Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ- UECE CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS – CESA CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DISCIPLINA: METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO ALUNO: CAROLINE XAVIER VALDIVINO Os Grandes Debates da Ciência Contemporânea – Demarcação Científica Neste ponto em que vamos debater a Ciência Contemporânea, entraremos nas diversas ideias do que pode ou não ser considerado conhecimento de científico. Entra em cena também um novo elemento que é o termo metafísica, um ramo do conhecimento ligado a filosofia que busca a compreensão da essência das coisas, daquilo que as faz serem como são, de forma que não obedece as formas de conhecimento científicas. Um grupo que ficou conhecido como Círculo de Viena publicou um manifesto que mostrava à comunidade a sua posição científica, que ficou conhecida como positivismo lógico, cuja a tese principal era a tese verificação, que algo só seria considerado científico se pudesse ser verificado. O grupo era formado por cientistas, filósofos e matemáticos e os mesmos afirmavam que a ciência deveria ser lógica e matemática. Por conta de muitas das leis propostas pelos mesmos não poderem ser verificadas o filósofo do grupo, Rudolf Carnap procurou criar um novo termo para determinar seus enunciados científicos, o confirmacionismo. Onde as teorias seriam confirmadas por meio de um acúmulo de testes, quanto maior o número de eventos iguais maior o grau de confirmação de uma teoria. Karl Popper mostrou em sua obra A lógica da pesquisa científica o problema das teorias anteriores de indução, ao criticar a indução ele desenvolveu um novo critério de divisão entre metafísica e a verdadeira ciência ou ciência empírica, que é teoria do conhecimento que afirma que nosso conhecimento de mundo vem da experiência sensorial, vivida. Concluiu então que só os testes empíricos não seriam suficientes para provar a veracidade de uma teoria, só que era falsa. Surgiu então uma nova divisão entre a metafísica e a ciência, conhecido como princípio da falseabilidade. Para Popper, um enunciado é científico quando se tem a possibilidade de falseá-lo ou refutado. Um evento é falseador quando se torna uma proibição, quanto mais potenciais falseadores houver em uma teoria, maior será sua qualidade científica. A ideia de Popper passou a ser contestada em 1960, por um filósofo chamado Thomas Kuhn, o mesmo desenvolveu uma análise que apresentou a comunidade científica o conceito de paradigma. Que seria as normas orientadoras de um grupo que estabelecem limites e que determinam como um indivíduo deve agir dentro desses limites. O mesmo também afirmava que na história da ciência um paradigma iria periodicamente substituir outro. Para explicar como seria a passagem entre esses paradigmas foi criado os termos de ciência normal e revolução científica. A primeira seria o período que os cientistas iriam trabalhar na no aperfeiçoamento dos paradigmas, resolvendo e elaborando novas leis de acordo com tal. No momento que esses trabalhos começassem a apresentar resultados não esperados o paradigma não serviria mais para explicar tais fenômenos. Começando aí a revolução científica, quando se proposto um novo paradigma que romperia totalmente com o conhecido anteriormente. Sobre a impossibilidade de comparar os paradigmas Kuhn desenvolveu outra ideia, que levou o nome de tese da incomensurabilidade, dizendo que os paradigmas que surgissem após outros seriam singulares, não podendo assim serem comparados. Fechando as ideias de Kuhn em relação as teorias cientificas o mesmo dizia que não eram nem verdadeiras ou falsas. Seria apenas uma ferramenta de fazer previsões e quando não atendesse mais as necessidades a mesma seria substituída por outra. Contrário as ideias já apresentadas, surge o Anarquismo Metodológico de Feyerabend, em sua obra Contra o método o mesmo diz que não há possibilidade de estabelecer critérios objetivos para a avaliação das teorias, no final os fatores subjetivos que determinavam o fracasso ou sucesso de uma teoria. Feyerabend defendeu a ideia que só haveria avanço científico quando as normas e métodos fossem violados, a única regra seria de se quebrar todas as regras. Propôs então o pluralismo anárquico-metodológico que seria para proliferar o maior número de teorias, para que houvesse um nível alto de competição até que se chegasse em primeiro lugar em sua área de conhecimento. Com a ascensão das ciências sociais o filósofo Wilhelm Dilthey mostrou elementos que iriam diferenciar ela das ciências naturais. Seria a diferença entre a explicação e a compreensão, a primeira estaria presente nas ciências naturais para estabelecer a relação entre as relações de causa e efeito observadas e a segunda seria instrumento das sociais, para tentar dar um sentido para os fenômenos humanos. Marx Weber propôs a partir disso o método compreensivo, elaborado para compreender os sentidos das relações sociais e humanas. O movimento sociologia do conhecimento dizia que os fatores sociais os principais fatores para determinar o sucesso ou fracasso das teorias e não as evidências empíricas. Já a teoria crítica da Escola de Frankfurt denunciava a ideologia por trás da dita racionalidade científica, a ciência havia se tornado apenas um meio para que as classes dominantes mantivessem o estado das coisas. A questão que fica é se existe uma ciência única, uns dizem que sim. Que a ciência natural seriam a base e que as outras deveriam se utilizar de seus métodos. Outros afirmam que há duas, distintas entre si: as ciências nomotéticas ou fortes que estudam fenômenos que seriam medidos e bem delineados como a física e a química e as ciências idiográficas que iriam lidar com fenômenos comportamentais, valores morais entre outros. Dois principais paradigmas da atualidade são o pós-positivismo e o construtivismo, o primeiro baseado em uma epistemologia objetivista e realista e na crença que a razão é o instrumento necessário para estabelecer um conhecimento considerado válido. O construtivista por sua vez baseado na epistemologia e relativa, onde a realidade depende de quem a observa, não podendo haver apenas uma verdade acerca dos fenômenos. A metodologia enfrenta o problema de dividir o que é ou não ciência. Ela não é necessariamente uma solução mas como um questionamento para chegar a opções mais seguras e mais conscientes. O problema seria a realidade social que seria algo que já é feito e estruturado, outros dizem que seria algo que seria algo a fazer e os que unem as duas ideias que seria algo a ser feito ao mesmo tempo que estaria a ser feita. Os critérios do que é ciência esta mais ligado ao que não seria ciência, como ideologia e senso comum, como ideologia sendo uma forma de justificar posições sociais vantajosas, não encarar a realidade como é, e o senso comum seria a falta de rigor lógico, seria o saber comum, como um comerciante que gerencia seu próprio negócio sem que tenha uma base científica. Os critérios internos do que é ciência são coerência, consistência, originalidade e objetivação, já os externos são a intersubjetividade, que é a opinião da maioria da comunidade cientifica da época, e os outros critérios seriam a comparação crítica, a divulgação e o reconhecimento generalizado. A ciência é o instrumento técnico, formal, com intuito de dominar a realidade. Científico é algo que é feito com método, não importando o que se faça. Metodologia é o treino para que seu trabalho seja neutro, objetivando sempre a realidade e a objetividade. Porém partilhamos da ideia de que a qualidade formal e a política são de maneira igual importantes. A política fala sobre a dimensão do cientista social como cidadão, competência dele em fazer história diante da sociedade e a formal é a habilidade de majar os meios, técnicas e os procedimentos diante de desafios. Um dos problemas da ciência em si é emcoincidir com a realidade que foi pesquisada. A ciência é apenas um meio de ver a realidade, mas não o único. A problematização entre a relação entre sujeito e objeto é o chamado objeto construído. O sujeito não é capaz de descrever o objeto como se o estivesse vendo de fora, uma vez que o sujeito faz parte da realidade que quer descrever, não sendo possível sair de sua própria pele para observar de fora. O sujeito também pertence ao contexto de objeto, sendo assim a ciência só seria objetiva se o sujeito conseguisse sair de si e ser ver de fora. A ciência como fenômeno processual utiliza-se da lógica formal para elaborar um corpo de leis do pensamento, que seriam objetivas e duradouras. Os princípios seriam: de identidade, de dedução e de tautologia. De outro lado existe a ciência como fenômeno processual e histórico que diz que as ciências sociais não podem ser reduzidas por simples tópicos, não são determinadas mas socialmente condicionadas, que são as regularidades da história não leis imutáveis. Todo cientista sabe que não produz ciência, apenas oferece uma interpretação dela até que a reconheçamos como científico aquilo que é passível de discussão, e assim, se mantiver. Se manter discutível é essencial. Embora as teorias tendam a querer explicar tudo, realizam apenas uma versão da realidade. A ciência de um lado aparece como utopia, que seria a verdade perfeitamente descoberta. Aqui ela não é somente como uma forma de fugir da realidade mas como a possível presença do impossível dentro da realidade. Esse ideal faz da ciência algo renovador não submetendo-se apenas a realizações passadas. Todas as revoluções são traídas por suas utopias pois há a tentativa de tornar permanente o estado das coisas. REFERÊNCIAS APOLINÁRIO, Fábio. Metodologia da Ciência: filosofia e prática da pesquisa. 2. Ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012. DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. 3 ed.rev. ampl., São Paulo: Atlas, 2016.
Compartilhar