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1 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE Biofísica Fluxo Transmembrana • As células, para funcionarem adequadamente, precisam estar sob condições fisiológicas, em meio aquoso. • Todos os sistemas vivos, sejam eles células mais simples ou mais complexas, possuem subcompartimentos e compartimento principal. Esse compartimento principal é delimitado por uma barreira físico-química denominada de membrana plasmática. A MP separa o meio extracelular do meio intracelular e, internamente, vão ocorrer os processos que caracterizam a vida. Existem três tipos de sistemas: ➝Isolado: não troca energia e nem matéria com a vizinhança. ➝Fechado: não troca energia, mas troca matéria com a vizinhança. ➝Aberto: troca energia e matéria com a vizinhança. Os sistemas vivos se encaixam nessa categoria. • No nosso organismo, todas as partículas estão sempre em constante movimentação, já que o meio interno das células não possui condições de constância físico-química. Ninguém vai fazer parar essa movimentação, então lançamos mão de estratégias para movimentar as partículas no sentido que nos favorece: capturamos o que queremos -aproveitando o que é relevante- e jogamos para fora o que não queremos mais. No momento, estamos captando oxigênio e liberando CO2, essa troca de matéria faz parte da condição vital, ou seja, é importante para manter os sistemas vivos. • Obviamente, para que isso ocorra, é necessário que as partículas em questão atravessem a membrana. • Já que os sistemas vivos estão sempre numa constante troca de matéria e considerando o transporte dessas partículas, podemos caracterizá-los em contínuos e descontínuos: ➝Contínuo: movimentação da partícula em um único meio. Ex: ar-ar ➝Descontínuo: a partícula tem condições de sair de um meio e ir para o outro. É necessário, pelo menos 2 meios e a manutenção da integridade da partícula. Ex: ar-água. • Nas circunstâncias de manutenção vital do organismo, nenhum dos dois sistemas é mais relevante que o outro. A manutenção da integridade no fenômeno de transporte (tanto das partículas quanto do meio) é importante para o nosso organismo poder absorver elementos. ➝Fluxo: quantidade de partículas que passam de uma região para outra em um determinado intervalo de tempo (número de mols por área num determinado tempo). A unidade de fluxo é J. ➝Gradiente: taxa de variação direcional, gradual e contínua de um parâmetro ou grandeza no sistema que está sendo analisado. ➝Difusão: transporte de matéria de um meio mais concentrado para um meio menos concentrado. Para que a difusão ocorra, é necessário que haja diferença de concentração, ou seja, gradiente. Mas, para que a partícula se mova é preciso força. Quando temos somente a parte química relacionada com a variação de concentração ao longo do eixo e impulsionando as partículas, nós falamos em difusão. • O fluxo (J) depende da concentração! Se tivermos um gradiente de energia, temos uma variação de energia, logo, temos uma força movente do processo. Ex: temos um gradiente de energia na caneta, que ao soltamos, ela cai, pela força gravitacional (movente). Conclusão: o fluxo depende do gradiente de concentração, ou seja, da força. ➝Primeira lei de Fick (linear): Sistema contínuo ⟹ , em que j é o fluxo da substância, A é área e D é o coeficiente de difusão. ➝Coeficiente de difusão ⟹ ,em que k é uma constante, T é a temperatura, n é o coeficiente de viscosidade do meio e r é o raio d partícula. ➝Difusão na presença de uma membrana: sistema descontínuo ⟹ ,em que β é o coeficiente de partição ou ➝Coeficiente de partição ⟹ A presença da membrana é representada pelo coeficiente de permeabilidade (P), ou seja, ⟹ Quando a partícula apresenta uma carga elétrica resultante e a energia elétrica é considerada, a permeabilidade é definida com ⟹ POTENCIAL ELETROQUÍMICO • Como encontrar uma maneira de comprovar se uma partícula que sai do meio aquoso extracelular ou intracelular, vai ter condições de entrar na parte proteica ou na parte lipídica da membrana? Anestésico local: é jogado no fluido extracelular, quando a agulha entra, mata todas as células que encontra, porque a agulha faz a ruptura da fronteira. Quando o embolo é empurrado, é jogado no fluido, o anestésico sendo este a matéria em movimento. Para anestesiar, a partícula precisa entrar na célula. Precisamos saber se o anestésico colocado é de alto ou baixo peso molecular, e se no meio aquoso tem ou não tem carga elétrica residual, para realizar este procedimento. Anestesia: a partícula empurrada no embolo precisa chegar na célula e anestesiá-la, então temos que intensificar o procedimento. Para intensificar o fluxo para chegar na célula mais rápido, podemos modificar a força movente (o numerador do gradiente, a concentração), ou seja, podemos alterar a dosagem. 2 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE Biofísica 1- Removendo uma célula ou quantidade de uma célula do paciente e estudar, pesquisando a molécula na célula. 2- Construindo, no laboratório, uma membrana semelhante a membrana das nossas células, num sistema de volume maior, com a utilização de uma cuba experimental (método utilizado para testar a transferência transmembrana de princípios ativos de medicamentos). • Demonstrar que as moléculas do princípio ativo chegaram do lado contrário de onde foram colocadas no início do experimento na cuba, para saber se a partícula tem condições de entrar na parte lipídica não verifica a parte proteica ainda. Precisamos ter em mente as características físico-químicas da partícula. Ex: se for uma partícula que em meio aquoso tem carga elétrica residual, é pouco provável ela sair do meio aquoso e entrar na matriz lipídica, pois a matriz lipídica é hidrofóbica, logo esse processo não ocorre espontaneamente pelo princípio de energia livre de Gibbs ser positivo. • Uma partícula sem carga elétrica residual e pequena tem facilidade de sair do meio aquoso e entrar na matriz. No entanto, quanto maior a molécula, menor a facilidade de entrar. ➝Colocações importantes: · Os lipídeos na membrana atuam como um fluido selante, formando uma barreira flexível, porém praticamente impermeável a moléculas polares. · Substâncias hidrofóbicas passam facilmente pela membrana, enquanto substâncias hidrossolúveis dificilmente conseguem atravessá-la. · O estado de fluidez da membrana depende da temperatura e do ponto de vista da composição dos lipídeos. · Substâncias com coeficiente de partição baixo, o coeficiente de permeabilidade é baixo. Substancias com coeficiente de partição intermediário, o coeficiente de permeabilidade é intermediário. Substâncias com o coeficiente de partição elevado, o coeficiente de permeabilidade é elevado, particiona bem em matriz lipídica, passa bem e é bem absorvido relação linear. · Se não vai pela parte lipídica, pode ir pela parte proteica. A proteína pode funcionar como poro (particionando no canal iônico), como transporte ativo (bomba de Na e K), como trocadores/carreadores (cloreto ácido carbônico, presente nas membranas das hemácias), enzimas (receptor para substâncias de interesse farmacológico ou como sitio de ligação) ou pode funcionar como uma glicoproteína. · As únicas situações onde se tem transferência de dentro para fora ou de fora para dentro da célula, e que não caracteriza transporte em sistema descontínuo são os processos de endo e exocitose. A molécula não sai domeio onde ela se encontra, portanto é contínuo. ➝Moléculas solúveis em lipídeos: cruzam a membrana por dissolverem e difundirem na membrana. ➝Difusão por poros: é usada por pequenos íons. ➝Transporte ativo e carreadores acoplados: movimenta metabólicos essenciais. Quando o indivíduo está sadio (36,7°C) o estado de fluidez da membrana é adequado, com movimentação de água adequada. Se o indivíduo sai de 36,7°C e vai para 39,7°C, vai ter um estado febril mais acentuado, e essa variação de temperatura é suficiente para o indivíduo ter modificações significativas no estado de fluidez de maneira que possa comprometer a transferência de água. 3 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE Biofísica ➝Exo e endocitose: efetua transporte multimolecular de componentes pré-empacotados. ➝Concentração baixa: velocidade de transferência baixa. ➝Aumento da concentração: aumento da velocidade de transferência, mas não seguindo um comportamento linear. ➝Concentração ainda maior: transferência atingindo valor máximo. · Na difusão simples, a taxa é determinada pela quantidade de substância disponível, pela velocidade da cinética de movimento e pelo número de aberturas na membrana, através das quais as moléculas ou íons podem passar. · Na difusão facilitada requer a interação de uma proteína carreadora com as moléculas ou íons. A difusão trabalha no sentido de equilibrar a concentração de substâncias e íons nos compartimentos intra e extracelular, todavia existe desequilíbrio, então alguns fatores “trabalham” contrapondo a difusão. ➝Formas fundamentais de energia nos sistemas vivos: · Forma elétrica: deve haver preocupação com o tipo de carga representado na valência, a quantidade de carga contida em mol de partículas (constante de Faraday) e o gradiente de potencial elétrico. · Forma osmótica: deve haver preocupação com a constante de gases, a temperatura do sistema analisado e o gradiente de concentração. · Forma química: deve haver preocupação com o µ0 rf(representa o potencial químico padrão ou de referência) que depende principalmente das características do solvente. Quando o solvente é o mesmo de um meio para outro, a parte química é desprezível. · Essas três formas de energia podem ser utilizadas para realização de trabalho. · Ocorre mudança de potencial eletroquímico durante a transição do sistema de um estado para outro devido a variações da energia química, da osmótica e da elétrica. Fenômeno de Transporte Tipo de fluxo Forma de energia (gradiente) Difusão Difusinal Osmótica varia ( ) ( ) Migração Migracional Elétrica varia ( ) ( ) Eletrodifusão Eletrodifusional Eletroquímica (osmótica e elétrica variam) ( ) ( ) · O fluxo é diretamente proporcional à área da membrana (A) à concentração da substância (C) e ao gradiente de potencial eletroquímico. PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÃO NO SN ➝ Colocações importantes: levando-se em consideração a retirada de parte de células do tecido muscular nervoso e colocando uma única célula individualizada numa cuba transparente, em meio aquoso com espécies iônicas semelhantes às encontradas no fluido extracelular: · As enzimas representam a classe proteínas que podemos utilizar para fazer a degradação do material extracelular de maneira que possamos separar uma célula da outra. · A medida de potencial elétrico é feita por um voltímetro. · Ao colocarmos um sensor em um local no meio extracelular e outro sensor em outro local, mas também no meio extracelular a diferença de potencial elétrico é nula, uma vez que temos um meio de distribuição de cargas uniforme. · Se for deixado um sensor for para ser nosso diferencial e outro dentro da célula, precisaria ser de forma realizada em laboratório, pois a célula é uma estrutura microscópica, e se fosse medir o potencial elétrico no meio intracelular, mataria a célula. · Para provar que a pontinha microscópica do aparelho do laboratório que espeta a célula fica aberta, podemos enchê-la com uma solução condutora de eletricidade, 4 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE Biofísica estabelecer diferença de potencial e tentar medir corrente, se medir, é porque a ponta está aberta. · O nome dado a DDP da diferença de potencial constante no tempo é Potencial de Nernst quando a membrana é permeável a uma única espécie. A equação de Nernst não se aplica à célula, apenas a seres não vivos. · Potencial de Goldman é quando a membrana é permeável a mais de uma espécie. · Potencial de ação: a membrana celular do axônio separa dois ambientes, o intracelular e o extracelular. O primeiro é caracterizado por se constituir de íons orgânicos de cargas negativas, mais o íon potássio (K+) e o meio extracelular, constituir-se de cloro (Cl-) e sódio (Na+). Fica evidente que as cargas negativas e positivas, dentro e fora respectivamente, da membrana, contribuem para o potencial elétrico de repouso da mesma, que varia entre - 70mv a -90mv. · Em repouso, existe uma maior concentração de íon K+ dentro da célula e uma maior concentração de íon Na+ fora da célula. Isto é explicado pela presença de canais de K+ que se encontram abertos, fazendo com estes íons entrem, compensando o excesso de cargas negativas no interior da célula, devido às proteínas. Estes canais, também justificam a propriedade de maior “permeabilidade” da membrana ao K+ do que ao Na+. · O Potencial de Ação acontece quando, por meio de um determinado estímulo, ocorre um aumento da permeabilidade na membrana e consequente entrada de Na+, para o meio intracelular. Podemos interpretá-lo da seguinte maneira: Em -70mv o neurônio recebe um estímulo, logo esse estímulo espalha, chegando ao axônio. Neste, se o estímulo for suficiente para atingir o limiar, ocorrerá o potencial de ação, ou seja, os canais de Na+ se abrem, e estes começam a entrar na célula. Esta fase é denominada “Despolarização”. Porém com a entrada de Na+, o meio intracelular do neurônio fica muito positivo, alcançando em média +30mv. A partir desse momento os canais de Na+ se fecham e os canais de K+ se abrem. Com esta abertura é restabelecido o potencial de repouso da célula, sendo esta fase denominada “Repolarização”. Entretanto, os canais de K+ demoram a se fechar, ocasionando uma saída extra deste íon, fazendo com que o meio intracelular fique mais negativo do que o normal, caracterizando a fase de “Hiperpolarização”. Por fim a Bomba de Na+/K+ retira o excesso de Na+ que entrou e volta com o excesso de K+ que saiu, retornando para o potencial de repouso da membrana, -70mv. ΔΨ: -70 a -90 ml representa o potencial de repouso que é constante no tempo. · A luz, o som, o cheiro, a temperatura são estímulos que geram uma resposta (elétrica) através do potencial de ação. · Todo o processamento de informação que o SNC faz para exteriorizarmos o movimento ou para captar algo do meio, se dá via potencial de ação. · Sistema passivo canais iônicos (10^6 à 10^7 íons por segundo) melhor porque movimenta mais. · Sistema ativo bomba de Na+ ^2 à e K+ (1010^3 íons/s). REFERÊNCIAS HENEINE, Ibrahim Felippe. Biofísica básica. São Paulo: Atheneu, 1996.
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