Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MÓDULO 2-PROBLEMA 4 CLIMATÉRIO ___ ENTENDER A FISIOLOGIA DO CLIMATÉRIO A transição menopáusica é uma progressão endocrinológica gradual que leva mulheres em idade reprodutiva de menstruações regulares, cíclicas e previsíveis, características dos ciclos ovulatórios, para o fim dos períodos menstruais associado à senescência ovariana. Dos 40 aos 65 anos, aproximadamente, as mulheres vivenciam uma fase complexa da vida, denominada climatério. Trata-se de uma síndrome que se instala aos poucos, com sintomas que variam quanto ao tipo e à intensidade, e que afeta o organismo como um todo. Durante esse período, os ovários perdem progressivamente sua capacidade de produzir hormônio e de promover ciclos ovulatórios. A transição menopáusica, também chamada perimenopausa, caracteriza-se por ser um período de mudanças fisiológicas à medida que as mulheres se aproximam do final da fase de vida reprodutiva. A média de idade das mulheres vivenciando seu último período menstrual (FMP) é 51,5 anos, mas a cessação das menstruações causada por insuficiência ovariana pode ocorrer em qualquer idade. (Brasil: 48 anos) Insuficiência ovariana prematura refere-se à cessação da menstruação antes de 40 anos de idade e está associada a níveis elevados do hormônio folículo-estimulante (FSH). TRANSIÇÃO MENOPÁUSICA: Os termos antigos perimenopausa ou climatério geralmente se referem ao período de tempo relativo ao final do período reprodutivo, em geral no final dos 40 e início dos 50 anos de idade. Caracteristicamente esse período se inicia com irregularidade no ciclo menstrual e se estende até um ano após a cessação permanente da menstruação. Normalmente, essa transição ocorre ao longo de um período que varia entre 4 e 7 anos, sendo que a média de idade para o início do processo é 47 anos. Inúmeras influências ambientais, genéticas e cirúrgicas podem acelerar o envelhecimento ovariano como tabagismo, quimio, radio, cirurgia ovariana e histerectomia. Relatório STRAW: Não é necessário que todos os estágios ocorram em cada indivíduo e, se ocorrem, é possível que não respeitem a sequência exata descrita. 2 Por volta dos 40 anos, os ovários começam a diminuir de tamanho; esse número se desacelera durante a perimenopausa e termina 5 a 10 anos após a menopausa. Na perimenopausa, o número de folículos ovarianos se reduz substancialmente, e os remanescentes respondem de modo inadequado ao hormônio foliculoestimulante (FSH) e ao hormônio luteinizante (LH), com maturação irregular dos folículos; o resultado são ciclos irregulares decorrentes da anovulação. A menopausa resulta da perda de sensibilidade ovariana às gonadotrofinas, relacionada com a diminuição numérica e a disfunção dos folículos. Durante o climatério observa-se redução acentuada das células germinativas e unidades foliculares, condição que evolui para o desaparecimento completo dos folículos, determinando a esterilidade definitiva. Dessa forma, a camada cortical e os vasos ovarianos sofrem atrofia progressiva, ao passo que o estroma hipertrofia em resposta ao estímulo gonadotrófico. A diminuição dos folículos ovarianos leva ao declínio progressivo dos estrógenos e da inibina. Por mecanismo de retroação, observa-se elevação progressiva das gonadotrofinas FSH e LH, na tentativa de manter a foliculogênese. Estas, atuando sobre o estroma do ovário, fazem com que haja maior produção de androgênios (testosterona e androstenediona). Esses androgênios, juntamente com os produzidos pelas adrenais nos tecidos periféricos, através da aromatase são convertidos em estrona, principal hormônio da mulher no climatério. Essas alterações podem preceder a menopausa em até 5 anos, e a diminuição do número e da qualidade dos folículos acarreta redução da secreção de estrógenos e de inibina B (exerce uma importante influência no feedback negativo sobre a secreção de FSH pela adeno-hipófise). De início, ocorre um aumento nos níveis de FSH. Posteriormente, com maior redução dos folículos, não haverá estradiol (E2) suficiente para comandar a retroalimentação positiva responsável pela ovulação. Isto faz com que o LH também se eleve, embora em menores proporções que o FSH. 3 Os níveis elevados de FSH e LH estimulam o estroma ovariano – que, em consequência, promove níveis de estrona (E1) mais elevados que os de E2. Os níveis de AMH no soro independem do eixo hipotálamo-hipófise-ovário e diminuem a níveis indetectáveis na pós- menopausa. O ovário pós-menopáusico continua sua produção de androstenediona e testosterona. A suprarrenal também mantém a secreção desses hormônios. O estrogênio circulante mais importante na mulher após a menopausa é a estrona. Sua principal fonte provém da conversão periférica da androstenediona, processada basicamente no tecido adiposo. Existe um mecanismo de aromatização da androstenediona em estrona. Como essa conversão ocorre principalmente no tecido adiposo, as mulheres obesas tendem a produzir níveis mais altos de estrona. Apesar de ser biologicamente mais fraca que o E2, a estrona se liga ao receptor hormonal específico e causa efeitos estrogênicos nas células-alvo. Além disso, uma pequena quantidade de estrona pode ser convertida em estradiol. Mulheres após a menopausa apresentam menor volume ovariano que na pré-menopausa, sugerindo que a alteração volumétrica seja principalmente relacionada com a redução da capacidade funcional. O eixo hipotálamo-hipofisário também participa desse processo, pois seu envelhecimento acarreta alterações no metabolismo dopaminérgico e diminuição dos receptores estrogênicos. É sugerido que a exaustão dos folículos ovarianos possa ser acelerada por perda de sincronia dos sinais neurais. A magnitude desse patrimônio sofre variações individuais, a depender de fatores genéticos e ambientais, tais como iatrogenia, tabagismo, nutrição, infecções virais e nuliparidade, que podem antecipar ou retardar o início do climatério. *Fatores socioeconômicos — Mulheres que têm longas jornadas de trabalho e exercem atividades estressantes têm mais chances de entrar na menopausa mais cedo. *Paridade — Mulheres nulíparas têm menopausa mais precocemente, enquanto o aumento da paridade correlaciona-se à menopausa mais tardia. *Tabagismo — Estudos de caso-controle, relacionando tabagismo e antecipação da menopausa, mostram que a idade da instalação da menopausa é antecipada de 12 a 18 meses. *Altitude — Mulheres que vivem em países de altitudes maiores podem apresentar a menopausa em idade mais precoce. *Nutrição — Nutrição deficiente e baixo peso levam à ocorrência precoce da idade da menopausa. MENOPAUSA Define-se menopausa como sendo o último período menstrual, identificado retrospectivamente após 12 meses de amenorreia. Ocorre, em média, aos 50 anos de idade, independentemente de 4 idade da menarca, história familiar, paridade ou uso de contraceptivos anovulatórios, e em alguns casos pode antecipar-se em até 2 anos em mulheres tabagistas.A pós-menopausa descreve os anos que se seguem a esse ponto. Pode, consoante a maneira como ocorre, ser classificada como menopausa natural, também chamada menopausa espontânea, e menopausa induzida, nos casos de cirurgias, radioterapia ou quimioterapia. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o climatério corresponde ao período de vida da mulher compreendido entre o final da fase reprodutora até a senilidade. Em geral, varia dos 40 aos 65 anos. Nesse período ocorre a menopausa definida como a interrupção permanente da menstruação e reconhecida após 12 meses consecutivos de amenorréia. A menopausa precoce ocorre quando se estabelece antes dos 40 anos de idade, e tardia após os 55 anos. COMPREENDER AS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO CLIMATÉRIO Alterações no eixo hipotálamo-hipófise-ovário: -Nas mulheres perimenopáusicas, a produção de estradiol oscila com as flutuações no nível de FSH e pode alcançar concentrações mais altas do que as observadas em mulheres com menos de 35 anos. -Os níveis de estradiol em geral não se reduzem significativamente até a fase tardiada transição menopáusica. Apesar dos ciclos menstruais regulares, durante a fase inicial da transição menopáusica, os níveis de progesterona são mais baixos do que nas mulheres na meia-idade reprodutiva. -Os níveis de testosterona não variam significativamente durante a transição menopáusica. -Entre essas alterações hormonais no eixo hipotálamo-hipófise-ovários, poucas apresentam variações suficientemente distintas para serem usadas como marcadores séricos da transição para a menopausa. Alterações ovarianas: -Uma depleção mais rápida dos folículos ovarianos se inicia no final da quarta e início da quinta décadas de vida e se mantém até o momento em que o ovário menopáusico é praticamente destituído de folículos. Alterações nos esteroides suprarrenais: -Em mulheres na faixa etária de 20 a 30 anos, as concentrações de SDHEA atingem o ponto máximo neste período para, em seguida, caírem constantemente. Em mulheres entre 70 e 80 anos, os níveis de SDHEA são reduzidos em 74%. [Envelhecimento independente do fator 5 menopausa é causa de decaimento] -A androstenediona atinge seu ponto máximo entre 20 e 30 anos de idade, e caindo para 62% em relação a esse nível em mulheres com idade entre 50 e 60 anos. -A pregnenolona diminui em 45% entre a vida reprodutiva e a menopausa. Alterações no nível de globulina de ligação ao hormônio sexual: -Os principais esteroides sexuais, estradiol e testosterona, circulam no sangue ligados a um transportador de glicoproteínas produzido no fígado, conhecido como globulina de ligação ao hormônio sexual. A produção de SHBG declina após a menopausa, o que pode aumentar os níveis de estrogênio e testosterona livres ou não ligados. Alterações endometriais: -Durante o estágio final da transição menopáusica, a anovulação é muito comum, e o endométrio refletirá o efeito do estrogênio atuando sem oposição à progesterona. Portanto, alterações proliferativas ou alterações proliferativas desordenadas são achados frequentes no exame patológico de amostras de biópsia endometrial. Com a menopausa, o endométrio se torna atrófico em razão da ausência de estimulação estrogênica. -Sangramento uterino anormal é comum durante a fase de transição menopáusica. -Como o período ao redor da menopausa é caracterizado por níveis relativamente altos e acíclicos de estrogênio e produção relativamente baixa de progesterona, as mulheres na transição menopáusica têm risco aumentado de desenvolvimento de hiperplasia ou carcinoma endometriais. -A anovulação é a causa mais comum de sangramentos erráticos durante a transição, embora seja importante considerar hiperplasia e carcinoma endometrial, neoplasias sensíveis ao estrogênio, como pólipos endometriais e leiomiomas uterinos, e episódios relacionados com gravidez. -A incidência total de câncer endometrial é de aproximadamente 0,1% das mulheres nesse grupo, embora o risco aumente para 10% em mulheres com sangramento uterino anormal. -Nas mulheres pós-menopáusicas, o achado de endométrio com espessura > 4 mm tem valor preditivo negativo de 99% para exclusão de carcinoma endometrial. Espessuras > 4 mm são consideradas inespecíficas [Biópsia nas que tem sangramento anormal] -Nas mulheres pré-menopáusicas, não há evidências para a aplicação desses critérios. Contudo, normalmente, indica-se biópsia nas mulheres pré-menopáusicas ≥ 35 anos. -Sempre excluir gravidez antes da biópsia uterina. -Histeroscopia: Permite avaliar lesões intrauterinas focais e coleta de amostras de lesões específicas, como leiomiomas submucosos, pólipos endometriais ou áreas focais de hiperplasia endometrial ou câncer endometrial. -A contracepção pode ser suspensa em todas as mulheres após 55 anos de idade. Não há relato de gravidez espontânea após esta idade. Algumas mulheres ainda menstruam, mas a ovulação é extremamente rara e qualquer eventual oócito provavelmente teria baixa qualidade e não seria 6 viável. -Infertilidade: Aumenta na transição e tem maiores riscos Abortamento espontâneo, anormalidades cromossomiais, cesariana, diabetes gestacional, hipertensão arterial induzida por gravidez e natimortalidade. Alterações na termorregulação central: -Os mais frequentes são ondas de calor, fogachos e suores noturnos. -Os episódios de fogacho iniciam-se em média dois anos antes do FMP, e 85% das mulheres com o sintoma mantêm a queixa por mais de um ano. Entre essas mulheres, de 25 a 50% terão fogachos por cinco anos, e >15% por mais de 15 anos. -Estudos longitudinais demonstraram que os fogachos estão associados a baixo nível de atividade física, tabagismo, elevação do FSH e redução do estradiol, maior massa corporal, etnia, estado socioeconômico e antecedentes de transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) ou depressão. -De maneira geral, um episódio de fogacho dura entre 1 e 5 minutos, e a temperatura da pele aumenta em razão de vasodilatação periférica. Essa alteração é particularmente acentuada nos dedos das mãos e dos pés, onde a temperatura da pele aumenta entre 10 e 15oC. - A maior parte das mulheres sente uma onda de calor repentina que se estende por todo o corpo, em particular na parte superior e na face. - A sudorese inicia-se principalmente na parte superior do corpo e corresponde ao período de aumento na condutância da pele. -Os fogachos se caracterizam por aumento na pressão arterial sistólica tanto na vigília quanto durante o sono. A frequência cardíaca e o fluxo sanguíneo cutâneo atingem o ponto máximo nos três minutos que se seguem ao início do fogacho [Aumenta 7 a 17 bpm]. - Os fogachos também podem ser acompanhados de palpitações, ansiedade, irritabilidade e pânico. -Cinco a 9 minutos após o início de um episódio de fogacho a temperatura interna reduz-se entre 0,1 e 0,9oC. Se a perda de calor e a sudorese forem significativas, a mulher pode ter calafrios. A temperatura da pele retorna gradativamente ao nível normal no prazo de 30 minutos ou mais. -A causa provável desse sintoma comum é a ocorrência de alguma disfunção nos centros termorreguladores centrais do hipotálamo. A área pré-óptica medial do hipotálamo contém o núcleo termorregulador responsável pelo controle da transpiração e da vasodilatação. -Suspeita-se de que a abstinência do estrogênio ou as rápidas oscilações em seus níveis sejam os fatores responsáveis, e não suas baixas concentrações. -A alteração nas concentrações de neurotransmissores pode criar uma zona termorreguladora estreita e reduzir o limiar para desencadeamento de sudorese. Portanto, alterações, ainda que sutis, na temperatura interna do corpo podem disparar mecanismos de perda de calor. -Acredita-se que a norepinefrina seja o principal neurotransmissor responsável por baixar o ponto de ajuste no centro termorregulador e pelo acionamento dos mecanismos de perda de calor associados aos fogachos. A redução na densidade dos receptores pré-sinápticos 7 a2-adrenérgicos resulta em elevação nos níveis de norepinefrina, provocando, consequentemente, sintomas vasomotores. -A serotonina provavelmente é outro neurotransmissor envolvido na fisiopatologia dos fogachos. A abstinência de estrogênio está associada à redução no nível de serotonina no sangue, que é seguida por suprarregulação dos receptores de serotonina no hipotálamo. [Efeito depende do receptor ativado] -Os distúrbios do sono podem resultar em fadiga, irritabilidade, sintomas depressivos, disfunção cognitiva e alterações no funcionamento diário. -A prevalência de distúrbios do sono variou entre 32 e 40% na fase inicial de transição menopáusica e entre 38 e 46% na fase tardia. -A fadiga pode estar relacionada aos suores noturnos e à dificuldade de iniciar o sono, ou a fatores de risco independentes ainda não identificados. -Vários fatores de risco foram associados a aumento na probabilidade de fogachos. Entre eles estão menopausa cirúrgica, raça e etnia, índice de massa corporal e tabagismo. Aparentemente, o fogacho é mais comum em mulheres afro-americanas do que em brancas, emais comum em mulheres brancas do que em asiáticas. -Outros fatores de risco são menopausa precoce, níveis baixos de estradiol circulantes, sedentarismo, tabagismo e uso de moduladores seletivos do receptor de estrogênio (MSREs). Alterações cardiovasculares: - As doenças cardiovasculares (DCV) continuam sendo a principal causa global de morte entre as mulheres. -Os fatores de risco são os mesmos para homens e mulheres e incluem os não modificáveis, como idade e antecedentes familiares de DCV; e modificáveis, como hipertensão arterial, dislipidemia, obesidade, diabetes melito ou intolerância à glicose, tabagismo, dieta inadequada e sedentarismo. -O risco de DCV aumenta exponencialmente nas mulheres à medida que entram no período pós-menopausa e os níveis de estrogênio declinam. -Tendência para incidência 2 a 6 vezes maior de DCV em mulheres pós-menopáusicas, em comparação com mulheres na pré-menopausa de mesma faixa etária. Esse padrão é semelhante ao observado na incidência de osteoporose, que aumenta muito durante a transição menopáusica. -Prevenção: Entre as intervenções nos hábitos de vida que se mostraram efetivas estão cessação do tabagismo, atividades físicas de intensidade moderada durante 30 minutos diários, manutenção de peso adequado e seguir uma dieta alimentar saudável para o coração. Entre as intervenções efetivas em fatores de risco mais específicos estão manter a pressão arterial e os níveis de lipídeos na faixa ideal utilizando intervenção no estilo de vida e, quando necessário, farmacoterapia. -A obesidade central é um fator de risco para doença cardíaca coronariana em mulheres e está associada a estado hormonal relativamente androgênico. -Tratamento com ácido acetil salicílico: De forma geral, o ácido acetilsalicílico não deve ser 8 usado para prevenção primária de cardiopatia em mulheres com menos de 65 anos, a não ser que se considere que os benefícios para a saúde daquela paciente em particular superem os riscos. -Nas mulheres, os níveis fisiológicos de estrogênio ajudam a manter perfis lipoproteicos favoráveis. Além disso, os níveis de colesterol total e de LDL são mais baixos em mulheres pré-menopáusicas do que em homens. Quadro revertido pós menopausa. -Depois da menopausa, o risco de coronariopatia duplica nas mulheres e, aproximadamente aos 60 anos, os lipídeos aterogênicos atingem níveis mais altos do que em homens. -Apesar dessas alterações nos lipídeos aterogênicos após a menopausa, os níveis de colesterol total e LDL podem ser reduzidos favoravelmente por meio de mudanças na dieta, tratamento à base de estrogênio e medicamentos redutores de lipídeos. Coagulação: -Observa-se aumento de fibrinogênio, do inibidor-1 do ativador de plasminogênio e do fator VII, provocando um estado de relativa hipercoagulabilidade. Supõe-se que esse estado contribua para aumentar o risco de doença cardiovascular e vascular encefálica em mulheres de mais idade. Ganho de peso e distribuição de gordura: -Com o envelhecimento, o metabolismo feminino fica mais lento, o que reduz as necessidades calóricas. -Durante esse período, o ganho de peso está associado à deposição de gordura no abdome, aumentando a probabilidade de desenvolvimento de resistência insulínica e,subsequentemente, de diabetes melito e doença cardíaca. -Existem inúmeros outros fatores subjacentes ao ganho de peso, como fatores genéticos, neuropeptídeos e atividade do sistema nervoso adrenérgico. Alterações dermatológicas: -As alterações na pele que podem surgir durante a transição menopáusica e incluem hiperpigmentação (manchas do envelhecimento), rugas e prurido. -Em parte, essas condições são causadas pelo envelhecimento da pele, que, por sua vez, resulta da sinergia entre os efeitos intrínsecos gerais do envelhecimento e o fotoenvelhecimento. -Além disso, acredita-se que o envelhecimento hormonal da pele seja responsável por muitas alterações dérmicas. Essas alterações incluem redução da espessura em razão da diminuição no teor de colágeno, redução na secreção das glândulas sebáceas, perda de elasticidade, redução no suprimento sanguíneo e alterações epidérmicas. Alterações mamárias: 9 - Na menopausa, a supressão de estrogênio e de progesterona leva a redução relativa na proliferação mamária. -A mamografia revela redução significativa no volume e no percentual de tecido denso, tendo em vista a substituição por tecido adiposo. Alterações no SNC: -Dificuldades para iniciar e manter o sono são comuns em mulheres na menopausa. -A fragmentação do sono em geral está associada a fogachos e resulta em fadiga durante o dia, alteração no estado de humor, irritabilidade e problemas com a memória de curto prazo. -Doenças ortopédicas dolorosas, doença pulmonar crônica, pirose e algumas medicações que interrompem o sono podem reduzir acentuadamente a qualidade e a quantidade do sono reparador. -Noctúria, urgência e frequência urinária, condições mais comuns em mulheres menopáusicas, também são fatores importantes. -Os distúrbios respiratórios do sono (DRSs), que incluem graus variados de obstrução faríngea, são condições muito mais comuns em mulheres menopáusicas e seus companheiros Relação com aumento da massa corporal, menos estrógeno e progesterona. -Roncos sonoros são muito comuns em razão de obstrução das vias aéreas superiores. Esse tipo de obstrução pode variar em gravidade, desde aumento da resistência das vias aéreas superiores até apneia obstrutiva do sono. -As mulheres pré-menopáusicas na faixa de 40 anos tiveram menor probabilidade de apresentar declínio cognitivo, em comparação com as pós-menopáusicas na mesma década de vida. -Os fatores que aceleram as alterações degenerativas cerebrais representam possíveis riscos modificáveis para o declínio cognitivo. Alterações psicossociais: -O bem-estar está significativamente relacionado com percepção atual do estado de saúde, sintomas psicossomáticos gerais, sintomas respiratórios gerais, histórico de sintomas pré-menstruais e estresse interpessoal. -Durante a transição menopáusica, é possível ocorrer sintomas psicológicos e cognitivos, incluindo depressão, alterações no humor, dificuldade de concentração e problemas de memória. - Para algumas mulheres, a aproximação da menopausa pode ser encarada como uma grande perda, tanto para aquelas que aceitaram a concepção e a criação dos filhos como seu papel mais importante na vida quanto para aquelas que não tiveram filhos, talvez não por livre escolha. Por essas razões, a percepção da menopausa iminente talvez seja um período de perdas capaz de desencadear depressão e outros transtornos psicológicos. -Sugeriu-se que as oscilações hormonais durante a fase inicial da transição menopáusica seriam, em parte, responsáveis por essa instabilidade afetiva. Deforma semelhante, a menopausa cirúrgica induz alterações no estado de humor em razão da rápida perda hormonal. 10 -Aumentos nos hormônios do estresse (e provavelmente os sintomas relacionados ao estresse) estão fisiologicamente relacionados com níveis elevados de estrogênio. Pesquisadores também observaram que mulheres com pontuações anormais nos testes psicométricos, feitos logo após a menopausa, apresentavam níveis de estradiol mais elevados do que aquelas com pontuações mais baixas. Alterações na libido: -Observou-se que o estado menopáusico esteve fortemente relacionado com diminuição no interesse sexual. Entretanto, após terem sido feitos ajustes para saúde física e mental, tabagismo e satisfação conjugal, não se manteve a relação significativa entre estado menopáusico e libido. -Observou-se associação com força estatística entre menopausa e dispareunia e relação indireta com a resposta sexual. Fatores psicológicos relacionados com o sentimento pelo parceiro, estresse e outros fatores sociais também afetaram indiretamente o funcionamento sexual. -As pacientes relataram redução significativa na quantidade de pensamentos sexuais, satisfação sexuale lubrificação vaginal após a menopausa. Alterações no trato reprodutivo inferior: -Sintomas de atrofia urogenital, incluindo secura vaginal e dispareunia, são comuns na transição menopáusica e podem implicar problemas significativos na qualidade de vida entre mulheres sexualmente ativas. -Foram identificados receptores de estrogênio em vulva, vagina, bexiga, uretra, musculatura do assoalho pélvico e fáscia endopélvica. -Alterações: Vagina assume uma aparência rosa-pálido com superfícies achatadas, friável e propensa a sangramentos. Posterior contração e perda de flexibilidade. -Como resultado das alterações, os sintomas clínicos associados à atrofia vulvovaginal incluem ressecamento, irritação e prurido vaginais, dispareunia e infecções recorrentes no trato urinário. Dispareunia e disfunção sexual: -Relações sexuais dolorosas correlacionadas com problemas sexuais, incluindo ausência de libido, distúrbio do estímulo sexual e anorgasmia. -Condições urogenitais como prolapso ou incontinência mantêm forte correlação com disfunção sexual. -É comum haver hipertonia ou dissinergia da musculatura do soalho pélvico em pacientes com problemas de frequência urinária, constipação e vaginismo, em geral, associados à dor superficial e atrito durante a relação sexual. -Outros quadros clínicos, como artrite, lombalgia, dor sacroilíaca, ou fibromialgia, podem contribuir para a ocorrência de dor vaginal ou pélvica durante relação sexual e para disfunção. 11 Alterações urogenitais: - Os sintomas urinários incluem disúria, urgência e infecções recorrentes no trato urinário. -Especificamente, o afinamento da mucosa uretral e da bexiga pode provocar uretrite com disúria, incontinência de urgência e frequência urinária. -Além disso, o encurtamento uretral associado a alterações atróficas menopáusicas resulta em incontinência urinária por estresse. -Além da incontinência, a taxa de prolapso de órgãos pélvicos aumenta com o avanço da idade. - É importante observar que relaxamento vaginal com cistocele, retocele e prolapso uterino não é consequente da baixa de estrógeno. AVERIGUAR DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E COMPLICAÇÕES DO CLIMATÉRIO -Exame físico: durante a consulta da paciente, é imprescindível fazer um exame físico completo para comprovar alterações associadas ao envelhecimento e à transição menopáusica. -Exame constitucional: importante registrar variáveis, como estatura, peso e IMC, que podem ser usadas para orientar as pacientes sobre exercício físico, perda ou ganho de peso. Além disso, a avaliação da distribuição do peso e da circunferência abdominal permite identificar a presença de obesidade truncal, que representa fator de risco importante de comorbidade. A perda de estatura pode estar relacionada com osteoporose e com fraturas vertebrais por compressão. Portanto, é prudente medir a estatura precocemente. O monitoramento da pressão arterial é uma medida bastante efetiva de rastreamento para hipertensão arterial, uma condição muito comum nessa população. -Exame de cognição: o declínio cognitivo não é comum em mulheres na transição menopáusica, embora queixas de esquecimento ou de pensamentos esparsos possam fazer parte do processo normal de envelhecimento. Nas pacientes preocupadas com a possibilidade de declínio cognitivo pode-se realizar testes de rastreamento. -Exame psicossocial: a investigação sobre bem-estar psicossocial faz parte da avaliação da transição. Os médicos devem fazer perguntas diretas sobre depressão, ansiedade e funcionamento sexual ou, se preferirem, podem apresentar questionários específicos para rastreamento de problemas psicossociais. -Exame dermatológico: alterações na pele associadas com deficiência estrogênica incluem afinamento e enrugamento. Além disso, várias lesões da pele estão comumente associadas ao envelhecimento e ao fotoenvelhecimento. A inspeção cuidadosa para verificar a presença de nevos anormais ou de exposição solar excessiva é importante para encaminhar a paciente, se necessário, para um dermatologista para investigação de câncer de pele. -Exame das mamas: durante a transição menopáusica, os níveis estrogênicos diminuem e o tecido glandular das mamas é substituído gradualmente por tecido adiposo. O tecido mamário e 12 as axilas devem ser inspecionados e palpados cuidadosamente. É extremamente importante documentar e avaliar sinais como descarga papilar, alterações na pele, inversão dos mamilos e massas. -Exame da pelve: o exame da vulva pode revelar perda de tecido conectivo que resulta em contração dos lábios maiores. Os lábios menores podem desaparecer completamente, e, com frequência, há estreitamento do intróito vaginal. O exame da vulva permite verificar a presença de hiperemia, atrofia ou fibrose. Nas mulheres que tiverem queixa de dor, é importante verificar se há cicatriz de laceração, episiotomia ou de alguma cirurgia. Com o exame metódico da vulva, é possível encontrar áreas específicas com maior sensibilidade. Com o exame de toque usando uma extensão com algodão é possível localizar e reproduzir a dor da paciente. Os marcadores de atrofia vaginal incluem pH vaginal acima de 5,0 e alteração no índice de maturação da parede vaginal, com predominância de células basais. A cultura vaginal pode revelar a presença de bactérias patogênicas normalmente não encontradas na vagina. Além da avaliação ginecológica-padrão, a inspeção externa e interna deve se focalizar na musculatura da pelve e na força e no tônus musculares vaginais e pélvicos, assim como na mobilidade e na integridade da fáscia e dos tecidos conectivos. É importante determinar o grau de flexibilidade do introito e de secura ou atrofia da mucosa. Dosagem de gonadotrofinas: É possível identificar alterações bioquímicas antes de evidências de irregularidade nos ciclos menstruais. Por exemplo, em muitas mulheres com mais de 35 anos, no início da fase folicular do ciclo menstrual, os níveis de FSH podem aumentar sem elevação concomitante do LH. Esse achado está associado a prognóstico reservado para fertilidade. Especificamente, alguns programas de fertilização in vitro (FIV) utilizam como critério de encaminhamento de pacientes para programas de doação de ovos, níveis de FSH acima de 10 mUI/mL no terceiro dia do ciclo. Níveis de FSH acima de 40 mUI/mL têm sido usados para documentar insuficiência ovariana associada à menopausa. Dosagem de estrogênio: Os níveis estrogênicos podem estar normais, elevados ou baixos dependendo do estágio da transição menopáusica. Somente na menopausa, esses níveis são extremamente baixos ou indetectáveis. Além disso, os níveis estrogênicos são usados para avaliar a resposta das mulheres ao tratamento hormonal. A maior parte dos médicos prefere manter o estradiol sérico em níveis fisiológicos entre 50 e 100 pg/mL enquanto selecionam e ajustam a terapia de reposição. As mulheres que recebem pílulas de estradiol como terapia de reposição podem ter valores elevados de estradiol sérico variando entre 300 e 500 pg/mL. Embora esses níveis sejam comuns, esse método de reposição não deve ser praticado. Índice de maturação estrogênica: 13 O índice de maturação é um meio de baixo custo para avaliar as influências hormonais nas mulheres. As amostras para medir o índice de maturação podem ser coletadas durante o exame especular da vagina, simultaneamente com o esfregaço de Papanicolaou. Amostras vaginais com índice de maturação ideal contêm células escamosas de esfoliação livre do terço superior da parede vaginal. Evitando-se a região do colo uterino, as secreções da parede vaginal podem ser raspadas com uma espátula ou com um swab de algodão embebido em solução salina. Imediatamente após a coleta, a amostra deve ser transferida para uma lâmina de microscópio. As células são mantidas em suspensão com pequeno volume de solução salina (como na preparação úmida) ou espalhadas na lâmina e fixadas com spray contendo 95% de etanol de fixação. Na prática diária, a importância do índice de maturação na avaliação da paciente tem sido reduzida pelouso crescente de ensaios mais simples para dosagem sérica de FSH e estradiol. Entretanto, o índice de maturação ainda é muito usado atualmente em pesquisas para avaliar a eficácia de agentes utilizados no tratamentos de sintomas da menopausa. Marcadores urinários e séricos de reabsorção e formação óssea A remodelagem é um processo natural normal que mantém a resistência esquelética, possibilita reparos em microestruturas e permite a homeostase de cálcio. Durante a remodelagem, os osteoblastos sintetizam inúmeras citocinas, peptídeos e fatores de crescimento que são liberados na circulação. Sua concentração reflete a taxa de formação óssea. Os marcadores séricos da formação óssea são osteocalcina, fosfatase alcalina específica para ossos e dois propeptídeos do procolágeno tipo I. Os osteoclastos geram produtos de degradação óssea que também são liberados na circulação e, finalmente, são eliminados pelos rins. Esses produtos incluem peptídeos de ligação cruzada de colágeno e piridinolinas, que podem ser dosados no sangue ou na urina, e permitem estimar a taxa de reabsorção óssea. Os marcadores da reabsorção óssea incluem hidroxiprolina urinária, piridinolina (PIR) urinária e deoxipiridinolina (DPD), assim como o N-telopeptídeo de ligação cruzada com colágeno tipo I (NTX) e o C-telopeptídeo de ligação cruzada com colágeno tipo I (CTX). Os marcadores de reabsorção óssea podem ser preditores úteis de risco de fraturas e de perda óssea. Qualquer elevação destes marcadores pode estar associada a aumento no risco de fratura em mulheres de mais idade, embora os dados não sejam uniformes. A associação entre marcadores de reabsorção óssea e risco de fratura do colo do fêmur é independente da DMO, embora uma DMO baixa combinada com biomarcador de reabsorção óssea elevado duplique o risco associado a qualquer um desses fatores isoladamente. Atualmente, a dosagem dos biomarcadores também é limitada por sua alta variabilidade entre indivíduos. Há necessidade de estudos adicionais tendo fraturas como desfecho a ser avaliado para confirmar a utilidade desses marcadores em pacientes individuais. Os marcadores do remodelamento ósseo ainda não devem ser usados rotineiramente no acompanhamento dos tratamentos clínicos. Serão necessários estudos adicionais para confirmar sua utilização em pacientes individuais. Entretanto, com o refinamento na tecnologia 14 dos ensaios e melhor compreensão sobre a variabilidade biológica, é provável que venham a se tor- nar adjuvantes úteis para avaliação de risco e do tratamento. Entre as alterações hormonais no eixo hipotálamo-hipófise-ovários, poucas apresentam variações suficientemente distintas para serem usadas como marcadores séricos da transição para a menopausa. O diagnóstico de transição menopáusica se baseia principalmente em informações coletadas na anamnese. Na pós-menopausa, entretanto, em razão do aumento acentuado nos níveis de FSH que foi descrito, esta gonadotrofina se torna um marcador mais confiável. REPOSIÇÃO HORMONAL ❖ A maior parte dos médicos concorda que o TH está́ associado a aumento no risco de DCC em menopáusicas de mais idade, e a aumento no risco de AVE, tromboembolismo venoso e colecistite; ❖ O câncer de mama é fator de risco nos casos de uso em longo prazo (5 anos); ❖ Aumento no risco de câncer ovariano em casos de uso em longo prazo (10 anos), porém não no uso em curto prazo (5 anos); ❖ Por outro lado, são observados vários benefícios a longo prazo com o TH, incluindo aumento na DMO e redução nas taxas de fraturas e de câncer colorretal. ❖ O TH reduziu a taxa de mortalidade em mulheres com menos de 60 anos, porém não em mulheres com mais de 60 anos. Esses pesquisadores sugerem que, uma vez estabilizada a coronariopatia, o TH não produz qualquer efeito para reversão na evolução da doença; ❖ O TH incluiu estrogênios, com ou sem progestogênios, administrados pelas vias oral, transdérmica ou subcutânea. Os autores concluíram que em mulheres relativamente saudáveis, TH combinado contínuo aumentou significativamente o risco de tromboembolismo venoso (TEV) ou de evento coronariano (após 1 ano de uso), AVE (após 3 anos) e câncer de mama e colecistite. ❖ Os únicos benefícios estatisticamente significativos do TH foram redução não incidência de fraturas e (para TH combinado) câncer de colo, com uso em longo prazo. ❖ Mulheres com mais de 65 anos, relativamente saudáveis e sendo tratadas com TH combinado contínuo, houve aumento estatisticamente significativo na incidência de demência. ❖ Entre as mulheres com DCV, o uso de TH em longo prazo aumentou significativamente o risco de TEV. ❖ Entre mulheres com histerectomia prévia, não se observou aumento no risco de câncer de mama após uso de estrogênio em média por 7 anos. Terapia estrogênica - A terapia sistêmica com estrogênio (TE) é a conduta mais efetiva para o tratamento dos sintomas vasomotores e a única atualmente aprovada pela FDA com essa indicação. Recomenda-se terapia estrogênica contínua, embora a dosagem e a via de administração possam ser alteradas para atender à preferência das pacientes. 15 Terapia com Progestogênios – Os progestogênios isoladamente são até certo ponto efetivos para o tratamento de fogachos em mulheres para as quais o estrogênio esteja contraindicado, como aquelas com histórico de tromboembolismo venoso ou câncer de mama. Entretanto, os efeitos adversos, que incluem sangramento vaginal e ganho de peso, podem limitar o uso deste medicamento. Além de leve redução nos fogachos, os progestogênios usados como agentes em TH combinado oferecem apenas um benefício adicional: proteção essencial contra hiperplasia endometrial e câncer induzidos por estrogênios em mulheres com útero. Nos ensaios randomizados placebo-controlados com os antidepressivos venlafaxina, fluoxetina, paroxetina e desvenlafaxina foram observadas melhoras modestas nos fogachos em comparação com placebo. É importante ressaltar que os benefícios dos ISRSs devem ser cotejados com seus efeitos colaterais, que incluem náusea, diarreia, cefaleia, insônia, inquietação, fadiga e disfunção sexual. DISCUTIR A FISIOPATOLOGIA E FATORES DE RISCO DA OSTEOPOROSE NO CLIMATÉRIO FISIOLOGIA DO REMODELAMENTO: O esqueleto é formado pelo osso cortical (esqueleto periférico-80%) e trabecular (esqueleto axial-20%-coluna, pelve, quadril, fêmur proximal). Esse remodelamento ósseo permite que haja adaptação às alterações mecânicas para exercícios com carga de peso e outras atividades físicas. A remodelação pode ser dividida em quatro fases: reabsorção, reversão, formação e quiescência. Aproximadamente 10% da superfície óssea no esqueleto adulto está sempre em remodelação ativa. A duração do ciclo de remodelação é de cerca de seis meses, com a fase de reabsorção 16 durando de 10 a 14 dias e a formação, cerca de 150 dias. O recrutamento, a ativação e a diferenciação de osteoclastos parecem ser resultados do aumento da elaboração de citocinas pró-inflamatórias osteoclastogênicas, como interleucina-1 (IL-1) e fator de necrose tumoral beta, que são regulados negativamente pelo estrógeno. O hipoestrogenismo também reduz a produção de fator de crescimento transformante beta (acelerador da apoptose de osteoclastos), aumentando a sobrevida dos osteoclastos. O aumento da atividade osteoclástica na osteoporose pós-menopáusica é mediada pela via do ligante ativador do receptor de fator nuclear kappa gerando BRANK/ RANK-L/ OPG. Inicialmente, o RANKL é produzido por osteoblastos. O RANKL se liga ao RANK encontrado na superfície de osteoclastos e de seus precursores. Essa ativação de RANK promove a formação, a função e a sobrevida de osteoclastos. Assim o RANKL é o regulador comum da atividade de osteoclastos e, em última análise, da reabsorção óssea. A OPG também é secretada por osteoblastos e é o inibidor natural do RANKL. A OPG se liga ao RANKL. Quando ligado à OPG, o RANKL é incapaz de se ligar ao RANK, no remodelamento ósseo. O estrógeno também pode exercer parte de seus efeitos antirreabsortivos noosso por meio da estimulação da expressão de osteoprotegerina em osteoblastos e osteócitos. As citocinas e determinados hormônios estimulam a expressão de RANKL por osteoblastos e outras células. O estrogênio é um dos reguladores desse processo (Hipoestrogenismo=Aumento de RANKL). Em última análise, reabsorção e formação encontram-se em equilíbrio entre RANK e RANKL nas mulheres pré-menopáusicas. Nas mulheres pós-menopáusicas, os níveis reduzidos de estrogênio levam a aumento na expressão do ligante de RANK. Essa sobreprodução pode ultrapassar a capacidade competitiva natural da OPG. Consequentemente, haverá RANKL em excesso disponível para se ligar ao RANK sobre os precursores de osteoclastos. Assim, é possível haver aumento em número, atividade e tempo de vida dos osteoclastos, assim como redução na taxa de apoptose. A massa óssea máxima é influenciada por fatores hereditários e endócrinos. Após o pico de massa óssea, a reabsorção óssea em geral é acoplada à formação óssea e, consequentemente, com a maturidade esquelética, em geral entre 25 e 35 anos, chega-se a um balanço ósseo positivo.A partir de então, a massa óssea declina a uma taxa lenta e constante de aproximadamente 0,4% ao ano. Durante a menopausa, essa taxa aumenta para 2 a 5% ao ano nos primeiros 5 a 10 anos e, em seguida, diminui para 1% ao ano. FISIOPATOLOGIA DA OSTEOPOROSE: A osteoporose é uma doença esquelética na qual há comprometimento da resistência óssea (determinada pela DMO), resultando em aumento do risco de fraturas. A DMO refere-se a gramas do mineral por volume de osso e é um parâmetro relativamente fácil de avaliar por meio das medições realizadas durante a absorciometria de raios X de dupla energia (DEXA). 17 A qualidade óssea, a resistência óssea e o risco de fratura são afetados por outras características dos ossos. Entre elas estão taxa de remodelamento, dimensões e geometria dos ossos, microarquitetura, mineralização, danos acumulados e qualidade matricial. A osteoporose primária se refere a perdas ósseas associadas ao envelhecimento e à deficiência estrogênica menopáusica. A reabsorção óssea é acelerada e, em geral, não é contrabalançada por formação óssea compensatória. Essa perda óssea acelerada é mais rápida nos anos iniciais da pós-menopausa. A osteoporose secundária é causada por outras doenças ou medicações. Qualquer redução na ingestão ou na absorção intestinal de cálcio reduz o nível sérico de cálcio ionizado. Isso estimula a secreção do hormônio da paratireoide que mobiliza o cálcio dos ossos por meio de estimulação da atividade osteoclástica. O aumento do PHT leva ao aumento da vitamina D que resulta no aumento nos níveis séricos de cálcio por meio de vários efeitos: (1) estimulação dos osteoclastos para mobilização do cálcio dos ossos, (2) aumento da absorção intestinal de cálcio, (3) estimulação da reabsorção renal de cálcio.
Compartilhar