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Unidade 1 Liderança: Teorias Introdutórias Diogo Jose Lacerda OBJETIVO DA UNIDADE Desenvolver conhecimentos e competências básicas sobre liderança; Embasar teoricamente a análise de situações práticas quanto à atuação do novo perfil de liderança demandado na atualidade; Promover o conhecimento das habilidades técnicas e comportamentais do novo líder e como desenvolvê-las; Conscientizar sobre a importância do desenvolvimento da liderança para as organizações e o seu impacto nos resultados; Promover reflexões importantes sobre o funcionamento da dinâmica grupal, o papel do gestor e sua atuação frente a motivação das pessoas; Desenvolver capacidades básicas de análise e diagnóstico de soluções quanto aos problemas de liderança, desempenho grupal e motivação dos colaboradores. TÓPICOS DE ESTUDO Clique nos botões para saber mais O novo perfil do gestor – // O gestor do passado: a Revolução Industrial; // Habilidades necessárias ao novo gestor. Diferença entre chefes e líderes – // O indivíduo na organização; // Estilos de liderança; // Noções básicas da dinâmica grupal e o papel do líder. O novo perfil do gestor O gestor é uma figura central nas organizações na atualidade. Seu papel e suas responsabilidades, assim como os benefícios de uma condução excelente de seus liderados, é tópico de estudo em diversas áreas do conhecimento. Afinal, o gestor de equipes está presente em todos os tipos de organizações de trabalho: onde existem pessoas trabalhando em prol de objetivos específicos, lá estará também a figura do gestor. Seja em hospitais, organizações sociais, corporações financeiras, educacionais, as empresas de TI e inovação chamadas de startups, grandes empresas automobilísticas ou de tecnologia da informação, ou empreendimentos alimentícios, varejistas e agrícolas; em todos esses meios, são os gestores os responsáveis por sincronizar as pessoas dentro dos objetivos da instituição. Portanto, sua atuação excelente ganha evidência tanto nas esferas públicas quanto privadas. A capacidade de gerenciar é uma das principais atribuições do gestor de equipes de trabalho. Enquanto peça fundamental para as empresas atingirem seus objetivos, os papéis de chefia e liderança ganham diferenciação cada vez maior na medida em que cresce a competição entre corporações, a necessidade de produtividade mais rápida e com maior qualidade, a geração de valor através da criação de produtos inovadores e que sejam capazes de atender a diferentes necessidades, ou o incentivo ao consumo de produtos e serviços, bem como o papel de organizador dos processos e procedimentos, conduzindo grupos de pessoas a atingir um mesmo objetivo. Tudo isso, exige do administrador habilidades técnicas e interpessoais bem desenvolvidas. Afinal, as pessoas são o principal recurso que o gestor disponibiliza para tornar realidade os objetivos do negócio. Uma vez que cabe a um grupo de pessoas, liderados por um gestor, concretizar os anseios institucionais, seu comportamento voltado à produção torna-se mais eficiente se seus integrantes conseguem produzir mais em menor tempo, e economizando recursos materiais, ou seja, otimizando os processos. Essa lógica de “mais com menos” não é apenas uma exigência, ela tem fontes históricas construídas após a Revolução Industrial, momento no qual o ser humano pode ver os benefícios da Administração Científica de Taylor. O GESTOR DO PASSADO: A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Com a produção em massa de manufaturas e artefatos, anteriormente feitos de forma artesanal, Taylor demonstrou, por meio dos princípios da administração científica, que a organização em tarefas especializadas, rotineiras e adaptadas às condições individuais direcionadas por uma figura centralizadora, tornava a produção de veículos mais veloz e barateava o produto final. A figura do chefe era então, eleita como fundamental na condução das pessoas que, uma vez que tinham suas tarefas específicas concluídas, passavam para frente pequenas partes já realizadas, visando um produto final. O filme Vida de inseto (1998), da Disney, retrata como a especialização no trabalho é importante para as empresas. Cada personagem do filme é separado por suas tarefas específicas, tal qual numa colônia de formigas de verdade. A ideia, portanto, é mostrar como cada unidade, ao realizar sua função específica, contribui para a colônia. Os soldados, por exemplo, cuidam da colônia, os operários cuidam do dia a dia da coleta de alimentos, enquanto outras formigas exercem demais funções importantes, considerando, sempre, suas aptidões para as atividades que devem ser realizadas. Frente aos desafios que a colônia enfrenta, a figura de liderança, entendendo o que cada um é capaz de fazer de melhor, conduz os grupos na resolução dos problemas. Essa atitude foi crucial e, embora seja um exemplo simples, é possível perceber que a capacidade de administrar recursos, materiais e seres humanos não é apenas uma moda passageira. A Administração Científica, cunhada por Frederick Taylor no final do século XIX e início do XX, demonstrou definitivamente, que a organização dos processos administrativos barateava os produtos. Para que suas estratégias de excelente execução dessem certo, Taylor partia do princípio de que cada trabalhador condensava as características físicas e psíquicas ideais para cada tipo especializado de tarefa. Por exemplo, o trabalhador de altura mediana, cujos braços encontravam-se alinhados à esteira de produção, conseguia apertar vários parafusos por minuto de forma excelente. Conforme aponta Bergamini (2011), Taylor deixou como legado um conjunto de técnicas de racionalização do trabalho na tentativa de combater a desorganização administrativa; estratégias de seleção e treinamento especializados conforme os requisitos dos cargos, a departamentalização e especificidade nas atribuições e responsabilidades de cada um, o pagamento por peças produzidas, etc. Taylor, segundo a autora, propôs uma maior sistematização e, além disso, acreditava que poderia chegar a diferentes resultados com múltiplos benefícios. O baixo custo de produção, resultado de um grande aumento do rendimento, tornava as organizações mais competitivas. Com maior produtividade os homens sempre teriam trabalho com melhores salários, mesmo em tempos difíceis e independente da época. A formação em engenharia fazia com que os métodos de Taylor derivassem de alta sistematização. Assim, o estudo dos movimentos com a cronometragem dos tempos necessários para realizar cada tarefa, foi um dos legados deixados pela Administração Científica. Aos chefes, cabia controlar cada trabalhador, ocupante de cargos com tarefas altamente especializadas, a fim de garantir que as realizaria da melhor maneira possível. O momento histórico da Revolução Industrial, a transição da estrutura social, antes majoritariamente agrícola, para a de operários industriais, com o incremento das condições e tecnologias humanas, fez com que Taylor ganhasse notório destaque. Taylor, de acordo com Bergamini, esperava um real aumento da prosperidade e a diminuição da pobreza, não somente para os trabalhadores, mas também para toda a comunidade. Devido a oferta altamente homogênea de produtos, não havia espaço para produtos personalizados. A predominância de baixíssima variabilidade de peças industrializadas, desde relógios até veículos automotores, com dois modelos no máximo, tornava as soluções tayloristas bastante homogêneas. Bergamini assinala que: “Soluções generalistas começaram a se mostrar inoperantes, pois as pessoas que trabalham não são réplicas umas das outras, não respondem da mesma forma a um mesmo padrão de estímulos” (2011, p. 13). A variabilidade humana, que predispõe mudanças de comportamentos diante dos mesmos estímulos e recompensas, não foi levada em conta no começo da Revolução Industrial. Mesmo a figura do capataz, responsável porcoercitivamente, direcionar os comportamentos esperados na linha de produção, não admitindo desvios de conduta no trabalho, não foi capaz de responder adequadamente à despersonalização das necessidades humanas. Os agrupamentos tomaram outras proporções além daquelas visualizadas e medidas por Taylor. Para além das qualidades físicas e atribuições de personalidade de cada pessoa, ideais para cargos específicos (por exemplo: o trabalhador grande e forte capaz de suportar grande carga de peso e a trabalhadora pequena, ágil e respeitosa no atendimento ao público da fábrica e nos serviços de datilografia) e as demandas psicossociais dos trabalhadores, ganhavam espaço nos pequenos grupos de trabalho ao passo que se exigia mais relacionamentos interpessoais. O que um administrador necessitava conhecer para melhor conduzir sua equipe ou agrupamento de funcionários, visando atingir os objetivos do departamento e da organização? No início da Administração Científica, apenas o controle sobre a execução de cada atividade dos seus colaboradores, a dinâmica interpessoal era pouco considerada. Com o crescimento econômico, a diversificação de mercados, atuações, produtos e serviços, ou seja, com o crescimento da concorrência, abria-se espaço para o estudo do comportamento humano no trabalho ou comportamento organizacional. HABILIDADES NECESSÁRIAS AO NOVO GESTOR A gestão do passado, nascida na Administração Científica, trouxe formas de administrar que respondiam a demandas específicas, especialmente ligadas às tarefas repetitivas e rotineiras. Ainda hoje encontramos tarefas com determinadas características, a produção de sanduíches em cadeias de fast- food são um exemplo. Existe um tempo cronometrado e ingredientes ordenados para a montagem dos sanduíches. Isso também é contabilizado para a produção dos acompanhamentos. Observe com atenção a Figura 2. Para a produção do seu sanduíche predileto, existem etapas cronometradas, como o preparo do pão, do picles, do molho, das cebolas, da carne e do queijo. Repare também que no painel aparecem os pedidos em fila de preparo, bem como os prontos para a entrega. Parece fácil, não é? Dessa maneira, é só cronometrar e ter os ingredientes disponíveis que a produção sai perfeita e o trabalho não falha. Resultado: cliente satisfeito. Certamente, da próxima vez que você for a um restaurante fast-food, enxergará o trabalho da produção de alimentos com outro olhar. Você consegue perceber que há um acúmulo de pedidos e uma demora excessiva no atendimento aos clientes? Qual o resultado para a equipe de trabalho? Como o gestor deve agir nessas situações em que o trabalho da equipe está sendo mal desempenhado e o produto final, para o cliente, não sai nos padrões esperados de satisfação? Contemporâneo a Taylor, o industrial francês Henry Fayol, defendeu que os gestores devem desempenhar cinco funções básicas: planejamento, organização, comando, coordenação e controle. CITANDO Conforme aponta Robbins: "Os gestores trabalham em uma organização, a qual pode ser definida como uma unidade social conscientemente coordenada, composta de duas ou mais pessoas, que funciona de maneira relativamente continua para atingir um objetivo comum ou um conjunto de objetivos. Com base nessa definição, indústrias e empresas de serviço são organizações, assim como escolas, hospitais, igrejas, unidades militares, lojas, delegacias de polícia e órgãos públicos, sejam eles municipais, estaduais ou federais. As pessoas que supervisionam as atividades das outras e são responsáveis pelo alcance dos objetivos nessas organizações são os gestores ou administradores". (Grifo do autor) (2012, p. 3). No dia a dia empresarial, os termos usados para descrever as competências e habilidades dos colaboradores são: hard-skills e soft-skills, em português, habilidades técnicas e habilidades comportamentais. Como aponta Robbins, as funções básicas do gestor desenhadas por Henry Fayol são, hoje em dia, habilidades que todo e qualquer gestor deve ter em nível de excelência. São chamadas habilidades técnicas do administrador. Ainda conforme Robbins (2012), as organizações existem para atingir objetivos específicos. Os gestores são os responsáveis por definir esses objetivos e as possíveis formas de alcançá-los. Na função de planejamento, o gestor deve definir as metas e a estratégia geral para atingi-las, além de um conjunto abrangente de planos para integrar as atividades. Quanto maior o nível hierárquico do cargo, maior será a responsabilidade de planejamento. Já a função de organização inclui a definição de quais tarefas devem ser realizadas, quem irá realizá-las, como serão agrupadas, quem se reporta a quem e em quais instâncias as decisões serão tomadas. A função de direção resume-se em dirigir e coordenar as pessoas. Assim, quando no exercício de suas funções, os gestores estabelecem canais mais eficientes de comunicação e resolvem conflitos entre pessoas, exercem, portanto, a função de direção. As funções do administrador são, além da responsabilidade de garantir que as tarefas sejam realizadas como devem, monitorar o desempenho da organização e comparar essas mesmas tarefas com as metas previamente estabelecidas. Portanto, conclui Robbins (2012), que numa perspectiva funcional, os administradores planejam, organizam, dirigem e controlam. Tabela 1. Funções básicas do administrador. Fonte: ROBBINS, S. P.; JUDGE, T. A.; SOBRAL, S., 2012, p. 2-3. (Adaptado). Em 1980, ao estudar o perfil de executivos a fim de determinar o que eles faziam, segundo Robbins (2012), Mintzberg concluiu que os gestores desempenham dez papéis que se interconectam. Resumindo-os em três grupos: (a) papéis interpessoais, (b) papéis informacionais e (c) papéis decisórios. Para Jacob Levy Moreno, criador da teoria dos papéis, conforme assinala Gonçalves e outros autores, os papéis compreendem unidades de ação e representação, sobretudo com relação às funções sociais exercidas em determinado momento. Moreno afirma, ainda, que o papel “[...] é a forma de funcionamento que o indivíduo assume no momento específico que reage a uma situação, na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos” (1988, p. 66). Portanto, tratam-se de papéis os comportamentos e atitudes que uma pessoa tem dentro de seu repertório comportamental e relacional e como ela age em cada situação, sob diferentes exigências. Esses podem ter diferentes modelos como, por exemplo, o papel de pai e mãe, o papel de amigo, o papel de colaborador e o papel de gestor. A atuação em cada papel, desde as decisões a serem tomadas até os comportamentos e ações necessários, vai depender do momento e do contexto que cada papel exigir de determinadas expectativas. Ao tratar dos papéis do gestor, Mintzberg apresentou uma proposta até então pouco vista dentro das organizações: os aspectos psicossociais da administração, em específico, aqueles necessários para que os gestores executassem suas tarefas de planejamento, organização, direção e controle. Na medida em que é exigida do administrador a condução de um grupo de pessoas com tarefas específicas, a fim de atingir os objetivos da empresa, suas habilidades interpessoais são extremamente importantes, sobretudo quando se trata de evitar os problemas que grupos e equipes mal administrados podem trazer para a organização. nciais foi Controlar a produção e a execução das tarefas de cada funcionário era, simplesmente, insuficiente para o negócio. As habilidades interpessoais, a visão sistêmica e da motivação humana, assim como a dinâmica do grupo e da equipe de trabalho, tornaram-se vitais para que o gestor pudesse atender melhor ao objetivo do seu cargo e do negócio. Conforme Mintzberg observou, os papéis interpessoais do gestor dizem respeito às atitudes e comportamentos do mesmo em meio às cerimônias, momentos simbólicos e frente a condução de grupos e equipes de trabalho. Assimcomo o papel que um reitor exerce na colação de grau dos formandos, trata-se do papel simbólico, que representa uma superioridade frente a um grupo de jovens profissionais que estão mudando de fase em suas vidas. Na direção de uma equipe, o papel exigido é o de líder. O gestor deve promover o treinamento, a capacitação, a motivação e a disciplina dos seus funcionários. O terceiro papel interpessoal é a capacidade de ser elemento de ligação entre as necessidades de sua equipe e o restante da organização, a capacidade de estabelecer relações ou networking que traga à sua equipe e à sua gestão informações importantes dentro empresa. Os papéis informacionais do gestor cunhados por Mintzberg são mais amplos e dizem respeito aos conhecimentos e informações que ele deve ter sobre o mundo corporativo, a política nacional e internacional, especialmente dentro da área em que trabalha. Geralmente tais conhecimentos são obtidos por meio da mídia, internet, palestras e atualizações ou conversas com outros profissionais. Ou seja, o gestor usa a habilidade de monitoramento. Ele também deve ser um disseminador das demandas externas captadas pela sua capacidade de monitoração para a equipe e para a organização, especialmente em assuntos que sejam importantes para o sucesso do negócio. Por outro lado, ele também representa o papel de porta-voz da organização, representando-a na comunidade externa e também em outras organizações, auxiliando no repasse de informações e na disseminação da cultura e boa imagem da empresa. Nesse papel, seu foco é ser um especialista na atuação dentro do ramo econômico da organização, informando sobre planos, políticas, ações e resultados alcançados. O último papel gerencial de Mintzberg, segundo Robbins (2012), versa sobre os papéis decisórios do administrador. Quando exercem o papel de empreendedores, os gerentes têm como função principal iniciar e supervisionar novos projetos. Como gerenciadores de turbulência, devem, diante de diversos problemas e imprevistos, tomar atitudes corretivas. Como alocadores de recursos, sua responsabilidade é pela alocação e destino corretos dos recursos físicos, humanos e financeiros. Enquanto negociadores, discutem e negociam com as demais unidades da organização ou com outras, a fim de garantir vantagens competitivas. Como pode ser observado, os papéis exigidos na função administrativa, ou seja, as funções em que o indivíduo deve assumir em momentos específicos para responder de forma adequada às mais diversas situações, exige uma flexibilidade, jogo de cintura, espontaneidade e criatividade que devem estar bem desenvolvidas no gestor. Ao mesmo tempo é esperado ter excelente relacionamento interpessoal, capacidade de obter e disseminar informações importantes, internamente ou externamente e tomada de decisões. Papéis dos administradores segundo Mintzberg, conforme Robbins (2012): Outra maneira de considerar o que os gestores devem fazer é analisando as habilidades e competências que precisam para desempenhar com excelência suas funções e atingir os resultados esperados pela organização. Segundo Robbins (2012), é possível identificar várias competências que distinguem os gestores eficazes dos ineficazes. Robbins divide então, em três as habilidades importantes para o administrador. São elas: (a) habilidades técnicas, ou hard skills, (b) habilidades humanas e (c) habilidades conceituais, as chamadas soft skills. As habilidades técnicas são mais facilmente adquiridas por meio de estudo, realização de cursos ou atualizações. As habilidades chamadas de soft skills, dependem de fatores como vivenciar as situações específicas a fim de saber se o gestor consegue ou não garantir essa competência no seu repertório comportamental. Por exemplo, a habilidade de negociação é uma competência comportamental ou soft skill. Imagine a seguinte situação: uma cliente de um restaurante fast-food está extremamente irritada com a demora na entrega do seu lanche. A fila está enorme e os atendentes cansados, estressados e para piorar a situação da equipe composta por 12 colaboradores naquele turno, dois se ausentaram (uma caixa e o segurança da unidade). Devido à demora, a cliente pede para falar com o gerente, que além de coordenar as atividades da linha de produção de sanduíches, ainda acumulou a função de dar suporte aos caixas. Diante da demanda da cliente, ele vai atendê-la de prontidão, deixando as duas caixas na recepção e cobrança dos pedidos. Nessa situação hipotética, ter os conhecimentos técnicos de como funcionam os equipamentos, tanto da cozinha quanto dos eletrônicos, bem como o caixa, o painel de controle de produção e pedidos entregues, além do estoque abastecido, não serão suficientes para a resolução do problema. A situação de estresse e desgaste gerado pode potencialmente alimentar a ansiedade e sobrecarga da equipe, que cometerá mais erros e o efeito cascata estará instalado. A habilidade interpessoal de negociação, gerenciamento de turbulências, e de ser um símbolo de autoridade com o uso do respeito verdadeiro às demandas da cliente, serão de extrema importância para a resolução do caos instalado. A equipe, se sentindo segura em ter um gestor sem ansiedades no controle, sentirá que a pressão não recorre sobre eles, mas sobre as tarefas, fator extremamente motivador para que a cadeia de produção de sanduíches volte a funcionar em ritmo adequado, com menos erros e satisfazendo às expectativas dos clientes. Tabela 2. Habilidades dos administradores segundo Robbins. Fonte: ROBBINS, S. P.; JUDGE, T. A.; SOBRAL, S., 2012, p. 5. (Adaptado). Uma pergunta se faz muito relevante: o que distingue os gestores eficazes dos ineficazes? Ou, os administradores que sobem mais rapidamente na organização, executando as mesmas atividades, daqueles que fazem o melhor trabalho? Conforme Robbins (2012), pesquisadores estudaram um grupo de mais de 450 gestores. Foram encontradas quatro atividades comuns a todos. 1 GESTÃO TRADICIONAL: Tomada de decisões, planejamento e controle; 2 COMUNICAÇÃO: Troca de informações rotineiras e atividades burocráticas; 3 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS: Troca de informações rotineiras e atividades burocráticas; 4 NETWORKING: Socialização, comportamento político e interação com pessoas externas à organização. EXEMPLIFICANDO Você sabe o que é networking e qual a sua importância para a carreira dos profissionais? Networking significa conexão com outras pessoas, portanto, exige dos gestores habilidades sociais, políticas e de interação. Por meio dele, as pessoas são capazes de conhecer umas às outras profissionalmente. O networking não é realizado apenas pessoalmente, existem redes sociais especializadas em networking corporativo, como o LinkedIn. O networking, pessoal ou virtual, pode trazer vários benefícios para a sua carreira, corroborando os achados de Robbins. Para tanto, é importante desenvolver as habilidades sociais, políticas e relacionais, tão importantes na figura de um gestor de equipes. Kets de Vries (2014) dá a dica: as pessoas com inteligência emocional e habilidades interpessoais possuem redes sociais mais amplas que a maioria das pessoas, dentro e fora da organização. Por meio dessas redes, elas criam capital social, acesso à informação, apoio e conhecimento, itens cruciais para a efetividade a longo prazo. Portanto, você acha que praticar o networking pode trazer benefícios para a sua carreira? Usando como parâmetros três graus de eficácia dos gestores, conforme Robbins, (2012), compreendeu-se: (a) média dos gestores; (b) gestores bem- sucedidos; e (c) gestores eficazes. Entendeu-se, dentro do grupo de administradores estudados, que os bem-sucedidos eram aqueles que recebiam promoções mais rapidamente dentro da organização. E os gestores eficazes como aqueles que seus subordinados apresentavam, tanto em qualidade quanto em quantidade, desempenhoe satisfação adequados. A estratégia do primeiro era focada, na maior parte do seu tempo, em realizar networking, enquanto a do segundo, na comunicação seguida pela administração dos seus recursos humanos. A figura do administrador veio acompanhando a evolução das organizações. Enquanto havia pouca variabilidade de produtos e serviços, também havia poucas estratégias de gestão uma vez que conseguiam, a contento, assegurar os resultados esperados de desempenho e produtividade. Com o incremento tecnológico, o aumento da carga de trabalho, a multiplicação de setores de produção e a maior exigência por diversidade de produtos e/ou serviços, necessitados por pessoas físicas e jurídicas, bem como organizações governamentais, as habilidades gerenciais também se ampliaram. Um bom gestor deve congregar tanto as habilidades básicas (planejamento, organização, direção e controle), quanto as habilidades interpessoais, informacionais e decisórias. CONTINUE Diferença entre chefes e líderes Qual seria, afinal, a diferença entre chefes e líderes? Devido a multiplicidade da temática e a variação epistemológica de estudos do tema, não há uma única conclusão a respeito dessa diferença. O que existem são correlações entre uma pessoa que tem o poder de exercer influência buscando trazer melhores resultados. A figura do chefe, muito ligada à visão de desempenho e produção taylorista, controla, organiza e busca que seus funcionários não cometam erros, sem no entanto, procurar entender suas necessidades, fazer a gestão de sua equipe, motivando-os a produzir cada vez mais e melhor, inovando e buscando soluções conjuntas. Essa ainda é uma realidade muito frequente e, por vezes, necessária. Figura 4. Diferença entre chefes e líderes O que é fato notório é que líderes são pessoas com melhor adaptação social e que estão sempre em busca da autorrealização. Trata-se de indivíduos congruentes com os seus objetivos, desejos, capacidades, sonhos e perspectivas de atuação profissional, o que os capacita a ter habilidades interpessoais bem desenvolvidas. Robbins (2012, p. 360), defende que nos dias de hoje as organizações precisam de liderança e administração fortes. Ele pontua que a administração diz respeito ao gerenciamento da complexidade, trazendo ordem, consistência, planos formais e estruturas rígidas de monitoração dos resultados. É a figura do conhecido “chefe”. Conclui, ainda, que tanto a liderança quanto a administração são importantes e têm seu momento certo de aplicação. Os líderes desafiam o status quo, criam visões de futuro e são capazes de inspirar os membros da organização a querer realizar essas visões. No entanto, as organizações também precisam de gestores capazes de elaborar planos detalhados, estruturas organizacionais eficientes, bem como gerenciar as operações do dia a dia. O INDIVÍDUO NA ORGANIZAÇÃO A figura do líder está diretamente relacionada a uma figura pessoal. Num mundo que tem apresentado cada vez mais estímulos e escolhas voltadas ao indivíduo, encontram espaço aqueles que conseguem se ajustar às demandas sociais sem, no entanto, se desgastar em demasia nessa adaptação psicológica. As decisões de uma vida adulta são influenciadas por pequenas decisões tomadas desde a infância. O desempenho escolar e a adaptação social são algumas delas. A autovalorização, enquanto maneira de encarar positivamente a si mesmo frente aos desafios do mundo, é a base da autoestima. Para Bergamini e Tassinari (2008), atribuir-se valor não é um processo tão simples, exige autoconhecimento e capacidade de aferição pessoal, ou seja, habilidades desenvolvidas o suficiente para que se possa reconhecer pontos fortes e limitações pessoais. Dessa forma, os indivíduos conhecidos como equilibrados psicologicamente confirmam as pesquisas, são os que melhor e mais adequadamente se conhecem e se valorizam. Trata-se de pessoas capazes de se aceitar, de forma confortável como realmente são, sem cultivar, por isso, sentimentos de vergonha ou orgulho inoportunos. Estão em equilíbrio consigo mesmas. De acordo com Bergamini (2008), a autoestima é a junção da autoeficácia com o autorrespeito. A autoeficácia é a crença interna de que o indivíduo pode atingir aquilo que programou para si. Pessoas com boa autoeficácia conseguem experimentar se dominam algo, o que os predispõem a acreditar que podem ter sucesso futuro em outras áreas e em outros desafios potenciais. Já o autorrespeito, é um sentimento profundo com relação ao próprio valor, saber quais são seus limites de atuação pessoal e profissional, bem como onde e quando pode desenvolvê-los, são suas características. Quando o autorrespeito é adequado, o indivíduo dispensa a necessidade de aprovação dos outros e tem orgulho das suas realizações. A autora defende ainda, numa perspectiva de adaptação do sujeito à realidade, que a autoestima adequada não deve estar nem acima, tampouco abaixo daquilo que cada um realmente vale. Assim, o sentimento de valor de cada um, deve estar bem próximo do seu real valor. Não existem os extremos de narcisismo ou vangloriação, nem rebaixamento do valor próprio, se depreciando constantemente. A autoestima excessivamente alta tende a fazer com que o indivíduo considere os demais como inferiores. O trabalho ocupa uma parte importante para a autoestima do sujeito e consequente sua motivação. Segundo Muchinsky (2006), o trabalho traz senso de identidade e de valor ocupacional, estando estritamente ligado ao seu estado de bem-estar psicológico e à autoestima. O trabalho tem um papel social muito importante na vida de cada um, no entanto, o valor que o indivíduo dá ao trabalho, varia de pessoa para pessoa. O modelo de Ryff e Keyes (1995), citado em Bergamini (2008), mostra os seis componentes do bem estar. São eles: Tabela 3: Componentes do bem-estar conforme Ryff e Keyes. Fonte: BERGAMINI, C. W; TASSINARI, R., 2008, p. 5. (Adaptado). A autora acrescenta ainda o conceito de autoimagem como importante para o bem estar pessoal. Defende que a autoimagem tem grande influência no desempenho de cada pessoa, especialmente em situações de trabalho, levando a um bom cumprimento das tarefas. As pessoas que têm verdadeiramente um valor próprio e congruente consigo mesmas, ou seja, com suas capacidades, seus defeitos e seus limites e estão satisfeitas com suas decisões no trabalho, tendem a se manter mais motivadas e desafiadas frente às dificuldades. Corroborando com os achados de Bergamini e Tessalari, Kets de Vries (2014) é categórico ao afirmar que psicólogos, psiquiatras, psicanalistas e coaches, em sua grande maioria, defendem que um indivíduo saudável é aquele que consegue operar em sua capacidade máxima. Seus papéis profissionais são os de justamente, ajudar as pessoas a fazer o seu melhor. Para tanto, encorajam seus pacientes a se aprofundarem em seu autoconhecimento, seus objetivos e motivações, e a compreender melhor seus pontos fortes e fracos. A ênfase específica de cada um deles, respeitadas as especificidades e indicações, está em ampliar as áreas de escolha dos indivíduos, oferecendo-lhes maior liberdade para que possam fazer suas opções de modo independente em relação a possíveis forças alheias à sua própria compreensão e controle. De modo didático, Kets de Vries coloca que o indivíduo saudável é aquele que congrega algumas características. Em primeiro lugar, eles possuem um senso de identidade e maior capacidade de testar a realidade. Ao lidar com o mundo exterior, eles podem contar com uma gama de mecanismos de defesa mais desenvolvidos e adaptados às demandas sociais. Assumem responsabilidade por suas ações em vez de simplesmente culpabilizarem terceiros por eventuais problemas. Em segundo lugar, indivíduos sadios possuem uma percepção precisa tanto da sua imagem como de seu funcionamento corporal. Não sofrem distorções cognitivas que os levam a se envolver em atividades autodestrutivas. Elesexperimentam uma ampla gama de emoções, vivem de maneira intensa e são passionais em relação a tudo que fazem. Se sentem confortáveis com a própria sexualidade e sabem como lidar com a ansiedade. Não perdem o controle com facilidade e não costumam tomar atitudes impulsivas. Em terceiro lugar, o autor destaca que pessoas saudáveis conseguem estabelecer e cultivar relacionamentos saudáveis, sabendo quando precisam pedir ajuda e conselhos à uma rede de apoio cultivada com intimidade e reciprocidade. O quarto ponto é saber lidar com questões de dependência e separação. Durante seu processo de desenvolvimento, enfrentaram de maneira construtiva um processo de individualização, sem pular etapas ou enfraquecendo seu eu. Entendem a diferença entre interdependência e apego. Um forte senso de identidade dá a elas a força necessária para lidar com os problemas e desapontamentos próprios da trajetória humana. Sabem lidar com a momentos de luto, ou seja, superar as perdas. Em quinto lugar, os indivíduos saudáveis sabem lidar com ambiguidades. Eles não interpretam pessoas ou situações como polarizadas, ou seja, em termos definitivos (bom e mau, branco ou preto, tudo ou nada). Possuem a capacidade de avaliar as pessoas e os eventos de maneira equilibrada. Não usam pessoas como bodes expiatórios. Sentem-se preparados para não se conformar a toda e qualquer situação, conseguem não se abater, mantendo- se divertidos. Tendem a enquadrar sua situação e sua percepção em experiências positivas. Conseguem construir uma visão positiva do futuro e mantêm um forte senso de esperança em relação ao que está por vir. Por fim, esses indivíduos encontram-se sempre abertos à autorreflexão e à autoanálise, dispondo de motivação para investir tempo em um processo de desenvolvimento pessoal além de pedir auxílio quando necessário. Desta forma pode-se perceber o quanto indivíduos desajustados podem ser prejudiciais em ambientes de trabalho. O autor ainda defende que líderes desajustados promovem um ambiente negativo e insatisfatório. Suas equipes e organizações são sistematicamente neuróticas, apresentando sintomas que variam da insatisfação à improdutividade e incapacidade. Nestas equipes, é fácil encontrar alto absenteísmo, rotatividade, alto nível de aflição, insatisfação e estresse que superam as condições normais de trabalho. Nestas equipes é fácil encontrar mecanismos de defesa que refletem comportamentos agressivos, roubos, prejuízos ao patrimônio da organização, podendo chegar à violência física e verbal. ESTILOS DE LIDERANÇA O fenômeno da liderança apresenta um espectro muito grande de vivências e formas de atuação. Na literatura especializada da área não existe um consenso do que seja um líder, mas sim, várias corroborações que podem auxiliar o administrador no exercício da liderança e da gestão de equipes. Não há uma única resposta para a pergunta “Como fazer para ser um líder excepcional?”. Ao contrário de ciências como a matemática, a física e a química, a ciência humana parte de uma epistemologia diferente. A administração e a psicologia organizacional pertencem a vertente de ciências humanas aplicadas, as quais permitem diversas teorizações para um mesmo fenômeno. A liderança, a motivação, o desenvolvimento de grupos e equipes, a adaptação do sujeito ao trabalho, sua satisfação, comprometimento e desempenho, são constructos interdependentes e que demonstram o quão complexa é a área. A capacidade do líder de fazer uma autorreflexão sobre sua própria atuação, bem como a de realizar um diagnóstico verdadeiro sobre a gestão da sua equipe, tornam o exercício da liderança algo vivo, em constante movimento. Entender a dinâmica e o funcionamento dos grupos de trabalho, as diversas facetas da liderança e quando cada uma delas se enquadra melhor, auxiliará o gestor na sua função de administrador com seus papéis específicos e habilidades. Uma das principais habilidades humanas é a imitação, portanto, quando Kets de Vries explana que um líder disfuncional construirá uma equipe disfuncional, por vezes admite que até a psicopatologia para a organização se dá também pela imitação do líder. ASSISTA Sobre liderança disfuncional, superação de limites, adaptação e amadurecimento profissional, o filme O diabo veste prada (2006) pode trazer bons insights sobre momentos de carreira, apoio social, mundo corporativo e liderança situacional. Nele, a personagem Andrea Sachs, jovem jornalista recém-formada e de excelente currículo acadêmico, aceita trabalhar como assistente da presidente da revista Runway, Miranda, mesmo com um salário que não é capaz de abarcar seus gastos, por almejar sucesso profissional futuramente. Em meio a tantas tribulações pessoais e profissionais, Andrea vivencia diversas experiências profissionais, dilemas pessoais e conflitos internos. O filme pode trazer excelentes insights a respeito de carreira e liderança. Vale a pena assistir e refletir sobre questões, como exemplo: O que você faria se se encontrasse num dilema profissional que envolvesse escolhas de carreira, necessidades pessoais e financeiras e conflitos éticos- morais? Como a liderança é prejudicada por personalidades neuróticas e com altas necessidades egocêntricas? ASSISTA Para evitar ou amenizar (dentro das possibilidades e da cultura da organização) as dificuldades em conseguir aplicar, da melhor maneira possível, as diversas ferramentas e concepções que o administrador tem sobre liderança e a motivação de grupos e equipes, a fim de procurar garantir seu máximo desempenho, se faz necessário estabelecer e dominar, internamente, os diversos conceitos e aplicações práticas da área. Lembrando que isso auxilia https://www.youtube.com/watch?v=DgAWG0CrGTM não só o profissional gestor de equipes, mas também aqueles que desejam ser membros. Basicamente, a liderança é um exercício de influenciar as pessoas a fazerem aquilo que é necessário, sejam os objetivos departamentais a nível micro ou os organizacionais, a nível macro. Conseguir ter proficiência nesta habilidade exige um autoconhecimento, uma autoestima adequada e uma percepção realista de sua autoeficácia. A liderança pode ser realizada de duas maneiras: formalmente, ou informalmente. Quando a organização estabelece, dentro da sua estrutura e nomeia a figura de um líder, estamos diante da liderança formal. Muitos gestores de equipe permeiam entre a função de chefia, noção taylorista das atividades do administrador, até a liderança moderna, situacional, enquanto estabelecem diversos processos para influenciar as pessoas. Conforme Robbins (2012), a liderança enquanto capacidade de influenciar um conjunto de pessoas a alcançar metas e objetivos, diz respeito a um gerenciamento da mudança. Os líderes, segundo o autor, estabelecem direções por meio do desenvolvimento de uma visão do futuro e com isso, engajam as pessoas informando essa visão e inspirando cada um a superar as dificuldades. Como pode ser observado, o líder não tem a resposta para tudo, ele entende que a equipe é capaz de produzir resultados muito maiores que as pessoas individualmente separadas. A origem dessa influência pode ser formal, quando conferida pela organização, num cargo de direção, por exemplo. A liderança informal, por sua vez, está ligada às conexões realizadas dentro do grupo de pessoas e o surgimento de uma figura que tem a capacidade de exercer influência nas demais. É o chamado líder informal. Reconhecer a importância da liderança informal, não sancionada pela organização, nomeada por um cargo de chefia, direção, coordenação, supervisão, etc., torna o líder melhor capacitado para entender a dinâmica que ocorre nas relações dentro do seu grupo de subordinados. Conforme Robbins (2011), o fato de a liderança ser sancionada pela organização, empossando nos gestores uma autoridade formal, não lhes garante uma capacidade de liderança eficaz. Afinal, a liderança não sancionada,que emerge de fora da estrutura da organização, por exemplo, que nada mais é do que os membros das equipes que exercem influência nos pequenos grupos, pode ser tão importante quanto a influência formal. Entre os estilos de liderança, destaca-se a atuação do grupo frente aos métodos usados pelo líder. A estrutura do grupo refletirá como o líder exerce seu poder de influência no planejamento, na organização, na direção e no controle das atividades do trabalho, bem como seu repertório de papéis interpessoais, informacionais e decisórios. Segundo Minicucci (2011), o primeiro perfil de líder é o autocrático, dividido em autoritário ou paternalista. O estilo autoritário utiliza sua autoridade para atuar como dirigente e tomar decisões em nome do grupo. Não permite ao grupo participação alguma na tomada de decisões. O líder autoritário determina os programas da equipe, faz os planos mais importantes e centraliza os conhecimentos e passos futuros, ditando as atividades dos membros e o padrão de inter-relações. Encarrega-se de premiar e castigar. O líder autoritário não tem confiança que as pessoas do grupo possam contribuir na tomada de decisões, tampouco nos objetivos da equipe e do negócio, além de não acreditar que as pessoas possam vencer dificuldades. Devido a isto, há uma forte tendência dos líderes autoritários a produzirem subordinados imaturos e dependentes, que não conseguem tomar decisões. Nesse tipo de estrutura grupal, a soma das pessoas não é maior que o todo, não há potencialização para superar dificuldades, sendo grupos e líderes mais adequados em projetos com baixo conflito e competitividade, e estabilizados em suas vertentes de atuação. O segundo tipo de liderança autocrática é o líder paternalista. Segundo Minicucci (2011) é muito comum encontrar esse estilo em organizações governamentais, empresas e entidades religiosas. O paternalista é amável, paternal, cordial ante as necessidades dos seus subordinados, encara-os como seu “rebanho”, no entanto, sente que deve tomar as decisões mais importantes em nome do grupo e pelo bem do grupo. Ele evita discórdias e produz um clima de grupo feliz e efetivo. O líder paternalista evita os conflitos, não permite que as turbulências e dificuldades sejam realmente trabalhadas por todos, o que faz com que poucos consigam adquirir experiências verdadeiras ao cometer erros e resolver problemas. Este controle excessivo sobre seus liderados, bem como o tratamento amável que devota, demonstra que ele teme entregar seu cargo a outra pessoa, pois nunca está seguro de que alguém possa conduzir seu grupo com tanta dedicação, eficiência e proteção. Outro tipo de liderança é o permissivo ou laissez-faire. Parte da premissa que todos os membros do grupo têm igual capacidade de tomada de decisões, controle, planejamento ou de dirigir as atividades objetivas do grupo. Nos grupos de trabalho, a liderança permissiva conduz frequentemente a experiências insatisfatórias. O objetivo da liderança permissiva é de permitir que os liderados aprendam habilidades importantes, compartilhem conhecimentos e se desenvolvam. Essa característica torna a liderança permissiva muito mais eficaz em grupos terapêuticos, grupos de desenvolvimento de coaching e em treinamentos com líderes externos ao grupo. A liderança participativa ou democrática, segundo Minicucci (2011), é a liderança que mais permite a participação dos liderados, dividindo entre eles as tarefas e atividades, além de os fazer compactuar com respeito e consideração verdadeiros uns aos outros e se comunicarem de forma assertiva, encarando os conflitos como oportunidades de crescimento. Este tipo de liderança democrática torna as relações interpessoais agradáveis, o que facilita uma base sólida para a resolução de problemas em ambientes bastante dinâmicos e com pouca previsibilidade. No entanto, a liderança democrática, propriamente dita, é melhor utilizada com equipes de trabalho com alta sinergia, ou seja, com consideração e respeito verdadeiros pelas capacidades e fraquezas uns dos outros, com um sentimento de pertencimento que gera coesão e com canais de comunicação abertos para todos os lados. Para tanto, seus membros devem dispor de elevado nível de autoconhecimento, autoestima e autoeficácia. Embora existam alguns estilos de liderança que de alguma forma, dependem do contexto, da estrutura e da capacidade, tanto da equipe quanto da organização, a utilização das teorias da liderança e os conhecimentos devem ser realizados de forma sistêmica. Minicucci (2011), discorre sobre o comportamento do líder, que se pode observar duas estruturas gerais e comuns a todas as lideranças: Tabela 4: Estilos de liderança apropriados aos contextos e equipes. Fonte: MINICUCCI, A., 2010, p. 308-309. (Adaptado). Baseado nessas duas orientações, Reddin, citado por Minicucci (2010), identificou quatro variações de estilos comportamentais dos líderes conforme a combinação dos comportamentos: (a) Orientado para tarefas e (b) Orientado para relações. O autor identificou os seguintes estilos de liderança: A liderança é um exercício constante de adaptação ao contexto organizacional, à cultura da empresa, bem como ao grupo de trabalho. O estilo do líder vai depender da sua própria capacidade e das suas habilidades e competências já desenvolvidas. De maneira geral, o líder pode variar de estilo a depender das circunstâncias. Adequar o estilo às circunstâncias, no entanto, depende do repertório comportamental do líder, especialmente frente aos grupos de trabalho que dele dependem e dos resultados esperados. Passar por processos de desenvolvimento de liderança, como o coaching ou desenvolvimento interpessoal, por meio de psicoterapia, podem auxiliar os gestores e as empresas a garantirem melhores resultados. NOÇÕES BÁSICAS DA DINÂMICA GRUPAL DO LÍDER O conhecimento e a habilidade de gerência do gestor, em seu papel de líder sobre os grupos que lhe são subordinados, apontam para a capacidade em conduzir pessoas de forma natural, conforme as características e normas próprias dos diferentes grupos, aponta Bergamini (2011). A autora ainda evidencia que é esperado do verdadeiro líder, conseguir que o grupo seja produtivo frente aos objetivos e expectativas da unidade ou departamento. Quando os resultados são alcançados, os membros do grupo se sentem satisfeitos, cabendo, portanto, ao gestor a responsabilidade de garantir a moral e o bem-estar dos membros que se acham sob sua direção. Dessa forma, o líder deve estar sempre atento no sentido de buscar e favorecer o ajustamento e o desenvolvimento de cada pessoa dentro do contexto grupal no qual se encontram. Fica claro para a autora que a principal missão do líder é poder contar com sua habilidade de coordenar atividades de cada membro, a fim de que a produtividade grupal flua de maneira normal, utilizando-se principalmente de suas habilidades interpessoais. Os grupos são entidades vivas. Um conjunto de pessoas buscam realizar tarefas específicas ao percorrer um objetivo comum (normalmente ligado aos objetivos do negócio). Ao compreender os fenômenos grupais, o gerente estará mais capacitado para lidar com problemas que possam surgir, bem como cuidar da motivação e produtividade dos seus subordinados. Mourin e Aubé (2009), ao utilizar a teoria de Sartre, sobre a formação dos grupos, trazem importantes constatações sobre a atuação do líder e os mecanismos grupais. Sartre distinguiu dois conceitos, um deles, denominado de coletivo, enquanto agrupamento de pessoas, é um conjunto de indivíduos reunidos em um mesmo local que estão ligados por relações pessoais. No entanto, tais relações são superficiais, muitas vezes sem mesmo conhecer uns aos outros. Por exemplo, um agrupamento de pessoas numa sala de cinema com o objetivo de assistir determinado filme. Os coletivos, portanto, são um conjunto de pessoas sem inter-relaçõesde trabalho. O coletivo é prático, uma vez que cada membro deste conjunto de pessoas permanece estranho um para o outro e inerte, sem estabelecer relacionamentos interpessoais verdadeiros. O grupo, ao contrário do coletivo, é um meio de ação comum. Todos partilham de um objetivo, projeto, por um movimento contínuo de integração das ações individuais em busca do resultado. Em um grupo, cada membro é ativamente responsável pelo projeto comum e comprometidos com a sua realização. Os graus de intimidade no grupo, no entanto, podem variar, desde uma relação instrumental que serve aos objetivos comuns colocados, até uma relação íntima, que transforma os sentimentos comuns em metas compartilhadas e numa comunicação genuína. Os membros se agrupam, ou seja, o grupo nasce, segundo Sartre, citado por Mourin e Aubé (2009), quando cada membro se sente desprotegido ou ameaçado, como também para garantir necessidades individuais. Essa defesa, na realidade, faz o coletivo de pessoas se tornar um grupo. Por exemplo, em relações empregatícias, em que a subsistência dos indivíduos depende de alcançar os objetivos da organização empregadora. Essas defesas nascem, também, quando um grupo ou departamento, liderados por um gestor, tem uma nova missão, um projeto a ser alcançado, ou até mesmo para responder as tarefas de rotina (objetivos da empresa). Portanto, um estímulo faz o coletivo de pessoas, que é inerte, ter ações integradas, por ordem do administrador. Para o gestor, é importante saber que, no grupo, a energia dos indivíduos oscila constantemente entre estados de inércia e estados de ação. Momentos em que os membros se fecham ao grupo, por exemplo, quando o funcionário para sua rotina de trabalho para realizar tarefas pessoais, depois retorna a estar aberto aos objetivos do grupo, por exemplo, realizando a inclusão de dados no sistema. Para o administrador, conseguir manejar esse mecanismo grupal de inércia, ação é de extrema importância, pois dita diretamente a produtividade. Desse modo, existem três fases que o grupo, enquanto organismo social vivo, passa constantemente: (a) o coletivo, (b) o grupo estatutário e (c) o grupo organizado. Quando o gestor apresenta um estímulo, por exemplo, verifica se o projeto “X” está com seu cronograma em dia, ele movimenta a inércia grupal. Movimenta os mecanismos de defesa dos indivíduos que, se estavam dispersos, voltam a se organizar e focar nas tarefas importantes para atingir a meta comum. De maneira geral, a partir do momento em que o grupo precisa agir, consequentemente cada indivíduo integrante percebe um novo interesse comum, ou teme um novo perigo e, para buscar sobreviver, se une aos demais para atingir a meta. O gestor deve então ter em mãos os estímulos necessários para garantir a continuidade da produção. A tendência dos grupos organizados é retornar ao estado de inércia. Devido a esse fato é de extrema importância que o gerente tenha em mãos, estímulos ligados aos objetivos do departamento e, por conseguinte, aos do negócio para que sempre mantenha o movimento de inércia, ação ativado. No estágio de grupo estatutário, ou seja, entre o estado de inércia e ação definitiva, o grupo ainda não amadureceu internamente, tanto em relação aos seus objetivos comuns, quanto a organização das relações e dos papéis de cada membro, como também quanto à consciência que um interdepende do outro e que todos partilham de um sentimento de pertencimento grupal. É um estágio comum em grupos novos, uma vez que ainda não conseguiram estabelecer um contrato ou um juramento de filiação. Quando se atinge esse estágio de filiação verdadeirs e uma segurança de que o grupo não é mais algo temporário, mas sim uma união de pessoas com uma estabilidade, o grupo começa seu amadurecimento e tende a se tornar mais constante, a dispersar e se imobilizar menos. O grupo se torna um grupo organizado quando os membros com poder emergem e para defender suas necessidades e interesses, por exemplo, o salário, a motivação, o bem-estar, as promoções, etc., são capazes de defender o grupo contra tendências de desorganização grupal e de regressão ao estado de inércia, estabilidade. Por isso, o gestor deve sempre ser capaz de fazer o grupo se movimentar internamente para garantir que ele permaneça em ação constante. Uma vez no estágio de grupo organizado, todos os membros conseguem defender a existência do grupo, o porquê de atingir as metas em comum e terem explicitamente um juramento de filiação grupal. Retornando ao exemplo da equipe de trabalho no restaurante fast-food: a situação apresentada era de ausência de dois funcionários, sobrecarga do gerente, que acumulava atividades, demora na linha de produção de sanduíches e, consequentemente, insatisfação com reclamação dos clientes (o que minava a moral da equipe, aumentava seus erros e retrabalho). Que tipo de ações o gerente deve ter em mãos para garantir que o grupo esteja na fase de grupo organizado, em constante produtividade e ação, em contrapartida à tendência a retornar a inércia de desmotivação? Partindo da premissa que o gerente e sua equipe conseguiram garantir o estoque adequado de suprimentos e funcionamento dos equipamentos, não haveria motivos para um absenteísmo de 20%. Em se tratando de algo rotineiro, podem haver problemas de integração e motivação da equipe. O líder, portanto, deve lançar mão de estratégias para verificar o que está desmotivando sua equipe e tentar resolver. Pode ser ausência de treinamento e conhecimento ou então um clima organizacional pesado, com muita tensão e excessiva cobrança, o que gera sobrecarga e insatisfação ou mesmo o gestor pode estar alocado numa equipe inadequada ao seu estilo. Pensando no exemplo dado no início da unidade, e fazendo um paralelo com o conteúdo da Figura 5, é possível concluir que uma gestão eficaz de equipes fará com que o gerente delegue atividades, como, por exemplo, assar 15 hambúrgueres a cada cinco minutos, fritar 2kg de batata frita ao mesmo tempo e atender a clientela no tempo estipulado pela demanda (por exemplo, de 15 hambúrgueres e 2kg de batatas a cada 15 minutos), fazendo com que o restaurante não tenha filas e diminuindo as reclamações pela demora e falta de qualidade do serviço. Se os pedidos aumentarem, por exemplo, para 20 hambúrgueres a cada 15 minutos, a equipe deverá se adaptar à nova demanda, por vezes sendo necessário que o gestor contrate mais funcionários. A condução do grupo deve estar sob controle da liderança que, em resumo, deve delegar funções, estipular prazos, atribuir atividades, medir desempenho, e verificar os budgets de desempenho e necessidades de melhoria. Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos lá?! SINTETIZANDO Na presente unidade, conseguimos trabalhar o perfil do gestor antigo e as responsabilidades do gestor atual usando as estratégias de liderança de equipes. O gestor do passado era voltado para a direção, o controle e buscava evitar os erros dentro de uma linha de produção. Os funcionários ideais deveriam atender às necessidades do trabalho e não havia espaço para a análise das demandas psicossociais, como as necessidades pessoais nos grupos e equipes de trabalho. Ainda hoje vemos a figura do gestor taylorista, especialmente em instituições com elevada rotina de tarefas, baixo nível de competição e elevada estabilidade dos negócios. Para tanto, devido ao aumento da competitividade e diversificação dos mercados, as habilidades do gerente também precisaram evoluir. Com os estudos das funções dos administradores: planejar, organizar, direcionar e controlar, o gestor é capaz de ter habilidades básicas de gestão ou hard skills. Os papéis dos administradores de relacionamentos interpessoais, informacionais e decisórios, elevam as capacidades e ampliam o repertório comportamental dos líderes modernos, tornando-os capazes de resolver uma gama maior de problemas. Dessa forma, o gestordeve conciliar as habilidades técnicas e humanas de maneira a utilizar os conceitos na prática, desenvolvendo competências comportamentais ou soft skills. Gestores eficazes controlam seus recursos humanos e focam na comunicação com suas equipes, enquanto gestores que sobem rapidamente na carreira, utilizam estratégias de networking para alcançarem aquilo que almejam. Um gestor eficaz deve estar ciente de quem é, do que deseja, e o que lhe satisfaz. Personalidades com características de desadaptação aos contextos sociais, tendem a tornar-se gerentes inadequados e a provocar desestímulo, desmotivação, além de prejudicar os negócios. Para desenvolver gaps técnicos ou comportamentais, entretanto, existem estratégias de desenvolvimento da liderança, como o coaching para liderança e a psicoterapia. Gestores eficazes são capazes de influenciar melhor suas equipes a trazer melhores resultados para as organizações, a valorização dos mesmos só traz benefícios para todos, sejam clientes internos ou externos. A liderança é um fenômeno múltiplo e complexo. Existe ampla variedade de abordagens e um espectro amplo de ações que um gestor pode utilizar para exercê-la. Enquanto capacidade de exercer influência, sua utilização adequada vai depender do contexto, da organização, do grupo de trabalho e do estilo pessoal do líder. Esse, em particular, deve entender suas limitações, forças e fraquezas, assim como ser sincero consigo mesmo, colocando-se disponível para entregar os resultados que realmente está preparado em determinado momento. Isso lhe exige uma personalidade saudável, com sentimentos de autoestima, autoeficácia e autorrealização em níveis adequados. Variando os estilos autocrático, democrático e permissivo e adequando o foco sobre as pessoas ou tarefas, o líder consegue entender melhor em quais contextos deve utilizar os comportamentos, conhecimentos e atitudes de cada estilo, e verificar se aquele estilo condiz consigo mesmo, sobretudo, no atendimento às demandas por resultados. Os grupos, por meio de resultados, assim como os clientes, vão refletir a eficácia ou ineficácia do gestor. É importante que o administrador de equipes tenha o suporte do departamento de recursos humanos ou gestão de pessoas, a fim de promover as necessidades e tamponar os gargalos existentes. Por fim, uma das análises grupais eficazes é proposta por Sartre apud Mourin e Aubé (2009) e objetiva capacitar os gestores a analisar os grupos de trabalho, procurando entender as estratégias e mecanismos de desenvolvimento grupal, que variam em três estágios: (a) o coletivo, (b) grupo estatutário e (c) grupo organizado. O agrupamento coletivo é o primeiro estágio, e tem como característica a prática inerte, não gerando resultados organizacionais. O segundo estágio é o grupo estatutário, um momento que o grupo ainda não encontrou sua identidade e maturidade suficientes, demandando do líder maior atenção e promoção de estímulos reforçadores. O último estágio é o grupo organizado, momento no qual os indivíduos entendem o propósito de estarem unidos em torno de objetivos em comum e pactuam um juramento de filiação, tornando-se maduros o suficiente e conquistando maior autonomia na execução das tarefas em busca de resultados excelentes em cooperação. CONTINUE Unidade 1 Liderança: Teorias Introdutórias OBJETIVO DA UNIDADE TÓPICOS DE ESTUDO O GESTOR DO PASSADO: A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL HABILIDADES NECESSÁRIAS AO NOVO GESTOR O INDIVÍDUO NA ORGANIZAÇÃO ESTILOS DE LIDERANÇA NOÇÕES BÁSICAS DA DINÂMICA GRUPAL DO LÍDER SINTETIZANDO
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