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Relatório 2 - Identificando as Microexpressões Faciais das Emoções Básicas (Fenômenos e Processos Psicológicos C)

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS 
 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA VIDA 
FACULDADE DE PSICOLOGIA 
 
 
 
GIOVANA GOMES 
 
 
 
IDENTIFICAÇÃO DAS MICROEXPRESSÕES 
FACIAIS DAS EMOÇÕES BÁSICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPINAS 
2021 
 
 
 
 
 
 
 
GIOVANA GOMES 
 
 
 
 
 
IDENTIFICAÇÃO DAS MICROEXPRESSÕES 
FACIAIS DAS EMOÇÕES BÁSICAS 
 
 
Relatório apresentado à disciplina de 
Fenômenos e Processos Psicológicos C, da 
faculdade de Psicologia da Pontifícia 
Universidade Católica de Campinas, como 
parte das atividades de laboratório exigidas 
para avaliação. 
Orientador: Prof(a). Dr(a). K 
 
Monitoras: 
 
 
 
PUC-CAMPINAS 
2021 
2 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO TEÓRICA 
Emoção é um termo de difícil definição, já que, em certos casos, as 
pessoas possuem um entendimento e compreensão do que ela é, mas são 
incapazes de defini-la de maneira precisa. Já em outros casos, as pessoas pensam 
entender o que ela é, mas, confundem-nas erroneamente com outros conceitos, 
como o de humor (GAZZANIGA; HEATHERTON; HALPERN, 2018). Pode-se dizer 
então que: 
As emoções são fenômenos expressivos e propositivos, de curta 
duração, que envolvem estados de sentimento e ativação, e nos 
auxiliam na adaptação às oportunidades e aos desafios que 
enfrentamos durante eventos importantes da vida. (REEVE, 2006, 
p.191). 
 
Em outras palavras, as emoções podem ser definidas como fenômenos 
multidimensionais que envolvem diversos âmbitos da vida, a partir de quatro 
componentes, que são o subjetivo, o biológico, o propositivo e o social. O 
componente subjetivo é referente aos fenômenos internos do indivíduo, aos seus 
sentimentos, a sua consciência fenomenológica e a sua cognição, sendo esta 
última a raiz do sentimento. Quando se fala da subjetividade, pode-se pensar, 
então, nos aspectos qualitativos e quantitativos da experiência emocional, como no 
caso de um indivíduo se sentir zangado e experienciar isso subjetivamente, com 
determinados níveis de intensidade e qualidade dessa sensação raivosa. Já o 
componente biológico é ligado a excitação corporal, a ativação fisiológica, a 
homeostase e a preparação do indivíduo para a ação. Esse aspecto é de suma 
importância no âmbito evolutivo, auxiliando na adaptação do ser ao seu meio e na 
forma de lidar e enfrentar aquilo que se impõem a ele (REEVE, 2006). 
O componente propositivo, por sua vez, relaciona-se à inserção da 
motivação na emoção, o que justifica a enorme vantagem provida pelas emoções, 
pois não as possuir geraria problemas na busca de metas, no estabelecimento e 
realização da manutenção de ações que visassem garantir a sobrevivência e na 
aprendizagem de como agir e responder adequadamente aos eventos (FELDMAN, 
2015). Um exemplo onde vemos esse componente de forma clara é na raiva, que 
é capaz de motivar os indivíduos a se colocarem em ação para, por exemplo, se 
opor e reivindicar mudanças em situações que lhes parecem injustas (REEVE, 
2006). 
3 
 
 
 
E, por fim, o componente social é referente à forma como são expressas 
as emoções, por meio de manifestações como as físicas e vocais, que visam 
comunicar e expressar, mesmo que de forma não verbal, aquilo que o indivíduo 
está sentido. Ele fica evidente nas manifestações faciais humanas, onde a forma 
como arqueja-se as sobrancelhas, por exemplo, é capaz de expressar aquilo que 
o indivíduo sente e pensa naquele dado momento (REEVE, 2006). 
Há outros fortes aspectos das emoções, podendo-se pensar no fato de 
que ela é pouco estável e de que possui um forte poder reativo, que auxilia na 
reação a eventos específicos nos quais ela tem possibilidade de atuar. Por meio do 
chamado coping, que pode ser traduzido como “enfrentamento”, a emoção cria 
estratégias de mecanismos de defesa, que são muito importantes para a vida 
humana, amparando na adaptação das respostas a situações desagradáveis e 
adversas com as quais um indivíduo pode se deparar (PERGHER et al., 2006; 
ANTONIAZZI; DELL’AGLIO; BANDEIRA, 1998). Dessa forma fica evidente o 
equívoco em confundi-las e indiferenciá-las do humor, que é muito mais estável e 
não está ligado a respostas a eventos isolados e específicos, como ocorre na 
emoção (REEVE, 2006). 
O humor também possui uma subdivisão em dois tipos de afeto, que 
seriam o positivo e o negativo, servindo para caracterizar sua natureza em questão. 
Esses conceitos de afeto não existem nas emoções, o que também serve para 
auxiliar na sua diferenciação. Em um vocabulário cotidiano, os afetos positivo e 
negativo seriam algo semelhante a dizer “bom humor” e “mau humor”, 
respectivamente, que são formas dos indivíduos se sentirem que influem 
diretamente em suas vidas cotidianas, tanto de forma positiva quanto negativa, e 
que podem durar muito mais que uma emoção, seja ela qual for (WATSON; 
TELLEGEN, 1985; CLARK; TELLEGEN, 1988 apud REEVE, 2006). Nessa 
classificação, o afeto positivo, quando apresentado com intensidade, seria ligado a 
um bem-estar do indivíduo, nos momentos em que se sente ativo e entusiasmado, 
por exemplo; e quando apresentado com pouca intensidade, seria ligado a 
sensações como a de tédio e de apatia. Em contrapartida, o afeto negativo, quando 
apresentado com intensidade, seria ligado ao indivíduo se sentir de forma aversiva, 
com sensações como a de raiva, de culpa e de angústia; e quando apresentado 
4 
 
 
 
com pouca intensidade, seria ligado a relaxamento e calmaria (WATSON; CLARK; 
TELLEGEN, 1988 apud GIACOMONI; HUTZ, 2006). 
Os estudos a respeito da emoção em si são muito extensos, tendo 
mobilizado uma série de pesquisadores e proporcionado diversas perspectivas 
distintas que visavam compreendê-las e explicá-las. Dentro das perspectivas que 
surgiram, foram estabelecidas duas visões principais e conflitantes, a cognitivista e 
a biológica. A cognitivista, com R. Lazarus, K. Scherer e B. Weiner como principais 
teóricos, afirmava a necessidade da avaliação cognitiva por parte dos indivíduos 
para que pudesse ocorrer uma resposta emocional. O primeiro desses teóricos, o 
pesquisador Lazarus, dizia que não faria sentido a ocorrência de uma resposta 
emocional sem que se compreendesse o impacto que determinado evento teve 
sobre o indivíduo para gerar aquela resposta. Para ele, esse impacto gerado pelo 
evento, muitas vezes, está relacionado a ameaças ao bem-estar e a situações com 
potencial danoso ou perigoso. Por conta disso, sem uma avaliação cognitiva desses 
aspectos, não faria sentido surgir uma emoção (REEVE, 2006). 
Já Scherer, mesmo concordando parcialmente com Lazarus, ampliava 
sua visão, adicionando avaliações cognitivas específicas para avaliar e gerar 
emoções. Essas avaliações específicas seriam, por exemplo, avaliar se o evento 
era bom ou mau e moral ou imoral. E, por fim, Weiner trazia para a visão cognitivista 
a ideia de que o importante para as emoções era a análise posterior aos eventos, 
ou seja, as ponderações que são feitas após a ocorrência de situações, 
possibilitando que se atribuísse a elas, por exemplo, a ideia de que se teve êxito, 
gerando a emoção de orgulho (REEVE, 2006). 
Já a perspectiva biológica, com C. Izard, P. Ekman e J. Panksepp como 
principais teóricos, se contrapunha a primazia da avaliação cognitiva, colocando, 
então, a necessidade de o evento biológico anteceder a cognição para que uma 
emoção se manifestasse. O primeiro teórico, Izard, deu suas contribuições a essa 
perspectiva por meio de suas pesquisas demonstrando que bebês, mesmo sem 
seus sistemas cognitivos plenamente desenvolvidos, eram capazes de responder 
emocionalmente. Vale-se dizer que Izard e outros teóricos biológicos não 
desconsideravam o envolvimento e a importância da atividade cognitiva, mas 
consideravam as emoções como provenientes das estruturas subcorticais (REEVE, 
2006). 
5 
 
 
 
Ekman, por sua vez, trouxe a ideia de que emoções eram marcadas por 
um início rápido, mas com poucaduração, surgindo até mesmo de forma 
inconsciente. Essa ideia era apoiada pelas teorias evolutivas e, por conseguinte, 
pelo quesito da adaptação. Ele também não desconsiderava a cognição, mas não 
colocava a aprendizagem e a socialização como geradoras da emoção, como 
teóricos cognitivistas faziam. Por fim, Panksepp se apoiava numa teoria ligada aos 
circuitos neurais, a bioquímica e os hormônios, que influiriam no cérebro e seriam 
suficientes e essenciais para o surgimento da emoção. Ele propôs que os animais 
no geral possuem e herdaram circuitos cerebrais para, por exemplo, a raiva e o 
medo, o que os dariam um caráter muito mais instintivo do que aprendido para as 
emoções (REEVE, 2006). 
Essas duas visões distintas possuem méritos, mas muitos estudos 
cogitaram qual se apresentaria correta. Nisso, surgiu então uma terceira visão, a 
integrativa, enfatizando a importância tanto da visão cognitivista quanto da 
biológica. O pesquisador R. Buck ressaltava que os humanos possuem uma parte 
inata para reagir às emoções, ligada à fisiologia, à evolução e ao sistema límbico; 
ao mesmo tempo que, no decorrer da vida, adquiriam uma parte cognitiva, ligada 
às experiências e ao aprendizado particular de cada um. R. Levenson, que também 
concordava com essa visão, ampliou-a, afirmando que esses dois sistemas não 
existiriam isolados, como a proposta de Buck, mas sim interagindo entre si na 
formação da resposta emocional (REEVE, 2006). 
Além disso, também dentro do estudo das emoções, pesquisadores 
apontaram a existência de dois tipos distintos delas, subdividindo as emoções em 
duas: as primárias e as secundárias (GAZZANIGA; HEATHERTON; HALPERN, 
2018). No grupo das emoções primárias (que também são chamadas de emoções 
base ou universais), e que contaram, inclusive, com estudos de Charles Darwin, 
são incluídas as emoções dadas como “essenciais”, mais ligadas a aspectos 
biológicos e com grande importância adaptativa. Essas emoções seriam, para 
alguns estudiosos, a alegria, o medo, a raiva, a tristeza, a surpresa e a repugnância. 
Enquanto isso, as emoções secundárias (também chamadas de sociais), seriam 
aquelas culturalmente e socialmente adquiridas, incluindo, por exemplo, o ciúme, o 
orgulho e a culpa (SANTOS, 2007). 
6 
 
 
 
Entretanto, diferentes estudos classificaram e apontaram números 
diferentes de emoções, não havendo um consenso geral sobre esse assunto. Pode-
se ressaltar, por exemplo, que no artigo "The repertoire of nonverbal behavior”, 
publicado em 1969, Paul Ekman e Wallace V. Friesen trouxeram a ideia da 
existência de sete emoções básicas, que seriam dotadas de expressões faciais 
distintas e universais a todos os seres humanos. Seriam elas: a tristeza, a raiva, o 
medo, a surpresa, a aversão, o desprezo e a alegria, cada qual sendo a 
representante primordial de uma das chamadas “famílias emocionais” (EKMAN, 
2011). 
Essas famílias emocionais são uma “perspectiva meio-termo”, que 
define grupos envolvendo uma série de outras emoções, dessa vez secundárias, 
com características e fisiologia muito semelhantes às das emoções primárias que 
nomeiam as famílias em questão. Caracteriza-se, por exemplo, a alegria como uma 
emoção base, mas também como uma família emocional, que inclui emoções como 
o divertimento, a satisfação e o contentamento. Já a raiva, nesse raciocínio, inclui 
emoções como a fúria, o aborrecimento, a irritação e a hostilidade. Uma das 
explicações para a existência dessas famílias surgiu dentro da perspectiva 
cognitivista, onde foram feitas análises que apontaram para uma forte relação de 
aprendizagem, de conhecimento e de socialização na distinção das emoções base, 
que seriam, no decorrer da vida dos indivíduos, diferenciadas, adquirindo nuances. 
Isso se exemplifica no medo, que pode ser uma coisa só para uma criança 
pequena, mas que, no decorrer de seu crescimento, é diferenciado em nuances 
como choque, horror e terror (EKMAN, 2011; REEVE, 2006). 
Essas emoções universais são, então, aquelas que nos critérios de 
Ekman e Davidson, assim como nos de outros pesquisadores voltados a 
perspectiva biológica, não dependem de um processo de aprendizagem para sua 
aquisição, sendo inatas aos indivíduos e as circunstâncias que em que se 
manifestam, tal como as maneiras características que cada uma é expressa na face 
e no corpo, que são muito similares em todas as pessoas. Assim, as respostas 
fisiológicas dessas emoções seguem um padrão previsível (REEVE, 2006). 
Então, tendo como base as emoções básicas como definidas por Ekman 
e Friesen, pode-se começar definindo a tristeza, que é, dentre as emoções, a que 
causa maior desagrado, surgindo principalmente em vivências relacionadas à 
7 
 
 
 
separação ou ao fracasso. É, de maneira geral, a emoção relacionada ao 
sentimento de perda em suas diversas formas, seja, por exemplo, na morte de um 
ente querido; no término de um relacionamento; em um acidente ou doença que 
afete a saúde; na perda de prestígio e admiração; etc. Observando as maneiras 
como a tristeza pode ser ativada, tal como a forma pelas quais ela se expressa, 
propõe-se a existência nítida de duas faces nesta emoção (EKMAN, 2011; REEVE, 
2006). 
A primeira sendo a tristeza propriamente dita, seria uma emoção 
passiva, silenciosa e submissa, um quadro de desesperança diante da 
incapacidade de recuperar o que foi perdido. Já a segunda, a angústia, seria uma 
emoção mais intensa e ativa, inquieta ao lidar com a fonte da perda, envolvendo 
queixas e protestos. Para diferenciar a angústia da tristeza, é preciso observar a 
linguagem corporal do indivíduo, tal como sua fala e outros sons que venham a 
produzir, além de ser necessária uma análise ativa, uma vez que tem as mesmas 
formas de expressão na face (EKMAN, 2011). Nessas expressões, há a leve 
compressão dos olhos, resultante da elevação das bochechas; a queda das 
extremidades labiais; a inclinação das pálpebras superiores, que acompanha o 
arqueamento das sobrancelhas; e o olhar abatido cabisbaixo (EKMAN, 2003 apud 
MIGUEL, 2015). 
Ademais, a tristeza é uma das emoções mais duradouras, transitando 
repetidas vezes entre períodos de angústia inquieta e tristeza conformada, até que 
a emoção se dissipe, podendo durar segundos ou alguns poucos minutos, quando 
se apresenta com intensidade baixa ou moderada, e sendo então substituída por 
alguma outra emoção ou por nenhuma específica. Porém, quando se trata de uma 
tristeza intensa, associada à perda de algo ou de alguém de grande valor, o 
indivíduo passa por um processo de luto, onde, mesmo quando se esvai a emoção 
mais forte, há a permanência de uma tristeza menos intensa que vem em ondas, 
permeando o ânimo da pessoa enlutada e reduzindo-se ao longo do tempo. 
Durante este complexo período de luto, pode-se despertar outras emoções que não 
a tristeza, tal como a raiva, direcionada para si mesmo, para o outro ou para o 
mundo; também o medo, geralmente relacionado a não se saber como será a vida 
sem aquilo que foi perdido; ou ainda, a alegria, que vem com a recordação de 
memórias boas e com a saudade (EKMAN, 2011). 
8 
 
 
 
Já a segunda emoção, a raiva, é considerada como uma emoção 
passional, advinda da frustração da pessoa que a sente em relação à situação em 
que se encontra devido a uma força externa, seja pela falha na realização ou 
conquista de algo desejado; da imposição de alguma restrição; ou ainda, da 
impressão de que seu bem-estar é ameaçado (REEVE, 2006). A raiva também 
pode surgir do sentimento da rejeição, do descontentamento, da decepção, da 
discordância de pontos de vista, do medo e da forma de reagir à raiva alheia, 
quando essa parece injustificada. Pode-se dizer que a raiva surge, então, quando 
há sensação de perda do controle em uma determinada situação devido a 
interferência de outrem, seguida do desejo ou da tentativa de retomada deste 
controle de forma agressiva, enérgica ou,até mesmo, violenta (EKMAN, 2011). 
No entanto, a raiva abrange uma vasta gama de experiências. Se 
expandindo em níveis de intensidade que vão do aborrecimento leve até a fúria, 
mas também se separando em diferentes tipos de raiva, podendo ser passiva como 
o mau-humor; farisaica como a indignação; ou fruto do esgotamento da paciência, 
causando exasperação. Pode ser um ressentimento passageiro ou, ainda, pode ser 
alimentada até se tornar um rancor duradouro, que gera a raiva toda vez que a 
pessoa alvo é vista ou trazida à memória. Esse rancor, ou ódio, pode se converter 
em uma busca por vingança, quando resguardado prolongadamente, uma vez que 
o ato vingativo é uma ação furiosa e exagerada que ocorre após certo tempo de 
meditação acerca da ofensa cometida, dessa forma, evoluindo de uma emoção 
propriamente dita, para uma espécie de ligação emocional (EKMAN, 2011). 
Dessa e de outras formas, a raiva pode se apresentar como uma emoção 
perigosa, visto que a ação motivada por ela tem, geralmente, o intuito de destruir 
um obstáculo (REEVE, 2006). Para Izard, a manifestação da raiva no nível cognitivo 
é comumente associada a perda do autocontrole e a dificuldade de manter a calma 
e, dessa forma, o comportamento estimulado pela raiva é muitas vezes 
caracterizado pela violência verbal, através de gritos, insultos e ameaças; e pela 
violência física, como nos casos de agressões, lutas e empurrões (SILVA, 2011). 
As sensações fisiológicas causadas pela raiva ocorrem por meio da 
aceleração do ritmo cardíaco e da respiração, tal como a elevação da pressão 
sanguínea. Dentre os traços faciais característicos da raiva, têm-se o decaimento 
das sobrancelhas, o enrugamento da testa, a dilatação das narinas e o apertar da 
9 
 
 
 
boca e dos olhos. Também ocorre a contração de várias partes do rosto, sendo 
elas: as têmporas, as raízes do nariz, o queixo e a infraorbital, que se contrai para 
dentro (MAGALHÃES, 2011). 
Por estar interligada às várias formas de agressão e hostilidade, a raiva 
é comumente considerada uma emoção negativa. Porém, na visão de Strongman, 
ela deve ser vista como funcional, pois a raiva é a emoção que provê ao indivíduo 
as energias necessárias para processos fisiológicos e psicológicos associados à 
autodefesa e ao domínio, além da regulação de comportamentos sociais e 
interpessoais (ARRUDA, 2014). A raiva é ativada quando o indivíduo se vê diante 
de um obstáculo que precisa superar a fim de conquistar seus objetivos, também 
servindo como meio de conquistar a posição de dominância em uma relação e 
podendo funcionar como regulador de comportamentos agressivos, sinalizando a 
necessidade de se alterar os padrões de funcionamento de uma relação (MELO, 
2005 apud ARRUDA, 2014). 
Muitas vezes, o que motiva o controle da raiva é o compromisso de 
manter relações com aqueles a quem a raiva está dirigida, sejam amigos, cônjuges, 
parentes ou meros conhecidos, há a compreensão de que a não regulação da raiva 
pode vir a danificar permanentemente esta ralação, a fim de evitar isso, é feito o 
esforço de controlar a raiva, independente de quão negativa a atitude do outro seja. 
Por fim, é raro que a raiva seja isolada de outros sentimentos em sua ocorrência, 
sendo muito comumente precedida pelo medo, a raiva também pode se misturar a 
aversão, gerando uma sensação de repulsa pela pessoa ou objeto que é alvo da 
raiva (EKMAN, 2011). 
O medo, por sua vez, que seria a terceira emoção, surge a partir do 
reconhecimento de uma ameaça ao bem-estar físico ou psicológico. Mais 
comumente, ocorre durante a antecipação de algo antes que este de fato ocorra. 
Assim, o medo está interligado à expectativa, seja de alguma forma de agressão 
ou do enfrentamento de algum problema. Trata-se, então, da percepção da possível 
incapacidade de agir contra uma ameaça do meio e de se encontrar em uma 
posição vulnerável ao perigo (REEVE, 2006). 
Ele é a emoção mais pesquisada por ser a de mais fácil ativação em 
quase qualquer animal. O gatilho que ativa o medo vem da ameaça de dano, seja 
ela física ou psicológica, em todos os seus temas e variações (EKMAN, 2011). A 
10 
 
 
 
principal função do medo seria, então, a de garantir a proteção da integridade do 
indivíduo, quando este se vê diante de situações que podem lhe ser danosas, que 
fazem com que o medo seja ativado para motivá-lo a se libertar ou fugir. Durante 
sua ativação, o medo causa certa limitação aos processos atencionais e 
comportamentais do indivíduo, fazendo com que este foque toda a sua atenção no 
estímulo ameaçador e na necessidade de tomar medidas de proteção (MELO, 2005 
apud ARRUDA, 2014). 
Nesse processo, o organismo libera uma grande quantidade de energia, 
a fim de possibilitar a tomada de ações necessárias para defesa da vida, entrando 
em um estado de fuga ou luta. Dessa forma, a ativação do medo gera diversas 
reações psicofisiológicas, como o aumento do ritmo cardíaco, do ritmo respiratório 
e da pressão torácica, além de também ter potencial de acarretar em dificuldades 
na deglutição e em causar tremores nas mãos e pernas (ARÁNDIGA; 
TORTOSA,2000 apud SILVA, 2011). 
Uma pesquisa descobriu três formas distintas de ativação do medo, que 
se diferenciam pelo estado iminente ou imediato da ameaça. Na primeira, 
comportamentos distintos surgem de ameaças distintas, a presença de uma 
ameaça imediata causa ações reativas de paralisia ou fuga; enquanto o receio 
quanto ao surgimento de uma ameaça leva a um estado de vigília e aumento da 
tensão muscular. Na segunda, tem-se que uma ameaça imediata causa reações 
analgésicas que reduzem sensações dolorosas; já a expectativa de uma ameaça 
iminente acarreta a intensificação da dor. Por fim, há evidências de que ameaças 
imediatas e ameaças iminentes ativam áreas cerebrais diferentes (EKMAN, 2011). 
Vale-se a ressalva de que quase todos os aspectos do comportamento 
humano são dotados de particularidades individuais, as emoções não se eximem 
disto. Por exemplo, algumas pessoas podem aprender a não temer quase nada, 
enquanto outras têm seu medo ativado por coisas que não representam qualquer 
perigo real, como é o caso do medo infantil do escuro (EKMAN, 2011). 
A quarta emoção, a surpresa, é considerada uma emoção momentânea 
e extremamente breve, causada pela não compreensão de algo inesperado. Uma 
vez que se toma consciência da causa dessa surpresa, a emoção morre, no mais 
tardar, em alguns poucos segundos. Trata-se de uma espécie de emoção 
transitória que se mistura e resulta em outras emoções, como o medo, a raiva e a 
11 
 
 
 
alegria, dependendo da natureza daquilo que a causou em primeiro lugar (EKMAN, 
2011). 
Alguns estudiosos afirmam que a surpresa não se trata de uma emoção 
pois, ao contrário de qualquer outra emoção, as sensações geradas pela surpresa 
não seriam nem positivas e nem negativas. No entanto, durante sua ocorrência, 
antes da compreensão do fato e da transição para outra emoção, a surpresa pode 
ser agradável ou desagradável. Essa diferenciação é dependente das 
características do indivíduo, já que há pessoas que não gostam de surpresas, 
independente se a natureza da ocorrência é positiva ou não; porém, também há 
aqueles que adoram ter vivências inesperadas e não planejadas, buscando por 
experiências que possam surpreendê-las (EKMAN, 2011). 
Outro aspecto que bota em dúvida o status da surpresa como emoção é 
o timing fixo que ela possui, tendo uma duração invariavelmente breve que não 
passa de alguns segundos. Essa limitação não é vista em outras emoções, que 
podem ser breves, mas também podem se prolongar em eventos mais duradouros. 
No entanto, essa duração limitada pode ser vista como uma característica 
específica da surpresa, visto que todas as outras emoções básicas também 
possuem alguma singularidade em seu funcionamento. Um questionamento final 
pode ser levantado quando observada a dificuldadede diferenciá-la do medo, 
quando ambas as emoções são observadas em fotos, que fica evidenciado em 
estudos feitos com nativos da Nova Guiné e com universitários norte-americanos, 
ou ainda, pode-se ficar ambíguo, se a expressão apresentada é de fato uma 
manifestação de surpresa ou somente um sinal de atenção ou interesse (EKMAN, 
2011). 
O medo tipicamente se manifesta na face por meio da elevação da 
pálpebra, o erguer e o apertar das sobrancelhas e pelo estiramento horizontal da 
boca, que causa uma inclinação do queixo (MAGALHÃES, 2011). Ao observar as 
alterações faciais causadas pelo medo no adulto, percebe-se grande semelhança 
com a expressão típica dos bebês, que poderia indicar que essa expressão possui 
uma função social adaptativa, provavelmente associada à necessidade de ser 
zelado e tratado com gentileza (TAMIETTO et al., 2007 apud MIGUEL, 2015). A 
expressão gerada pela surpresa partilha de muitos dos mesmos traços da 
expressão de medo, se diferenciando apenas pela elevação das pálpebras 
12 
 
 
 
inferiores, a abertura da boca em elipse e a elevação das sobrancelhas, que 
formam sulcos na testa (MAGALHÃES, 2011; EKMAN, 2011). 
A aversão, que seria a quinta emoção, também pode ser chamada de 
repugnância ou nojo. Ela é uma emoção caracterizada pela necessidade de se 
afastar ou se desfazer de algo que se julga contaminado, deteriorado ou estragado, 
seja isso de uma forma literal ou figurativa. Sua função é a de rejeitar de modo ativo 
algum aspecto físico ou psicológico do ambiente que causa desagrado (REEVE, 
2006). 
Até cerca de quatro ou oito anos, a repugnância se apresenta de forma 
mais básica, apenas como uma rejeição a coisas com gosto ruim (EKMAN, 2011). 
Já na segunda infância, as vivências passíveis de gerar repugnância não se limitam 
mais a somente o que gera desagrado físico, passando a englobar também 
repulsas psicologicamente adquiridas e, de maneira geral, qualquer objeto 
percebido como desagradável (ROZIN; FALLON,1987 apud REEVE, 2006). 
Por fim, na idade adulta, a repugnância surge quando o indivíduo se 
depara com algo que julgue estar contaminado de alguma forma, podendo ser, 
inclusive, contaminações corporais, interpessoais ou morais. Aquilo que o adulto 
considera contaminado depende muito de perspectivas aprendidas culturalmente, 
mas, ainda assim, certos aspectos como a aversão a coisas que tem origem animal 
e que se espalham contaminando outros objetos são comuns à maioria das 
culturas. Pode-se pegar como exemplo que, caso uma barata entre em contato com 
um alimento, desencadeia-se uma repugnância geral e, num âmbito emocional, 
contamina-se a totalidade do prato, mesmo que ela tenha o tocado apenas 
parcialmente (REEVE, 2006). 
A aversão surge, geralmente, como estratégia de enfrentamento, ativa 
ou passiva, quando o indivíduo se vê diante de algo ou alguém que lhe causa 
desagrado, podendo ocorrer até mesmo pelo mero ato de pensar neste algo. Ela 
estimula uma atitude negativa de rejeição, suscetível de causar a ausência de 
sentimentos positivos e a indiferença afetiva, mas também podendo gerar emoções 
de hostilidade. As reações comportamentais e táticas de enfrentamento àquilo que 
é aversivo dependem muito da personalidade da pessoa, se definindo a partir de 
características pessoais de assertividade, passividade e agressividade 
(ARÁNDIGA; TORTOSA, 2004 apud SILVA, 2011). 
13 
 
 
 
Fenomenologicamente, a repugnância é uma emoção aversiva, porém 
que desempenha um papel motivacional positivo, uma vez que, a fim de evitar o 
contato com objetos repugnantes, o indivíduo busca aprender os comportamentos 
de coping necessários para evitar situações que produzem repugnância. Isso 
ocorre pela mudança de hábitos e atributos pessoais, como, por exemplo, na 
limpeza e higienização pessoal e do seu ambiente; na não acumulação de lixo; na 
reavaliação constante de seus pensamentos e valores; assim como hábitos 
benéficos à saúde, a fim de evitar um corpo fora de forma e “repugnante” (REEVE, 
2006). 
Na face da aversão, a testa franze, as sobrancelhas caem, a narinas se 
elevam e os olhos ficam semicerrados, ao passo que as pálpebras superiores se 
contraem, enquanto as inferiores se elevam sutilmente. Também ocorre a 
contração e elevação das bochechas e do queixo, de forma que a boca se retrai 
perpendicularmente. Os traços faciais da aversão compartilham de muitas 
semelhanças com os da raiva, o que pode acarretar a confusão entre elas durante 
a leitura das expressões no rosto (MAGALHÃES, 2011). 
A sexta emoção, o desprezo, apesar de ter uma relação íntima com a 
aversão, se diferencia dela por ser muito inferior na amplitude de sua intensidade, 
surgindo apenas quando relacionado a pessoas ou ideias. A aversão a alguma 
coisa não necessariamente é sinônimo do desprezo a esta coisa, da mesma forma 
que algo que gera desprezo não carrega por obrigação a necessidade de 
afastamento inata da aversão, porém, o desprezo pode surgir quando se está 
diante daquilo que lhe é aversivo. O desprezo surge de uma posição de arrogância, 
desdém e condescendência, aquele que despreza se vê como superior ao 
desprezado, seja por razões físicas, intelectuais ou morais. Ao contrário da 
aversão, que gera reações negativas naquele que a sente, o desprezo pode ser 
uma emoção muito agradável durante sua ocorrência, embora possa ser seguido 
de uma sensação de culpa e constrangimento (EKMAN, 2011). 
Embora apresente variações quanto a intensidade e força, como 
qualquer outra emoção básica, as sensações associadas ao desprezo são de difícil 
identificação. A face de uma pessoa que sente desprezo se caracteriza pelo 
empinar do queixo, a elevação de uma das extremidades da boca e por uma 
contração sutil nas pálpebras (MAGALHÃES, 2011). 
14 
 
 
 
A sétima e última emoção, por fim, que seria a felicidade ou alegria, 
surge da conquista de algum resultado desejado, ou seja, ocorre a partir do sucesso 
pessoal ou interpessoal, funcionando como o oposto da tristeza em suas causas, 
tal como nas formas de afetar o indivíduo. A pessoa alegre é mais ativa e sociável, 
com uma propensão maior a pensamentos positivos e dotando a face de 
expressões amigáveis. Dessa forma a alegria cumpre duas funções: uma é o papel 
de facilitadora das interações sociais e fortalecimento dos relacionamentos, 
enquanto a outra é a de tornar a vida agradável, auxiliando o indivíduo a lidar com 
experiências e emoções desagradáveis de forma que mantenha seu bem-estar 
psicológico (REEVE, 2006). 
Assim, a alegria tende a tornar o indivíduo mais receptivo às 
experiências e as pessoas do seu meio, o que, por sua vez, tende a torná-las mais 
receptivas a ele em retorno. A alegria recompensa os esforços e as conquistas do 
indivíduo, facilita a resolução de problemas, intensifica a criatividade e ameniza os 
efeitos do estresse (MELO, 2005 apud ARRUDA, 2014). Ela também é uma 
emoção fundamental a todos os indivíduos, já que o bom humor e os demais 
estados positivos que essa emoção gera podem funcionar como protetores do 
sistema imunológico. Além disso, a alegria tem relação íntima com a autoestima, 
uma vez que está se define pela avaliação do valor, e importância que cada pessoa 
faz de si, vale ressaltar que essa relação é vista de forma mais significativa em 
países mais individualistas (FERRAZ; TAVARES; ZILBERMAN, 2007 apud 
ARRUDA, 2014). 
A alegria genuína tem como elementos mais característico a contração 
involuntária do músculo orbicular do olho em conjunto e o sorriso formado pela 
contração do músculo zigomático maior que causa um franzimento horizontal geral 
do rosto (EKMAN, 2011). Dentre outras características da expressão de alegria, 
observa-se a elevação sutil da pele da testa e a formação de sulcos nela, a 
contração das pálpebras inferiores e elevação sutil superiores, a dilatação dos 
olhos e a elevação acentuada das sobrancelhas (MAGALHÃES,2011). 
Por fim, um último ponto a ser ressaltado a respeito das emoções é a 
existência e influência que sofrem pelas regras de exibição, ou regras de 
manutenção, que definem que as culturas incidem na expressão universal das 
emoções, ditando como elas devem ser demonstradas dentro de cada meio 
15 
 
 
 
sociocultural distinto (EKMAN, 2011). Isso se baseia no fato de que uma cultura 
dita o que correto ou errôneo dentro dela, como a questão de expressar ou não 
raiva e fúria na forma de agressão, que em algumas culturas é algo positivo, mas 
em outras é algo digno de repressão; e como na questão de demonstrar ou não os 
sentimentos, que dependendo da cultura pode ser algo “mal visto”, enquanto em 
outras é algo incentivado (FRANCO; SANTOS, 2015). 
Tendo em vista toda a teoria supracitada, pode-se afirmar que as 
emoções cumprem um papel fundamental nas vidas humanas, sendo relacionadas 
desde o modo particular como se manifestam em cada indivíduo, até como isso 
influi e é percebido socialmente. Isso demonstra o porquê de ser um tema tão 
amplamente estudado e discutido, contendo tantas visões distintas que se enfocam 
em pontos diferentes do mesmo fenômeno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
2. OBJETIVOS 
- Investigar os fatores de interferência na identificação de emoções 
universais expressas em fotografias, por meio da aplicação da Escala de 
Identificação da Expressão Emocional. 
 
 
3. MÉTODO 
3.1. Situação 
Os participantes foram contatados e convidados a participar da atividade 
por meio de mensagens no aplicativo WhatsApp, já que a pandemia do Sars-Cov-
19 limitou a coleta presencial dos dados, que fez com que a aplicação da Escala 
de Identificação da Expressão Emocional tivesse de ser feita de forma remota. Os 
participantes então receberam mensagens pelo aplicativo, que continham o link 
para que acessassem um formulário do Google com todas as questões da Escala 
e todas as informações necessárias para respondê-las. Além disso, junto ao link foi 
enviado um breve texto que também trazia orientações para a realização do teste 
e enfatizava que os dados obtidos neste possuíam finalidades estudantis. 
 
3.2. Participantes 
- Participante 1 (P1): J. A. P.; 13 anos; sexo masculino; Ensino 
Fundamental; 
- Participante 2 (P2): E. K. N.; 14 anos; sexo feminino; Ensino 
Fundamental; 
- Participante 3 (P3): I. M. S. O.; 14 anos; sexo feminino; Ensino Médio; 
- Participante 4 (P4): L. C. R.; 15 anos; sexo feminino; Ensino Médio; 
- Participante 5 (P5): M. E. B. O.; 16 anos; sexo feminino; Ensino Médio; 
- Participante 6 (P6): E. J. N.; 20 anos; sexo masculino; Ensino Superior 
Incompleto; 
- Participante 7 (P7): A. A. O.; 21 anos; sexo masculino; Ensino Superior 
Incompleto; 
- Participante 8 (P8): L. C. R.; 21 anos; sexo masculino; Ensino Superior 
Incompleto; 
17 
 
 
 
- Participante 9 (P9): J. O. B. C.; 22 anos; sexo masculino; Ensino 
Superior Incompleto; 
- Participante 10 (P10): A. C. N.; 24 anos; sexo masculino; Ensino 
Superior Incompleto. 
 
3.3. Material 
Foi utilizada a Escala de Identificação da Expressão Emocional (Anexo 
A), que solicita, inicialmente, que os participantes preencham no formulário seus 
dados pessoais, as iniciais do nome, o sexo, a idade e o nível de formação 
acadêmica. A seguir, a escala apresenta seis imagens com diferentes expressões 
emocionais, onde cada uma delas vem acompanhada de cinco alternativas, sendo 
que apenas uma indica a emoção correta apresentada. Por fim, o participante deve 
selecionar qual (ou quais) imagem(s) lhe foi de mais difícil identificação, justificando 
sua escolha por meio de uma questão dissertativa. 
 
3.4. Procedimento 
A escala de identificação emocional foi transcrita em um formulário do 
Google, incluindo todas as informações necessárias para a resolução deste. O link 
do formulário foi então enviado aos participantes, seguido de um breve parágrafo 
explicando a natureza da pesquisa, apresentando instruções básicas quanto a 
resolução das questões e pedindo que cada participantes assinalasse a alternativa 
condizente à sua primeira impressão de cada imagem, a fim de adquirir o resultado 
mais genuíno possível. Por fim, foi esclarecido que poderiam buscar sanar 
quaisquer dúvidas que surgissem. A devolutiva foi automática pelo Google forms, 
propiciando as respostas já organizadas para o posterior tratamento de dados em 
uma planilha do Excel, e para as análises subsequentes. 
 
 
4. RESULTADOS 
4.1. Critérios de correção da Escala de Identificação da Expressão Emocional 
A correção foi feita seguindo os critérios fornecidos pela própria Escala 
de Identificação da Expressão Emocional. Foram avaliadas as seguintes emoções: 
raiva; medo; repugnância/nojo; surpresa; alegria e tristeza, apresentadas em seis 
18 
 
 
 
fotos de seis indivíduos distintos, cada qual demonstrando uma das emoções 
solicitadas. 
Em questões de múltipla escolha, cada foto foi seguida de cinco 
alternativas, uma correta e quatro erradas, onde assinalar a alternativa correta 
agregaria um ponto ao participante, não havendo atribuição de pontos no caso da 
seleção de uma das alternativas incorretas. Dessa forma, a pontuação máxima que 
cada participante poderia obter ao final seria de seis pontos totais. 
Na foto 1 tem-se a foto de uma mulher esboçando raiva, seguida das 
alternativas: Alegria; raiva; irritação; medo e descontentamento. Na foto 2, o rosto 
de um homem representa o medo, com as alternativas: repugnância/nojo; raiva; 
tristeza; medo e surpresa. Já na foto 3, uma mulher expressa repugnância/nojo, 
sendo irritação; raiva; medo; repugnância/nojo e tristeza as alternativas 
apresentadas. 
A foto 4, por sua vez, é a de uma mulher expressando surpresa, 
apresentando as alternativas: interesse; surpresa; medo; irritação. A foto 5 
apresenta um homem esboçando uma expressão de alegria, seguida das 
alternativas: alegria; interesse; medo; raiva e contentamento. Por fim, a foto 6 
apresenta uma mulher esboçando tristeza, com as alternativas: tristeza; raiva; 
vergonha; medo e saudade. 
Após a resolução das questões de múltipla escolha, é então solicitado 
que o participante selecione em qual das fotos teve maior dificuldade de identificar 
a emoção correta, explicando em uma questão dissertativa o motivo que acreditava 
ter sido a causa. Não houve atribuição de pontos nesta última parte da escala, uma 
vez que tem como única finalidade auxiliar a análise dos resultados por parte dos 
experimentadores. 
 
4.2. Tabelas e Gráficos 
Tabela 1. Comparação da pontuação obtida pelos participantes de 11 a 16 anos na Escala 
de Identificação da Expressão Emocional. 
Participantes Foto 1 Foto 2 Foto 3 Foto 4 Foto 5 Foto 6 Total 
P1 
P2 
P3 
P4 
P5 
0 
0 
0 
0 
0 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
0 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
0 
5 
5 
5 
5 
3 
Total 0 5 5 4 5 4 23 
Média 0 1 1 0,8 1 0,8 4,6 
19 
 
 
 
A Tabela 1 apresenta a comparação do total de pontos obtidos pelos 
participantes do grupo de 11 a 16 anos (P1 a P5) na Escala de Identificação da 
Expressão Emocional, tal como da pontuação total e média de acertos em cada 
foto individual. O desempenho dos participantes P1, P2, P3 e P4 foi idêntico, sendo 
obtido 5 pontos cada um, e tendo todos falhado em identificar apenas a Foto 1. A 
menor pontuação foi a do participante P5, que falhou na identificação das fotos 1, 
4 e 6. 
Com relação às médias obtidas em cada foto, percebe-se que a Foto 1 
não possui nenhum acerto, enquanto as fotos 2, 3 e 5 foram acertadas por todos 
os participantes, totalizando média 1. Já as fotos 4 e 6 possuem um erro em cada, 
totalizando uma média de 0,8. 
 
Tabela 2. Comparação da pontuação obtida pelos participantes de 20 a 25 anos na Escala 
de Identificação da Expressão Emocional. 
Participantes Foto 1 Foto 2 Foto 3 Foto 4 Foto 5 Foto 6 Total 
P6 
P7 
P8P9 
P10 
1 
0 
1 
0 
0 
1 
1 
1 
1 
0 
1 
1 
1 
1 
0 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
6 
5 
6 
5 
3 
Total 2 4 4 5 5 5 25 
Média 0,4 0,8 0,8 1 1 1 5 
 
A Tabela 2 apresenta a comparação do total de pontos obtidos pelos 
participantes do grupo de 20 a 25 anos (P6 a P10) na Escala de Identificação da 
Expressão Emocional, tal como da pontuação total e média de acertos em cada 
foto individual. Fica evidente que Foto 1 teve o menor número de acertos, 
apresentando uma média de apenas 0,4 pontos, com três participantes que 
falharam em sua identificação (P7, P9 e P10). 
As maiores pontuações foram obtidas pelos participantes P6 e P8, que 
gabaritaram a escala, com um total de 6 pontos cada, enquanto a menor pontuação 
foi a do P10, com um total de 3 pontos, tendo errado as fotos 1, 2 e 3. 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
 
Quadro 1. Respostas das questões objetivas obtidas na aplicação da Escala de 
Identificação da Expressão Emocional nos participantes de 11 a 16 anos. 
Participantes Foto 1 Foto 2 Foto 3 Foto 4 Foto 5 Foto 6 
P1 Irritação Medo 
Repugnânci
a/nojo 
Surpresa Alegria Tristeza 
P2 Irritação Medo 
Repugnânci
a/nojo 
Surpresa Alegria Tristeza 
P3 
Desconte
ntamento 
Medo 
Repugnânci
a/nojo 
Surpresa Alegria Tristeza 
P4 Irritação Medo 
Repugnânci
a/nojo 
Surpresa Alegria Tristeza 
P5 
Desconte
ntamento 
Medo 
Repugnânci
a/nojo 
Interesse Alegria Saudade 
 
O Quadro 1 evidencia as respostas dadas pelos participantes dos 11 aos 
16 anos (P1 a P5) nas questões objetivas da Escala de Identificação da Expressão 
Emocional, onde verifica-se que “Medo”, “Repugnância/nojo” e “Alegria” foram as 
respostas de maior recorrência, aparecendo cinco vezes cada. Em contrapartida, 
“Saudade” e “Interesse” foram as de menor recorrência, aparecendo apenas uma 
vez cada. 
 
Quadro 2. Respostas das questões objetivas obtidas na aplicação da Escala de 
Identificação da Expressão Emocional nos participantes de 20 a 25 anos. 
Participantes Foto 1 Foto 2 Foto 3 Foto 4 Foto 5 Foto 6 
P6 Raiva Medo 
Repugnância
/nojo 
Surpresa Alegria Tristeza 
P7 Irritação Medo 
Repugnância
/nojo 
Surpresa Alegria Tristeza 
P8 Raiva Medo 
Repugnância
/nojo 
Surpresa Alegria Tristeza 
P9 Irritação Medo 
Repugnância
/nojo 
Surpresa Alegria Tristeza 
P10 
Desconte
ntamento 
Surpresa Raiva Surpresa Alegria Tristeza 
 
O Quadro 2 evidencia as respostas dadas pelos participantes dos 20 aos 
25 anos (P6 a P10) nas questões objetivas da Escala de Identificação da Expressão 
Emocional, onde verifica-se que “Surpresa”, “Alegria” e “Tristeza” foram as 
respostas de maior recorrência, aparecendo cinco vezes cada. Em contrapartida, 
“Descontentamento” foi a de menor recorrência, aparecendo apenas uma vez, 
proferida pelo P10. 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
Quadro 3. Respostas da questão dissertativa obtida na aplicação da Escala de 
Identificação da Expressão Emocional nos participantes de 11 a 16 anos. 
Participantes Foto mais difícil Justificativa* 
P1 Foto 1 “Expressão facial estranha e confusa.” 
P2 Foto 1 “A expressão facial da pessoa da fato me deixou 
intrigada sobre qual era seu sentimento” 
P3 Foto 1 “Pois acredito que a foto possa passar a impressão 
de um conjunto de emoções diferentes e por isso 
foi mais difícil identificar apenas uma emoção” 
P4 Foto 1 e Foto 2 “Porque a pessoa parecia estar com raiva, mas ao 
mesmo tempo irritada. E se for analisar bem, 
também parece descontente. E a cada vez que eu 
olho, tenho mais duvida.“ 
P5 Foto 1 “Pois a pessoa aparenta estar sentindo muitas 
emoções ao mesmo tempo.” 
Legenda: 
*Foram transcritas exatamente da forma que os participantes relataram. 
 
O Quadro 3 traz as respostas dadas pelos participantes dos 11 aos 16 
anos (P1 a P5) na questão dissertativa da Escala de Identificação da Expressão 
Emocional, onde verifica-se que todos os participantes consideraram a Foto 1 como 
sendo a de mais difícil identificação, com afirmações que justificam isso afirmando 
que expressão na foto aparentar certa ambiguidade de emoções e é confusa na 
identificação. O único participante que afirmou ter apresentado dificuldade em mais 
de uma foto foi o P4 que, além da Foto 1, também considerou a Foto 2 como difícil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
 
Quadro 4. Respostas da questão dissertativa obtida na aplicação da Escala de 
Identificação da Expressão Emocional nos participantes de 20 a 25 anos. 
Participantes Foto mais difícil Justificativa* 
P6 Foto 1 " Sombrancelha grossa, não consigo identificar se 
essa pessoa está realmente brava, a boca está um 
pouco estranha também, além de que a pessoa 
parece o Bolsonaro de peruca” 
P7 Foto 2 “Não soube diferença de uma surpresa de medo” 
P8 Foto 1 “A face da mulher é esquisita, não dá pra saber se 
o rosto é simplesmente sempre assim” 
P9 Foto 1 “Porque me causou muito incomodo, o impacto em 
mim acabou obscurecendo a interpretação da 
imagem” 
P10 Foto 1 “Na foto 1 tive dificuldade de definir qual a exata 
emoção que o rosto me passava, variando entre 
raiva, descontentamento e irritação e decepção, 
talvez por isso tenha sido a mais difícil, acredito 
que um pouco se deve pela expressão um pouco 
mais sútil que nas demais imagens.” 
Legenda: 
*Foram transcritas exatamente da forma que os participantes relataram 
 
O Quadro 4 traz as respostas dadas pelos participantes dos 20 aos 25 
anos (P6 a P10) na questão dissertativa da Escala de Identificação da Expressão 
Emocional, onde verifica-se que quase todos os participantes consideraram a Foto 
1 como sendo a de mais difícil identificação, sendo que apenas o P7 considerou 
outra (a Foto 2) como mais difícil. Os participantes apresentaram argumentos para 
a Foto 1 que demonstram que a consideraram ambígua, assim como os 
participantes da outra faixa-etária, além de apresentarem desagrado com a foto. Já 
a justificativa dada pelo P7 também suscitou uma ambiguidade na interpretação da 
Foto 2 que, para ele, não se diferenciava entre “surpresa e medo”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
Gráfico 1. Comparação média das pontuações obtidas pelos participantes de 11 a 16 anos 
e de 20 a 25 anos na Escala de Identificação da Expressão 
Emocional. 
 
O Gráfico 1 apresenta a comparação entre as pontuações médias 
obtidas em cada foto pelos grupos de 11 a 16 anos (P1 a P5) e de 20 a 25 anos 
(P6 a P10) na Escala de Identificação de Expressão Emocional. As médias de 
pontuação se mantêm iguais na Foto 5, que foi identificada corretamente por todos 
os participantes, sendo, então, a maior média total. A menor pontuação está 
relacionada à Foto 1, onde não houve acertos entre os participantes do grupo de 
11 a 16 anos e apenas dois acertos entre os participantes de 20 a 25 anos. Os 
participantes de 11 a 16 anos obtiveram, então, pontuações inferiores nas fotos 1, 
4 e 6, se comparados ao outro grupo, enquanto os participantes de 20 a 25 anos 
obtiveram pontuações inferiores nas fotos 2 e 3, se comparados ao outro grupo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
0
1
2
3
4
5
6
Foto 1 Foto 2 Foto 3 Foto 4 Foto 5 Foto 6
11 a 16 anos 20 a 25 anos
24 
 
 
 
5. DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Inicialmente, é importante enfatizar que, devido a pandemia do Sars-
CoV-2, os resultados podem ter sido impactados, já que as configurações distintas 
e os tamanhos dos aparelhos utilizados pelos participantes para a visualização do 
teste não foram passíveis de controle por parte dos alunos, não sendo estabelecido 
um padrão e podendo ter distorcido, de alguma forma, as imagens do teste, 
confundindo os participantes. 
As emoções, como foi evidenciado no decorrer do presente trabalho, são 
extremamente importantes e possuem um forte impacto na vida humana, uma vez 
que a capacidade de reconhecer diferentes expressões emocionais na face dos 
outros é essencial para a eficiência das interações sociais. Parte das emoções são 
inatas, tendo sido herdadas evolutivamente para auxiliarna sobrevivência e no 
convívio em sociedade. Entretanto, há emoções secundárias que vão se 
desenvolvendo e sendo aprendidas socialmente, fazendo com que surjam cada vez 
mais nuances no reconhecimento emocional no decorrer da vida dos indivíduos. O 
fator da hereditariedade pode ser visto pelos resultados médios obtidos nos dois 
grupos de participantes onde ambos, tanto o da primeira quanto da segunda faixa 
etária, identificaram mais da metade das emoções presentes nas fotos (REEVE, 
2006; SANTOS, 2007). 
Já o fator das emoções secundárias irem gradativamente adquirindo 
mais nuances pode ficar explícito pelo primeiro grupo, o de faixa etária menor, ter 
apresentado uma média um pouco menor de acertos do que o grupo de faixa etária 
maior, com uma pequena diferença de 0,4 pontos. As diferenças de idade dos 
grupos não são muito expressivas, sendo a menor idade de 13 anos e, a maior, de 
24 anos, mas que pode ter sido a causa da diferença sutil nos resultados que os 
grupos obtiveram (REEVE, 2006). 
Vale-se a ressalva de que as regras de exibição podem ter sido, de 
alguma forma, influentes na dificuldade de detecção de algumas emoções por parte 
dos participantes, já que as fotografias não são de indivíduos brasileiros, podendo 
haver alguma divergência sutil na forma de demonstrar e identificar algumas 
emoções, já que a cultura valoriza ou reprime determinadas emoções e suas 
formas de expressá-las (EKMAN, 2011; FRANCO; SANTOS, 2015). 
25 
 
 
 
Outro fator que foi notado como interferindo foi o da pouca distinção, em 
alguns casos, das emoções base com suas famílias emocionais. Ficou evidente 
quando observados os resultados da Foto 1, por exemplo, que os participantes 
pontuaram “irritação”, que faz parte da família emocional da raiva, com muito mais 
frequência do que a “raiva” em si, com a primeira tendo sido selecionada cinco 
vezes e a segunda apenas duas vezes em toda a amostra. Ademais, ainda na Foto 
1, o “descontentamento”, outro membro da família da raiva, foi selecionado um total 
de três vezes, percebendo-se, assim, que a “raiva” foi a opção menos selecionada 
na questão que correspondia a ela. Isso pode se dar pelas semelhanças faciais que 
essas emoções apresentam, que fez com que os participantes notassem e 
relatassem uma certa ambiguidade e mistura de emoções na foto em questão, 
afirmando que o rosto aparentava possuir mais de uma emoção simultaneamente, 
o que a tornou a de mais difícil identificação. Os comentários dos participantes P4 
e P10 evidenciam bem isso, já que ambos afirmam ter tido dificuldade de identificar 
a emoção correta, uma vez que, ao olharem para a foto, qualquer uma das 
alternativas “raiva”, "irritação'' e “descontentamento”, parecia ter a mesma 
probabilidade de ser a emoção expressada. Por conta de tudo isso, a Foto 1 foi 
vista de forma quase unânime como sendo a de mais difícil identificação, tendo sido 
selecionada por nove dos dez participantes na questão dissertativa do teste 
(EKMAN, 2011; REEVE, 2006; MAGALHÃES, 2011). 
A única outra foto apontada como sendo a mais difícil na questão 
dissertativa foi a Foto 2, que representa o medo, tendo sido assinalada por dois 
participantes, P4 e P7. Este segundo afirmou que não soube a diferença entre 
surpresa e medo, aspecto de semelhança que é debatido em meio acadêmico 
acerca da validade da surpresa como emoção, uma vez que é difícil diferenciá-la 
do medo quando são registradas em fotos. Em ambas as emoções ocorre a 
elevação das pálpebras e sobrancelhas, tal como a abertura da boca, embora com 
sutis diferenças, como no medo ocorrer um estiramento horizontal, enquanto na 
surpresa, a abertura é mais semelhante a uma elipse. Apesar disso, apenas um 
participante, o P10, selecionou incorretamente a emoção representada na Foto 2, 
selecionando a surpresa no lugar do medo (MAGALHÃES, 2011; EKMAN, 2011). 
Ainda no quesito da surpresa, a Foto 4, representante dessa emoção, foi 
confundida pela participante P5 como sendo uma expressão de interesse, que é 
26 
 
 
 
uma emoção da família emocional da surpresa, o que pode ter possibilitado esta 
confusão. A mesma análise pode ser feita na Foto 6, também assinalada 
incorretamente pelo participante P5, que identificou a emoção representada como 
sendo a “saudade”, uma emoção secundária integrante da família da tristeza, 
emoção básica que seria a opção correta (EKMAN, 2011). 
Ademais, uma última confusão feita na identificação das e emoções foi 
realizada na Foto 3 pelo participante P10 que, ao observar a expressão de 
“repugnância/ nojo” apresentada, confundiu-a com uma expressão de "raiva”. Este 
erro não é injustificável, visto como as ativações destas emoções muitas vezes 
ocorrem em sequência uma da outra ou, até mesmo, em conjunto, além de serem 
emoções que partilham de muitos dos mesmos traços (MAGALHÃES, 2011; 
EKMAN, 2011). 
Por fim, é importante ressaltar que a única imagem que obteve acertos 
por parte de todos os participantes foi a da Foto 5, onde era representada a alegria. 
Isso pode ter ocorrido por não haver, nas alternativas, outras emoções com o 
sorriso como característica tão marcante quanto é na alegria em questão (EKMAN, 
2011). 
Dessa forma, ao observar os resultados obtidos e compará-los ao 
referencial teórico levantado, foi possível identificar diversos dos conceitos 
principais acerca do tema Emoção, pontuando seus fatores de influência que 
rodeiam a vida humana em âmbitos diversos. Seguindo a teoria foi possível 
compreender os erros e confusões dos participantes na identificação das emoções, 
ilustrando diversos dos conceitos e nuances a respeito desse tema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
6. REFERÊNCIAS 
ANTONIAZZI, A. S.; DELL'AGLIO, D. D.; BANDEIRA, D. R. O conceito de coping: 
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- Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade dos Açores. Ponta 
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X1998000200006&lng=en&nrm=iso
https://repositorio.uac.pt/bitstream/10400.3/3365/2/DisserMestradoMarleneJesusFerreiraCarvalhoArruda2015.pdf
https://repositorio.uac.pt/bitstream/10400.3/3365/2/DisserMestradoMarleneJesusFerreiraCarvalhoArruda2015.pdf
http://dx.doi.org/10.1590/0102-37722015032099339348
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572006000200007&lng=pt&nrm=iso
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572006000200007&lng=pt&nrm=iso
https://doi.org/10.1590/1413-82712015200114
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082006000100008&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082006000100008&lng=en&nrm=iso
28 
 
 
 
n.2, p.173-187, 2007. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1983-
21172007090202>. Acesso em: 20 maio de 2021. 
SILVA, C. A. Estudo de competências emocionais e sua correlação com o 
auto-conceito. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Faculdade de Ciências 
Humanas e Sociais, Universidade Fernando Pessoa. Porto, p.115, 2011. 
Disponível em: <https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/2410/3/DM_6118.pdf>. 
Acesso em: 29 maio de 2021. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://doi.org/10.1590/1983-21172007090202
https://doi.org/10.1590/1983-21172007090202
https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/2410/3/DM_6118.pdf
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO A – ESCALA DE IDENTIFICAÇÃO DA EXPRESSÃO EMOCIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
ATIVIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DA EXPRESSÃO EMOCIONAL 
 
Iniciais: _________________________________ Idade: __________________ 
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 
Nível de Instrução: 
( ) Ensino Fundamental 
( ) Ensino Médio 
( ) Ensino Superior Incompleto 
( ) Ensino Superior Completo 
Considerando as emoções expressas nas figuras acima, assinale nos itens abaixo, qual emoção você 
acredita que a foto representa, seguindo as numerações anotadas acima das figuras: 
Foto 1 
 
(Fotos: Paul Ekman Images) 
 
a) ( ) Alegria 
b) ( ) Raiva 
c) ( ) Irritação 
d) ( ) Medo 
e) ( ) Descontentamento 
31 
 
 
 
Foto 2 
 
(Fotos: Paul Ekman Images) 
 
 
Foto 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fotos: Paul Ekman Images) 
 
 
 
 
 
a) ( ) Repugnância/Nojo 
b) ( ) Raiva 
c) ( ) Tristeza 
d) ( ) Medo 
e) ( ) Surpresa 
 
a) ( ) Irritação 
b) ( ) Raiva 
c) ( ) Medo 
d) ( ) Repugnância/Nojo 
e) ( ) Tristeza 
 
32 
 
 
 
 
Foto 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fotos: Paul Ekman Images) 
 
Foto 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fotos: Paul Ekman Images) 
a) ( ) Interesse 
b) ( ) Supresa 
c) ( ) Medo 
d) ( ) Irritação 
e) ( ) Tristeza 
 
a) ( ) Alegria 
b) ( ) Interesse 
c) ( ) Medo 
d) ( ) Raiva 
e) ( ) Contentamento 
 
33 
 
 
 
Foto 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fotos: Paul Ekman Images) 
 
 
Aponte qual foto (ou quais fotos) encontrou mais dificuldade para assinalar a emoção que 
acredita estar sendo expressa facialmente: 
 
Foto 1 ( ) 
Foto 2 ( ) 
Foto 3 ( ) 
Foto 4 ( ) 
Foto 5 ( ) 
Foto 6 ( ) 
 
Por quê?: 
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________ 
 
a) ( ) Tristeza 
b) ( ) Raiva 
c) ( ) Vergonha 
d) ( ) Medo 
e) ( ) Saudade

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