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AO DOUTO JUÍZO DE DIREITO DA -ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE MANAUS/AM LUAN MARTINS, brasileiro, solteiro, Engenheiro de Alimentos, RG nº.5896848-0, CPF nº. 021.524.863-15, residente e domiciliado, CEP 690-000, Manaus, endereço eletrônico xxx, por intermédio de sua advogada infra-assinado (procuração anexa, doc. 01), requerer: AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA INAUDITA ALTERA PARTE E DANOS MORAIS Em face da Empresa Braga LTDA, devidamente inscrita no CNPJ 10.298.574/0001-15, com fulcro no art. 300 do CPC/15, pelos fatos e fundamentos a seguir: I. DOS FATOS Na data de 20 de fevereiro do ano em curso, os serviços de TV e INTERNET foram cancelados pela Reclamada, sem justo motivo e sem qualquer comunicação prévia. Ato contínuo, a Reclamante entrou em contato com o call center da Reclamada, Protocolos nº. 12117225506682 e 121172275508985, respectivamente, às 11h47min, para saber os motivos da interrupção dos serviços, tendo sido informada pela atendente de nome Jéssica que o serviço tinha sido cancelado pela titular do contrato, o que foi desmentido de imediato pela Reclamante. Face a insistência da Reclamante em querer a imediata reativação dos serviços, a atendente Jéssica informou então que o contrato foi cancelado por falta de pagamento, pelo motivo de que os valores cobrados nas faturas daquela estavam abaixo do valor de mercado, e para que os serviços fossem normalizados a Reclamante teria que pagar um valor de R$808,93 (oitocentos e oito reais e noventa e três centavos), referentes à diferença dos últimos três meses das faturas. A atendente foi além, informando que mesmo que a Reclamante efetuasse o pagamento, a Reclamada iria encaminhar um técnico para retirar os aparelhos da casa de residência daquela, visto que o contrato estava cancelado. A Reclamante então reafirmou que, em momento algum, tinha solicitado o cancelamento do contrato, bem como jamais ligou para a Reclamada com esse propósito que, além de ser cliente antiga, sempre pagou em dias as faturas, e que a atendente poderia consultar o sistema para verificar se a mesma possuía alguma fatura em aberto. Entretanto, a atendente foi irredutível, afirmou que somente com o pagamento da diferença, e sendo retirados os aparelhos da casa de residência da Reclamante, é que esta poderia solicitar um novo contrato, a fim de que fosse marcado dia e hora para que os técnicos da Reclamada se dirigissem à sua casa de residência com o fito de instalar novos aparelhos. A Reclamante sempre pagou as faturas em dias, o erro foi da Reclamada, posto que em momento algum foi notificada de tal situação, sendo arbitrária a interrupção dos serviços, haja vista a pontualidade dos pagamentos realizados por aquela. Argumenta ainda, que não poderia ficar sem os serviços, posto que é maior de 60 (sessenta) anos de idade, aposentada e, seu único laser em casa é assistir aos programas da TV a Cabo e usar a internet para se comunicar com os familiares por whats up em caso de urgência. II. DO DIREITO DA TUTELA DE URGÊNCIA Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo." No presente caso tais requisitos são perfeitamente caracterizados o risco da demora, fica caracterizado pelo fato de que a reclamante não poderia ficar sem os serviços, posto que é maior de 60 (sessenta) anos de idade, aposentada e, seu único laser em casa é assistir aos programas da TV a Cabo e usar a internet para se comunicar com os familiares por whats up, principalmente em caso de urgência. Por fim, cabe destacar que o presente pedido NÃO caracteriza conduta irreversível, não conferindo nenhum dano ao réu. Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado receio de dano irreparável, sendo imprescindível a, nos termos do Art. 300 do CPC. DA ESSENCIALIDADE DO SERVIÇO O fornecimento de internet deve ser contínuo, não cabendo interrupção, pois se trata de serviço público essencial para a comunicação atual. Neste sentido, a respeito dos serviços públicos essenciais, convém destacar o que institui a Lei 7.783/89, que assim dispõe em seu artigo 10, inciso VII, “são considerados serviços ou atividades essenciais: (...) VII – telecomunicações”. Quanto aos serviços públicos essenciais, assim estabelece o Código de Defesa do Consumidor, in verbis: Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código. O serviço prestado pela empresa ora promovida foi inadequado e negligente, causando sérios constrangimento de ordem moral à autora idosa, em total afronta ao princípio da adequação da prestação do serviço disponibilizado ao consumidor previsto no artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor, tendo por consequência o dever de indenizar. O serviço de internet é serviço essencial ao consumidor, eis que, na atualidade, tornou-se o principal meio de comunicação do brasileiro. DA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO E DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA E DOS DANOS MORAIS O Código de Defesa do Consumidor, no seu art. 20, protege a integridade dos consumidores, senão vejamos: Art. 20. (...) § 2º São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade. A Carta Política da República, no seu art. 37, § 6º, levante o Princípio da Responsabilidade Objetiva, pelo qual o dever de indenizar encontra amparo no risco que o exercício da atividade do agente causa para terceiros, em função do proveito econômico daí resultante: Art. 37. (...) § 6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direitos privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Neste sentido, estabelece o art. 14 do Código de Defesa do Consumidor que: Art. 14. O fornecedor de serviço responde independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. Corroborando com este fundamento o art. 6º do mesmo diploma traz entre um dos direitos assegurados ao consumidor o de efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. Assim, é insofismável que a promovida feriu os direitos do consumidor ao agir com total descaso, desrespeito e descuido, interrompendo injustificadamente, sem relação alguma com o consumidor, os serviços de ordem essencial, configurando má prestação de serviços, o que causou danos de ordem domiciliar e social, que restou impedido de se comunicar por conta de seu principal meio de comunicação, qual seja, internet, bem como de utilizar-se de seu único meio de distração em razão da idade, a televisão. Reforçando estes argumentos o Código de Defesa do Consumidor ainda traz em seu bojo os direitos do consumidor, o qual em um dos seus incisos estabelece que os serviços devem ser prestados de forma adequada e eficiente, como vemos no art. 6º, “são direitos básicos do consumidor: (...) X – a adequada e eficaz a prestação de serviços públicos em geral”. Deste modo, amparado pela lei, doutrina e jurisprudênciapátria, o consumidor deverá ser indenizado pelos danos que lhe forem causados. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA Em regra, o ônus da prova incumbe ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito (art. 373, II, CPC). Entretanto, por se tratar de uma relação de consumo, na qual o consumidor, parte vulnerável da relação (art. 4º, I, CDC), pode encontrar impossibilidade ou excessiva dificuldade de cumprir seu encargo processual, o encargo deve ser revertido ao fornecedor, por estar em posição material superior e ser detentor de dados atinentes aos serviços oferecidos. Desse modo, com fundamento no art. 6º, VIII do CDC e no art. 373, § 1º do CPC, a parte autora requer a inversão do ônus da prova no presente processo. III. DOS PEDIDOS Ante ao exposto, requer a inversão do ônus da prova, com fundamento no art. 6º, VIII do CDC e no art. 373, § 1º do CPC, bem como a concessão de liminar de tutela provisória de urgência antecipada inaudita altera parte com o fito de que esta Douta Jurisdição determine o imediato restabelecimento dos serviços de TV A CABO e INTERNET, posto que a Reclamante está totalmente adimplente para com o contrato e que em momento algum foi previamente notificada pela Reclamada do faturamento a menor dos serviços prestados. Requer por fim, a fixação de indenização por dano moral em R$ XX,XXX,XX e multa diária em face da Reclamada no caso de descumprimento da ordem judicial. Dá-se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Nestes termos, Pede e espera deferimento. Manaus, 06 de abril de 2021. Advogada-OAB/UF
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