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Testes diagnósticos | Análise Crítica de Evidências

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Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 28(2):e2017407, 2019 1 
Artigo 
originAl Acurácia da hipertensão arterial sistêmica autorreferida 
em adultos de Rio Branco, Acre*
Endereço para correspondência: 
Thatiana Lameira Maciel Amaral – BR 364, Km 4, Distrito Industrial, Campus Rio Branco, Rio Branco, Acre, Brasil. CEP: 69920-900 
E-mail: thatianalameira27@gmail.com
Cleuciane Lima de Melo1 – orcid.org/0000-0003-3379-0144
Thatiana Lameira Maciel Amaral1 – orcid.org/0000-0002-9197-5633
Cledir de Araújo Amaral2 – orcid.org/0000-0002-7221-5364
Maurício Teixeira Leite de Vasconcellos3 – orcid.org/0000-0003-1658-2589
Gina Torres Rego Monteiro4 – orcid.org/0000-0002-9900-1825
1Universidade Federal do Acre, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Rio Branco, AC, Brasil 
2Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre, Rio Branco, AC, Brasil
3Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Escola Nacional de Ciências Estatísticas, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
4Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 
Resumo 
Objetivo: analisar a validade da hipertensão arterial sistêmica (HAS) autorreferida na população adulta de Rio Branco, 
Acre, Brasil. Métodos: estudo de acurácia diagnóstica com 576 adultos (18-59 anos); foram calculados acurácia, sensibilidade, 
especificidade e valores preditivos positivo e negativo para construção da curva de Receiver Operating Characteristic (ROC). 
Resultados: as prevalências de HAS aferida (padrão ouro) e autorreferida foram de 19,6% e 16,6%, respectivamente; a HAS 
autorreferida apresentou 53,7% de sensibilidade e 92,4% de especificidade; a sensibilidade variou de 29,9%, nos indivíduos 
abaixo de 40 anos, a valores superiores a 70,0% entre os obesos e os que autorrelataram dislipidemia; a especificidade 
apresentou uma variação de 70,0%, nos que referiram diabetes mellitus, a 95,3% nos eutróficos; a curva ROC para análise 
da hipertensão apresentou área sob a curva de 0,77 (IC
95%
 0,72;0,81). Conclusão: o autorrelato de HAS em adultos a partir 
dos 40 anos apresenta acurácia para utilização em pesquisas no município.
Palavras-chave: Hipertensão; Acurácia dos Dados; Estudos Transversais; Adulto; Sensibilidade e Especificidade; Diagnóstico.
doi: 10.5123/S1679-49742019000200018
Accuracy of self-reported systemic arterial hypertension in adults, Rio Branco, Acre, Brazil
Precisión de la hipertensión arterial sistémica autorreferida en adultos de Rio Branco, Acre, Brasil
*Artigo derivado da dissertação de mestrado intitulada ‘Validação diagnóstica da hipertensão arterial sistêmica autorreferida em 
adultos de um município da Amazônia brasileira’, defendida por Cleuciane Lima de Melo junto ao Programa de Pós-Graduação 
em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Acre (UFAC) em 2016. Estudo financiado com recursos do Conselho Nacional 
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)/Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações – MCTI/
CNPQ/MS-SCTIE-DECIT no 06/2013 – destinados ao apoio a pesquisas estratégicas para o Sistema de Saúde pela Rede Brasileira 
de Avaliação de Tecnologias em Saúde (REBRATS) – Processo no 401081/2013-3; da Fundação de Amparo à Pesquisa do Acre 
(FAPAC) – PPSUS no 001/2013; e do Programa de Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde – MS/CNPq/FAPAC/
SESACRE no 6068-14-0000029.
2 Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 28(2):e2017407, 2019
Acurácia da hipertensão arterial autorreferida
Introdução
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um rele-
vante fator associado às morbidades cardiovasculares, 
acarretando a diminuição da qualidade e expectativa 
de vida e o aumento dos custos socioeconômicos. O 
número de inquéritos para estimar a prevalência da 
HAS tem aumentado. Este aumento se deve à impor-
tância das informações de frequência e complicações 
nas diversas populações, e à necessidade de avaliar e 
monitorar ações de prevenção e controle da doença, 
além de subsidiar a elaboração de propostas de inter-
venções. A prevalência de HAS pode ser estimada pela 
mensuração da pressão arterial ou pelo autorrelato.1
A identificação da HAS pela mensuração é mais 
acurada, porém onera a pesquisa, ao envolver profis-
sionais, uso de equipamentos, preparo do paciente e 
técnica padronizada para aferição.2,3 Os custos para o 
sistema público de saúde são menores quando a HAS é 
autorreferida por meio de entrevistas ou aplicação de 
questionários, método mais acessível e rápido para sua 
estimação em estudos epidemiológicos. Esse método, 
entretanto, está mais sujeito a erros: a informação 
depende do conhecimento do diagnóstico prévio pelo 
participante, assim como das características do instru-
mento de coleta de dados e de como ele é entendido 
pela população à qual é aplicado.4,5 Neste contexto, 
torna-se necessário o estudo da validade da HAS au-
torreferida,3 viabilizando seu emprego em estudos e 
na vigilância dessa doença na população.
Estudos mostram divergência sobre a validade do 
autorrelato de HAS, cuja prevalência pode ser subes-
timada ou superestimada.6,7 Uma revisão sistemática 
sobre acurácia do autorrelato de HAS elegeu cinco 
estudos realizados no Brasil, país com maior número 
de artigos selecionados para compor a revisão. Dos es-
tudos brasileiros, em dois observou-se superestimação 
por autorrelato, enquanto outros dois subestimaram 
a prevalência de HAS. Vale ressaltar que, entre os es-
tudos brasileiros elencados nessa revisão sistemática, 
nenhum foi realizado na região Norte do país.8
Dada a importância do conhecimento da prevalência 
de HAS a partir de estudos epidemiológicos, é oportuna 
a verificação da validade, mediante indicadores de 
acurácia do autorrelato da população que se pretende 
avaliar. Dadas as diferenças regionais e metodológicas 
entre os estudos existentes,8 torna-se imperiosa a reali-
zação de investigações dessa natureza, posto que o Brasil 
é um país de proporções continentais e a validade do 
autorrelato da HAS em determinados locais não garante 
a necessária segurança para uso dessas validações em 
todo o país, especialmente na região da Amazônia. 
O desconhecimento de dados de base populacional 
sobre a prevalência de HAS mensurada em Rio Branco, 
capital do estado do Acre, Brasil, como também da 
validade do autorrelato pela população para utilização 
em pesquisas epidemiológicas, motivou a realização do 
presente estudo, cujo objetivo foi analisar a validade da 
HAS autorreferida na população adulta de Rio Branco. 
Métodos
Trata-se de um estudo de validade do autorrelato de 
HAS em adultos por meio da avaliação dos indicadores 
de acurácia diagnóstica, tendo como fonte de dados 
o inquérito ‘Estudo das Doenças Crônicas – EDOC’. 
O EDOC constituiu-se de dois inquéritos: EDOC-A, 
realizado com adultos (18 a 59 anos); e EDOC-I, 
com idosos (60 anos e mais). Todos os indivíduos 
inquiridos eram residentes em Rio Branco, Acre, no 
período de abril a setembro de 2014.
Tomou-se por base os dados do Censo Demográfico 
de 2010, de responsabilidade do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE), que apontaram a capital 
do Acre como a sexta cidade mais populosa da região 
Norte, com 336.038 habitantes e 96.276 domicílios 
distribuídos em 338 setores censitários.
O plano amostral foi elaborado considerando-se 
dois estágios: setor; e domicílio. A seleção dos setores 
foi feita com probabilidade proporcional ao número de 
domicílios particulares encontrados pelo Censo 2010. 
Os domicílios foram selecionados por amostragem 
sistemática, com equiprobabilidade, e todos os adultos 
neles residentes, entrevistados. Foram excluídos da 
população de pesquisa os indivíduos com comprome-
timentos cognitivos que inviabilizassem a comunicação 
ou o entendimento das perguntas e as mulheres grávidas. 
Os custos para o sistema público de 
saúde são menores quando a HAS é 
autorreferida por meio de entrevistas 
ou aplicação de questionários, método 
mais acessível e rápido para sua 
estimaçãoem estudos epidemiológicos.
3 Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 28(2):e2017407, 2019
Cleuciane Lima de Melo e colaboradores
O tamanho da amostra foi calculado considerando-
-se a prevalência de alteração da função renal de 15% 
em adultos,9 com grau de confiança de 95% e erro 
absoluto de 3 pontos percentuais10 para amostragem 
aleatória simples de proporções. Este procedimento 
resultou em uma amostra de 652 adultos. Dividindo-
-se esse tamanho de amostra pelo número médio de 
adultos por domicílio, obtido do mesmo Censo 2010, 
contatou-se a necessidade de selecionar 440 domicí-
lios. Fixados esses parâmetros, decidiu-se pela seleção 
de 40 setores e 11 domicílios por setor. Para a amostra 
efetiva do EDOC-A, foram determinados os pesos das 
observações para produzir estimativas sobre a popu-
lação estimada pelo IBGE para 1º de julho de 2014. 
Considerando-se a perda pontual de informações de 
determinadas variáveis, foram criadas subamostras, e 
os pesos das observações foram recalibrados para pro-
duzir estimativas populacionais. Detalhes sobre o plano 
de amostragem, calibração dos pesos das observações, 
subamostras e demais procedimentos metodológicos 
do EDOC estão descritos por Amaral et al.11
Os dados demográficos e socioeconômicos, assim 
como as informações sobre hábitos de vida e de saúde, 
foram obtidos mediante aplicação de questionário 
estruturado entrevistadores treinados. Na presente 
análise, utilizam-se os dados sobre faixa etária (em 
anos: 18 a 39; 40 a 59), sexo, escolaridade (sem es-
colaridade; ensino fundamental; ensino médio; ensino 
superior), situação conjugal (com companheiro; sem 
companheiro), morbidades autorreferidas (diabetes 
mellitus; dislipidemia; estresse), prática de atividade 
física (sim [ao menos uma vez por semana]; não), 
tabagismo (não fumante; fumante ou ex-fumante) e 
consumo habitual de bebida alcoólica (sim; não). 
A HAS autorreferida foi obtida a partir da propo-
sição da pergunta “Alguma vez o(a) senhor(a) já foi 
diagnosticado por algum médico com [...] hipertensão 
(pressão alta)?”. Foram considerados com HAS autor-
referida aqueles que relataram o diagnóstico.
A aferição da pressão arterial (PA) foi realizada por 
profissionais de saúde em dia posterior à aplicação do 
questionário, respeitando-se o tempo de 30 minutos 
ou mais da última ingestão de cafeína ou de cigarro 
fumado. O participante foi orientado a sentar com as 
pernas descruzadas, os pés apoiados no chão, o dorso 
recostado na cadeira, e relaxar, com o braço na altura 
do coração, livre de roupas, apoiado, com a palma 
da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente 
fletido. O manguito foi bem ajustado, 2 a 3cm acima 
da fossa cubital. A PA foi mensurada utilizando-se 
aparelho digital da marca Beurer®. Foram realizadas 
três aferições: a primeira, após 5 minutos de repouso 
inicial; e as outras duas, a intervalos de 2 minutos. O 
valor final da PA foi calculado pela média aritmética 
entre a segunda e a terceira medidas.2
Foram considerados com HAS mensurada aqueles 
cujos valores da média da PA mensurada foram ≥140 
mmHg para a PA sistólica e/ou ≥90 mmHg para a 
PA diastólica, ou com uso atual de medicamento 
anti-hipertensivo.2 O diagnóstico da HAS mensurada 
foi considerado padrão ouro para HAS, no presente 
estudo. O ponto de corte foi definido a priori, tanto 
para o teste-índice (autorrelato) quanto para o pa-
drão. O uso atual de medicamentos anti-hipertensivos 
foi identificado a partir de receituário médico ou da 
embalagem dos medicamentos de uso atual.
O peso dos participantes foi mensurado por balança 
digital, colocada em superfície plana (BalGl 200 da 
G-Tech®); e a altura, determinada por estadiômetro 
portátil (Sanny®). O índice de massa corporal (IMC), 
obtido pela razão do peso (kg) pelo quadrado da al-
tura em metros (m²), foi classificado em três grupos: 
<25kg/m² (valores normais ou de baixo peso); 25 a 
<30kg/m² (sobrepeso); e ≥30kg/m² (obesidade).12
Os dados foram analisados de forma descritiva e 
exploratória, para avaliar a distribuição das variáveis 
e caracterizar a população estudada. A descrição das 
variáveis categóricas foi apresentada pela distribuição 
das proporções. As prevalências de HAS autorreferida 
e mensurada foram calculadas e comparadas pelo 
teste qui-quadrado de McNemar, sendo adotado nível 
de significância de 95%. A validade do autorrelato de 
HAS, tendo como padrão ouro a HAS mensurada, foi 
expressa utilizando-se os indicadores de acurácia, 
sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo 
e valor preditivo negativo. Esses indicadores foram 
apresentados segundo informações socioeconômicas 
e demográficas, hábitos de vida e morbidades autor-
referidas (estresse, diabetes e dislipidemia).
As curvas da Receiver Operating Characteristic 
(ROC), para avaliação da pressão arterial sistólica e 
da hipertensão arterial autorreferida, estratificadas por 
sexo e faixa etária, foram analisadas para obtenção 
das áreas sob a curva e seus respectivos intervalos de 
confiança a 95% (IC
95%
): resultado igual a 1,0 significa 
que se trata de um teste perfeito; e resultado inferior a 
4 Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 28(2):e2017407, 2019
Acurácia da hipertensão arterial autorreferida
0,5, que a resposta da variável-teste se deve ao acaso. 
As análises dos dados foram realizadas pelo pacote 
estatístico SAS®, versão 9.4, tendo-se adotando um 
nível de significância de α=0,05. 
Todas as análises levaram em conta o efeito do dese-
nho amostral e os pesos calibrados das observações. As 
frequências das observações foram expressas por ‘n’, e 
sua correspondente populacional, a partir da inferência 
da amostra para a população, por ‘n expandido’ (N). 
O projeto da pesquisa atendeu aos preceitos éticos 
da Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) 
no 466, de 12 de dezembro de 2012, e foi aprovado 
pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Huma-
nos da Universidade Federal do Acre (CEP/UFAC): 
Certificado de Apresentação para Apreciação Ética 
(CAAE) no 17543013.0.0000.5010, de 30 de janeiro 
de 2014. Todos os participantes assinaram um Termo 
de Consentimento Livre e Esclarecido.
Resultados
Foram avaliados 685 adultos e destes, 644 aferiram 
a pressão arterial e responderam ao questionário 
quanto à presença ou ausência de hipertensão ar-
terial, o que correspondeu a 211.902 indivíduos 
após extrapolação da amostra para a população. Não 
houve diferença estatisticamente significativa entre os 
indivíduos analisados e os excluídos, segundo sexo e 
idade (p>0,05). 
Entre os indivíduos com HAS mensurada, a maioria 
era de homens, da faixa etária de 40 a 59 anos, de raça/
cor da pele autorreferida como branca, com até o en-
sino fundamental, trabalhadores, com companheiros, 
sedentários, fumantes ou ex-fumantes, com sobrepeso 
ou obesos, com diabetes e dislipidemia autorreferida. 
Ao se comparar a distribuição das variáveis segundo a 
forma de identificar HAS, observou-se subestimação da 
autorreferida nos homens, naqueles com ocupação, 
nos que apresentaram sobrepeso e nos que referiram 
ter diabetes (Tabela 1). 
A prevalência de HAS autorreferida foi de 16,6% 
(IC
95%
 13,2;20,7), e a mensurada (padrão ouro), de 
19,6% (IC
95%
 16,5;23,1). 
Na comparação da HAS autorreferida com o padrão 
ouro, a acurácia do autorrelato foi elevada: os resulta-
dos estiveram corretos em mais de 80,0% dos casos, 
para a maioria das variáveis investigadas. A sensibili-
dade revelou que 53,7% dos indivíduos hipertensos 
foram corretamente identificados pelo autorrelato, 
enquanto 92,4% dos não hipertensos informaram 
corretamente sua condição (Tabela 2). 
A sensibilidade do autorrelato foi menor entre os 
indivíduos jovens (29,9%) e com sobrepeso (37,2%). 
O menor VPP foi observado na faixa etária dos 18 aos 
39 anos (35,3%) e o VPN mais baixo naqueles com 
diabetes (50,7%). A acurácia foi superior a 79% em 
todas as variáveis analisadas, exceto para diabetes 
(Tabela 2). 
A curva ROC para análise da HAS apresentou áreasob a curva (AUC) de 0,77 (IC
95%
 0,72;0,81), apon-
tando para a consonância entre o diagnóstico avaliado 
pela medida da pressão arterial sistólica e o autorre-
lato de diagnóstico de HAS na população inquirida 
(Figura 1). Na análise da curva ROC estratificada por 
sexo, as mulheres obtiveram valor da AUC de 0,77 
(IC
95%
 0,72;0,82), enquanto para os homens a AUC foi 
de 0,78 (IC
95%
 0,69;0,87). Nos estratos de idade, a AUC 
na faixa etária até 40 anos foi de 0,75 (IC
95%
 0,67;0,83), 
e na de 40 anos e mais, de 0,71 (IC
95%
 0,65;0,77). 
Discussão 
A HAS autorreferida foi classificada como um bom 
método para estimar a hipertensão arterial em estu-
dos epidemiológicos com adultos, na cidade de Rio 
Branco, Acre. Não obstante, ela deve ser utilizada com 
cautela naqueles com idade inferior a 40 anos, com 
sobrepeso e autorrelato de diabetes.
A prevalência de HAS autorreferida foi menor que 
a mensurada, embora essa diferença não se tenha 
revelado estatisticamente significativa. Esse resultado 
é corroborado por estudo realizado no Canadá, onde 
a prevalência da HAS pelo autorrelato foi de 18,2% e 
a mensurada 20,3%.13 Pesquisa realizada na Carolina 
do Norte, Estados Unidos, com maiores de 18 anos, 
também apontou a subestimação da prevalência de 
HAS pelo autorrelato (16,1%) em relação à mensurada 
(24,8%).14 Observou-se subestimação da HAS pelo 
autorrelato com diferenças estatisticamente significa-
tivas entre os homens, pessoas com ocupação, com 
sobrepeso pelo IMC e com autorrelato de diabetes. 
Em contraposição, estudo brasileiro realizado em 
Pelotas, RS, demonstrou que a prevalência global da 
HAS foi superestimada pelo autorrelato, o que também 
se confirmou entre indivíduos abaixo de 49 anos e no 
sexo feminino.4
5 Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 28(2):e2017407, 2019
Cleuciane Lima de Melo e colaboradores
Tabela 1 – Prevalência da hipertensão arterial sistêmica autorreferida e mensurada (padrão ouro) segundo as 
variáveis analisadas em adultos de Rio Branco, Acre, 2014
Variáveis
Total
Hipertensão arterial sistêmica
Mensurada Autorreferida
n Na n Na %b IC
95%
c n Na %b IC
95%
c
Sexo
Masculinod 197 101.624 59 22.017 21,7 16,3;28,2 44 15.879 15,6 10,4;22,7
Feminino 447 110.278 108 19.556 17,7 14,6;21,4 99 19.355 17,6 14,1;21,6
Grupo etário (em anos)
18-39 339 146.447 34 15.640 10,7 7,1;15,8 32 13.252 9,0 5,6;14,3
40-59 305 65.455 133 25.933 39,6 39,2;46,8 111 21.981 33,6 26,7;41,2
Raça/cor da pele
Branca 120 38.846 37 10.473 27,0 18,4;37,6 30 7.348 18,9 12,0;28,5
Não branca 524 173.056 130 31.101 18,0 14,5;22,0 113 27.886 16,1 12,6;20,3
Escolaridadee
Ensino médio e superior 272 96.332 53 14.251 14,8 10,5;20,4 43 10.941 11,4 8,0;15,8
Até o ensino fundamental 358 111.524 113 27.114 24,3 19,2;30,3 97 23.438 21,0 16,3;26,7
Ocupação
Não 334 96.366 80 15.563 16,2 12,5;20,6 79 16.448 17,1 13,1;22,0
Simd 310 115.536 87 26.010 22,5 17,7;28,2 64 18.786 16,3 11,4;22,7
Situação conjugale
Com companheiro 306 98.269 97 24.776 25,2 20,1;31,2 76 20.212 20,6 15,8;26,3
Sem companheiro 335 112.747 69 16.589 14,7 11,5;18,6 66 14.813 13,1 9,6;17,7
Atividade físicae
Sim 164 70.284 38 11.335 16,1 10,0;25,0 31 9.064 12,9 8,8;18,6
Não 477 140.328 127 29.808 21,2 18,1;24,7 110 25.739 18,3 14,2;23,3
Tabagismoe
Não fumante 348 122.593 76 21.484 17,5 13,6;22,2 63 16.696 13,6 10,0;18,3
Fumante ou ex-fumante 292 88.230 91 20.089 22,8 17,5;29,1 79 18.221 20,7 16,1;26,0
Consumo de bebida alcoólicae
Não 463 142.147 128 29.461 20,7 17,2;24,8 112 26.343 18,5 14,8;23,0
Sim 155 60.885 33 9.762 16,0 10,5;23,7 24 7.182 11,8 6,9;19,4
Índice de massa corporal (IMC)e
Eutrófico (<25Kg/m²) 250 91.213 37 9.579 10,5 6,8;16,0 39 9.189 10,1 6,8;14,6
Sobrepeso (25 a <30Kg/m²)d 238 75.831 70 17.376 22,9 17,4;29,6 45 10.964 14,5 10,1;20,3
Obeso (≥30Kg/m²) 141 39.763 53 13.154 33,1 26,6;40,3 53 14.171 35,6 24,8;48,2
Estresse autorreferido
Não 464 153.855 125 30.643 19,9 16,0;23,4 99 24.844 16,1 12,6;20,5
Sim 160 50.794 37 9.493 18,7 11,9;28,2 41 9.712 19,1 13,1;27,1
Diabetes autorreferidae
Não 604 198.959 143 34.869 17,5 14,6;20,9 123 30.611 15,4 12,0;19,4
Simd 33 10.886 20 6.027 55,4 35,1;74,0 16 3.946 36,2 21,2;54,5
Dislipidemia autorreferidae
Não 575 193.580 139 35.173 18,2 15,2;21,4 116 29.451 15,2 11,8;19,3
Sim 56 14.687 24 5.207 35,5 21,2;52,9 26 5.471 37,2 25,1;51,2
Total 644 211.902 167 41.573 19,6 16,5;23,1 143 35.234 16,6 13,2;20,7
a) N = N expandido a partir dos pesos e o delineamento amostral.
b) %: proporção a partir do N expandido.
c) IC
95%
: intervalo de confiança de 95%. 
d) Teste de McNemar significativo (p<0,05). 
e) As diferenças em relação ao total são decorrentes de falta de informação na variável.
6 Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 28(2):e2017407, 2019
Acurácia da hipertensão arterial autorreferida
Tabela 2 – Acurácia da hipertensão arterial sistêmica autorreferida segundo as variáveis independentes dos 
adultos de Rio Branco, Acre, 2014
Variáveis Acurácia Sensibilidade (IC
95%
a)
Especificidade
 (IC
95%
a)
Valores preditivos
Positivo
 (IC
95%
a)
Negativo
 (IC
95%
a)
HASb autorreferida 84,8 53,7 (53,2;54,2) 92,4 (92,3;92,5) 63,3 (61,3;77,2) 89,1 (85,6;91,6)
Sexo
Masculino 84,4 50,0 (49,3;50,6) 93,9 (93,7;94,0) 69,3 (57,5;87,9) 87,2 (81,3;92,8)
Feminino 85,2 57,8 (57,1;58,5) 91,1 (90,9;91,3) 58,4 (58,8;77,3) 90,9 (85,8;92,6)
Idade (em anos)
18-39 86,7 29,9 (29,2;30,6) 93,4 (93,3;93,6) 35,3 (13,1;45,0) 91,8 (91,7;97,2)
40-59 80,7 68,0 (67,4;68,6) 89,0 (88,7;89,3) 80,2 (74,2;89,4) 80,9 (73,7;85,6)
Raça/cor da pele
Branca 84,3 55,9 (55,0;56,9) 94,7 (94,5;95,0) 79,7 (59,0;91,0) 85,3 (80,7;94,9)
Não branca 90,3 52,9 (52,4;53,5) 91,9 (91,8;92,1) 59,0 (58,9;77,1) 89,9 (85,4;92,0)
Situação conjugal
Com companheiro 79,2 49,4 (48,9;50,2) 89,2 (89,0;89,4) 60,6 (58,7;80,4) 84,0 (78,6;88,9)
Sem companheiro 86,7 40,7 (40,0;41,5) 94,8 (94,7;95,0) 57,6 (56,6;80,1) 90,3 (89,0;95,6)
Escolaridade
Até o ensino fundamental 82,2 56,7 (56,1;57,3) 90,4 (90,3;90,6) 65,6 (94,7;95,0) 86,7 (94,7;95,0)
Ensino médio e superior 87,8 47,2 (46,4;48,1) 94,9 (94,7;95,0) 61,5 (94,7;95,0) 91,2 (94,7;95,0)
Ocupação
Não 88,4 66,8 (66,0;67,5) 92,5 (92,3;92,7) 63,2 (61,9;82,6) 93,5 (87,1;94,6)
Sim 81,9 45,8 (45,2;46,4) 92,3 (92,2;92,5) 63,5 (53,3;77,7) 85,4 (81,6;90,8)
Prática de atividade física
Sim 84,9 43,2 (42,3;44,1) 92,9 (92,7;93,1) 54,0 (62,1;79,6) 89,5 (85,5;92,3)
Não 84,6 57,0 (56,4;57,6) 92,1 (91,9;92,2) 66,0 (44,7;81,2) 88,8 (81,7;93,5)
Tabagismo
Não fumante 85,9 48,7 (48,1;49,4) 93,8 (93,7;94,0) 62,7 (40,9;80,8) 89,6 (77,1;91,6)
Fumante e ex-fumante 83,4 59,0 (58,3;59,7) 90,7 (90,4;90,9) 65,0 (52,9;78,0) 88,2 (86,4;93,8)
Consumo de bebida alcóolica
Não 84,5 57,4 (56,8;57,9) 91,6 (91,5;91,8) 64,2 (63,9;81,9) 89,2 (85,2;92,1)
Sim 87,7 48,6 (47,6;49,6) 95,2 (95,0;95,4) 66,0 (38,8;75,5) 90,6 (82,7;93,9)
Índice de massa corporal (IMC: kg/m²)
Eutrófico (<25Kg/m²) 91,1 55,5 (54,5;56,5) 95,3 (95,1;95,4) 57,9 (40,7;77,8) 94,8 (88,4;96,4)
Sobrepeso (25 a <30Kg/m²) 79,7 37,2 (36,5;37,9) 92,3 (92,1;92,5) 59,0 (53,4;81,4) 83,2 (81,1;91,5)
Obeso (≥30Kg/m²) 79,7 73,1 (72,4;73,9) 82,9 (82,4;83,4) 67,9 (64,0;86,0) 86,2 (79,4;92,6)
Estresse autorreferido
Não 84,7 52,0 (51,5;52,6) 92,8 (92,6;92,9) 64,2 (61,3;80,0) 88,6 (83,3;90,5)
Sim 86,8 65,8 (64,9;66,8) 91,6 (91,3;91,9) 64,3 (50,7;80,9) 92,1 (89,1;98,2)
Diabetes autorreferida
Não 86,7 52,6 (52,1;53,1) 93,7 (93,6;93,8) 63,0 (57,9;76,1) 90,6 (86,4;92,3)
Sim 63,3 59,4 (58,2;60,6) 70,0 (68,5;71,5) 76,8 (67,8;100,6) 50,7 (40,0;93,3)
Dislipidemia autorreferida
Não 85,4 51,8 (51,3;52,3) 92,9 (92,8;93,0) 61,9 (57,4;75,3) 89,7 (85,6;91,7)
Sim 83,0 78,6 (77,5;79,7) 85,4 (84,7;86,2) 74,8 (72,0;100,0) 87,9 (75,3;100,0)
a) IC
95%
: intervalo de confiança de 95%.
b) HAS: hipertensão arterial sistêmica.
7 Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 28(2):e2017407, 2019
Cleuciane Lima de Melo e colaboradores
As prevalências do autorrelato de HAS encontradas 
pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteçãopara 
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), 
realizada nas capitais brasileiras em 2012, variaram 
de 15,2% (TO) a 28,7% (RJ), tendo Rio Branco 
referido 22,3%.15 Todavia, de acordo com dados da 
Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013, a pre-
valência de HAS autorreferida no Acre foi de 16,1% 
(homens, 12,6%; mulheres, 19,3%),16 enquanto 
noutro inquérito realizado no mesmo ano de 2013, 
mediante mensuração da HAS, a prevalência foi de 
15,6%, maior entre homens (15,8%) quando compa-
rados às mulheres (10,8%),17 reforçando os achados 
do presente estudo.
O autorrelato é considerado um importante método 
para a vigilância da HAS na população.4 Entretanto, 
somente a mensuração da pressão arterial possibilita 
a detecção de novos casos, permitindo a formulação 
de estratégias de prevenção e controle das doenças 
crônicas.18 Estudos populacionais revelam o des-
conhecimento da situação de saúde no Brasil. Em 
Nobres, MT, por exemplo, um estudo realizado com 
1.003 indivíduos maiores de 18 anos evidenciou que 
26,5% dos hipertensos desconheciam sua condição.19
Um recurso para avaliar a validade do autorrelato 
de HAS é compará-lo com a pressão arterial aferida 
e calcular sua sensibilidade, especificidade e valores 
preditivos – especialmente o positivo –, objetivando 
estimar a probabilidade de um indivíduo ser realmente 
hipertenso quando assim se declara.
Revisão sistemática de amplitude mundial publi-
cada no ano de 2018, com metanálise, sobre dados 
de 112.517 adultos, destacou a importância da in-
vestigação da acurácia da HAS autorreferida antes de 
adotá-la como instrumento de avaliação, em virtude 
da variação encontrada em diferentes populações;8 e 
revelou valores de sensibilidade da HAS autorreferida 
de 42,1% (IC
95%
 30,9;54,2) e de especificidade de 
89,5% (IC
95%
 84,0;93,3). Apesar da baixa acurácia, 
a mesma revisão mostrou que, no Brasil, houve um 
melhor resultado,8 reforçando os achados observados 
na presente investigação, que apresentaram valores 
pouco mais elevados: 53,7% de sensibilidade e 92,4% 
de especificidade.
Valores mais elevados de sensibilidade e de especi-
ficidade foram identificados em outras pesquisas. No 
sul da Espanha, de 2001 a 2003, foi mostrada uma 
baixa capacidade da HAS autorreferida em captar os 
Nota: 
ROC: Receiver Operating Characteristic.
Figura 1 – Curva Receiver Operating Characteristic comparando a hipertensão arterial autorreferida e a pressão 
arterial sistólica em Rio Branco, Acre, 2014
1 - Especificidade
Curva ROC
Modelo baseline (0,50)
Modelo teste (0,77)
1,00
0,75
0,50
0,25
0,00
Se
ns
ib
ili
da
de
0,00 0,25 0,50 0,75 1,00
8 Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 28(2):e2017407, 2019
Acurácia da hipertensão arterial autorreferida
hipertensos (sensibilidade de 49,4% e especificidade 
de 96,8%), quando comparada ao padrão ouro, sen-
do a informação autorreferida considerada inválida 
para estimar a prevalência dessa doença naquela 
população.5 Um inquérito realizado em São Paulo, em 
2008 e 2010, encontrou sensibilidade de 71% da HAS 
autorreferida entre maiores de 20 anos.3 Nos Estados 
Unidos, o National Health and Nutrition Examination 
Survey III (NHANES III) de 1998-1991,20 realizado com 
maiores de 24 anos, identificou 71% de sensibilidade 
e 90% de especificidade. Destaca-se que o NHANES 
é a principal fonte de dados para a vigilância de HAS 
nos Estados Unidos. Entre imigrantes com 18 anos 
ou mais, residentes em Nova Iorque, o autorrelato de 
HAS mostrou sensibilidade de 77,8% e especificidade 
de 89,9%.21 No inquérito com maiores de 20 anos 
realizado em Pelotas, observou-se sensibilidade de 
84,3% e especificidade de 87,5%.4
Na presente investigação, foram identificados 
valores preditivos positivo e negativo inferiores aos re-
portados pelos estudos citados no parágrafo anterior: 
NHANES III (72% e 89%, respectivamente),20 Espanha 
(89,4% e 77,8%),5 São Paulo (73,7% e 78,5%)³ e 
Pelotas (73,9% e 93,0%).4 Esses resultados mostram 
que a prevalência de HAS autorreferida se aproxima 
da mensurada, apontando sua validade em inquéritos 
nessas populações. Contudo, salienta-se que os va-
lores preditivos, especialmente o VPP, são altamente 
dependentes da prevalência do evento na população 
estudada. Nesse sentido, a maior magnitude desses 
indicadores encontrados em tais estudos, quando 
comparados com os achados de Rio Branco, pode ser 
explicada, em parte, pela maior oferta de serviços de 
saúde naquelas regiões.
Vale destacar que, no presente estudo houve, maior 
sensibilidade da HAS autorreferida entre as mulheres 
e entre os mais velhos (40 a 59 anos). Na mesma 
direção apontou outro estudo espanhol, com adultos 
de 30 a 69 anos, ao apresentar maior sensibilidade 
entre mulheres e indivíduos mais velhos, evidenciando, 
ademais, o aumento da sensibilidade entre aqueles 
com menor escolaridade e os obesos.22 No estudo de 
Pelotas, o sexo feminino apresentou sensibilidade de 
92,2% e VPP de 72,9%, enquanto no sexo masculino 
a sensibilidade foi de 72,7% e o VPP de 75,8%, com 
aumento desses valores a partir dos 50 anos de idade.4 
A alta sensibilidade de HAS autorreferida em mulheres, 
tanto neste estudo sobre Rio Branco como em outros, 
pode decorrer da maior utilização dos serviços de saú-
de pela população feminina.23 Já a maior sensibilidade 
entre os mais velhos pode se relacionar ao fato de o 
conhecimento da doença se manifestar com o avanço 
da idade24 e/ou com o aparecimento de morbidades 
que levam o indivíduo a buscar consultas médicas e, 
dessa forma, favorecer o diagnóstico de HAS.3,4,25
Maiores níveis de sensibilidade e VPP foram en-
contrados entre aqueles que referiram comorbidades, 
diferentemente do apresentado no Colorado, Estados 
Unidos, onde (i) a sensibilidade foi de 73,2% e o 
VPP de 88,2% nos que referiram diabetes, enquanto 
(ii) a sensibilidade foi de 59,1% e o VPP de 62,7% 
nos que relataram hipercolesterolemia.26 No estudo 
brasileiro realizado na cidade de São Paulo (2008 e 
2010), maiores níveis desses critérios de acurácia da 
HAS autorreferida ocorreram entre as pessoas com 
obesidade (78,3% de sensibilidade e 72,3% de VPP) e 
nos que referiram ter diabetes mellitus (sensibilidade 
de 88,9% e VPP de 76,9%),3 corroborando os achados 
deste trabalho. Morbidades como a obesidade e o 
diabetes mellitus exigem maior número de consultas 
médicas e exames para acompanhamento, condições 
que ampliam o conhecimento da própria condição de 
saúde.3,4,25 Outrossim, obesidade, diabetes mellitus e 
dislipidemia são fatores associados à HAS.27 Todavia, 
convém destacar o seguinte achado deste trabalho: 
entre os indivíduos que referiram ter diabetes, cerca 
de 50% relataram negativamente o diagnóstico prévio 
de HAS, sugerindo que os adultos são mais atentos ao 
diagnóstico de diabetes que ao de hipertensão.
A baixa escolaridade entre os adultos de Rio Bran-
co apresentou-se como um importante fator para a 
acurácia da HAS autorreferida. Em São Paulo, a sen-
sibilidade da HAS autorreferida foi maior entre os que 
tinham menos de nove anos de estudo (77,9%; VPP 
de 74,9%).3 Sustenta-se a assertiva de que a situação 
socioeconômica adversa, representada pela escolari-
dade, contribui para o aparecimento de morbidades,24 
maior demanda por serviços de saúde e consequente 
diagnóstico de doenças. Outro importante elemento a 
se considerar é o acompanhamento dessa população 
pela Estratégia Saúde da Família (ESF), cujo modelo 
assistencial prioriza a cobertura de áreas com popu-
lações mais vulneráveis.3
Também merece destaque a frequência de falsos-
-negativos de HAS pelo autorrelato, sendo observadas 
maiores proporções de pessoas que desconhecem ser 
9 Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 28(2):e2017407, 2019
Cleuciane Lima de Melo e colaboradores
portadoras da doença, com destaque para os homens, 
pessoas na idade até 39 anos, fumantes, etilistas, indiví-
duos dotados de maior escolaridade, não praticantes de 
atividades físicas, com sobrepeso e com ocupação. Estes 
indicadoressinalizam a importância de ações educativas 
de prevenção voltadas a esses grupos populacionais. Os 
resultados apresentados são corroborados por um estu-
do realizado no município de Ribeirão Preto, SP, onde 
sobressaíram homens, jovens, trabalhadores e pessoas 
com maior escolaridade como os que menos procuram 
os serviços de saúde.28 Tal achado pode ser explicado 
(i) pelo fato de nem sempre o trabalhador ter facilita-
da – pelo empregador – a busca por cuidados com a 
própria saúde; (ii) pela maior escolaridade implicar 
maior demanda por serviços de saúde e, ademais; (iii) 
por ainda ser comum entre os jovens a necessidade de 
conciliar estudo e trabalho.29
Algumas limitações devem ser consideradas na 
presente investigação. A primeira consiste na coleta 
de dados pelo autorrelato de HAS e na mensuração 
da PA terem se realizado em dias diferentes, ainda que 
se mantivesse um intervalo de tempo suficientemente 
curto de modo a garantir que não houvesse mudança 
no estado de saúde dos participantes. Também pode-se 
considerar uma limitação a definição da HAS (padrão 
ouro) por meio de mensuração pontual, ainda que 
amenizada ao se realizarem três mensurações sequen-
ciais, obedecendo-se as recomendações de repouso, 
posicionamento e intervalo entre as medidas, e utilizar 
as médias das duas últimas aferições da PA sistólica e 
diastólica. Outra limitação potencial reside no viés de 
memória: era necessário que o participante se lembrasse 
do diagnóstico prévio de HAS feito por profissional de 
saúde. Finalmente, cumpre citar a simplificação na 
definição de algumas variáveis, como atividade física e 
consumo de álcool, além da perda de informação de 
alguns participantes, embora não houvesse diferenças 
significativas entre os grupos para idade e sexo.
Como seus pontos fortes, o estudo apresenta a vali-
dade da HAS autorreferida para a população adulta de 
Rio Branco, respalda futuros estudos de prevalência e 
contribui para compensar a escassez de estudos dessa 
natureza disponíveis sobre a região Norte do país. 
Não poucas vezes, o autorrelato é a opção viável 
para obtenção de dados sobre saúde. A hipertensão 
arterial sistêmica autorreferida, tema deste trabalho, 
é válida em estudos populacionais, desde que se 
reserve a devida cautela na avaliação de jovens até 
39 anos, homens, trabalhadores, pessoas com sobre-
peso e com relato de diabetes, em razão de sua baixa 
sensibilidade e baixo valor preditivo positivo. Estes 
resultados demonstram a necessidade de medidas 
de Saúde Pública a serem tomadas pelas autoridades 
sanitárias da capital do Acre, voltadas para esse público 
de modo a conscientizá-lo sobre a própria condição 
de saúde, favorecendo ações de prevenção e controle 
das doenças crônicas e outros agravos. 
Estudos de prevalência são necessários porque 
subsidiam informações sobre o estado de saúde da 
população. A validação das informações sobre do-
enças crônicas pelo autorrelato é importante para a 
vigilância das morbidades crescentes, frente às atuais 
mudanças comportamentais e de estrutura etária da 
sociedade brasileira. 
Contribuição dos autores 
Amaral TLM, Monteiro GTR, Amaral CA e Vascon-
cellos MTL contribuíram na concepção do projeto do 
estudo. Amaral TLM, Melo CL e Amaral CA contribuíram 
na coleta dos dados, análise e interpretação dos dados 
e redação do artigo. Todos os autores contribuíram 
na revisão crítica relevante do conteúdo intelectual, 
na aprovação da versão final e são responsáveis por 
todos os aspectos do trabalho, garantindo a exatidão 
e integridade de qualquer parte do artigo.
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Acurácia da hipertensão arterial autorreferida
Abstract
Objective: to analyze the validity of self-reported 
systemic arterial hypertension (SAH) in the adult 
population of Rio Branco, Acre, Brazil. Methods: this 
was a study of diagnostic accuracy with 576 adults aged 
18 to 59 years; accuracy, sensitivity, specificity and 
positive and negative predictive values were calculated 
in order to build the Receiver Operating Characteristic 
(ROC) curve. Results: the prevalence rates of measured 
(gold standard) and self-reported SAH rates were 19.6% 
and 16.6%, respectively; self-reported SAH showed 53.7% 
sensitivity and 92.4% specificity; sensitivity ranged from 
29.9% in individuals under 40 years of age, to levels above 
70.0% among obese individuals and those who reported 
having dyslipidemia; specificity varied from 70.0% in 
those who self-reported diabetes mellitus, to 95.3% in 
eutrophic patients; the area under the ROC hypertension 
analysis curve was 0.77 (95%CI 0.72;0.81). Conclusion: 
self-reported SAH in adults 40 years old and over was 
found to be accurate for use in studies in Rio Branco.
Keywords: Hypertension; Data Accuracy; Cross-Sectional 
Studies; Adult; Sensitivity and Specificity; Diagnosis.
Resumen
Objetivo: analizar la validez de la hipertensión 
arterial sistémica (HAS) autorreferida en adultos 
de Rio Branco, Acre, Brasil. Métodos: estudio de la 
exactitud diagnóstica con 576 adultos de 18 a 59 años; 
se calculó precisión , especificidad, valores predictivos 
positivo y negativo para la construcción de la curva de 
Receiver Operating Characteristic (ROC). Resultados: 
la prevalencia de la HAS comparada (patrón-oro) fue 
del 19,6% y de la HAS autorreferida del 16,6%; la HAS 
autorreferida presentó 53,7% de sensibilidad y 92,4% 
de especificidad; la sensibilidad varió del 29,9%, en los 
individuos con menos de 40 años, a niveles del 70,0% 
entre los obesos y los que relataron dislipidemia; la 
especificidad varió de 70,0%, entre los que refirieron 
diabetes mellitus, a 95,3% en los eutróficos;la curva 
ROC para análisis de la hipertensión presentó área 
bajo la curva de 0,77 (IC
95%
 0,72;0,81). Conclusión: el 
autorrelato de HAS en adultos a partir de los 40 años tiene 
precisión para uso en investigaciones poblacionales en 
Rio Branco, Acre.
Palabras clave: Hipertensión; Exactitud de los 
Datos; Estudios Transversales; Adulto; Sensibilidad y 
Especificidad; Diagnóstico.
 Recebido em 06/05/2018
 Aprovado em 01/05/2019
Editora associada: Doroteia Aparecida Höfelmann – orcid.org/0000-0003-1046-3319
Examine o título, autores, instituição, revista e data.
Título:
O título do artigo não evidencia o delineamento da pesquisa. Em parte, acreditamos que essa
escolha se deva ao fato de que estudos de acurácia diagnóstica são, por definição, estudos de
análise dos padrões da amostra em um momento único — ou seja, estudos transversais. Ainda
assim, a inclusão explícita do desenho do estudo é desejável, à medida em que facilita a leitura
objetiva por parte de outros pesquisadores. A partir do título, podemos deduzir o fator em
estudo (a acurácia da HAS autorreferida como teste diagnóstico) e a população da qual se
colheu a amostra (adultos da cidade de Rio Branco, Acre). Todavia, deve-se citar que o
elemento de comparação (nesse caso o padrão-ouro para diagnóstico da HAS, a aferição da
pressão arterial) também não foi citado na designação do trabalho. Isso é um problema, pois,
tratando-se da avaliação de acurácia de um teste diagnóstico, a primeira coisa que desejamos
saber é o que serve de parâmetro.
Autores:
Cleuciane Lima de Melo — orcid.org/0000-0003-3379-0144 — Na plataforma ORCID, não
foram encontradas informações públicas a respeito da autora. A partir de outros registros,
sabe-se que Cleuciane Lima de Melo é Bacharel em Enfermagem pela Universidade Federal
do Acre (2013), que tem Pós-Graduação e Mestrado (2016) em Saúde Coletiva pela mesma
instituição. Inclusive, o artigo em questão foi derivado da dissertação de mestrado defendida
pela autora junto ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal
do Acre (UFAC) em 2016, explicitando com isso um conflito de interesses a se considerar. Os
trabalhos já publicados pela autora cobrem áreas temáticas várias, dentre as quais podemos
citar: avaliação da acurácia de testes diagnósticos para coleta de informações populacionais
(referente ao trabalho atual), ações de segurança para o exercício da enfermagem
perioperatória, metodologias de ensino para alunos do curso de Enfermagem, prevalência da
HAS em adultos de Rio Branco, entre outras.
Thatiana Lameira Maciel Amaral – orcid.org/0000-0002-9197-5633 — Conforme disposto na
plataforma ORCID, Thatiana possui graduação em enfermagem pela Universidade Federal do
Acre (2006), mestrado em parasitologia pela Universidad Autónoma de Asunción (2010),
mestrado em Saúde Coletiva pela UFAC, doutorado e pós-doutorado em Saúde Pública e Meio
Ambiente pela Escola Nacional de Saúde Pública (FIOCRUZ) (2017). Atualmente, é docente
do curso de Enfermagem na Universidade Federal do Acre (Rio Branco, AC, BR), no Centro de
Ciências da Saúde e do Desporto. A autora colaborou em uma lista extensa de pesquisas que,
em sua maioria, avaliam diferentes fatores de saúde da população adulta de Rio Branco (AC).
Desses, podemos citar: a acurácia da HAS autorreferida (trabalho em discussão), doença
renal crônica, prevalência e fatores associados à polifarmácia em idosos, fatores de risco para
óbito por COVID-19, autoavaliação negativa da saúde em pessoas idosas associada a
condições socioeconômicas e de saúde, dentre outros trabalhos que seguem uma linha de
investigação semelhante.
Cledir de Araújo Amaral – orcid.org/0000-0002-7221-5364 — Conforme consta no ORCID,
Cledir é mestre em Saúde Pública pela Universidade Federal do Acre (UFAC) e Doutora na
mesma área pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP-FIOCRUZ).
Atualmente, trabalha como Docente do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre. Quanto aos trabalhos que publica, nota-se
consistente colaboração com a já citada autora Thatiana Lameira Maciel em trabalhos como:
‘Autoavaliação negativa da saúde em pessoas idosas associada a condições socioeconômicas
e de saúde: inquérito populacional em Rio Branco, Acre’, ‘Factors associated with low handgrip
strength in older people: data of the Study of Chronic Diseases (Edoc-I)’, ‘Relationship between
anthropometric indicators and risk factors for cardiovascular disease in adults and older adults
of Rio Branco, Acre’, ‘Hand grip strength: Reference values for adults and elderly people of Rio
Branco, Acre, Brazil’, dentre outros.
Maurício Teixeira Leite de Vasconcellos – orcid.org/0000-0003-1658-2589 — Conforme
registrado na plataforma ORCID, Maurício é graduado em Estatística pela Escola Nacional de
Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE) e Doutor em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde
Pública (FIOCRUZ). Atualmente, trabalha como professor no IBGE, onde atuou por mais de 35
anos com dedicação especial à amostragem probabilística, métodos de pesquisa e técnicas de
análise estatística. Quanto aos trabalhos publicados, nota-se colaboração recorrente com
Thatiana Lameira e Cledir de Araújo Amaral, com quem publicou: ‘Prevalência e fatores
associados à polifarmácia em idosos residentes em Rio Branco, Acre, Brasil: estudo transversal
de base populacional’, ‘Doença renal crônica em adultos de Rio Branco, Acre: inquérito de base
populacional’, Relationship between anthropometric indicators and risk factors for
cardiovascular disease in adults and older adults of Rio Branco, Acre’, Autoavaliação negativa
da saúde em pessoas idosas associada a condições socioeconômicas e de saúde: inquérito
populacional em Rio Branco, Acre’.
Gina Torres Rego Monteiro – orcid.org/0000-0002-9900-1825 — Médica pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Mestre em Saúde Pública e Doutora em Ciências da Saúde pela
FIOCRUZ. Atualmente, tem vínculo empregatício com a FIOCRUZ, onde desempenha o papel
de pesquisadora no Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde.
Quanto aos trabalhos publicados, apresenta recorrente colaboração com Thatiana Lameira,
Cledir de Araújo Amaral e Maurício Teixeira, com quem publicou: ‘Doença renal crônica em
adultos de Rio Branco, Acre: inquérito de base populacional’, ‘Prevalência e fatores associados
à polifarmácia em idosos residentes em Rio Branco, Acre, Brasil: estudo transversal de base
populacional, 2014’, ‘Relationship between anthropometric indicators and risk factors for
cardiovascular disease in adults and older adults of Rio Branco, Acre’, ‘Autoavaliação negativa
da saúde em pessoas idosas associada a condições socioeconômicas e de saúde: inquérito
populacional em Rio Branco, Acre’.
Instituição:
O trabalho em questão deriva de uma dissertação desenvolvida e defendida junto ao Programa
de Pós Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Acre (UFAC), em 2016. O
estudo da primeira autora, Thatiana Lameira Maciel Amaral, foi financiado com recursos de
apoio a pesquisas de interesse do SUS pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), sob a égide do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações do Governo Federal Brasileiro. A UFAC é uma instituição pública e gratuita cujo
objetivo é produzir e difundir conhecimento.
Revista:
O artigo foi publicado na revista ‘Epidemiologia e Serviços de Saúde’, periódico de caráter
técnico-científico editado pela Coordenação Geral de Desenvolvimento de Epidemiologia em
Serviços, do Departamento de Gestão da Vigilância em Saúde da Secretaria de Vigilância em
Saúde do Ministério da Saúde do Brasil. Os patrocinadores desta são, portanto, a Secretaria de
Vigilância em Saúde e o Ministério da Saúde. Não foi possível identificar qualquer associação
entre os autores do presente trabalho e os integrantes do corpo editorial do periódico. O fator
de impacto da revista é de 1.377 — valor considerável, se estabelecermos comocomparação a
revista Ciência e Saúde Coletiva da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, que atingiu em
2019 fator de impacto 1.008.
Data:
O artigo foi recebido em 06/05/2018 e aprovado em 01/05/2019. Presume-se com esse longo
período de adequações que o trabalho inicialmente submetido foi consistentemente alterado
para publicação na Revista.
Qual é o objetivo?
O objetivo do presente estudo é analisar a validade da HAS autorreferida na população adulta
de Rio Branco (AC, BR), de modo a viabilizar o seu emprego em estudos e na vigilância da
doença na respectiva população.
Qual é o teste diagnóstico (fator em estudo)?
HAS autorreferida — método este que depende do conhecimento, por parte da população, do
diagnóstico prévio de HAS, assim como das características do instrumento de pesquisa de
dados e de como ele é compreendido pela população. É, contudo, mais rápido e acessível para
a estimação dos dados de HAS em estudos epidemiológicos.
Qual o teste padrão ouro escolhido?
A aferição da pressão arterial — método que, apesar de mais acurado, onera a pesquisa por
envolver profissionais, o uso de equipamentos, o preparo do paciente e a aplicação de técnicas
de aferição.
Qual a população e o delineamento de pesquisa?
O presente estudo transversal de teste diagnóstico engloba adultos (18 a 59 anos) residentes
do município de Rio Branco (AC, BR) no período de abril a setembro de 2014. Excluiu-se da
pesquisa mulheres grávidas e indivíduos com comprometimentos cognitivos que
inviabilizassem a comunicação ou o entendimento das perguntas
Vícios de seleção podem ter influenciado nos resultados?
http://www.saude.gov.br/svs
http://www.saude.gov.br/svs
http://www.saude.gov.br/
Os dados da presente pesquisa foram colhidos a partir do eixo Edoc-A (para indivíduos com
idade entre 18 e 59 anos) de um estudo de base populacional precedente, melhor descrito em
Estudo das Doenças Crônicas (Edoc): aspectos metodológicos independentes. Para ambos os
eixos, utilizou-se de um plano amostral conglomerado em dois estágios baseado nos dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que em Rio Branco havia 336.038
habitantes, 96.276 domicílios e 338 setores censitários (2010). Na primeira fase, selecionou-se
os setores censitários a serem pesquisados. Para isso, a chance de cada setor ser escolhido
era proporcional ao número de domicílios particulares que continha. Na segunda fase, fez-se a
seleção dos domicílios por amostragem sistemática com equiprobabilidade. Em cada domicílio,
os pesquisadores entrevistaram todos os indivíduos adequados aos critérios de
inclusão/exclusão (isto é, indivíduos com idade entre 18-59 anos, não gestantes e sem
comprometimentos cognitivos) que aceitaram participar da pesquisa. Sendo assim, o presente
estudo engloba 40 setores com 11 domicílios cada, totalizando 440.
De uma maneira geral, os estudos de acurácia diagnóstica (testes transversais) são bastante
representativos da prática clínica, pois selecionam suas amostras a partir de critérios de
elegibilidade que se aplicam a todos os indivíduos selecionados (single-gate).
As Doenças Crônicas Não-Transmissíveis — tais quais HAS, DM, doenças cerebrovasculares,
neoplasias, obesidade, entre outras — se distribuem em maior prevalência na população idosa
(idade superior a 60 anos). Sabendo disso, não é necessariamente um erro do estudo excluir
essa população da análise, já que este se propõe a avaliar a acurácia da HAS autorreferida na
população adulta, e não na população idosa. Todavia, deve-se dizer já de antemão que, em
relação ao objetivo do estudo (que é ter esse dado para viabilizar o seu emprego em estudos e
na vigilância da doença na respectiva população), esse critério etário de inclusão/exclusão é
uma considerável restrição do quão representativo o resultado é, em relação à população como
um todo. Ao se estudar a acurácia de um teste diagnóstico, espera-se que a pesquisa seja
conduzida (pelo menos) com a população na qual essa condição é mais prevalente. Além
disso, considerando a forma como se deu a seleção dos indivíduos participantes do estudo (por
setor censitário e domicílio), é possível que a pesquisa tenha analisado setores censitários que
desviam das características gerais da população de Rio Branco. Por mais que seja
extremamente improvável, uma vez que foram selecionados 40 de 338 setores, devemos nos
atentar ao fato de que o único critério relevante para a seleção dos setores foi a quantidade de
domicílios em cada um. Como supracitado, a chance de cada setor ser selecionado era
proporcional à quantidade de domicílios particulares que abrangia. Sendo assim, é possível
que a pesquisa tenha incluído setores com padrões demográficos que desviam do que seria
“média” para a população como um todo. Para sustentar este argumento, propõe-se a análise
das 22 regiões de Rio Branco com base em 3 dados demográficos que mais nos interessam —
(1) mortalidade infantil, (2) taxa de escolarização e (3) PIB per capita — no mesmo documento
utilizado pela pesquisa de Claudiane et al., o Censo Demográfico de 2010 (IBGE).
(1) Mortalidade Infantil — Para o Censo Demográfico, a taxa de mortalidade infantil é o
principal indicador da saúde populacional. Em 2010, Rio Branco apresentou média de
18,18 óbitos por 1.000 nascidos vivos. Nos anos posteriores, esse índice caiu
consideravelmente, sendo o dado mais recente de 2019, com uma média de 11,07
óbitos a cada 1.000 nascidos vivos. Esses dados se referem à cidade como um todo.
Todavia, quando analisamos região por região, percebemos discrepâncias
consideráveis. Nas regiões de Manoel Urbano, Rodrigues Alves, Santa Rosa do Purus e
Feijó as taxas de mortalidade infantil são (respectivamente e em ordem decrescente) de
43.48, 41.92, 37.63 e 35.59. A partir desses dados, pressupomos que as condições
globais de vida dessas populações sejam piores, um desvio do padrão populacional da
cidade.
(2) Taxa de escolarização — Servindo de critério para avaliação do nível educacional da
população, a taxa de escolarização dos 6 aos 14 anos de idade média de Rio Branco é
de 95,1%. Em uma análise mais aprofundada, contudo, nota-se que algumas das
regiões já mencionadas — Santa Rosa do Purus (63.8), Manoel Urbano (78), Feijó
(82.9) — se juntam a outras, como Jordão (71.3), compondo o grupo de piores taxas de
escolarização. Isso só reforça o já exposto argumento de que há regiões da cidade com
piores indicadores de desenvolvimento e que, sendo assim, é possível que os setores
censitários selecionados para compor a amostra não sejam representativos,
necessariamente, de toda a população de Rio Branco.
(3) PIB per capita — Indicativo da condição socioeconômica da população de Rio Branco, o
PIB per capita médio de Rio Grande é de 22.287,70 R$. Em relação a este critério,
ainda há considerável disparidade de região para região, com escores baixos em locais
como Jordão (9428.70 R$), Porto Walter (9569.61 R$), Rodrigues Alves (9973.26 R$),
Feijó (10500.72 R$) e Santa Rosa do Purus (11233.49 R$).
Tudo isso em vista, é possível (apesar de improvável) que a seleção dos setores censitários (e,
portanto, dos domicílios) tenha apresentado uma amostra viciada da população geral. A
pesquisa em questão contorna esse vício de seleção à medida em que os próprios
questionários aplicados (Edoc-1 e Edoc-2) sondam critérios de sexo, escolaridade, situação
conjugal, morbidades, prática de atividade física, etilismo e tabagismo para uma análise
equilibrada da população. Se os dados apresentados forem compatíveis com a média de Rio
Branco, o possível vício é neutralizado.
Analisando os detalhes do desenho amostral descritos por Amaral et al. no artigo Estudo das
Doenças Crônicas (Edoc): aspectos metodológicos, repara-se um aspecto bastante positivo da
seleção amostral: como a pesquisa seria conduzida com todos os moradores dos domicílios
selecionados que aceitassem participar da pesquisa e que fossem elegíveis, era preciso se
pensar em quem, afinal, estaria presente nessa habitação e também em todas as pessoas quese negariam a integrar a pesquisa. Em consideração disso, o estudo prevê que é mais provável
que os idosos estejam em casa e aceitem participar da pesquisa que os adultos (dado que
estes últimos compõem, majoritariamente, a PEA). Sendo assim, as amostras das pesquisas
Edoc-A e Edoc-I (antes calculadas com base na prevalência de alterações da função renal em
ambas essas populações) foram ampliadas em 20% e 12,5%, respectivamente. Com isso, o
estudo atingiu o número final de 576 adultos entrevistados.
Se estudo de caso-controle, qual o espectro da doença refletido pelos casos; qual o
padrão de saúde do grupo controle? A escolha do teste-padrão foi adequada?
O presente estudo adota o delineamento desejado para um teste de acurácia diagnóstica, a
transversalidade. Isso significa, de modo geral, que os mesmos critérios de elegibilidade foram
aplicados a todos os indivíduos que compõem a amostra. Quanto à escolha do teste-padrão,
pode-se dizer que esta foi adequada, já que se adequa às diretrizes brasileiras de hipertensão
para diagnóstico da HAS.
Vícios na aferição poderiam ter influenciado nos resultados? Os critérios de medida
foram objetivos? A aferições do teste e do teste-padrão foram feitas
independentemente?
Para que possamos pensar nos possíveis vícios de aferição, primeiro precisamos saber como
esta foi conduzida em cada um dos processos: (1) HAS autorreferida e (2) HAS por mensura
da PA.
(1) HAS autorreferida — Ao se questionar ao(a)paciente se ele(a)a já havia sido
diagnosticado, por algum médico, com o quadro de HAS, foram considerados com HAS
aqueles que relataram que sim.
(2) Aferição da PA — Realizado um dia depois da aplicação dos questionários Edoc-A e
Edoc-I, o procedimento: respeitou a conduta de só ser realizado 30 minutos (ou mais)
depois da última ingestão de cafeína ou de fumo de cigarro; foi executado com o
paciente sentado, com as pernas descruzadas, os pés apoiados no chão, o dorso
recostado na cadeira, o paciente relaxado, com o braço na altura do coração, livre de
roupas e apoiado com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente
fletido; (3) utilizou aparelho digital da marca Beurer®, com o manguito bem ajustado 2 a
3cm acima da fossa cubital; (4) baseou-se em três aferições (a primeira após 5 minutos
de repouso inicial e as duas seguintes com 2 minutos de intervalo, cada). Foram
considerados como HAS mensurada pacientes que apresentaram m ≥140 mmHg para a
PA sistólica e/ou ≥90 mmHg para a PA diastólica, assim como indivíduos que relataram
uso de medicamentos anti-hipertensivos (mediante comprovação pela apresentação de
receita ou de embalagem do medicamento).
Os critérios de medida foram bastante objetivos (principalmente no caso da Aferição da PA) e
ambas as aferições (tanto do teste, quanto do do teste-padrão) foram realizadas
independentemente e em dias diferentes. Todavia, deve-se citar que a HAS autorreferida tem
como limitação a memória do paciente, o diagnóstico falso-positivo/falso-negativo do médico
com quem o indivíduo se consulta, a ausência de diagnóstico por não haver procura do serviço
de saúde, dentre outras situações menores. O teste-padrão (aferição da PA) foi conduzido em
conformidade com as diretrizes brasileiras de hipertensão, tanto para realização do
procedimento quanto para diagnóstico da HAS.
Examine os resultados (figuras e tabelas e, se necessário, o texto). Comparado com o
teste padrão, qual a sensibilidade e especificidade do teste em estudo?
Adotando-se IC=95% e p>0,05, a sensibilidade do teste em estudo (em relação ao teste
padrão) foi de 53,7% (53,2;54,2), enquanto a especificidade foi de 92,4% (92,3;92,5). Em
termos práticos, isso significa que a HAS autorreferida foi capaz de identificar corretamente
53,7% das pessoas com HAS (de acordo com o teste padrão). Também aponta que 92,4% das
pessoas que autorreferiram diagnóstico tinham, de fato, a doença.
Intervalos de confiança da sensibilidade e especificidade foram relatados? Qual é a
variabilidade do teste e do teste-padrão?
Adotando-se IC=95% e p>0,05:
(1) Sensibilidade = 53,7% (53,2;54,2);
(2) Especificidade = 92,4% (92,3;92,5).
Entre os indivíduos positivos no teste, que porcentagem é verdadeiramente doente?
(Probabilidade pós-teste positiva ou Valor preditivo positivo)
Para os indivíduos que autorreferiram HAS: a probabilidade de que, de fato, tenham HAS é de
63,3%.
Entre os indivíduos negativos no teste, que porcentagem tem a doença? (Probabilidade
pós-teste negativa ou 1- Valor preditivo negativo)
Para os indivíduos que não autorreferiram HAS: a probabilidade de, de fato, não tenham HAS é
de 89,1%.
No estudo qual é a prevalência da doença [Probabilidade pré-teste = (a+c)/(a+b+c+d)] da
doença? Compare as probabilidades pré e pós-teste.
No estudo, a prevalência/probabilidade pré-teste (VP+FN)/(VP+FP+VN+FN) de Hipertensão
Arterial Sistêmica é de 25,9%. A probabilidade pós-teste (HAS autorreferida), por outro lado, é
de 16,6% (IC95% 13,2;20,7). A probabilidade pré-teste do estudo é maior do que a
probabilidade pós-teste, ou seja, maior do que a prevalência de HAS disposta na literatura.
Qual a capacidade de generalização dos resultados? A apresentação clínica no seu caso
encaixa-se bem nos espectros de doença e não doença dos participantes do estudo?
Dado que a população de Rio Branco é demograficamente equilibrada em relação ao sexo dos
cidadãos (com um número total de homens muito próximo ao número total de mulheres), a
participação majoritária de mulheres (447) em relação aos homens (197) no estudo nos
concerne em relação à capacidade de generalização dos resultados. Essa característica da
pesquisa é bastante compreensível — dado que, historicamente, a entrada das mulheres na
população economicamente ativa é mais tardia e culturalmente desestimulada. Desse modo, é
mais comum que se encontre mulheres do que homens nos domicílios, estes os quais serviram
de base à construção da amostra do estudo. Além de o sexo feminino ser um fator de risco
para a maioria das DCNT, é fato que as mulheres procuram mais os serviços de saúde e que,
portanto, têm maior conhecimento da ausência/presença de doenças. O estudo reconhece isso
ao estabelecer que, com a HAS autorreferida, há subestimação da realidade quando se
tratando de homens, de indivíduos com ocupação (maioria na população real, minoria na
amostra), pessoas apresentando sobrepeso, diabéticos e dislipidêmicos (autorreferidos). Ainda,
há o esclarecimento de que a sensibilidade do teste índice é menor entre indivíduos jovens
(atingindo somente 29,9%, provavelmente porque esta população tem menor prevalência de
comorbidades e porque procuram menos os serviços de saúde) e obesos. Por isso,
acreditamos que a capacidade de generalização dos resultados proposta pelo estudo é
coerente com a realidade, dado o reconhecimento de suas limitações. Quanto à apresentação
clínica, pode-se dizer que a caracterização do que é (ou não) doença no estudo é condizente
com o que se adere na prática clínica cotidiana.
Se a prevalência da doença no estudo é diferente da probabilidade pré-teste de seu caso,
como ficariam as probabilidades pós-teste do mesmo? O teste em estudo é factível em
sua prática (está à disposição, é de baixo risco e de razoável custo?)
A probabilidade pré-teste (prevalência — 25,9%) é maior que a probabilidade pós-teste
(16,6%), o que significa que a prevalência de HAS indicada pelo estudo é superestimada, se
em comparação com a prevalência indicada por outras literaturas. Essa maior prevalência
pelos resultados do estudo provoca aumento do Valor Preditivo Positivo (se um indivíduo
autorrefere HAS, qual a chance de ter, de fato, a doença?) e diminuição do Valor Preditivo
Negativo (se o indivíduo não refere HAS, qual a real chance de ele não ter a doença?)..
Quanto a ser factível, o estudo em questão é acessível (não representa custo adicional algum),
não apresenta quaisquer riscos ao paciente e está disponível a todos os profissionais da saúde
e pesquisadores.
Suas conclusões concordam com as conclusões dos autores?Sim. Reconhecidas as limitações da HAS autorreferida para homens, indivíduos com
ocupação, pessoas com sobrepeso, diabéticos e dislipidêmicos (em razão de uma
subestimação dos resultados), os demais resultados são compatíveis com a realidade
populacional e atestam que a HAS autorreferida é uma estratégia útil à pesquisa populacional
da Hipertensão Arterial Sistêmica.

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