Buscar

Introdução à epidemiologia

Prévia do material em texto

1 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 
INTRODUÇÃO À EPIDEMIOLOGIA 
 
Objetivos da área 
Entender o processo da história natural das doenças; 
Reconhecer os principais indicadores de saúde e suas aplicações na prática médica; 
Compreender os principais tipos de delineamentos de estudo, com suas características e critérios de 
qualidade; 
Ler criticamente um artigo científico, reconhecendo qualidades, defeitos e sua importância para a 
prática da medicina cotidiana; 
Ter uma visão crítica da medicina baseada em evidências, tratando de suas implicações no uso das 
atividades médicas diárias; 
Desenvolver habilidade de leitura e interpretação de artigos científicos que envolvam coleta de dados 
quantitativos. 
 
A origem da Epidemiologia 
Hipócrates, 360 a.C. “...aquele que deseje compreender a ciência médica, deve considerar os 
efeitos das estações do ano, as águas e suas origens, o modo de vida das populações...” 
Começou a introduzir que a doença não era um resultado da questão religiosa, sobrenatural, ele 
tentou racionalizar e entender por que algumas pessoas ficavam doentes e outras não. Percebeu 
que as doenças tinham relação à qualidade de água, estações do ano (mais doenças respiratórias 
no inverno e mais doenças de pele no verão), influência de onde as pessoas moravam... começou a 
introduzir a visão mais científica da origem das doenças. Manteve-se na Roma Antiga, mas depois 
tornou-se uma teoria mais obscura, pois a Idade Média trouxe de volta a questão da religiosidade, 
de Deus castigando. 
 
Pierre Louis, 1835. Letalidade da pneumonia em relação à época de início de tratamento com 
sangrias. Resolveu estudar o tratamento da pneumonia. Pegavam as pessoas que estavam doente, 
cortavam as artérias e deixavam a pessoa sangrando – ideia de que o espírito ruim que estava no 
corpo sairia com o sangue. Resolveu investigar qual era o melhor momento de começar a fazer essa 
sangria, percebendo que os pacientes que começavam a fazer o tratamento da pneumonia com 
sangria no início, morriam muito mais que os pacientes que esperavam 1 semana ou 10 dias para 
começar a sangria. Conseguiu mostrar que a sangria não era um bom método de tratamento, que as 
pessoas morriam e não estava curando. 
 
 
William Farr, 1843. Lei de Farr: Lei das Epidemias. Começou a estudar como aconteciam as 
doenças, estatísticas de como as pessoas morriam na Inglaterra e como era o comportamento em 
uma epidemia. No início, geralmente há um início muito rápido e, depois de chegar a um pico, decai 
rapidamente e, então, vem a curva dos falecidos. 
 
2 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 
 
 
Ignaz Semmelweis, 1847. Começou a perceber que no hospital onde tinham os acadêmicos, as 
mulheres pós-parto morriam de infecção muito mais do que no hospital particular – começou a pensar 
sobre a contaminação, pois os acadêmicos eram um agente de transmissão da infecção. Assim, ele 
introduziu a lavagem de mãos como uma medida necessária e importante antes e depois de encostar 
nos pacientes – medida primordial para evitar a contaminação. 
 
John Snow: Pai da Epidemiologia 
É considerado o Pai da Epidemiologia, 1854. Fez um estudo em Londres pois percebeu que teve 
muitas mortes por cólera – fez um mapa para tentar entender onde estavam as pessoas que faleciam 
por cólera, percebeu que a maior taxa de morte era em um local com abastecimento de água feito 
por uma empresa de água específica. Conseguiu demonstrar que a cólera estava sendo transmitida 
por meio da água dessa companhia, sem saber que era uma bactéria que estava causando isso, só 
sabia que era um problema na água. Houve a limpeza dos reservatórios para melhorara a qualidade, 
conseguindo terminar com a epidemia de cólera. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Louis Pasteur, 1865. Conseguiu identificar as bactérias e associar cada bactéria à doença que ela 
causa. 
 
 
 
 
3 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 
Doll e Hill, 1954. Começou a ter o estudo de outros fatores causadores de doenças. Até 1950, os 
médicos prescreviam cigarros para as pessoas como um agente emagrecedor, para segurar a 
ansiedade e para grávidas, dizendo que diminuía o peso do bebê, tornando o parto mais fácil. Em 
1954, houve um estudo comparando fumantes e não fumantes em relação ao câncer de pulmão. 
Então, descobriram que o cigarro é um fator importante por câncer de pulmão (quem fumava tinha 
14x mais chances de falecer do que quem não fumava). A partir de então, começaram a ser feitos 
os estudos para descobrir as causas das outras doenças. 
 
 
Final do século XIX e início do céculo XX: estudos de doenças transmissíveis infecciosas. 
Segunda metade do século XX: estudo de doenças crônicas não transmissíveis, como câncer e 
doenças cardíacas. 
 
Epidemiologia Moderna 
Epidemiologia hospitalar, comunitária, ambiental, ocupacional, social, clínica, nutricional, molecular, 
farmacológica, genética... 
 
A Epidemiologia precisa de 3 conhecimentos: ciências biológicas 
(como funciona o organismo, fisiologia), ciências sociais (como os 
seres humanos se organizam, comportamento, ambiente, trabalho) e 
bioestatística (para analisar os dados, fazer os números traduzirem 
o que precisamos saber). 
 
 
 
 
 
 
EPIDEMIOLOGIA – Estudo sobre o demo. Demo = povo. É o estudo das coisas que acontecem com 
a população (condições de saúde e doença que acontecem com as pessoas). 
“O estudo da distribuição e dos determinantes de estados ou eventos relacionados à saúde em 
populações específicas e sua aplicação na prevenção e controle dos problemas de saúde”. 
Observar, testar, fazer pesquisar sobre a distribuição dos estados e eventos relacionados à saúde. 
Morte, saúde, bem estar, alegria, comportamento, tabagismo, etilismo. 
 
 
 
 
4 Laís Kist de Almeida – ATM 2024/2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para que serve a Epidemiologia? 
Estudos sobre o estado de saúde de populações → estudar, por exemplo, contaminações de 
Covid19, distribuição da doença em uma população. Conhecer problemas de saúde que mais 
causam problemas, que levam mais a óbito para prevenir e controlar as doenças. 
 
História natural das doenças → é aquela evolução que uma 
doença tem se não for feito nada a respeito (fluxograma ao 
lado). História natural da doença – sem tratamento. 
E depois para ver como tratar (indivíduo sadio) 
 
Causalidade das doenças → fatores que causam doenças -multicausais-; o que causa uma doença; 
fatores causadores da doença; infecção é causada pelo agente infeccioso, mas além dele há outros 
fatores como a qualidade de alimentação, qualidade do sono, vida ativa, exposição ao agente. 
 
Estudos sobre testes diagnósticos → o quanto % de acerto cada 
exame tem, qual é o melhor teste, qual é o teste que acerta mais, 
qual o teste mais indicado em cada fase da doença. 
 
Estudos sobre tratamentos e outras intervenções → medidas 
preventivas, medicamentos, cuidados não medicamentosos como 
atividade física/fisioterapia/cabeceira da cama elevada/alimentação. 
 
A epidemiologia serve para dar evidências, para estudá-las e para exemplificá-las, sobre 
medicamentos, doenças, prevenção.

Continue navegando