Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resolução - Exercícios - Cálculo IV - Aula 15 - Semana 30/11 – 04/12 Exercício 1. Resolva o seguinte problema de Valor Inicial e de fronteira: ut = 2uxx, 0 < x < 1, t > 0 u(0, t) = u(1, t) = 0, t > 0 u(x, 0) = { x, 0 ≤ x ≤ 1/2 1− x, 1/2 ≤ x ≤ 1 Solução. Identificando L = 1, k = 2, a solução deste problema é dada por: u(x, t) = ∞∑ n=1 cne −n2π2kt/L2 sin ( nπx L ) = ∞∑ n=1 cne −n2π22t sin (nπx) onde os coeficientes cn são os coeficientes da série de Fourier da extensão ímpar de f , ou seja: cn = 2 1 (∫ 1 0 u(x, 0) sin (nπx)dx cn = 2 1 (∫ 1 2 0 x sin (nπx)dx+ ∫ 1 1 2 (1− x) sin (nπx)dx ) . Usando integração por partes, temos:∫ 1 2 0 x sin (nπx)dx = sin (nπ2 ) (nπ)2 − cos (nπ2 ) 2nπ∫ 1 1 2 (1− x) sin (nπx)dx = cos (nπ2 ) 2nπ + sin (nπ2 ) (nπ)2 . Assim, cn = 4 (nπ)2 sin ( nπ 2 ). Portanto, u(x, t) = ∞∑ n=1 4 (nπ)2 sin ( nπ 2 )e−n 2π22t sin (nπx) Exercício 2. Considere o seguinte problema de valor inicial e de contorno com condições não homogêneas: ut = 3uxx, 0 < x < π, t > 0 u(0, t) = −1 e u(π, t) = 1, t > 0 u(x, 0) = 25, 0 ≤ x ≤ π Determine a solução deste problema e a distribuição de temperatura em estado estacionário. Solução. Da Aula 15 temos que a solução desse tipo de EDO é dado por u(x, t) = v(x) + w(x, t) Sendo v(x) a parte estacionária da solução, dada por v(x) = T2 − T1 L x+ T1 = 2 π x− 1 1 E w(x, t) a parte não estacionária, dada pela equação homogênea: wt = 3wxx, 0 < x < π, t > 0 w(0, t) = 0 e w(π, t) = 0, t > 0 w(x, 0) = 25− v(x) = 26− 2πx, 0 ≤ x ≤ π Essa equação tem a mesma forma do exercício anterior e podemos resolvê-la pelo mesmo método. w(x, t) = ∞∑ n=1 cne −3n2t sin (nx) Sendo os coeficientes cn os coeficientes de Fourier da expansão ímpar 2π-periódica de w(x, 0). cn = 2 π ∫ π 0 ( 26− 2 π x ) sinnxdx = 2 π [ − ( 26− 2 π x ) cosnx n ∣∣∣∣∣ π 0 − ∫ π 0 − 2 π ( −cosnx n ) dx ] = 2 π [ 26 n − 24 cosnπ n − 2 π sinnx n2 ∣∣∣∣∣ π 0 ] = 2 π [ 26 n − 24 cosnπ n ] = 4 πn [13− 12(−1)n] Substituindo cn em w(x, t) e depois w(x, t) e v(x) em u(x, t) temos a solução. u(x, t) = 2 π x− 1 + 4 π ∞∑ n=1 13− 12(−1)n n e−3n 2t sin (nx). Para encontrar a solução estacionária, fazemos lim t→∞ u(x, t) = 2 π x− 1 = v(x). Exercício 3. Fixados L > 0 e k > 0, procedendo como no roteiro apresentado na primeira aula do professor Éder, ou na página 152 das notas de aula da Profa. Janete, encontre um candidato a solução do problema da condução do calor na barra com extremidades isoladas termicamente. ut = kuxx, 0 < x < L, t > 0, ux(0, t) = ux(1, t) = 0, t > 0, u(x, 0) = f(x), 0 ≤ x ≤ L. Solução. Vamos considerar inicialmente o problema: (P) { ut = kuxx, 0 < x < L, t > 0, ux(0, t) = ux(1, t) = 0, t > 0, Observamos que o problema (P) é um problema linear e homogêneo, Assim o conjunto S das suas soluções é um espaço vetorial. Assim, vamos procurar uma base para o espaço S. Como na aula 15 do professor Éder, vamos utilizar o método de variáveis separáveis, então supomos que u(x, t) = F (x)G(t) 6= 0 para certas funções F : [0, L] → R e G : [0,∞] → R é uma solução do nosso problema (P). Da equação do calor ut = kuxx obtemos a equação F (x)G′(t) = kF ′′(x)G(t) para x ∈ ]0, L[ , t > 0. 2 Daí, G′(t) kG(t) = F ′′(x) F ′(x) = λ para x ∈ ]0, L[ , t > 0, para alguma constante λ. Dessas equações, temos F ′′(x) = λF (x) e G′(t) = λkG(t) para x ∈ ]0, L[ , t > 0. utilizando as condições de contorno, obtemos que ux(0, t) = F ′(0)G(t) = 0 = F ′(L)G(t) = ux(L, t) para t > 0, Como não queremos soluções triviais então obtemos que F ′(0) = 0 = F ′(L). Assim queremos resolver os problemas: { F ′′(x) = λF (x), 0 ≤ x ≤ L, t > 0, F ′(0) = 0 = F ′(L), e G′(t) = kλG(t), e t > 0 Como na aula 15 do professor Éder, vamos analisar as possibilidades de λ. (I) Se λ = 0 então obtemos o problema:{ F ′′(x) = 0, 0 ≤ x ≤ L, t > 0, F ′(0) = 0 = F ′(L), da onde integrando duas duas vezes a primeira equação obtemos que F (x) = ax+ b para quaisquer a, b ∈ R. Da condição F ′(0) = 0 = F ′(L) obtemos que F (x) = b para todo x. Assim tomemos F0(x) := 12 , a solução G(t) correspondente a F0 é solução de G ′(t) = 0, logo G(t) é contante e assim podemos escolher G0(t) := 1. O primeiro elemento da base de S é dado por u0(x, t) := F0(x)G0(t) = 1 2 (1) (II) Se λ < 0 vamos chamar de λ = −β2 para β > 0. Assim, buscamos solução F (x) não nula ao problema { F ′′(x) = −β2F (x), 0 ≤ x ≤ L, F ′(0) = 0 = F ′(L). Como o professor Éder mostrou na aula 15, utilizando as técnicas de EDO obtemos que F (x) = a cosβx+ b sinβx, e das condições de contorno temos 0 = F ′(0) = bβ e 0 = F ′(L) = −aβ sinβL, daí concluímos que b = 0 pois β > 0 e também a 6= 0, pois estamos interessados na solução F (x) 6= 0 logo sinβL = 0 o que implica que βL = nπ para n = 1, 2, 3, . . .. Fazendo a = 1 encontramos infinitas soluções não nulas Fn(x) = cos nπx L , cada uma delas correspondente ao valor λn = −n 2π2 L2 . Agora vamos buscar as corresponden- tes soluções Gn(t) para cada λn = −n 2π2 L2 . Sabemos que G′n(t) = −k n2π2 L2 Gn(t) 3 e por tanto, das técnicas de EDO obtemos que Gn(t) = e − kn2π2 L2 t para n = 1, 2, 3 . . . . Concluímos que para cada n > 0 obtemos a solução un(x, y) = Fn(x)Gn(t) = e − kn2π2 L2 t cos (nπ L x ) (2) (III) Se λ > 0, seja λ = β2 para β > 0, assim procuramos solução para o problema{ F ′′(x) = β2F (x), 0 ≤ x ≤ L, F ′(0) = 0 = F ′(L). Com técnicas de EDO obtemos que F (x) = aeβx + be−βx a, b ∈ R. Usando as condições de contorno obtemos que F ′(0) = β(a− b) e F ′(L) = β(aeβL − be−βL), da primeira equação obtemos que a = b pois β > 0. Da segunda equação, como β 6= 0 obtemos que ae−βL(e2βL − 1) = 0, onde (e2βL − 1) 6= 0, logo a = 0 mas a = b, logo teríamos que F (x) = 0. Como estamos interessados em soluções não triviais, descartamos essa solução. Por fim, obtemos que as soluções do sistema P estão dadas como “combinações lineares” as funções (1) e (2) acima. Deste modo, cada solução do Problema (P) será combinação linear desses elementos, isto é: u(x, t) = a0 2 + ∞∑ n=1 anun(x, t) = a0 2 + ∞∑ n=1 ane − kn2π2 L2 t cos nπx L (3) Para satisfazer a condição inicial, devemos ter f(x) = u(x, 0) = a0 2 + ∞∑ n=1 ane − kn2π2 L2 0 cos nπx L = a0 2 + ∞∑ n=1 an cos nπx L . (4) Em outras palavras, precisamos escolher os coeficientes an para que a série trigonomé- tricas de cossenos em (4) converge para a distribuição de temperatura inicial f(x) para 0 ≤ x ≤ L. A série na equação (4) nada mais é do que a série de Fourier em cossenos de f no intervalo [0, L]. Assim, seus coeficientes são dados por an = 2 L ∫ L 0 f(x) cos nπx L dx, n = 0, 1, 2, . . . Exercício 4. Considerando ainda o problema da condução do calor numa barra com extre- midades isoladas estudado no Exercício 3, a) mostre que a solução do Exercício 3 também pode ser escrita como a soma de uma solução estacionária e uma solução transiente. Convença-se que o estado estacionário é consistente com a expectativa de que o processo de condução de calor suavize gradu- almente a distribuição de temperatura na barra, desde que nenhum calor escape para o exterior. b) verifique que a distribuição de temperatura estacionária é igual 1L ∫ L 0 f(x)dx, o qual segundo o teorema do valor médio para integrais é o valor médio da distribuição de temperatura inicial da barra. 4 c) calcule a solução e a solução estacionária do problema do exercício 3 para o caso em que k = 1, L = π e f(x) = sin(x), x ∈ [0, π]. Solução. a) Observe que a solução (3) também pode ser pensada como a soma de um dis- tribuição de temperatura em estado estacionário (dada pela constante a0/2), que é in- dependente de tempo t, e uma distribuição transitória (dada por ∑∞ n=1 ane − kn2π2 L2 t cos nπxL ) que tem limite zero quando t→∞ porque cada termo tem limite zero quando t→∞. O fato do estado estacionário ser uma constante é consistente com a expectativa de que o processo de condução de calor suavize gradualmente a distribuição detemperatura na barra. Uma vez que nenhum calor escapa para o exterior, o calor original na barra é redistribuído para dar a distribuição final da temperatura. b) Pelo item a), a distribuição de temperatura em estado estacionário é dada pela cons- tante a0/2. Assim, a0 2 = 2 2L ∫ L 0 f(x)dx = 1 L ∫ L 0 f(x)dx, que pelo teorema do valor médio para integrais é o valor médio da distribuição de temperatura inicial da barra. c) Vamos calcular os coeficientes da série de Fourier em cossenos de f(x) = sin(x), x ∈ [0, π]. a0 = 2 π ∫ π 0 sinx dx = − 2 π cosx ∣∣∣π 0 = 4 π a1 = 2 π ∫ π 0 sinx cosxdx = 1 π ( sin2 x ) ∣∣∣π 0 = 0 Para n > 1, temos an = 2 π ∫ π 0 sinx cosnxdx = 2 π ∫ π 0 sin(n+ 1)x+ sin(1− n)x 2 dx = 1 π ( −cos(n+ 1)x n+ 1 + cos(n− 1)x n− 1 ) ∣∣∣π 0 = 1 π ( − (−1) n+1 n+ 1 + 1 n+ 1 + (−1)n−1 n− 1 − 1 n− 1 ) = 1 π ( (−1)n n+ 1 + 1 n+ 1 − (−1) n n− 1 − 1 n− 1 ) = 1 π ( (−1)n + 1 n+ 1 − (−1) n + 1 n− 1 ) = 1 π [(−1)n + 1] ( 1 n+ 1 − 1 n− 1 ) = 1 π [(−1)n + 1] −2 n2 − 1 Assim, para n > 1, an = 0 se n é ímpar e an = −4/π(n2 − 1) se n é par. Em resumo, an = 4 π , n = 0, 0, n ímpar, −4 π(n2−1) , n par. A solução é dada por: u(x, t) = 2 π − 4 π ∞∑ n=1 1 4n2 − 1 e−4n 2t cos 2nx. 5 Quanto t→∞, vemos que todos os termos da série decaem para zero exceto o termo constante, 2/π. Consequentemente, a solução estacionaria é 2π . 6
Compartilhar