparecerá uma coloração azul, podendo ou não apresen- tar sedimento branco. Quando positivo, aparecerá uma coloração alaranjada, vermelha ou marrom escuro. 40 . Pelas Tiras Reagentes Billi-Iabstix (Ames Co.) Semelhante ao anterior, apresenta bons resultados e é de fácil execução. A tira reagente deverá ser introduzida rapidamente na urina e depois comparada a sua coloração com o padrão que acompanha o produto. O seu uso exige precaução quando tratar-se de urina da espécie canina em virtude desta conter uma grande quantidade de ácido ascórbico, o qual interfere na reação. . Método de Benedict qualitativo Fórmula: - Sulfato de cobre (puro cristalizado) 17,3g - C;trato de sódio ou potássio 173,Og - Carbonato de sódio cristalizado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 200,Og - Águadestiladaq.s.p. 1.000,Oml Colocar o citrato e o carbonato em aproximadamente 700ml de água, dis- solvendo-o através de aquecimento e filtrar. Depois, colocá-Io em um balão gra- duado para 1.000ml. À parte, pulverizar o sulfato de cobre e dissolver em 100ml de água, quando dissolvido, transportar para o balão contendo a solução citrato- carbonato,agitar o balão durante a adição. Esfriar e completar para 1.000ml. O período de validade deste reativo é indefinido. Técnica: Colocar em um tubo de ensaio 2,5ml do Reativo de Benedict qua- litativo e adicionar 4 gotas de urina; com o auxílio do bi<lode gás, aquecer até ha- ver ebulição, mantendo neste estado durante 1 minuto no mínimo. O resultado será dado de acordo com a coloração aparecida após a ebulição. Solução azul límpida: negativo Precipitado esverdeado: traços de glicose Precipitado amarelado::t 10g de glicose/100ml de urina Precipitado vermelho::t 20g de glicose/100ml ou mais. Em casos positivos repetir o exame com a urina defecada. Defecação da urina Consiste em tratar a urina com o reativo de Courtonne uma vez que a albu- mina ou elevada quantidade de ácido úrico, creatinina ou outros agentes redutores provocam resultados duvidosos. Fórmula: - Acetatoneutrodechumbo 300,Og - Águadestiladaq.s.p. 1.000,Oml. 41 Adicionar algumas gotas de ácido acético até neutralizar a solução. Estável indefinidamente. Técnica: Tomar 9,Oml de urina e acrescentar 1,Oml do reativo de Courton- ne. Agitar e filtrar imediatamente. Utilizar o filtrado para a prova de Benedict. INTERPRETAÇÃO Na urina normal não deve existir glicose. A glicosúria geralmente é patológica e pode"ser classificada em metabólica ou hiperglicêmica e renal ou normoglicêmica. Glicosúria metabólica ou hiperglicêmica pode ocorrer nos seguintes casos: - glicosúria alimentícia (jngestão de grande quantidade de carboidratos); - diabetes meJ/itus. - afecções endócrinas como: hipertireoidismo, hiperpituitarismo, e hipersu- pra-renalismo; . - glicosúria neurógena; - glicosúria por administração de adrenalina; - glicosúria traumática (após fratura com intensa hemorragia). Glicosúria renal ou normoglicêmica pode ocorrer nos seguintes casos: - glicosúria de gravidez; - glomerulonefrite crônica, nefrose; - nefroesclerose; - glicosúria tóxica. A reação falso positiva poderá ser provocada por várias drogas, inclusive antibióticos. Dentre elas podem ser citadas: lactose, maltose, pentose, ácido as- córbico, morfina, claral hidratado, formaldeído, ácido úrico, salicilato, estrepto- micina, clorotetraciclina, tetracilina, penicilina e cloranfenicol. PIGMENTOS BILlARES Determinação dos pigmentos biliares . Reativode Gmelin Preparação do ácido nítrico nitroso: Solução estoque: - Ácido nítrico (D-1,40) 100ml -Nitritodesódio 1,Og 42 Solução de uso: -Soluçãoestoque 10ml - Ãcidonítricoq.s:P 1.000mI ou: Colocar no ácido nítrico, pequenos fragmentos de madeira, agitar e deixar até que o ácido tome coloração amarelada; retirar os fragmentos de madeira. Técnica: Em um tubo de ensaio colocar 2ml de urina e com o auxílio de uma pipeta colocar no fundo do tubo (sob a urina) 2ml do ácido nítrico nitroso. o aparecimento de vários anéis coloridos no limite de separação dos dois lí- quidos indica a presença de pigmentos biliares. . Prova de Worth e Flitman Fórmula: - SoluçãodeNaOH5N 85ml - Sulfatodezincoa2% 15ml Técnica: Urina. . . . . . . . Reativo....... (Esperar 10 minutos) 1ml O,1ml o aparecimento de uma coloração alaranjada indica a presença de bilirru. bina. . Método da Diazorreação - Almofada reagente Técnica: Em uma almofada reagente acrescentar 5 gotas de urina e, sobre a área umedecida, colocar um comprimido (Ictotest-Ames Co.); gotejar água destila- da sobre o comprimido (2 gotas). o resultado é positivo quando em 30 segundos dá-se o aparecimento de uma coloração púrpura ou azul na almofada em torno do comprimido. Não levar em consideração o aparecimento de coloração rosa ou vermelha. INTERPRETAÇÃO Na maioria das espécies animais, a presença de bilirrubina na urina é um in- dicador da excreção biliar deficiente. A sua presença na urina auxilia no diagnós- tico diferencial entre lesão hepática hemolítica e obstrutiva. Traços de bilirrubina na urina podem ser normalmente encontrados em 25% dos bovinos sadios. A ausência de bilirrubina na urina não exclui a possibilidade 43 de lesão hepática, sendo comum uma ligeira bilirrubinúria estar associada com en- fermidades primárias de outros sistemas. Na urina do cão, a presença de pigmentos biliares, associada ou não à pre- sença de urobilinogênio, indica de modo geral comprometimento hepático. A bilirrubinúria pode ocorrer quando houver: lesões hepáticas; obstrução do canal biliar; icterícia obstrutiva; icterícia hepatocelular e enterite aguda. SAIS BILlARE"S Pesquisa "de sais biliares . Prova de HAY Técnica: Em um tubo de ensaio, colocar 3ml de urina, e deixar cair lenta- mente flor de enxofre na sua superfície. Estando os sais biliareS presentes, a flor de enxofre desce ao fundo do tu- bo, sendo esta velocidade para descida diretamente proporcional à concentração dos sais biliares. Quando ausentes, a flor de enxofre permanece na superfície da urina. Esta reação não é específica, sofre interferência de diversos detergentes, sabões e medicamentos que influenciam na tensão superficial da urina. INTERPRETAÇÃO Na bile normalmente são excretados sais sódicos (ácido glicocÓlico e tauro- cólico) os quais são resultantes da combinação do ácido cólico com a glicina ou taurina respectivamente. Os sais biliares produzem uma redução na tensão superficial da urina. Quan- do a urina contém grande quantidade destes sais, ao ser agitada, dá-se o apareci- mento de espuma, a qual é pers.istente. A presença de sais biliares na urina tem o mesmo significado da presença dos pigmentos biliares. UROBILlNOG~NIO - UROBILlNA O urobilinogênio é resultante da redução da bilirrubina e deve ser pesquisa- do na urina recém-emitida, enquanto que a urobilina é um pigmento formado pela oxidação natural do urobilino'gênio e deverá ser pesquisada na urina velha. 44 Pesquisa de urobilinogênio . Qualitativa Preparaçãodo reativode Ehrlich: Paradimetilaminobenzaldeído 29 Solução de ácido clorídrico a 20% . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . 100ml (Conservar em frasco âmbar). Técnica: Colocar em um tubo de ensaio 5ml de urina recém-emitida e adi- cionar 1ml de reativo de Ehrlich. . Quando positivo, dá-se o aparecimento de uma coloração vermelho cereja, a qual deverá ser pesquisada colocando o tubo sobre um campo branco e olhando n,Ç>sentido vertical (do tubo) de cima para baixo. Observação: Algumas substâncias podem interferir nesta prova pois quando em contato com o reativo de Ehrlich produzem colorações diferentes: - B.ilee nitratos produzem coloração verde; - Sulfonamida e procaína produzem cor amarelo esverdeado; - Indol produz cor avermelhada. . Semiquantitativa Deveráser feita apenasem amostrasque foram positivasno examequali- tativo. - Tomar 6 tubos de ensaio e numerá-Ios. - Colocar 3ml de água destilada no tubo n? 1 e 2ml nos demais. - Adicionar 1mlde urina no tubo n? 1, homogeneizar. - Transferir 2ml da solução urina-água do tubo n? 1 para o tubo n? 2, homogeneizar. - Transferir 2ml da solução do tubo n? 2 para o n? 3, e assim sucessiva- mente, no tubo n? 6 desprezar 2ml da solução. - Adicionar 2 gotas do Reativo de Ehrlich em cada tubo, homogeneizar. - Após 5 minutos pesquisar o aparecimento da .coloraçãovermelho cereja, observando até qual diluição a reação é positiva. TUBO N<? 1 DILUiÇÃO n? 1 n? 2 n? 3 n? 4 n? 5 n? 6 1:4 1:8 1:16 1:32 1:64 1:128 45 Pesquisa de Urobilina . Prova de SCHLESINGER (Método de Nauman, mod.) Reativos: Suspensão de acetato de zinco Acetatodezinco 10,Og Álcooletílicoq.s.p 100,Oml Solução de lugol 1000 5,Og lodetodepotássio .10,Og. Águadestiladaq.s.p. 100,Oml Guardar em frasco âmbar, sendo a sua conservação limitada, devido a ins- tabilidade do acetato de zinco. Técnica: Colocar em um tubo de ensaio 10ml de urina (esta urina não deve ser recente). Adicionar 10ml de suspensão de acetato de zinco. Agitar e filtrar. Di- vidir o filtrado em duas porções A (amostra) e C (controle). No tubo C colocar 1 gota de ácido clorídrico conc., em seguida acrescentar 2 gotas de lugol em ambos tubos. A reação será positiva quando notubo A aparecer um'a fluorescência ama- relo esverdeada. No tubo C não deve haver fluorescência. INTERPRETAÇÃO o urobilinogênio é derivado da bilirrubina pela ação da flora bacteriana in- testinal. Uma parte do urobilinogênio é reabsorvida, retomando ao fígado e ou- tra pequena parte cai na circulação e é excretada pelos rins. A urina dos caninos e felinos pode normalmente apresentar uma pequena quantidade de urobilinogênio - urobilina (1 :16), raramente (1 :32). Nos bovinos se observa uma estreita relação entre a quantidade de urobilinogênio excretado e a presença de lesão hepática, entretanto esta correlação não foi observada no cão. o urobilinogênio-urobilina encontra-se aumentado quando ocorre: - Lesão hepática em que as suas células não possam remover o urobilinogê- nio da circulação portal; cirrose hepática; icterícia hemolítica. A diminuição ou ausência do urobilinogênio é observada: - Diminuição na destruição de eritrócitos; icterícia obstrutiva; absorção in- testinal deficiente; nefrite crônica; administração de alguns antibióticos, principalmente a aureomicina. 46 HEMOGLOBINA Determinação da hemoglobina . Pelas Tiras Reagentes - labstix ou bililabstix (Ames Co.) - o resultado é obtido em apenas 30 segundos. - Occultest Reagente Table (Ames Co.). - Hemastix (Ames. Co.). . Pela Reação de Benzidina Técnica: Dissolver uma pequena quantidade de benzidina em 2ml de ácido acético glacial, de forma a produzir uma solução saturada. Adicionar 2ml de uri- na, homogeneizar. Acrescentar 1ml de água oxigenada 120 volumes. o élparecimento de uma coloração verde ou azul entre 5 minutos, indica a presença'de sangue. . . Reação de Johannessen Fórmula: Fenolftaleína 2,Og Hidróxidodepotássio 25,Og Águadestilada 1O0,Oml Dissolver, acrescentar 10g de zinco em pó e ferver até a solução tornar-se in- color. Resfriar, medir, e adicionar igual quantidade de álcool etílico a 96%. O zin- co sedimentará, devendo-se adicionar alguns mililitros de parafina líquida, para evitar oxidação do reativo. Transferir para um frasco âmbar,e não tampar com ro- lha esmerilhada. Técnica: Tomar 5ml de urina em um tubo de 'ensaio. Adicionar 20 gotas de reativo de Johannessen; 10 gotas de água oxigenada (10 volumes). O aparecimento de uma coloração que vai do róseo ao vermelho indica a presença de hemoglobina. O método de Johannessen é três vezes mais sensível que o da benzidina. INTERPRETAÇÃO A hemoglobina na urina pode refletir um aumento dos seus níveis plasmá- ticos ou hemorragia no aparelho urinário. 47 Em estado normal não deve existir a presença de sangue na urina, quando isto acontece deve-se fazer a determinação de hematúria ou hemoglobinúria. Hematúria - Presença de sangue na urina (hemácias intactas). A urina apresenta coloração vermelho vivo e aspecto turvo. Após centrifu- gação ou repouso o sobrenadante apresenta-se com: coloração amarela e no sedi- mento grande quantidade de eritrócitos. Hemog/obinúria - Presença de hemoglobina na urina determina uma colora- ção vermelho escuro e aspecto límpido. Após centrifugação ou repouso o sobrena- dante apresenta-se com coloração vermelho escuro, sedimento contém poucos eri- trócitos. - OCfl1rrênciade hematúria Hemorragia do aparelho urinário; nefrite aguda; infarto renal; congestão passiva; abscessos renais; nefrose; pielonefrites bacterianas; inflamação nos órgãos do aparelho urinário; urolitíase; contaminação da urina com material resultante de descarga vaginal na fase estral e pós-parto das fê- meas; traumas por uso inadequado de cateter; choque; necrose; ulceração ou neoplasma do trato urinário; prostatite; infecções severas como a leptospirose; trombocitopenia; infestação pelo Dioctophyme rena/e, Di- rofilaria immitis (canino); sulfonamidas; fenol; intoxicação pelo mercú- rio, arsênico ou tálio. - Ocorrência da Hemof//obinúria Babesiose; infecções provocadas por: Clostridium haemo/yticum, C. per- fringens Tipo A; leptospirose; fotossensibilização; incompatibilidade san- güínea; hemoglobinúria pós-parto; agentes químicos (mercúrio e cobre); algumas plantas tóxicas. INDICAN Determinação do indican na urina . Pelo Reagente de Obermayer Fórmula: Ácido clorídrico concentrado 100ml Percloretodeferro 0,3g Técnica: Em um tubo de ensaio colocar 2ml de urina e 2ml do reagente de Obermayer. Agitar e acrescentar 2ml de clorofórmio. Homogeneizar por inver- são fechando o tubo com o polegar ou com uma rolha. 48 Quando há presença de Indican o clorofórmio toma coloração azul. INTERPRETAÇÃO Esta substância é formada e absorvida no intestino, sendo eliminada pelos rins, constitui o produto final do metabolismo bacteriano do triptófano. É normal observar a presença de pequena quantidade de Indican na urina de cães e gatos, nos herbívoros sempre está presente. A indicanúria pode ser observada quando há: - constipação; - obstrução intestinal; - enterite; - gastrite; - diminuição do fluxo biliar; - dieta rica em prote ínas; - áreas de decomposição protéica no organismo, como exemplo: peritonite, metrite, abscessos. 5. EXAME DO SEDIMENTO URINARia o estudo do sedimento urinário é imprescind ível na interpretação do su- mário de urina. Para a obtenção deste, toma-se 5 a 10ml de urina e centrifuga-se a 2.000rpm durante 10 minutos. Não dispondo de centrífuga, pode-se obter o se- dimento deixando a urina em repouso (em refrigerador) durante 6 horas. Despre- za-se o sobrenadante, homogeneiza-se o sedimento e examina-se entre lâmina e lamínula. Inicialmente o exame deverá ser feito com pouca luz e em pequeno aumen- to para uma visão geral do campo, anotando-se a média e verificando a distribui- ção dos elementos, presença de cilindros, muco e Tríchomona. Os cilindros cos- tumam ficar nas bordas da lamínula. Em seguida examina-se com a objetiva 40X para identificação e contagem dos elementos. O sedimento urinário (Fig. 2.5) é constituído de duas partes: - Sedimento organizado; - Sedimento não organizado. . SedimentoOrganizado Esta parte do sedimento urinário é representada por: a) Células epiteliais Em geral observa-se pequena quantidade de células epiteliais de descamação dos rins, da bexiga, uretra e vagina, porém quando esta descamação é intensa indica processo patológico. É válido ressaltar que normalmente observa-se células epiteliais de vagina no sedimento urinário de cadelas. 49 (" Fig. 2.5 - Sedimento Urinário. b) Espermatozóides São encontrados na urina do cão, principalmente quando se usa o cateteris- mo para colheita. Nas outras espécies animais eles aparecem quando a urina está contaminada com sêmen ou em casos de espermatorréia. c) Leucócitos-Piócitos Os leucócitos-piócitos estão sempre presentes na inflamação do aparelho re- nal, próstata, útero ou vagina. Os leucócitos são glóbulos brancos que permanecem intactos e os piócitos são leucócitos degenerados resultantes do combate à in- fecção. Apresentam forma arredondada,tamanho maior que as hemácias e alto rndi- ce de refração. O piócito na urina alcalina pode se apresentar dilatado ou destrurdo e na uri- na ácida pode se apresentar retrardo. Quando o número de piócitos por campo (aumento 400X) for superior a 5 deve-se considerar como patológico. Algumas vezes os piócitos apresentam-se aglo- merados, tal fato deve ser registrado "Presença de aglomerado de piócitos"; no en- tanto se o número de piócitos por campo for superior a 50 deve-se registrar "in- contáveis" e se este número for tão grande de modo a impedir a contagem dos ou- tros elementos, deve-se registrar "Campos repletos de piócitos, contagem dos de- mais elementos prejudicada". Na pielonefrite os piócitos podem apresentar grânulos citoplasmáticos com movimentos brownianos e são chamados de células Sternheimer-Malbin. Alguns 50 autores citam esta célula como específica na pielonefrite e pode ser melhor evi- denciada com o corante de Sternheimer-Malbin. . Método de Sternheimer-Malbin Fórmula Solução I Cristaldevioleta ~ 3,Og Etanola95% 20,Oml Oxalatodeamônio 0,8g Ãguadestilada 80,Oml Solução" SafraninaO1,Og Etanola95% 40,Oml Ãguadestilada 400,Oml Estas soluções são estáveis em temperatura ambiente. Usa-se três partes da Solução I para 97 partes da Solução 11. Misturar e fil- trar. Recomenda-se filtrar esta solução a intervalos de duas semanas e descartar com 90 dias. Técnica: Centrifugar 10ml de urina recente a 2.000 rpm durante 10 mi- nutos, desprezar o sobrenadante, adicionar duas gotas do corante e completar o volume para 1,Oml com solução fisiológica (NaCI 0,85%). Homogeneizar e exami- nar ao microscópio. d) Hematias Normalmente não se deve observar hematias na urina, salvo quando a co- lheita for realizada com cateter. Aparecem nas hemorragia's do sistema urogeni- tal, quando a hemorragia é renal as hematias podem aparecer formando cilindros. Na urina pouco concentrada as células se entumecem podendo romper; todavia, -apresentam-se com contorno irregular (denteadas) quando a urina é muito con- centrada. A identificação das hematias no sedimento apresenta dificuldade, deve-se observar cuidadosamente pois elas apresentam uniformidade no tamanho e mor- fologia, contudo o método de Endtz auxilia na sua identificação. . Reativode Endtz Solução A: Solução alcoólica de Benzidina a 1% (usar álcool a 42%). 51 Solução B: Ácidoacéticoa6% 20ml Águadestilada 100ml No momento do uso, misturar: - Solução A - 1ml - (Solução B - 2ml - Água oxigenada - 5 gotas - Água destilada - 9ml As hematias quando tratadas pelo reativo de Endtz apresentam-se coradas de azul, enquanto que os leucócitos apresentam apenas granulações azuladas no seu interior. Colocar duas gotas do sedimento urinário em uma lâmina, acrescentar uma gota do reativo de Endtz, cobrir com lamínula e examinar ao microscópio. e) Cilindros São formações cilíndricas modeladas dentro dos túbulos renais ou coleto- res. A sua constituição fornece valiosa contribuição ao diagnóstico. da patologia renal. Normalmente não se observa cilindro.s no sedimento urinário. Geralmente a presença de cilindros indica a existência de lesão renal intrínseca, pois para sua for- mação é necessária a existência de alteração da função do néfron. Os cilindros apresentam maior durabilidade em meio ácido, por isso dificilmente serão encon- trados na urina alcalina. Existem algumas formações chamadas cilindróides, as quais possuem as ex- tremidades afiladas ou onduladas. Estas formações ocorrem nos processos infla- matórios renais. f) Muco Ao microscópio apresenta-se em forma de fios, os quais são variáveis em ta- manho e largura. Normalmente observa-se pequena quantidade de muco na urina normal, uma grande quantidade indica irritação da uretra exceto em eqü ídeos por- que nesta espécie é normal a presença deste componente urinário. g) Levedos, gotículas de gorduras, ovos de parasito~, hifas de fungos e bactérias Levedos Raramente são observados, podem proceder da bexiga ou serem contami- nantes, merecem atenção pois podem ser confundidos com hematias. - Gotículas de gorduras Apresentam-se arredondadas e podem ser identificadas, usando-se o co- rante Sudam III que cora os lipídios em róseo. Podem ser observadas na dieta alta em gorduras, diabetes mellitus, obesidade, hipotireoidismo. 52 - Ovos de parasitos No sedimento urinário pode-se observar ovos de Stephanurus dentatus em suínos, Dioctophyme renale e Capilaria plica em caninos. As hifas de fungos e bactérias podem ser encontradas nas inflamações do sistema urinário. . Sedimento não Organizado É constituído pelos cristais os quais são resultantes da precipitação de sais minerais dissolvidos na urina. A cristalúria pode ser assintomática ou estar asso- ciada à formação de cálculos no sistema urinário. Na urina alcalina podem ser observados os seguintes cristais: fosfato triplo, fosfato amorfo, fosfato de cálcio, carbonato de cálcio e urato de amônio. Na urina ácida pode-se observar cristais de urato amorfo, ácido úrico, ácido hipúrico e oxalato de cálcio. Em casos especiais pode-se visualizar cristais de tiro- sina, leucina e cistina. Os cristais de fosfato são comuns na nefrite crônica, cistite, estase urinária. - Fosfato triplo A presença destes cristais na urina fresca revela fermentação amoniacal da urina. Geralmente aparece sob forma prisma e quando em presença de grande quantidade de sais de amônio podem aparecer nas urinas ligeiramente ácidas ou neutras. Podem ser classificados em: hialinos, granulosos, epiteliais, leucocitários, hemáticos e céreos. - Cilindros hialinos Não contêm células, são constituídos de proteínas mais mucopolissacarí- deos. Podem ser encontrados na urina dos caninos quando esta apresenta-se con- centrada, quando extremamente ácida, após exercícios exaustantes, febre. - Cilindros granulosos (grossos e finos) A composição dos cilindros granulosos ainda não está perfeitamente escla- recida. Supõe-se que seja constituído de albumina, gordura, eritrócitos ou leu- cócitos e células epiteliais em degeneração. O cilindro granular tem contornos nitidamente definidos, podendo observar um lado curvo e outro reto e as extremidades apresentam-se arredondadas ou que- bradas. A presença destes cilindros na urina indica a existência de lesão tubular. - Cilindros epiteliais São constituídos de células epiteliais e pequena quantidade de proteínas. Deve-se fazer uma cuidadosa identificação do cilindro epitelial, o que é possível com a detecção dos contornos celulares, 'os quais são visíveis quando estão in- 53 tactos. Alguns autores acreditam que o cilindro epitelial torna-se. granular grosso, depois granular fino e por último céreo. A presença destes cilindros no sedimento urinário tem o mesmo valor clínico dos cilindros granulosos. - Cilindros leucocitários Constitu ídos de leucócitos e proteínas. Nem sempre é fácil distinguir os ci- lindros leucocitários dos cilindros epiteliais constituídos por células degenera- das, pode-se diferenciar estes cilindros usando-se o corante de Sternheimer- Malbin que determina coloração rósea àqueles. Os cilindros leucocitários são formados nos túbulos renais, enquanto que os leucócitos isolados ou em grupos podem proceder de qualquer parte do trato geni- turinário. Estes cilindros podem estar presentes na pielonefrite e glomerulo- nefrite. - Cilindros hemáticos Também chamados cilindros sangüíneos ou cilindros de hemoglobina. São constitu ídos de hematias e têm como característica apresentarem-se com uma co- loração vermelho laranja. Ocorrem quando há lesão glomerular, inclusive necrose. - Cilindros céreos Parecidos com lâminas de parafina, apresentam alto índice de refração, têm cor amarelada e a sua aparência sugere fragilidade. Em geral sua presença indica a ocorrência de degeneração renal. - Fosfato amorfo Visto ao microscópio como poeira amorfa de coloração acinzentada ou ama- relada. - Fosfato de cálcio Pode apresentar-se de várias formas: cristalino, granular, cuneiforme, em for- ma de rosetas ou amorfo. Os cristais de fosfatode cálcio podem ser confundidos com cristais de urato de sódio. Esta diferenciação poderá ser feita através adição de ácido acético, pois este ácido dissolve faci Imente os fosfatos, não ocorrendo o mesmo com os uratos. - Carbonato de cálcio São encontrados na urina alcalina, porém podem ser observados na urina neutra ou ligeiramente ácida. Apresentam-se em forma romboédrica e raramente em forma de agulhas. 54 A diferenciação entre os carbonatos e oxalatos de cálcio é feita através do ácido acético. O carbonato se dissolve no ácido acético com desprendimento de gás, enquanto o oxalato não sofre interferência deste ácido. O carbonato de cálcio normalmente é encontrado na urine de eqüino. - Urato de amônio Raramente é encontrado; apresenta-se em forma de esfera contendo nume- rosas espículas, quando ocorrem sem espículas poãem ser confundidos com leve- duras ou cristais de leucina. - Urato amorfo Apresenta-se ao microscópio sob forma de granulações. - Ácido úrico Pode ser constatado na urina fortemente ácida. Alguns autores indicam sua ocorrência nas lesões renais crônicas.
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