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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - UFSCAR CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - CCET FÍSICA EXPERIMENTAL D - TURMA A RELATÓRIO PRÁTICA 2: MATERIAIS DIELÉTRICOS OU MAGNÉTICOS Professor: Prof. Dr. Adenilson José Chiquito Autores (Grupo 08): André Berretta da Costa 744631 Eder Aparecido Brambilla 359467 Gabriel Marques Jacobsen 744643 Data: 05 de Novembro de 2018 1. Resumo A Prática 2 - Materiais Dielétricos ou Magnéticos - teve como objetivo o estudo das características dielétricas e magnéticas de materiais, utilizando, para isso, os conceitos de circuitos RC e RL em séries e filtros passa-baixa e passa-alta. Dessa forma, na primeira parte do experimento foi montado um circuito RC em série com um capacitor de placas paralelas e uma caixa de resistências variáveis. Em seguida, definiu-se uma frequência de corte e variou-se a resistência até que o valor da tensão medida no capacitor ou no resistor correspondesse a 70,7% do valor da tensão total do circuito; nesse ponto, a frequência de corte pré-estabelecida era alcançada. Então, com essas medidas, foi possível determinar a capacitância do capacitor e a permissividade elétrica de diferentes materiais. De forma análoga, na segunda parte da prática foi montado um circuito RL em série com um indutor composto por fios de cobre e a caixa de resistências variáveis e se realizou o mesmo procedimento descrito anteriormente: uma frequência de corte foi definida, variou-se a resistência até que se chegasse a tal frequência, que correspondia ao ponto em que a tensão no indutor ou capacitor era igual a 0,707 da tensão do circuito. Com as medidas feitas, foi possível determinar a indutância do indutor e a permeabilidade magnéticas do ferro e do alumínio. Baseado nas comparações dos resultados obtidos com os valores das mesmas grandezas no vácuo e no tipo de material trabalhado, pode-se afirmar que as medidas foram bem sucedidas e corresponderam aos valores esperados teoricamente. 2. Introdução Teórica Um capacitor é formado por dois condutores isolados (placas), em que um está carregado com uma carga e o outro com . A capacitância é definida como sendo + q − q , onde é a diferença de potencial entre as placas.Vq = C V No caso de um capacitor de placas paralelas (experimento realizado), a capacitância pode ser escrita como , com sendo a área da placa e a distância entre elas.C = d ε A0 A d Quando o espaço entre as placas do capacitor for preenchido com um material dielétrico, a capacitância é multiplicada por um fator , que chama-se constante dielétrica, k variando com o tipo de material usado. Uma vez que toda região for preenchida pelo material dielétrico de constante dielétrica , a permissividade do vácuo deve ser substituída k por . A constante dielétrica é definida como , onde é a permissividade dielétrica εk 0 k = ε ε0 ε do material entre as placas. Quando existe um material dielétrico entre as placas de um capacitor, devido a ação de um campo elétrico sobre os dipolos elétricos permanentes ou induzidos no dielétrico, há formação de cargas induzidas na superfície do dielétrico. Devido a isso, o campo elétrico no interior gerado pelas cargas induzidas no dielétrico é menor do que se não houvesse dielétrico entre as placas. Uma maneira interessante de determinar a constante dielétrica do material é analisar o funcionamento de um circuito RC, composto por um resistor e um capacitor em série, conhecido também por filtro passa-altas. Um filtro passa-altas permite a passagem de altas frequências, diminuindo a amplitude das frequências abaixo da frequência de corte. A frequência de corte no circuito RC é dada pela expressão . Também f c = 1 2πRC tem-se que, na frequência de corte, a tensão no resistor é igual a tensão no capacitor V R , que é igual a tensão total do circuito dividido por . A partir disso, é possívelV c V T √2 determinar a capacitância e consequentemente a constante dielétrica .k Assim como pode-se controlar o campo elétrico com a utilização de capacitores, com os indutores pode-se produzir um campo magnético desejado em uma certa região do espaço. Sua indutância é dada por (perto do centro de um longo solenóide) com ln AL = μ0 2 sendo a área do solenóide, o número de espiras por unidade de comprimento e aA n μ0 permeabilidade magnética do vácuo. Quando preenche-se o interior do solenóide com algum material, analogamente ao caso do capacitor, pode-se calcular a permeabilidade magnética do material. Nesse caso, pode-se utilizar , onde é a permeabilidade magnética do material.ln AL = μ 2 μ Similarmente ao capacitor mais uma vez, é possível determinar a permeabilidade magnética do material analisando um circuito RL, composto por um resistor e um indutor em série. Conhecido como filtro passa-baixas, ele permite a passagem de baixas frequências atenuando as frequências de amplitude maiores que a frequência de corte. A frequência de corte de um circuito RL é dada por , onde, utilizando a f c = R 2πL relação , é possível determinar a indutância e consequentemente a V R = V L = √2 V T L permeabilidade magnética do material. 3. Materiais e Métodos Um osciloscópio digital da marca ICEL modelo OS-2042C. Um gerador de funções da marca Minipa modelo MFG-4200. Uma caixa de resistências variáveis da marca FOK-GYEM modelo TR-9403. Um multímetro da marca Minipa modelo ET-2700. Um indutor de 2050 espiras. Um capacitor de placas circulares paralelas. Três materiais para preenchimento do interior das placas do capacitor. Um núcleo de ferro e um de alumínio para preenchimento do interior do indutor. Um soquete multifuncional. 4. Procedimento Experimental a. Determinação da capacitância, permissividade elétrica e constante dielétrica ● Montou-se um circuito RC em série com o capacitor de placas paralelas e a caixa de resistências, como o da Figura 1; Figura 1: Circuito RC em série montado para a realização do experimento. ● Definiu-se uma frequência no gerador de funções para ser a frequência de corte do circuito; ● Ligou-se o circuito RC que foi conectado ao osciloscópio e variou-se a resistência até que a tensão no resistor ou no capacitor, medida através do osciloscópio digital, fosse equivalente à 70,7% da tensão máxima do circuito, que também foi medida no osciloscópio. Nesse ponto, tem-se que a frequência de corte definida foi alcançada. Anotou-se a resistência nesse ponto; ● Com a resistência e a frequência de corte obtidos, calculou-se a capacitância do capacitor; ● Mediu-se com o auxílio do paquímetro o espaçamento entre as placas paralelas e seus raios, que deveriam ser iguais. Calculou-se a área das placas; ● Calculou-se a permissividade elétrica do meio através das medidas feitas e a capacitância calculada; ● Repetiu-se todos os passos anteriores para cada um dos dois outros materiais que deveriam preencher o interior das placas paralelas do capacitor e determinou-se a permissividade elétrica desses materiais. b. Determinação da indutância e permeabilidade magnética ● Montou-se um circuito RL em série com a caixa de resistências e o indutor(bobina), como o da Figura 2; Figura 2: Circuito RL em série montado para a realização do experimento. ● Definiu-se uma frequência no gerador de funções para ser a frequência de corte do circuito; ● Ligou-se o circuito RL que foi conectado ao osciloscópio e variou-se a resistência até que a tensão no resistor ou no indutor, medida através do osciloscópio digital, fosse equivalente à 70,7% da tensão máxima do circuito, que também foi medida no osciloscópio. Nesse ponto, tem-se que a frequência de corte definida foi alcançada. Anotou-se a resistência nesse ponto; ● Com a resistência e a frequência de corte obtidos, calculou-se a indutância do indutor. ● Mediu-se com o auxílio de um paquímetro o comprimento e raio da seção transversal do indutor. Calculou-se a área da seção transversal e, sabendo a quantidade de espiras, calculou-se a densidade linear de espiras; ● Calculou-se a permeabilidade magnética do meio através das medidas feitas e a indutância calculada; ● Repetiu-se todos os passos anteriores para cada um dos dois núcleos (de ferro e de alumínio) que deveriam preencher o interior do indutor e determinou-se a permeabilidade magnética desses núcleos. 5. Resultados e Discussões Para o estudo das características dielétricas de materiais, foi montado um circuito RC em série composto de: um capacitor de placas paralelas circulares, cujo material isolante que separava suas placas foi alternado entre um tipo de plástico e dois papéis semelhantes a cartolina, sendo o primeiro com menor espessura que o segundo; uma caixa de resistências variáveis; e um gerador de tensões senoidais cuja frequência foi fixada próxima de 12 kHz e a tensão pico-a-pico em 12V, consideradas razoáveis para os fins desta prática. Dado que a tensão e a frequência de entrada eram constantes, baseado no funcionamento dos circuitos RC em série como filtros de corrente, buscou-se variar a resistência da caixa de resistência até que, medindo através de um osciloscópio, a tensão pico-a-pico no capacitor corresponde-se a 70,7% da tensão fornecida pelo gerador, que nesse caso equivalia a 8,48V. A ideia por trás dessa etapa é que, nessas condições, a frequência fixada corresponde a frequência de corte do circuito, que é utilizada juntamente com a resistência do circuito para calcular a capacitância do capacitor de placas paralelas utilizado. Alternando o material dielétrico, é possível determinar para quais valores de resistência esse fenômeno ocorria em cada um dos materiais e, consequentemente, obter os valores de capacitância associado a cada capacitor. Os dados mensurados e as capacitâncias calculadas estão dispostos na seguinte tabela: Material Dielétrico Frequência do Gerador [Hz] Resistência [kΩ] Capacitância [nF] Papelão Fino 11920 ± 5 10000,0 ±0,5 1,3359 ± 0,0006 Papelão Grosso 11900 ± 5 13300,0 ± 0,5 1,0061 ± 0,0004 Plástico 11940 ± 5 13000,0 ± 0,5 1,0259 ± 0,0004 Calculada a capacitância para cada um dos três materiais, utiliza-se então o modelo do capacitor de placas paralelas com material dielétrico para calcular a permissividade dielétrica relativa Κ e, consequentemente, a permissividade dielétrica ε do material utilizado para separar as placas. Para isso, mensurou-se com um micrômetro a espessura dos materiais utilizados, que corresponde ao espaçamento entre as placas do capacitor, e ,com um paquímetro, mediu-se o raio das placas circulares do capacitor para que fosse calculada a área das placas. Tendo conhecimento do valor da permissividade dielétrica do vácuo ε0 = 8,85 pF/m, a tabela a seguir foi preenchida com os valores mensurados de espaçamento e raio juntamente com os valores calculados para constante dielétrica K e permissividade dielétrica ε de cada material: Material Dielétrico Espaçamento das Placas [μm] Raio das Placas [cm] Permissividade Dielétrica Relativa Permissividade Dielétrica [pF/m] Papelão fino 170 ± 5 5,055 ± 0,005 3,20 ± 0,09 28,3 ± 0,8 Papelão grosso 300 ± 5 5,055 ± 0,005 4,25 ± 0,07 37,6 ± 0,6 Plástico 160 ± 5 5,055 ± 0,005 4,4 ± 0,1 39 ± 1 Apesar dos materiais utilizados não possuírem valores tabelados de permissividade dielétrica para comparação com os valores obtidos por meio desse método, nota-se que os valores obtidos são razoáveis para materiais isolantes, pois são próximos do valor da permissividade no vácuo, que é a mais baixa possível. Entre as possíveis fontes de erros relacionados a primeira parte do experimento está o fato de o capacitor de placas paralelas não ter exatamente a mesma distância entre suas duas placas circulares em todos os pontos. Apesar de existir um sistema rosqueado que força as placas a comprimir o material em seu interior, não foi possível garantir que o material tivesse em toda a sua área a exata espessura mensurada, apesar de essa ser uma boa aproximação. Dando sequência à prática, buscou se também estudar as características magnéticas de materiais, dessa vez montando um circuito RL em série. Foi utilizada a mesma caixa de resistências conectada em série a um indutor composto por fios de cobre enrolados em forma de bobina, cujo interior era oco e podia-se encaixar cilindros maciços de ferro ou alumínio. O gerador de frequências foi programado com mesma forma senoidal de tensão 12V e frequência de 12kHz. O mesmo método de fixar uma frequência de corte e variar a resistência até que a tensão do indutor, medida por um osciloscópio, correspondesse a 70,7% da tensão de entrada foi utilizado para definir as indutâncias relacionadas ao indutor com os dois diferentes materiais no núcleo, como apresentado na seguinte tabela: Material no núcleo Frequência do Gerador [Hz] Resistência [kΩ] Indutância [mH] Ferro 12000 ± 5 3850,0 ±0,5 51,09 ± 0,02 Alumínio 12000 ± 5 3430,0 ± 0,5 45,51 ± 0,02 Calculadas as indutâncias, utiliza-se o modelo de indutor de bobina longa do tipo solenóide com núcleo preenchido por um material para calcular a permeabilidade magnética do material no interior do indutor. Para isso, mediu-se, com um paquímetro, o raio da secção transversal circular do indutor e o comprimento do indutor. Sabendo que o indutor possuía 2050 espiras distribuídas uniformemente pelo seu comprimento de (64,40 ± 0,05) mm e secção transversal de raio (13,40 ± 0,05) mm, os seguintes valores de permeabilidade magnética foram calculados para os materiais utilizados: Material Permeabilidade Magnética [μH/m] Ferro 1,40 ± 0,01 Alumínio 1,25 ± 0,01 Dado que o ferro é um material ferromagnético e o alumínio é um material paramagnético, nota-se que os valores obtidos são coerentes com o esperado, pois a permeabilidade magnética do ferro é maior que a permeabilidade do vácuo μ0 = 1,25 μH/m e a do alumínio é muito próxima desse valor, o que significa que o alumínio não é facilmente magnetizado quando submetido a um campo magnético, mas o ferro sim. Na segunda parte do experimento, entre as possíveis fontes de erros está o fato de no núcleo do indutor não existir apenas o material estudado, visto que os fios de cobre estavam enrolados em uma espéciede “carretel” aparentemente feito de plástico e não diretamente sobre o material em estudo, o que pode ter interferido no valor da indutância do componente. Além disso, nem todas as bobinas possuíam uma área de secção idêntica entre si devido ao modo como foram enroladas no carretel, com uma camada de bobinas acima da outra. Como as secções eram circulares, o raio tomado para cálculo foi o mais próximo do raio do núcleo do indutor, (13,40 ± 0,05) mm, mas sabe-se que esse valor pode chegar até aproximadamente 25 mm para bobinas localizadas na parte mais exterior do indutor, gerando maior incerteza quanto à exatidão dos valores finais obtidos. 6. Conclusões O experimento dividiu-se em duas partes: análise e medição de características dielétricas de materiais isolantes e análise e medição de características magnéticas de materiais metálicos. Na primeira parte, foi montado um circuito RC em série utilizando um capacitor de placas paralelas circulares, cujo interior continha um material dielétrico. Com três diferentes materiais, foi possível utilizar o conceito de frequência de corte do modelo do circuito RC em série e o modelo teórico de capacitor de placas paralelas para calcular a constante dielétrica K e a permissividade elétrica ε de cada material. Apesar de não serem encontrados valores tabelados dos materiais utilizados, os resultados obtidos mostraram-se condizentes com os esperados baseados em interpretações físicas de um material isolante. Na segunda parte, foi montado um circuito RL em série utilizando um indutor cujo núcleo era oco e poderia ser substituído por um núcleo de ferro ou de alumínio. A partir do conceito de frequência de corte do circuito RL e do modelo teórico de indutor solenóide com material no núcleo, foi possível calcular a permeabilidade magnética do ferro e do alumínio. Dado que o ferro é um material ferromagnético e o alumínio é um material paramagnético, esperava-se que a permeabilidade magnética do primeiro fosse maior que a do vácuo e a do segundo fosse muito próxima desse valor. Baseado nessa interpretação física, os resultados obtidos foram satisfatórios e condizentes com os esperados. 7. Respostas das Questões Propostas 1. Caracterize o funcionamento dos circuitos RC e RL como filtros de tensão, dando ênfase para as diferenças e possíveis semelhanças entre eles. Resposta: Considerando ambos os circuitos descritos funcionando sobre tensões alternadas através de um gerador de sinais (a tensão é uma onda senoidal ou cossenoidal), tem-se que, utilizando as fórmulas de tensão para cada um desses componentes, chega-se a uma relação final que descreve a dependência da tensão no resistor, indutor ou capacitor como uma função da frequência do gerador de sinais. Assim, considerando a tensão no resistor, determina-se o circuito RC como um filtro passa-alta, uma vez que, para frequências abaixo do valor da frequência de corte, o sinal é atenuado, enquanto que para frequência acima desse valor, tem-se o sinal acentuado. De forma similar, o circuito RL é considerado como um filtro passa-baixa, considerando a tensão no resistor, já que atenua o sinal para frequências acima da frequência de corte e acentua-o para frequências abaixo desse valor. Para ambos os circuitos, a frequência de corte corresponde ao ponto em que a tensão é igual no resistor e no capacitor ou indutor, que equivale à 70,7% do valor da tensão fornecida ao circuito. 2. Cite e explique outros métodos para o cálculo da capacitância e da indutância de componentes e, consequentemente, para o cálculo da constante dielétrica e da permeabilidade magnética de materiais. Resposta: Um outro método para determinar a capacitância e indutância em circuitos RC e RL, respectivamente, é através da Ponte de Wien. Nesse procedimento, um circuito em ponte é montado e se busca atingir o ponto em que a diferença de potencial medida entre os ramos da ponto é nula, caso em que se diz que o circuito está balanceado. Um exemplo de circuito com Ponte de Wien está na seguinte figura: Figura 3: Exemplo de circuito elétrico com Ponte de Wien. No caso, conhecendo as resistências R1,R2 e R3 e a capacitância C1, é possível determinar a resistência RX e a capacitância CX. Além disso, pode-se analisar também a frequência desse circuito. As fórmulas, válidas somente para quando o circuito está balanceado, são as seguintes: ; ; R X = ω R R C 2 1 2 21 R (1+ω R C )3 2 2 1 2 1 C X = R C 2 1 R (1+ω R C )3 2 2 1 2 1 ω = 1R R C C X 1 X 1 De maneira análoga, pode-se construir um circuito com indutores e determinar os valores de indutância, resistência e frequência desconhecidos por meio das mesmas fórmulas e condições.
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