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1 Natã Cordeiro Amorim – XIV Alfa DOENÇA DE ALZHEIMER ASPECTOS GERAIS ▪ Principal causa de síndrome demencial irreversível (mais de 50% dos casos) ▪ Fatores de risco: idade avançada e história familiar positiva ▪ Possui etiologia indefinida!! FISIOPATOLOGIA ▪ A degeneração neuronal ocorre devido a duas alterações básicas: - Acúmulo de proteínas beta-amiloides no meio extracelular (são chamadas de placas amiloides ou placas senis) - Perda do sistema colinérgico corticobasal. Ausência de efeito sobre o sistema colinérgico do tronco cerebral - Efeitos similares são observados no sistema noradrenérgico - Perda de neurônios glutaminérgicos, com distúrbios nos receptores N-metil-despartato (NMDA – receptor glutaminérgicos - Acúmulo de proteína TAU no meio intraneuronal (são chamados de emaranhados neurofibrilares). Esse processo todo levará à atrofia cortical (principalmente do hipocampo, lobos temporais, parietais, com suas áreas associativas) com diminuição de acetilcolina e de outros neurotransmissores 2 Natã Cordeiro Amorim – XIV Alfa EPIDEMIOLOGIA ▪ Estima-se que existam 35,6 milhões de pessoas com DA no mundo ▪ No Brasil, existem cerca de 1,2 milhões de pessoas com DA ▪ A DA é responsável por 70% dos casos de demência do mundo ▪ A prevalência e incidência de DA são maiores entre pessoas idosas ▪ Projeção para 2050: 7 milhões de pessoas com 85 anos poderão ter DA. 51% da população com 65 anos IMPACTO SOCIO-FINANCEIRO ▪ 236 bilhões de dólares para 2016 nos EUA ▪ Custos globais com demência aumentaram de 604 bilhões de dólares em 2010 para 818 bilhões de dólares em 2015 FATORES DE RISCO ▪ Idade avançada (maior que 65 anos) ▪ História familiar de Alzheimer (maior risco se o familiar estiver apresentando demência em idade não avançada) ▪ A prevalência da doença é um pouco maior no sexo feminino, mas este ainda não é considerado um fato de risco clássico ▪ Síndrome de Down ▪ Alelo E4 da lipoprot E (ApoE) ▪ Outros fatores de risco potenciais (ainda estão sendo estudados) são diabetes mellitus, hiperosmocisteinemia, hipercolesterolemia, hipertensão arterial. QUADRO CLÍNICO ▪ É uma síndrome de evolução insidiosa (vagarosamente/leva vários anos) ▪ Começa com a perda de memória anterógrada e desorientação temporoespacial ▪ Segue de modo progressivo com distúrbio do raciocínio lógico, planejamento, linguagem, agnosias, apraxias e desinteresse pelas atividades habituais ▪ Alguns pacientes podem se tornar apáticos, enquanto outros apresentam sintomas psicóticos ▪ O curso clínico pode não ser linear, mas estima-se que, após o diagnóstico, a queda de pontuação do minimental passa atingir até 3,5 pontos/ano ▪ Nos estágios avançados o indivíduo pode apresentar alterações do equilíbrio, da marcha e da força muscular, tais como rigidez muscular, marcha arrastada e lentificação dos movimentos. Na DA avançada, os pacientes geralmente acamados, rígidos, mudos e incontinentes ▪ O óbito costuma ocorrer em até 10 anos após o diagnóstico, sendo suas causas geralmente relacionadas ao estudo avançado de debilidade e imobilidade, como broncoaspiração, embolia pulmonar, desidratação, desnutrição e complicações infecciosas ▪ Vale lembrar que em alguns pacientes o curso clínico pode ser mais arrastado, durando até 25 anos DIAGNÓSTICO ▪ Quadro clínico compatível, excluindo outras causas, reversíveis ou não, com exames complementares ▪ No início da doença, os exames de neuroimagem não apresentam nenhuma alteração característica ▪ Existem algumas características clínicas que devem nos levar a considerar outras causas de demência: - História de AVE, demência de instalação mais súbita e/ou evolução “em degraus”: Demência vascular - Alteração da personalidade, desinibição : Demência frontotemporal - Parkinsonismo, delirium: Demência por corpúsculos de Lewy - Parkinsonismo, desvio do olhar conjugado para cima: paralisia supranuclear progressiva - Progressão rápida, rigidez motora, miclonias: Doença de Creutzfeldt-Jacob 3 Natã Cordeiro Amorim – XIV Alfa - Síndrome rígido-acinética associada a apraxia ideomotora: Degeneração corticobasal ▪ Alguns estudos mais antigos indicaram que o diagnóstico clínico da doença de Alzheimer, quando bem-feito, pode ser confirmado pela autópsia em mais de 85% dos casos ▪ Os principais achados característicos à microscopia são placas neuríticas contendo amiloide Aβ e emaranhados neurofibrilares no citoplasma neural, predominando no hipocampo, córtex temporal e núcleo basal de meynert Algoritmo Diagnóstico ▪ Sobrevida - 2 a 20 anos - Média de 4,2 e 5,7 anos em homens e mulheres, respectivamente EXAMES DE IMAGEM ▪ RNM e TC de crânio: atrofia cortical, habitualmente de predomínio posterior e hipocampal, apenas em estágios avançados ▪ SPECT e TC com emissão de pósitrons (PET): Diminuição da atividade cerebral nas áreas afetadas ▪ Não existem achados patognomônicos de Alzheimer na TC, nem em nenhum outro exame de imagem! A principal indicação da neuroimagem é excluir outras causas de demência ▪ O Eletroencefalograma, caso realizado, é normal ou demonstra apenas uma lentificação inespecífica ALZHEIMER E GENÉTICA ▪ Constatou-se que vários genes têm importância na patogenia de alguns subtipos de DA: ▪ O gene APP do cromossomo 21 codifica uma proteína cuja clivagem resulta no amiloide Aβ, um dos principais achados histológicos da doença ▪ Já o gene APOe do cromossomo 19, envolvido no transporte do colesterol, teve seu alelo e4 implicado na patogênese da DA: acredita-se que este seja menos eficaz na remoção do amiloide dos neurônios ▪ Cerca de 30% da população sem demência apresenta pelo menos um alelo e4, número que dobra ao analisarmos apenas indivíduos com demência ▪ TRATAMENTO ▪ Não existe um tratamento específico para o Alzheimer ▪ O tratamento atualmente disponível é com anticolinesterásicos (inibem a acetilcolisterase e impedem a degradação da acetilcolina na fenda sináptica) ▪ É importante ressaltar que tais fármacos apresentam benefício modesto e infelizmente 4 Natã Cordeiro Amorim – XIV Alfa não são capazes de reverter do déficit cognitivo já instalado: podem apenas, temporariamente, reduzir a velocidade de progressão da doença PRINCIPAIS ANTICOLINESTERÁSICOS ▪ DONEPEZIL: 5 a 10 mg/dia em uma tomada ▪ RIVASTIGMINA: 6 a 12 mg/dia em duas tomadas (também comercializada na forma de adesivo transdérmico) ▪ GALANTAMINA: 16 a 24 mg/dia em duas tomadas, ou dose única utilizando a cápsula de liberação prolongada ▪ A escolha de um deles é baseada na interação medicamentosa, posologia e efeitos colaterais. Os efeitos colaterais mais comuns são os colinérgicos (diarreia, náusea, vômito, bradicardia) OBS: A tacrina, primeira droga utilizada devido a sua hepatotoxicidade ▪ Nem todos os pacientes apresentarão benefício com o tratamento ▪ Uma conduta bastante utilizada é a reavaliação clínica após 8 semanas de tratamento com dose máxima (ou na dose máxima tolerada pelo paciente). Caso não haja evolução nos testes objetivos e a família também não observe melhora do paciente, estamos autorizados e suspender a droga ▪ Embora o seu uso por longos período não seja contraindicado, a droga geralmente é suspensa em pacientes que evoluem para demência avançada em vigência de tratamento, simplesmente pela ausência de benefício nesse contexto. Nesta situação, é recomendável diminuir a dose progressivamente ao longo de 2-3 semanas, observando a ocorrência de piora do quadro clínico (neste caso, a droga deve ser reintroduzida). Isso não nos exime de indicar o tratamento em pacientes já diagnosticadoscom DA avançada, pois os estudos mais recentes apontam pequeno benefício neste grupo de pacientes OUTRAS DROGAS ▪ VITAMINA E: em altas doses, trabalhos mostraram que pode retardar a progressão da doença, podendo ser utilizada em associação com os anticolinesterásicos ▪ MEMANTINA: é um antagonista do receptor do glutamato (neurotransmissor tóxico para os neurônios). Para o tratamento da doença moderada e severa, podendo ser associada aos anticolinesterásicos. Pode reduzir a progressão da doença (fato ainda não comprovado) ▪ O paciente pode apresentar sintomas psiquiátricos (depressão, alucinação, agitação). Neste caso, ele pode necessitar de tratamento específico para as patologias. Uma vez que a fisiopatogenia da DA é a depleção de acetilcolina, estão contraindicados para tais pacientes fármacos com efeitos anticolinérgicos, como antidepressivos tricíclicos. Nesses casos, é melhor usar os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), como a sertralina. Agitação, insônia, alucinações e agressividade devem ser tratados com antipsicóticos atípicos, como resperidona, quetiapina ou olanzapina
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