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Radiologia do sistema digestório esôfago e estômago Esôfago Estrutura tubular que conecta a faringe ao estômago, é quem leva o alimento da boca até o estômago. Dividido em porção cervical (região de pescoço) e torácica (localizada no mediastino- espaço entre as pleuras). Quando esôfago está normal não conseguimos visualizar no raio-x simples, só conseguimos identificar o esôfago quando animal estiver engolindo ar (aerofagia). Indicações de radiografia de esôfago: animal com suspeita de regurgitação (problema com origem no esôfago- alimento não vem digerido, pois não chegou até o estômago) e em casos de dificuldade de deglutição. Para conseguirmos avaliar o esôfago o ideal é fazer raio-x contrastado, chamado de esofagograma: contraste utilizado na maior parte das vezes é o de bário (contraste insolúvel- organismo não absorve), administrado via oral, dose de 3-5 ml/kg. Existem situações em que utilizamos iodo (casos de suspeita de ruptura de esôfago ou de qualquer outro órgão do sistema digestório), se der contraste via oral e esôfago estiver rompido o contraste vai extravasar e precisamos utilizar iodo porque é absorvido pelo organismo (se utilizarmos o bário vai causar problema porque ele não é absorvido). A dose utilizada de iodo é de 7 ml/kg. Ao realizar esofagograma precisamos tomar cuidado com aspiração do contraste- ao invés de animal engolir ele faz aspiração (animais muito agitados e braquicefálicos). Esofagograma- aspectos normais em cão x gato: o cão têm pregas do esôfago longitudinais e o gato têm as pregas na transversal na porção mais próxima ao estômago (quando fazemos contraste, lembra espinha de peixe). Quando fazemos RX contrastado do esôfago, administramos contraste e logo em seguida já fazemos raio-x porque contraste passa pelo esôfago muito rápido. Fazemos RX simples antes da administração do contraste para adequar técnica (LL). Esofagograma aéreo- esôfago preenchido por ar (animal fazendo aerofagia). Nessas condições consigo identificar onde está o esôfago. Esquema representando exame contrastado do esôfago- esofagograma. Alterações esofágicas Corpo estranho esofágico Pode ser radiopaco (conseguimos identificar no RX simples- radiopacidade elevada) ou radiotransparente (não conseguimos identificar no RX simples- necessário esofagograma). Os locais mais comuns de se encontrar o corpo estranho são: entrada do tórax, cranial a base do coração e cranial ao diafragma. Geralmente pode ter dilatação da porção cranial do esôfago ao corpo estranho. Esôfago gato longitudinais Esôfago de cão- pregas longitudinias, raio-x convencional Es o fa go gr am a- c o n d iç õ e s n o rm ai s Aspiração após administração de contraste co rp o e st ra n h o m et ál ic o n o e sô fa go - r ad io p ac o Corpo estranho radiotransparente- identificado através do esofagograma Dilatação do esôfago anterior ao corpo estranho e esôfago normal pós corpo estranho. Identificamos o corpo estranho com o esofagograma através da falha de preenchimento. Corpo estranho radiotransparente- falha de preenchimento. Esôfago dilatado na região cranial ao corpo estranho e pós corpo estranho o diâmetro volta ao normal. Megaesôfago Dilatação total do esôfago, pode ter acúmulo de gás e/ou de alimento (alimento não consegue chegar no estômago). Pode ser congênito ou adquirido. Animais com megaesôfago apresentam regurgitação (logo após ingestão do alimento animal regurgita o que comeu- comida fica parada na dilatação). Por ter regurgitação, faz com que animal tenha predisposição a desenvolver pneumonia aspirativa. O manejo de animais com megaesôfago para controle dessa alteração é através da alimentação com animal em posição bipedal e após a ingestão do alimento o ideal é que ele permaneça ‘em pé’ por mais 10-15 minutos para que alimento consiga sair da dilatação do esôfago e chegue até o estômago. Alterações RX simples: esôfago dilatado, pode estar preenchido por ar/alimento/líquido, faz com que traqueia e coração fiquem deslocados ventralmente, se animal tiver pneumonia aspirativa conseguimos avaliar. Esofagograma- administramos contraste e observamos esôfago dilatado preenchido pelo contraste. Traqueia e coração deslocados ventralmente- megaesôfago (esôfago dilatado preenchido por ar) Es o fa go gr am a- e sô fa go d ila ta d o p re en ch id o p el o c o n tr as te . RX digital- esôfago dilatado preenchido pelo contraste, terminando em ponta de lápis* Anomalia do anel vascular Durante desenvolvimento embrionário ocorre alteração que faz com que tenha persistência do IV arco aórtico direito e como esse arco persiste ele faz com que esôfago fique estenosado, isso faz com que esôfago dilate. Estenose fica próximo a base do coração. Como esôfago faz estenose próximo a base do coração, ocorre dilatação do esôfago cranial a essa estenose, cranial a base do coração. Radiografia simples: dilatação do esôfago cranial a base do coração, essa dilatação pode conter alimento/líquido/ar, deslocamento ventral da traqueia (não do coração). RX simples- esôfago preenchido por ar Esofagograma- podemos fazer para confirmar diagnóstico, vemos esôfago preenchido pelo contraste e dilatado na região cranial a base do coração (após a estenose: esôfago normal). traqueia coração esôfago Rupturas esofágicas Podem acontecer por corpo estranho ou mordedura. Podemos ver algumas alterações no RX simples, mas não conseguimos fechar diagnóstico através dele. Como esôfago está perfurado podemos ter extravasamento de gás ou líquido na região cervical, quando temos extravasamento de gás na região de mediastino pode ocorrer pneumomediastino (ar livre no mediastino) e pneumotórax (acúmulo de ar entre as pleuras). Devido o extravasamento de líquido animal pode ter como consequência derrame pleural (líquido de forma anormal entre as pleuras). Para fechar diagnóstico de ruptura esofágica fazemos esofagograma com contraste iodado (absorvido pelo organismo), vemos no RX o extravasamento do meio de contraste. Contraste em região cervical // extravasamento de contraste na região torácica ____________________________________________________________________ Estômago Órgão localizado caudal ao fígado (região epigástrica), quando está vazio fica localizado cranial ao último par de costelas e quando está repleto pode passar um pouco do arco costal. Composto pela região de curvatura menor, curvatura maior, cárdia (aonde chega o esôfago), fundo, corpo e piloro (sai estômago e começa duodeno). Estômago vazio (dentro do gradil costal) Imagem na VD- no cão a região de piloro e antro piloro ficam do lado direito (passa da região da coluna) e maior parte do estômago fica do lado esquerdo, no gato a região de piloro e antro piloro fica no centro (sobreposto a coluna). fígado GATO CÃO Aspecto radiográfico- conforme o posicionamento do animal, temos aspecto do conteúdo do estômago (quando mudamos decúbito do animal, conteúdo também muda). LAT D- gás na região do fundo/corpo e líquido na região do piloro LAT E- gás na região do piloro e líquido na região do fundo/corpo VD- gás na região do corpo/piloro e líquido na região do fundo DV- gás na região do fundo e líquido na região de corpo/piloro LAT D- gás na região do fundo* LAT E- líquido na região do fundo* e líquido na região do piloro* e gás na região do piloro* Imagem de estômago repleto de conteúdo alimentar- passando gradil costal Exame contrastado Podemos fazer RX contrastado do estômago (gastrograma), mas geralmentequando vamos fazer contrastado do estômago optamos por fazer de todo o TGI, chamado de trânsito gastrointestinal. Administramos contraste de bário, via oral, 2-5 ml/kg. Quando suspeitamos de rompimento de estômago ou intestino utilizamos contraste de iodo 7ml/kg. Ideal animal estar em jejum de 12-24h (o alimento pode atrapalhar passagem do contraste e tempo de esvaziamento), evitar anestesia/sedação (se estiver anestesiado não conseguimos administrar contraste de forma espontânea, precisamos passar sonda). Antes de fazer contrastado, fazemos RX simples (acertar técnica, ver se não tem nenhum conteúdo no estômago que possa atrapalhar progressão do contraste). O tempo médio de esvaziamento do estômago é de 3 ½ horas (1-4 horas para esvaziar por completo- tempo normal). Após administração de contraste fazemos RX seriados (rx imediato- após 5 minutos- a cada 15 minutos). São feitas projeções LL e VD. Avaliação do exame contrastado- preenchimento luminal (estômago foi totalmente preenchido pelo contraste?), tempo de esvaziamento gástrico. A intenção de fazer o RX seriado é acompanhar a progressão do contraste. Doenças gástricas Corpo estranho Para conseguirmos visualizar o corpo estranho num RX simples ele precisa ser radiopaco (ex: metal, osso). Quando fazemos diagnóstico ou investigação de corpo estranho nem sempre só um exame vai conseguir dar a resposta, muitas vezes precisamos fazer RX e US (esses dois se complementam muitas vezes), em alguns casos ainda precisamos do RX contrastado (corpo estranho radiotransparente- RX contrastado ou ultrassom). * * * * Corpo estranho metálico em região de piloro RX simples- corpo estranho radiopaco (vários fragmentos- osso) Osso (parte no esôfago e parte no estômago) Dilatação gástrica A dilatação gástrica pode ocorrer com ou sem torção. Na dilatação aguda vemos o estômago distendido por conteúdo gasoso, porém vai estar em posição anatômica normal (apenas dilatou, não torceu). Sinais radiográficos: estômago distendido por gás, deslocamento caudal das alças intestinais, região de piloro e fundo na posição normal. Estômago preenchido por gás e alças deslocadas caudalmente Torção gástrica Após a dilatação animal pode desenvolver torção, geralmente acomete animais de grande porte, que se alimentam rapidamente. É uma emergência (animal não pode esperar para ser atendido). Inversão de posição dos componentes do estômago- piloro vai para dorsal e o fundo vem para ventral. Torção no RX- para conseguirmos vizualizar radiograficamente vai depender do grau de dilatação, do conteúdo do estômago e do grau de rotação do estômago. Observamos o deslocamento dos compartimentos gástricos (piloro deslocado cranial e dorsal- deveria estar na região mais ventral). Vemos linha de compartimentalização (dobra da parede gástrica sobre si). O exame de eleição/ exame de escolha para torção gástrica é o RX (não mandar animal com torção para US- quando tem muito gás faz artefato de reverberação e não conseguimos avaliar). Em casos de suspeita de dilatação ou torção gástica sempre fazer RX simples para diagnóstico. Outros achados no RX de torção gástrica- pode haver deslocamento de baço (ele pode torcer junto com estômago e isso causar esplenomegalia), dilatação intestinal difusa por conteúdo gasoso e dilatação esofágica (como estômago está torcido o que vem do esôfago não consegue passar e esôfago acaba dilatando por conta dessa obstrução do cárdia). Obstrução do piloro Pode ter causa mecânica (algo que esteja impedindo a saída do conteúdo- neoplasia, corpo estranho, estenose) ou funcional (alteração no funcionamento por espasmos), pode levar a dilatação gástrica. No RX simples identificamos apenas o estômago dilatado e preenchido por conteúdo alimentar/gasoso, mas não conseguimos fechar diagnóstico. Para fechar o diagnóstico fazemos RX contrastado- observamos retardo no esvaziamento gástrico e falha de preenchimento na região pilórica. baço Falha de preenchimento Neoplasias Muitas vezes o diagnóstico é por associação de exames (RX não é o exame de eleição). São raras em cães e mais raras ainda em gatos, para saber o tipo de neoplasia apenas com histopatológico, para avaliar neoplasia no RX vai depender do tamanho, forma e localização (se for neoplasia que leve a alerações nas camados do estômago não conseguimos diferenciar no RX). No RX simples vamos desconfiar que existe alteração no estômago quando neoplasia forma uma massa e no RX aparece como uma área de radiopacidade água, mas não conseguimos confirmar. Na radiografia contrastada (bário) neoplasia vai aparecer como um preenchimento incompleto do estômago. Por conta da neoplasia o estômago perde capacidade de distensão e com isso também vai ter demora do esvaziamento gástrico (fazer radiografias seriadas). Para fazer diagnóstico o melhor exame seria US e/ou endoscopia. Regiões de preenchimento incompleto
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