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TRANSTORNO DE SINTOMAS SOMÁTICOS E OUTROS Psicologia - Unoesc UC Psicopatologia II Profa. Me. Cristina Folster Pereira PESQUISA ON-LINE PRIMEIRO - Escolha um dos termos abaixo para pesquisar ● Trastorno de sintomas somáticos ● Doença psicossomática ● Transtorno de ansiedade de doença SEGUNDO - Resumir (máximo de quatro linhas) o conceito (O que é). TERCEIRO – Compartilhar os resultados com os colegas. AVALIAÇÃO E TRATAMENTO ● Situações geralmente tratáveis na atenção básica junto à equipe de Saúde da Família e psicólogo. ● Na clínica, paciente geralmente virá encaminhado de clínico geral ou outros médicos, não psiquiatras. ● Confirmar o sofrimento do paciente é a primeira atitude do terapeuta, visto que, possivelmente, o paciente já tenha escutado dos médicos “você não tem nada” ou “você não está doente, é apenaspsicológico”, dentre outras falas. AVALIAÇÃO E TRATAMENTO ● Na avaliação, considerar comorbidades como depressão e transtornos ansiosos. ● Considerar também necessidade de avaliação psiquiátrica (terapia medicamentosa, geralmente antidepressivo). Contudo, um clínico envolvido pode dar conta da grande parte doscasos. ● No caso de sintomas psicossomáticos há a necessidade de tratara doença de base e, paralelamente, realizar a psicoterapia. NO DSM... Transtorno de Sintomas Somáticos (F45.1) Transtorno de Ansiedade de Doença (F45.21) Transtorno Conversivo (Transtorno de Sintomas Neurológicos Funcionais) Fatores Psicológicos que Afetam Outras Condições Médicas (F54) Transtorno Factício (F68.10) Transtorno de Sintomas Somáticos e Transtorno Relacionado Não Especificado (F45.9) ESTUDO DE CASO ❖ Vamos ler juntos e discutir: Caso Norma NORMA BALABAN – 37 ANOS Norma foi encaminhada por seu clínico geral para avaliação em saúde mental. Ela gozava de boa saúde geral até o ano anterior, apesar de compulsão alimentar e obesidade, e havia feito uma cirurgia gástrica seis anos antes. Assim que entrou no consultório, entregou um resumo de três páginas sobre suas preocupações físicas. Espasmos noturnos nas pernas e dores diurnas, dificuldades de sono, sensação de cabeça pesada e de frio intermitente nas extremidades, face, orelhas e nariz. Nos últimos meses, desenvolveu dificuldade de urinar, irregularidade menstrual e passou a ter diversas queixas musculares. Também tinha torcicolo acompanhado por espasmos nas costas. Norma já havia sido avaliada por um reumatologista e uma neurologista. O primeiro a diagnosticou com dores nas costas sem evidências de artrite. O diagnóstico da neurologista foi uma “variação atípica de enxaqueca”. Vários testes foram realizados e os resultados foram normais. No atendimento, Norma falou sobre suas queixas físicas que persistem há, pelo menos, um ano. Ela estava muito frustrada pelo fato de não receber um diagnóstico definitivo, apesar de ter se consultado com vários especialistas, e ainda estava muito preocupada com seus sintomas. Tinha dificuldade em se concentrar e finalizar seus trabalhos e passava muito tempo na internet pesquisando seus sintomas. Também sentia-se mal por não passar tempo suficiente com os filhos e o marido, mas simplesmente estava sem energia. A paciente se formou na faculdade e era assistente administrativa do reitor há anos. Relatou uma infância feliz e negou experiências de abuso físico ou sexual. Reconheceu fase de humor depressivo ao longo do ano anterior e pensamentos eventuais de suicídio (havia considerado bater o carro). Durante o exame de estado mental, a paciente estava alerta, com humor deprimido, asseada e cooperativa. E AÍ, PODEMOS DIZER QUE HÁ TRANSTORNOS SOMÁTICOS NO CASO DE NORMA? O QUE VOCÊ INDENTIFICOU? DISCUSSÃO – CASO NORMA (James L. Levenson) A sra. Balaban dedica uma quantidade de tempo e de energia incomuns pensando, documentando e buscando cuidados para seus sintomas somáticos. Esses sintomas lhe causam sofrimento e interferem em sua capacidade de funcionamento. Ela está sintomática há, pelo menos, seis meses. Desse modo, o caso satisfaz os critérios para transtorno de sintomas somáticos (TSS) do DSM-5. O TSS é um novo diagnóstico no DSM-5 e reflete uma mudança significativa dos sistemas de classificação anteriores. Os sintomas de TSS podem ter início em qualquer idade, embora a preocupação excessiva com sintomas somáticos devam persistir, de modo geral, durante um período mínimo de seis meses. O DSM-5 também enfatiza a importância de pensamentos, sentimentos e comportamentos anormais em reação aos sintomas somáticos, em vez da existência ou não de uma causa médica para os sintomas físicos. A grande quantidade de sintomas físicos aparentemente não relacionados da sra. Balaban realmente sugere um componente psiquiátrico em suas queixas. É possível que ela tenha condições médicas não diagnosticadas que poderiam explicar muitos de seus sintomas (p. ex., esclerose múltipla), mas esse diagnóstico médico dificilmente afetaria o diagnóstico do DSM-5. Provavelmente ainda seriam observados pensamentos, sentimentos ou comportamentos excessivos relacionados aos sintomas e preocupações com a saúde. Em outras palavras, a questão fundamental no TSS não são os sintomas, mas sim a interpretação deles. Uma das ramificações dessa mudança diagnóstica do DSM-IV para o DSM-5 é que este último não se baseia na ausência de uma explicação. O esforço em provar que o paciente não apresenta um diagnóstico médico pertinente pode levar a exames excessivos, como se observa na situação da sra. Balaban. Além disso, uma busca prolongada po resultados negativos pode levar a uma situação de antagonismo, com o paciente tentando convencer os médicos de que tem um problema, e os médicos, com frequência, se sentindo obrigados a solicitar mais exames, buscar mais consultas e esperar que o paciente encontre um novo clínico geral. Quando um rótulo psiquiátrico finalmente é proposto, o paciente provavelmente irá encarar o termo como algo pejorativo e se sentirá descartado. O diagnóstico de TSS do DSM-5 deve contornar esse conflito. Pacientes com TSS geralmente apresentam problemas médicos reais, mas o foco psiquiátrico é a forma como seus pensamentos, sentimentos e comportamentos são afetados pelas queixas físicas. Pacientes que apresentam queixas físicas excessivas com frequência apresentam diagnósticos psiquiátricos fora da categoria de transtorno de sintomas somáticos e transtornos relacionados. Embora a sra. Balaban não pareça satisfazer todos os critérios para o diagnóstico de transtorno depressivo maior, ela apresenta sintomas depressivos proeminentes, incluindo alguma ideação suicida. Ela tem “espasmos noturnos nas pernas” e poderia apresentar síndrome das pernas inquietas do DSM-5, o que poderia causar insônia e uma exacerbação das preocupações somáticas. Uma avaliação mais aprofundada da sra. Balaban investigaria episódios atuais e passados de depressão, mania e hipomania, além de considerar possíveis transtornos alimentares, do sono e por uso de opioides.
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