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alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO LEI 8069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE) ......................................................................... 2 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................................. 2 DO CONSELHO TUTELAR ................................................................................................................................ 2 DOS CRIMES PRATICADOS CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE ............................................................. 7 DOS CRIMES EM ESPÉCIE ............................................................................................................................... 8 SÃO CRIMES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO ....................................................................................... 8 CRIMES CUJA PENA MÁXIMA ULTRAPASSA 2 ANOS ............................................................................... 10 CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ............................................ 12 COMÉRCIO ILEGAL ENVOLVENDO CRIANÇA E ADOLESCENTE ................................................................ 14 EXPLORAÇÃO DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE ........................................................................................ 15 CORRUPÇÃO DE MENORES ...................................................................................................................... 16 https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 LEI 8069/1990 (ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE) APRESENTAÇÃO Fala, futuro aprovado, tudo bem? Hoje daremos continuidade aos assuntos que estão no seu edital referentes ao Estatuto da Criança e do Adolescente. O órgão do Conselho Tutelar e os crimes em espécie serão tratados neste material. Explanaremos tudo que é interessante para sua prova. Sem lenga-lenga! DO CONSELHO TUTELAR O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos no ECA. Nesses termos, visualiza-se inovação substancial criada pelo ECA, proporcionando a participação efetiva da comunidade, com o dever de zelar integralmente os direitos da criança e do adolescente, estando presente em todos os municípios, conforme preceitua o ECA. Esse órgão foi ganhando mais espaço de 1990 até os dias de hoje, isso porque serve como excelente instrumento democrático, cuja finalidade é auxiliar na prevenção e repressão de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão contra as crianças e adolescentes. Essa evolução é notável também pela importância que lhe foi dada por lei, a exemplo da obrigação de existir pelo menos um conselho em cada Munícipio e em cada Região Administrativa do Distrito Federal. A lei traz a obrigação de no mínimo UM, nada impede de que existam mais em um mesmo município, como é o caso de Recife, por causa da sua extensão e urbanização acelerada. Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local, composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 (quatro) anos, permitida 1 (uma) recondução, mediante novo processo de escolha. Por sua natureza de conselho, esse órgão não agem de maneira individual, já que é composto por um grupo de pessoas que atuam coletivamente a fim de cumprir as atribuições que lhes são conferidas por lei. O Conselho Tutelar funcionará como órgão integrante da administração pública local, sendo formado por 5 membros, que são selecionados por meio da população daquele município, e é daí que vem a efetiva participação da comunidade. Esses membros eleitos terão um mandato de 4 anos, permitida uma recondução1 por meio de uma outra eleição. 1 Nomeação para novo período de exercício de uma função. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 Futuro aprovado, sei que seu tempo vale ouro, e é por isso que eu não vou deixar você ficar tentando decorar algo, já que há muitos outros assuntos a serem decorados. Portanto, nosso papel aqui é contextualizar para que você entenda a letra! Observe! Os membros desse conselho atuarão em uma atividade que envolve pessoas em desenvolvimento e protegidas constitucionalmente. Então nada mais lógico do que impor requisitos que comprove sua boa conduta, com o objetivo de que qualquer indivíduo não se candidate à eleição para participar desse órgão, pois figurarão como particulares que colaboram com o Estado. Nesse contexto, a Lei 8069/1990 exigiu que as pessoas cuja finalidade seja se candidatar a membro do Conselho Tutelar tivessem reconhecida idoneidade moral, idade superior a vinte e um anos, além de ser residente daquele município, conforme art. 133 desse Estatuto. Professor, como não esquecer esses requisitos? 1. Idoneidade Moral (uma pessoa que participará como colaborador do Poder Público deve ter essa característica) 2. Idade superior a vinte e um anos (Ora! Esta lei pode ser aplicada às pessoas até 21 anos, então nada mais lógico que colocar pessoas com idade superior a essa faixa) 3. Residir no município (Não dá pra colocar uma pessoa que nem conhece o seu município, né?!) Esses requisitos podem ser ampliados por lei municipal local, desde que não limite muito o acesso à função. STJ – O Município, com fundamento no art. 30, II, da CF/88, pode estabelecer requisitos outros além dos estampados no art. 133, do ECA, para eleição de membro do conselho tutelar, porquanto o referido dispositivo somente veiculou condições mínimas, que necessitam ser alongadas, a fim de sublevar a referida função. (AgRg na MC 11.835/RS, 2.ª T., rel. Min. Humberto Martins, DJ 13.03.2007) C O N S E L H O T U T E L A R Mínimo um em cada Município e Região Administrativa 5 membros por 4 anos, permitida uma recondução Órgão integrante da Administração Pública local https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 Além disso, lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros, que são considerados agentes públicos para todos os fins, sendo assegurado o direito à cobertura previdenciária, gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 do valor da remuneração mensal, licença paternidade, licença maternidade e gratificação natalina, segundo preceitua art. 134 dessa lei. Diante disso, importa destacar que os valores pagos aos membros desse conselho saem dos cofres públicos, por isso constará da lei orçamentária municipal e do Distrito Federal. O exercício efetivo da função de conselheiro constituirá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneidade moral. As manifestações administrativas do Conselho Tutelar por meio de seus agentes são soberanas, não estando sob às ordens do Prefeito Municipal ou qualquer outro órgão ou poder, dada a característica conferida pela lei. Todavia, isso não quer dizer que esses atos não podem ser revistos pelo Poder Judiciário, baseado na legalidade e nos demais princípios utilizados como balizador do controle feito pelo juiz. AS MANIFESTAÇÕES DO CONSELHO TUTELAR GOZAM DE SOBERANIA, MAS PODEM SER REVISTAS POR MEIO DO CONTROLE DE LEGALIDADE FEITO PELO PODER JUDICIÁRIO.2 Acompanhe as atribuições do Conselho Tutelar, vou grifar as mais recorrentes em prova: I - Atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 (ameaça ou violação a direitos) e 105 (ato infracional praticado por criança), aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII (medidas de proteção, exceto inclusão em programa de acolhimentofamiliar e colocação em família substituta); II - Atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII (medidas aplicadas aos pais, exceto perda ou guarda, destituição de tutela e suspensão ou destituição); 2 Nucci, Guilherme de Souza Estatuto da criança e do adolescente comentado / Guilherme de Souza Nucci. – 4a ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2018 MEMBRO DO CONSELHO TUTELAR RESIDIR NO MUNICÍPIO IDADE SUPERIOR A 21 ANOS IDONEIDADE MORAL https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 III - Promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: ❖ Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança; ❖ Representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações. IV - Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente; V - Encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência; VI - Providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101 (medidas de proteção que podem ser aplicadas aos adolescentes a depender do caso concreto), de I a VI; VII - Expedir notificações; VIII - Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário; IX - Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente; X - Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal Como função precípua do Conselho Tutelar, zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, se for verificada a necessidade de afastar a criança ou adolescente do convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família Meu aluno, expus todo o tema previsto no seu edital a respeito do órgão não jurisdicional e autônomo, o Conselho Tutelar. Vejam os principais pontos, que estão destacados. Agora vamos dar início ao assunto mais cobrado em prova quando se trata de ECA, os crimes em espécie. Farei uma análise detalhada no tipo penal que for necessário, baseado em súmulas, entendimentos doutrinários e jurisprudenciais. Desse modo, você não vai precisar buscar mais informações, pois o material está atualizado e completo para a sua prova. (QUADRIX – 2019) O Conselho Tutelar é um órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente previstos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. GABARITO: CERTO. COMENTÁRIO: Meus alunos, essa é a belíssima função honorífica do Conselho Tutelar. A questão é seca, puro texto de lei, que não demanda muitos comentários. É importante destacar que a banca geralmente vai querer dizer que é um órgão jurisdicional, mas na verdade não tem poder de dizer o direito, isto é, sendo não jurisdicional, tendo participação da comunidade, zelando pelos direitos e manutenção da dignidade da pessoa humana em desenvolvimento. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 (QUADRIX – 2019) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente, julgue o próximo item. O Conselho Tutelar pode, no exercício de suas atribuições e para garantir o direito à educação de crianças e adolescentes, requisitar serviços públicos na área da educação. GABARITO: CERTO COMENTÁRIO: Essa é uma das atribuições do Conselho Tutelar, requisitar serviços públicos na área da educação, mas não se restringe a isso, pois poderá também requisitar esses serviços na área de saúde, serviço social, trabalho e segurança. Essas atividades são realizadas por atuação coletiva, já que o órgão possui natureza de conselho, sendo composto por 5 membros escolhidos por eleição local. A finalidade é sempre zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. (QUADRIX – 2018) À luz do Estatuto da Criança e do Adolescente, julgue o próximo item. No Distrito Federal, exige‐se que cada região administrativa tenha, no máximo, um Conselho Tutelar, composto por cinco membros, eleitos pela população local para um mandado de dois anos, permitida apenas uma recondução, após nova eleição. GABARITO: ERRADO COMENTÁRIO: Tome cuidado!!! Preste bastante atenção às características do Conselho Tutelar. A banca foi muito sacana em colocar um erro bem no meio da questão, de maneira curta, e outro no final da assertiva. Observe: “No Distrito Federal, exige‐se que cada região administrativa tenha, no máximo, um Conselho Tutelar, composto por cinco membros, eleitos pela população local para um mandado de dois anos, permitida apenas uma recondução, após nova eleição.” CONSELHO TUTELAR NÃO JURISDICIONAL PERMANENTE ZELAR PELOS DIREITOS PREVISTOS NO ECA AUTÔNOMO https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 7 Estamos aqui não somente para te mostrar o que é certo ou errado, mas também para te ensinar a fazer questões e apontar os cuidados que você deve ter ao analisar assertivas como CERTO/ERRADO. Leia com cuidado, vírgula a vírgula. Se você for ler muito rápido, vai acabar passando batido e perdendo uma questãozinha besta. A lei exige que cada região administrativa e município tenha, pelo menos, UM CONSELHO. Esse órgão realmente é composto por 5 membros eleitos pela população local, mas o mandato é de 4 anos, como prefeito, presidente, vereador, etc. Essa analogia é para ajudar a sua memória, futuro aprovado! DOS CRIMES PRATICADOS CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE Fique ligado, meu aluno! Se as crianças e adolescentes não cometem crime, então esse tópico diz respeito aos delitos praticados contra esse grupo, sem prejuízo da aplicação do Código Penal. Atente-se às infrações penais que precisam de circunstâncias especiais, como é o caso dos crimes próprios, os aumentos de pena aplicados aos envolvidos no serviço público e aos que tem uma relação de parentesco com essas crianças ou adolescentes, as particularidades do crime em comparação àqueles do Código Penal e a possibilidade de Concurso de Crimes, pois essas são as características que mais são cobradas nas provas. Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal. Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal. Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública incondicionada. OS CRIMES PREVISTOS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE SÃO DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. ISTO SIGNIFICA QUE NÃO HÁ NECESSIDADE DE REPRESENTAÇÃO DA VÍTIMA OU RESPONSÁVEL PARA DAR CONTINUIDADE AOS PROCEDIMENTOS NECESSÁRIOS. Apresento-lhe uma novidade quentinha para você que está associada à Lei de Abuso de Autoridade. O art. 227-A do ECA dispõe que, para os crimes tipificados no ECA, os efeitos da condenação previstos no inciso I do caput do art. 92 do Código Penal, praticados por servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados à ocorrência de reincidência. Primeiro de tudo, devemos saber quais são esses efeitos, e é por isso que trarei o dispositivo do Código Penal. CÓDIGO PENAL Art. 92 - São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abusode poder ou violação de dever para com a Administração Pública; https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 8 b) b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. Pois bem, o efeito a que se refere o inciso I do art. 92 é a perda de cargo, função ou mandato, mas com algumas condições, se em decorrência de abuso de poder ou violação de dever for aplicada pena privativa de liberdade igual ou superior a 1 ano; OU se for aplicada pena privativa de liberdade superior a 4 anos em qualquer caso. Entretanto, o parágrafo único do art. 227-A, introduzido pela Lei de Abuso de Autoridade, regulamentou que esse aconteceria nos casos de reincidência de crime previsto no ECA praticados com abuso de autoridade, independentemente da pena aplicada. PERDERÁ O CARGO, FUNÇÃO PÚBLICA OU MANDATO ELETIVO, O SERVIDOR PÚBLICO QUE, COM ABUSO DE AUTORIDADE, FOR REINCIDENTE NA PRÁTICA DE CRIMES PREVISTOS NO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, INDEPENDENTE DA PENA APLICADA. (Dispositivo introduzido pela nova Lei de Abuso de Autoridade – Lei 13.869 de 2019) ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados à ocorrência de reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019) Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência. DOS CRIMES EM ESPÉCIE Futuro aprovado, sem muita conversa fiada, disponibilizarei os dispositivos referentes aos delitos praticados contra criança e adolescente e discutirei os que mais caem em provas. SÃO CRIMES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 9 Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária competente: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à apreensão sem observância das formalidades legais. Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: Pena – detenção de seis meses a dois anos Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de adolescente privado de liberdade: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida: Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. Os crimes supracitados são considerados de menor potencial ofensivo, porque a pena máxima não ultrapassa 2 anos. É importante ressaltar que esses delitos seguirão o rito estabelecido na Lei dos Juizados Especiais Criminais, garantindo-se as benesses estabelecidas naquele dispositivo, como transação penal, sursis processual e composição civil dos danos. Vamos agora aos detalhes. Iniciarei a diferenciação entre o art. 229 e o art. 245 para que você não caia em pegadinhas feitas pela banca. O primeiro é infração penal, o segundo, infração administrativa. Ambos têm redação semelhante e é isso que pode te confundir. A conduta que tipifica o crime associa a omissão do médico à identificação correta do neonato e a parturiente, bem como deixar de proceder aos exames elencados no art. 10 dessa Lei. Já a infração administrativa é a omissão do médico por não comunicar à autoridade competente os casos suspeitos ou confirmados de maus-tratos. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 10 INFRAÇÃO PENAL – CRIME Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei: Pena - detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré- escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: Meu aluno, vamos comparar dois delitos tipificado no ECA, como o art. 230, privar a criança ou adolescente de sua liberdade (sem flagrante ou ordem da autoridade judiciária), e o art. 231, deixar a autoridade policial pela apreensão da criança ou adolescente de fazer as devidas comunicações. Este crime somente pode ser praticado pelo delegado de polícia, que é a autoridade policial responsável pela lavratura do auto de apreensão. Já aquele pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive por outros cargos da polícia. Destaca-se que, a depender da circunstância fática da privação da liberdade, é possível configurar o crime de sequestro ou cárcere privado qualificado, tipificado no art. 148, § 1º, IV, do Código Penal. Mas para isso, a banca te trará mais elementos, como informar que a privação da liberdade foi mediante sequestro ou cárcere privado. CRIMES CUJA PENA MÁXIMA ULTRAPASSA 2 ANOS A esses crimes são aplicadas a regra comum do Código de Processo Penal. Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto: Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa. CRIME (ART. 229) •Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde •Conduta associada à identificação do neonato e parturiente INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA (ART. 245) •Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde •Conduta associada à omissão de suspeita ou confirmação de maus-tratos https://www.alfaconcursos.com.br/alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 11 Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou efetiva a paga ou recompensa. Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena correspondente à violência. São claramente crimes mais graves, que afetam totalmente a vida das crianças e adolescentes vítimas desses delitos. Fere de morte a dignidade da pessoa humana em desenvolvimento, bem como a capacidade de autodeterminação desses indivíduos. Então nada mais óbvio do que punir severamente esses tipos de condutas. Destaque ao art. 239, que trata da promoção ou auxilio ao tráfico internacional de crianças ou adolescentes, qualificando-se a infração se for empregada violência, grave ameaça ou meio fraudulento. Note que essa conduta é diferente da que está tipificada no art. 149-A, IV (TRÁFICO DE PESSOAS) do Código Penal, pois esta tem o dolo específico de ADOÇÃO ILEGAL, mas com as seguintes condutas: Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso. De toda maneira vai haver violência ou fraude. Apesar do dolo específico de efetivar ato destinado ao envio desses indivíduos ao interior sem as formalidades legais ou com objetivo de lucro, as condutas associadas ao art. 239 do ECA são de PROMOVER e AUXILIAR, tão somente, que se consuma com a simples promoção ou auxílio, não se exigindo que a criança saia efetivamente do país, conforme jurisprudência do STJ. TRÁFICO DE PESSOAS Exemplo 1. Mévio, maior e capaz, alicia, mediante fraude, Joana, menor de idade, a ser adotada de maneira ilegal. Nesse caso, Mévio responderá por crime de Tráfico de Pessoas, do Código Penal, majorado de 1/3 até 1/2 por Joana ser menor de idade. TRÁFICO INTERNACIONAL Exemplo 2. Mévio, maior e capaz, auxilia, Joana, menor de idade, a efetivar ato destinado a enviá-la ao exterior, burlando autorização dos pais ou responsáveis. Mévio responderá por crime do Estatuto da Criança e do Adolescente. Se praticar essa conduta mediante violência, grave ameaça ou fraude, qualificará o delito. O crime de tráfico internacional descrito no art. 239, do ECA, não exige, para a sua consumação, a saída da criança ou adolescente para o exterior, contentando-se com a execução de qualquer ato de promoção ou auxílio da efetivação de ato destinado ao envio da vítima ao estrangeiro, sem as formalidades legais, ou com o fito de obter lucro. II – Trata-se de crime formal, que se consuma com a simples prática de qualquer ato destinado ao envio de criança ou adolescente ao exterior, com ou sem obtenção de lucro, nas circunstâncias referidas no tipo penal. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 12 (STJ – AgRg no AREsp 160.951/RJ, 5.ª T., rel. Regina Helena Costa, 17.09.2013) CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) § 1 o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda quem com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008) § 2 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o crime: I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê- la; II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade; ou III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. Comete o crime aquele que pratica qualquer conduta descrita no caput do art. 240 do ECA associada à cena de sexo explícito ou pornografia envolvendo criança ou adolescente. Incorre nas mesmas penas do caput quem contracena com esses indivíduos e também aquele que agencia essa situação. O núcleo desse delito é a exibição da imagem dessas pessoas em um contexto sexual, sendo um tipo penal misto alternativo, pois quem praticar mais de uma conduta em um mesmo contexto cometerá crime único. Por sua relação com pessoas que possuem caráter especial, a pena é aumentada em 1/3. ❖ Exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-la ❖ Relações domésticas, de coabitação ou hospitalidade ❖ Relações de parentesco até terceiro grau ❖ Qualquer outro título de autoridade sobre esses indivíduos Feito esse registro de maneira geral, o crime do art. 240 estará consumado, mas se esse produto for vendido ou exposto á venda, o crime será o do art. 241. Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 13 Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Aquele que propaga essas imagens, trocando, transmitindo, distribuindo, bem como adquirir essas imagens ou armazená-las, por qualquer meio, também prática crime descrito no ECA. Hoje, com a evolução da tecnologia, é muito mais comum a prática desses crimes por meio do WhatsApp. Uma dica, pois quem avisa amigo é... Se você receber qualquer tipo de imagem desse tipo, é necessário ir imediatamente à Polícia Federal. Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. § 1 o Nas mesmas penas incorre quem: I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo. § 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o caput deste artigo. Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pequena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo. § 2 o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: I – agente público no exercício de suas funções; II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o encaminhamentode notícia dos crimes referidos neste parágrafo; III – representante legal e funcionários responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. § 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão manter sob sigilo o material ilícito referido. https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 14 Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual: Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na forma do caput deste artigo. Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso: Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita. Os tipos penais contra a liberdade sexual do indivíduo trazem os termos “cenas de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança e adolescente” e isso poderia causar um problema no entendimento da lei no momento da aplicação. Todavia, o ECA definiu por meio do art. 241- E quando estariam caracterizadas, compreendo qualquer situação em atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. COMÉRCIO ILEGAL ENVOLVENDO CRIANÇA E ADOLESCENTE Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo: Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003) Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015) Segundo o art. 81 do ECA, são vedadas as vendas de bebida alcoólica, fogos de estampido ou de artifício e armas, munições ou explosivos à criança e ao adolescente, configurando crime se incorrer em algumas dessas condutas. Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: I - armas, munições e explosivos; https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 15 II - bebidas alcoólicas; III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida; IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida; (...) Vamos ao comentário do art. 242, que merece destaque por ter sido derrogado3 pelo art. 16, § 1º, V, da Lei 10826/2003. Com a Lei nº 10.764/2003, foi tipificada como crime a conduta de vender ou fornecer armas, explosivos ou munição a criança ou adolescente. Todavia, com o advindo a Lei 10.826/2003, que dispõe sobre registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, foi tipificada a mesma elementar em um de seus dispositivos, revogando parcialmente o art. 242 do ECA, por ser mais específico o Estatuto do Desarmamento. Mas cuidado, o esse Estatuto elenca ARMA DE FOGO, sendo que se for qualquer outro tipo de instrumento classificado como arma, cairá no Estatuto da Criança ou Adolescente. O comércio ilegal de álcool e outras substâncias que causam dependência física ou psíquica também deve ser discutido para que a banca não te engane. O primeiro ponto é que o art. 243 do ECA revogou expressamente o dispositivo elencado no art. 63, I, da Lei de Contravenções Penais. O que antes era punido com prisão simples, atualmente já é mais severo, com detenção de 2 a 4 anos, se isso não constituir crime mais grave, configurando-se expressamente tipo penal subsidiário. O segundo ponto é que os produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica não são aqueles dispostos na Portaria 344 da ANVISA. Se assim fosse, estar-se-ia configurado crime do art. 33 da Lei Antidrogas. Portanto, é punido por esse crime aquele que pratica qualquer das condutas associadas aos produtos que são vendidos livre e licitamente, a exemplo do cigarro. EXPLORAÇÃO DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2 o desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000) 3 revogação parcial de uma lei realizada por outra norma mais nova e específica. Art. 243 (ECA) VENDER OU FORNECER À CRIANÇA OU AO ADOLESCENTE ARMA ARMA DE FOGO Art. 16, § 1º, V Estatuto do Desarmamento https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 16 Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 13.440, de 2017) § 1 o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. § 2 o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. Trata-se de um tipo penal que consolida a proteção especial às crianças ou adolescentes, irradiada pela criminalização constitucional do art. 227, § 4º, combinado com o art. 5º do ECA. Aqui é punido quem submete esses indivíduos à prostituição ou exploração sexual, bem como os responsáveis pelos estabelecimentos onde ocorrem esses delitos. Além disso, o efeito produzido é a perda desses bens e valores ao Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente, como também a cassação da licença desses lugares. Ora! De ver-se que é irrelevante o consentimento da vítima menor para a prática desse delito. A exploração é criminalizada independente da vontade. Além disso, o tipo penal nos leva a entender que a conduta de prostituição precisa ser reiterada para ocorrer o delito, podendo configurar outro crime quando o cliente é ocasional. Para a configuração do delito de exploração sexual de criança e adolescente, previsto no art. 244-A do ECA, basta a submissão da vítima à prostituição ou exploração sexual, sendo irrelevante o seu consentimento (STJ – REsp 1.104.802/RS, 5.ª T., rel. Arnaldo Esteves Lima, 16.06.2009) Sobre o caráter eventual: STJ: “É entendimento consolidado nesta eg. Corte que a conduta praticada pelo cliente ocasional não configura o tipo penal do art. 244- A do ECA (STJ – AgRg no REsp 1334507 – MS, 5.ª T., rel. Félix Fischer, 12.02/2015) Outro destaque à possibilidade de concurso de crimes entre a exploração sexual e o estupro, a depender do caso, estupro de vulnerável também, quando da prostituição ou exploração, utilizava-se violência ou grave ameaça. CORRUPÇÃO DE MENORES Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la: (Incluído pelaLei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 17 eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 2 o As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar incluída no rol do art. 1 o da Lei n o 8.072, de 25 de julho de 1990 . (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Configura-se o crime quando há um certo auxílio ou induzimento a prática de infrações penais por parte da criança ou adolescente. Importa destacar que a elementar do crime expressa infração penal, enquadrando-se crime ou contravenção, visando coibir a prática associativa entre os maiores e menores, tanto que o maior de idade é punido ainda que não esteja provada efetivamente a corrupção da criança ou do adolescente. A CONFIGURAÇÃO DO CRIME DO ART. 244-B DO ECA INDEPENDE DA PROVA DA EFETIVA CORRUPÇÃO DO MENOR, POR SE TRATAR DE DELITO FORMAL. (STJ – AgRg no REsp 1642271-SP, 5ª T., rel. Reynaldo Soares da Fonseca, 17.03.2017) SÚMULA 500 STJ - A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal. Futuro aprovado, dentro desta caixa, trarei mais informações pertinentes ao tema de Corrupção de Menores, como a possibilidade de concurso material, bem como a não aplicação desse instituto a fim de que não se configure bis in idem. → FAZ-SE NECESSÁRIA A COMPROVAÇÃO DA MENOR IDADE POR DOCUMENTO HÁBIL, NÃO CONFIGURANDO A HIPÓTESE PREVISTA NO ECA SE FOR FEITA POR DECLARAÇÃO OU MERA SUSPEITA. (STF – HC 132204 – DF, 2.ª T., rel. Teori Zavascki, 26.04.2016) (SÚMULA 74 – STJ – PARA EFEITOS PENAIS, O RECONHECIMENTO DA MENORIDADE DO REU REQUER PROVA POR DOCUMENTO HABIL) → NÃO HAVERÁ CONCURSO DE CRIMES QUANDO O MAIOR PRATICAR JUNTAMENTE COM UM MENOR QUALQUER DELITO TIPIFICADO NOS ARTS. 33 A 37 DA LEI ANTIDROGAS, MAS SOMENTE A MAJORAÇÃO DA PENA COM BASE NO ART. NO ART. 40, VI DA LEI ANTIDROGAS. (STJ – REsp 1.622.781-MT, Rel. Min. Sebasti„o Reis J˙nior, por unanimidade, julgado em 22/11/2016, DJe 12/12/2016.) → APLICA-SE O CONCURSO FORMAL DE CRIMES QUANDO, EM UM MESMO CONTEXTO FÁTICO, HÁ A PRÁTICA DE CRIMES EM CONCURSO DE PESSOAS COM DOIS MENORES. (STJ – STJ. 6ª Turma. REsp 1.680.114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 10/10/2017) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 18 (CESPE – 2019) Considerando-se o Estatuto do Desarmamento, o Estatuto da Criança e do Adolescente. João foi flagrado, em operação da PRF, submetendo uma adolescente à exploração sexual em rodovia federal. Nessa situação, João poderá não responder pelo crime se comprovar o consentimento da menor. GABARITO: ERRADO COMENTÁRIO: Futuro aprovado, o João submeteu uma adolescente à exploração sexual. É importante destacar a forma verbal expressa na questão, pois demonstra que a vítima foi sujeitada a isso, configurando o art. 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente. Entretanto, poder-se-ia caracterizar a atipicidade do fato se a vítima fosse maior de 14 anos, tivesse relação sexual consentida com o indivíduo, mas sem relação comercial ou troca de favores, meramente por conta própria. Atente-se a duas circunstâncias: ser a adolescente maior de 14 anos, pois inferior a essa idade, não há de se falar no consentimento da vítima, já que o ordenamento jurídico entende haver o dolo presumido nesses casos. Além disso, o consentimento só gerará a atipicidade do fato se não houver relação de trocas, seja por valor pecuniário ou qualquer outro favor. Por outro lado, tendo o autor submetido a vítima maior de 14 anos à exploração sexual ou prostituição, estará configurado o crime do art. 244-A do ECA, ainda que haja consentimento da vítima, pois a submissão retira a capacidade de autodeterminação do indivíduo. Esse, inclusive, é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça e costuma cair bastante nos concursos policiais. Portanto, fique ligado quando a banca afirmar que o consentimento excluirá o crime - João poderá não responder pelo crime se comprovar o consentimento da menor. (STJ – AgRg no REsp 1334507 – MS, 5.ª T., rel. Félix Fischer, 12.02/2015) (CESPE – 2018) Godofredo, maior e capaz, recorrentemente fingia ser adolescente, entrava em jogos online e tentava aliciar menores para a venda de drogas a colegas de suas escolas. Em uma de suas tentativas, em uma sala de bate- papo, enquanto conversava com um menor de dezesseis anos, ele foi preso em flagrante delito. Nessa situação, Godofredo responderá por crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, independentemente da prova da efetiva corrupção do menor. GABARITO: CERTO COMENTÁRIO: Meu aluno, a questão está correta porque não ficou configurado o crime de tráfico de drogas envolvendo criança ou adolescente. Já tratamos nessa aula que, para não haver bis in idem, não há concurso de crimes entre corrupção de menores do ECA com os delitos dos arts. 33 ao art. 37 da Lei Antidrogas. Isso porque o art. 40 dessa mesma lei, traz hipótese de aumento de pena quando envolve criança ou adolescente na traficância. Nesse caso, restará caracterizado os crimes do art. 33 ao 37 com aumento de pena. O STJ já tratou sobre a matéria. (STJ – REsp 1.622.781-MT, Rel. Min. Sebasti„o Reis J˙nior, por unanimidade, julgado em 22/11/2016, DJe 12/12/2016.) https://www.alfaconcursos.com.br/ alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 19 Por outro lado, se banca afirmasse que se faz necessária a prova efetiva da corrupção desse menor, a questão estaria errada, como fez no concurso da Polícia Federal em 2013: (CESPE – 2013) Conforme jurisprudência consolidada do STF e do STJ, para a configuração do crime de corrupção de menores, previsto na Lei n.º 8.069/1990, são necessárias provas de que a participação na prática do crime efetivamente corrompeu o menor de dezoito anos de idade. Perceba, portanto, a importância de fazer exercícios da banca, pois as duas questões tratadas aqui são da banca CESPE e foram aplicadas para a mesma instituição. SÚMULA 500 STJ - A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal. (CESPE – 2018) Valdo recebeu por e-mail um vídeo gravado por seu amigo Lucas com pornografia envolvendo uma adolescente e uma outra pessoa, maior de idade. Após assistir ao vídeo, Valdo arquivou as imagens no HD do seu computador. Nessa situação, a conduta de Lucas configurou crime de divulgação de vídeos com pornografia envolvendo adolescente, e a de Valdo foi atípica. GABARITO: ERRADO COMENTÁRIO: Pegadinha manjada e você não cairá! Valdo deveria ter procurado à polícia e não armazenado as imagens no HD dele. Também constitui crime a conduta de armazenar imagens, por qualquer meio, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente (art. 241-B do ECA). Além disso, Valdo poderá ser beneficiado pela diminuição de pena entre 1/3 a 2/3, prevista no § 1º desse mesmo artigo, se a quantidade armazenada desse material for pequena. (CESPE – 2013) Suponha que um cidadão tenha sido preso, mediante determinação judicial, por supostamente ter filmado cena de sexo explícito envolvendo adolescentes. Nessa situação, se o cidadão comprovar que tudo não passava de simulação, não haverá crime e ele deverá ser posto em liberdade. GABARITO: ERRADO COMENTÁRIO: Estar-se-á diante de crime tipificado no art. 241-C, simular a participaçãode criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual. Além disso, importa destacar que o art. 241-E do ECA explica o termo “cena de sexo explícito ou pornográfica”, informando, inclusive, que essas atividades envolvendo criança ou adolescente pode ser reais ou simuladas, reforçando o delito previsto no art. 241-C. https://www.alfaconcursos.com.br/