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1 Laryssa Barros – P7 – Med – tutoriaM3 - Neuro DEMENCIA uma síndrome com muitas causas, acomete > 5 milhões de pessoas nos Estados Unidos e resulta em um custo total anual de assistência à saúde de mais de 250 bilhões de dólares. A demência é definida como uma deterioração adquirida das capacidades cognitivas que prejudica o desempenho das atividades cotidianas. A memória episódica, a capacidade de lembrar eventos específicos no tempo e no espaço, é a função cognitiva mais comumente perdida; 10% das pessoas com idade > 70 anos e 20 a 40% dos indivíduos > 85 anos apresentam perda de memória clinicamente identificável. Além da memória, a demência pode desgastar outras faculdades mentais, como a linguagem, as capacidades visuoespaciais, praxias, cálculo, julgamento e resolução de problemas. Os déficits neuropsiquiátricos e sociais também surgem em muitas síndromes demenciais, manifestando-se como depressão, apatia, ansiedade, alucinações, delírios, agitação, insônia, distúrbios do sono, compulsões ou desinibição. O curso clínico pode ser lentamente progressivo, como na doença de Alzheimer (DA); estáticas, como na encefalopatia anóxica; ou pode oscilar dia a dia ou minuto a minuto, como na demência por corpos de Lewy (DCL). A maioria dos pacientes com DA, a forma mais prevalente de demência, começa com deficiência episódica da memória, embora em outras demências, como a demência frontotemporal (DFT), a perda de memória não seja uma manifestação típica à apresentação. As síndromes demenciais resultam da ruptura de redes neuronais de larga escala específicas; a localização e a gravidade da perda sináptica e neuronal combinam- se produzindo as manifestações clínicas. O comportamento, o humor e a atenção são modulados por vias noradrenérgicas, serotoninérgicas e dopaminérgicas ascendentes, enquanto a atividade colinérgica é fundamental para as funções de atenção e memória. As demências diferem nos perfis relativos de déficit de neurotransmissor→ o diagnóstico preciso orienta a terapia farmacológica eficaz. O fator de risco isolado mais forte para a demência é a idade avançada. A prevalência da perda incapacitante da memória aumenta a cada década acima de 50 anos e, em geral, está associada às alterações microscópicas da DA à necrópsia. Entretanto, algumas pessoas centenárias exibem função de memória intacta e não têm qualquer evidência de demência clinicamente significativa. O declínio cumulativo sutil da memória episódica é uma parte natural do envelhecimento. Essa experiência frustrante, fonte frequente de brincadeiras e humor, é muitas vezes denominada esquecimento benigno do idoso. Benigno significa que não é tão progressivo ou sério a ponto de comprometer a função diária razoavelmente bem-sucedida e produtiva, embora possa ser difícil distinguir entre a perda de memória benigna e a mais significativa. Aos 85 anos, a pessoa média é capaz de aprender e recordar metade do número de itens (palavras em uma lista) que ela recordava aos 18 anos. CONCEITO é o tipo de demência mais comum, frequentemente associada à demência senil, definida como um processo envolvendo ẞ-amiloidose e neurodegeneração límbica e isocortical, caracterizada principalmente por amnésia anterógrada. 10% de todos os indivíduos > 70 anos de idade apresentam perda de memória significativa, e, em mais da metade, a causa é DA Com a evolução da doença, além da perda da memória recente, o paciente também sofre com outros déficits cognitivos, como disfunções de linguagem, redução da velocidade de pensamento, dificuldade na orientação espaço-temporal, além de déficit na função executiva e alterações de comportamento, humor e personalidade→ dependência. Com mais frequência, os pacientes apresentam perda insidiosa da memória episódica, seguida de demência lentamente progressiva. custo médio total anual de cuidados com um único paciente com DA avançada seja > 50 mil dólares, enquanto o peso emocional para a família e cuidadores é incalculável. EPIDEMIO É a causa mais comum de demência no idoso; -Prevalência= aumenta a cada década de vida no adulto, alcançando 20 a 40% na população com > 85 anos. as taxas de prevalência de demência em geral e da DA em particular dobram a cada cinco anos a partir dos 60 anos; Brasil= 55,1% dos casos de demência identificados em uma coorte de 1.656 idosos com 65 anos ou mais e por 59,8% dos casos em uma coorte de 1.563 pessoas com idade acima de 60 anos; América latina= DA é a etiologia mais frequente de demência no continente, com taxas variando de 49,9% na Venezuela a 84,5% no Chile. -Incidência= aumenta significativamente com a idade→ Brasil: estudo mais recente, a taxa de incidência anual, de 14,8 casos/1.000. -história familiar positiva de demência sugere uma contribuição genética para a DA, embora ocorra uma herança autossômica dominante em apenas 2% dos pacientes. Alzheimer 2 Laryssa Barros – P7 – Med – tutoriaM3 - Neuro -Sexo= M>H→sexo feminino é um fator de risco, independentemente da maior longevidade das mulheres, e as mulheres portadoras de um alelo Apo ε4 são mais suscetíveis do que os homens portadores de ε4; -Grau de instrução= mais comum nos grupos com nível educacional inferior, porém a educação influencia a capacidade de realizar testes e, obviamente, a DA acomete pessoas de todos os níveis intelectuais. Um estudo observou que a capacidade de expressar linguagem escrita complexa no início da idade adulta correlacionou-se com a redução do risco de DA FR idade > 70 anos e história familiar positiva são os FR mais importantes; -sexo feminino; -história de traumatismo craniano com concussão -Ambientais= alumínio, mercúrio e vírus (ainda não totalmente explicados) -As doenças vasculares e, em particular, o (AVC) parecem reduzir o limiar da expressão clínica da DA; -DM triplica o risco -Níveis de homocisteína e colesterol elevados (alto LDL e baixo HDL), hipertensão, níveis séricos de ácido fólico reduzidos, tabagismo, baixa ingestão alimentar de frutas, vegetais e vinho tinto, e pouca prática de exercício estão sendo explorados como fatores de risco potenciais -FATORES PROTETORES= alta escolaridade, atividade intelectual produtiva, atividade física, uso de AINES (ainda controverso) e fatores alimentares, como a dieta mediterrânea. Os efeitos da escolaridade e da atividade intelectual ensejaram a teoria da “reserva cognitiva”→habilidade de processar estratégias cognitivas alternativas e recrutar redes neurais análogas a fim de compensar os déficits resultantes das alterações patológicas da DA, atuando como fator protetor ao postergar o início dos sintomas. GENÉTICA Vários genes desempenham um papel importante na patogênese da DA, embora a maioria dos casos seja de origem esporádica. As formas familiares, há padrão de herança autossômica dominante, representam < 2% do total de casos da doença • GENE APP NO CROMOSSOMO 21= codifica a proteína precursora d amiloide; adultos com trissomia do 21 desenvolvem características neuropatológicas típicas de DA se sobrevivem além dos 40 anos de idade, e muitos desenvolvem uma demência progressiva sobreposta à sua deficiência intelectual basal. A dose extra do gene APP e resulta em um excesso de produção de amiloide cerebral→algumas famílias com doença de Alzheimer familiar (DAF) com idade de início precoce apresentam mutações no gene APP. • PRESENILINAS= presenilina-1 (PSEN-1) situa-se no cromossomo 14 e codifica a proteína presenilina-1 (S182). A ocorrência de mutações nesse gene provoca DA de início precoce, antes dos 50-60 anos de idade com transmissão autossômica dominante e penetrância elevada. causa mais comum de DAF de idade de início precoce, representando 40 a 70% de todos os casos + evolução mais curtae mais rapidamente progressiva (duração média de 6 a 7 anos) do que a doença por mutações de PSEN-2 A presenilina-2 (PSEN-2) situa-se no cromossomo 1 e codifica a proteína presenilina -2 (STM2). Início médio de 53 anos; duração de 11 anos, Embora alguns tenham apresentado o início da demência após os 70 anos, As mutações de PSEN-1 são bem mais comuns do que as de PSEN-2. Ambas são proteínas neuronais citoplasmáticas, que são amplamente expressas em todo o sistema nervoso. Pacientes com mutações nos genes da presenilina apresentam níveis elevados de Aβ42 Testes genéticos clínicos para essas mutações raras estão disponíveis, mas eles provavelmente são úteis apenas na DAF de idade de início precoce e devem ser realizados em associação com um aconselhamento genético formal. • GENE APO Ε NO CROMOSSOMO 19= a apolipoproteína E, participa no transporte do colesterol, e o gene apresenta três alelos: ε2, ε3 e ε4. O alelo Apo ε4 confere aumento do risco de DA na população geral, incluindo formas esporádicas e familiares de início tardio. Algumas evidências sugerem que o alelo ε2 pode reduzir o risco de DA Entre os pacientes com DA, 40 a 65% apresentam pelo menos um alelo ε4, Por outro lado, muitos pacientes com DA não têm nenhum alelo ε4, e os portadores de ε4 podem nunca desenvolver DA→E4 não é necessário nem suficiente pra causar DA. representa o fator de risco genético mais importante para DA esporádica e atua como um modificador de doença dose-dependente, com as idades de início mais precoces associadas à homozigose de ε4. Mecanismo= leva a uma eliminação menos eficiente do amiloide e à produção de fragmentos tóxicos a partir da clivagem da molécula, pode ser identificada nas placas neuríticas. Heterozigotos e homozigotos para ε4 cognitivamente normais podem apresentar redução da função metabólica cortical cerebral posterior na PET, sugerindo anormalidades pré-sintomáticas devido à DA ou a uma vulnerabilidade herdada da rede neuronal alvo da DA. Em pessoas com demência que satisfazem os critérios clínicos de DA, a detecção de um alelo ε4 aumenta a fidedignidade do diagnóstico. Contudo, a 3 Laryssa Barros – P7 – Med – tutoriaM3 - Neuro ausência de um alelo ε4 não pode ser considerada evidência contra DA. A presença de um alelo ε4 aumenta o risco de desenvolvimento da doença em duas a três vezes, enquanto a homozigose para esse alelo aumenta o risco em cinco a 15 vezes. O alelo ε4 não está associado ao risco de DFT, DCL ou DCJ. • OUTROS= clusterina (CLU), a PICALM (phosphatidylinositol-binding clathrin assembly protein) e genes do receptor 1 (CR1) de componentes do complemento (3b/4b). TREM2 é um gene envolvido com inflamação, que aumenta a probabilidade de demência. FISIOPATO • ANATOMOPATOLOGIA -MACRO= atrofia cortical, especialmente em áreas neocorticais associativas e temporais mesiais (formação hipocampal). -MICRO= perda neuronal, deposição de peptídeo b- amiloide sob a forma de placas neuríticas e emaranhados neurofibrilares contendo proteína tau hiperfosforilada→ O acúmulo dessas lesões, particularmente dos depósitos amiloides, antecede em cerca de duas décadas a instalação da síndrome demencial, ocorrendo muitos anos antes do aparecimento das manifestações demenciais. À necrópsia, a degeneração mais precoce e mais grave costuma ser observada no lobo temporal medial (córtex entorrinal/perirrinal e hipocampo), córtex temporal inferolateral e núcleo basal de Meynert • TEORIA DA CASCATA AMILOIDE o acúmulo do peptídeo β-amiloide no tecido cerebral é o evento fisiopatológico primordial na DA. Ele é formado a partir da clivagem da proteína precursora do amiloide – codificada por um gene localizado no cromossomo 21 – pelas enzimas β e γ-secretases. Em situação fisiológica, a proteína precursora é clivada pela α-secretase, dando origem a um fragmento não amiloidogênico (não tóxico). Na DA, atuam duas outras secretases (β e γ), com produção e liberação do peptídeo β-amiloide que se deposita no espaço extracelular, inicialmente sob a forma de oligômeros solúveis e, posteriormente, de placas difusas que contêm formas insolúveis do peptídeo. Os oligômeros têm efeito neurotóxico e promovem uma cascata de eventos (inclusive com a participação de mediadores inflamatórios) que culminam com a formação das placas neuríticas→lesões maduras em que densos depósitos do peptídeo ß-amiloide, proteoglicanas, ApoE, α-antiquimotripsina e outras proteínas acumulam-se na região central da placa, circundados por axônios, dendritos degenerados e micróglia ativada. após o processo amiloidogênico, ocorre a patologia neurofibrilar, de natureza neurodegenerativa. Os emaranhados neurofibrilares têm como constituinte molecular principal a proteína tau hiperfosforilada. A proteína tau, em condições fisiológicas, está associada aos microtúbulos, participando da formação estrutural do citoesqueleto neuronal, responsável pelo transporte axonal. Essa proteína é codificada por um gene localizado no cromossomo 17. Na DA ocorre hiperfosforilação da proteína, que deixa de se ligar aos microtúbulos e forma filamentos helicoidais pareados insolúveis, que se agregam formando os emaranhados neurofibrilares. A densidade de emaranhados aumenta com o envelhecimento, tanto em indivíduos com demência quanto sem demência. Entretanto, é maior nos pacientes com DA, visto que em indivíduos normais é restrita a estruturas límbicas. Bioquimicamente, a DA está associada a uma diminuição nos níveis corticais de proteínas e neurotransmissores, sobretudo a acetilcolina, sua enzima sintética colina-acetiltransferase e receptores colinérgicos nicotínicos. A redução da acetilcolina reflete a degeneração dos neurônios colinérgicos no núcleo basal de Meynert, localizado imediatamente abaixo do tálamo e adjacente ao terceiro ventrículo, que se projetam para o córtex. Ocorre também depleção noradrenérgica e serotoninérgica, devido à degeneração dos núcleos superiores do tronco encefálico, como locus ceruleus (norepinefrina) e a dorsal da rafe (serotonina), em que podem ser identificadas inclusões citoplasmáticas neuronais tau- imunorreativas no início da vida adulta, mesmo em indivíduos que não apresentam ENFs no córtex entorrinal. A expressão clínica da DA, nas suas diferentes fases, está intimamente relacionada com a topografia da patologia neurofibrilar→ O córtex entorrinal e a formação hipocampal são as primeiras áreas cerebrais acometidas pelos emaranhados neurofibrilares. Posteriormente, há comprometimento de núcleos colinérgicos localizados no prosencéfalo basal (núcleo basal de Meynert), acarretando perda de inervação colinérgica para o córtex cerebral. Em fase posterior, o processo patológico se dissemina para áreas neocorticais associativas, com relativa preservação dos córtices primários.. O exame neuropatológico constitui o padrão-ouro para o diagnóstico da DA. quando surgem os sintomas da doença, os emaranhados neurofibrilares são encontrados no neocórtex de associação dos lobos frontal, parietal e temporal, e nos estágios mais avançados eles são 4 Laryssa Barros – P7 – Med – tutoriaM3 - Neuro encontrados nos lobos occipitais e córtices motor e sensitivo primários. QC Os sintomas da DA se instalam de forma insidiosa, com piora progressiva. Na maioria dos casos, a principal característica inicial é o déficit de memória episódica, muitas vezes sob a forma de comprometimento cognitivo leve amnéstico e de outros domínios→ reflete a distribuição topográfica da patologia neurofibrilar nas fases iniciais, com comprometimento do córtex entorrinal e da formação hipocampal. Progride para déficits da linguagem e visuoespaciais, seguidos de disfunção executiva. Existem três apresentações atípicas de DA: a variante frontalou disexecutiva (manifestações cognitivo- comportamentais que emulam a demência frontotemporal), a atrofia cortical posterior (com proeminente acometimento visual-espacial precoce) e a afasia logopênica (com déficit de linguagem em primeiro plano). 20% dos pacientes com DA apresentam queixas não relacionadas com a memória, como dificuldade em encontrar as palavras, organizacional, ou de orientação espacial. Em outros pacientes, a disfunção no processamento visual (designada como síndrome de atrofia cortical posterior) ou uma afasia “logopênica” progressiva, caracterizada por dificuldades em nomear e repetir, são as principais manifestações da DA durante anos antes de progredir para o comprometimento da memória e outros domínios cognitivos→Este perfil ocorre, sobretudo, em casos de início pré-senil, em que formas de apresentação não amnéstica podem surgir em mais de um terço dos casos. Outros pacientes podem apresentar uma síndrome distônica-rígida-acinética (“corticobasal”) assimétrica ou uma variante disexecutiva/comportamental, uma variante “frontal” de DA. O exame neurológico não possui padrão típico em estágios leves a moderados da DA, de modo que a identificação de anormalidades (hemiparesia, parkinsonismo), especialmente em quadros leves, deve suscitar a suspeita de outra etiologia demencial. ESTÁGIOS INICIAIS DA AMNÉSICA TÍPICA= dificuldade em se lembrar de acontecimentos recentes, compromissos, recados, repetição de perguntas, perda de objetos pessoais, característicos do déficit de memória episódica. alterações de memória operacional e de memória semântica, com redução da fluência verbal e dificuldades de nomeação, sobretudo no uso de palavras menos frequentes. Desorientação espacial em locais menos conhecidos, disfunção executiva e dificuldades de cálculo também são frequentes nas fases leves a moderadas. a perda de memória pode não ser reconhecida ou ser descrita como esquecimento benigno da idade. Quando a perda de memória se torna mais evidente para o paciente e cônjuge e cai 1,5 desvio-padrão abaixo do normal nos testes de memória padronizados, é aplicado o termo comprometimento cognitivo leve (CCL). 50% dos pacientes com CCL (cerca de 12% ao ano) progridem para DA em 4 anos. “DA prodrômica” se refere a uma pessoa com evidências de DA por biomarcadores (imagem amiloide positiva na tomografia por emissão de pósitrons [PET] ou baixa concentração de Aβ42 no líquido cerebrospinal e tau levemente elevada) na ausência de sintomas. Novas evidências sugerem que as convulsões parciais e, por vezes, generalizadas, anunciam a DA e podem ocorrer até mesmo antes do início da demência, particularmente em pacientes mais jovens. ESTÁGIOS INTERMEDIÁRIOS o paciente é incapaz de trabalhar, além de se perder e se confundir com facilidade, exigindo supervisão diária. A linguagem torna-se comprometida – primeiro a nomeação, depois a compreensão e por fim a fluência. Dificuldades em encontrar palavras e circunlóquios podem ser evidentes nos estágios iniciais, mesmo quando os testes formais mostram fluência e nomeação intactas. Verifica-se o aparecimento de apraxia, que se manifesta como dificuldade na execução de tarefas motoras sequenciais aprendidas, como uso de utensílios ou aparelhos. Os déficits visuoespaciais começam a interferir nos hábitos de vestir-se, comer ou mesmo andar, e os pacientes não conseguem resolver adivinhações simples, copiar figuras geométricas, Realizar cálculos simples ou ver as horas no relógio. Os sintomas cognitivos acarretam comprometimento funcional significativo, primeiramente em atividades 5 Laryssa Barros – P7 – Med – tutoriaM3 - Neuro instrumentais da vida diária, como cozinhar, gerenciar as finanças pessoais ou os próprios medicamentos. É comum haver anosognosia, a não ser em estágios muito iniciais, de modo que é essencial a obtenção de histórico clínico junto a familiar ou acompanhante que convive com o indivíduo. ESTÁGIOS TARDIOS alguns pacientes permanecem com a capacidade de caminhar, vagando sem rumo. A perda do julgamento crítico e do raciocínio são inevitáveis. Os delírios são prevalentes e geralmente simples, com temas comuns de roubo, infidelidade ou erros de identificação. A desinibição e uma beligerância não característica podem ocorrer e alternar com passividade e afastamento. Os padrões de sono-vigília são alterados, e o hábito de vagar durante a noite perturba o domicílio. Alguns pacientes apresentam marcha arrastada, com rigidez muscular generalizada associada à lentidão e inadequação dos movimentos. Os pacientes parecem parkinsonianos, mas raras vezes apresentam tremores de grande amplitude e baixa frequência em repouso. Há uma acentuada sobreposição com a demência por corpos de Lewy (DCL), e alguns pacientes desenvolvem manifestações parkinsonianas mais clássicas. Os sintomas comportamentais surgem em ate 80% dos casos. Embora esses aspectos comportamentais se modifiquem com a doença, apatia, depressão e agitação são as manifestações mais comumente encontradas. Alucinações, delírios (sobretudo de roubo) e agressividade também são observados, especialmente nos estágios moderado a avançado da doença. ESTÁGIOS FINAIS os pacientes tornam-se rígidos, mudos, incontinentes e acamados e necessitam de ajuda para alimentar-se, vestir-se e fazer a sua higiene. Reflexos tendíneos hiperativos e espasmos mioclônicos (contrações bruscas breves de vários músculos ou de todo o corpo) podem ocorrer de forma espontânea ou em resposta a estímulos físicos ou auditivos. MORTE decorre de desnutrição, infecções secundárias pneumonia aspirativa, infecção do trato urinário com sepse, ou tromboembolismo, embolia pulmonar, cardiopatia ou, mais comumente, aspiração. A duração típica da DA sintomática é de 8 a 10 anos, mas a evolução varia de 1 a 25 anos. Por motivos desconhecidos, alguns pacientes com DA apresentam uma diminuição constante nas funções, enquanto outros têm períodos prolongados de estabilização sem deterioração maior. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da DA, quando já há demência, é essencialmente clínico. No entanto, avanços substanciais vêm ocorrendo nos últimos anos com o desenvolvimento de marcadores biológicos que permitem a detecção da DA mesmo em suas fases pré- demenciais. se baseia na presença das alterações cognitivas, comportamentais e funcionais descritas, aferidas por meio de instrumentos específicos, e na exclusão de outras causas de demência, por meio de exames laboratoriais e de neuroimagem estrutural. A avaliação cognitiva é fundamental para o diagnóstico da DA, podendo ser feita com testes de rastreio, como o Miniexame do Estado Mental, e complementada por testes de avaliação breve ou mesmo por avaliação neuropsicológica formal, particularmente nos casos que apresentam comprometimento leve ou com perfil cognitivo atípico. Para avaliação dos sintomas comportamentais, o Inventário Neuropsiquiátrico pode ser empregado, enquanto o desempenho funcional pode ser aferido por meio de escalas específicas de avaliação funcional. 6 Laryssa Barros – P7 – Med – tutoriaM3 - Neuro CRITÉRIOS National Institute on Aging e a Alzheimer’s Association (EUA). Revisão dos critérios (NINCDS-ADRDA de 1984 • Exames complementares têm como objetivo principal descartar causas potencialmente tratáveis de demência ou eventuais comorbidades. O Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia considera como obrigatórios na investigação complementar de pacientes com demência os seguintes exames laboratoriais: hemograma completo, creatinina, hormônio tireoestimulante, albumina, transaminases hepáticas, vitamina B12, ácido fólico, cálcio, reações sorológicas para sífilis (VDRL) e,em pacientes com idade inferior a 60 anos, com apresentações clínicas atípicas ou com sintomas sugestivos, reação sorológica para o vírus HIV. O exame do (LCR) está indicado em casos de demência de início pré-senil, com apresentação ou curso clínico atípicos, com hidrocefalia comunicante e quando há suspeita de doença inflamatória, infecciosa ou priônica do sistema nervoso central. Por mais que tenha limitação metodológica quanto a padronização de pontos de corte, há elevação significativa dos níveis de tau total e de tau hiperfosforilada, juntamente com níveis reduzidos de ß- amiloide (AB-42), são parâmetros altamente sensíveis e específicos para a detecção da doença, mesmo em sua fase pré-demencial. também são úteis no diagnóstico diferencial entre DA e outras doenças, como a demência frontotemporal. Exame de neuroimagem estrutural, TC OU RM, também está indicado. RM= atrofia de estruturas temporais mesiais (formação hipocampal) e consequente dilatação do corno temporal dos ventrículos laterais. Os exames de não mostram um padrão único específico de DA e podem ser normais no início da doença, MAS À medida que a DA progride, uma atrofia cortical mais distribuída, porém geralmente com predominância posterior, torna-se aparente, juntamente com atrofia das estruturas de memória temporais media. A principal indicação dos exames de imagem é excluir outros distúrbios, como neoplasias primárias e secundárias, demência vascular, doença difusa da substância branca e hidrocefalia de pressão normal (HPN); outros distúrbios degenerativos, como demência frontotemporal (DFT) ou a doença priônica chamada doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) com padrões de imagens característicos. BIOMARCADORES= dosagem de proteínas no LCR e diferentes modalidades de neuroimagem (estrutural, funcional e molecular). tomografia por emissão de pósitrons (PET) com a fluorodeoxiglicose como marcador é exame de custo elevado e ainda pouco disponível no nosso meio, mas que pode revelar hipometabolismo temporoparietal posterior, padrão considerado típico da DA. A PET 7 Laryssa Barros – P7 – Med – tutoriaM3 - Neuro também pode ser usada para detectar a presença de amiloide fibrilar no cérebro SPECT (tomografia computadorizada por emissão de fóton único)= também pode revelar padrão de comprometimento posterior, sendo aqui indicativo de hipofluxo regional. Mas tem menor sensibilidade que PET. A neuroimagem molecular possibilitou a identificação in vivo da amiloidose e da neurodegeneração associada à patologia tau. Exames de PET com ligantes radioativos que se fixam aos depósitos proteicos de amiloide (como o agente denominado PiB [Pittsburgh Compound B]) e de tau (como o ligante flortaucipir) possibilitam a visualização dos depósitos proteicos associados à doença. Seu uso ainda é essencialmente restrito a centros de pesquisa, mas há elevado potencial para aplicação clínica em futuro próximo O diagnóstico da doença de Alzheimer definitivo é feito através dos achados histopatológicos, caracterizados pela presença significativa de placas neuríticas e emaranhados neurofibrilares, sendo necessária a presença de pelo menos seis placas neuríticas e emaranhados neurofibrilares visíveis no córtex frontal, temporal ou parietal. MAS a biópsia é um procedimento invasivo e deve ser evitado nos casos em que se pode confirmar a patologia por outros meios. EEG= é normal ou mostra uma lentificação inespecífica; o EEG prolongado pode ser utilizado para diagnosticar epilepsias não convulsivas intermitentes. TTO O manejo da DA é desafiador e gratificante apesar da ausência de cura ou tratamento farmacológico robusto. A ênfase é na melhora a longo prazo dos problemas comportamentais e neurológicos associados, bem como no fornecimento de suporte ao cuidador. O tratamento farmacológico atualmente disponível para a DA é de natureza sintomática, com drogas que atuam nas vias colinérgicas (inibidores da colinesterase ou IChE) ou glutamatérgicas (antagonista de receptores NMDA do glutamato). Sintomas comportamentais, desde apatia até delírios, alucinações e agitação/agressividade, são bastante comuns na doença e podem melhorar com o uso de IChE ou, ocasionalmente, também com memantina→ devem ser consideradas como a primeira opção no tratamento farmacológico desses sintomas na DA. NÃO FARMACOLOGICO É fundamental construir uma boa relação com o paciente, os familiares e outros cuidadores. Nos estágios iniciais da DA, recursos de auxílio à memória, como cadernos de anotação e lembretes diários, podem ser úteis. Os membros da família devem enfatizar atividades agradáveis e tentar diminuir as atividades que provocam estresse no paciente. Cozinhas, banheiros, escadas e quartos devem ser seguros e, por fim, os pacientes terão de parar de dirigir. A perda de independência e a mudança de ambiente podem agravar a confusão, agitação e raiva. A comunicação e tranquilização repetidas são necessárias. A síndrome de burnout do cuidador é comum, muitas vezes resultando na colocação do paciente em lares para idosos ou novos problemas de saúde para o cuidador. Respeitar o descanso do cuidador ajuda a manter um ambiente terapêutico bem-sucedido a longo prazo. O uso de centros de permanência diurna do adulto pode ser de grande utilidade. Os grupos de apoio locais e nacionais, ICHE Três IChE são utilizados na prática clínica, sendo indicados para o tratamento da DA leve a moderada: donepezila, galantamina e rivastigmina. A donepezila também está aprovada para o tratamento da DA grave, enquanto a galantamina está indicada para o tratamento da DA com doença cerebrovascular associada. As três inibem a acetilcolinesterase (e, no caso da rivastigmina, também a butirilcolinesterase), enzimas responsáveis pela inativação da acetilcolina, aumentando assim a disponibilidade do neurotransmissor na fenda sináptica. Não há evidências de superioridade terapêutica de um agente sobre outro. Ambas tem eficácia e segurança no tratamento dos sintomas cognitivos e comportamentais da DA, com benefícios também sobre o desempenho funcional -EF ADVERSOS= náuseas, vômitos e diarreia→ estimulação colinérgica periférica. A titulação lenta da dose é a medida mais efetiva na redução desses efeitos, embora em alguns casos não seja suficiente e o tratamento deva ser interrompido, podendo-se fazer a troca de um agente por outro. podem causar síncope e bradicardia em pacientes suscetíveis→ pacientes com antecedente de arritmias cardíacas ou com anormalidades no eletrocardiograma sejam avaliados por cardiologista antes da introdução do medicamento -DOSE= A recomendação é de que sejam aumentadas a cada quatro semanas, ou mesmo após períodos maiores, dependendo da ocorrência de eventos adversos. ANTAGONISTA DO NMDA 8 Laryssa Barros – P7 – Med – tutoriaM3 - Neuro Nas fases moderada a grave da doença, a memantina é eficaz, levando à melhora cognitiva e funcional e à redução do grau de dependência. pode ser combinada a qualquer um dos três IChE em pacientes com DA moderada a grave, oferecendo benefícios clínicos e funcionais superiores ao efeito do IChE isoladamente, sem maior incidência de eventos adversos. -DOSE= inicial 5 mg/dia, com aumento de 5 mg/dia a cada semana. A posologia final recomendada é de 10 mg a cada 12 horas (ou 20 mg uma vez ao dia) e a tolerabilidade é usualmente muito boa. OUTROS Para os pacientes que não respondem ao tratamento com IChE ou memantina, a prescrição de antipsicóticos é bastante frequente na prática clínica, MAS neste contexto clínico não tem aprovação por parte das agências reguladoras, além de já terem sido associados a aumento de mortalidade em pacientes idosos com demência. Antidepressivos, sobretudo os inibidores seletivos de recaptaçãode serotonina (citalopram) podem ser úteis em quadros de depressão associada ou mesmo, em alguns pacientes, sobre sintomas como irritabilidade e agitação. As convulsões podem ser tratadas com levetiracetam, a menos que o paciente já tenha um esquema diferente efetivo antes do início da DA. Agitação, insônia, alucinações e beligerância são características problemáticas de alguns pacientes com DA, e tais comportamentos podem levar à colocação do paciente em um lar para idosos. Os antipsicóticos atípicos de geração mais recente, como risperidona, quetiapina e olanzapina, estão sendo usados em baixas doses para tratar esses sintomas neuropsiquiátricos. Acompanhamento multiprofissional composta por enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, neuropsicólogos e terapeutas ocupacionais, entre outros, complementa o tratamento farmacológico. As diferentes formas de intervenção providas por esses profissionais e dirigidas tanto aos pacientes quanto a seus familiares e cuidadores podem trazer benefícios significativos no manejo da doença, melhorando a qualidade de vida dos envolvidos, reduzindo a carga sobre o cuidador e o índice de institucionalização. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Alteração precoce e proeminente da marcha com perda de memória apenas leve sugere demência vascular ou, raramente, HPN; O tremor de repouso com a postura curvada, bradicinesia e fáscies em máscara sugerem doença de Parkinson (DP) ou DCL. Quando a demência ocorre após um diagnóstico bem estabelecido de DP, a demência relacionada com doença de Parkinson (DDP) costuma ser o diagnóstico correto, mas muitos pacientes com esse diagnóstico irão apresentar uma combinação de DA e DCL na necrópsia. O surgimento precoce de características parkinsonianas associadas a flutuação cognitiva, alucinações visuais ou delírios de falsa identificação sugerem DCL. O alcoolismo crônico deve suscitar a pesquisa de deficiências de vitaminas. A perda das sensibilidades proprioceptiva e vibratória, acompanhada de sinal de Babinski, sugere deficiência de vitamina B12, particularmente em um paciente com história de doença autoimune, ressecção ou irradiação do intestino delgado ou veganismo. O início precoce de convulsões focais sugere neoplasia cerebral primária ou metastática. Uma história pregressa ou contínua de depressão levanta a suspeita de prejuízo cognitivo relacionado com depressão, embora na DA possa haver depressão como pródromo. Uma história de tratamento de insônia, ansiedade, transtorno psiquiátrico ou epilepsia sugere intoxicação medicamentosa crônica. A rápida progressão em poucas semanas ou meses, associada com rigidez e mioclonia, sugere DCJ; Alterações comportamentais proeminentes com orientação espacial íntegra e atrofia focal predominantemente anterior nos exames de neuroimagem são típicas da DFT. Uma história familiar positiva de demência sugere uma das formas familiares de DA ou um dos outros distúrbios genéticos associados à demência, como DFT, doença de Huntington (DH), doença priônica ou ataxias hereditárias raras. DOENÇAS PRIONICAS (DCJ) são condições neurodegenerativas raras (com prevalência de 1 por milhão) que produzem demência. A DCJ é um distúrbio rapidamente progressivo associado com demência, sinais corticais focais, rigidez e mioclonia, causando a morte em menos de 1 ano após o surgimento dos primeiros sintomas. A rapidez da progressão é incomum na DA, de modo que a distinção entre os dois distúrbios costuma ser fácil. A degeneração corticobasal (DCB) e a DCL, que são demências degenerativas mais rápidas com anormalidades proeminentes do movimento, têm mais probabilidade de serem confundidas com a DCJ. O diagnóstico diferencial de DCJ inclui outras demências rapidamente progressivas, como encefalites virais ou bacterianas, encefalopatia de Hashimoto, vasculites do sistema nervoso central (SNC), linfomas ou síndromes paraneoplásicas/autoimunes. Os complexos periódicos acentuadamente anormais no EEG e hiperintensidades corticais (cortical ribboning) e nos núcleos da base em imagens de RM em FLAIR são características diagnósticas de DCJ, embora, 9 Laryssa Barros – P7 – Med – tutoriaM3 - Neuro convulsões prolongadas focais ou generalizadas possam produzir uma imagem semelhante. DOENÇA DE HUNTINGTON distúrbio cerebral degenerativo autossômico dominante. As características clínicas da DH incluem coreia, alteração do comportamento e um distúrbio da função executiva. Os sintomas costumam começar na quarta ou quinta décadas, mas há uma ampla variação da infância até > 70 anos. A memória em geral não é acometida até a doença avançada, mas atenção, julgamento crítico, autopercepção e funções executivas frequentemente apresentam-se comprometidas desde o estágio inicial. Depressão, apatia, retraimento social, irritabilidade e desinibição intermitente são comuns. Podem ocorrer delírios e comportamento obsessivo-compulsivo. A duração da doença é cerca 15 anos. HIDROCEFALIA DE PRESSÃO NORMAL é uma síndrome incomum, porém tratável. As características clínicas, fisiológicas e neurorradiológicas da HPN devem ser cuidadosamente distinguidas daquelas de outras demências associadas a alteração da marcha. compreende a tríade clínica de marcha anormal (atáxica ou apráxica), demência (em geral leve a moderada, com uma ênfase no prejuízo da função executiva) e urgência ou incontinência urinárias. -Diagnóstico= Os exames de neuroimagem revelam ventrículos laterais aumentados (hidrocefalia) com pouca ou nenhuma atrofia cortical, embora as fissuras silvianas possam parecer abertas, o que pode ser confundido com atrofia perissilviana. A aglomeração dos giros frontoparietais dorsais ajuda a distinguir a HPN de outros distúrbios do movimento, como PSP e DCB, em que é comum haver atrofia dorsal com alargamento dos sulcos. A HPN é uma hidrocefalia comunicante com um aqueduto de Sylvius patente. A pressão de abertura na punção lombar situa-se na faixa normal alta, e os níveis de proteína e glicose e a contagem celular do LCS são normais. -Etio= obstrução do fluxo normal de LCS sobre as convexidades cerebrais e retardo na reabsorção para o sistema venoso→ventrículos laterais aumentados com elevação relativamente leve da pressão do LCS. Diferente da DA, o paciente com HPN queixa-se de distúrbio da marcha precoce e proeminente sem atrofia cortical na TC ou RM. Atrofia hipocampal na RM favorece DA, enquanto uma marcha “magnética” característica, com rotação externa do quadril, pouca elevação da perna e passadas curtas, junto com balanço ou instabilidade proeminente do tronco, favorecem HPN. O diagnóstico de HPN deve ser evitado quando não se detecta hidrocefalia nos exames de imagem, mesmo que os sintomas da síndrome estejam presentes. HIPOTENSÃO INTRACRANIANA (SÍNDROME DO CÉREBRO FLÁCIDO) distúrbio provocado por baixa pressão do LCS, levando a uma diminuição da pressão ao longo das estruturas subcorticais e interrupção da função cerebral. Ela se manifesta de modo variável com cefaleia, frequentemente exacerbada pela tosse, manobra de Valsalva, ou pela mudança de posição (de deitado para em pé). Além de, tontura, vômitos, alteração do ciclo de sono-vigília e, algumas vezes, uma síndrome semelhante à DFT comportamental progressiva. ALCOOLISMO CRONICO Deficiencia de vitaminas do complexo B, ou Uma síndrome rara de demência e convulsões com degeneração do corpo caloso foi descrita principalmente em homens italianos que consomem vinho tinto (doença de Marchiafava-Bignami). • Deficiencia de B1 causa a encefalopatia de Wernicke. A apresentação clínica típica é um paciente desnutrido (frequentemente alcoolista) com confusão, ataxia e diplopia resultando de inflamação e necrose das estruturas de linha média periventriculares, comotálamo dorsomedial, corpos mamilares, linha média do cerebelo, substância cinzenta periaquedutal e núcleos trocleares e abducentes. A lesão do tálamo dorsomedial correlaciona-se mais estreitamente com a perda de memória. A deficiência prolongada não tratada pode resultar em uma síndrome amnésica profunda e irreversível (síndrome de Korsakoff) ou mesmo a morte. • SINDROME DE KORSAKOFF o paciente é incapaz de recordar informações novas apesar da memória imediata, atenção e nível de consciência normais. A memória para eventos novos é gravemente comprometida, enquanto o conhecimento adquirido antes da doença permanece relativamente íntegro. Os pacientes mostram-se facilmente confusos, desorientados e incapazes de armazenar informações por mais do que alguns minutos. podem ser conversadores, atraentes e capazes de executar tarefas simples bem como seguir comandos imediatos. A confabulação é comum. Não há tratamento específico porque a deficiência de tiamina prévia produz lesão irreversível dos núcleos talâmicos mediais e corpos mamilares. • DEFICIENCIA DE B12 leva à anemia megaloblástica e também pode danificar o sistema nervoso. Produz mais comumente uma síndrome de medula espinal (mielopatia) que envolve as colunas posteriores (perda das sensibilidades proprioceptiva e vibratória) e os tratos corticospinais (reflexos tendíneos hiperativos com sinais de Babinski); também acomete os nervos periféricos (neuropatia), resultando em perda sensitiva com reflexos tendíneos 10 Laryssa Barros – P7 – Med – tutoriaM3 - Neuro diminuídos. A lesão dos axônios mielinizados também pode causar demência. O uso de bloqueadores da histamina ou metformina, dietas veganas, autoimunidade contra células parietais gástricas e várias causas de má absorção são as causas típicas. As sequelas neurológicas da deficiência podem ocorrer na ausência de manifestações hematológicas, devendo-se evitar o uso do hemograma completo e esfregaço sanguíneo como substitutos da determinação dos níveis séricos de vitamina B12. • DEFICIENCIA DE ÁCIDO NICOTINICO (PELAGRA) está associada a um exantema cutâneo em áreas expostas ao sol, glossite e estomatite angular. A deficiência nutricional grave de ácido nicotínico junto com outras vitaminas B, como a piridoxina, pode resultar em paraparesia espástica, neuropatia periférica, fadiga, irritabilidade e demência. Essa síndrome foi observada em prisioneiros de guerra e em campos de concentração, mas deve ser considerada em qualquer indivíduo desnutrido. INFECÇÕES DO SNC Costumam causar delirium e outras síndromes neurológicas agudas. Entretanto, algumas infecções crônicas do SNC, especialmente aquelas associadas à meningite crônica, podem produzir demência→suspeitar de meningite infecciosa crônica nos pacientes que se apresentam com demência ou síndrome comportamental, cefaleia, meningismo, neuropatia craniana e/ou radiculopatia. 20 a 30% dos pacientes nos estágios avançados da infecção pelo HIV apresentam demência. pode resultar de infecções oportunistas secundárias, mas também pode ser causada por infecção direta dos neurônios do SNC pelo HIV→ retardo psicomotor, apatia e perda de memória. Neurossífilis= atualmente é rara, mas ainda pode ser encontrada em pacientes com múltiplos parceiros sexuais, em especial entre pacientes com HIV. As alterações características do LCS consistem em pleiocitose, aumento de proteínas e teste VDRL. NEOPLASIAS PRIMÁRIAS E METTABÓLICAS costumam produzir achados neurológicos focais e convulsões, em vez de demência, mas se o crescimento tumoral iniciar nos lobos frontal ou temporal, as manifestações iniciais podem ser perda de memória ou alterações do comportamento. -Encefalite límbica= síndrome paraneoplásica de demência associada a carcinoma oculto (câncer de pulmão de pequenas células). -encefalite paraneoplásica associada a anticorpos contra o receptor de NMDA= se manifesta como um distúrbio psiquiátrico progressivo, com perda de memória e convulsões; os pacientes afetados são frequentemente mulheres jovens com teratomas ovarianos. DISTÚRBIO EPILÉTICO NÃO CONVULSIVO pode estar subjacente a uma síndrome de confusão, diminuição da consciência e fala alterada. Com frequência, suspeita-se de um transtorno psiquiátrico, mas o EEG demonstra a natureza epiléptica da doença. Se recorrente ou persistente, pode ser denominado estado de mal epiléptico parcial complexo. A anormalidade cognitiva muitas vezes responde à terapia anticonvulsivante. A etiologia pode ser pequenos AVCs prévios ou traumatismo craniano. DOENÇAS SISTEMICAS afetam indiretamente o encéfalo e produzem confusão crônica ou demência→ hipotireoidismo; vasculite; e doenças hepáticas, renais ou pulmonares. A encefalopatia hepática. VASCULITE DO SNC (ANGEÍTE GRANULOMATOSA DO SNC) ocasionalmente causa uma encefalopatia crônica com confusão, desorientação e diminuição da consciência. Cefaleia é comum, podendo ocorrer AVC e neuropatias cranianas. Os exames neurorradiológicos podem ser normais ou detectar anormalidades inespecíficas. O LCS revela pleocitose leve ou elevação do nível de proteína. A angiografia cerebral pode mostrar estenose que envolve vasos de médio calibre, mas alguns pacientes têm apenas doença dos pequenos vasos, não revelada pela angiografia. EXPOSIÇÃO CRONICA A METAIS representa uma causa rara de demência. A chave para o diagnóstico é identificar a história de exposição no trabalho ou no lar. Há relatos de intoxicação crônica por chumbo decorrente de vitrificação a fogo inadequada de cerâmica. Fadiga, depressão e confusão podem estar associadas à dor abdominal episódica e neuropatia periférica. Linhas de chumbo acinzentadas aparecem nas gengivas, acompanhadas de anemia com pontilhado basofílico nos eritrócitos. A apresentação clínica pode assemelhar-se à porfiria intermitente aguda. O tratamento utiliza a quelação com agentes como o ácido etilenodiaminotetracético (EDTA). A intoxicação crônica por mercúrio produz demência, neuropatia periférica, ataxia e tremor que podem evoluir para o tremor de intenção cerebelar ou coreoatetose. intoxicação crônica por arsênico= confusão e a perda de memória da também estão associadas com náuseas, perda de peso, neuropatia periférica, pigmentação e descamação da pele, linhas brancas transversais nas unhas dos dedos (linhas de Mees). O tratamento baseia-se na quelação com dimercaprol (BAL). A intoxicação por alumínio é rara, mas foi documentada na síndrome de demência da diálise. 11 Laryssa Barros – P7 – Med – tutoriaM3 - Neuro TRAUMATISMOS CRANIANOS em atletas profissionais podem levar a uma demência previamente chamada de síndrome “punch-drunk” ou demência puglística, mas hoje conhecida como encefalopatia traumática crônica (ETC)→ para atletas de esportes de contato, além do boxe. Os sintomas podem ser progressivos, começando tardiamente na carreira do atleta ou, após a aposentadoria. No início, ocorre alteração da personalidade associada à instabilidade social e, às vezes, paranoia e delírios. Depois, a perda de memória evolui para a demência, muitas vezes acompanhada de sinais parkinsonianos e ataxia ou tremor de intenção. a necrópsia, o córtex cerebral apresenta alterações de ENFs imunorreativos a tau, mais proeminentes do que as placas amiloides . HEMATOMA SUBDURAL CRONICO= Está ocasionalmente associado à demência, muitas vezes no contexto de uma atrofia cortical subjacente a condições como DA ou DH. AMNESIA GLOBAL TRANSITORIA caracteriza-se pelo início súbito de grave déficit da memória episódica e ocorre habitualmente em indivíduos > 50 anos de idade. A amnésia acontece no contexto de estímulo emocional ou esforço físico. Durante o episódio, o indivíduo se mostra alerta e comunicativo, a cognição geral pareceintacta, e não há outros sinais ou sintomas neurológicos. pode parecer confuso e fazer perguntas repetidas sobre sua localização no tempo e no espaço. A capacidade de formar memórias novas retorna após um período de horas, e o indivíduo volta ao normal sem qualquer recordação do período do episódio. Com frequência, nenhuma causa é determinada, mas doença cerebrovascular, epilepsia, migrânea (enxaqueca) ou arritmia cardíaca foram implicadas. Cerca de um quarto dos pacientes apresentam crises recorrentes. COMPLEXO ELA/PARKINSONISMO/DEMÊNCIA DE GUAM doença degenerativa rara observada em nativos chamorros da ilha de Guam. Os indivíduos podem apresentar qualquer combinação de características de parkinsonismo, demência e DNM. Os aspectos anatomopatológicos mais típicos são a presença de ENF nos neurônios em degeneração do córtex e da substância negra, bem como a perda de neurônios motores na medula espinal. Tem como possíveis causas exposição a neurotoxina ou um agente infeccioso, com período de latência longo. LEUCODISTROFIAS leucodistrofias de início no adulto, doenças de depósito lisossômico e outras doenças genéticas causam demência na meia-idade ou idade avançada. A leucodistrofia metacromática (LDM) causa síndrome psiquiátrica progressiva ou demência associada a anormalidade da substância branca frontal extensa confluente. é diagnosticada com base na determinação da atividade reduzida da enzima arilsulfatase A nos leucócitos periféricos. Relataram-se apresentações da adrenoleucodistrofia de início na idade adulta em portadores do sexo feminino, e apresentam envolvimento da medula espinal e substância branca posterior, diagnosticada pela demonstração de níveis elevados de ácidos graxos de cadeia muito longa no plasma. A CADASIL é outra síndrome genética associada à doença da substância branca, muitas vezes de predomínios frontal e temporal. O diagnóstico é feito por biópsia da pele, que mostra grânulos osmofílicos nas arteríolas ou por testes genéticos para mutações no Notch 3. TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS • AMNESIA PSICOGENICA Não se sabe se isso resulta de exclusão deliberada de memórias desagradáveis, fingimento evidente de doença ou repressão inconsciente, e provavelmente depende do paciente. A amnésia para eventos específicos é mais propensa a ocorrer após crimes violentos, como homicídio de um parente ou amigo próximo ou abuso sexual. Pode surgir em associação à intoxicação por drogas ou álcool e, às vezes, na esquizofrenia. A amnésia psicogênica mais prolongada ocorre em estados de fuga que também sucedem comumente um estresse emocional grave. Os episódios costumam durar horas ou dias e, às vezes, semanas ou meses, enquanto o paciente assume uma nova identidade. Indivíduos gravemente deprimidos ou ansiosos podem parecer dementes, um fenômeno algumas vezes denominado pseudodemência. A memória e linguagem em geral se mostram intactas quando se realizam testes cuidadosos, e uma perturbação significativa da memória sugere demência subjacente, mesmo que o paciente esteja deprimido. O início costuma ser mais abrupto, e o ambiente psicossocial pode sugerir razões fortes para a depressão. Tais pacientes respondem ao tratamento da doença psiquiátrica subjacente. A esquizofrenia costuma ter idade de início bem menor (segunda e terceira décadas) do que a maioria das doenças de demência e está associada à memória intacta. Os delírios e alucinações da esquizofrenia são geralmente mais complexos, bizarros e ameaçadores do que aqueles da demência. DFT, DH, demência vascular, DCL, DA ou leucoencefalopatia podem começar com manifestações semelhantes à esquizofrenia, induzindo a diagnóstico errôneo. A perda de memória também pode fazer parte de um distúrbio de conversão. os pacientes queixam-se amargamente da perda de memória, mas os testes cognitivos cuidadosos não confirmam os déficits ou demonstram padrões incoerentes ou incomuns de problemas cognitivos. O comportamento do paciente e suas respostas “erradas” às perguntas muitas vezes indicam que ele compreende a pergunta e sabe a resposta correta. 12 Laryssa Barros – P7 – Med – tutoriaM3 - Neuro O embotamento da cognição por uso crônico de drogas ou medicamentos, é uma causa importante de demência. Os sedativos, tranquilizantes e analgésicos, podem gerar confusão, perda de memória e letargia, sobretudo no idoso.
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