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Análise das críticas literárias de Extremely Loud and Incredibly Close com base no texto "Literatura e Sociedade"

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
FACULDADE DE LETRAS 
CRITÍCA LITERÁRIA 
 
ANÁLISE DAS CRÍTICAS LITERÁRIAS DE EXTREMELY LOUD AND 
INCREDIBLY CLOSE COM BASE NO TEXTO LITERATURA E SOCIEDADE 
 
Luciana Vasconcelos da Costa 
 
As obras literárias tendem a expressar os movimentos culturais de uma sociedade 
em um determinado período, seguindo suas tendências, tratando de fatos históricos e até 
mesmo como estes afetam a vida das pessoas que vivenciaram tais acontecimentos. Na 
literatura inglesa, criada dentro e fora dos Estados Unidos, o ataque terrorista dos 11 de 
Setembro de 2001 é retratado como pano de fundo para a narrativa principal a qual visa 
algumas questões surgidas após o evento. O trauma pós 9/11 é geralmente utilizado dentro 
dessas literaturas como, por exemplo, na obra de Jonathan Safran Foer chamada Extremely 
Loud and Incredibly Close (2005) que possui duas narrativas paralelas: a história de Oskar 
Schell, uma criança com uma inteligência singular cujo pai morreu nos atentados, e a sua 
elaboração de trauma, e de seu avô que vivenciou o bombardeio de Dresden em fevereiro 
de 1945 durante a Segunda Guerra Mundial. 
Como de costume, críticos literários começaram a demonstrar suas reflexões sobre 
a obra, tendo em vista o uso dos atentados, o trauma vivenciado por ambas personagens em 
seus respectivos momentos (dando uma idéia de trauma coletivo expressado através do 
individual) e até mesmo numa comparação com a vida do próprio autor. Para uma análise 
das críticas literárias deve ser levado em consideração o texto Literatura e Sociedade, 
escrito por Antônio Cândido (1985, p. 21), o qual nos diz que a obra literária, mesmo 
estando finalizada ao ponto de vista de seu autor, não está completa com a sua publicação, 
mas sim após a repercussão da mesma na sociedade a qual ela pertence 
 
Como se vê, não convém separar a repercussão da obra da sua feitura, 
pois sociologicamente ao menos, ela só está acabada no momento em que 
repercute e atua, porque, sociologicamente, a arte é um sistema simbólico 
de comunicação inter-humana, e como tal interessa ao sociólogo. Ora, 
todo processo de comunicação pressupõe um comunicante, no caso o 
artista; um comunicado, ou seja, a obra; um comunicando, que é o 
público a que se dirige; graças a isso define-se o quarto elemento do 
processo, isto é, o seu efeito. 
 
 
3 
 
Com base na afirmação de Antônio Cândido, a reação crítica a uma obra se faz 
relevante. Algumas das primeiras críticas surgidas antes mesmo da publicação de 
Extremely Loud and Incredibly Close tratam de como o autor, descendente de uma família 
de refugiados do Holocausto, usa o personagem principal, e a narrativa paralela sobre o 
bombardeiro de Dresden durante a Segunda Guerra Mundial, para expressar seus 
sentimentos e pontos de vista em relação aos fatos, bem como suas próprias características, 
como Harry Siegel nos traz em sua crítica publicada no jornal New York Press (2005) 
 
(...) nine-year-old Oskar Schell (...) writes letters to Stephen Hawkin and 
other luminaries (…) is a vegan, an atheist and otherwise equal parts 
unbelievable and unbearable. Foer, I should note, is a Jewish atheist, who 
wrote letters to Susan Sontag when he was nine, and otherwise sound like 
he’d make unbearable company (…)1 
 
A conexão entre autor, obra, e como o mesmo se expressa através dela é no livro de 
Antônio Cândido (1985, p. 25), onde apresenta o fato de que o autor pode por meio de sua 
obra literária expressar seus sentimentos e ambições “ele utiliza a obra, assim marcada pela 
sociedade, como veículo de suas aspirações individuais mais profundas”. 
A personagem principal expressa seus sentimentos em relação aos ataques, o 
trauma em construção e o preconceito da mesma em relação ao mundo árabe; 
características coletivas surgidas na sociedade americana após os eventos do onze de 
setembro, sendo aqui expressas através da individualidade da personagem principal. No 
jornal The Guardian, Michel Faber (2005) mostra tais elementos na sua crítica sobre o 
livro “Extremely Loud and Incredibly Close, in its attempt to fuse the aesthetic of fairyland 
with the unresolved trauma of Bush’s America, may well be the ultimate test of how much 
gravity each individual reader requires.”2 John Updike, colunista do jornal The New 
Yorker, aponta alguns desses problemas a partir da personagem principal da obra em sua 
crítica Mixed Messages (2005) 
 
 
1 Tradução livre: (...) Oskar Schell de nove anos (...) escreve cartas para Stephen Hawkin e para outros gênios (…) é um 
vegano, um ateu e por outro lado igualmente incrível e insurportável. Foer, devo mencionar, é um judeu ateu, que 
escreveu cartas para Susan Sontag quando tinha nove anos, e de outra forma parece que ele faria companhia insuportável 
(…) 
2 Tradução livre: “Extremely Loud and Incredibly Close, em sua tentativa de fundir a estética do conto de fadas com o 
trauma não resolvido da América de Bush, pode muito bem ser o teste fundamental de quanta seriedade cada leitor 
requer.” 
 
 
 
4 
The hero, a nine-year-old boy called Oskar Schell, has lost his father, 
Thomas, in the collapse of one of the Twin Towers (…) A year later, he 
has many symptoms: insomnia, fear of elevators and Arabs, a sense of 
being in the middle of a huge black ocean.3 
 
 Foer utilizou-se de uma criança para dar vida a narrativa da obra. Oskar é um 
menino com uma inteligência incrivelmente avançada para a sua idade, podendo ser visto 
como um adulto em determinadas passagens do livro devido ao alto nível de suas ações e 
reflexões. O uso dessa voz adulta em uma criança foi alvo de muitos críticos literários, 
como é o caso da crítica intitulada Tower of Babble escrita por Michel Faber (2005), onde 
ele compara o personagem principal do livro em questão com outros narradores juvenis 
 
(...) the best defence of Oskar as a character is to compare him (....) with 
others precocious juvenile narrators in literature, such as Holden 
Caulfield and Huckleberry Finn. Aren’t we accustomed to suspending 
disbelief for an unnaturally articulate pre-adult voice?4 
 
 Tal crítica é explicada na terceira parte do primeiro capítulo do livro de Antônio 
Cândido (1985, p. 41), onde ele mesmo afirma que ao ponto de vista filosófico e social 
ocorria uma redução da realidade de si próprio e de outros. Isso também pode ser visto no 
mundo infantil 
 
Quando lembramos que Rousseau discerniu há mais de duzentos anos 
que o menino não é um adulto em miniatura, mas um ser com problemas 
peculiares, devendo o adulto esforçar-se por compreendê-lo em função de 
tais problemas, não dos seus próprios. 
 
 Outros fatores internos e externos da obra foram alvos das críticas, como por 
exemplo, a maneira como a sociedade iria reagir ao livro de Foer. Alguns críticos 
americanos achavam a obra um tanto quanto pobre em termos literários, mas por outro 
lado chamativa ao público por tratar dos acontecimentos de onze de setembro, como 
mencionado por Steve Almond no jornal The Boston Globe (2005) “The book is ultimately 
a fantasia, an uplifiting myth born of the 9/11 sorrows. It is for this very reason that a great 
 
3 Tradução livre: O herói, um menino de nove anos chamado Oskar Schell, perdeu seu pai, Thomas, na queda de uma das 
Torres Gêmeas (…) Um ano depois, ele tem vários sintomas: insonia, medo de elevadores e de Árabes, a sensação de 
estar no meio de um enorme oceano escuro. 
4 Tradução livre: (...) a melhor defesa de Oskar como um personagem é compará-lo (....) com outros precoces narradores 
juvenis na literatura, como Holden Caulfield e Huckleberry Finn. Não estamos acostumados a desacreditar em uma uma 
voz pré-adulta inaturalmente articulada? 
 
 
5 
many folks will be gratified to read Extremely Loud and Incredibly Close”5. No jornalThe 
New York Press, Harry Siegel (2005) confirma a opinião do crítico acima 
 
“Why do people wonder ‘OK’ to make art about, as if creating art out of 
tragedy weren’t an inherently good thing? Too many people are too 
suspicious of art. Too many people hate art.” – Jonathan Safran Foer, on 
why he wrote a 9/11 book. Call me a hater then.6 
 
Antônio Cândido (1985, p.34) nos apresenta em seu livro que uma mesma obra 
literária pode ter uma diferente leitura e recepção se introduzida a uma sociedade distante 
da qual ela foi gerada 
 
À medida, porém, que as sociedades se diferenciam e crescem em volume 
demográfico, artista e público se distinguem nitidamente. (...) embora 
haja sempre, em qualquer sociedade, o fenômeno básico de um segmento 
do grupo que participa da vida artística como elemento receptivo, que o 
artista tem em mente ao criar, e que decide do destino da obra, ao 
interessar-se por ela e nela fixar a atenção. 
 
Por outro, fora do território americano, a obra de Foer recebeu críticas favoráveis, 
como é mencionado em A Tower of Babble (2005), onde aspectos positivos são 
encontrados “EL&IC is phenomally energetic and bold (...) anything that Foer concocts, 
and yet, in the context of the novel, is used to audaciously comic effect, highlighting the 
way historical enormities always end up jostling for space with mundane concerns.”7 
Após a leitura das críticas sobre o livro de Jonathan Safran Foer e do texto 
Literatura e Sociedade, nota-se que a necessidade da crítica se faz deveras significativa 
para a divulgação da obra perante a sociedade, seja ela a de origem do texto literário, como 
também em outras onde este possivelmente teve alcance. Além de sua divulgação, através 
das críticas, podemos ver uma aceitação ou não de um texto literário específico em uma 
determinada sociedade. 
 
 
 
5 Tradução livre: “O livro é basicamente uma fantasia, um inspirador mito nascido das tristezas do onze de setembro. É 
por esta razão que um grande número de pessoas ficará gratificada por ler Extremely Loud and Incredibly Close”. 
6 Tradução livre: “Por que as pessoas acham certo fazer arte sobre, como se criar arte através da tragégia não fosse 
uma coisa inerentemente boa? Muitas pessoas são muito desconfiadas em relação a arte.Muitas pessoas são odeiam 
arte” – Jonathan Safran Foer, por ter escrito um livro sobre o onze de setembro. Me chame de inimigo da arte então. 
7 Tradução livre: “EL&IC é fenomenalmente enérgico e ousado (...) qualquer coisa que Foer inventa, ainda que, no 
contexto de um romance, é usado como audacioso efeito cômico, destacando a maneira como as enormidadees históricas 
sempre terminam partilhando espaço com as preocupações mundanas”. 
 
 
6 
REFERÊNCIAS 
 
CÂNDIDO, Antônio. Literatura e Sociedade. São Paulo: Ed. Nacional, 1985. 
 
FOER, Jonathan Safran. Extremely Loud and Incredibly Close. England: Penguin 
Books, 2006. 
 
ALMOND, Steve. The boy who knew too much. In: The Boston Globe. Disponível em: 
http://www.boston.com/ae/books/articles/2005/04/03/the_boy_who_knew_too_much. 
Acesso em: 04 dez. 2009. 
 
FABER, Michel. A tower of babble. In: The Guardian. Disponível em: 
http://www.guardian.co.uk/books/2005/jun/04/featuresreviews.guardianreview22. Acesso 
em: 04 dez. 2009. 
 
SIEGEL, Harry. Extremely Cloying & Incredibly False. In: New York Press. Disponível 
em: http://www.nypress.com/article-11418-extremely-cloying-incredibly-false.html. 
Acesso em: 04 dez. 2009. 
 
UPDLIKE, John. Mixed Messages. In: The New Yorker. Disponível em: 
http://www.newyorker.com/archive/2005/03/14/050314crbo_books1. Acesso em: 04 dez. 
2009.

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