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IV Tutoria – Módulo de Endocrinologia Referência: GUYTON, A. C. e Hall J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 13ª Ed., 2017 SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada, 7ª Ed., 2017 TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14ª Ed., 2016 Wathyson Alex de Mendonça Santos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Caso – Áudio sobre infertilidade do casal (USP) Objetivos de estudo: • Compreender o eixo de regulação dos hormônios gonadotróficos, assim como sua fisiologia. • Ciclo Menstrual e Ciclo Gravídico. • Estudar os fatores hormonais que afetam o sistema reprodutor masculino. Liberação pulsátil do GnRH A liberação tônica do GnRH pelo hipotálamo ocorre em pequenos pulsos a cada 1 a 3 horas, tanto nos homens quanto nas mulheres. A região do hipotálamo que contém os corpos celulares dos neurônios GnRH tem sido chamada de gerador do pulso de GnRH, pois aparentemente coordena a secreção pulsátil periódica do GnRH. Os cientistas se perguntavam por que a liberação tônica do GnRH ocorria em pulsos, em vez de em um padrão contínuo, mas diversos estudos têm mostrado a importância desses pulsos. As crianças que apresentam deficiência de GnRH não amadurecem sexualmente na ausência de estimulação das gônadas pelas gonadotrofinas. Se tratadas com infusão contínua de GnRH, por meio de uma bomba de infusão, essas crianças não amadurecerão sexualmente. No entanto, se as bombas forem ajustadas para liberar o GnRH em pulsos similares aos que ocorrem naturalmente, as crianças entrarão na puberdade. Aparentemente, altos níveis contínuos de Gn3RH causam uma regulação para baixo dos receptores de GnRH nas células produtoras de gonadotrofinas, fazendo a hipófise não ser capaz de responder ao GnRH. Esta regulação para baixo dos receptores é a base para o uso terapêutico do GnRH no tratamento de certas disfunções. Por exemplo, pacientes com cânceres de próstata e de mama estimulados por androgênios ou estrogênios podem receber agonistas do GnRH para diminuir o crescimento das células cancerosas. Parece paradoxal dar a esses pacientes um medicamento que estimula a secreção de androgênios e de estrogênios, porém, após um breve aumento no FSH e no LH, a hipófise torna-se insensível ao GnRH. Então, a secreção de FSH e de LH diminui, e a liberação gonadal dos hormônios esteroides também diminui. Em essência, o agonista do GnRH gera uma castração química que é revertida quando o medicamento não é mais administrado. A importância da DHT no desenvolvimento masculino veio à tona nos estudos de sujeitos com pseudo-hermafroditismo, descritos no início deste capítulo. Esses homens herdam um gene defeituoso da 5a-redutase, a enzima que catalisa a conversão de testosterona em DHT (FIG. 26.4). Embora a secreção de testosterona seja normal, esses homens não possuem níveis adequados de DHT e, como resultado, a genitália externa masculina e a próstata não se desenvolvem completamente durante o período fetal. Ao nascimento, as crianças com pseudo-hermafroditismo aparentam ser do sexo feminino, e são criadas como tal. Entretanto, na puberdade, os testículos começam novamente a secretar testosterona, causando a masculinização da genitália externa, o crescimento dos pelos pubianos (embora os pelos na face e no corpo sejam escassos) e o engrossamento da voz. Estudando a enzima 5a-redutase defeituosa desses sujeitos, os cientistas têm conseguido separar os efeitos da testosterona daqueles da DHT. CONTROLE HORMONAL DA FUNÇÃO TESTICULAR Embora os fatores de iniciação sejam desconhecidos, na puberdade, células neurosecretoras do hipotálamo aumentam a sua secreção de hormônio liberador de gonadotropina (GnRH). Este hormônio estimula, por sua vez, os gonadotropos na adenohipófise a aumentar sua secreção de duas gonadotropinas, FSH e LH. O LH estimula as células intersticiais (células de leydig) que estão localizadas entre os túbulos seminíferos a secretar o hormônio testosterona. Este hormônio esteroide é sintetizado a partir do colesterol nos testículos e é o principal androgênio. É lipossolúvel e se difunde facilmente das células intersticiais para o líquido intersticial e, em seguida, para o sangue. A testosterona, via feedback – , suprime a secreção de LH pelos gonadotropos da adenohipófise e suprime a secreção de fator pelo hipotálamo. Em algumas células alvo, como aquelas dos órgãos genitais externos e da próstata, a enzima 5-alfarredutase converte a testosterona em outro androgênio, chamado di- hidrotestosterona (DHT). O FSH atua indiretamente ao estimular a espermatogênese. O FSH e a testosterona atuam sinergicamente nas células sustentaculares (células de sertoli) estimulando a secreção da proteína de ligação a androgênios (ABP) no lúmen dos túbulos seminíferos e no líquido intersticial em torno das células espermatogênicas. A ABP se liga à testosterona, mantendo a sua concentração elevada. A testosterona estimula as etapas finais da espermatogênese nos túbulos seminíferos. Uma vez alcançado o grau de espermatogênese necessário para as funções reprodutivas masculinas, as células de sertoli liberam inibina, um hormônio proteico assim chamado por inibir a secreção de FSH pela adenohipófise A testosterona e a dihidrotestosterona se ligam aos mesmos receptores de androgênios, que se encontram no interior dos núcleos das células-alvo. O complexo hormônio-receptor regula a expressão do gene, esses androgênios produzem vários efeitos: • Desenvolvimento pré-natal. A testosterona estimula o padrão masculino de desenvolvimento dos ductos do sistema genital e a descida dos testículos para o escroto, age também sendo convertida no encéfalo em estrogênios, atuando no desenvolvimento de certas regiões do encéfalo. A DHT estimula o desenvolvimento dos genitais externos. • Desenvolvimento das características sexuais masculinas. Na puberdade, a testosterona e a DHT realizam o desenvolvimento e o alargamento dos órgãos sexuais masculinos e o desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas a) Crescimento muscular e esquelético b) Pelos faciais e torácicos (limite genético) c) Aumento da secreção sebácea, espessamento da pele d) Aumento da laringe e posterior engrossamento da voz • Desenvolvimento da função sexual. Os androgênios contribuem para o comportamento sexual masculino e espermatogênese, e para o desejo sexual no H e na M. Lembre-se de que o córtex da glândula suprarrenal é a principal fonte de androgênios nas mulheres • Estimulação do anabolismo. Os androgênios são hormônios anabólicos; isto é, estimulam a síntese de proteínas. REGULAÇÃO HORMONAL DO CICLO REPRODUTIVO FEMININO O hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) secretado pelo hipotálamo controla os ciclos ovariano e uterino. O FSH inicia o crescimento folicular, enquanto o LH estimula o desenvolvimento adicional dos folículos ovarianos. Além disso, o FSH e o LH estimulam os folículos ovarianos a secretar estrogênio. O LH estimula as células da teca de um folículo em desenvolvimento a produzir androgênios. Sob influência do FSH, os androgênios são absorvidos pelas células granulosas do folículo e, em seguida, convertidos em estrogênios. No meio do ciclo, o LH estimula a ovulação e, então, promove a formação do corpo lúteo, a razão para o nome hormônio luteinizante. Estimulado pela LH, o corpo lúteo produz e secreta estrogênios, progesterona, relaxina e inibina. Foram isolados pelo menos seis estrogênios diferentes do plasma de mulheres, mas apenas três estão presentes em quantidades significativas: beta (β)estradiol, estrona e estriol. Em uma mulher não grávida, o estrogênio é o estradiol mais abundante, que é sintetizado a partir do colesterol nos ovários. Os estrogênios secretados pelos folículos ovarianos têm várias funçõesimportantes, dentre elas: • Promover o desenvolvimento e manutenção das estruturas reprodutivas femininas, características sexuais secundárias e mamas a) Distribuição do tecido adiposo nas mamas, no abdome, no monte do púbis e nos quadris; b) Pelve ampla, padrão de crescimento de pelos no corpo. • Aumentar o anabolismo proteico, incluindo a formação de ossos fortes. Em relação a isso, os estrogênios são sinérgicos com o hormônio do crescimento (hGH) • Baixar o nível sanguíneo de colesterol, que provavelmente é o motivo de as mulheres com menos de 50 anos correrem risco muito menor de doença da artéria coronária (DAC) do que os homens de idade semelhante. • Níveis sanguíneos moderados inibem tanto a liberação de GnRH pelo hipotálamo quanto a secreção de LH e de FSH pela adenohipófise. A progesterona, secretada principalmente pelas células do corpo lúteo, coopera com os estrogênios para preparar e manter o endométrio para a implantação de um óvulo fertilizado e preparar as glândulas mamárias para a secreção de leite. Altos níveis de progesterona também inibem a secreção de LH e GnRH. A pequena quantidade de relaxina produzida pelo corpo lúteo durante cada ciclo mensal relaxa o útero inibindo as contrações do miométrio. Presumivelmente, a implantação de um óvulo fertilizado ocorre mais facilmente em um útero “tranquilo”. Durante a gestação, a placenta produz muito mais relaxina, e isso continua relaxando o músculo liso do útero. No final da gestação, a relaxina também aumenta a flexibilidade da sínfise púbica e pode ajudar a dilatar o colo do útero, que facilitam a saída do bebê. A inibina é secretada pelas células granulosas dos folículos em crescimento e pelo corpo lúteo após a ovulação. Ela inibe a secreção de FSH e, em menor grau, de LH. FASES DO CICLO REPRODUTIVO FEMININO A duração do ciclo reprodutivo feminino varia de 24 a 36 dias. Assume-se uma duração de 28 dias e divide-se o ciclo em quatro fases: a fase menstrual, a fase pré-ovulatória, a ovulação e a fase pós-ovulatória Fase menstrual: também chamada de menstruação, perdura os 5 primeiros dias do ciclo. EVENTOS NOS OVÁRIOS. Sob influência do FSH, vários folículos primordiais se desenvolvem em folículos primários e, então, em folículos secundários. Este processo de desenvolvimento pode levar vários meses para ocorrer. Portanto, um folículo que começa a se desenvolver no início de um dado ciclo menstrual pode não alcançar a maturidade e ovular até vários ciclos menstruais mais tarde. EVENTOS NO ÚTERO. O fluxo menstrual consiste em 50 a 150 mℓ de sangue, líquido tecidual, muco e células epiteliais do endométrio descamado. Esta eliminação ocorre porque os níveis decrescentes de progesterona e estrogênios estimulam a liberação de prostaglandinas que fazem com que as arteríolas espirais do útero se contraiam. Logo, células que elas irrigam são privadas de oxigênio e começam a morrer. Por fim, todo o estrato funcional descama. Nesta altura, o endométrio está muito fino, porque apenas o estrato basal permanece. O fluxo menstrual passa da cavidade uterina pelo colo do útero e vagina até o meio externo. Fase pre-ovulatória: é o período entre o fim da menstruação e a ovulação. A fase pré- ovulatória do ciclo tem comprimento mais variável do que as outras fases e representa a maior parte das diferenças na duração do ciclo. Tem a duração de 6 a 13 dias em um ciclo de 28 dias. EVENTOS NOS OVÁRIOS. Por volta do dia 6, um folículo secundário único em um dos dois ovários superou todos os outros para se tornar o folículo dominante. Ele faz isso secretando estrogênio e inibina, diminuindo o FSH, o que faz com que os outros folículos menos bem desenvolvidos parem de crescer e sofram atresia. Os gêmeos ou trigêmeos fraternos (não idênticos) ocorrem quando dois ou três folículos secundários se tornam codominantes e mais tarde são ovulados e fertilizados aproximadamente ao mesmo tempo. EVENTOS NO ÚTERO. Os estrogênios liberados para o sangue pelos folículos ovarianos em crescimento estimulam o reparo do endométrio; as células do estrato basal sofrem mitose e produzem um novo estrato funcional. A espessura do endométrio aproximadamente dobra. Em relação ao ciclo uterino, a fase pré-ovulatória também é denominada fase proliferativa, porque o endométrio está proliferando. Ovulação: a ruptura do folículo maduro e a liberação do oócito secundário para o interior da cavidade pélvica, geralmente ocorre no 14º dia em um ciclo de 28 dias. O oócito secundário permanece cercado por sua zona pelúcida e coroa radiada. Os níveis elevados de estrogênios durante a última parte da fase pré-ovulatória exercem um efeito de feedback positivo sobre as células que secretam LH e hormônio liberador de gonadotropina (GnRH) e induzem à ovulação 1. Uma alta concentração de estrogênios estimula a liberação mais frequente de fator pelo hipotálamo. Também estimula diretamente os gonadotropos na adenohipófise a secretar LH. 2. O fator promove a liberação adicional de FSH e LH pela adenohipófise. 3. O LH provoca a ruptura do folículo maduro e a expulsão de um oócito secundário aproximadamente 9 h após o pico de LH. O oócito ovulado e suas células da coroa radiada geralmente são deslocados para a tuba uterina. Fase pós-ovulatória: é o período entre a ovulação e o início da menstruação seguinte. Em duração, é a parte mais constante do ciclo reprodutivo feminino. Tem a duração de 14 dias em um ciclo de 28 dias, do 15º aos 28o dias. EVENTOS NO OVÁRIO. Depois da ovulação, o folículo maduro colapsa, e a membrana basal entre as células granulosas e a teca interna se rompe. Uma vez que um coágulo se forma pelo pequeno sangramento do folículo rompido, o folículo se torna o corpo rubro. As células da teca interna se misturam com as células granulosas conforme todas estas células se transformam nas células do corpo lúteo sob a influência do LH. Estimulado pelo LH, o corpo lúteo secreta progesterona, estrogênios, relaxina e inibina. As células lúteas também absorvem o coágulo de sangue. Em relação ao ciclo-ovariano, esta fase é chamada de fase lútea. • Se o óvulo não foi fertilizado, o corpo lúteo tem uma vida útil de apenas 2 semanas. Em seguida, a sua atividade secretora declina, e ele se degenera em um corpo albicante • Se o oócito secundário for fertilizado e começar a se dividir, o corpo lúteo persiste além de sua duração normal de 2 semanas. Ele é “resgatado” da degeneração pela gonadotropina coriônica humana (hCG). Como o LH, o hCG estimula a atividade secretora do corpo lúteo. EVENTOS NO ÚTERO. A progesterona e os estrogênios produzidos pelo corpo lúteo promovem o crescimento e enrolamento das glândulas uterinas, a vascularização do endométrio superficial e o espessamento do endométrio. Em decorrência da atividade secretora das glândulas uterinas, que começam a secretar glicogênio, este período é denominado fase secretora do ciclo uterino. Estas alterações preparatórias alcançam seu pico aproximadamente 1 semana após a ovulação, no momento em que um óvulo fertilizado pode chegar ao útero. Se a fertilização não ocorrer, os níveis progesterona e estrogênios declinam, em decorrência da degeneração do corpo lúteo. A interrupção na progesterona e nos estrogênios provoca a menstruação.
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