Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ- UECE CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS – CESA CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DISCIPLINA: METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO ALUNO: CAROLINE XAVIER VALDIVINO Paradigmas da Pesquisa em Administração. Neste ensaio sobre a Administração como ciência vemos que ainda será preciso amadurecer algumas ideias, seu rigor e metodologias. Com mais estudos na área aumentam também as críticas dos filósofos das ciências consideradas puras. As críticas se baseiam na ausência de posicionamento teórico, metodológico e de demarcação científica. A cientificidade da área é questionada pois toma para si conhecimentos de outras áreas como a Psicologia, a Biologia e a Economia. Mas pode ser considerada como Arte, pois muitas pessoas tem o conhecimento de administração mesmo não tendo o conhecimento científico, mesma também pode ser considerada como uma Ciência Social Aplicada. Karl Popper, pai do racionalismo crítico observa a questão da indução, que é o conhecimento que deriva dos dados. A observação levaria ao conhecimento, segundo Chalmer, a indução leva do conhecimento particular para o entendimento do todo, seria o raciocínio indutivo, e o conhecimento através da observação levaria a experiência, dizia que, se as premissas são verdadeiras a conclusão seria verdadeira, se caso as premissas forem algumas verdadeiras e outras falsas, então o problema não poderá ser resolvido logicamente, recorrem então a probabilidade, que busca uma justificação lógica e empírica. O princípio do falseacionismo diz que uma teoria deve ser testada e experimentada, se falhar a mesma será eliminada. A nova terá que ser capaz de superar a anterior, só assim atingiremos o avanço que se busca através das tentativas. Sob essa ótica a Administração pode ser considerada ciência, uma vez que suas teorias são passíveis de falseamento empírico. A questão do paradigma para Thomas Kuhn é que eles são como modelos ou exemplos que são reconhecidos, que duram um período de tempo e nesse tempo se torna um modelo para a comunidade científica. O conceito de Revolução Científica diz que quando os paradigmas são postos à prova é o momento que um paradigma será substituído por outro. Possuir um paradigma é um pré-requisito para qualquer ciência. Há controvérsias sobre haver ou não paradigmas na Administração, devido os estudos dos ramos serem recentes e seria preciso avaliar o estado atual da área. Existem dois grupos que falam da existência ou não de paradigma na Administração, um diz que a mesma já possui pois orientaram práticas de organização, gestão e produção nas indústrias, o PODC (planejamento, organização, direção e controle) seria um paradigma. O outro grupo diz que a área não possui paradigmas aceitos universalmente, já que não possuiria, o mais aceito seria o de eficiência e eficácia, porém não há consenso sobre o tal.. Já para o filósofo Lakatos, que estuda a história da ciência fala sobre os programas de pesquisa, que são estruturas que servem de guia para futuras pesquisas, positiva e negativamente e é rígido, tendo como objetivo evitar falseações. Lakatos reconhece que um programa não sendo suficiente para dar conta de novos fatos, deve dar lugar a outro programa, se assemelhando a corrente falseacionista de Popper. Em relação a oposição de Lakatos com a Administração, há de se levar em consideração a excessiva fragmentação, alvo de diversas críticas. Esse conceito seria uma das grandes dificuldades lidando com os tipos ideais, sendo que a própria dificuldade em si explica a fragmentação dos estudos. A Administração é fragmentada por natureza e pela necessidade de abranger os problemas que a cercam, justificando as buscas por maneiras de gerenciá-los. Stokes diz que no mundo que vivemos atualmente exige das Ciências Sociais habilidades e especializações em todos os níveis individual, local, amplo e métodos para compreendê-los. Sob a ótica de Lakatos a Administração tem áreas onde há programas com núcleos rígidos e irredutíveis com hipóteses que podem ser falseadas, tornando-se assim, ciência. Os paradigmas abordados na administração podem ser vantajosos de maneira que levem a reflexão das práticas exercidas pela comunidade científica. Pesquisadores do ramo vêm discutindo sobre as abordagens paradigmáticas na Administração. Mostrando que não existe uma verdade única e inquestionável capaz de explicar e produzir o conhecimento, como Japiassu diz, o processo do conhecimento é sempre provisório e não definitivo. Um paradigma ao ser aceito pela comunidade torna-se uma referência para outras abordagens em problemas de pesquisa. Os paradigmas baseiam-se na necessidade de compartilhar o conhecimento de pessoas de uma comunidade científica revelando suas opções por natureza, conhecimentos e métodos. Óbvio que não vemos o mundo da mesma maneira e o mesmo acontece com um pesquisador quando opta por um paradigma, não é neutro. Weber diz que não existe uma abordagem pura das culturas, visto que se consegue uma independência das perspectivas, que já começa no momento de escolha do objeto de estudo. Segundo Morin um paradigma controla tanto o campo cognitivo quanto o intelectual e cultural das pessoas que o adotam. Nesse mesmo contexto, Ottoboni diz que Morin usa o paradigma não só como saber científico, mas como a todo o conhecimento. Os paradigmas não têm só o lado de conduzir o conhecimento, tem também o lado negativo que é a imposição ao pensamento dos pesquisadores sendo que a evolução das pesquisas dependem dos mesmos, criando assim uma barreira. Ottoboni diz que nas ciências naturais facilmente se substitui um paradigma por outro ao contrário das sociais. Nos estudos sobre organização os paradigmas têm sido temas de discussão. A disputa entre os paradigmas podem ser estendidas aos métodos de pesquisas que vão atender cada uma das peculiaridades. A problemática na classificação dos paradigmas é que elas limitam à nossa maneira de ver o mundo e dividem a sociedade e a comunidade científica. Com Comte deu-se início ao positivismo, que diz que conhecer é medir e quantificar. Ele dizia que os fatos só são conhecidos através da experiência que por sua vez só se dava por meio dos sentidos, tendo em sua base os princípios da lógica empirista e do positivismo lógico. Demo diz que para o paradigma positivista a realidade é aprendida e compreendia através dos estudos das variáveis utilizando os dados processados como apoio. Já para Descartes diz que para entendermos a realidade devemos dividir ela em partes até atingirmos um total entendimento da mesma. O positivismo também se opõe a qualquer conhecimento que se baseia apenas na lógica dando crédito mais a experiência empírica e a observação dos fatos. Ao contrário do positivismo temos o neopositivismo que defende para as ciências sociais um método científico que se baseie em hipóteses para a formulação de uma teoria que explique as relações causais. Dessa maneira o positivismo e o neopositivismo se uniram e desde então procedimentos passaram a possuir validade universal e a possuir critérios obrigatórios para assegurar o conhecimento. O positivismo é criticado por não haver como transpor das ciências naturais procedimentos que se adequem as ciências sociais. As pesquisas que se apoiam nesse paradigma testam teorias, buscam evidencias, hipóteses e tiram uma conclusão a partir de uma parcela da população. O positivismo é ditador quando diz que o que pode ser mensurado é mais importante. E assim, desqualificar o que não pode ser mensurado se torna uma ditadura, levando em conta dados que são seletivos, o que é considerado é um objeto de perca irreparável. Como modelo racional e científico, o positivismo é totalitário, que nega a racionalidade a todas as formas de conhecimento. Essa racionalidade seria o conhecimento em essência matemática e reducionista. A ciência socialpelo lado da lógica da racionalidade instrumental pode ser pensada como as ciências naturais, quantificáveis. O paradigma positivista se diz neutro quando na verdade não existe neutralidade, as relações entre pesquisador e objeto são inseparáveis, não captamos a realidade como ela é, mas como a vemos. Na Administração, sua origem deu-se na prática, daí o positivismo para muitos ser a única corrente a ser aceita. Considerando que o paradigma positivista prefere estruturas rígidas e teorias simplificadas, fica a indagação do porquê valorizar tanto a sua abordagem. Na Administração vemos o dualismo, sendo o positivismo dominante enquanto o interpretativismo procura se destacar. O paradigma interpretativista diz que a realidade não é totalmente objetiva nem subjetiva. A linha de pensamento dele considera a noção de intencionalidade. Os fenômenos e os indivíduos não respondem de forma linear aos estímulos. A epistemologia interpretativista é construtivista, onde o conhecimento é construído através de interações sociais. Dessa perspectiva um pesquisador não vai à campo já impondo uma análise dura ao objeto de estudo, e sim elaborar suas ideias a partir da realidade vivenciada em campo. Demo diz que a pesquisa baseada nesse paradigma busca superar a do positivismo mas não consegue, tornando-se assim, amadora e sem resultados confiáveis. A Administração tem seguido caminhos mais conflituosos que consensuais, destacando o dualismo entre o positivismo e o interpretativismo e esse debate rouba a atenção do que realmente importa, que seria a qualidade, a consistência e a relevância da produção científica. Quando a associamos a apenas um tipo de abordagem estamos comprometendo a análise do conhecimento produzido. O desafio então é reconhecer que o objeto de estudo da Administração se relaciona com várias outras áreas, havendo a necessidade de mais de um método de estudo e abordagem para a compreensão dos fenômenos estudados. O mais importante são os benefícios que a ciência tem a trazer para a sociedade, e que esteja sempre presente e atuante no meio social. REFERÊNCIAS DAMKE, Elói; WALTER, Silvana Anita; SILVA, Eduardo Damião da A administração é uma ciência? Reflexões epistemológicas acerca de sua cientificidade. Revista de Ciências da Administração, Florianópolis, o.127-146, jan. 2010. BARBOSA et al. “Positivismos” versus “Interpretativismos”: o que A Administração tem a ganhar com esta disputa?. Revista Organizações em Contexto, v. 9, n.17, p.1-29,2013.
Compartilhar