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Aplicação da lei penal no tempo

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DIREITO PENAL
Aplicação da Lei Penal no Tempo
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APLICAÇÃO 
DA LEI PENAL 
NO TEMPO
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SUMÁRIO
1. Tempo do Crime .................................................................................... 3
2. Atividade da Lei Penal ............................................................................ 4
3. Extra-Atividade da Lei Penal .................................................................... 5
4. Sucessão de Leis Penais no Tempo ........................................................... 8
4.1 Novatio Legis Incriminadora .................................................................. 8
4.2 Novatio Legis In Pejus ......................................................................... 10
4.2.1.Crimes Continuados e Crimes Permanentes e a Lex Gravior .................... 12
4.3 Abolitio Criminis .................................................................................. 14
4.3.1 Natureza Jurídica da Abolitio Criminis ................................................... 15
4.3.3 Abolitio Criminis Temporária ............................................................... 19
4.4 Novatio Legis In Mellius (Lex Mitior) ...................................................... 20
4.4.1 Nova Lei Benéfica e Vacatio Legis ........................................................ 22
4.4.2 Norma Penal em Branco e Retroatividade do Complemento Benéfico ........ 24
5. Questões Complementares ...................................................................... 27
5.1 Retroatividade e Irretroatividade Da Jurisprudência .................................. 27
5.2 Combinação de Leis Penais .................................................................... 30
5.3 Princípio da Continuidade Normativo-Típica .............................................. 32
5.4 Lei Intermediária ................................................................................. 36
6. Lei Temporária e Lei Excepcional .............................................................. 36
6.1 Lei Temporária ..................................................................................... 37
6.2 Lei Excepcional .................................................................................... 37
6.3 Características das Leis Temporárias e Excepcionais .................................. 38
6.4 Norma Penal em Branco e Complemento Temporário ou Excepcional ........... 39
Questões de Provas Anteriores – Lista I ........................................................ 44
Gabarito – Lista I ...................................................................................... 48
Questões de Provas Anteriores Comentadas – Lista I ...................................... 49
Questões de Provas Anteriores – Lista II ....................................................... 55
Gabarito – Lista II ..................................................................................... 64
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1. TEMPO DO CRIME
Antes de qualquer coisa, devemos definir quando se considera praticado o 
delito no ordenamento jurídico brasileiro. Analise o exemplo abaixo:
No dia 20/06/2019, Fulano efetua três disparos de arma de fogo 
contra o seu desafeto, Beltrano, com a intenção de matá-lo. 
Beltrano é socorrido e levado ao hospital, mas, no dia 25/06/2019, 
vem a óbito em razão dos ferimentos sofridos.
Quando se considera praticado o delito de homicídio no exemplo acima? 
Devemos considerar o momento da conduta, do resultado ou qualquer um dos dois 
pode ser considerado o momento do crime? 
Para responder a essa pergunta, temos três teorias:
a) Teoria da Atividade: considera praticado o crime no momento da conduta 
(ação ou omissão delituosa).
b) Teoria do Resultado: considera praticado o crime no momento de seu 
resultado.
c) Teoria da Ubiquidade: considera praticado o crime no momento da 
conduta ou do resultado.
A teoria adotada no Brasil, de acordo com o art. 4º do CP, é a TEORIA DA 
ATIVIDADE:
APLICAÇÃO DA LEI PENAL
NO TEMPO
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Tempo do crime
Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, 
ainda que outro seja o momento do resultado.
2. ATIVIDADE DA LEI PENAL
Definido o momento do crime no tópico anterior, devemos abordar o ponto 
que realmente nos interessa: qual lei penal deve ser aplicada no tocante ao 
tempo do crime?
A regra de aplicação da lei penal no ordenamento jurídico brasileiro é o 
fenômeno conhecido como atividade da lei penal, segundo o qual, como regra, 
aplica-se a lei penal simultaneamente vigente no momento do crime e no momento 
do julgamento.
Atividade da lei penal, portanto, é a aplicação de uma lei penal:
•	Vigente no momento da conduta; e
•	Vigente no momento do julgamento.
A atividade da lei penal ocorre nas situações em que temos apenas uma lei 
vigente desde a prática do delito até o momento do julgamento, o que é a regra em 
nosso ordenamento (já que, para se manter a segurança jurídica, evita-se promover 
alterações constantes no ordenamento jurídico). Veja:
Lei “A” 
vigente
Fulano efetua 
disparos de 
arma de fogo
(20/06/19)
Beltrano 
morre
(25/06/19)
JULGAMENTO 
(10/05/2022)
Lei A 
permanece 
vigente
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Veja que, na situação acima, a Lei “A” é a lei vigente no momento da conduta 
(disparos em 20/06/2019) e ainda continua sendo a lei vigente no momento do 
julgamento do delito (10/05/2022).
Entretanto, excepcionalmente, pode ocorrer de a norma penal vigente ao 
tempo do crime ser sucedida por nova lei antes da data do respectivo julgamento. 
Quando isso ocorrer, estaremos diante da extra-atividade da lei penal. 
3. EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL
A extra-atividade da lei penal é uma exceção à regra da atividade da lei penal 
(estudada no tópico anterior).
Para entender o que vem a ser extra-atividade da lei penal, vamos relembrar 
o nosso exemplo e acrescentar-lhe um detalhe. Imagine a seguinte situação 
novamente:
No dia 20/06/2019, Fulano efetua três disparos de arma de fogo 
contra o seu desafeto, Beltrano, com a intenção de matá-lo. 
Beltrano é socorrido e levado ao hospital, mas, no dia 25/06/2019, 
vem a óbito em razão dos ferimentos sofridos.
Perceba que, nesse caso, temos duas leis penais que se sucederam no 
tempo, portanto devemos decidir qual delas o juiz vai aplicar na data do julgamento 
(10/05/2022).
LEI “A” 
vigente
Fulano 
efetua 
disparos 
de arma de 
fogo
(20/06/19)
Beltrano 
morre
(25/06/19)
JULGAMENTO 
(10/05/2022)
Lei B Vigente
LEI 
“B”(revogou 
a lei A) 
(22/06/2019)
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Pois bem, diante da situação retratada no gráfico acima, devemos nos 
perguntar:
A DEPENDER DA LEI ESCOLHIDA PELO MAGISTRADO 
NO MOMENTO DO JULGAMENTO, PODE OCORRER O 
FENÔMENO DA ATIVIDADE DA LEI PENAL?
Recordando: atividade da lei penal é o fenômeno em que se aplica uma lei 
penal vigente no momento da conduta e que permanece vigente no momento do 
julgamento.
Para responder à pergunta, vamos analisar as duas leis em questão:
Lei “A”: é a lei penal vigente no momento da conduta, entretanto já revogada 
no momento do julgamento. Portanto, falta uma das características essenciais da lei 
para que possamos falar em Atividade da Lei penal.
Lei “B”: é a lei penal vigente no momento do julgamento, mas que, no 
momento da conduta, sequer existia no mundo jurídico. Portanto, falta uma das 
características essenciais da lei para que possamos falar em Atividade da Lei penal.
Analisando as características das duas leis envolvidas na nossa situação, 
concluímos que independentemente da lei aplicada pelo magistrado na data do 
ATENÇÃO
Caso já tenha estudado essa matéria e esteja imaginando agora que o juiz 
deve aplicar a lei penal mais benéfica ao réu, peço que abstraia os conhecimentos 
pretéritos e me acompanhe na construção do raciocínio que estamos fazendo. Ele 
será primordial para acertarmos alguns itens de sua prova. Nesse momento, não 
pense em leis mais ou menos benéficas. Apenas se concentre no raciocínio que 
estamos fazendo. Venha comigo! 
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julgamento (Lei “A” ou Lei “B”), jamais estaremos diante da Atividade da Lei penal.
E isso ocorre porque, diante de uma sucessão de leis penais no tempo, 
sempre deveremos trabalhar com uma situação excepcional, qual seja, a 
extra-atividade da lei penal.
A extra-atividade da lei penal é um gênero que se subdivide em duas 
espécies: retroatividade e ultra-atividade.
•	 Retroatividade é a aplicação da lei penal aos fatos praticados antes do 
início de sua vigência. 
No nosso exemplo, estaremos diante da retroatividade se o magistrado aplicar 
a Lei “B” na data do julgamento.
•	 Ultra-Atividade é a aplicação da lei penal, após a sua revogação, aos 
fatos praticados durante o seu período de vigência.
No nosso exemplo, estaremos diante da ultra-atividade se o magistrado 
aplicar a Lei “A” na data do julgamento.
Agora sim! Chegamos ao momento em que devemos entender como o 
magistrado fará a escolha de qual lei aplicar ao caso concreto, quando ele se depara 
com uma sucessão delas no tempo. 
Obviamente, para que se respeite a segurança jurídica, o magistrado tem de 
ter um parâmetro fixo e objetivo de escolha da lei aplicável ao caso concreto. Pois 
bem, o parâmetro de escolha é o benefício ao réu!
Portanto, diante da multiplicidade de leis, deve o magistrado escolher sempre 
aquela mais benéfica ao réu.
No caso que utilizamos como exemplo, se a Lei “A” impusesse pena 
menor ao réu, deveria ser a lei aplicada ao caso concreto; caso contrário, se 
a menor pena fosse cominada pela Lei “B”, ela deveria ser aplicada ao caso 
concreto.
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4. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO
Até o presente momento, já estabelecemos:
•	 o tempo do crime (teoria da atividade) – Tópico 1;
•	 a regra na aplicação da lei penal (atividade da lei penal) – Tópico 2;
•	 a exceção na aplicação da lei penal (extra-atividade da lei penal) – Tópico 
3;
Na extra-atividade da lei penal, surgiu a figura da nossa Lei “B”, ou seja, 
aquela nova lei que sucedeu a anterior antes da data do julgamento.
E é justamente essa nova lei que será objeto da nossa análise neste ponto 
da matéria. Essa nova lei que entra em vigor antes da data do julgamento possui 
algumas características determinadas. Veja logo a seguir.
Essa nova lei pode ser uma:
•	 nova lei incriminadora (novatio legis incriminadora);
•	 nova lei maléfica (novatio legis in pejus ou lex gravior);
•	 nova lei descriminalizadora (abolitio criminis);
•	 nova lei benéfica (novatio legis in mellius ou lex mitior).
Vamos entender o que significa cada uma dessas situações e com qual espécie 
de extra-atividade trabalharemos em cada uma delas.
4.1 Novatio Legis Incriminadora
Na nova lei incriminadora, um fato que anteriormente era tido como penalmente 
atípico passa a configurar crime com o advento da nova lei. Veja um exemplo a 
seguir:
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Registro não autorizado da intimidade sexual
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, 
conteúdo com cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado 
sem autorização dos participantes:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.
Antes da publicação da Lei nº 13.772/2018, publicada no Diário Oficial da 
União em 20/12/2018, que introduziu esse artigo 216-B ao Código Penal, a conduta 
descrita no tipo penal acima era tratada como um indiferente penal.
Veja como fica a aplicação da lei no gráfico abaixo:
Perceba que, em respeito ao princípio da legalidade (art. 1º do CP), não há 
que se falar em retroatividade da Lei nº 13.772/2018. Isso porque, de acordo com o 
referido princípio, não há crime sem lei anterior que o defina e nem pena sem prévia 
cominação legal. 
E tendo sido a conduta praticada enquanto não havia tipificação penal para o 
fato, não há que se falar em crime.
Não havia 
previsão criminal 
para o registro 
clandestino da 
intimidade sexual.
No dia 19/12/18, 
João registra 
sua relação 
sexual com Maria 
clandestinamente
Lei nº 
13.772/2018 
introduz o art. 
216-B no CP no 
dia 20/12/2018
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CONCLUSÃO!
A novatio legis incriminadora é irretroativa, por ser prejudicial ao 
réu, nos termos do art. 1º do CP.
4.2 Novatio Legis in Pejus 
Nessa situação, temos o surgimento de uma nova lei que agrava a situação 
do réu (prejudicial ao réu). Vejamos um exemplo:
No dia 18/12/2018, Fulano efetua dois tiros contra sua mulher, Beltrana, 
desrespeitando ordem judicial que houvera concedido medida protetiva de urgência 
em favor da vítima nos termos do que determina a Lei Maria da Penha. Os disparos 
causaram graves ferimentos em Beltrana, que nesse mesmo dia deu entrada 
no hospital em estado grave, mas não resistiu aos ferimentos, vindo a óbito em 
22/12/2018.
O caso acima narra um delito de feminicídio, já que foi praticado contra 
a mulher no âmbito da violência doméstica e familiar. Todavia, há um elemento 
importante: Fulano praticou a conduta desrespeitando medida protetiva de urgência 
decretada judicialmente.
A Lei nº 13.771/2018, publicada no Diário Oficial da União em 20/12/2018, 
introduziu uma causa de aumento de pena de 1/3 até a metade quando o feminicídio 
é praticado com desrespeito à medida protetiva de urgência.
Portanto,entre a data em que Fulano praticou a conduta e a data em que 
Beltrana morreu no hospital passou a viger a nova lei mais gravosa ao réu, a 
denominada novatio legis in pejus.
EXEMPLO
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Perceba que a Lei nº 13.771/2018, que agrava a situação do réu criando uma 
causa de aumento de pena (descumprimento da medida protetiva de urgência) para 
o crime que ele havia cometido, entra em vigor antes da data de seu julgamento, 
mas após a prática de sua conduta. 
A REFERIDA LEI PODERÁ SER APLICADA PELO JUIZ DO CASO?
NÃO! Não existe a possibilidade de aplicação da nova lei mais gravosa, isso 
porque essa aplicação representaria a retroatividade da lei penal mais prejudicial ao 
réu, fenômeno proibido pelo art. 5º, XL, da CF/88.
XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Perceba que, no nosso exemplo, devemos aplicar a lei penal vigente no 
momento da conduta. 
Entretanto, temos uma particularidade: a lei penal, apesar de vigente no 
momento da conduta, já estava revogada no momento de sua aplicação, ou seja, 
estamos diante de um caso de extra-atividade da lei penal na espécie ultra-atividade.
Lembre-se: sempre que aplicamos uma lei já revogada, mas que era vigente 
no momento da prática da conduta, temos o fenômeno conhecido como ULTRA-
ATIVIDADE DA LEI PENAL.
Crime de 
feminicídio 
(art. 121, 
§2º, VI, do 
CP)
CONDUTA
18/12/18
RESULTADO
22/12/18
JULGAMENTO 
Em 20/12/18, 
a Lei nº 
13.771/2018 
introduz a 
causa de 
aumento de 
pena
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CONCLUSÃO!
A novatio legis in pejus é irretroativa, nos termos do art. 5º, XL da 
CF.
4.2.1.Crimes Continuados e Crimes Permanentes e a Lex Gravior
Um ponto importante que deve ser observado dentro da lex gravior é a análise 
dos crimes permanentes e dos crimes continuados e a sucessão de lei penal mais 
gravosa ao réu. Para iniciar essa análise, primeiramente vamos conceituar crimes 
permanentes e continuados:
• Crime permanente: é aquele em que a consumação se prolonga no tempo.
Exemplo: o delito de sequestro (art. 148) se considera praticado 
durante todo o período em que a vítima ficou cerceada de sua 
liberdade.
• Crime continuado: é uma ficção jurídica segundo a qual dois ou mais 
crimes cometidos nas mesmas condições de tempo, lugar e modo de execução são 
considerados crime único por razões de política criminal.
Exemplo: a caixa de um supermercado que subtrai diariamente 
quantias em dinheiro do caixa que opera. Temos vários delitos de 
furtos, que, por ficção jurídica, serão considerados um só crime 
em continuidade delitiva.
Conhecendo o conceito dos crimes permanentes e continuados, vamos 
analisar graficamente um exemplo para facilitar a compreensão. Imagine o delito 
de extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP), um crime permanente, com a 
seguinte cronologia:
LEI A
Pena: 6 a 
15 anos
INÍCIO DA 
CONDUTA
FIM DA 
CONDUTA JULGAMENTO 
LEI B
Pena: 8 a 15 
anos
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É importante ressaltar que esse exemplo retrata a realidade ocorrida com o 
delito do art. 159 do CP, que até o advento da Lei nº 8.072/1990, possuía pena de 6 
a 15 anos e que, após sua edição, passou a contar com a pena de 8 a 15 anos.
Então, vejamos: 
A extorsão mediante sequestro se iniciou sob a vigência da Lei A, cuja pena 
seria de 6 a 15 anos. Ocorre que, antes da libertação da vítima (portanto, durante a 
prática do delito), uma nova lei entrou em vigor, a Lei B, com pena mais grave (de 8 
a 15 anos) e sob a vigência da qual encerrou-se a prática do delito.
Diante da situação acima exposta, surge o seguinte questionamento:
UMA NOVA LEI PREJUDICIAL AO RÉU QUE ENTRE EM VIGOR 
ANTES DE CESSADA A CONTINUIDADE DELITIVA OU 
A PERMANÊNCIA DO DELITO PODE SER APLICADA 
AO CASO CONCRETO?
SIM! O assunto já foi sumulado pelo STF. Entende o pretório excelso que a 
regra da atividade da lei penal deve ser aplicada, e o fato de a conduta ainda estar 
sendo praticada, quando entra em vigor a lei mais grave, faz com que ela seja 
aplicada.
Veja o teor da Súmula 711 do STF:
Súmula nº 711
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, 
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
 SÚMULA
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http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=711.NUME.%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas
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Portanto, no nosso exemplo, tendo a “Lei B” entrado em vigor durante a 
permanência do crime, passamos a entendê-la como uma lei vigente ao tempo do 
crime e que permaneceu vigendo até a data do julgamento. 
Ou seja, caso clássico de atividade da lei penal, situação regra no tratamento 
da lei penal no tempo.
4.3 Abolitio criminis 
A abolitio criminis (denominada também como lei descriminalizadora) 
representa a supressão da figura criminosa. É a lei que revoga material e formalmente 
um tipo penal.
Evidentemente, essa nova lei penal descriminalizadora deve retroagir para 
alcançar os fatos praticados antes do início de sua vigência. Essa retroatividade 
possui dois amparos, um constitucional e outro legal:
CUIDADO!
Para que fique claro, não se trata de retroatividade de lei penal maléfica; na 
verdade, é a aplicação de uma lei penal que permaneceu vigente desde o tempo do 
crime até a data do julgamento do delito.
Isso porque, tratando-se de um crime permanente – cuja consumação se 
protrai no tempo –, qualquer lei que entre em vigor antes da cessação do delito será 
uma lei penal vigente no momento da conduta.
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Constituição Federal
Art. 5º (...)
XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Código Penal
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar 
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória.
Temos no nosso ordenamento jurídico alguns exemplos clássicos de abolitio 
criminis, tais como o delito de adultério, que anteriormente era previsto no art. 240 
do Código Penal e que foi revogado pela Lei nº 11.106/2005, ou a contravenção 
penal da mendicância, antes prevista no art. 60 do Decreto-Lei nº 3.688/1941 e 
posteriormente revogada pela Lei nº 11.983/2009.
CONCLUSÃO!
A abolitio criminis deve retroagir (art. 5º, XL, da CF e art. 2º do 
CP).
4.3.1 Natureza Jurídica da Abolitio Criminis
Um ponto importante dentro do estudo da abolitio criminis é a definição de 
sua natureza jurídica, discutida na doutrina por duas correntes:
1ª corrente: ensina que a natureza jurídica da abolitio criminis é de causa de 
exclusão da tipicidade da conduta. Defendida por Flávio Monteiro de Barros.
2ª corrente: ensina que se trata de uma causaextintiva da punibilidade. 
Defendida, entre outros, por Cleber Masson.
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Nessa discussão, prevalece a 2ª corrente, ou seja, para a maioria 
da doutrina, a abolitio criminis é uma causa extintiva da punibilidade. Até 
porque esse também é o teor expresso do art. 107, III, do CP:
Extinção da punibilidade
Art. 107. Extingue-se a punibilidade:
(...)
III – pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
4.3.2 EFEITOS DA ABOLITIO CRIMINIS
Um tema exaustivamente cobrado em provas de concursos públicos e que 
também merece atenção especial diz respeito aos efeitos produzidos pela abolitio 
criminis. 
Enuncia o Código Penal, em seu art. 2º:
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar 
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória.
Veja que os efeitos da nova lei descriminalizadora são expressos no Código 
Penal e alcançam: o fim da execução da pena e o fim dos efeitos penais da 
condenação.
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a) Cessação da execução da pena
Como bem anuncia o art. 2º do CP, a abolitio criminis extingue a execução da 
pena em andamento. 
Um ponto importante no estudo da abolitio criminis é compreender a 
interpretação que tem de ser dada ao art. 5º, XXXVI, da CF/88, que assim diz:
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico 
perfeito e a coisa julgada;
Analisando o conteúdo do referido dispositivo, surge o seguinte questionamento:
A NOVA LEI DESCRIMINALIZADORA PODE SER APLICADA 
AOS FATOS ANTERIORES AO INÍCIO DE SUA VIGÊNCIA 
MESMO APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO 
CONDENATÓRIA? ESSA LEI NÃO ESTARIA VIOLANDO O 
INCISO XXXVI DO ART. 5º DA CF AO NÃO RESPEITAR 
A COISA JULGADA?
A abolitio criminis não deve respeito à coisa julgada, ou seja, pode retroagir 
ainda que já exista o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Vale lembrar que o referido inciso XXXVI constitui uma das garantias 
fundamentais do cidadão contra a ingerência estatal na vida do cidadão e, como tal, 
deve ser interpretado sempre em favor do indivíduo. 
Como a retroatividade da nova lei descriminalizadora é benéfica ao réu, deve 
tal lei retroagir sem respeitar a coisa julgada. Não autorizar a retroatividade da 
abolitio criminis seria utilizar uma garantia do cidadão (art. 5º, XXXVI, da CF/88) 
contra o próprio cidadão, em uma interpretação completamente equivocada do texto 
constitucional.
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b) Cessação dos efeitos penais da condenação
Apesar de os efeitos da condenação serem conteúdo atinente ao módulo de 
“Teoria Geral da Pena”, faz-se necessário distinguir os efeitos penais da condenação 
dos seus efeitos extrapenais.
Os efeitos penais da sentença condenatória são divididos em principais e 
secundários. Os efeitos principais são a imposição da sanção penal e sua execução 
forçada, enquanto os efeitos secundários são, dentre outros, os maus antecedentes e 
a reincidência, a vedação da concessão de transação penal, de suspensão condicional 
do processo etc.
Os efeitos extrapenais da sentença condenatória também se dividem em 
dois grupos: os genéricos (art. 91 do Código Penal) e os específicos (art. 92 do 
Código Penal). 
Veja na tabela abaixo quais são:
GENÉRICOS (ART. 91 CP) ESPECÍFICOS (ART. 92)
São automáticos, ou seja, toda 
condenação os produz. Não 
necessitam ser expressamente 
declarados na sentença penal 
condenatória.
Não são automáticos, devendo 
ser motivadamente declarados na 
sentença penal condenatória.
1 – Obrigação de reparar os danos; 1 – Perda de cargo, função pública ou 
mandato eletivo;
2 – Perda de bens em favor da União 
(bens que sejam instrumentos, 
produtos e proveitos dos crimes).
2 – Perda do poder familiar;
3 – Perda da CNH.
Em resumo, somente os efeitos penais cessarão, permanecendo inalterados 
os efeitos extrapenais.
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Se um sujeito foi condenado, por exemplo, pelo delito de adultério em 2004, 
após a edição da Lei nº 11.106/2005 (que descriminalizou o delito) cessaria a execução 
da pena e o agente não mais poderia ser considerado reincidente na eventualidade 
de vir a praticar um outro delito posteriormente. Afinal, ambos são efeitos penais da 
condenação e extinguem-se com a abolitio criminis. 
Todavia, eventual obrigação de reparar o dano moral causado à vítima do 
adultério, permaneceria intacta, visto que se trata de efeito extrapenal da condenação.
4.3.3 Abolitio Criminis Temporária
A abolitio criminis temporária também é conhecida como vacatio legis 
indireta e consiste em um período no qual os efeitos da norma incriminadora são 
temporariamente suspensos, com efeitos erga omnes (aplicável a todas as pessoas), 
de modo que a conduta não será considerada típica se praticada nesse período.
A Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) tinha previsão legal 
segundo a qual a conduta de possuir arma de fogo sem o devido registro não 
constituiria conduta criminosa durante determinado período. A intenção era permitir 
que os legítimos possuidores de armamento à época do início da vigência da nova lei 
tivessem tempo hábil para regularizarem a sua situação. Esse dispositivo configurava 
a denominada abolitio criminis temporária. 
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É importante diferenciar os dois institutos: a “abolitio criminis” representa 
uma causa de extinção da punibilidade, extinguindo todos os efeitos penais de uma 
condenação; já a “abolitio criminis temporária” representa uma causa de atipicidade 
temporária da norma penal, não produzindo efeito algum sobre efeitos penais ou 
extrapenais de uma condenação criminal. 
4.4 Novatio Legis in Mellius (Lex Mitior) 
É a situação em que uma nova lei mais benéfica ao agente é editada, revogando 
a lei anterior que tratava sobre o mesmo assunto. Veja o que diz o parágrafo único 
do art. 2º do CP:
Art. 2º (...)
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, 
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória 
transitada em julgado. 
Com a simples leitura do dispositivo acima, concluímos que a nova lei mais 
benéfica (lex mitior), deve retroagir para alcançar os fatos praticados antes do início 
de sua vigência.
CONCLUSÃO!
A lex mitior deve retroagir (art. 5º, XL, da CF e art. 2º, parágrafo 
único, do CP).
Fato importante, e ao qual devemos ficar muito atentos, é que a lex mitior, a 
exemplo do que ocorre com a abolitio criminis, também não deve respeito à coisa 
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julgada, sendo todo o raciocínio feito quando do estudo da nova lei descriminalizadora, 
válido também para a novatio legis in mellius.
a) Juízo competente para aplicar a lei benéfica
É possível que a nova lei benéfica ao réu entre em vigor após o trânsito em 
julgado da sentença condenatória. Durante a execução da pena, como já vimos, não 
impede a sua aplicação. Diante desse caso, surge o seguinte questionamento:
QUEM É O JUIZ COMPETENTE PARA APLICAR A LEI PENAL 
MAIS FAVORÁVEL AO RÉU DEPOIS DO TRÂNSITO EM JULGADO 
DE SUA SENTENÇA CONDENATÓRIA?
O STF já sumulou entendimento no sentido de que competirá ao juízo 
das execuções a aplicação da lex mitior após o trânsito em julgado da sentença 
condenatória.
É o teor da súmula 611 do STF:
Súmula 611 STF:
Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das 
execuções a aplicação de lei mais benigna.
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Por exemplo, imagine que, após o trânsito em julgado de uma sentença 
condenatória, surja uma lei mais benéfica ao réu prevendo uma causa de diminuição 
para o crime cometido quando o prejuízo causado à vítima for de pequeno valor. 
Perceba que a definição de pequeno valor demandaria a realização de um juízo de 
valor do magistrado, somente sendo possível sua aplicação por meio da revisão 
criminal (ocasião em que não seria cabível aplicar a Súmula 611 do STF).
Situação diferente ocorreria se, no mesmo exemplo acima, o parâmetro para 
aplicação da causa de diminuição fosse 1 salário mínimo (critério objetivo, que não 
demandaria juízo de valor por parte do magistrado), ocasião em que teria aplicação 
a súmula 611 do STF, cabendo ao juízo da execução a aplicação da nova lei.
4.4.1 Nova Lei Benéfica e Vacatio Legis
A doutrina discute sobre a possibilidade de aplicação da lei penal mais benéfica 
durante o seu período de vacatio legis (lapso temporal entre a publicação da norma 
e o início de sua vigência). 
Imagine a seguinte situação:
ATENÇÃO
O professor Rogério Sanches ensina que a Súmula 611 do STF tem redação 
incompleta, não abrangendo todas as possibilidades de aplicação da lei mais 
benéfica ao réu depois do trânsito em julgado. 
Para o referido jurista, nos casos em que a aplicação da lei mais benéfica 
ensejar a realização de um juízo de valor, a única forma de aplicar a lei mais 
benéfica depois do trânsito em julgado seria por meio da revisão criminal (art. 621 
do CP), instrumento hábil a desconstituir o trânsito em julgado e aplicar a nova lei.
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João, no dia 16/03/2019, subtraiu para si o celular pertencente a José, 
aproveitando-se do descuido da vítima que esqueceu o objeto sobre o banco onde 
aguardava a chegada do metrô. As câmeras de vigilância da estação de metrô 
flagraram a conduta de João, que passou a responder por um processo penal pela 
prática do crime de furto, cuja sanção penal é de 1 a 4 anos de reclusão.
No dia 20/05/2019, foi publicada uma nova lei, com prazo de vacatio legis de 
2 meses, que previa a redução da pena para o crime de furto, a qual passou a ser de 
6 meses a 2 anos de reclusão. 
Ocorre que, no dia 20/06/2019, João foi à julgamento pela prática do referido 
delito de furto, portanto, um mês antes do fim do prazo de vacatio legis se encerrar. 
Dessa forma, a lei que beneficiava João já havia sido publicada, mas ainda não 
estava vigente na data de seu julgamento (a vigência somente se inicia após o prazo 
de vacatio legis). 
Diante da situação acima narrada, pergunta-se:
O MAGISTRADO DEVE APLICAR A LEI MAIS BENÉFICA AO 
AGENTE, AINDA QUE ELA ESTEJA EM SEU PERÍODO DE 
VACATIO LEGIS (ANTES DO INÍCIO DE SUA VIGÊNCIA)?
Existem duas correntes sobre o assunto:
» 1ª corrente: é possível a aplicação já que, mais cedo ou mais tarde, a lei 
deverá ser aplicada em razão da retroatividade da lei penal mais benéfica. Defendida 
por autores como Paulo José da Costa Jr., Luiz Vicente Cernicchiaro e Alberto Silva 
Franco.
» 2ª corrente: não é possível a aplicação porque, durante o período de 
vacatio legis, a lei penal não possui eficácia jurídica. Defendida por autores como 
Damásio de Jesus, Frederico Marques, Delmanto, Guilherme Nucci, Fábio Roque 
Araújo, Paulo Queiroz.
Prevalece na doutrina a 2ª corrente e recomendamos que esse 
entendimento seja adotado nas provas objetivas de concursos públicos.
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Veja a seguir como o tema foi cobrado em duas oportunidades:
Portanto, salvo se a banca examinadora do seu concurso for a FGV, adote a 
doutrina majoritária sobre o tema, respondendo às questões seguindo o entendimento 
de que a norma penal mais benéfica ainda no período de vacatio legis não pode ser 
aplicada retroativamente.
1. (IBFC/ANALISTA DE PROMOTORIA/MPE-SP/2013) A lei penal, 
durante o período de vacatio legis, não pode ser aplicada, ainda que mais benéfica 
ao agente.
Gabarito: item correto (seguindo a doutrina majoritária).
2. (MS CONCURSOS/DELEGADO DE POLÍCIA/PC-PA/2012) Não se 
aplica a lei nova, durante a vacatio legis, mesmo se mais benéfica, posto que esta 
ainda não está em vigor (...).
Gabarito: correto (seguindo a doutrina majoritária).
CUIDADO!
Entretanto, esse assunto já foi abordado em prova pela banca Fundação 
Getúlio Vargas (FGV) e a resposta não seguiu a doutrina majoritária.
3. (FGV/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/PC-MA/2012) A lei mais favorável é de 
aplicação imediata, inclusive no período de vacatio. Gabarito: correto
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4.4.2 Norma Penal em Branco e Retroatividade do Complemento 
Benéfico
Sabemos que a lei benéfica ao réu, por mandamento constitucional (art. 5º, 
XL, da CF/88), deve retroagir e alcançar os fatos praticados antes do início de sua 
vigência.
Na norma penal em branco, não é diferente, ou seja, em regra, a alteração 
de um complemento da norma penal em branco que for benéfica ao réu deverá 
retroagir, excepcionando-se os casos de complementos dados por leis temporárias 
ou excepcionais (conforme veremos durante o estudo dessas leis).
Trabalharemos com um exemplo para ilustrar o que foi dito acima.
O delito de tráfico de entorpecentes, previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/2006, 
é uma norma penal em branco heterogênea, complementada pela Portaria nº 
344/1998 da ANVISA, a qual enumera as substâncias entorpecentes no Brasil.
Qualquer alteração benéfica na lista de substâncias entorpecentes da Portaria 
nº 344/1998 deve retroagir e atingir todos os fatos praticados antes de sua edição. 
E foi exatamente o que aconteceu com o cloreto de etila (lança-perfume) no ano de 
2000. Veja:
Lei nº 
11.343/2006
complementada 
pela Portaria nº 
344/1998
(lança-perfume 
é considerado 
droga)
CONDUTA
Nova alteração 
da Portaria nº 
344/1998
(lança-perfume 
é novamente 
colocadona 
lista –
(15/12/2000))
JULGA-
MENTO 
Alteração da 
Portaria nº 
344/1998
(lança-
pertfume é 
retirado da lista 
das drogas – 
(07/12/2000)
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Note que, no dia 07 de dezembro de 2000, o cloreto de etila foi retirado da 
lista de substâncias entorpecentes pela Resolução nº 104 da ANVISA. Dessa forma, 
operou-se a abolitio criminis em relação a todos os fatos praticados com o lança-
perfume anteriores a essa data.
Posteriormente, a Resolução nº 104 da ANVISA foi republicada, em 15/12/2000, 
reinserindo o cloreto de etila na lista de substâncias proibidas. Entretanto, como 
essa alteração é prejudicial ao réu, não pode retroagir, alcançando somente os fatos 
praticados depois do início de sua vigência.
Exemplificando, caso um agente fosse flagrado no dia 05/12/2000, 
transportando 200 frascos de cloreto de etila da Argentina para o Brasil, ele seria 
beneficiado pela Resolução nº 104 da ANVISA, que retirou o produto por ele 
transportado da lista de produtos proibidos, tendo em vista o efeito benéfico da 
referida alteração (teria ocorrido a abolitio criminis do referido comportamento). 
Na mesma situação narrada, o mesmo agente não poderia voltar a ser punido 
novamente a partir do dia 15/12/2000 (data em que o produto foi reinserido na lista 
de substâncias proibidas), tendo em vista o caráter maléfico da nova alteração (que 
representaria a recriação do tipo penal de tráfico para aquele agente). 
O entendimento esposado nesse tópico reflete exatamente o posicionamento 
do STF sobre o tema (HC 94.397/BA):
AÇÃO PENAL. Tráfico de entorpecentes. Comercialização de “lança-perfume”. 
Edição válida da Resolução ANVISA tº 104/2000. Retirada do cloreto de etila da lista 
de substâncias psicotrópicas de uso proscrito. Abolitio criminis. Republicação 
 JURISPRUDÊNCIA
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da Resolução. Irrelevância. Retroatividade da lei penal mais benéfica. HC concedido. 
A edição, por autoridade competente e de acordo com as disposições regimentais, 
da Resolução ANVISA nº 104, de 7/12/2000, retirou o cloreto de etila da lista de 
substâncias psicotrópicas de uso proscrito durante a sua vigência, tornando atípicos 
o uso e tráfico da substância até a nova edição da Resolução, e extinguindo a 
punibilidade dos fatos ocorridos antes da primeira portaria, nos termos do art. 5º, 
XL, da Constituição Federal.
5. QUESTÕES COMPLEMENTARES
5.1 Retroatividade e Irretroatividade da Jurisprudência
Existe uma relevante discussão doutrinária sobre a possibilidade de 
entendimentos jurisprudenciais em matéria penal produzirem efeitos retroativos ou 
ultrativos, a exemplo do que ocorre com as leis penais.
Em suma, o que se discute é: novo entendimento jurisprudencial que se mostre 
favorável ao réu deve retroagir permitindo a alteração de julgamentos anteriores 
a ele? E os novos entendimentos jurisprudenciais prejudiciais ao réu devem ser 
irretroativos para evitar que modifiquem julgados anteriores, prejudicando-o?
Para facilitar o entendimento, vamos concretizar a discussão para, logo após, 
trazer as correntes doutrinárias e informar o posicionamento que deve ser adotado 
nas provas de concursos públicos.
Exemplo: agente praticou um delito de roubo utilizando uma 
arma de brinquedo.
Nessa hipótese, o STJ entendeu no passado que a utilização da arma de 
brinquedo seria suficiente para caracterizar a incidência da causa de aumento de 
pena referente ao uso da arma de fogo. 
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Era o teor da já cancelada Súmula 174 do STJ: 
Súmula 174 STJ (cancelada!)
No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o 
aumento da pena.
Após o cancelamento da referida súmula, corrigiu-se o entendimento 
jurisprudencial para afastar a incidência da causa de aumento de pena nos casos 
de utilização de arma de brinquedo, entendimento que se adota de forma pacífica 
atualmente.
Imaginando um réu que tenha sido condenado pelo delito de roubo majorado 
pelo emprego de arma de fogo, em que utilizara arma de brinquedo ainda sob a 
vigência do entendimento jurisprudencial, sumulado pelo STJ, pergunta-se:
PODERIA ESSE RÉU TER SUA CONDENAÇÃO REVISTA 
PARA AFASTAR A CAUSA DE AUMENTO DE PENA QUE LHE FORA 
IMPUTADA TENDO EM VISTA A ALTERAÇÃO JURISPRUDENCIAL 
BENÉFICA OCORRIDA APÓS A SUA CONDENAÇÃO?
Aqui surge a discussão doutrinária com duas correntes:
» 1ª corrente: a jurisprudência não se subordina ao princípio da 
irretroatividade maléfica, ou seja, não segue as mesmas regras da lei penal.
Dessa forma, para a primeira corrente, sempre deve ser aplicado o 
entendimento jurisprudencial mais atual a todos os casos que são por ele alcançados, 
independentemente de ser benéfico ou maléfico ao réu.
 SÚMULA
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Essa primeira corrente é capitaneada por Claus Roxin, que ensina que a nova 
interpretação jurisprudencial que prejudica o réu não é uma punição ou agravação 
retroativa, mas tão somente a realização de uma vontade da lei, vontade essa que 
já existia desde a edição da norma e que somente agora estaria sendo corretamente 
reconhecida.
» 2ª corrente (prevalece): adotando uma perspectiva constitucional 
amparada na segurança jurídica, defende que a irretroatividade maléfica deve ser 
estendida às alterações de entendimentos jurisprudenciais prejudiciais ao réu, ao 
passo que as benéficas devem retroagir em benefício do condenado.
Para a segunda corrente, então, os entendimentos jurisprudenciais deveriam 
seguir a mesma sorte da lei penal, ou seja, retroagir, quando favoráveis, e serem 
irretroativos, quando desfavoráveis. É defendida por autores como Paulo Queiroz, 
Odone Sanguiné, Rogério Greco.
Prevalece na doutrina a 2ª corrente, entendimento que deve ser 
adotado nas provas de concursos públicos, até porque já foi adotado na prática 
em nosso ordenamento jurídico por ocasião da inconstitucionalidade incidental 
reconhecida pelo STF em relação ao art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/1990 (progressão 
de regime nos crimes hediondos). Veja a seguir esse caso concreto:
A Lei nº 8.072/1990 (Lei dos Crimes Hediondos), em sua redação original, 
previa no art. 2º, § 1º, que os condenados pelos crimes nela previstos como hediondos 
ou equiparados não poderiam ser beneficiados com a progressão de regime da pena:
Art. 2º, § 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida 
integralmente em regime fechado.
EXEMPLO
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O STF, analisando incidentalmente a constitucionalidade do referido 
dispositivo, no HC 11.840/ES, entendeu tratar-se de previsão inconstitucional por 
ferir o princípio constitucional da individualização da pena (art. 5º, XLVI, CF/88)ao vedar ao magistrado conceder tratamento adequado e individualizado a cada 
condenado por crime hediondo ou equiparado.
Em razão desse entendimento jurisprudencial, os agentes que haviam sido 
condenados por crime hediondo ou equiparado e que já tinham cumprido os requisitos 
para progressão de regime conforme determinava o art. 112 da Lei de Execuções 
Penais (cumprimento de ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar 
bom comportamento carcerário), mas que não conseguiram usufruir do benefício 
em razão da vedação legal, buscaram o Judiciário para que o novo entendimento 
jurisprudencial pudesse ser aplicado retroativamente às suas condenações, a fim de 
que lhes fosse concedida a progressão de regime.
A referida progressão passou a ser concedida com fulcro no entendimento 
jurisprudencial do STF a todos aqueles que se encontravam na situação acima 
descrita, evidenciando a aplicação retroativa jurisprudencial no caso concreto.
Por essa razão, ressaltamos que o entendimento que deve ser adotado 
nas provas de concursos públicos é o de que é cabível a retroatividade 
benéfica de entendimentos jurisprudenciais, em atendimento ao princípio da 
segurança jurídica.
5.2 Combinação de Leis Penais
Imaginem a situação em que uma lei anterior tivesse dispositivos mais 
benéficos e, simultaneamente, dispositivos prejudiciais ao réu em relação à lei 
posterior que a houvesse revogado. 
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Diante de tal situação, discute a doutrina se seria possível ao juiz combinar 
os dispositivos da lei anterior e posterior de modo a beneficiar o réu, extraindo 
os dispositivos mais benéficos de cada uma das leis. Tal situação já ocorreu no 
ordenamento jurídico brasileiro com a entrada em vigor da nova Lei de Drogas (Lei 
nº 11.343/2006). 
Ao confrontar a antiga lei (Lei nº 6.368/1976), com a nova Lei de Drogas (Lei 
nº 11.343/2006), percebemos que o tráfico de drogas (anteriormente punido no art. 
12 da Lei nº 6.368/1976, com pena de 3 a 15 anos) passou a ter pena mais grave 
no art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (de 5 a 15 anos). Entretanto, a Lei nº 11.343/2006 
trouxe, em seu art. 33, § 4º, uma causa de diminuição de pena não prevista na lei 
antiga. Veja o exemplo a seguir:
Diante de tal situação surge o questionamento:
É POSSÍVEL A RETROATIVIDADE DA LEI 11.343/06 SOMENTE 
NA PARTE EM QUE SEJA MAIS BENÉFICA AO AGENTE, 
OU SEJA, EM RALAÇÃO À CAUSA DE DIMINUIÇÃO DA PENA?
O questionamento acima diz respeito à possibilidade de combinação de leis 
penais no tempo, aplicando a causa de diminuição de pena prevista na lei nova sobre 
a pena menos gravosa prevista na lei antiga.
Lei nº 
6.368/1976
Pena: 3 a 15 
anos
Sem causa de 
diminuição de 
pena
CONDUTA
Lei nº 
11.343/2006
Pena: 5 a 15 
anos
Com causa de 
diminuição de 
pena
JULGAMENTO 
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A resposta ao questionamento depende do conhecimento da teoria adotada 
no Brasil. São duas possibilidades:
•	 Teoria da Ponderação Unitária: não admite a combinação entre as duas 
normas.
•	 Teoria da Ponderação Diferenciada: admite a combinação entre as duas 
normas.
O ordenamento jurídico brasileiro trabalha com a Teoria da Ponderação 
Unitária; por essa razão, a resposta à pergunta é: 
NÃO é possível a combinação entre as duas leis! t
Os tribunais superiores vedam a combinação de leis penais no tempo, ainda 
que seja para beneficiar o réu. Veja o posicionamento do STF e do STJ:
STF: RE 600.817 (30/10/2014)
RE com repercussão geral reconhecida, julgado pelo plenário do STF.
STJ: já sumulou o seu entendimento:
SÚMULA 501 
É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/06, desde que o resultado da 
incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o 
advindo da aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada a combinação de leis.
5.3 Princípio da Continuidade Normativo-Típica
Princípio da continuidade normativo-típica significa a manutenção do caráter 
proibido da conduta, porém com o deslocamento do conteúdo criminoso para outro 
tipo penal. Nesse caso, a intenção do legislador é manter o caráter delituoso da 
conduta.
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No princípio da continuidade normativo-típica, ocorre a revogação formal 
do tipo penal (revoga-se o dispositivo, artigo da lei), mas não ocorre a revogação 
material do delito (a conduta permanece sendo punida, mas em outro dispositivo, 
outro artigo de lei).
Exemplo clássico de aplicação desse princípio é a alteração produzida pela 
Lei nº 12.015/2009, nos crimes de estupro e atentado violento ao pudor. Antes da 
edição da referida lei, tínhamos a seguinte redação nos artigos 213 e 214 do CP:
Estupro
Art. 213. Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave 
ameaça:
Pena – reclusão, de três a oito anos.
Atentado violento ao pudor 
Art. 214. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar 
ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal:
Pena – reclusão de dois a sete anos.
O delito de atentado violento ao pudor, até então delito autônomo previsto 
no art. 214 do CP, após a Lei nº 12.015/2009, passou a ter sua conduta delituosa 
punida no art. 213 do CP, juntamente com o estupro. Sendo assim, a nova redação:
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Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter 
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso.
Perceba que a conduta do antigo delito de atentado violento ao pudor 
permaneceu sendo punida, porém migrou do revogado art. 214 para o art. 213, 
passando a ser considerado como estupro.
Outro exemplo recente de princípio da continuidade normativo-típica foi a 
migração da conduta prevista no art. 61 da Lei de Contravenções Penais (Decreto-Lei 
nº 3.688/1941) para o novo tipo penal introduzido no art. 215-A do Código Penal. 
Veja a seguir:
Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de 
modo ofensivo ao pudor:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. 
O dispositivo acima foi revogado pela Lei nº 13.718, de 25/09/2018, a qual 
simultaneamente introduziu o art. 215-A ao Código Penal com a seguinte redação:
Importunação sexual
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o 
objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais 
grave.
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Uma simples leitura do dispositivo revogado e do novo tipo penal permite 
perceber que as condutas desviadas que antes se enquadravam na Lei de 
Contravenções Penais continuampenalmente ilícitas, mas agora se subsumindo 
perfeitamente ao art. 215-A do Código Penal.
Dessa forma, chegamos à conclusão de que a revogação da contravenção 
penal da importunação ofensiva ao pudor não gerou a abolitio criminis do 
comportamento, uma vez que a conduta ali prevista continuou sendo considerada 
ilícita, mas agora no art. 215-A do Código Penal.
Ou seja, estamos diante da aplicação do princípio da continuidade 
normativo-típica, segundo o qual a mera revogação formal de um tipo penal 
incriminador (a revogação do artigo de lei) não é suficiente para produzir o fenômeno da 
abolitio criminis, notadamente quando a conduta formalmente revogada permanece 
materialmente tipificada na lei penal (o comportamento não deixa de ser penalmente 
ilícito, mas apenas “muda de endereço” no ordenamento jurídico).
CUIDADO!
Não confundir o princípio da continuidade normativo-típica com a figura da 
abolitio criminis. 
No princípio da continuidade normativo-típica, ocorre apenas a revogação 
formal do tipo penal, mas a conduta permanece sendo punida em outro dispositivo 
penal; enquanto na abolitio criminis, ocorre a supressão da figura criminosa, ou 
seja, ocorre a revogação formal e material do delito.
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5.4 Lei intermediária
É possível que entre a data da prática do delito e a data do julgamento, três 
leis se sucedam no tempo, uma revogando a outra, e todas regulando o mesmo 
assunto. 
Nessa situação, também é possível que a segunda lei (a lei intermediária) 
seja a mais benéfica das três. Veja graficamente a situação:
NA DATA DO JULGAMENTO, QUAL LEI DEVE APLICAR 
O MAGISTRADO?
Note que, sendo a Lei B a mais benéfica dentre todas as leis que surgiram, 
deverá ela ser aplicada ao caso do nosso exemplo. Curiosamente, essa Lei B será 
simultaneamente retroativa e ultrativa.
Será retroativa em relação à Lei A, aplicando-se ao fato praticado antes do 
início de sua vigência, por ser mais benéfica. E será ultrativa em relação à Lei C, 
aplicando-se mesmo após a sua revogação, por ser mais benéfica.
6. LEI TEMPORÁRIA E LEI EXCEPCIONAL
Lei temporária e lei excepcional são espécies do gênero denominado 
leis penais intermitentes, que são aquelas formuladas para durar por um lapso 
temporal predefinido. 
LEI A
Pena: 6 a 
15 anos
CONDUTA
LEI C
Pena: 8 a 13 
anos
JULGAMENTO 
LEI B
Pena: 5 a 10 
anos
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Inicialmente, precisamos conceituar as leis temporárias e excepcionais, para 
que possamos diferenciá-las entre si, observando as particularidades de cada uma 
delas.
6.1 Lei Temporária
É aquela instituída por um prazo determinado, ou seja, é a lei que criminaliza 
determinada conduta; porém, prefixando, no seu texto, lapso temporal para sua 
vigência. 
Temos um exemplo recente de lei temporária em nosso ordenamento, a 
conhecida Lei Geral da Copa (Lei nº 12.663/2012), que previu determinados delitos 
de utilização indevida dos símbolos oficiais da FIFA (arts. 30 a 33), como por exemplo:
Art. 30. Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente 
quaisquer Símbolos Oficiais de titularidade da FIFA:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.
De acordo com o art. 36 da referida lei, todos os delitos ali previstos teriam 
vigência até o dia 31 de dezembro de 2014, caracterizando-se, assim, como uma lei 
temporária:
Art. 36. Os tipos penais previstos neste Capítulo terão vigência até 
o dia 31 de dezembro de 2014. 
6.2 Lei Excepcional
É editada em função de algum evento transitório, como estado de guerra, 
calamidade ou qualquer outra necessidade estatal. Perdura enquanto existir o estado 
de emergência.
Imaginando uma crise hídrica que afetasse o País, poderíamos pensar em um 
exemplo de lei excepcional segundo a qual seria crime lavar o carro ou calçada com 
água corrente durante o período em que os reservatórios de água estivessem abaixo 
dos níveis normais.
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6.3 Características das Leis Temporárias e Excepcionais
Tanto as leis temporárias quanto as leis excepcionais possuem duas 
características próprias: autorrevogabilidade e ultratividade.
Autorrevogabilidade significa que ambas estarão revogadas assim que 
encerrado o prazo fixado pela própria lei (no caso de lei temporária) ou assim que 
cessada a situação de anormalidade (no caso de lei excepcional).
Ultratividade significa que os fatos praticados durante a sua vigência serão 
alcançados por ela ainda que tenha se esgotado o prazo de sua duração (temporária) 
ou cessada a situação de anormalidade (excepcional).
Perceba que, mesmo sendo prejudiciais ao réu, as leis temporárias e 
excepcionais sempre serão ultrativas. Ou seja, aos fatos praticados durante a 
sua vigência, tais leis sempre serão aplicadas, ainda que de forma ultrativa!
Esse inclusive é o teor do art. 3º do CP:
Lei excepcional ou temporária
Art. 3º – A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período 
de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, 
aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
ATENÇÃO
Dentro do período de excepcionalidade ou determinado pelo legislador, as 
leis excepcionais e temporárias podem ser revogadas por outras mais benéficas 
e igualmente excepcionais ou temporárias, permitindo a retroatividade benéfica.
Exemplo: a Lei Geral da Copa previu em seu art. 30:
Art. 30. Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente quaisquer 
Símbolos Oficiais de titularidade da FIFA:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.
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Trata-se de uma lei temporária, já que a referida conduta somente caracteriza 
crime se praticada até dezembro de 2014.
Imagine que um cidadão falsifique um símbolo oficial da FIFA em maio de 
2013.
Imagine agora que, em junho de 2013, o legislador entenda ter exagerado 
na sanção penal e resolva reduzir a sanção aplicável ao delito, por exemplo, para 1 
a 6 meses.
Estaremos diante de uma lei temporária que terá, excepcionalmente, aplicação 
retroativa.
6.4 Norma Penal em Branco e Complemento Temporário ou 
Excepcional
Como já vimos em oportunidade anterior, a lei benéfica ao réu, por mandamento 
constitucional (art. 5º, XL, da CF/88), deve retroagir e alcançar os fatos praticados 
antes do início de sua vigência.
Essa retroatividade benéfica só não acontecerá se o fato for regido por lei 
temporária ou excepcional e tiver sido praticado durante a sua vigência.
Nas normas penais em branco (NPB), a mesma regra deve ser aplicada, ou 
seja, se a norma complementar for revestida de caráter excepcional, ela continuará 
sendo aplicada a todos os fatos que tiverem sido praticados durante o seu período 
de vigência. Veja o exemplo a seguir:
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A Lei nº 1.521/1951 enumera os crimes contra a economia popular. Em seu 
art. 2º, VI, especificamente prevê:
Art. 2º. São crimes desta natureza:
VI – transgredir tabelas oficiais de gêneros e mercadorias, ou de 
serviços essenciais, bem como expor à venda ou oferecer ao público ou vender 
tais gêneros, mercadorias ou serviços, por preço superior ao tabelado, assim 
como não manter afixadas, em lugar visível e de fácil leitura, as tabelas de 
preços aprovadas pelos órgãos competentes;
Ou seja, o dispositivo acima transcrito é uma norma penal em branco 
heterogênea, tendo em vista que uma norma infralegal deverá ser editada 
estabelecendo a tabela oficial de preços de determinadas mercadorias durante uma 
situação de excepcionalidade.
Note, ademais, que esse complemento terá caráter excepcional, razão pela 
qual deverá ser aplicado aos fatos ocorridos durante a sua vigência mesmo depois 
de encerrada a situação de excepcionalidade que o ensejou. Veja:
Lembremos da terrível tragédia ocorrida no município de Mariana em Minas 
Gerais, onde se romperam duas barragens de uma mineradora, espalhando lama 
por toda a extensão do rio que abastecia com água todo o município, razão pela 
qual toda aquela população ficou privada de água potável para sua subsistência. Os 
comerciantes locais, aproveitando-se da situação, elevaram o preço da água mineral 
na região.
Dada a gravidade da situação, o governo resolveu tabelar o valor da água 
mineral visando minimizar as consequências da tragédia. Após cessada a situação 
excepcional, o valor tabelado foi revogado e a livre precificação da mercadoria voltou 
a imperar.
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No nosso exemplo, o preço máximo estabelecido pelo complemento da Lei nº 
1.521/1951 foi extrapolado durante a vigência da portaria que o limitava; porém, a 
portaria foi revogada posteriormente, mas antes do julgamento do réu.
Ocorre que o complemento em comento possui caráter excepcional e possui a 
característica da ultra-atividade, razão pela qual não há que se falar em retroatividade 
da lei penal mais benéfica. Dessa forma na data do julgamento, deverá o réu responder 
pelo delito previsto no art. 2º, VI, da Lei nº 1.521/1951.
Lei nº 
1.521/1951
Complementada 
por portaria que 
define o preço 
máximo do 
galão de água a 
R$ 10,00
CONDUTA 
Venda do 
galão de água 
Cessada a 
situação de 
excepcionalidade, 
a portaria que 
limitava o valor do 
galão de água foi 
revogada.
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1. Qual a teoria adotada pelo CP para definir o tempo do crime?
2. Como se chama o fenômeno regra de aplicação da lei penal no tempo?
3. Quais são as características que a lei penal precisa ter para que possamos afirmar 
que a sua aplicação ao caso concreto reflete o fenômeno da “atividade da lei 
penal”?
4. Diante de uma sucessão de leis penais no tempo, com qual fenômeno trabalhamos 
no tocante à aplicação da lei penal no tempo?
5. Quais são as espécies de Extra-atividade da lei penal? Em que consiste cada uma 
delas?
6. Qual parâmetro devemos utilizar para definir qual lei deve ser aplicada ao caso 
concreto?
7. A novatio legis incriminadora é retroativa? E a novatio legis in pejus?
8. A nova lei mais gravosa pode ser aplicada nos casos de crimes permanentes ou 
continuados? Em caso afirmativo, quando isso será possível? Qual o posicionamento 
do STF a respeito do tema?
9. O que é abolitio criminis?
10. Qual a natureza jurídica da abolitio criminis?
11. Quais efeitos produz uma abolitio criminis?
12. O que é uma lex mitior?
13. Qual o juízo competente para aplicar a lei mais benéfica ao caso concreto quando 
já houve o trânsito em julgado da condenação? Qual o posicionamento do STF a 
respeito do tema?
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14. É possível aplicar uma lei mais benéfica durante o período de vacatio legis? 
15. O complemento benéfico de uma norma penal em branco pode retroagir para 
beneficiar o réu?
16. A combinação de leis penais em benefício do réu é possível? Qual o posicionamento 
dos tribunais superiores a respeito do tema?
17. O que é princípio da continuidade normativo-típica? Qual a diferença entre esse 
princípio e a abolitio criminis?
18. O que é uma lei intermediária?
19. O que é uma lei temporária? E uma lei excepcional?
20. Quais são as características das leis temporárias e excepcionais?
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QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES – LISTA I
1. (2019/CESPE /CGE - CE/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO - ÁREA DE 
CORREIÇÃO) A respeito da lei penal no tempo e no espaço, julgue os seguintes itens, 
tendo como referência o Código Penal e a jurisprudência dos tribunais superiores.
I – A lei penal mais benéfica retroagirá em benefício do réu, de acordo com o princípio 
da retroatividade benéfica penal.
II – Em relação ao tempo do crime, o direito penal brasileiro adota a teoria da 
atividade.
III – Em relação ao lugar do crime, o direito penal brasileiro adota a teoria do 
resultado.
IV – A lei penal mais benéfica aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, 
ainda que ocorra superveniência de lei penal mais gravosa ao longo da atividade 
delitiva.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
2. (2019/CESPE /TJ-PR/JUIZ SUBSTITUTO) Nas disposições penais da 
Lei Geral da Copa, foi estabelecido que os tipos penais previstos nessa legislação 
tivessem vigência até o dia 31 de dezembro de 2014.
Considerando-se essas informações, é correto afirmar que a referida legislação é um 
exemplo de lei penal
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a) excepcional.
b) temporária.
c) corretiva.
d) intermediária.
3. (2018/FGV/PREFEITURA DE NITERÓI/ANALISTA DE POLÍTICAS 
PÚBLICAS E GESTÃO GOVERNAMENTAL) João foi condenado a alguns anos 
de prisão pela prática de certo crime. A sentença condenatória foi objeto de recurso 
de apelação, ainda não julgado pelo Tribunal competente. Posteriormente à sua 
condenação em primeira instância, entrou em vigor a Lei WX, que aumentou a pena 
mínima cominada ao crime pelo qual João fora condenado. Essa nova pena supera 
em muito a pena que lhe fora aplicada.
À luz da sistemática constitucional afeta aos direitos e às garantias fundamentais, o 
Tribunal competente, ao julgar o recurso de apelação, deve considerar a Lei WX
a) aplicável a João, pois a lei penal sempre tem incidência imediata, incidindo nos 
processos pendentes de julgamento.
b) não aplicável a João, na medida em que é maléfica a ele, agravando a sua situação.
c) aplicável a João, pois a lei penal incide nos processospendentes sempre que não 
dispuser em contrário.
d) não aplicável a João, pois, quando de sua entrada em vigor, já tinha sido proferida 
sentença em primeira instância.
e) aplicável a João, pois o Tribunal competente ainda não julgou o recurso de apelação, 
o que exauriria a instância ordinária.
4. (2018/CESPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) 
Manoel praticou conduta tipificada como crime. Com a entrada em vigor de nova lei, 
esse tipo penal foi formalmente revogado, mas a conduta de Manoel foi inserida em 
outro tipo penal. Nessa situação, Manoel responderá pelo crime praticado, pois não 
ocorreu a abolitio criminis com a edição da nova lei.
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5. (2018/FGV/:CÂMARA DE SALVADOR/ADVOGADO LEGISLATIVO) Em 
razão da situação política do país, foi elaborada e publicada, em 01.01.2017, lei de 
conteúdo penal prevendo que, especificamente durante o período de 01.02.2017 
até 30.11.2017, a pena do crime de corrupção passiva seria de 03 a 15 anos de 
reclusão e multa, ou seja, superior àquela prevista no Código Penal, sendo que, ao 
final do período estipulado na lei, a sanção penal do delito voltaria a ser a prevista 
no Art. 317 do Código Penal (02 a 12 anos de reclusão e multa). No dia 05.04.2017, 
determinado vereador pratica crime de corrupção passiva, mas somente vem a ser 
denunciado pelos fatos em 22.01.2018.
Considerando a situação hipotética narrada, o advogado do vereador denunciado 
deverá esclarecer ao seu cliente que, em caso de condenação, será aplicada a pena 
de:
a) 02 a 12 anos, observando-se o princípio da irretroatividade da lei penal mais 
gravosa;
b) 03 a 15 anos, diante da natureza de lei temporária da norma que vigia na data 
dos fatos;
c) 02 a 12 anos, observando-se o princípio da retroatividade da lei penal mais 
benéfica;
d) 03 a 15 anos, diante da natureza de lei excepcional da norma que vigia na data 
dos fatos;
e) 02 a 12 anos, aplicando-se, por analogia, a lei penal mais favorável ao réu.
6. (2016/CESPE/PC-GO/ESCRIVÃO DE POLÍCIA SUBSTITUTO) A novatio 
legis in mellius só poderá ser aplicada ao réu condenado antes do trânsito em julgado 
da sentença, pois somente o juiz ou tribunal processante poderá reconhecê-la e 
aplicá-la.
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7. (2015/CESPE/TJ-DFT/ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA) Se um 
indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva 
e sob a vigência de duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei 
vigente ao tempo em que cessaram os delitos, ainda que seja mais gravosa.
8. (2015/CESPE/TJ-DFT/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA) 
A lei mais benéfica deve ser aplicada pelo juiz quando da prolação da sentença — em 
decorrência do fenômeno da ultratividade — mesmo já tendo sido revogada a lei que 
vigia no momento da consumação do crime.
9. (2014/CESPE/POLÍCIA FEDERAL/AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL) 
Sob a vigência da lei X, Lauro cometeu um delito. Em seguida, passou a viger a lei Y, 
que, além de ser mais gravosa, revogou a lei X. Depois de tais fatos, Lauro foi levado 
a julgamento pelo cometimento do citado delito. Nessa situação, o magistrado terá 
de se fundamentar no instituto da retroatividade em benefício do réu para aplicar a 
lei X, por ser esta menos rigorosa que a lei Y.
10. (2013/CESPE/SEGESP-AL/PAPILOSCOPISTA) Considere que uma 
pessoa tenha sido denunciada pela prática de determinado fato definido como crime, 
que, em seguida, foi descriminalizado pela lei A. Posteriormente, foi editada a lei B, 
que revogou a lei A e voltou a criminalizar aquela conduta. Nessa situação, a última 
lei deve ser aplicada ao caso.
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GABARITO – LISTA I
1. a
2. b
3. b
4. C
5. b
6. E
7. C
8. C
9. E
10. E
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QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES COMENTADAS – LISTA I
1. (2019/CESPE /CGE - CE/AUDITOR DE CONTROLE INTERNO - ÁREA DE 
CORREIÇÃO) A respeito da lei penal no tempo e no espaço, julgue os seguintes itens, 
tendo como referência o Código Penal e a jurisprudência dos tribunais superiores.
I – A lei penal mais benéfica retroagirá em benefício do réu, de acordo com o princípio 
da retroatividade benéfica penal.
II – Em relação ao tempo do crime, o direito penal brasileiro adota a teoria da 
atividade.
III – Em relação ao lugar do crime, o direito penal brasileiro adota a teoria do 
resultado.
IV – A lei penal mais benéfica aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, 
ainda que ocorra superveniência de lei penal mais gravosa ao longo da atividade 
delitiva.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I e IV.
c) II e III.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
Letra a. 
I – Correto. Conforme art. 5º, inciso XL, da CF/88.
II – Correto. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão 
criminosa, ainda que o momento do resultado seja outro (art. 4º do CP).
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III – Errado. Adota-se a teoria da ubiquidade, conforme o art. 6º do CP: considera-
se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em 
parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
IV – Errado. Caso a lei superveniente entre em vigor antes de cessada a permanência 
ou continuidade delitiva, será aplicada aos crimes permanentes e continuados, 
conforme a Súmula 711 do STF.
2. (2019/CESPE /TJ-PR/JUIZ SUBSTITUTO) Nas disposições penais da 
Lei Geral da Copa, foi estabelecido que os tipos penais previstos nessa legislação 
tivessem vigência até o dia 31 de dezembro de 2014.
Considerando-se essas informações, é correto afirmar que a referida legislação é um 
exemplo de lei penal
a) excepcional.
b) temporária.
c) corretiva.
d) intermediária.
Letra b. 
A lei temporária é aquela cujo prazo de vigência é estabelecido em seu próprio texto 
legal.
3. (2018/FGV/PREFEITURA DE NITERÓI/ANALISTA DE POLÍTICAS 
PÚBLICAS E GESTÃO GOVERNAMENTAL) João foi condenado a alguns anos 
de prisão pela prática de certo crime. A sentença condenatória foi objeto de recurso 
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de apelação, ainda não julgado pelo Tribunal competente. Posteriormente à sua 
condenação em primeira instância, entrou em vigor a Lei WX, que aumentou a pena 
mínima cominada ao crime pelo qual João fora condenado. Essa nova pena supera 
em muito a pena que lhe fora aplicada.
À luz da sistemática constitucional afeta aos direitos e às garantias fundamentais, o 
Tribunal

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