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Complicações agudas e crônicas da hipertensão arterial Crise Hipertensiva (CH): São situações clinicas sintomáticas em que há ́ elevação acentuada da Pressão Arterial (PA) (definida arbitrariamente como PA Sistólica (PAS) ≥ 180 e/ou Diastólica (PAD) ≥ 120 mm Hg). Epidemiologia: A CH responde por 0,45% a 0,59% de todos os atendimentos de emergência hospitalar e EH por 25% de todos os casos de CH. O Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEI) e o Edema Agudo de Pulmão (EAP) são as situações mais encontradas nas EH. É condição clínica de incidência decrescente nas últimas décadas. Fisiopatogenia: Aumento do volume intravascular, da Resistência Vascular Periférica (RVP) ou produção reduzida de vasodilatadores endógenos parece precipitar maior vasorreatividade e resultar em CH. A capacidade autorregulatória esta ́ comprometida, particularmente no leito vascular cerebral e renal, resultando em isquemia local, o que desencadeia um círculo vicioso de vasoconstrição e isquemia em órgãos-alvo. Prognóstico: A letalidade da Emergência Hipertensiva (EH), caso não tratada, é de aproximadamente 80% ao final de um ano, e o tratamento anti-hipertensivo efetivo associa-se à melhora substancial em seu prognóstico. A sobrevida de até 5 anos é significantemente maior em indivíduos com urgência hipertensiva do que emergência hipertensiva. Requer avaliação clínica adequada, incluindo exame físico detalhado, fundoscopia e exames complementares, solicitados para avaliação das lesões em órgãos-alvo. Investigação clínico-laboratorial complementar: Investigação clínica e a solicitação de exames devem ser voltadas para a adequada avaliação da Pressão Arterial (PA) e de Lesões em Órgãos Alvos (LOA). No início, a PA deve ser medida nos dois braços, de preferência em um ambiente calmo, e repetidas vezes até a estabilização (no mínimo, 3 medidas). Deve-se rapidamente coletar informações sobre a PA usual do paciente e situações que possam desencadear o seu aumento (ansiedade, dor, sal), comorbidades, uso de fármacos anti hipertensivos (dosagem e adesão) ou que possam aumentar a PA (anti-inflamatórios, corticoides, simpaticomiméticos, álcool). Urgência Hipertensiva: As Urgências Hipertensivas (UH) são situações clínicas sintomáticas em que há elevação acentuada da PA (definida arbitrariamente como (PAS) ≥ 180 e/ou (PAD) ≥ 120 mm Hg) sem Lesão aguda e progressiva em Órgãos-Alvo (LOA) e sem risco iminente de morte. Tratamento da Urgência Hipertensiva: O tratamento da UH deve ser iniciado após um período de observação em ambiente calmo, condição que ajuda a afastar casos de pseudocrise hipertensiva. Para o tratamento agudo, indicam-se o captopril e a clonidina. Captopril (Inibidor da Enzima Conversora de Angiotensina - ECA) Dose: 25-50mg Pico máximo de ação: 60 a 90 minutos. Clonidina: Dose: 0,100 a 0,200mg Pico máximo de ação: 30 a 60 minutos. Emergência Hipertensiva: As Emergências Hipertensivas (EH) são situações clínicas sintoma ́ticas em que ha ́ elevação acentuada da PA (definida arbitrariamente como PAS ≥ 180 e/ou PAD ≥ 120 mm Hg) com LOA aguda e progressiva, com risco iminente de morte. A EH não é definida pelo nível da PA, apesar de frequentemente muito elevada, mas predominantemente pelo status clínico do paciente. Pode manifestar-se como um evento cardiovascular, cerebrovascular, renal ou com envolvimento de múltiplos órgãos ou mesmo na forma de pré-eclâmpsia com sinais de gravidade/eclampsia. Tratamento da Emergência Hipertensiva: O tratamento dos pacientes com EH visa à redução rápida da PA com a finalidade de impedir a progressão das LOA. Os indivíduos devem ser admitidos preferencialmente em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), tratados com anti-hipertensivos intravenosos (IV) e monitorados cuidadosamente durante a terapia para evitar hipotensão. Medicamentos utilizados por via endovenosa: nitroprussiato de sódio (vasodilatador), nitroglicerina (dilatador das coronárias), hidralazina (vasodilatador), metroprolol, furosemida. O medicamento mais utilizado no Brasil para esse fim é o Nitroprussiato de Sódio (NPS). Após a estabilização do paciente com NPS, recomenda-se iniciar agente anti-hipertensivo por via oral, para que a redução da dose do mesmo se faça em vigência desse agente. Na emergência hipertensiva, a redução da PA deve acontecer de maneira lenta e progressiva: PA média ≤ 25% na 1a hora. PA 160/100-110 mmHg nas próximas 2 a 6 h. PA 135/85 mmHg em um período de 24-48 h subsequentes. Pseudocrise Hipertensiva: A Pseudocrise Hipertensiva (PCH) caracteriza como elevação da PA diante de evento emocional, doloroso, ou de algum desconforto, como enxaqueca, tontura rotatória, cefaleias vasculares e de origem musculoesquelética, além de manifestações da síndrome do pânico. Na PCH não ha ́ LOA aguda ou risco imediato de morte. Geralmente, ocorre em hipertensos tratados e não controlados, ou em hipertensos não tratados, com medidas de PA muito elevadas, mas oligossintoma ́ticos ou assintomáticos. Constitui-se como prioridade o tratamento do fator desencadeante, se necessário com medicações sintoma ́ticas, como analgésicos, antivertiginosos, benzodiazepínicos ou antipsicóticos. Reflete a má́ adesão ao tratamento anti- hipertensivo ou uso de doses insuficientes. É uma oportunidade para reforçar as medidas não medicamentosas e/ou otimizar o tratamento medicamentoso. Complicações crônicas da hipertensão: A PA elevada crônica leva à lesão vascular. As artérias apresentam modificações em sua geometria, desde a diminuição da luz e espessamento das paredes até ruptura. As lesões do coração, rins e cérebro e nos olhos são decorrentes das lesões vasculares desses órgãos. Coração: Hipertrofia - Espessamento das paredes do ventrículo esquerdo, com aumento do peso e diminuição da cavidade. Esse aumento da massa ventricular esquerda não é acompanhado pelo aumento da circulação coronária, o que acarreta alteração entre gasto energético e oferta, levando à Isquemia miocárdica. Cérebro: O cérebro talvez seja o órgão que mais sofra com a hipertensão arterial crônica ou súbita. A lesão típica caracteriza-se pelo microaneurisma de Charcot Bouchard (são pequenas dilatações dos ramos terminais das artérias cerebrais, cuja ruptura provoca hemorragias mais ou menos graves) e é uma das principais causas de AVE. Com o progredir da condição, lesões de rarefação da substância branca tornam-se presentes. Sintomas: Trombose, hemorragia - episódios agudos. Microinfartos cerebrais – episódios assintomáticos, havendo demência discreta. Diagnóstico: tomografia computadorizada. Rins: Esses órgãos sofrem bastante com o aumento da pressão arterial. Sendo o glomérulo a unidade morfofuncional do rim e caracterizado como um tufo vascular qualquer aumento da pressão nesse território (hipertensão intraglomerular) leva à diminuição progressiva de sua função, na maioria das vezes silenciosa. Diagnóstico: aumento na excreção de albuminas, diminuindo a função de filtração do mesmo, levando à insuficiência renal franca. Solicitar Creatinina - Calcular a TFG (Cockroft/ MDRD/ CKDEPI). Em cerca de 70% dos indivíduos em programa de hemodiálise, a lesão renal básica e primária foi causada por hipertensão arterial não tratada. Na presença de DM, essas lesões são precoces e mais intensas. Proteinúria: termo genérico que engloba a excreção de albumina e qualquer outro tipo de proteína. Albuminúria: exclusivamente a eliminação urinária de albumina, um marcador de lesão glomerular. Recomendações para o tratamento da DRC: Tratamento da Doença Renal Crônica Uso de IECA ou BRA Controle pressórico Controle glicêmico Restrição proteica Dieta à base de carne de galinha Uso de estatinas Nos olhos: A HAS acarreta um comprometimentoda retina (retinopatia hipertensiva), podendo chegar à cegueira.