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texto acadêmico filosofia medieval!!

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UNIRIO). 
CENTRO DE CIÊNCIAS HISTÓRICAS E SOCIAIS (CCH). 
ESCOLA DE HISTÓRIA 
 ALEXSANDRA GOMES DE FREITAS 
TEXTO ACADÊMICO FILOSOFIA 
RIO DE JANEIRO 
2021 
 
 
 
 
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Tema: Filosofia Medieval. 
 
A filosofia medieval teve seu ápice de desenvolvimento durante os séculos X-XV na Europa, no 
período de consolidação do cristianismo. Neste contexto, a principal característica da filosofia 
medieval é a tentativa de aliar o pensamento cristão (a religião) com a filosofia. No entanto, essa 
aliança acabou sendo de interesse mútuo, pois, conforme a igreja foi tendo mais fiéis se fez 
necessário que houvesse explicações em relação a fé (explicar a razão pela qual as pessoas 
acreditam em tal coisa) principalmente para os que não seguem a religião e querem conhecer, tal 
didática racional era encontrada na filosofia. 
 
De acordo com Carlos Arthur Nascimento (escritor), algumas passagens justificam a existência 
de duas linhagens de cristãos: “aqueles que se empenham para relacionar o cristianismo com as 
culturas profanas e [...] os que acentuam a separação entre o cristianismo e o mundo”. Assim, 
podemos entender que a filosofia faz parte dessa cultura profana pois a mesma muitas vezes 
contesta dogmas e por isso filosofia e religião jamais iriam caminhar juntas, como diz o ditado “o 
bem e o mau não se juntam”. Como resultado dessa aliança podemos falar sobre os períodos “ 
patrística” e “ Escolástica”. 
 
A Patrística¹ é a reflexão empreendida pelos padres da igreja “os fundadores do pensamento 
cristão” (pensamento irracional visto que é baseado na teologia e nos princípios do 
cristianismo), esse período começa quando o cristianismo passa a ser perseguido pelo império 
romano²; e a Escolástica é “o pensamento elaborado nas scholae e na universitas” (seria o 
pensamento racional, é estudado, debatido, tem confirmação sólida) é nesse segundo período que 
acontece o desenvolvimento de experimentos empíricos e o surgimento das universidades³. 
Muitas pessoas podem considerar que o segundo período seja uma evolução referente ao 
primeiro, o que faz sentido, mas não podemos colocar um como superior ao outro, por isso, 
devemos observá-los como linhas de pensamento diferentes e que não competem. 
O cristianismo de alguma forma aponta Cristo como a verdade (que os gregos sempre 
procuraram) como o próprio logos, e foi a partir dessa identificação que intelectuais da elite (que 
depois foram considerados os “pais da igreja”) passam a defender o cristianismo perante o 
imperador usando argumentos baseados na filosofia grega. 
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¹ nesse período existe uma maior relação entre fé e razão mas a fé é a prioridade “ primeiro 
crer e depois pensar”. 
² antes do cristianismo se tornar a religião oficial do império romano ele era considerado uma 
seita religiosa. 
³ nesse período a razão predomina por usar muito o método experimental e acabar usando a 
lógica. 
Segundo Santo Agostinho⁴, o homem deve “seguir a luz da razão, mas a razão é sempre vista na 
relação com a luz divina”, logo, entendemos que homem será feliz se seguir a luz divina, se seus 
pensamentos estiverem relacionados a deus. Para ele, o homem deve buscar conhecimento sobre 
o objeto da fé. 
⁴ Santo Agostinho foi o pensador mais importante do período denominado “ patrística” sua 
formação filosófica era voltada para o platonismo. 
Contudo, a razão acabou tendo uma base teológica, visto que era usada para pensar sobre os 
ensinamentos de Deus. Assim podemos concluir nessa primeira parte que a fé precisa da razão; a 
fé é sobre acreditar, ter uma crença, e como podemos acreditar em uma coisa sem saber sua 
procedência, saber porque existe, para quem existe e se existe. Como cultuar um Deus sem saber 
se ele realmente existe? Até hoje questionar dogmas (e doutrinas) é considerado pecado, como se 
o fiel não pudesse saber qual o conceito de uma coisa ser considerada pecado e a outra não, de 
qualquer forma, por mais que o questionamento seja integralmente com a intenção apenas de 
obter conhecimento não é visto com bons olhos. 
 
Surgimento das universidades: 
“ Nos séculos XII-XIII nascem em Bolonha e em Paris as primeiras universidades, sob a forma 
de associação corporativa de mestres e estudantes”. Este acontecimento é marcado por ser a 
evolução da escola se tornando faculdade, as faculdades eram populares, abertas ao público, o 
que diminuía, quase tornando inexistente, a diferenciação social, dentro da faculdade ninguém 
era superior. Foram criadas dois tipos de faculdades: a faculdade das artes ( Paris)⁵ e a faculdade 
da teologia (Bolonha)⁶. A faculdade das artes promovia a pesquisa e a autonomia referente a 
razão, não havia uma tentativa de “doutrinar” pensamentos, a filosofia era desvinculada da fé, 
não se negava a fé, mas havia a separação de Filosofia e teologia. Em contrapartida, a faculdade 
da teologia, se estudava sobre os conteúdos da fé, ensinamentos bíblicos, era baseada na doutrina 
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cristã ( um fato interessante é que todos os mestres da teologia haviam passado pela faculdade 
das artes) . Dentre as diversas contribuições do surgimento das universidades para o período 
medieval, podemos destacar duas: formação de uma classe de intelectuais e a superação nas 
diferenças entre classe sociais. 
 
⁵“Em Paris[...] prevaleceu a universitas magistrorum et scholarium espécie de corporação 
unitária de mestres e estudantes”. 
“ A universidade de Paris tornou-se objeto de atenção da cúria romana, que favoreceu suas 
tendências autonomista”. 
⁶” Em Bolonha prevaleceu a universitas scholarium [...] a corporação estudantil”. 
Após a vinda das universidades, intelectuais passaram a ser considerados como parte 
significativa e de importância para a sociedade, como podemos ver no trecho a seguir retirado do 
texto ‘história da filosofia': “Ao lado dos poderes tradicionais, como o sacerdotium e o regnum, 
acrescentava-se um terceiro poder, o studium ou a classe dos intelectuais”, com isso, ocorreram 
mudanças em relação a instituição, são elas: (1) “surgimento de um sodalício de mestres, 
sacerdotes e leigos ao qual a igreja confiava a tarefa de ensinar a doutrina revelada”, isso hoje em 
dia poderia ser considerado como a pessoa responsável por ministrar a aula (o professor). (2) “a 
abertura da universidade parisiense a mestres e estudantes provenientes de qualquer camada 
social”, como já dito anteriormente, a universidade era de acesso livre, o que serve de padrão 
para as universidades públicas até hoje. 
 
ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES BÍBLICAS QUE INTERFERIRAM NO PENSAMENTO 
OCIDENTAL: 
(1) Monoteísmo; (2) criacionismo a partir do nada; (3) concepção de mundo 
antropocêntrica; (4) deus seria a fonte definitiva da lei moral e o dever do homem estaria 
em obedecer seus mandamentos; (5) Uma desobediência a lei teria causado a queda do 
homem; (6) Redenção operada por deus por amor da humanidade; 
 
 
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Referências Bibliográficas: 
 
Reale, Giovanni, História da filosofia, Patrística e Escolástica, Paullus editora 1° edição, 2017. 
Vasconcellos, Manoel, Filosofia medieval, Uma breve introdução, Pelotas, Dissertatio incipiens, 
2014. 
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