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DEMÊNCIAS - ALZHEIMER, VASCULAR, CORPOS DE LEWY, FRONTOTEMPORAL E NEUROSSÍFILIS

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Victoria Chagas 
1 
 
 
 
DOENÇA DE ALZHEIMER (DA) 
 
 
O QUE É? 
 
- Transtorno neurodegenerativo progressivo que se manifesta por deterioração cognitiva e da 
memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de 
sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EPIDEMIO 
- A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência → mais de 50% dos casos. 
- Acomete 5-10% dos pacientes acima de 65 anos e 20-40% daqueles acima de 85 anos. 
- Principal causa de morbidade e mortalidade em idosos 
- A maior parte dos casos são de forma esporádicas (95%) → associação genética e ambiente 
- As formas hereditárias apenas 5% → relacionadas a mutações autossômicas dominantes 
 
➢ FATORES DE RISCO 
• Idade >65 anos 
• História familiar 
• Presença de APOE4 
• Outros: insônia, TCE, 
depressão, etilismo, 
sedentarismo, 
obesidade, DM ... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ETIOFISIO 
PATOLO 
GIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Trata-se de demência do tipo cortical. 
- Os neurônios do córtex cerebral 
(especialmente dos lobos parietais e 
temporais, hipocampo e núcleo basal de 
Meynert) estão depletados de acetilcolina 
e outros neurotransmissores. 
- A degeneração neuronal é decorrente do 
acúmulo de placas senis amiloides 
(formadas pela proteína amiloide Aβ) no 
interstício e de novelos neurofibrilares no 
citoplasma dos neurônios 
- Mais de 20 loci genéticos foram 
relacionados a DA, sendo o principal a 
presença da Apolipoproteína 4 (APOE4) 
 
➢ FISIOPATOLOGIA 
- Na DA há morte dos neurônios colinérgicos e 
hipocampais responsável pelas funções de aprendizado, 
memória, raciocínio, comportamento e controle 
emocional → ACETILCOLINA ↓ 
- Essas alterações caracterizam-se por atrofia acentuada 
do córtex cerebral e perda dos neurônios corticais e 
subcorticais. 
- A presença de emaranhados neurofibrilares (ENF) e 
placas neuríticas (PN) é a condição necessária para 
caracterizar a DA. 
- Formação dessas estruturas leva a perda da ligação 
sináptica e atrofia cerebral → cérebro passa a ter um 
aumento de ventrículos e de sulcos, com diminuição do 
peso do encéfalo. 
- Essas alterações começam a surgir 20 anos antes do início dos sintomas 
 
DEMÊNCIAS 
 Victoria Chagas 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ETIOFISIO 
PATOLO 
GIA 
 
 
 
 
• Proteína Tau 
- Os ENF intracelulares consistem em filamentos helicoidais pareados, formados a partir da 
proteína tau (proteína citosólica encontrada predominantemente em neurônios), onde a sua 
função principal é manter a estabilidade e montagem dos microtúbulos presentes nos axônios. 
- Sendo que a hiperfosforilação da tau leva a perda da estabilidade e rompimento desses 
microtúbulos, além de resultar na formação dos emaranhados neurofibrilares. 
 
• Placas amiloides 
- Já as PN, também chamadas de placas amiloides ou senis, 
no espaço extracelular, consistem de um agregado de 
filamentos denominados de peptídeos B-amiloide. 
- Na DA, Paciente apresenta um acúmulo de proteína beta 
amiloide no espaço extracelular em placas, encontradas 
principalmente no hipocampo, amígdala e no neocórtex. 
- As proteínas bela-amiloide estão relacionadas no auxílio 
do sistema imunológico do SNC → atuam na captura de microrganismos 
- A forma deficiente desta proteína ocasiona inúmeras alterações nas células nervosas, 
principalmente a destruição dos dendritos que são projeções comunicantes nos neurônios. 
 
• Genética 
- Mutação na APOE4 → DA de início tardio - Influenciam a doença em pacientes entre 60 à 70 
anos de idade. → é a principal proteína carregadora de colesterol para o cérebro. Aparece 
aproximadamente em 40% dos portadores com DA e os pacientes que possuem esse alelo 
apresentam maiores chances de possuir a DA (4x mais). 
- Mutação na PSEN1, PSEN2 e APP → levam a DA de início precoce 
 
• Deficiência colinérgica 
- A base anatômica da deficiência colinérgica é a atrofia e a degeneração dos neurônios 
colinérgicos subcorticais que fornecem inervação colinérgica para todo o córtex cerebral. 
- Acetilcolina é o maior neurotransmissor responsável pela formação da memória e aprendizado. 
- Além disso, nesta patologia há destruição não apenas dos neurônios colinérgicos, mas também 
das células corticais e hipocampais que recebem estímulos colinérgicos. 
- Entretanto, a DA promove a degeneração de vários outros sistemas de neurotransmissores, 
como serotonina, glutamato e neuropeptídeos. 
 
**Glutamato na DA → As doenças neurodegenerativas possuem a característica de perda de 
neurônios por mecanismo derivados da sobreativação dos receptores de glutamato 
(excitotocidade) → o glutamato regulo a entrada de cálcio nos neurônios. Na DA há uma 
atividade excessiva de canais iônicos pelo excesso do glutamato no canal sináptico. Esse 
excesso acaba matando os neurônios pela alta concentração de cálcio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Declínio da memória + outra função cognitiva → persistente e progressivo 
- A perda da memória principal/inicial é a episódica recente 
- Exemplos: repetição das mesmas perguntas, esquecimento de eventos e compromissos... 
• Perda de funcionalidade 
 
- Outras funções cognitivas afetadas: 
o Orientação temporo-espacial – dificuldade em reconhecer ambientes 
o Linguagem – expressão, compreensão, leitura e escrita – empobrecimento do discurso 
o Função executiva – compromete realização de tarefas complexas 
o Praxia – capacidade de ordenar nossos movimentos para realizar tarefas) 
o Velocidade de pensamento – lentificação 
o Visoespacial – capacidade de se orientar no espaço e reconhecer faces ou objetos 
comuns, dificuldade para encontrar/compreender palavras 
o Personalidade ou comportamento – alteração de humor, agitação, apatia, desinibição. 
 Victoria Chagas 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Quadro clínico: 
 
• Depressão, apatia e irritabilidade 
• Anosognosia → perda do insight da doença (incapacidade de reconhecer a doença) 
• Alterações comportamentais → lobo frontal está afetado (responsável pela inibição) 
• Apraxia ideomotora (incapaz de repetir e executar gestos) – construcional (incapaz de operar 
instrumentos, se vestir, comer, copiar figuras) e Afasia 
• Agitação psicomotora → fases mais tardias 
• Nas fases mais avançadas o paciente evolui para um déficit cognitivo grave, apatia e 
incapacidade de deambulação → DA não cursa com distúrbios motores (paresias, 
espatiscidade), salvo nas fases finais da doença. Isso difere da segunda causa mais comum, 
a demência vascular (evolução mais rápida – manifesta-se com graus de afasia, 
predominantemente motora) 
 
- Fases da DA: 
 
o Fase inicial (estágio l - leve) de 1 a 3 anos 
✓ Perda de memória recente – lapsos 
✓ Mudanças de comportamento 
✓ Senso de direção comprometido – doente se perde 
✓ Atitude mais agressiva que o normal 
✓ Dificuldade em fixar informações novas 
✓ Teimosia – paciente insiste que nada está errado 
 
o Fase intermediária (estágio ll - moderada) de 2 a 8 anos 
✓ Perda de memória intensificada 
✓ Repetição infinita de informações 
✓ Alternâncias de momentos de lucidez e confusão 
✓ Estresse psicológico e depressão 
✓ Agressividade quando contrariado 
✓ Estranhamento constante da casa e dos pertences 
✓ Começa a dependência físico – algumas atividades 
se tornam perigosas ou penosas 
✓ Vocabulário – o doente esquece palavras óbvias 
 
o Fase grave (estágio lll) de 6 a 12 anos 
✓ Dependência física total 
✓ Não anda e quase não fala 
✓ Aparecimento de infecções, como ITU e pneumonia 
✓Deglutição prejudicada 
✓ Surgimento de feridas e problemas de circulação 
devido longos períodos sentados ou deitados. 
 
 
➢ ALZHEIMER DE INÍCIO PRECOCE 
 
- O Alzheimer precoce ou "demência pré-senil", é um tipo de 
Alzheimer raro que tem início antes dos 65 anos, normalmente entre os 
40 e 50 (mas pode ser antes), e está relacionada a alterações 
genéticas hereditárias que levam a perda progressiva da cognição, 
resultando em sintomas como falha ou perda de memória, confusão 
mental, agressividade e dificuldade em fazer atividades diária. 
- Os sintomas geralmente se desenvolvem mais rápido gerando uma 
perda rápida de cognição. 
- Quando os primeiros sintomas surgem, muitas vezes são confundidos 
com excesso de estresse ou depressão, e por isso o diagnóstico do 
Alzheimer precoce acaba sendo tardio. O ideal é consultar um 
neurologista sempre que surgirem sintomas e existir histórico familiar da 
doença, pois o diagnóstico antecipado é importante. 
 
 Victoria Chagas 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIAGNÓS 
TICO 
 
- Clínica + exclusão de outras causas de demências reversíveis 
- Processo de investigação diagnóstica para preencher os critérios inclui: 
o História completa (com paciente e familiar ou cuidador) e avaliação clínica 
o Rastreio cognitivo – testes cognitivos como o MINIMENTAL ou MoCA 
o Rastreio funcional – teste de Lawton e Brody – AIVD ou Katz - ABVD 
o Exames laboratoriais: hemograma completo, glicemia, ureia e creatinina, TSH, função 
hepático (ALT)/(AST), vitamina B12, ácido fólico. 
o Sorologia sérica para sífilis (VDRL) e HIV → em pacientes com menos de 60 anos 
o Imagem cerebral (TC sem contraste ou RM) - útil para 
excluir lesões estruturais que podem contribuir para 
demência, como infarto cerebral, neoplasia → podem 
ser normais no início ou mostrar atrofia cerebral, 
predominando nos lobos parietal, temporal e 
hipocampo com o passar do tempo. 
 
- Outros exames possíveis: 
o Punção lombar → Biomarcadores → não é de rotina 
(não tem no SUS e é caro) – proteína amiloide, Tau total e fosforilada 
o SPECT ou TC com emissão de pósitrons – irá revelar diminuição da 
atividade nas áreas cerebrais mais afetadas 
 
- Diagnóstico definitivo de DA só pode ser realizado por necropsia (ou biópsia) → identificação 
do número apropriado de placas e enovelados em regiões específicas do cérebro, na presença 
de história clínica consistente com demência (não é usado para diagnóstico clínico) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATA 
MENTO 
 
- Não há tratamento com evidência de cura ou interrupção de avanço da doença. 
- Dentre os mais utilizados são anticolinesterásicos e memantina. 
- Estimulação cognitiva favorece retardamento da perda de funcionalidade. 
- Para sintomas como agitação ou delírios podem ser usados antipsicóticos atípicos ou bzd 
 
➢ FARMACOLÓGICO 
 
• Inibidores da acetilcolinesterase 
- ↑ acetilcolina cerebral e podem melhorar os sintomas e/ou reduzir a progressão da doença. 
- Doses devem ser tituladas - minimizar EA – náuseas, diarreia, pesadelos, cãibras, bradicardia 
✓ Donepezila – 5 a 10 mg VO 1x/dia 
✓ Rivastigmina – 6 a 12 mg dividido em 2x/dia 
✓ Galantamina – 16 a 24 mg/dia dividido em 2x/dia 
 
• Antagonista do receptor de glutamato – Inibidor do receptor NMDA 
- Usada para tto em moderada a grave associado ao anticolinesterase 
- A memantina (medicamento antagonista de NMDA) regula a ativação de um tipo de canal 
de cálcio, ou seja, não tem entrada excessiva de cálcio e os neurônios não morrem → usa 
em DA grave ou moderada pois nessas fases há maior desregulação destes canais iônicos 
que nas fases iniciais. 
✓ Memantina – 20 mg dividido 2x ao dia 
 
• Antioxidantes → alguns estudos demonstrarão ↓ nas internações e ↑ da sobrevida 
✓ Vitamina E → 2000 UI divididos em 2x/dia em pacientes sem IC (controverso) 
 
• Pacientes com depressão → IRSS 
✓ Citalopram ou sertralina 
 
➢ TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO 
 
• Atividades produtivas (estimulação cognitiva) → artesanato, música ... 
• Manter a rotina do paciente 
• Caminhadas e exercícios físicos simples 
• Contato social → interação é importante 
• Adaptação do ambiente para segurança do paciente 
 
 Tau ↑ no LCR 
Amiloide ↓ LCR 
 
 
 Victoria Chagas 
5 
 
DEMÊNCIA VASCULAR (DV) 
 
 
 
 
O QUE É? 
 
- Degeneração cognitiva, aguda ou crônica, decorrente de infarto cerebral difuso ou focal, 
relacionada com mais frequência à doença cerebrovascular 
- Com a prevenção primária e secundária de fatores de risco para doenças vasculares, a DV (ou 
CCV – comprometimento cognitivo vascular) pode ser considerado também uma demência 
potencialmente reversível, ou pelo menos, potencialmente estabilizável. 
 
 
 
 
 
 
EPIDEMIO 
- A DV é a mais prevalente entre as demências secundárias 
- Ocupa o 2º lugar entre todos os quadros demenciais, depois da DA na faixa senil (>65 anos) 
- A estimativa global é de 15-20% → 2% em 65-70 de idade e de 20-40% na de > 80 anos de idade 
- É mais comum em homens que em mulheres. 
- Demência vascular (DV) é muito frequente em países em que o controle dos fatores de risco 
para doenças vasculares é escasso, e também no Oriente (prevalência até 50% Japão e China) 
- Fatores de risco incluem → HAS, arritmia, DAC, DM, hipercolesterolemia, vasculite, tabagismo 
- Comum associação com a DA – demência mista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ETIOFISIO 
PATOLO 
GIA 
 
 
- Em geral, a demência vascular resulta de múltiplos infartos cerebrais pequenos (ou, às vezes, 
hemorragias) → Embora cada infarto possa, por si só, ser apenas minimamente sintomático, a 
combinação de múltiplos infartos pequenos podem causar perda neuronal/axonal suficiente 
para prejudicar a função cerebral. 
- Demências vasculares incluem: 
• Múltiplo infarto lacunar: os pequenos vasos são afetados 
• Demência de múltiplos infartos: são afetados vasos de tamanho médio. 
• Demência de um único infarto estratégico: infarto único que ocorre em uma área crucial 
do cérebro (p. ex., giro angular, tálamo). 
• Demência de Binswanger (encefalopatia arteriosclerótica subcortical): É uma variante 
incomum da demência de pequenos vasos associada à hipertensão grave e mal 
controlada e à doença vascular sistêmica. Ela provoca perda difusa e irregular de axônios 
e mielina com gliose generalizada, morte tecidual devido a um infarto, ou perda de 
suprimento de sangue para a massa branca do cérebro. 
• Demência vascular hereditária: a arteriopatia cerebral autossômica dominante com 
infartos subcorticais e leucoencefalopatia (AADCISL) é uma doença cerebral de 
pequenos vasos causada por mutações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/acidente-vascular-encef%C3%A1lico/acidente-vascular-encef%C3%A1lico-isqu%C3%AAmico
 Victoria Chagas 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA 
 
- Os sintomas podem variar dependendo de onde o infarto 
ocorre → início dos sintomas geralmente ocorrem nos 3 
primeiros meses que se seguem ao AVC 
- Os sinais e sintomas da demência vascular são 
semelhantes àqueles de outras demências → perda de 
memória, função executiva prejudicada, dificuldade de 
iniciar ações ou tarefas, raciocínio lento, alterações de 
personalidade e humor, alterações de linguagem. 
- Em comparação com a doença de Alzheimer, a demência 
vascular tende a causar perda de memória mais tarde e 
afetar a função executiva mais precocemente. 
- Progressão em “degraus” → cada episódio de infarto é 
acompanhado por declínio intelectual. 
- À medida que a doença progride, está muito associada a 
déficits neurológicos focais como: exacerbação dos reflexos tendinosos profundos, resposta 
extensora plantar, anormalidades da marcha, hemiplegias/hemiparesias, outros sinais de 
disfunção extrapiramidal,afasias 
- A perda cognitiva pode ser focal. Por exemplo, a memória de curto prazo pode ser menos 
afetada do que em outras formas de demência. Portanto, pacientes podem estar mais cientes 
de seus déficits e depressão pode ser mais comum que em outras demências. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIAGNÓS 
TICO 
 
- Diagnóstico de DV é realizado levando-se em conta a história clínica, os achados de exame, a 
avaliação neuropsicológica e os dados de neuroimagem 
- A avaliação neuropsicológica geralmente evidencia comprometimento de memória episódica 
menos intenso do que na DA, enquanto a atenção e as funções executivas e motoras estão mais 
gravemente acometidas. 
- O escore de Hachinski Pode ser usado o para 
diferenciar do Alzheimer (quadro) 
- É comum ter demência mista (DV + DA) 
 
• Achados clínicos sugestivos: 
✓ História de AVC 
✓ História de distúrbios de marchas ou 
quedas frequentes 
✓ Incontinência de esfíncteres no início 
✓ Paralisia pseudobulbar 
✓ Achados focais como hemiparesia, e 
sinais extrapiramidais (rigidez e acinesia) 
✓ Depressão e outras alterações 
 
• TC ou RM podem apresentar 
✓ Infartos múltiplos bilaterais, múltiplos AVE 
lacunares e lesões da substância branca 
 
• Prognóstico → taxa de mortalidade em 5 anos é de 61% (o mais alto nas demências), 
provavelmente devido coexistência com outras doenças cardiovasculares. 
 
 
 
 
 
TRATA 
MENTO 
 
- Manejo terapêutico da DV passa necessariamente pelas estratégias de prevenção, tanto 
primária quanto secundária, de eventos cerebrovasculares, com o objetivo de identificar e 
controlar os fatores de risco, como HAS, DM, dislipidemia, fibrilação atrial e tabagismo. 
- Pela observação do déficit colinérgico na DV, tem-se mostrado a eficácia dos 3 principais IChEs 
(donepezil, galantamina e rivastigmina) em pacientes com DV de intensidade leve a moderada. 
- A memantina também se mostrou eficaz em pacientes com DV. 
 
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/delirium-e-dem%C3%AAncia/dem%C3%AAncia#v1036676_pt
 Victoria Chagas 
7 
 
DEMÊNCIA POR CORPÚSCULOS DE LEWY 
 
O QUE É? 
 
- A Doença de Lewy afeta indivíduos prioritariamente após os 75 anos e é caracterizada pela 
perda progressiva das funções cognitivas em decorrência da formação dos “corpos de Lewy”. 
 
 
EPIDEMIO 
- É a 2ª causa de demência de causa degenerativa em idosos → cerca de 15-20% 
- Apresenta uma média de idade de início de 75 anos, variando de 50-80 anos 
- Período médio de evolução de 9 anos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ETIOFISIO 
PATOLO 
GIA 
 
- A gênese dos corpos de Lewy vem da proteína alfa sinucleína, 
encontrada na fenda pré-sináptica → corpos de Lewy intracelulares são 
formados pela agregação anômala de alfasinucleína 
- Fisiologicamente, essa proteína age como reguladora de liberação das 
vesículas sinápticas e na regulação de liberação de dopamina. 
- Em casos de mutação do gene dessa proteína, a substituição de alanina 
e de treonina propõe o surgimento dos copos de Lewy. 
 
- Os CL apresentam efeito neurotóxico regional, colaborando com o aparecimento de células da 
glia proporcionais ao número desses corpúsculos degenerativos. 
- O sistema imune responde com efeito pró inflamatório, no entanto, essa resposta também possui 
efeito neurotóxico e pode estar relacionada com a progressão dos corpos de Lewy. 
 
**Um paciente que apresenta a doença de Parkinson também apresenta uma histopatologia dos 
Corpos de Lewy, todavia, situada em um local diferente da Demência com Corpos de Lewy → na 
DP, os corpos de Lewy intracelulares estão no tronco cerebral e na substância nigra. Já na DCL, 
os corpos estão situados no neocórtex, sistema límbico, tronco cerebral e núcleos subcorticais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA 
 
- Presença de declínio cognitivo + perda funcional → dx de demência 
 
- A DCL é marcada por: 
 
• Inicialmente a atenção e estado de alerta estão mais prejudicados que a memória 
- Paciente ainda possui dificuldade de avaliar distancias → quedas constantes 
 
• Parkinsonismo → rigidez e bradicinesia, tremores e instabilidade postural 
- Geralmente demência e Parkinsonismo aparecem juntos, diferente da doença de Parkinson 
que tem um intervalo de tempo maior entre essas manifestações 
 
• Alucinações visuais (60-70%) → complexas e detalhadas 
- Geralmente começam nos 2 ou 3 anos da doença (na DA são tardios) 
- Alucinações geralmente não são assustadoras, se caracterizando por má interpretação de 
estímulos ambíguos – ex.: paciente interpreta sombra como pessoa ou animal (na DA 
geralmente quando tem alucinações são ameaçadores, causadoras de medo) 
 
• Flutuações cognitivas → alteração de consciência e de atenção já em estágios inicias 
- Ex.: Presença de uma fala confusa e incoerente, sem lembrar de ninguém... 
- Esses estados são transitórios e intercala com momentos de normalidade 
 
• Alterações de memória → mais de evocação do que de aquisição ou consolidação 
- Além disso a perda de memória é mais em fase evoluída da doença 
 
 
• Grande sensibilidade aos neurolépticos → pode acarretar quadros graves de parkinsonismo 
e mesmo síndrome neuroléptica maligna, com quedas repetidas 
 
• Distúrbios no sono REM → comportamentos motores automáticos associados a fenômenos 
oníricos vívidos ou assustadores 
 
• Ansiedade (27%) e depressão (59%) são sintomas comuns 
 
 
 Victoria Chagas 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIAGNÓS 
TICO 
 
- O diagnóstico ocorre pela história clínica detalhada e exclusão de outras causas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATA 
MENTO 
 
- O tratamento ocorre com as medidas de apoio e prevenção de acidentes como, por exemplo, 
melhorando a iluminação dos ambientes na casa, organizando horários de alimentação e ciclo-
sono vigília, retirada de tapetes e móveis que sejam propícios a quedas. 
 
- A intervenção medicamentosa pode ser realizada com anticolinesterásicos, mas não há 
evidências de impedimento da progressão da doença. 
- Se necessário, por sintomas graves, podem ser utilizados os medicamentos neurolépticos atípicos 
(como benzodiazepínicos ou quetiapina), mas jamais neuroléptico típico, pois tende a piorar os 
sintomas e gerar surtos (maior sensibilidade) 
 
 
 
 
 Victoria Chagas 
9 
 
DEMÊNCIA FRONTO-TEMPORAL 
 
 
 
 
O QUE É? 
 
- Degeneração lobar frontotemporal é a denominação geral para um grupo de doenças que se 
caracterizam por esse fenótipo (ou por comprometimento da linguagem), mas que dependem 
de diferentes mecanismos genéticos e bioquímicos 
- Doença de Pick: termo utilizada para descrever alterações patológicas na DFT, incluindo atrofia 
grave, perda neuronal, gliose e presença de neurônios anormais (células de Pick) contendo 
inclusões citoplasmática (corpos de Pick) 
 
 
 
 
EPIDEMIO 
 
- 30 a 50% possuem HMF e em 10% desses pacientes há padrão autossômica dominante 
- É considerada a 2ª causa mais frequente de demência de início precoce (em torno de 45 anos) 
depois da doença de Alzheimer (DA) 
- Discretamente mais prevalente em homens. 
 
 
 
 
 
 
 
ETIOFISIO 
PATOLO 
GIA 
 
 
- Como mencionados, a DFT tem componente hereditário, representando cerca de 50% dos casos 
e afeta indivíduos jovens, entre 45 e 65 anos. 
- Há uma atrofia cerebral assimétrica predominantemente na região frontotemporal que 
caracteriza o quadro clínico peculiar. 
o Cerca de metade dos casos está associada a mutações/alterações da proteína tau que 
sofre hiperfosforilação, o que interfere na sua função importante para a integridade do 
citoesqueleto neuronal → tauopatia 
o Alguns dos indivíduos com esse tipo de demência ainda têm uma mutação genética 
específica, que impede que as células cerebrais produzam uma proteína chamada 
PROGRANULINA. Emboraessa proteína não seja amplamente compreendida, sua 
ausência está ligada à doença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA 
- A DFP afeta, em geral, a personalidade e comportamento, ou seja, são sintomas 
neuropsiquiátricos, mas também pode estar relacionada a alterações de linguagem. 
- A memória é menos afetada, ao 
contrário do que o corre na 
doença de Alzheimer e, inclusive, 
pode estar sem nenhuma 
alteração durante doença. 
- Podem estar presentes 
alterações de neurônio motor 
com os seguintes sinais e sintomas: 
atrofia muscular, fraqueza, 
fasciculações e sintomas bulbares 
como disfagia e disfonia. 
 
 
 
 
 
DIAGNÓS 
TICO 
- O diagnóstico ocorre de maneira geral como nas outras demências, com avaliação clínica 
ampliada e alguns sintomas são bastante sugestivos da DFT, como a desinibição e 
comprometimento importante da linguagem. 
- Tomografia computadorizada e ressonância magnética são indicados para determinar o local 
e extensão dos danos cerebrais → atrofia frontotemporal ou padrões de hipometabolismo 
frontotemporal e/ou do cíngulo anterior. 
- Há biomarcadores, mas não são realizados na rotina - muito caro 
 
 
 
 
 
TRATA 
MENTO 
 
- Tratamento é mais sintomático 
• Estudos de PET têm demonstrado diminuição de receptores 5-HT2A nos pacientes→ Com 
base nesses dados, iniciou-se o uso de ISRS e trazodona 
• Há relatos de casos de melhora comportamental com o uso de memantina (um 
antagonista do receptor N-methil-D-aspartato, também utilizada em portadores de DA) 
• Sem evidencias de melhora com anticolinesterásicos 
 
 
 Victoria Chagas 
10 
 
DOENÇA DE CREUTZFELDT-JACOB (DEMÊNCIA RAPIDAMENTE PROGRESSIVA) 
 
 
O QUE É? 
 
- DCJ é uma encefalopatia espongiforme transmissível (EET) humana, caracterizada por disfunção 
cerebral progressiva e degenerativa que inevitavelmente leva à morte 
 
 
 
 
EPIDEMIO 
- A forma esporádica apresenta uma idade média de início é de 60 anos, a duração média da 
doença é de 8 meses, e não há diferença de incidência entre os sexos. 
- A vDCJ (nova variante) acomete predominantemente pessoas jovens (com idade média de 28 
anos no momento do óbito), que inicialmente apresentam sintomas psiquiátricos inespecíficos e 
sensoriais (disestesias e parestesias), seguidos por outros sinais e sintomas neurológicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ETIOFISIO 
PATOLO 
GIA 
 
 
- Príon é uma proteína que em alguns casos sofrem 
mutações/alterações que geram a proteína 
priônica anormal – causa as DOENÇAS PRIÔNICAS 
- Essa proteína anormal é neurotóxico e causa 
apoptose e morte celular de neurônios 
 
- A doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJe) tem 
etiologia variada: 
o Esporádica –mais frequente (84%) 
o Transmitida 
✓ Nova variante da doença (doença da vaca 
louca) - ingestão de carne infectada 
✓ Iatrogênica – cirurgia ou procedimentos 
✓ Kuru – atos de canibalismo (mt raro) 
o Genética (10-15%) 
 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA 
 
- Doença neuropsiquiátrica de evolução rápida (semanas a meses) com quadros variados: 
• Demência rapidamente progressiva → <2 anos de evolução 
• Mioclonia (espasmos) → em mais de 90% dos casos 
• Sinais piramidais → 40-80% dos pacientes → sinal de Babinski e hiperrreflexia 
• Ataxia cerebelar → 1/3 dos pacientes 
• Outros sintomas: Transtorno do sono, psicose, apraxia, comportamental (apatia, euforia), 
afasia, perda da inibição, mutismo acinético, sintomas sensoriais dolorosos, disestesias ... 
- O período de incubação pode prolongar-se por até 30 anos, mas a evolução ao óbito 
geralmente ocorre entre 6 meses e 2 anos do início dos sinais e sintomas (média de 5 meses) 
 
 
 
 
DIAGNÓS 
TICO 
- O diagnóstico definitivo é a biópsia cerebral, mas não é muito usado 
• RM → achados como “sinal taco de hóquei invertido”, realce cortical e descartar dxx 
• Eletroencefalograma – EEG → complexo de onda aguda periódica em 67 a 95% 
• Líquor - Exame do líquido cerebrospinal → Proteína elevada em 40% dos pacientes 
- RT-Quic (alta sensibilidade e especificidade) – presença do príon – alto custo 
 
 
 
 
 
TRATA 
MENTO 
 
- A partir da identificação do caso → notificação pelo profissional ou serviço de saúde 
- O tratamento da DCJ continua sendo de suporte → Não existe, até o momento, terapia 
específica para interromper a progressão da doença. 
 
➢ PRECAUÇÕES 
- O principal cuidado ao realizar trabalho com material contaminado é evitar perfuração da pele 
- Não é necessário o isolamento dos suspeitos → maioria dos tecidos, secreções e excreções são 
considerados de baixa ou nenhuma infectividade - contato social não tem risco 
- Destruir ou usar métodos rigorosos de desinfecção de materiais (como instrumentos cirúrgicos - 
autoclave) que entrem em contato com tecidos infectados ou possivelmente infectados 
 
 Victoria Chagas 
11 
 
NEUROSSÍFILIS 
 
 
 
 
 
O QUE É? 
 
- Sífilis é uma doença sexualmente transmitida, causada pelo Treponema pallidum e 
caracterizada por episódios de clínica ativa alternados com períodos latente, se não-tratada 
- O termo ''neurossífilis'' se refere à infecção do SNC, que pode ocorrer em qualquer momento 
após a infecção inicial, sendo mais caracteristicamente o aparecimento tardio 
- Quando precoce, a neurossífilis mais comumente envolve as meninges ou a vasculatura 
- Nos estágios tardios, o envolvimento do cérebro e da medula espinal) é mais comum 
- Pacientes sem sinais ou sintomas neurológicos, mas com exame do LCR anormal, são definidos 
como portadores de Neurossífilis assintomática 
 
 
 
 
 
EPIDEMIO 
- Antes da descoberta da penicilina era uma condição extremamente comum, afetando cerca 
de 5 a 10% dos pacientes com sífilis não tratada. 
- Com a era antibiótica, a apresentação clínica da neurossífilis sofreu mudanças, com aumento 
de quadros oligoassintomáticos e atípicos. 
- Atualmente a neurossífilis nas fases iniciais é vista mais frequentemente em pacientes com HIV 
 
 
 
 
 
 
 
 
ETIOFISIO 
PATOLO 
GIA 
 
 
- O SNC pode ser envolvido em qualquer 
estágio da infecção, embora as manifestações 
tradicionais sejam tardias. 
- A infecção, maioria das vezes, é adquirida por 
via sexual, em geral por contato com lesão 1ª. 
- Ao contrário de outras bactérias que infectam 
o LCR, a invasão com Treponema pallidum nem 
sempre resulta em infecção persistente, já que 
a resolução espontânea pode ocorrer sem 
resposta inflamatória. 
- A meningite persistente é o resultado da 
incapacidade de retirar os organismos do LCR. 
- Pacientes com meningite persistente sem sintomas têm a chamada neurossífilis assintomática, e 
indivíduos com essa forma de neurossífilis correm risco de formas subsequentes de neurossífilis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Curso clínico é caracterizado por episódios de exacerbação e períodos de latência, sendo o 
acometimento neurológico presente na fase 2ª (4-6 semanas pós-cancro) e 3ª (meses/décadas). 
- Na fase secundária podem ocorrer sintomas constitucionais como febre, queda do estado geral, 
astenia, linfadenomegalia generalizada e rash. Manifestações neurológicas nesta fase são 
meningite, neuropatias cranianas, incluindo perda auditiva neurossensorial e sintomas oculares 
- Na fase terciária podem ocorrer alterações granulomatosas (goma sifilítica), cardiovasculares e 
neurológicas como a forma meningovascular, mielopatia (tabes Dorsalis) e demência. 
- As síndromes de neurossífilis inicial (meningite, síndromes meningovascular, uveíte com 
meningite) são mais comuns que as síndromes tardias (paresia geral e tabes Dorsalis). 
 
➢ RECENTE (forma secundária) 
 
✓ Meningite sintomática: 
- Ocorre inflamação difusa das meninges acompanhadas ou não de gomas sifilíticas 
- São comuns: cefaleia, febre, náuseas, vômitos, rigidez de nuca, neuropatias e convulsões 
- A meningomielite e polirradiculopatia, apesarde raras, podem surgir também. 
- O acometimento é precoce, muitas vezes após tratamento falho de sífilis recente. 
- Deve-se ficar atento a ectoscopia, pois lesões de sífilis secundárias podem coexistir 
 
✓ Meningovascular: 
- Ocorre uma endarterite infecciosa que acomete vasos do SNC, gerando trombose e isquemia. 
- Em geral, os ramos da artéria cerebral média são os mais acometidos. 
- Causam déficits neurológicos que podem ser indistinguíveis dos gerados num evento vascular 
- Pacientes podem ter pródromos - cefaleia, vertigem, insônia e alterações de personalidade. 
- Principalmente adultos jovens sem comorbidades cardiovasculares, meses/anos pós-infecção 
 
 Victoria Chagas 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA 
 
➢ TARDIA (forma terciária) 
 
✓ Tabes Dorsalis: 
- Sintomas sensoriais iniciais incluem dor e parestesias com distribuição radicular 
- Tardiamente ocorre perda da sensibilidade vibratória e propriocepção, além de arreflexia 
- Anormalidades pupilares (pupilas de Argyl Robertson), atrofia óptica, dores lancinantes, ataxia 
sensitiva, levando à tão famosa marcha tabética, e disfunção vesical são sintomas clássicos. 
- Era a manifestação mais comum na era pré-antibiótica, atualmente pouco menos frequente 
- Surge cerca de 20 anos após infecção inicial não tratada 
 
✓ Demência paralítica: 
- Demência de caráter progressivo ou crônico 
- Pode mimetizar qualquer desordem psiquiátrica ou apresentar apenas declínio cognitivo 
- Ao exame neurológico pode haver sinais de liberação frontal, disartria e alterações pupilares 
- Na RM, há atrofia frontotemporal ou até mesmo estar normal nos casos iniciais 
- Ocorre 10 a 30 anos após infecção 
 
➢ OUTRAS FORMAS 
 
✓ Sífilis otológica → perda auditiva gradual assimétrica (surdez neurossensorial bilateral) 
- Mais comum na sífilis tardia 
✓ Sífilis ocular → acomete qualquer estrutura ocular, sendo a uveíte anterior o mais comum. 
- Mais comum na sífilis precoce. 
✓ Encefalopatia herpética → em pacientes jovens, levando a encefalopatia, febre e convulsão. 
- Melhora dos sintomas após tratamento com antibióticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIAGNÓS 
TICO 
- O diagnóstico de neurossífilis continua a ser 
um desafio pois não há teste padrão ouro. 
- Consequentemente, diagnóstico é baseado 
em uma combinação de achados clínicos, 
alterações LCR e ao resultado do VDRL no LCR. 
 
• O VDRL apresenta menor taxa de resultados falso-positivos do que no sangue; assim, um 
teste positivo confirma o diagnóstico. Mas o teste negativo não exclui neurossífilis, uma 
vez que o LCR pode ser normal e o VDRL negativo. 
• FTA-ABS negativo no LCR constitui forte evidência contra o diagnóstico de neurossífilis 
• LCR → mais comum é haver pleocitose linfocítica, proteinorraquia aumentada e VDRL + 
• Na ausência de sinais neurológicos ou sintomas, o VDRL positivo no LCR no cenário de 
líquido cefalorraquidiano anormal estabelece o diagnóstico de neurossífilis latente 
 
 
 
 
 
 
TRATA 
MENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Deve-se tratar para neurossífilis todos os 
pacientes infectados com sífilis que 
apresentem os achados descritos: 
 
 
 
 
 Victoria Chagas 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATA 
MENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Indivíduos tratados para neurossífilis devem ser submetidos a punção liquórica de controle após 
seis meses do término do tratamento. 
- Na persistência de alterações do LCR, recomenda-se o retratamento e punções de controle em 
intervalos de seis meses, até a normalização da celularidade e VDRL não reagente. 
- Em PVHIV essa resposta pode ser mais lenta, e uma avaliação caso a caso é necessária 
- A normalização do VDRL (queda da titulação em pelo menos 2 diluições ou soro reversão para 
não reagente) pode ser um parâmetro a ser considerado como resposta ao tratamento da 
neurossífilis principalmente num cenário de indisponibilidade de realização da punção lombar 
- Se a contagem celular não tiver diminuído após 6 meses, se os títulos sorológicos se elevarem 
ou não caírem, ou sintomas reaparecerem ou persistirem, o retratamento deve ser considerado 
- Todos os parceiros devem ser testados e o tratamento das parcerias sexuais com teste de sífilis 
reagente devem seguir as recomendações de tratamento de sífilis adquirida no adulto, de acordo 
com o estágio clínico.

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