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Microbiologia Médica. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier,2017. Seção 4: cap. 14 e cap.13. ABBAS, A. K.; LITCHMAN, A. H., PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 9 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. Cap. 16 (pg.740) MALE, D. et al. Imunologia. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier,2014. Seção 3: cap.14. Fatores de virulência: grau de patogenicidade/estruturas microbiológicas com capacidade de o microrganismo causar doença. Nesse resumo, o microrganismo é a bactéria. O corpo humano é colonizado por microrganismos que não causam doença. Isso é chamado de Microbiota normal, em que os microrganismos auxiliam no processo digestório, produção de vitamina (ex.: K), proteção contra patógenos exógenos e ativam a resposta imune inata. Tais bactérias residem na boca, pele, trato respiratório superior (lado externo do corpo) e trato gastrointestinal (TGI). Bactérias virulentas têm mecanismos que promovem seu crescimento no hospedeiro à custa do tecido deste ou das funções dos órgãos. Bactérias oportunistas tiram vantagens de condições preexistentes, tais como imunossupressão, para crescer e causar doenças importantes. Ex.: infecções bacterianas em indivíduos com AIDS. A severidade da doença depende do órgão e tecido acometido, além da cepa bacteriana e o tamanho do inóculo são características que determinam se a doença ocorrerá. As chamadas ilhas de patogenicidade são regiões de cromossomos ou plasmídeos responsáveis em codificar genes que produzem fatores de virulência, podendo ser acionados por estímulos simples (ex: temperatura do intestino, pH, lisossomo) Os mecanismos de defesa e barreiras naturais (p.ex., pele, mucosa, epitélio ciliar) e secreções contêm substâncias antibacterianas (p.ex., lisozima, defensinas) que tornam difícil a penetração da bactéria no interior do corpo. Porém, quando quebradas, é a porta de entrada para infecções bacterianas. A boca, o nariz, o trato respiratório, os ouvidos, os olhos, o trato urogenital e o ânus são locais através dos quais a bactéria pode entrar no corpo. Essas aberturas e regiões naturais tem defesas próprias, tais como muco e o epitélio ciliar, além de enzimas e secreções nesses locais. A membrana externa das bactérias Gram- negativas torna essas bactérias mais resistentes a lisozima, ácido e bile. Diferentes bactérias colonizam diferentes partes do corpo, podendo ocorrer a colonização tanto no local de entrada ou devido a condições ótimos para o desenvolvimento da bactéria no local. A colonização de locais que são normalmente estéreis implica a existência de um defeito nos mecanismos naturais de defesa ou uma nova porta de entrada. Pacientes com fibrose cística têm tais defeitos por causa da redução da função ciliar mucoepitelial e secreções mucosas alteradas. Medicina Nove de Julho Patogênese bacteriana As bactérias podem utilizar mecanismos especiais para aderir e colonizar diferentes superfícies do corpo. Se elas puderem aderir às camadas de células epiteliais e endoteliais da bexiga, intestino e vasos sanguíneos, não poderão ser removidas, e essa aderência as permite colonizar o tecido. Por exemplo, a função natural da bexiga elimina qualquer bactéria não fixada na parede da bexiga. Escherichia coli e outras bactérias possuem adesinas que se ligam a receptores específicos na superfície do tecido e protegem os organismos de serem removidos. Muitas dessas proteínas adesinas estão presentes nas pontas das fímbrias (pili) e ligam-se firmemente a açúcares no tecido-alvo; essa atividade de ligação ao açúcar define essas proteínas como lectinas. O biofilme é a adaptação bacteriana, em que as bactérias são unidas por uma rede viscosa de polissacarídeos que conectam uma bactéria a outra – material capsular -, que facilita a colonização, em especial nos equipamentos cirúrgicos do tipo cateter intravenosos e válvulas; e evita que o anticorpo e o sistema complemento capturem a bactéria. Ações patogênicas Bactéria liberam substâncias degradativas (enzimas e etc) para romper tecidos, pele (barreira epitelial), proporcionando nutrientes ao crescimento do organismo. Essas enzimas degradativas incluem as toxinas bacterianas – produtos bacterianos que prejudicam diretamente o tecido ou desencadeiam atividades biológicas destrutivas- , causando lise celular ou de proteínas específicas que se ligam a receptores, iniciando suas reações tóxicas ao tecido-alvo. Na maioria dos casos, são as toxinas responsáveis em causar os sintomas característicos das doenças. As exotoxinas são proteínas que podem ser produzidas por bactérias gram + e gram -, secretado no meio extracelular, incluindo –se em enzimas citolíticas que alteram a função ou destroem as células. Ex.: toxina botulínica (toxina A e B); hemolisina; toxina estreptocócica. Superantígenos são um grupo especial de toxinas. Essas moléculas ativam as células T ligando-se simultaneamente ao receptor de célula T e a uma molécula do complexo principal de histocompatibilidade classe II (MHC II) em uma célula apresentadora de antígeno sem requerer o antígeno. Superantígenos ativam uma grande quantidade de células T, o que libera uma quantidade maior (tempestade de citocinas) de interleucinas (incluindo IL-1, IL-2, IL-6), TNF-α, interferon (IFN)-γ, e várias quimiocinas, causando risco de morte por febre, choque, erupção cutânea e resposta autoimune. A LPS, uma endotoxina que faz parte da membrana bacteriana, produzida por bactérias gram -, causam é um tipo de ativador de fase aguda e reação inflamatória. Bactérias Gram-negativas liberam endotoxina durante a infecção. A endotoxina liga-se a receptores específicos (CD14 e TLR4) em macrófagos, células B e outras, e estimula a produção e liberação de citocinas de fase aguda, tais como IL-1, TNF-α, IL-6 e prostaglandinas (Fig. 14-4). A endotoxina também estimula o crescimento (mitogênico) de células B. Em baixas concentrações, a LPS é capaz de causar vasodilatação (citocinas vasoativas) e ativar o sistema complemento juntamente com a cascata de coagulação (obstrução intravascular). Em muitos casos, os sintomas de infecção bacteriana são produzidos por respostas imunes inata e inflamatória excessivas deflagradas pela infecção. Neutrófilos ativados, macrófagos e complemento podem causar dano nos locais de infecção. A ativação do complemento também pode causar liberação de anafilatoxinas que iniciam a permeabilidade vascular e o extravasamento capilar. Mecanismos de escape às defesas do hospedeiro Bactérias evitam o reconhecimento e morte pelas células fagocíticas, inativam ou evitam o sistema do complemento e anticorpos, e até crescem dentro das células para se protegerem das respostas do hospedeiro. A cápsula é um dos fatores de virulência que protegem as bactérias das respostas imunes e fagocitárias, constituída por polissacarídeos, além de proteger a bactéria da ação do fagolisossomo de um macrófago ou leucócito. Mecanismos de transferência genética entre células Recombinação genética que envolve o processo de variabilidade genética. Isso envolve a transferência genética. Transformações: bactérias captam fragmentos de DNA livres e incorporam – nos em seus genomas, formando a bactéria transformante. Resposta inflamatória protetora Conjugação: A conjugação resulta na transferência em um único sentido de DNA a partir de uma célula doadora (ou macho) a uma receptora (ou fêmea), através do pili sexual. O DNA transferido é de cadeia simples. Transdução: É mediada por vírus bacterianos (bacteriófagos), que captam fragmentos de DNA e empacotam-nos em partículas de bacteriófagos. Imunidade a bactérias extracelulares As bactérias têm capacidade de se replicar no sangue, tratogastrointestinal, vias aéreas e tecido conjuntivo. A doençapode ser causada por dois mecanismos principais. Em primeiro lugar, essas bactérias induzem inflamação, o que resulta na destruição dos tecidos no local da infecção. Em segundo lugar, as bactérias produzem toxinas, que têm diversos efeitos patológicos. Imunidade inata – bactérias As bactérias gram + ou gram – ativam o sistema complemento pela via das lectinas, pois as bactérias que apresentam manose na sua superfície se ligam à lectina e o resultado é a opsonização e a fagocitose aumentada de bactérias. Com esse ataque pelo complemento, ocorre a lise bacteriana (em especial a bactéria Neisseria que possui paredes finas) e os subprodutos liberados estimulam a resposta inflamatória, recrutando e ativando os leucócitos. Outro mecanismo de imunidade inata é a ativação de fagócitos (neutrófilos e macrófagos) que utilizam os receptores scavenger e de manose para reconhecer as bactérias extracelulares; e receptores Fc e receptores de complemento para reconhecer bactérias opsonizadas com anticorpos e proteínas do complemento. A sequência dá-se: os produtos microbianos (receptores e proteínas, exemplo) ativam, sobretudo, receptores do tipo Toll e sensores citoplasmáticos das células fagocíticas e em outras células. Alguns desses receptores promovem a fagocitose de microrganismos, outros estimulam atividades microbicidas; em adição, as células dendríticas e os fagócitos que são ativados pelos microrganismos secretam citocinas que induzem a infiltração leucocitária nos locais de infecção (inflamação), dando esses leucócitos recrutados ingerem e destroem as bactérias. Imunidade adaptativa contra bactérias extracelulares Os anticorpos são dirigidos a antígenos da parede celular e toxinas segregadas e associados às células. Os antígenos proteicos de bactérias extracelulares também ativam as células T CD4+ auxiliares, que produzem citocinas que induzem inflamação local, aumentam as atividades fagocíticas e microbicidas de macrófagos e neutrófilos e estimulam a produção de anticorpos. Imunidade contra bactérias intracelulares As bactérias intracelulares têm capacidade de sobreviver e replicar dentro dos fagócitos, sendo capazes então de encontrar um nicho onde estão inacessíveis a anticorpos circulantes. Os produtos dessas bactérias são reconhecidos por TLR e por proteínas citoplasmáticas da família dos receptores do tipo NOD, resultando na ativação dos fagócitos. As bactérias intracelulares ativam as células NK por induzir a expressão de ligantes de ativação de células NK em células infectadas e pela estimulação da produção de IL-12 e IL-15 pelas células dendríticas e macrófagos e ambas são citocinas ativadoras da célula NK. As células NK produzem IFN-γ, que por sua vez ativa os macrófagos e promove a morte da bactéria fagocitada. Assim, as células NK proporcionam uma defesa inicial para posteriormente o organismo recorrer a imunidade adaptativa. Com os macrófagos e as células dendríticas ativadas e produzindo a IL-12, as células TCD4+ diferenciam-se em efetoras Th1 no estágio da imunidade inata. Assim, iniciando a imunidade adaptativa. As células T (TCD4+)expressam o ligante de CD40 e secretam IFN-γ, e esses dois estímulos ativam macrófagos, induzindo a produção de várias substâncias microbicidas, incluindo espécies reativas de oxigênio, o óxido nítrico e enzimas lisossomais. O IFN-γ também estimula a produção de isotipos de anticorpos que ativam o complemento e opsonizam bactérias para fagocitose, auxiliando nas funções efetoras dos macrófagos. As bactérias fagocitadas estimulam respostas de células T CD8+ se os antígenos bacterianos forem transportados a partir de fagossomos para o citosol ou se as bactérias escaparem dos fagossomos e entrarem no citoplasma das células infectadas. No citosol, os microrganismos não são mais suscetíveis aos mecanismos microbicidas de fagócitos, e para a erradicação da infecção, as células infectadas devem ser destruídas pelos CTLs. As bactérias intracelulares tais como L. monocytogenes, são fagocitadas pelos macrófagos e podem sobreviver nos fagossomas e escapar para dentro do citoplasma. As células T CD4+ respondem aos antígenos peptídicos associados ao MHC de classe II derivados das bactérias intravesiculares. Estas células T produzem IFN-γ, que ativa os macrófagos a destruírem os microrganismos nos fagossomas. As células T CD8+ respondem aos peptídios associados à classe I derivados de antígenos citosólicos e destroem as células infectadas.