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aula 3- filosofia, ética

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UNIDADE IV • <Título da Unidade IV> 
1 
 
 
 
 
 
 
 
ENCONTRO 03: A doutrina ética do eudemonismo 
 
 
Olá pessoal! 
Como vimos ao longo desta aula a ética aristotélica é considerada um conjunto de 
reflexões voltadas para a eudaimonia. As reflexões éticas de Aristóteles tiveram e ainda 
têm uma grande influência no pensamento filosófico sobre as ações humanas. Para este 
filósofo grego antigo, a ética deve servir à eudaimonia, isto é, à felicidade. 
Eudemonismo (do grego “eudaimonia”, “felicidade” ou “bem-estar” em português), assim, 
é o nome dado a toda doutrina ética que coloque como elemento central de suas 
reflexões o reconhecimento de que a felicidade é o objetivo fundamental das ações 
humanas. 
O eudemonismo teve nas reflexões éticas de Platão e, principalmente, de Aristóteles, os 
seus principais representantes ao longo da história da Filosofia no Ocidente. Para os 
filósofos eudemonistas, as virtudes humanas merecem ser cultivadas e aprimoradas com 
carinho pelas pessoas, pois são elas que permitem às pessoas o alcance da felicidade. 
Doutrinas eudemonistas foram um lugar-comum no pensamento filosófico ocidental 
antigo. Platão é considerado como o primeiro representante do eudemonismo dentro da 
história das reflexões éticas. Ele traçou uma interessante relação direta entre “bem” e 
“felicidade”. Segundo Platão, por ser algo comum observarmos que pessoas más se 
sentem culpadas por fazer algo claramente errado mesmo quando não há riscos de 
punição, isso nos mostra que fazer o que é errado parecer tornar as pessoas infelizes. 
Embora Platão tenha prestado importantes contribuições intelectuais para promover e 
comprovar a razoabilidade do eudemonismo, este todavia somente ganhou evidência na 
história da Filosofia a partir da publicação e divulgação do livro “Ética a Nicômaco”, 
escrito por Aristóteles. 
 DISCIPLINAS UNIVERSAIS 
Disciplina: FILOSOFIA, ÉTICA E DESENVOLVIMENTO HUMANO 
PROFESSOR: DANIEL CASTRO GIRALDI 
 
 
UNIDADE IV • <Título da Unidade IV> 
2 
 
Para Aristóteles, o bem-estar ou felicidade não resulta de poder político, social, 
econômico ou financeira. Ela é na verdade aquilo que resulta das condutas, disposições 
e ações humanas desenvolvidas com base no exercício daquilo que caracteriza a função 
mais característica e típica dos seres humanos: o uso da razão. 
Segundo Aristóteles, conquistar a felicidade é sinônimo de viver bem e, por sua vez, viver 
bem é viver de acordo com a razão. Ele entendia a felicidade como algo muito além de 
uma simples satisfação orgulhosa ou de um estado de pleno contentamento, ele a via 
como aquilo que permite ao ser humano ser humano. 
Na obra “Ética a Nicômaco”, Aristóteles afirma que a eudaimonia surge principalmente 
das atividades filosóficas, as quais propiciam ao ser humano compreensão e sabedoria 
acerca das coisas em geral e, segundo Aristóteles, isso é o bem maior ao qual os seres 
humanos podem aspirar, tendo em vista que aquilo que torna possível a atividade 
filosófica é justamente aquilo que os diferencia de todos os demais seres, a saber, a 
capacidade de raciocinar. Ainda de acordo com este filósofo na caracterização que ele 
faz da humanidade, o ser humano é um animal político que usa palavras para pensar. 
Nesta mesma obra, “Ética a Nicômaco”, Aristóteles dá o nome de “phronesis” (“sabedoria 
prática”, em português) à capacidade de os seres humanos, com a ajuda de ideias e 
palavras, calcularem os comportamentos que pretendem colocar em prática com base 
no parâmetro do “meio-termo entre extremos”. Ele também insiste que para que uma 
ação humana qualquer possa ser caracterizada como “virtuosa” ela deve resultar 
necessariamente de uma escolha racional, ou seja, de uma deliberação. Para 
Aristóteles, portanto, a felicidade depende da prudência. 
As virtudes moldam emoções, valores, atitudes e condutas. Se fizermos uso da palavra 
grega pela qual o Aristóteles se refere à sabedoria prática (“frônesis”), podemos dizer 
que segundo ele a eudaimonia é conquistada quando um homem possui um caráter 
fronético, o qual se desenvolve através do cultivo de hábitos fronéticos, que por sua vez 
são o resultado de ações fronética que se repetem ao longo do tempo, as quais por sua 
vez são estimuladas por inclinações ou disposições fronéticas. 
Para Aristóteles, uma pessoa que procura agir com justiça, ou com bravura, ou com 
benevolência somente será uma pessoa virtuosa se ela refletiu sobre as razões para ser 
corajoso, justo ou benevolente. De acordo com este filósofo, a posse de virtude não é 
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garantia de felicidade, porém a experiência ensina que se trata da única maneira 
confiável de alcançar e manter uma vida feliz. 
Pensar sobre o porquê de estarmos agindo de uma determinada maneira em nossas 
rotinas nos leva a uma concepção ampla de nossa vida como um todo e nos leva a 
questionamentos sobre o que podemos fazer para que ela venha a ser bem vivida, pois 
é a partir disso que seremos capazes de dar sentido às nossas ações e de nos 
planejarmos para conquistar nosso bem-estar. Portanto, segundo Aristóteles, para o seu 
próprio bem, todo ser humano deseja a eudaimonia. Mas como articular esse nosso 
desejo com todas as escolhas que somos obrigado a fazer todos os dias? Este é para 
os eudemonistas a pergunta chave da ética da felicidade, ou seja, este é o problema 
central de todos os códigos de ética do tipo eudemonista. 
Uma das principais críticas que os eticistas (isto é, filósofos que estudam e realizam 
pesquisas no campo da Ética) fazem sobre as doutrinas eudemonistas é que elas 
apresentam uma visão ética que faz com que as ações éticas e as ações por interesse 
próprio coincidam e que, ao fazerem isso, oferecem uma explicação inadequada e 
inaceitável a respeito de como devemos nos conduzir em relação ao próximo e aos 
efeitos de nossas ações sobre eles. 
Por exemplo, o eudemonismo dá a entender que o motivo para qualificar como 
reprovável a ação de matar uma pessoa inocente é que tal ação ou disposição para 
coloca-la e prática tem como fundamento o fato de que esta ação não aumenta a 
felicidade ou bem-estar de quem a comete. Mesmo se concordarmos com o raciocínio 
de que uma ação ou disposição deste tipo não aumentará de fato o bem-estar ou 
felicidade daquele que por ventura vier a cometê-la, no entanto isso dificilmente parece 
uma explicação completa sobre o que há de errado em matar pessoas inocentes. 
Certamente, qualquer explicação adequada a respeito da reprovação em matar pessoas 
inocentes deve fazer referência aos efeitos de tal comportamento em suas vítimas, não 
em seus agentes.

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