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Capacitores APRESENTAÇÃO Capacitores são altamente usados em circuitos eletrônicos, e sua principal função é armazenar cargas e energia potencial elétrica. Além de se oporem a mudanças de tensão e discriminarem frequências, ainda são úteis em circuitos de corrente alternada (Sadiku). Muitos equipamentos utilizam capacitores, essenciais para o funcionamento de desfibriladores, nobreaks e estabilizadores de tensão, por exemplo. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá como funciona um capacitor e qual é o conceito de capacitância. Aprenderá a calculá-la em capacitores de placas paralelas e compreenderá também do que ela depende. Além disso, entenderá como encontrar a energia potencial acumulada nos capacitores e qual é a função dos dielétricos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir capacitância e o funcionamento de um capacitor, relacionando-os mutuamente.• Descrever o raio como quebra de um dielétrico, o ar, e entender a sua alta letalidade.• Criar circuitos capacitivos como armazenadores de carga e energia.• DESAFIO Com o advento dos smartphones, ficou mais fácil tirar fotografias. Embora o acesso tenha aumentado, tirar muitas selfies ainda não faz de ninguém um bom fotógrafo. Fotógrafos profissionais acumulam conhecimento de diversas áreas, que envolvem as partes e o funcionamento da câmera, como o diafragma, o obturador, a angulação, a iluminação, bem como precisam de sensibilidade artística para um excelente resultado final. Ao se tirar uma fotografia em ambientes com pouca luz, geralmente o fotógrafo utiliza o flash para melhorar a captura da imagem desejada. Imagine que você está usando uma bateria, uma lâmpada de flash e chaves. Então, explique a função do capacitor no circuito e modele o funcionamento do flash. INFOGRÁFICO A capacitância é uma propriedade dos condutores (Bauer). Os capacitores são basicamente formados por dois condutores isolados, que, independentemente de sua forma, são chamados de placas. Neste Infográfico, veremos como encontrar a capacitância de capacitores de placas paralelas, com e sem dielétricos. Confira. CONTEÚDO DO LIVRO Os capacitores podem ser distribuídos em série ou em paralelo em circuitos eletrônicos. Além disso, podem ser substituídos por um capacitor equivalente, ou seja, um único capacitor que tenha capacitância igual ao do grupo em questão. Neste capítulo, você vai estudar o que são os capacitores e como eles funcionam. Vai entender o conceito de capacitância e aprender a encontrá-la em capacitores de placas paralelas. Vai ver também como resolver circuitos com capacitores em série e em paralelo, e estudar o que muda quando os preenchemos com um material dielétrico. Outro ponto abordado é a capacidade de armazenamento de energia nos capacitores. Leia o capítulo Capacitores, no livro Eletromagnetismo. Boa leitura. ELETROMAGNETISMO Mariana Sacrini Ayres Ferraz Capacitores Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir capacitância e funcionamento de um capacitor, relacionando- -os mutuamente. � Descrever o raio como quebra de um dielétrico – o ar – e relacionar a sua alta letalidade. � Criar circuitos capacitivos, como armazenadores de carga e energia. Introdução Capacitores são altamente usados em circuitos eletrônicos e suas princi- pais funções são armazenar cargas e energia potencial elétrica, opor-se a mudanças de tensão e discriminar frequências, útil em circuitos de corrente alternada (ALEXANDER; SADIKU, 2013). Muitos equipamentos utilizam capacitores, como desfibriladores, nobreaks e estabilizadores de tensão, sendo essenciais para seu funcionamento. Neste capítulo, você entenderá como um capacitor funciona e qual é o conceito de capacitância. Aprenderá a calcular a capacitância de capacitores de placas paralelas, entendendo do que ela depende. Verá, também, como encontrar a energia potencial acumulada nos capacitores e qual a função dos dielétricos. Capacitância A capacitância é uma propriedade dos condutores (BAUER; WESTFALL; DIAS, 2012). Os capacitores são basicamente formados por dois condutores isolados, que, independentemente de sua forma, são chamados de placas. A Figura 1a mostra um exemplo genérico de capacitor, e a Figura 1b mostra alguns tipos de capacitores encontrados, com diversos tamanhos e formas. Figura 1. Capacitores: a) dois condutores isolados sem geometria específica formando um capacitor; b) exemplos de condutores encontrados, com diversos tamanhos e formas. Fonte: Halliday, Resnick e Walker (1996, p. 92) e Bauer, Westfall e Dias (2012, p. 98). (a) (b) Nos capacitores, as placas são carregadas com cargas opostas, +q e –q. Como elas são condutoras, cada uma delas constitui uma superfície equipoten- cial, com uma diferença de potencial V entre elas. Essa diferença de potencial V em um capacitor é proporcional à carga q, ou seja: q = CV cuja constante de proporcionalidade C é chamada de capacitância do ca- pacitor, e depende da geometria das placas. A unidade em SI da capacitância é C/V, que é equivalente ao farad (F), ou seja: 1 F = C/V O capacitor pode ser carregado ligando-o a uma bateria ou alguma outra fonte de energia que tenha tensão constante. O capacitor, então, carregará até atingir uma diferença de potencial entre as placas igual à tensão da fonte. Capacitores2 Garrafa de Leyden Fonte: Queiroz (2000). A garrafa de Leyden é considerada o primeiro modelo de capacitor. Ela foi inventada por Pieter van Musschenbroeck (1692-1761), docente na Universidade de Leyden na Holanda, no ano de 1745. Inicialmente, ela consistia apenas em uma garrafa preenchida com água e um fio, como terminal interior, e a mão do experimentador, como terminal exterior. Existem algumas versões da garrafa de Leyden, mas os principais componentes são: 1) garrafa de vidro com dois eletrodos, que podem ser lâminas tipo papel alumínio, uma forrando o interior da garrafa e outra o exterior; 2) o vidro é o dielétrico que separa as duas placas metálicas; 3) haste metálica com contato com o eletrodo interno, com rolha ou borracha isolante; 4) esfera na haste. A garrafa é carregada por contato, via esfera na haste. Esse tipo de garrafa alcança altas tensões, sendo visíveis faíscas ao se descarregarem. Fonte: Allain (2017). Fonte: Fouad A. Saad/Shutterstock.com. 3Capacitores Calculando a capacitância: capacitor de placas paralelas Nesta seção, vamos calcular a capacitância de um capacitor, escolhendo a geometria de placas paralelas. Lembre-se que existem outras geometrias, como cilíndricas, esféricas, dentre outras. A Figura 2a mostra um esquema de um capacitor de placas paralelas, carregado com carga. Figura 2. Esquemas de capacitores de placas paralelas: a) capacitor com placas de área A e carregado com carga +q e –q. Pode-se notar que as linhas de campo centrais são uniformes, e as da borda destorcem-se; b) representação ignorando a distorção das bordas, com as placas separadas por uma distância d. A região pontilhada em vermelho representa a superfície Gaussiana e a flecha em azul representa o caminho de integração, usados para o cálculo da capacitância. Fonte: Halliday, Resnick e Walker (1996, p. 92) e Bauer, Westfall e Dias (2012, p. 101). (a) (b) Capacitores4 Para calcularmos a capacitância das placas paralelas, vamos inicialmente encontrar a carga q. A carga está relacionada com o campo elétrico E via lei de Gauss. A lei de Gauss é expressa como: ∫E · dA = q ϵ0 ou seja, a integral de E · dA sobre uma superfície Gaussiana é igual à carga interna a essa região q dividida pela constante de permissividade ∈0. A Figura 2b mostra a seção transversal da superfície Gaussiana em vermelho pontilhado. Para os cálculos, iremos ignorar o efeito de borda e considerar o campo uniforme dentro do capacitor. Para resolvermos a lei de Gauss, devemos consideraras contribuições de todas as faces da superfície Gaussiana. As faces laterais não contribuem para a integral, pois são muito pequenas e podem ser desprezadas. A face superior encontra-se dentro do condutor e, pelo fato de o campo elétrico ser nulo, não há contribuição para a integral. Resta-se, então, a superfície inferior. Nesta, o campo elétrico aponta para baixo, e o vetor normal à superfície dA também. Assim, ficamos com: ∫E · dA = ∫∫ E dA cos (0º) Borda inferior = E ∫∫ dA = EA Portanto: q ϵ0 EA = q = ϵ0EA Dessa maneira, encontramos a carga em função do campo elétrico e da área da placa. A diferença de potencial entre as placas pode ser encontrada como: ΔV = – ∫ E ∙ ds f i 5Capacitores Os pontos i e f são os pontos iniciais e finais de uma trajetória escolhida, no caso da placa negativa para a positiva marcada pela flecha em azul na Figura 2b. Resolvendo a integral, obtemos: ΔV = – ∫ E ds cos(180º) = E ∫ ds = Ed f i f i Tínhamos que: q = CV Ou seja: C = q V = ϵ0EA Ed ϵ0A d= Essa é a capacitância de um capacitor de placas paralelas. Note que a capacitância só depende da geometria do capacitor, ou seja, de sua área e distância entre as placas. A capacitância não é influenciada pela diferença de potencial entre as placas, e nem pela quantidade de carga presente. Outras geometrias afetam a capacitância de maneira diferente. Veja a tabela a seguir. Tipo de Capacitor Capacitância Observações Placas paralelas ϵ0 A d A: área das placas d: distância entre as placas Cilíndrico 2�ϵ0 L ln(b/a) L: comprimento do cilindro a: raio do cilindro interno b: raio do cilindro externo Esférico 4�ϵ0 ab b – a a: raio da esfera interna b: raio da esfera externa Esfera isolada 4�ϵ0R R: raio da esfera Capacitores6 Capacitores em paralelo e em série Os capacitores podem ser distribuídos em série ou paralelo em circuitos eletrônicos. Assim, um grupo de capacitores em série ou em paralelo pode ser substituído por um capacitor equivalente, ou seja, um único capacitor que tenha capacitância igual ao do grupo em questão. A Figura 3a mostra um exemplo de circuito com três capacitores de ca- pacitâncias C1, C2 e C3, ligados em paralelo, e uma bateria, responsável por manter uma diferença de potencial V. Dizemos que os capacitores estão ligados em paralelo quando a mesma diferença de potencial fornecida pela bateria é mantida em todos eles. Assim, temos que: q1 = C1V q2 = C2V q3 = C3V Figura 3. Figura representativa de capacitores em paralelo: a) esquema de três capacitores com capacitâncias C1, C2 e C3, ligados em paralelo, e uma bateria, cuja diferença de potencial é V; b) esquema equivalente à Figura 3a, mas com o capacitor equivalente substituindo os outros três. Fonte: Bauer, Westfall e Dias (2012, p. 104-105). A carga total dos capacitores será dada por: q = q1 + q2 + q3 Substituindo cada uma das cargas por q = CV, encontramos que: q = q1 + q2 + q3 = C1V + C2V + C3V = (C1 + C2 + C3)V = CeqV 7Capacitores Portanto, a capacitância equivalente para o circuito em paralelo com carga total q e diferença de potencial V, como mostrado na Figura 3b, é dada por: Ceq = C1 + C2 + C3 Assim, se tivermos n capacitores em paralelo, teremos: Ceq = ∑ n i = 1 Ci Ou seja, a capacitância equivalente de capacitores ligados em paralelo é a soma de cada uma das capacitâncias. Mas se os capacitores estiverem ligados em série? A Figura 4 mostra um esquema de três capacitores com capacitâncias C1, C2 e C3, ligados em série e a uma bateria, que mantém uma diferença de potencial V. A bateria produz uma carga +q na placa ligada ao terminal positivo, e uma carga –q à placa ligada ao terminal negativo. Essas placas carregadas induzem cargas de sinais opostos nas placas mais próximas, como o que ocorre nos capacitores C1 e C3. As cargas das placas do capacitor C2 são induzidas pelas placas mais próximas de C1 e C3, cuja carga líquida entre as placas mantém-se zero, como mostrado na Figura 4. Figura 4. Esquema de circuito com três capacitores. Fonte: Bauer, Westfall e Dias (2012, p. 105). Capacitores8 Após os capacitores estarem carregados, a diferença de potencial mantida pela bateria será igual à soma das diferenças em cada capacitor: V = V1 + V2 + V3 Mas, para cada um deles, temos que: V1 = q C1 V2 = q C2 V3 = q C3 Substituindo, ficamos com: V = V1 + V2 + V3 = q C1 q C3 q C2 + + = q ( )1C1 1C2 1C3+ + Ou seja, Ceq = q v , então: 1 C1 1 C2 1 C3 1 Ceq = + + Se tivermos n capacitores em série, ficamos com: 1 Ceq ∑ n i = 1 1 Ci = Ou seja, o inverso da capacitância equivalente para capacitores em série é igual à soma do inverso das capacitâncias. Falamos, nesta seção, de capacitores associados em paralelo ou em série, mas podemos encontrar combinações mais complicadas. Estas combinações podem ser subdivididas em partes com combinações em série ou paralelo, facilitando os cálculos para se encontrar um capacitor equivalente. 9Capacitores Suponha o circuito mostrado na figura a seguir: Qual a capacitância equivalente? Considere C1 = C2 = 1μF e C3 = 2μF. Podemos resolver essa questão por partes. Primeiramente, podemos ver que os capacitores 1 e 2 estão em paralelo. Assim, a capacitância equivalente C12 será: C12 = C1 + C2 = 1 + 1 = 2μF. O resultado está mostrado na figura a seguir. Como podemos ver, agora ficamos com dois capacitores em série. Assim, a capacitância equivalente C123 será: 1 C123 1 C12 1 C3 1 2 1 2 2 2 = + = + = = 1 C123 = 1 μF Assim, a capacitância equivalente para o circuito inicial é 1μF. Fonte: Halliday, Resnick e Walker (1996, p. 98). Capacitores10 Armazenamento de energia em um capacitor Os capacitores são muito importantes para o armazenamento de energia po- tencial elétrica. Para o seu carregamento, a bateria tem que realizar trabalho. A carga tem que se mover contra o potencial existente entre as placas do capacitor. Assim, o trabalho realizado pela bateria para o carregamento é armazenado sob a forma de energia potencial elétrica U no campo elétrico entre as placas. Essa energia pode ser recuperada quando o capacitor for usado e descarregar. Suponha que uma carga q’ tenha sido transferida de uma placa para a outra. Neste momento, a diferença de potencial é igual a V’ = q’/C. O trabalho infinitesimal dW necessário para transferir mais carga infinitesimal dq’ será: dW = V´dq´ = q´ C dq´ Assim, o trabalho necessário para carregar totalmente o capacitor até uma carga q é dado por: W = ∫ dW = 1C ∫ q 0 q´dq´ = q2 2C Trabalho que é armazenado como energia potencial elétrica, ou seja: U = q2 2C Usando a relação q = CV, encontramos que: U = = = q2 2C CV 2 2 qV 2 Portanto, temos três relações para a energia armazenada em um capacitor. Essas equações são válidas para qualquer tipo de geometria de capacitores. 11Capacitores Como foi visto ao longo deste capítulo, os capacitores podem armazenar carga e energia potencial elétrica. Para isso, o circuito básico necessário é ligar o capacitor a uma fonte constante de tensão constante, como uma bateria, como mostrado no esquema a seguir. Assim, dado dV = 160,0 V, e C = 80,0μF, qual a carga e energia potencial elétrica acumuladas no capacitor? Sabemos que q = CdV. Então: q = 80,0 ∙ 10–6 160,0 = 12,8 ∙ 10–3 C A energia acumulada é dada por U = q² / 2C. Então: U = = = 1,0 J (12,8 ∙ 10–3 )2 2 × 80,0 ∙ 10–6 163,8 ∙ 10–6 160,0 ∙ 10–6 Dielétricos Os capacitores que foram mostrados e discutidos até esta seção teriam ar ou vácuo entre as suas placas. Mas os capacitores usados na prática são preen- chidos por um tipo de material chamado dielétrico. Dielétricos são materiais isolantes, como, por exemplo, o plástico. Há várias finalidades para a presença dos dielétricos em capacitores, dentre elas: garantir a separação entre as placas e isolá-las eletricamente, manter uma diferença de potencial maior do que quando preenchido por ar ou vácuo, e aumentar a capacitância do capacitor (BAUER; WESTFALL; DIAS, 2012).O capacitor que é preenchido por um dielétrico tem sua capacitância igual a: C = kCar, onde Car é a capacitância do dielétrico quando preenchido com ar, e k é a constante dielétrica do material de preenchimento. A Tabela 1 mostra a constante k para alguns materiais comumente encontrados. Note que a Capacitores12 constante do vácuo é considerada exatamente 1, por definição, e a constante do ar é aproximadamente 1. Fonte: Bauer, Westfall e Dias (2012). Material Constante dielétrica Rigidez dielétrica (kV/mm) Vácuo 1 Ar (1atm) 1,00059 2,5 Nitrogênio líquido 1,454 Teflon 2,1 60 Polietileno 2,25 50 Benzeno 2,28 Isopor 2,6 24 Lexan 2,96 16 Mica 3-6 150-220 Papel 3 16 Mylar 3,1 280 Plexiglas 3,4 30 Policloreto de vinila (PVC) 3,4 29 Vidro 5 14 Neoprene 16 12 Germânio 16 Glicerina 42,5 Água 80,4 65 Titanato de estrôncio 310 8 Tabela 1. Valores das constantes dielétricas k e rigidez dielétrica de materiais comumente encontrados (valores aproximados para temperatura ambiente). 13Capacitores O campo elétrico no capacitor preenchido com um dielétrico diminui, permitindo que mais cargas sejam armazenadas nas placas. Para um capacitor de placas paralelas, temos que: E = Ear k q kϵ0A q ϵA= = onde tivermos ∈0 será substituído por k∈0, que é igual a ∈, permissividade elétrica do dielétrico: ∈ = k∈0. Dessa maneira, usando ∈, podemos encontrar a diferença de potencial entre as placas de um capacitor de placas paralelas: ΔV = Ed = qd ϵA Assim, a capacitância será dada por: C = q ΔV = = = ϵA d kϵ0A d kCar como havíamos comentado anteriormente. Os materiais dielétricos possuem uma rigidez dielétrica, que é a capacidade do material em resistir a uma diferença de potencial aplicada (Bauer). Assim, se a intensidade do campo elétrico ultrapassar esse limite, ele é rompido, podendo ser destruído. A Tabela 1 mostra os valores da rigidez dielétrica para diversos materiais dielétricos comumente encontrados. Capacitores14 Considere um capacitor de placas paralelas, preenchido por ar, com capacitância de C = 10,0μF. Esse capacitor é ligado a uma bateria que mantém uma diferença de potencial de V = 20,0 V, como mostrado na figura a seguir. Qual é a carga armazenada nesse capacitor? Agora, suponha que esse mesmo capacitor seja preenchido por um material dielétrico de constante dielétrica k = 3,0. Qual a carga armazenada nessa nova configuração? Sabemos que: C = q V Assim, q = CV = 10,0 × 20,0=200,0 μC =2,0 ∙ 10–4 C Na nova configuração, temos que a constante dielétrica é: C = kCar = 3,0 ∙ 10,0 = 30,0μF. Usando novamente que q = CV, encontramos que: q = 30,0 × 20,0 = 600,0 μC = 6,0 ∙ 10–4 C Ou seja, a carga do capacitor aumenta. Mantendo ∆V constante e aumentando C, a carga q aumenta. A bateria fornece carga extra até carregar o capacitor totalmente. Fonte: Bauer, Westfall e Dias (2012, p. 114). O raio que vimos durante as tempestades é um exemplo de ruptura da rigidez dielétrica. As cargas, ao se acumularem nas nuvens, geram uma diferença de potencial muito alta entre ela e a superfície da Terra. Assim, há uma ruptura da rigidez dielétrica do ar, e uma corrente elétrica é conduzida, formando os relâmpagos que vemos. A elevada corrente provoca aquecimento, podendo levar a consequências explosivas e incendiárias. 15Capacitores Para saber mais sobre correntes elétricas de raios, acesse o link ou o código a seguir: https://goo.gl/FJkQzb Aplicações Os capacitores são muito utilizados em circuitos eletrônicos. Eles têm três características relevantes que os fazem tão úteis (ALEXANDER; SADIKU, 2013): � A capacidade de armazenar energia e, por consequência, podem ser fontes de tensão ou corrente por um dado período de tempo, como já visto neste capítulo. O segundo exemplo mostra um esquema de circuito para armazenamento de energia em um capacitor. � Capacitores opõem-se a variações de tensão e, assim, podem ser utili- zados em conversores de tensão pulsante para uma tensão mais suave. � Capacitores também são sensíveis a frequências, sendo úteis para de- terminadores de frequências. As duas primeiras características são utilizadas em circuitos de corrente contínua, enquanto que a última é utilizada em circuitos com corrente alternada. Portanto, pelas características acima citadas, os capacitores são encontrados em diversos equipamentos, como nobreaks, estabilizadores de tensão, antenas, desfibriladores, flash de máquina fotográfica, dentre outros, sendo essenciais para seu funcionamento. Capacitores16 ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. ALLAIN, R. Let’s geek out on the physics of leyden jars. 24 jan. 2017. Disponível em: <ht- tps://www.wired.com/2017/01/the-physics-of-leyden-jars/>. Acesso em: 15 fev. 2018. BAUER, W.; WESTFALL, G.; DIAS, H. Física para universitários: eletricidade e magnetismo. Porto Alegre: AMGH, 2012. v. 3. GARRAFA de Leyden. [200-?]. Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/showde- fisica/99_Explor_Eletrizacao/paginas%20htmls/Garrafa%20de%20Leyden.htm>. Acesso em: 15 fev. 2018. HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física 3: eletromagnetismo. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996. QUEIROZ, A. C. M. A garrafa de Leyden. 2000. Disponível em: <http://www.coe.ufrj. br/~acmq/leydenpt.html>. Acesso em: 15 fev. 2018. Leitura recomendada HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física 2: gravitação, ondas e termodinâmica. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996. 17Capacitores Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Os capacitores são formados por dois condutores isolados, que são chamados de placas. Os capacitores são muito importantes para o armazenamento de energia potencial elétrica. Para o seu carregamento, a bateria tem que realizar trabalho. Neste vídeo, revisaremos o que são capacitores e como é o seu funcionamento, bem como definiremos capacitância. Assista à Dica do Professor. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Leia as afirmações a seguir. I) A capacitância de um capacitor de placas paralelas é diretamente proporcional à constante de permissividade no vácuo. II) Quanto maior a distância entre as placas de um capacitor de placas paralelas, maior será a capacitância. III) A capacitância não depende da geometria do capacitor. É correto afirmar que: A) somente a alternativa I está correta. B) as alternativas I e II estão corretas. C) as alternativas I e III estão corretas. D) somente a alternativa II está correta. E) todas as alternativas estão corretas. 2) Suponha um capacitor de placas paralelas separadas por 0,2 mm. Se a capacitância desse capacitor for C=1,0 nF, qual deve ser a área das placas em m2? Considere ε0=9,0 . 10-12 F/m. A) A área das placas deve ser 2,2 . 10-2. B) A área das placas deve ser 2,2 . 10-1. C) A área das placas deve ser 2,2. D) A área das placas deve ser 22,0. E) A área das placas deve ser 220,0. 3) Suponha um circuito com dois capacitores ligados em paralelo. É correto afirmar que a capacitância equivalente é: A) menor que a maior capacitância dos capacitores. B) igual à maior capacitância dos dois capacitores. C) igual à menor capacitância dos dois capacitores. D) maior que a maior capacitância dos capacitores. E) igual à capacitância de um dos dois, caso os dois tenham a mesma capacitância. 4) O desfibrilador é um equipamento usado para recuperar pacientes com arritmias ou parada cardíaca. Ele utiliza capacitores para armazenar energia potencial elétrica, a qual é convertida em descargas elétricas próximas ao coração do paciente. Usualmente, os desfibriladores armazenam cerca de 360 J de energia potencial elétrica, sob uma diferença de potencial de 4000 V. Considerando que sejam necessários 4 J por quilograma, é demandada umacapacitância de qual valor para o desfibrilador ser usado em uma criança de 40 kg? A) 2 μF. B) 20 μF. C) 20 mF. D) 45 μF. E) 45 mF. 5) Os capacitores usualmente encontrados são preenchidos por um material dielétrico. Considere, então, as seguintes afirmações. I) Os dielétricos são materiais isolantes. II) Uma das finalidades do dielétrico é isolar eletricamente as placas. III) O dielétrico faz com que a capacitância seja aumentada. É certo afirmar que: A) somente a alternativa I está correta. B) as alternativas I e II estão corretas. C) as alternativas II e III estão corretas. D) as alternativas I e III estão corretas. E) as alternativas I, II e III estão corretas. NA PRÁTICA Os capacitores fazem parte dos elementos básicos presentes em circuitos eletrônicos. Além de armazenarem carga e energia potencial elétrica, eles também exercem outras funções, como de filtros de frequências indesejadas e reguladores de voltagem. Duas importantes aplicações são os nobreaks e os estabilizadores. No caso dos estabilizadores, os capacitores são utilizados para manter a corrente constante. Já nos nobreaks, o capacitor é utilizado para manter a energia elétrica quando ocorre alguma falta ou queda. A figura a seguir mostra uma representação desses casos comentados. A figura mostra um circuito usado para carregar o capacitor. Ao ligar o capacitor em série com uma fonte de voltagem, ele é carregado. Se houver alguma queda de energia, a chave passa de a para b, e o capacitor alimenta o restante do circuito. Já nessa figura, o capacitor é ligado em paralelo com uma resistência, por exemplo. Assim, caso haja alguma variação momentânea da voltagem V, o capacitor consegue manter a corrente constante em R. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Aprenda a fazer uma máquina de choques caseira Quer saber mais como funciona uma garrafa de Leyden? Veja o vídeo. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Capacitor O site a seguir disponibilizou diversos simuladores de capacitores. Veja no link. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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