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Regras Mínimas da ONU para tratamento dos presos: - Regras de Mandela; Informações Gerais: - Congresso das Nações Unidas p/ prevenção do crime e para o tratamento dos delinquentes – em 1955. - Recebe o nome de Softlaw; - Não possui caráter jurídico vinculante; - Os Estados que participaram do documento possui a prerrogativa de aderir ao seu texto. - Estrutura: - Observações preliminares; - Introdução da norma; - Regras de aplicação geral; - Art.1º ao 55. - Regras para categorias específicas de presos; - Art.66 ao 122. Preâmbulo: - Após aprovação no I Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do crime e o tratamento dos Delinquentes, foi submetida a aprovação pela Comissão dos assuntos sociais do Conselho Econômico e Social da ONU; - Os países que aderirem ao documento devem adotá-las e aplica-las nos estabelecimentos penitenciários e correcionais; - Os países devem ser enviados relatórios a cada 5 anos para o Secretário-Geral da ONU; - Os Estados devem dar ampla publicidade às regras. Observações Preliminares: - Estabelecer princípios e regras para uma adequada prática e organização penitenciária, com vista ao tratamento humano aos presos; - Não tem como objetivo organizar estabelecimento de ressocialização de adolescentes, embora as regras sejam aplicáveis à execução de medidas socioeducativas. - As regras não pretendem detalhar um modelo de sistema prisional, mas estabelecer bons princípio e práticas no tratamento de reclusos e gestão do sistema prisional; - São “regras mínimas” de modo a se imporem independentemente de condicionamentos legais, sociais, econômicos e geográficos. - As regras destinam-se as categorias de reclusos (presos decorrentes de condenação criminal ou civil; preventivos ou definitivos; decorrente de pena ou de aplicação de medida de segurança). 1ª parte: regras gerais; 2ª parte: regras aplicáveis às categorias de reclusos; Regras de Aplicação Geral: Princípios básicos: - Condução da pena com respeito à dignidade, vedada a tortura ou penais cruéis, desumanas ou degradantes; - Busca pela segurança dos reclusos, do pessoal do sistema prisional, prestadores e serviço e visitantes; - Veda-se a discriminação do preso em razão da raça, sexo, cor, língua, religião, opinião política ou origem; - A reclusão conduz à retirada da autodeterminação, sem imposição de outro sofrimento à exceção de medidas disciplinares. - Objetivo da pena segundo as regras: - Proteger a sociedade contra a criminalidade; - Reduzir a reincidência; - Pressupostos: reintegração à sociedade; - Responsabilidade das administrações prisionais e autoridades competentes: - Proporcionais: - Educação; - Formação profissional; - Trabalho; - Assistência: - Reparadora; - Moral; - Espiritual; - Social; - Desportiva; - De saúde; - Necessidades individuais ** - Na execução da pena o foco é minimizar diferença entre a vida durante o período que estiver preso e a em liberdade, notadamente no respeito aos direitos humanos. Registro: - Os presos devem ser registrados em um banco de dados ou livro de registro; - A admissão no sistema prisional depende de uma ordem de prisão válida. Informações que devem constar do registro: - Identidade (com respeito à atribuição de gênero); - Razões da prisão com a ordem da autoridade competente; - Data e horário de ingresso, transferências e saída; - Condições de integridade (ex.ferimentos); - Relato de maus-tratos; - Inventário de bens-pessoais; - Nome de familiares e filhos (com idade, residência e responsabilidade); - Contato de emergência do parente mais próximo; - Andamento do processo judicial; - Avaliações do preso (inicial e relatório); - Condições de comportamento e disciplina; - Pedidos e reclamações; - Imposição de sanções disciplinares; - Circunstâncias de ferimentos e morte; - As informações são confidenciais e podem ser utilizadas na política criminal. Categorias: - Homens x Mulheres; - Preventivos x Definitivos; - Civis x Criminais; - Jovens x Adultos; Alojamento: - Celas ou locais de descanso individuais; - Salubridade; Higiene Pessoal: - Reclusos devem se manter limpos; - Manutenção de “aspecto correto” e preservação do respeito a si próprio; Vestuário e roupas de cama: - Bom estado de conservação; - Condições adequadas de clima e saúde; Alimentação; - Nutritiva; - Fornecimento de água potável; Serviços Médicos: - É de responsabilidade do Estado; - Prestado por equipe multidisciplinar; - Manutenção de registros médicos individuais confidenciais; - Necessidade de pronto atendimento em casos urgentes; - Decisões médicas não podem ser modificadas ou ignoradas pelos demais agentes de execução; - Necessidade de instalações próprias de saúde para mulheres grávidas (infantário, atendimento pediátrico); - Atendimento médico inicial para: - Identificar necessidade e cuidados específicos; - Identificação de maus-tratos, estresse e doenças infectocontagiosa; - Necessidade de visitas diárias em relação a reclusos que estejam doentes; - Manutenção de padrões éticos e profissionais com o objetivo de proteger a saúde física e mental, a autonomia do recluso, a confidencialidade da informação e a vedação de qualquer prática de tortura; - Necessário comunicar à direção da penitenciária caso constate que a execução da pena possa trazer, ao longo do tempo, prejuízo à saúde física ou mental. - Caso o médico constante sinal de tortura, punição ou tratamento cruel, desumano ou degradante deve registrar administrativa ou judicial competente. - Cumpre ao médico proceder inspeção quanto à quantidade/ qualidade dos alimentos, higiene e asseio do estabelecimento, instalações e qualidade dos vestuários. Restrições, Disciplina e Sanções: - Deve-se manter a ordem e disciplina com firmeza; - Depende de lei/regulamentação a criação e aplicação de sanções disciplinares a detentos; - Deve-se buscar meios alternativos para resolução de conflitos que possam surgir ao longo da execução da pena.Ex. mediação. - Princípios aplicáveis: - Devido processo legal; - Vedação ao “bis in idem”; e - Proporcionalidade; - Assegura-se tempo e meios adequados para defesa (pessoalmente ou por intermédio de advogado); - Penas disciplinares vedadas: - Imposição de trabalho; - Tortura, tratamento cruel, desumano ou degradante; - Confinamento solitário indefinido ou prolongado; Confinamento = + 22 horas sem contato humano; - Prolongado = + de 15 dias consecutivos; - Totalmente vedado? Não; - “Há possibilidade excepcional” – depende de autorização da autoridade competente. - Não se aplica a deficientes; - Detenção em cela escura ou constantemente iluminada; - Castigos corporais; - Redução da água/alimentação; - Castigos coletivos; - Proibição de contato com a família; Instrumentos de coação: - Proibido: - Correntes; - Imobilizadores de ferro; - A utilização de instrumentos de coação, se previsto em lei/regulamento, podem ser utilizados: - Por precaução contra evasão; - Se esgotadas outras formas de dominar o recluso; - Princípios para utilização de instrumentos de coação: - Residual; - Menos invasivo possível; - Pelo tempo estritamente necessário; - Não pode ser utilizado em mulheres em trabalho de parto. Revista aos reclusos e inspeção das celas: - Finalidade: garantir segurança aos estabelecimentos prisionais; - Deve respeitar a dignidade e privacidade do preso; - Não podem ser utilizadas para assediar, intimidar ou ferir a privacidade do recluso; - Revistas íntimas invasivas: - Se absolutamente necessárias; - Realizadas por profissionais de saúde; Informações e direito de reclamação dos reclusos: - No ingresso, o recluso deve receber por escrito: legislação/ regulamentos pertinentes à execução da pena; - Poderá formular pedidos e reclamações; Contato com o exterior: - É direito do recluso (desde que sob supervisão), comunicar-se periodicamente com a família por correspondência ou por intermédio de visitas; - Visitas conjugais podem ser admitidas, sem discriminação quanto a reclusos ou reclusas; - A reclusão deve ser próxima da residênciado recluso; - O Visitante deve consentir com a revista, caso não consinta o acesso pode ser negado. - A revista íntima é excepcional e não pode ser aplicado em crianças; - Devem ser informados das notícias pela leitura ou transmissões; Biblioteca: - Deve conter biblioteca em cada estabelecimento prisional; Religião: - Necessidade de respeito ao direito de professar religião; - Pode haver um representante da religião no estabelecimento; Objetos dos reclusos: - Caso não possam ficar com os reclusos, serão guardados em local seguro, mediante inventário; - Haverá restituição por ocasião da liberação; Notificações: - Para os familiares; - Necessário para: - Transferências; - Doenças ou ferimentos (do recluso ou de familiares); - Morre; - Necessidade de imediata comunicação: - No caso de morte, desaparecimento ou ferimento grave; - Em caso de relatos de tortura, penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Transferências: - Devem ser vistos o menos possível pelo público; - Devem ser tomadas medidas apropriadas para os proteger de insultos, curiosidade e de qualquer tipo de publicidade; - Veda-se o transporte em veículo com ventilação ou iluminação inadequados; Pessoal do estabelecimento prisional: - Busca pela boa gestão a fim de resguardar a integridade, humanidade, aptidões pessoais e capacidade dos agentes prisionais; - Atividade representa serviço social de grande importância; - Garantia de segurança no exercício da função desde que haja boa conduta, eficácia e aptidão física; - Remuneração dever se suficiente; - Exige-se nível de educação adequado com aplicação de curso; - Comportamento deve focar em manter boa influência sob reclusos e respeito; - Deve incluir: psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, professores e instrutores técnicos; - Necessidade de constante qualificação; - Não deve haver contratação a tempo parcial (atividade de dedicação exclusiva) - Necessidade de haver agentes de ambos os sexos para atendimento de reclusos e reclusas; - Utilização da força é excepcional para: - Legítima defesa; - Tentativa de fuga; ou - Resistência física ativa ou passiva; Inspeções internas ou externas: - Duplo sistema: - Interna (ou administrativas): conduzidas pela administração prisional central; - Externas: conduzidas por um órgão independente da administração prisional, que pode incluir órgãos internacionais ou regionais competentes; - Os inspetores podem: - Ter acesso às informações; - Escolher estabelecimentos a inspecionar; - Entrevistar reclusos e funcionários; e - Fazer recomendações; Categorias Especiais: Condenados: - Regresso progressivo à vida em sociedade (regime preparatório da libertação); - Cuidado para não acentuar a exclusão dos reclusos da sociedade; - Auxílio para reabilitação social dos reclusos (por meio de assistentes sociais); - Classificação de organização dos reclusos para tratamento individualizado e, em razão os graus de segurança; - Auxílio pós-penitenciário; - Deve ser assegurada a oportunidade de trabalho; - Busca-se formação profissional; Pessoa com deficiência e doentes, presos preventivos, presos civis e sem acusação: - Pessoa com deficiência: - Inimputável não pode ser recluso; - Cabe ao Estado examinar e proporcionar tratamento psiquiátrico; - Preso preventivo: - Condução da reclusão temporária em consideração à presunção de inocência e, por conta disso, adota-se um regime especial; - Devem ser mantidos separados dos condenados em definitivo; - Uso de roupas próprias se estiverem limpas e adequadas; - Garantia da oportunidade de trabalhar; - Acesso a livros, jornais e materiais para escrever bem como outros meios de educação; - Acesso a médico e dentistas pessoais, se houver; - Preso civil: - Não devem ser submetidos a maiores restrições nem ser tratados com maior severidade do que for necessário para manter a segurança e a ordem; - Não deve ser menos favorável do que o dos detidos preventivamente, sob reserva, porém, da eventual obrigação de trabalhar; OBS. Instrumentos de sanção = todos proibidos; OBS. Instrumentos de coação = permitidos algemas e coletes de força; OBS. O fim e a justificação de uma pena de prisão ou de uma medida semelhante que priva de liberdade é, em última instância, de proteger a sociedade contra o crime. OBS- É obrigatória a educação de analfabetos e presos jovens.
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