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A construção do parágrafo padrão APRESENTAÇÃO Você sabe o que é um parágrafo? Quais são as características de um bom parágrafo? Como articular os parágrafos a fim de produzir um bom texto, garantindo assim a coesão e a coerência das ideias? Essas e outras questões nos assombram no momento da produção textual e podem nos deixar inseguros na hora de produzir um texto escrito, principalmente quando este se trata de um texto acadêmico ou uma redação de concurso. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as qualidades essenciais de um parágrafo.• Reproduzir parágrafos coerentes com o tema do texto a ser produzido.• Associar os parágrafos com coesão e coerência a fim de produzir um texto.• DESAFIO Compreender a noção de parágrafo aumenta nossa competência textual e nos torna mais aptos a produzir textos coerentes e coesos. A má elaboração de parágrafos, bem como a articulação deficitária entre eles, pode fazer com que a intenção comunicativa de seu texto seja prejudicada de forma irremediável, fazendo com que o leitor não compreenda a ideia que você tentou construir, ou a compreenda de maneira equivocada. Assim, antes de iniciarmos a construção de um texto, o ideal é planejar os parágrafos com base nas informações que dominamos sobre o assunto que pretendemos escrever, aliando a isso uma boa articulação lógica de sentido, fazer uso dos elementos conectivos de nossa língua (pronomes, preposições, conjunções e advérbios) e, em seguida, partir para a formulação do texto em si. A seguir, você encontrará quatro exemplos de parágrafos que apresentam falta de coerência e/ou coesão. Você deverá reescrever esses parágrafos, a fim de garantir a coesão e a coerência entre as ideias que neles estão presentes. Para isso, poderá acrescentar ou extrair palavras e sinais de pontuação a fim de construir a lógica interna do parágrafo, mas cuidado para não alterar o tema básico contido nele. 1) "Podemos notar claramente que a falta de recursos para a escola pública é um problema no país. O governo prometeu e cumpriu: trouxe várias melhorias na educação e fez com que os alunos que estavam fora da escola voltassem a frequentá-la. Isso trouxe várias melhoras para o país." 2) "Estava assistindo ao debate na televisão dos candidatos ao governo de São Paulo, eles mais se acusavam moralmente do que mostravam suas propostas de governo, em um certo momento do debate dois candidatos quase partem para a agressão física. Dessa forma, isso nos leva a concluir que o homem não consegue conciliar ideias opostas é por isso que o mundo vive em guerras frequentemente." 3) "O gato comeu o peixe que meu pai pescou. O peixe era grande. Meu pai é alto. Eu gosto de meu pai. Minha mãe também gosta. O gato é branco. Tenho roupas muito brancas." 4) "O verdadeiro amigo não comenta sobre o próprio sucesso quando o outro está deprimido. Para distraí-lo conta-lhe sobre seu prestígio profissional, conquistas amorosas e capacidade de sair-se bem das situações. Isso com certeza vai melhorar o estado de espírito do infeliz." INFOGRÁFICO Com base na análise do infográfico a seguir, você poderá identificar com agilidade e precisão as qualidades essenciais de um parágrafo. CONTEÚDO DO LIVRO Apesar de um parágrafo ser definido pelo afastamento da margem da folha até o ponto final, o mais importante não é essa estrutura, e sim a unidade de sentido que o parágrafo representa no todo do texto, pois a partir de uma adequada formulação de parágrafos é que chegamos à elaboração de bons textos escritos. Como o intuito é de expandir seus conhecimentos sobre as características essenciais para se produzir um bom parágrafo, leia um trecho do livro a seguir. Boa leitura. FUNDAMENTOS DE PORTUGUÊS Pablo Rodrigo Bes A construção do parágrafo padrão Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as qualidades essenciais de um parágrafo. Construir parágrafos coerentes com o tema do texto a ser produzido. Elaborar parágrafos com coesão e coerência, a fim de produzir um texto que forme um todo de sentido. Introdução A escrita e a leitura fazem parte das habilidades exigidas para quer possa- mos viver plenamente em sociedade, uma vez que nossas relações sociais e com o mundo se dão a partir delas. Nesse caso, nos apropriarmos bem da capacidade de escrever pode trazer grandes benefícios à nossa vida pessoal e profissional. Considerada, na atualidade, como uma das deficiências do processo de aprendizagem, a escrita da população brasileira precisa ser aprimo- rada, e, para que isso aconteça, precisamos nos apropriar da construção do parágrafo padrão, conhecendo a sua estrutura, as suas qualidades essenciais e os mecanismos que podem torná-lo eficaz. Neste capítulo, você aprenderá sobre o parágrafo padrão, bem como conhecerá suas qualidades essenciais. Além disso, aprenderá a como produzir parágrafos com coesão e coerência, de modo a tornar o texto mais compreensível, para que possa comunicar objetivamente ao leitor aquilo que seu autor planejou comunicar. Qualidades essenciais de um parágrafo O Brasil enfrenta, hoje, críticas nacionais e internacionais aos aspectos referentes à avaliação da aprendizagem dos alunos da educação básica realizada em larga escala. Essas avaliações, que constituem o Índice da Educação Básica (IDEB), avaliam também os aspectos referentes à aquisição das habilidades de escrita e leitura, que ainda precisam melhorar considera- velmente para alcançarmos padrões internacionais de aprendizagem. Pode parecer estranho começar a estudar sobre o parágrafo dessa maneira, mas acreditamos que a contextualização é importante neste momento, visto que aprender a construir um bom parágrafo é um passo muito importante na formação básica de nossos alunos. Um parágrafo bem escrito apresenta uma estrutura que, quando aprendida e ampliada, leva-nos a compor bons textos, bons artigos, boas dissertações, boas teses, etc. Dessa forma, se aprendermos a escrever bem o parágrafo, conhecendo as suas características, os seus componentes e as suas qualidades essenciais, teremos grandes possibilidades de fazer uso eficiente da língua portuguesa, tornando-nos hábeis escritores. Afinal, “[...] a escrita é importante na escola porque é importante fora da escola, e não o inverso” (FERREIRO, 1999, p. 21). Ou seja, nossa vida social está repleta de situações que exigem que sejamos capazes de exercer a escrita, seja de forma manual ou mesmo digital. Entretanto, como podemos definir parágrafo? E quais seriam as suas qualidades essenciais? Com o intuito de responder a esses questionamentos, leia o comentário de Garcia (1998, p. 203) a respeito do parágrafo padrão: [...] esse conceito se aplica a um tipo de parágrafo considerado como padrão, e padrão não apenas no sentido de modelo, de protótipo, que se deva ou que convenha imitar, dada a sua eficácia, mas também no sentido de ser frequente ou predo- minante na obra de escritores — sobretudo modernos — de reconhecido mérito. Como se pode perceber, o parágrafo padrão costuma ser amplamente utilizado devido à sua eficácia; ou seja, em virtude da possibilidade de atingir o seu resultado, tornando inteligíveis e passíveis de compreensão as ideias que se procura transmitir. O que leva um parágrafo a ser considerado padrão é a existência de algumas partes específicas em sua estrutura, conforme você pode observar na Figura 1, a seguir. Figura 1. Partes componentes do parágrafo padrão. A construção do parágrafo padrão2 A introdução do parágrafo padrão pode ser composta por um ou mais períodos, e é neste momento inicial que se dá a construção do tópico fra- sal, também conhecido como frase núcleo, o qual informará ao leitor qual é o principal assunto, isto é, a ideia central que será trabalhada no parágrafo. No desenvolvimento, seguem os períodos que servirãopara elaborar melhor a ideia apontada no tópico frasal, possibilitando formas de entendimento deste. A conclusão, por sua vez, é utilizada para realizar um fechamento das ideias trabalhadas no parágrafo. Por exemplo, veja o parágrafo destacado na Figura 2 e observe os elementos em sua estrutura. Figura 2. Exemplo de parágrafo padrão. Introdução Tópico frasal Desenvolvimento Conclusão A sociedade atual exige o desenvolvimento de muitas habilidades. Entre elas, apontamos como principal a capacidade de escrita dos indivíduos, uma vez que, sendo hábeis na escrita, podem se tornar cidadãos mais atuantes, bem como se relacionar melhor socialmente e atingir seus objetivos pessoais e pro�ssionais. Como vimos, saber comunicar-se bem de forma escrita somente traz benefícios, não é mesmo? Observe que, no parágrafo da Figura 2, o autor tem como objetivo prin- cipal destacar a importância do desenvolvimento da capacidade de escrita nas pessoas. No entanto, não seria interessante abordar diretamente essa ideia, de modo que o autor escreveu, então, um período introdutório, o qual procurou amarrar junto ao tópico frasal. A partir da exposição da ideia central, começam a ser expostos os argumentos em torno da proposição principal, sendo eles: a possibilidade de exercer melhor a cidadania e a melhoria nas relações sociais, pessoais e profissionais. Ao final, o autor conclui o parágrafo realizando um fechamento das ideias expostas e, ainda, provocando o leitor a posicionar-se em relação a isso ao terminar com uma interrogação. Comece a observar os parágrafos que você tem produzido: eles têm apresentado esses elementos? Ou alguns deles não têm sido utilizados? 3A construção do parágrafo padrão É comum observarmos, por exemplo, que o elemento de conclusão dos parágrafos (assim como das redações em geral) costuma ser negligenciado pelos escritores principiantes. Fica, então, o desafio: tente elaborar seus parágrafos a partir de agora utilizando a estrutura aqui estudada. Talvez você não se lembre do conceito de período, que aprendeu no Ensino Fun- damental. Vamos recordar: um período é uma frase, que pode ser constituída por uma ou mais orações. Uma oração, por sua vez — quando seus termos são analisados de forma sintática —, apresenta alguns elementos essenciais, que são: o sujeito, o predicado e o verbo, podendo também apresentar outros integrantes, como complemento verbal (objeto direto e indireto), complemento nominal e agente da passiva. Squarisi e Salvador (2013) se referem ao processo de escrita fazendo uma analogia com o trabalho de um ourives, em que, nesse caso, o ourives do texto é o próprio autor. Cabe ao autor lapidar a sua escrita, percebendo se esta não poderia ser aprimorada em alguns detalhes que compõem cada período construído, bem como nas partículas de ligação entre eles, que são capazes de propor as qualidades essenciais almejadas com o parágrafo padrão. Algumas das qualidades essenciais requeridas com a produção de um parágrafo padrão são sintetizadas a seguir: clareza; coesão; unidade; coerência; sentido; comunicação. Por meio dessas qualidades essenciais, percebe-se que um parágrafo padrão precisa ser claro, objetivo, de modo a transmitir ao leitor precisamente aquilo que se intenciona, sem rodeios desnecessários, indo direto ao ponto. Para que consiga atingir esse objetivo, de modo que o leitor conseguia extrair sentido do parágrafo, o autor do parágrafo precisa estar atento aos mecanismos de A construção do parágrafo padrão4 coesão necessários, bem como à busca pela coerência durante o processo de escrita. Aprenderemos sobre os mecanismos de coesão e coerência nas próximas seções deste capítulo. Uma das principais qualidades de um parágrafo padrão é a sua capacidade de comu- nicar ideias com clareza e objetividade aos leitores. A coerência na construção de parágrafos Defi nimos anteriormente que um parágrafo padrão é aquele que atinge com efi cácia os seus objetivos, dessa forma, é construído de forma a ser facilmente interpretado pelos seus leitores. Para que isso ocorra, existem alguns cuidados que precisam ser considerados por aquele que produz (produtor) o parágrafo, ou o texto, para que este tenha lógica, que produza signifi cado àqueles que o leem (receptores). Esse sentido é produzido a partir da meticulosa criação dos parágrafos, em que cada elemento escrito deve ser articulado e conectado, levando ao entendimento do todo. Podemos apontar, ainda, que um parágrafo apresenta dois importantes mecanismos: a coesão (interna) e a coerência (externa). Começaremos pelo estudo da coerência. É possível definir coerência como uma relação lógica entre as ideias apresentadas, que devem se complementar e, ao mesmo tempo, não se con- tradizer na composição do parágrafo. Claro que a coerência envolve fatores externos à escrita do parágrafo, como, por exemplo, o conhecimento do produtor e do receptor a respeito do assunto que está sendo abordado, bem como seu nível de conhecimento de mundo e da própria língua portuguesa em si, que fornecem condições (ou não) de realizar essa leitura com coe- rência. Ao buscar uma definição possível para coerência, Koch e Travaglia (2010, p. 21) afirmam que esta pode ser entendida como “[...] um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido deste texto”. Esse sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerên- cia é global. Para entender melhor o que os autores apresentam, observe o exemplo a seguir. 5A construção do parágrafo padrão Leia atentamente o parágrafo a seguir: As crianças estão morrendo de fome ao redor do mundo devido a acumulação de riqueza dos que não se importam com os outros somente consigo mesmos isso precisa mudar. Observe que esse parágrafo está mal escrito, não é mesmo? Veja que não existe lógica na sua construção. Como estariam as crianças morrendo de fome, se existe acúmulo de riqueza? Não estão claras as ideias apresentadas nos períodos e, além disso, faltam elementos de coesão importantes, como a própria pontuação, a acen- tuação e outros mecanismos gramaticais de ligação entre as frases. Pensando no aspecto da coerência, talvez se o receptor tivesse o mínimo de entendimento sobre os conceitos de pobreza, má distribuição de renda ou mortalidade infantil, pudesse ter a capacidade de entender minimamente o que o produtor do parágrafo teve a intenção de transmitir com a sua escrita. Acompanhe agora o parágrafo reescrito, mais coerente: Várias crianças estão, atualmente, morrendo de fome ao redor do mundo. Isso ocorre devido à acumulação de riqueza de alguns, que se importam somente consigo, não considerando os demais. Precisamos mudar essa situação! Com a simples divisão dos períodos por meio da pontuação, bem como da utilização de conectivos de ligação mais apropriados, a eliminação de pleonasmos (consigo mesmos), o parágrafo ficou mais claro, proporcionando maior possibilidade de en- tendimento por parte do leitor. Como a coerência é global e se relaciona aos formatos literários adotados pelo produtor, bem como aos recursos linguísticos que este procura utilizar ao produzir seus textos, existem, segundo Koch e Travaglia (2010), vários fatores que contribuem para a existência de coerência em uma produção escrita, conforme o Quadro 1, a seguir. A construção do parágrafo padrão6 Fonte: Adaptado de Koch e Travaglia (2010). Elementos linguísticos Compõem a estrutura sintática que forma os períodos do texto, apontando pistas para ativar os conhecimentos armazenados na memória do leitor. A ordem como se apresentam e a forma como se relacionam ajudam a produzir sentidos sobre o texto. Conhecimento de mundo Representa os conhecimentos que acumulamos no decorrer de nossas vidas, os quais nos fornecem um repertório capaz de decodificar e interpretar o que está sendo comunicado ao lermos um texto.Conhecimento compartilhado Quando existem conhecimentos comuns entre o produtor do texto e seu receptor, a coerência será facilitada, ao passo que, ao contrário disso, o entendimento poderá ser prejudicado. Inferências As inferências ocorrem quando, a partir de seu conhecimento de mundo prévio, os receptores interpretam o que o texto pode estar informando. Fatores de contextualização São responsáveis por ancorar o texto em alguma situação. Por exemplo: data, local, assinatura, elementos gráficos, timbre, etc. Situacionalidade Ao construir um texto, deve-se verificar como ele se adéqua às situações específicas para o qual está sendo construído, o que implica no seu grau de formalidade, no uso da linguagem e no tipo de tratamento a ser dado ao tema. Informatividade A informatividade refere-se ao grau de previsibilidade ou ex- pectabilidade que os receptores possuem sobre o texto. Dessa forma, um texto será menos informativo quanto mais previsível ou esperada for a informação que ele traz. Focalização É a capacidade de concentrar o produtor do texto e seu receptor na mesma área de conhecimento, favorecendo a sua interpretação. Intertextualidade Remete ao conhecimento prévio necessário entre textos lidos anteriormente, posteriores ao texto da leitura atual, o que permite sua ligação e facilita seu entendimento. Intencionalidade e aceitabilidade Todo produtor de textos tem uma intenção, um objetivo ao escrever seus parágrafos: a intencionalidade. Aceitar ou não os argumentos propostos é algo inerente ao receptor, que, ao ler, aderirá ou não aos comentários e às ideias propostas. Consistência e relevância Os enunciados dos textos precisam ser verdadeiros, ou seja, não contraditórios em relação aos períodos ou parágrafos ante- riores. A relevância exige que estes sejam interpretáveis quando abordam o mesmo tema. Quadro 1. Fatores que contribuem para a coerência em produções escritas 7A construção do parágrafo padrão Ao referir-se ao fator de coerência “conhecimento de mundo” e associá- -lo à capacidade leitora produzida pela coerência textual, destacando sua importância para a vida em sociedade, Gonçalves e Dias (2003, documento on-line) acrescentam que: É o conhecimento de mundo que favorece o processo de compreensão que se realiza por meio da construção do mundo textual, da articulação entre os elementos do texto e do estabelecimento da continuidade de sentido. Assim, o conhecimento de mundo ou saber enciclopédico se constitui em um dos fatores responsáveis pela construção de sentido e, consequentemente, pela coerência textual. Dessa forma, pode-se destacar a importância da escola ou dos processos de escolarização formais que procuram repassar aos estudantes, durante todos os níveis de sua escolarização, os conhecimentos acumulados pela cultura humana. Tal repertório, normalmente adquirido pela exposição realizada pelos professores ou pelas incursões leitoras em temas de interesse, produzem nos indivíduos maior ou menor capacidade de entender os textos e encontrar sentido em seus parágrafos. Outro ponto muito importante a ser destacado é o fato de que, ao es- crevermos um texto, deve também existir esta mesma coerência entre os parágrafos que o compõem, devendo o produtor do texto preocupar-se com a manutenção do seu sentido e com a lógica que é proposta durante o seu desenvolvimento. Cabe esclarecer que a estrutura de um texto básico, como uma redação, por exemplo, segue as mesmas etapas do parágrafo padrão, apresentando um parágrafo de introdução, em que se aponta o objetivo principal do texto (frase-núcleo ou tópico frasal); alguns parágrafos de desenvolvimento; e um parágrafo final de conclusão, com o desfecho das ideais discorridas ao longo de toda a escrita. Quando algum dos parágrafos que compõem o texto se desvia do que foi proposto no tópico frasal, levando a outros tipos de entendimentos sobre o assunto abordado, o texto perde a sua coerência, o que, muitas vezes é apontado como “fuga ao tema” nas correções realizadas pelos professores. A fuga ao tema é, justamente, a fuga à lógica necessária para que o texto produza sentido para o seu receptor. A construção do parágrafo padrão8 Ao considerarmos, porém, a construção de uma história pelo autor, vere- mos que podem existir outros elementos que facilitarão a coerência do texto, como a existência de uma narrativa em que as personagens, seu enredo e seu desfecho transcorram ao longo da produção. Imagine uma história em que as personagens não se mantenham ao longo da narrativa, simplesmente desapareçam, ou sejam substituídas por outras, sem qualquer explicação, ou ainda, que no seu desfecho, as personagens principais se ausentem: não seria estranho? Incoerente? Dessa forma, percebe-se que a coerência textual é um fenômeno que envolve tanto o autor quanto o leitor do texto. Ao referirem-se à coerência necessária em uma história, Spinillo e Martins (1997, documento on-line) questionam: Existiriam diferentes níveis de coerência entre uma história em que o tema e os personagens principais não são mantidos sistematicamente ao longo da narrativa, e outra em que o tema e os personagens mantêm-se do começo ao final da história? Teriam diferentes níveis de coerência uma história em que o desfecho não apresenta relação estreita com os episó- dios anteriormente narrados, e uma história em que existe uma relação estreita entre ambos? Como podemos perceber, o ato de escrever bem, produzindo textos capazes de serem entendidos e decifrados pelos leitores, constitui-se em um processo detalhado, de busca pela construção de possibilidades de coerência. Esses processos se relacionam diretamente com o tipo de texto construído (gênero literário), bem como com a intenção e a capacidade de comunicação escrita do produtor e do receptor. Elaborando parágrafos com coesão e coerência Aprendemos que um parágrafo padrão apresenta elementos estruturais básicos e qualidades essenciais que devem estar presentes em sua cons- trução. Também estudamos a respeito da coerência e dos fatores que con- tribuem para esta. Agora, aprenderemos sobre a coesão textual e como esta contribui para a elaboração de parágrafos. A coesão diz respeito aos aspectos linguísticos que envolvem a escrita de um parágrafo, servindo para conectar e complementar os períodos existentes. Koch e Travaglia (2010, p. 47) comentam que “[...] a coesão se estende a ligação, a relação, aos nexos que se estabelecem entre os elementos que constituem a super- 9A construção do parágrafo padrão fície textual”. Dessa forma, a coesão e a coerência dos parágrafos estão estreitamente relacionadas. Uma das formas de se analisar a coesão textual é por meio de sua divisão em três tipos diferentes, listados a seguir: coesão referencial; coesão recorrencial; coesão sequencial. A coesão referencial é observada quando a língua se utiliza de alguns itens que proporcionam a referência necessária para o entendimento de outros, ou seja, ajuda na interpretação. Esse tipo de coesão costuma se apresentar por substituição ou reiteração. Veja os exemplos a seguir. Exemplo 1: Tenho uma moto. Ela é vermelha. Exemplo 2: Gosto muitíssimo de doces. Quindim, então, adoro. No Exemplo 1, a coesão ocorre a partir do uso do pronome pessoal “ela”, que exerce a função de substituição do objeto direto do parágrafo: a moto. Já no Exemplo 2, a coesão por reiteração se estabelece a partir do hiperônimo entre “quindim” e “doces”, em que quindim faz parte de uma relação do tipo todo–parte e torna possível a compreensão deste como um dos possíveis itens de uma série de doces. Um hiperônimo apresenta do primeiro para o segundo elemento uma relação de todo–parte, classe–elemento. Quando essa relação é do segundo para o primeiro, é chamada de hipônimo. Exemplo de hipônimo: os urubus estavam à espreita. As aves esperavam. A coesão recorrencial é aquela em que, mesmo que exista a retomada de estruturas utilizadas pelo autor,o texto apresenta uma progressão. Brown e Yule (1983, p. 26) comentam que esse tipo de coesão “[...] constitui um A construção do parágrafo padrão10 meio de articular a informação nova (aquela que o escritor/locutor acredita não ser conhecida) à velha (aquela que acredita conhecida ou porque está fisicamente no contexto ou porque já foi mencionada no discurso)”. Talvez por esse motivo esse tipo de coesão seja tão encontrado no gênero poético. Por exemplo, analise o trecho a seguir do poema Irene no Céu, de Manuel Bandeira (1958). Exemplo 3: “Irene preta Irene boa Irene sempre de bom humor [...]” Ou ainda, observe o verso a seguir, de Fernando Pessoa (1960), em que a recorrência ao termo “cansaço” acaba por tornar concreto ao leitor esse sentimento. Exemplo 4: “O que há em mim é sobretudo cansaço Não disto nem daquilo, nem sequer de tudo ou de nada: Cansaço, assim mesmo, ele mesmo, Cansaço.” Ao observar esses exemplos, percebe-se que a coesão serve para intensificar, dar ênfase, bem como deixar o texto fluir. Já a coesão sequencial é aquela que permite que o texto flua, mas sem recorrer a termos já utilizados, adotando sequências temporais por conexão ou conjunção, como são mais conhecidas. Observe os exemplos a seguir. Exemplo 5: Levantou. Escovou os dentes. Tomou banho e saiu. Exemplo 6: Se Maria é mulher, então é mortal. O Exemplo 5 apresenta uma coesão temporal, dando ao leitor a possibilidade de interpretação de que esses atos transcorrem em uma sequência de ações que progridem, fluem como o sujeito do parágrafo escrito. Já o Exemplo 6 apresenta uma coesão sequencial que mantém uma relação de causalidade entre a primeira e a segunda oração. Como você pode perceber, dominar tanto a coesão e os seus mecanismos quanto os fatores de coerência são importantes para que se possa redigir parágrafos padrão eficazes, logo, capazes de comunicar ao receptor que 11A construção do parágrafo padrão os lê aquilo que se objetiva informar ou apresentar. Cabe-nos, nesse caso, estudar a língua portuguesa, nos apropriando de suas estruturas linguística e semântica e nos aventurando na produção de textos, procurando sempre nos aperfeiçoar a partir deles. Para ter noção do impacto de um parágrafo padrão bem construído, leia a citação a seguir da Apresentação da obra Escrever melhor: guia para passar os textos a limpo, de Squarisi e Salvador (2013): A frase passou de boca em boca, caiu no gosto do povo e virou sabedoria: escrever exige 10% de inspiração e 90% de transpiração. Sim, senhor, escrever é trabalho árduo, equivalente ao do ourives. Textos passam por processos de lapidação como os diamantes. São cortados, aumentados, transformados, virados pelo avesso, amassados, condensados. O texto, como o diamante, só brilha depois de muito apanhar. Pode-se perceber, na construção do parágrafo dos autores, que as ideias desenvolvidas nele são coerentes e coesas, ou seja, tanto articulam-se os períodos propostos entre si, dando continuidade à ideia central proposta, quanto apresentam-se conectadas entre si por mecanismos de coesão que lhes proporcionam um sequenciamento lógico e progressivo. Se per- guntássemos sobre a construção desse parágrafo, qual o seu objetivo ou qual a sua ideia principal, facilmente conseguiríamos responder que os autores, ao compararem o processo de escrita com o trabalho do ourives, estão procurando comunicar a ideia de que o texto pode ser melhorado, ou seja, que é possível aperfeiçoar nossa capacidade de produção textual se nos aprimorarmos, nos exercitarmos e buscarmos, de fato, ser melhores nessa habilidade. Vindo ao encontro dessa mesma ideia, Figueiredo (1995, p. 2) acres- centa que “[...] construir parágrafos é organizar e desenvolver ideias, umas ligadas às outras. Organizar e desenvolver ideias é difícil; por isso, requer um método que facilite o trabalho do escritor. Esse método depende da cultura e do modo de pensar de cada povo”. É necessário, no Brasil, que haja uma mudança na maneira de entender a importância da apropriação correta da língua portuguesa em nossas vidas e do aperfeiçoamento do processo de produção textual dentro de nossa cultura, o que deve começar pela Educação Básica, já na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, onde as crianças, ao vivenciarem seus primeiros ambientes A construção do parágrafo padrão12 alfabetizadores, possam, além de tomar gosto pela leitura e pela escrita, desenvolver as aprendizagens necessárias que servirão de base para a sua educação permanente posterior, de modo que a organização das ideias se torne facilitada pelo preparo e conhecimento e os alunos se tornem hábeis e competentes na escrita a partir da prática. Para finalizar os estudos sobre a produção do parágrafo padrão e sua importância para a produção textual, gostaríamos, ainda, de apontar uma sugestão importante indicada por Figueiredo (1995, p. 94) quando trata da revisão necessária pelo autor após a escrita, conforme segue: Ao revisar a coesão e a coerência dos parágrafos, o escritor verifica cuida- dosamente se as idéias secundárias (especificações e detalhes) estão bem cimentadas entre si e ligadas à idéia central (período tópico) por meio de palavras e de expressões transicionais (assim, contudo, porque, naquele dia) e conforme uma seqüência organizada (primeiro, segundo, terceiro); e se o parágrafo anterior está bem amarrado ao parágrafo posterior, também por meio de conectivos. Qualquer que seja o tipo do parágrafo desenvolvido, ele deve apresentar coesão e coerência internas entre si e em relação aos outros parágrafos. A conexão entre orações, períodos e parágrafos por meio de palavras ou expressões de ligação toma o texto mais suave e claro, fácil de ler e de compreender. Aprendemos alguns princípios importantes necessários para produzir parágrafos padrão com eficácia àqueles que realizam sua leitura. A partir disso, e seguindo os procedimentos de revisão e edição do que escrevemos, a escrita se torna mais fácil, cabendo a nós a decisão de nos engajarmos ou não nessa tarefa. Para enriquecer um pouco mais o seu aprendizado sobre técnicas que podem conduzir a uma boa escrita de parágrafos, assista ao vídeo disponível no link a seguir. https://qrgo.page.link/DvWir 13A construção do parágrafo padrão 1. Leia o texto a seguir: O excesso de informação está provocando uma angústia típica dos tempos atuais e levando à conclusão de que, às vezes, saber demais é um problema. Nas sociedades ociden- tais, as pessoas se sentem pisando em um chão não muito firme, por não conseguirem deglutir a carga de informações disponível em livros, na imprensa, na televisão e na Internet. “Quanto mais sabemos, menos seguros nos sentimos. É a sensação de que o mundo está girando a muitas rotações a mais do que nós mesmos”, dizem os especialistas. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, um bom exemplo é a quantidade de informação impressa, ou até mesmo em filme ou arquivos magnéticos: seriam necessários dez computadores pessoais para cada pessoa guardar apenas a parte que lhe caberia sobre o que é produzido. Até o final do ano estarão dispo- níveis três bilhões de páginas na Internet. Hoje existem no Brasil mais de 100 emissoras de televisão no ar, em diversas línguas, com espe- cialidades diferentes. Há 100 anos existiam cerca de 200 revistas cientí- ficas no mundo. Agora são mais de 100 mil. O excesso de informação já produziu até mesmo a versão 2001 dos hipocondríacos: são os cybercondríacos que passam a apresentar sintomas imagi- nários. Quem tem a síndrome não consegue dormir: não quer perder tempo e quer continuar consumindo informações. As pessoas com quadro agudo dessa síndrome são assoladas por um sentimento constante de obsoles- cência, a sensação de que estão se tornando inúteis, imprestáveis, ultrapassadas. A maioria não ex- pressa sintomas tão sérios. O que as persegue é uma sensação de desconforto [...]” (FOLHA UOL, 2001,documento on-line). Considere o trecho destacado, esse texto defende a ideia de que: a) O excesso de informação está deixando as pessoas doentes. b) Todos temos que nos informar cada vez mais para viver na era da informação. c) Não devemos ficar constan- temente conectados às redes sociais, pois podemos adoecer. d) Todos devemos sempre buscar novas formas de adquirir co- nhecimento para não ficarmos obsoletos. e) A internet nos trouxe agilidade na obtenção de conhecimentos. 2. Leia o texto a seguir: Grande parte das nossas vidas transcorre em locais de trabalho. Gastamos horas desenvolvendo tarefas que, aparentemente, não possuem um relacionamento estrei- to com a nossa pessoa. A maioria dos seres humanos é constrangido a trabalhar pelo simples fato de que significa especialmente sobrevivên- cia. Essa ideia, que é uma realidade, nos indica que o trabalho aparece como um elemento constrange- A construção do parágrafo padrão14 dor, se tomado como referência imediata de preenchedor das necessidades básicas. Na cultura tecnológica, o trabalho adquiriu um extraordinário relevo e parece que é muito difícil os seres humanos poderem viver sem trabalhar. O caráter obrigatório do trabalho lhe dá um significado punitivo e muitos indivíduos o encaram dessa manei- ra. A situação do trabalhador adulto é bastante complexa em nossa sociedade, já que os trabalhos estão indicados e hierarquizados de acordo com os níveis de preparo e especialização. Não adianta, pois, pensarmos no valor do trabalho como livre escolha, já que cada vez mais se impõe a obrigatoriedade de um treinamento, muitas vezes demorado, para poder assumir uma tarefa adequada na cultura contem- porânea. (apud MOSQUERO, 2004; AZEVEDO, 2015, p. 199). No texto de AZEVEDO, não está expressa a ideia de que: a) É quase impossível o homem viver sem trabalhar. b) O preparo vem substituindo as atividades de escolha livre. c) O ócio é prejudicial ao homem de negócios. d) Há na sociedade atual atividades hierarquizadas por especializações. e) Grande parte de nossos anos de vida são gastos trabalhando. 3. Para redigir objetivamente um bom parágrafo é importante escrever: a) pelo menos cinco linhas. b) com coesão e coerência. c) com ambiguidade. d) contraditoriamente. e) sem constância. 4. Do ponto de vista semântico, o pará- grafo pode ser definido como: a) enunciado que se inicia por um afastamento da margem da página até o ponto-final. b) tópicos a partir dos quais for- mamos textos. c) conjunto de ideias associadas a um tema maior. d) estrutura física menor que o texto. e) conjunto de frases ordenadas aleatoriamente. 5. Assinale o parágrafo que apresenta coesão e coerência. a) O vestibular, para a maioria dos inscritos, pode trazer muita ansiedade e nervosismo, já que eles se preparam durante o ano todo. b) A chuva de granizo provocou uma mudança climática na região, porém a agricultura foi prejudicada. c) Embora a multidão reagisse, ele fugiu assustado com medo do povo enfurecido. d) Ele lia jornal, despreocupada- mente, porque não percebeu a entrada do filho. e) O carro quebrou no meio da estrada e o motorista pediu ajuda a um desconhecido. 15A construção do parágrafo padrão AZEVEDO, R. A. Português básico. Porto Alegre: Penso, 2015. (Série UniA). BANDEIRA, M. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1958, v. 1. BROWN, G.; YULE, G. Discourse analysis. Cambridge: Cambridge University, 1983. DIMENSTEIN, G. Mal do século: síndrome do excesso de informação. Folha, 2001. Dis- ponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/imprescindivel/semana/ gd020901a090901.htm. Acesso em: 05 ago. 2019. FERREIRO, E. Com todas as letras. 7. ed. São Paulo: Cortez Editora, 1999. FIGUEIREDO, L. C. A redação pelo parágrafo. Brasília: Editora da UnB, 1995. GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: FGV, 1998. GONÇALVES, F.; DIAS, M. G. B. B. Coerência textual: um estudo com jovens e adultos. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 16, n. 1, p. 29-40, 2003. Disponível em: http://www. scielo.br/scielo.php?pid=S0102-79722003000100005&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 31 jul. 2019. KOCH, I. G. V.; TRAVAGLIA, L. C. A coerência textual. 18. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2010. PESSOA, F. Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar, 1960. SPINILLO, A. G.; MARTINS, R. A. Uma análise da produção de histórias coerentes por crianças. Psicologia: Reflexão e Crítica, n. 10, p. 219-248, 1997. Disponível em: http://www. scielo.br/scielo.php?pid=S0102-79721997000200004&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 31 jul. 2019. SQUARISI, D.; SALVADOR, A. Escrever melhor: guia para passar os textos a limpo. São Paulo: Editora Contexto, 2013. Leituras recomendadas FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. 11. ed. São Paulo: Ática, 2009. KOCH, I. G. V. A coesão textual. 22. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2010. PEREIRA, A. K. B.; SILVA, C. D. B.; BENTO, F. J. S. A coesão e a coerência textual na aqui- sição da escrita: uma análise em textos de alunos do ensino fundamental. FIPED, [2016]. Disponível em: http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/ Trabalho_Comunicacao_oral_idinscrito_1256_2893c38a2fa960edaa87ef99edd06861. pdf. Acesso em: 31 jul. 2019. A construção do parágrafo padrão16 DICA DO PROFESSOR Para que um texto seja bem redigido e atinja plenamente a intenção comunicativa pretendida, não basta que você tenha boas ideias. A articulação dessas ideias também é muito importante e passa essencialmente pela formulação de parágrafos coerentes e coesos. É sobre esse assunto que trata o vídeo a seguir. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS Leia o texto a seguir: O excesso de informação está provocando uma angústia típica dos tempos atuais e levando à conclusão de que, às vezes, saber demais é um problema. Nas sociedades ocidentais, as pessoas se sentem pisando em um chão não muito firme, por não conseguirem deglutir a carga de informações disponível em livros, na imprensa, na televisão e na Internet. "Quanto mais sabemos, menos seguros nos sentimos. É a sensação de que o mundo está girando a muitas rotações a mais do que nós mesmos", dizem os especialistas. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, um bom exemplo é a quantidade de informação impressa, ou até mesmo em filme ou arquivos magnéticos: seriam necessários dez computadores pessoais para cada pessoa guardar apenas a parte que lhe caberia sobre o que é produzido. Até o final do ano estarão disponíveis três bilhões de páginas na Internet. Hoje existem no Brasil mais de 100 emissoras de televisão no ar, em diversas línguas, com especialidades diferentes. Há 100 anos existiam cerca de 200 revistas científicas no mundo. Agora são mais de 100 mil. O excesso de informação já produziu até mesmo a versão 2001 dos hipocondríacos: são os cybercondríacos que passam a apresentar sintomas imaginários. Quem tem a síndrome não consegue dormir: não quer perder tempo e quer continuar consumindo informações. As pessoas com quadro agudo dessa síndrome são assoladas por um sentimento constante de obsolescência, a sensação de que estão se tornando inúteis, 1) imprestáveis, ultrapassadas. A maioria não expressa sintomas tão sérios. O que as persegue é uma sensação de desconforto.(..)" (FOLHA UOL, 2001) O terceiro parágrafo do texto defende a ideia de que: A) O excesso de informação está deixando as pessoas doentes. B) Todos temos que nos informar cada vez mais para viver na era da informação. C) Não devemos ficar constantemente conectados às redes sociais, pois podemos adoecer. D) Todos devemos sempre buscar novas formas de adquirir conhecimento para não ficarmos obsoletos. E) A internet nos trouxe agilidade na obtenção de conhecimentos. Leia o texto a seguir: Grande parte das nossas vidas transcorre em locais de trabalho. Gastamos horas desenvolvendo tarefas que, aparentemente, não possuem um relacionamentoestreito com a nossa pessoa. A maioria dos seres humanos é constrangida a trabalhar pelo simples fato de significar especialmente sobrevivência. Essa ideia que é uma realidade nos indica que o trabalho aparece como um elemento constrangedor, se olhado na referência imediata de preenchedor das necessidades básicas. Na cultura tecnológica, o trabalho adquiriu um extraordinário relevo e parece que é muito difícil os seres humanos poderem viver sem trabalhar. O caráter obrigatório do trabalho lhe dá um significado punitivo e muitos indivíduos o encaram dessa maneira. A situação do trabalhador adulto é bastante complexa em nossa sociedade, já que os trabalhos estão indicados e hierarquizados de acordo com os níveis de preparo e especialização. Não adianta, pois, pensarmos no valor do trabalho como livre escolha já que cada vez mais se impõe a obrigatoriedade de se ter um treinamento, muitas 2) vezes demorado, para se poder assumir uma tarefa adequada na cultura contemporânea. (MOSQUERA, 2004) Considerando os parágrafos acima, NÃO está expressa a ideia de que: A) É quase impossível o homem viver sem trabalhar. B) O preparo vem substituindo as atividades de escolha livre. C) O ócio é prejudicial ao homem de negócios. D) Há na sociedade atual atividades hierarquizadas por especializações. E) e) Grande parte de nossos anos de vida são gastos trabalhando. 3) Para redigir objetivamente um bom parágrafo é importante escrever: A) Pelo menos cinco linhas. B) Com coesão e coerência. C) Com ambiguidade. D) Contraditoriamente. E) Sem constância. 4) Do ponto de vista semântico, o parágrafo pode ser definido como: A) Enunciado que se inicia por um afastamento da margem da página até o ponto-final. B) Tópicos a partir dos quais formamos textos. C) Conjunto de ideias associadas a um tema maior. D) Estrutura física menor que o texto. E) Conjunto de frases ordenadas aleatoriamente. 5) Assinale o parágrafo que apresenta coesão e coerência: A) O vestibular, para a maioria dos inscritos, pode trazer muita ansiedade e nervosismo, já que eles se preparam durante o ano todo. B) A chuva de granizo provocou uma mudança climática na região, porém a agricultura foi prejudicada. C) Embora a multidão reagisse, ele fugiu assustado com medo do povo enfurecido. D) Ele lia jornal, despreocupadamente, porque não percebeu a entrada do filho. E) O carro quebrou no meio da estrada e o motorista pediu ajuda a um desconhecido. NA PRÁTICA SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Parágrafo Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! A prática da escrita na escola: processo de produção de sentido Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Relação de harmonia entre os elementos textuais Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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