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Radiologia do trato digestório- INTESTINO Anatomia Intestino delgado- duodeno descendente é o primeiro segmento após o estômago, presente do lado direito no cão/gato, é o segmento mais retilíneo, vai até a porção hipogástrica e faz flexura caudal do duodeno e depois vem duodeno ascendente. O jejuno é a maior parte do intestino delgado, ocupando região média ventral do abdômen. O íleo tem aspecto diferente do resto do intestino, mas no rx não é possível diferenciar. Intestino grosso- o ceco dos cães geralmente tem gás (nos felinos é mais vazio), depois vêm os cólons e o reto. Essa divisão do intestino não é tão clara no exame de imagem. Bem próximo da porção do estômago e do duodeno está localizado o pâncreas (não observamos no raio-x). Lembrar que o pâncreas tem contato importante com essa parte do TGI. Radiologia intestino Podemos avaliar em exame radiográfico simples ou contrastado. O contrastado pode ser feito exame de trânsito gastrointestinal (avalia estômago e parte intestinal) e enema de bário (voltado exclusivamente para intestino grosso e reto). O trânsito gastrointestinal é um exame mais demorado (animal tem que ingerir contraste e paciente é radiografado várias vezes), se animal vomitar o contraste não tem como fazer o exame. Pouco utilizado na rotina por contra do exame US complementar e RX simples (fazemos o contrastado quando não conseguimos fechar o diagnóstico, mas existe forte suspeita de alteração gastrointestinal). O enema de bário também não é muito comum, mas pode ter indicações específicas. Nestes dois métodos podemos utilizar bário (mais utilizado) ou iodo (utilizado em casos de suspeita de ruptura gastrointestinal ou ruptura de cólon). Gato com gás em todo o trânsito gastrointestinal (difícil)- imagem didática Alças de menor diâmetro é a região de delgado e de maior diâmetro é intestino grosso Duodeno Íleo Ceco Cólon E D intestino grosso intestino delgado estômago Cão- abdômen normal em projeção LL Estômago com um pouco de gás, alças de delgado mais vazias, ceco com gás* (geralmente os cães tem gás no ceco), cólon com conteúdo fecal*. Exame de trânsito gastrointestinal- fazer exame simples antes de dar contraste (LL e VD) e depois administrar contraste via oral (geralmente bário). Possível observar parte do esôfago com contraste*, estômago e alças intestinais preenchidas. Avaliamos o preenchimento e o esvaziamento do estômago e dos segmentos iniciais do intestino. O ideal é avaliar a cada 1 hora (se estiver passando muito rápido fazer a cada 30 minutos e se estiver muito lento fazer a cada 1h30). Devemos acompanhar a progressão do contraste para identificar alguma lesão, falha de preenchimento, espessamento de parede, entre outros. Normalmente trânsito dura de 3-4 horas, mas alguns animais podem levar maior tempo (como no exemplo das imagens- 10 horas). Tutor precisa saber como funciona o exame (demanda tempo e vários RX). Com 30 minutos já começa esvaziar (concentração maior de contraste na região de piloro). Com 3 horas quase não existe contraste no estômago. baço fígado bexiga * 5 minutos após contraste estômago Área de peristaltismo- dois segmentos de maior diâmetro e no meio um segmento mais fino: área de contração. Sabemos que é uma área de peristaltismo porque não persiste no restante do intestino. Se ficar em dúvida pode repetir rx e observar que não vai estar no mesmo local. Parte final do intestino- difícil avaliar o cólon porque não ocorre preenchimento completo e uniforme (o ideal é fazer enema) 10 horas No raio-x é possível observar topografia e distribuição por ser imagem panorâmica, diferente do US que é uma imagem mais focal (ter noção de deslocamento de alça intestinal é mais difícil no US). Enema de bário Preparo do paciente: jejum alimentar de 18-24 horas (vamos avaliar cólon, não pode ter fezes). Antes do jejum, oferecer alimentações mais pastosas (evita retenção fecal), também pode ser utilizado laxante 12 horas antes do procedimento. Primeiro é feito exame radiográfico simples (LL e VD), se estiver com conteúdo fecal- fazer lavagem intestinal com solução salina morna antes de fazer contraste. ____________________________________________ Intestino delgado Aspectos radiográficos normais através do exame simples- observar topografia e distribuição. O diâmetro luminal no exame simples possui algumas referências: em cães deve ser menor que 2x a largura da 12ª costela, não pode exceder 2x o diâmetro de outro segmento do ID (intestino grosso tem diâmetro maior), em gatos não pode exceder 1,2cm de largura. O conteúdo luminal é quem nos dá a radiopacidade (alça intestinal preenchida por líquido: radiopacidade de partes moles // alça intestinal vazia: a parede da alça é tecido mole, então também tem radiopacidade água // conteúdo gasoso: radiotransparente). Em ID não é comum conteúdo heterogêneo (mais visto em intestino grosso- conteúdo fecal). Aspectos radiográficos normais através do exame contrastado- preenchimento luminal uniforme, superfície mucosa lisa e progressão da coluna de contraste (deve passar por todo delgado e chegar ao grosso- não pode parar ou ser interrompida de alguma forma). Intestino grosso Aspectos radiográficos normais através do exame simples- avaliar topografia (formato de ponto de interrogação em cães e gatos- figura do enema), diâmetro luminal maior que o do ID, geralmente presença de conteúdo gasoso ou fecal (a menos que paciente tenha diarreia intensa- conteúdo de radiopacidade água). RX normal de cão- estômago vazio, alças intestinais de delgado com conteúdo gasoso*, reto e cólon descendente com conteúdo gasoso e fecal* Normalmente utilizado contraste de bário, ideal sonda com balão (sonda de Foley) que infla para que não ocorra o refluxo do contraste (quando injetar o contraste deve ir para dentro do intestino e não para fora com o que seria o movimento natural das fezes). O volume de contraste é de 10-20 ml/kg. Contraste injetado via retal, preenchendo: reto, cólon descendente, cólon transverso, cólon ascendente e ceco. Im ag em - en em a d e b ár io * * Ceco de cão- presença de gás, localizado em lado direito, formato específico Exame contrastado- duodeno pode aparecer imagem com invaginações, são chamadas de pseudo úlceras (pode ser visto no raio-x e ultrassom). Estão relacionadas com tecido linfoide (placas de Peyer), ou seja, uma variação normal. Exame contrastado- diferença entre espécies No cão o peristaltismo tem extensão maior (contração intestinal- área de menor diâmetro entre duas com diâmetro maior). No gato o peristaltismo é mais pontual (tem área menor de contração) e simétrico, dando aspecto de várias bolinhas (aspecto de colar de pérolas). Intestino delgado- alterações radiográficas Exame simples- alterações de topografia ou de distribuição (estão distribuídos de forma uniforme na região mais ventral/ média do abdômen?- isso seria o normal), dilatação luminal (maior avaliação no RX- diâmetro não uniforme), alterações de radiopacidade (no ID não costuma ter conteúdo heterogêneo ou de radiopacidade maior). Diferenças que chamam atenção- encontrar algo com maior radiopacidade ou radiotransparente, ter dilatação de alça e principalmente diferença entre os diâmetros do ID. Exame contrastado- contraste vai passar pelo lúmen intestinal, se houver algo no meio do caminho (ex: corpo estranho, tumor) pode ocorrer falhas de preenchimento luminal (contraste vai envolver estrutura e onde tem a estrutura não preenche de contraste). Pode haver irregularidades da superfície mucosa (ex; formação na parede causando espessamento da parede, que pode ser irregular-superfície mucosa é lisa, exceto as pseudo úlceras do duodeno). Alças intestinais podem estar franzidas (normalmente são alongadas). O tempo do trânsito deve ser avaliado, podendo ser muito rápido (ex: diarreia aguda- alça com peristaltismo aumentado) ou lento/interrompido (ex: obstrução). Afecções do intestino delgado - obstrução do trato gastrointestinal - corpos estranhos - intussuscepção - doença gastrointestinal inflamatória - neoplasias Delgado com radiopacidade água- não necessariamente há presença de líquido, pode estar vazio (lembrar que a parede da alça é tecido mole- radiopacidade água) Especialmente avaliadas pelo ultrassom Obstrução intestinal Pode fazer distensão das alças por gás ou por líquido (se tiver gás: raio-x // se for líquido US pode ajudar mais). Nas obstruções fazemos combinação dos métodos (podemos começar com um e terminar fazendo outro): radiografia simples, radiografia contrastada e ultrassonografia. Se caso for suspeita de ingestão de estruturas radiopacas (metal ou osso) ou presença de conteúdo gasoso: começar com raio-x. Se não for essas situações, começar com ultrassom. Se o US não responder fazer raio-x simples e se também não ajudar, pensar no contrastado. O contrastado seria o último, pois é raro hoje em dia que o RX simples nem US ‘responda’ sobre o intestino. A obstrução pode ser total ou parcial. No raio-x a diferença entre o diâmetro das alças é um quesito importante: na situação A temos uma obstrução total que dilata porção anterior a ela e afina alça posterior (diferença entre os diâmetros é óbvia), na situação B temos obstrução parcial em que conteúdo ainda consegue passar e diferença de diâmetro já não é tão evidente (dependendo de como for a obstrução parcial é menos evidente ainda). Aspectos radiográficos - dilatação do lúmen anterior ao ponto de obstrução (observar variação do diâmetro luminal das alças: se for obstrução total a variação é maior). - modificação da distribuição das alças (ex: corpo estranho linear vai juntar as alças, chamamos isso de agregação de alças- alças ficam todas juntas em uma parte do abdômen, não se distribuem de forma uniforme em toda região ventral e média do abdômen). A obstrução pode ser mecânica ou funcional Mecânica: existe algo no lúmen intestinal que está obstruindo/impedindo que o conteúdo alimentar e gasoso faça progressão. Há presença de alça sentinela (alça dilatada antes do ponto da obstrução), o diâmetro do lúmen intestinal maior que o normal, acúmulo de conteúdo gasoso e/ou líquido. É um problema localizado. Funcional: intestino perde atividade de peristaltismo, não faz contração intestinal de forma adequada. É um problema difuso (várias partes do intestino), lúmen intestinal com tamanho mais próximo do normal (mas está dilatado). Ocorre em casos de enterite, obstrução crônica e peritonite. Geralmente preenchidas por líquido, com pouco gás. Obs: filhote tem maior homogeneidade do abdômen porque tem menos gordura (difícil delimitar estruturas), a gordura presente não trás muito contraste no raio-x. Alças intestinais aumentadas, com distribuição anormal: há processo obstrutivo, mesmo que no raio-x não dê para ver o que está levando a essa obstrução Filhote- alças de diâmetros diferentes, distribuição anormal, diâmetros com dilatação maior que do intestino grosso: processo obstrutivo. Essa imagem radiográfica não nos mostra a causa dessa obstrução. Pela diferença de diâmetro tem mais chance de ser obstrução mecânica (tratamento é cirúrgico). cólon Causas de obstrução Corpos estranhos (principal causa), intussuscepção (assunto abordado em outra aula), aderências, encarceramento intestinal (hérnias- no macho a mais frequente é a perineal e na fêmea a inguinal) e neoplasias intestinais. Corpo estranho- pode ser linear ou não linear (radiopacos ou radiotransparentes- por conta disso RX e US se complementam). Trânsito gastrointestinal- processo obstrutivo. Na última imagem é possível observar alça dilatada com contraste, depois alça fina com contraste e no meio existe uma falha de preenchimento: C.E radiotransparente. Corpo estranho linear: pode ficar preso em baixo da língua (especialmente em gatos), em cães costuma ficar preso no estômago. O corpo estranho linear vai ficando preso na língua ou no estômago e quando passa para intestino ele vai se ancorando em alguns lugares e com o peristaltismo intestinal vai formando ‘plissado’. Corpo estranho circunscrito radiopaco fazendo processo obstrutivo (alça intestinal sentinela*) e diferença entre diâmetros* * Corpo estranho radiopaco, mas nessa situação não é possível delimitar o diâmetro das alças (exceto uma que está com gás, as outras estão vazias ou com líquido). Existe técnica de compressão para diminuir a sobreposição das alças: apertar região do abdômen com pá de madeira (radiotransparente). Quando feita a compressão possível perceber diâmetro maior antes do corpo estranho e que esse diâmetro está com líquido (radiopacidade água) e depois do corpo estranho um diâmetro menor. Diferença de diâmetro- obstrução causada por corpo estranho radiotransparente (só vejo corpo estranho porque entrou ar dentro dele e tem ar fora dele, vejo a parede do corpo estranho). C.E era bico de chupeta. Alças dilatadas, paralelas, plissadas e com gás RX gato- para formar gás assim em todas as alças, todas agrupadas, a primeira possibilidade é o corpo estranho linear. **Gatos mais gordinhos também podem ter alças mais agrupadas devido o tecido adiposo. Hérnias- no macho a mais comum são as perineais e nas fêmeas as inguinais. No RX pode-se observar deslocamento de segmento (especialmente intestino). Afecções do intestino grosso Retenção fecal Megacólon Divertículo retal Ânus imperfurado, atresia anal e atresia cólica Retenção fecal Persistência do conteúdo fecal no cólon, quando a retenção fecal passa a ser mais crônica e aumenta a radiopacidade das fezes chamamos de fecaloma. Exame contrastado- corpo estranho linear Cirurgia- corpo estranho linear RX- aumento de volume inguinal com presença de alças intestinais (praticamente todo o intestino está na hérnia, mas todas as alças estão com diâmetro normal). Hérnia inguinal com alça obstruída/ encarceramento de alça intestinal (áreas muito dilatadas com conteúdo gasoso), tratamento cirúrgico. Intestino com conteúdo fecal- tem só pontinhos de maior radiopacidade, apenas retenção fecal. Conteúdo com maior radiopacidade- fecaloma. Nessa radiografia temos a justificativa: fratura de coxal, isso diminui o canal pélvico dificultando a defecação. Fezes de maior radiopacidade (fecaloma), motivo: presença agulha no reto (animal sente dor ao defecar, então evita). Megacólon Dilatação acentuada do cólon, pode ser congênito (animal nasce com megacólon) ou pode ser mecânico (megacólon por obstrução prolongada à passagem das fezes, muitas vezes por motilidade). Pode acontecer pseudomegacólon/ obstipação: retenção fecal prolongada (ex: fecaloma) e isso causa dilatação do cólon. Nesses pacientes não adianta fazer US para saber o porquê do megacólon (intestino cheio de fezes- fazem muito artefato, tanto de reverberação quanto de sombra). Em RX simples, observamos cólon dilatado por conteúdo fecal. Todo esse diametro é colon com fezes e gás Ânus imperfurado, atresia anal e atresia cólica São alterações congênitas, pouco frequentes, animais jovens. Alças intestinais dilatadas por gás e conteúdo fecal exame contrastado Divertículo retalReto faz saculação, pode ocorrer quando se tem hérnia perineal (cólon pode ir para essa saculação), mas o divertículo retal pode acontecer também sem ter a hérnia. Nessa situação o enema de bário é essencial para fazer diagnóstico (só exame simples pode não se observar diferença de formato). Vólvulo mesentérico Não é comum- torção de raiz do mesentério, evolução rápida. Alça intestinal de delgado distendida Alça necrosada Perfuração do TGI Pode ser secundária: corpo estranho, úlcera, deiscência pós-operatória. Há extravasamento de conteúdo fecal e gasoso para o abdômen. Tratamento deve ser rápido (causa peritonite). No RX observamos ar livre (pneumoperitônio). Sabemos que tem ar livre porque a parede do estômago e de alça intestinal fica mais evidente. Vantagens da radiologia Avaliação panorâmica, conteúdo gasoso dá contraste negativo. Limitações da radiologia Animais caquéticos (não tem gordura), se tiver líquido dentro da alça ou na cavidade não vai ter contraste, se houver comprometimento de tecidos (ex: neoplasia intestinal ou processos inflamatórios relacionados ao aumento de espessura) não vemos no raio-x.
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