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curso livre
Ler Ebook
AUTISMO EM 
PERSPECTIVA
Apoio
Núcleo de Apoio Psicopedagógico – NUAP
Núcleo de Inclusão e Acessibilidade – NIA
Organização
Ana Clarisse Alencar 
Barbosa
Autor
Kevin D. S. Leyser
Reitor da 
UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano 
Torres
Edição Gráfica 
e Revisão
UNIASSELVI
AUTISMO NA 
PERSPECTIVA DA 
NEUROBIOLOGIA E 
NEUROPSICOLOGIA
E.02
2
DO AUTISMO AO 
TRANSTORNO DO 
ESPECTRO AUTISTA
REFERÊNCIAS
1
INTRODUÇÃO
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ASPECTOS 
NEUROBIOLÓGICOS 
DO AUTISMO
4
ASPECTOS 
NEUROPSICOLÓGICOS 
DO AUTISMO
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CONSIDERAÇÕES
1 INTRODUÇÃO
Olá, vamos continuar!
Estamos na segunda parte do nosso estudo, da nossa formação. Estamos 
fomentando e trazendo alguns dos aspectos que mais geram interesse e 
curiosidade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Neste espaço, explanaremos brevemente o percurso histórico da definição 
do Transtorno do Espectro Autista (TEA), desde os casos mais antigos conhecidos 
como autismo, as primeiras descrições e classificações, até chegar ao parâmetro 
do Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais V (DSM-V).
Em sequência, vamos nos debruçar sobre os aspectos neurobiológicos do 
autismo. Aqui o objetivo será apresentar a você, caro estudante, as principais 
descobertas de pesquisa atuais sobre a base neural do autismo.
Para finalizar esta etapa, vamos aprofundar nosso conhecimento sobre o 
TEA explorando seus aspectos neuropsicológicos. Você poderá ler a respeito das 
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DO AUTISMO AO 
TRANSTORNO DO 
ESPECTRO AUTISTA
REFERÊNCIAS
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INTRODUÇÃO
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ASPECTOS 
NEUROBIOLÓGICOS 
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NEUROPSICOLÓGICOS 
DO AUTISMO
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CONSIDERAÇÕES
principais pesquisas e suas descobertas sobre processos psicológicos básicos 
(como a linguagem, a atenção, a cognição social, as emoções etc.) no TEA, sempre 
associando as suas bases neurobiológicas.
2 DO AUTISMO AO TRANSTORNO DO 
ESPECTRO AUTISTA
 
Caro estudante, o diagnóstico do autismo é baseado exclusivamente 
na avaliação clínica na ausência de biomarcadores específicos. A avaliação 
de referência atual é baseada em ferramentas padronizadas, sendo a mais 
amplamente utilizada a Entrevista Diagnóstica para Autismo Revisada (ADI-R) 
(LORD; RUTTER; LE COUTEUR, 1994) e a Escala de Observação para o Diagnóstico 
de Autismo 2 (ADOS-2) (LORD et al., 1989). O ADI-R consiste em uma entrevista 
dos pais, que avalia a história do desenvolvimento do paciente com foco nas 
interações sociais, comunicação social e comportamentos repetitivos. O ADOS-
2 consiste em uma avaliação do paciente durante sequências padronizadas de 
brincadeiras e entrevistas. Essas ferramentas foram desenvolvidas principalmente 
para fornecer um diagnóstico categórico, ou seja, permitem determinar a presença 
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DO AUTISMO AO 
TRANSTORNO DO 
ESPECTRO AUTISTA
REFERÊNCIAS
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INTRODUÇÃO
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NEUROBIOLÓGICOS 
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NEUROPSICOLÓGICOS 
DO AUTISMO
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CONSIDERAÇÕES
ou ausência de um transtorno do espectro autista, embora o conceito de autismo 
por si só nunca tenha sido claramente validado e tenha variado amplamente 
desde sua primeira descrição.
 
Os casos mais antigos conhecidos de autismo precederam em muito as 
primeiras descrições desse transtorno por psiquiatras, feitas apenas há 70 anos. 
De fato, já no século XII, um dos discípulos de São Francisco de Assis, irmão 
Juniper, foi descrito como um homem de absoluta honestidade e sinceridade, 
incapaz de medir as consequências de suas ações. Apelidado de “brinquedo de 
Deus”, ele foi ridicularizado por seu comportamento excessivo e absurdo. No final 
do século XVIII, a criança selvagem, Victor de Aveyron, de acordo com o médico 
Itard, que forneceu descrições valiosas, apresentava alterações persistentes nas 
interações sociais, movimentos de balanço repetitivos e uma percepção sensorial 
específica após vários anos de educação (FRITH, 2010).
 
O termo autismo (do grego autós ou self) foi usado pela primeira vez 
no início do século XX pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler (1911), que assim 
se referia à retirada social e perda de contato com a realidade observada em 
pacientes esquizofrênicos. Em 1943, o psiquiatra infantil norte-americano Leo 
Kanner (1943), fundador do primeiro departamento hospitalar de psiquiatria 
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TRANSTORNO DO 
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REFERÊNCIAS
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CONSIDERAÇÕES
infantil, no Hospital Johns Hopkins, em Baltimore, Maryland, EUA, propôs esse 
termo para qualificar um distúrbio infantil, independentemente da esquizofrenia 
coexistente. Em seu artigo Distúrbios autísticos do contato afetivo, ele descreveu 
11 crianças, ou seja, 8 meninos e 3 meninas, de 2 a 11 anos, todos com uma 
incapacidade inata de formar o contato afetivo usual e fornecido biologicamente 
com as pessoas e um desejo ansiosamente obsessivo pela manutenção da 
mesmice (KANNER, 1943).
 
Embora algumas crianças desse grupo tenham sido previamente 
diagnosticadas com esquizofrenia, Kanner (1943) indicou que o retraimento 
difere daquele descrito na esquizofrenia, pois ele está presente desde o início 
da vida, enquanto pacientes com esquizofrenia, crianças ou adultos, mostram 
um estado de desenvolvimento essencialmente normal seguido de mudanças de 
comportamento e retraimento social progressivo.
 
Independentemente deste trabalho, em 1944, o psiquiatra austríaco 
Hans Asperger (1944) usou o termo “psicopatia autista” para descrever 4 
meninos de 6 a 11 anos que mostraram uma degradação fundamental causando 
dificuldades significativas e muito típicas na integração social, no entanto, às 
vezes compensado por uma originalidade do pensamento e da experiência que 
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CONSIDERAÇÕES
poderiam levar posteriormente a realizações notáveis. Este artigo de Asperger 
(1944), escrito em alemão, permaneceu desconhecido por um longo tempo. 
Em 1981, a psiquiatra britânica Lorna Wing (1981) contribuiu para expor esses 
trabalhos a um público maior. Notavelmente, com base nas descrições de Asperger 
(1944) e em 34 outros casos da clínica que ela administrava, Lorna Wing propôs 
uma definição da síndrome de Asperger (WING, 1981).
 
Em seu artigo de 1943, Kanner forneceu descrições detalhadas de seus 
pacientes e suas características comuns, mas não formalizou os critérios de 
diagnóstico. Em 1956, com o psiquiatra americano Leon Eisenberg, ele definiu 
dois critérios que considerou essenciais (KANNER; EISENBERG, 1956):
• profunda ausência de contato afetivo;
• comportamento elaborado, repetitivo e ritualístico.
Em 1978, Michael Rutter, o primeiro professor de psiquiatria infantil no 
Reino Unido e um dos primeiros a desenvolver a psicologia infantil, sugeriu 
quatro critérios para definir o autismo:
• desenvolvimento social prejudicado que não corresponde ao nível intelectual 
da criança;
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REFERÊNCIAS
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NEUROBIOLÓGICOS 
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CONSIDERAÇÕES
• linguagem atrasada e desviante que não corresponde ao nível intelectual da 
criança;
• uma necessidade de imutabilidade que leva a jogos estereotipados, 
preocupações incomuns e resistência à mudança;
• início do distúrbio antes dos 30 meses de idade.
 
Em 1979, Wing e Gould definiram três sintomas recorrentes no autismo 
com déficits em três domínios: interação social, comunicação social e imaginação 
social. Essa tríade de sintomas foi usada como base para a construção de critérios 
diagnósticos na 4ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais, DSM-IV (WING; GOULD, 1979), referência internacional para o diagnóstico 
de transtornos mentais. A recenteevolução dos critérios de diagnóstico para 
autismo neste manual reflete as mudanças ocorridas no entendimento dos 
sintomas e da fisiopatologia do autismo.
 
No DSM-IV-TR – 4ª edição, texto revisado – (DSM-IV-TR, 2003), o autismo 
foi definido pela tríade de Wing e Gould (1979), sendo o terceiro item (déficit 
na imaginação social) substituído pela presença de comportamentos repetitivos 
(ou estereotipias) e interesses restritos, vistos como resultado da falta de 
imaginação social mencionada inicialmente. O transtorno autista foi classificado 
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TRANSTORNO DO 
ESPECTRO AUTISTA
REFERÊNCIAS
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NEUROBIOLÓGICOS 
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CONSIDERAÇÕES
na categoria “transtornos invasivos do desenvolvimento”, que incluiu outros 
quatro transtornos:
• Síndrome de Asperger, que se distinguiu do autismo pela ausência de atraso 
de linguagem e cognitivo.
• Transtorno Desintegrativo da Infância, caracterizado por um período 
de desenvolvimento normal de 2 a 4 anos, seguido pelo aparecimento de 
sintomas autistas.
• Síndrome de Rett, cuja etiologia genética é conhecida e afeta apenas meninas.
•	 Transtorno	 Invasivo	 do	 Desenvolvimento	 Sem	 Outra	 Especificação. 
Esse diagnóstico refere-se a pacientes com alterações graves e invasivas nas 
interações sociais ou comunicação verbal e não verbal, ou comportamento, 
interesses e atividades estereotipadas, que não atendem a todos os critérios 
para um transtorno invasivo do desenvolvimento (TID) específico.
A conceituação desses distúrbios mudou dramaticamente nos últimos 10 
anos, o que se reflete no DSM-V, a nova edição do manual do DSM publicada 
em maio de 2013 (DSM-V, 2014). De fato, vários estudos apoiaram 1 categoria 
e 2 dimensões de sintomas (SNOW; LECAVALIER, 2011; MATTILA et al., 2011), 
levando ao colapso das categorias diagnósticas anteriores de transtornos 
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CONSIDERAÇÕES
generalizados do desenvolvimento em uma única categoria de transtorno do 
espectro do autismo ou TEA. Esse termo foi proposto em 1988 por Doris Allen 
(1988) e reflete a heterogeneidade dos sintomas do autismo. Além disso, os 
critérios de diagnóstico foram agrupados em duas áreas amplas em vez de três:
• Comprometimento/déficits de interação e comunicação social (ambos 
os elementos foram previamente avaliados separadamente e agora são 
considerados um aspecto da doença).
• Comportamentos, interesses e atividades restritos e repetitivos.
FIGURA 1 – DSM-5 – MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS
FONTE: <http://bit.ly/2FYi7Bt>. Acesso em: 1º mar. 2020.
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CONSIDERAÇÕES
Descrição da imagem: a imagem representa a capa de um livro, nesta capa com cores na cor 
azul escuro nas bordas e na cor azul claro no centro e de forma centralizada está escrito 
Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais, 5ª Edição, DSM05, e ao final 
American Psychiatric Association, Artmed.
Atualmente, é amplamente aceito que em cada domínio do 
comprometimento existe um gradiente na gravidade dos sintomas que pode 
variar consideravelmente de um indivíduo para outro e na mesma pessoa em 
diferentes idades, levando a uma apresentação clínica diferente em cada indivíduo. 
Assim, as seguintes escalas dimensionais foram desenvolvidas para avaliar 
quantitativamente os sintomas autistas: a Escala de Responsividade Social (ERS), 
que mede a gravidade do déficit de responsividade social (CONSTANTINO et al., 
2000); o Checklist da Comunicação da Criança (CCC), que avalia a dimensão social 
da comunicação (BISHOP, 1998); a Escala de Comportamento Repetitivo (RBS), 
que avalia comportamentos repetitivos (BODFISH et al., 2000), e o Quociente 
do Espectro Autista (QA), que avalia a gravidade dos sintomas autistas como um 
todo (BARON-COHEN et al., 2001).
 
Curiosamente, essa visão revisada é consistente com a imagem emergente 
dos mecanismos subjacentes aos Transtornos do Espectro do Autista e deve 
ajudar várias áreas da pesquisa sobre o autismo avançar. De fato, aceitar lidar 
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TRANSTORNO DO 
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CONSIDERAÇÕES
com a heterogeneidade clínica em vez de resolvê-la deve ajudar a promover o já 
imenso progresso que foi feito nesse domínio.
3 ASPECTOS NEUROBIOLÓGICOS DO 
AUTISMO
 
Caro estudante, agora vamos nos ater aos aspectos neurobiológicos do 
autismo. Há um vasto corpo de evidências demonstrando que o cérebro autista 
é funcional e estruturalmente diferente do cérebro neurotípico, particularmente 
em áreas cerebrais que sustentam o controle inibitório, a comunicação e as 
emoções. 
Os comprometimentos nessas áreas levam a uma série de déficits inter-
relacionados na interação interpessoal, como problemas para lembrar e identificar 
pessoas, incapacidade de perceber pistas sociais e interpretar mal pistas não 
verbais, como gestos, expressões faciais e prosódia da fala.
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ASPECTOS 
NEUROPSICOLÓGICOS 
DO AUTISMO
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CONSIDERAÇÕES
3.1 MAIOR VOLUME CEREBRAL TOTAL
 
Os dados da Ressonância Magnética (RM) revelam que entre dois e 
quatro anos de idade, 90% das crianças autistas têm um volume cerebral médio 
significativamente maior que os controles neurotípicos (AKSHOOMOFF; PIERCE; 
COURCHESNE, 2002). Esse é particularmente o caso no córtex pré-frontal 
dorsolateral (HUA et al., 2013).
FIGURA 2 – CÓRTEX PRÉ-FRONTAL DORSOLATERAL
FONTE: <shorturl.at/hiACZ>. Acesso em: 1º mar. 2020.
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TRANSTORNO DO 
ESPECTRO AUTISTA
REFERÊNCIAS
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NEUROBIOLÓGICOS 
DO AUTISMO
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ASPECTOS 
NEUROPSICOLÓGICOS 
DO AUTISMO
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CONSIDERAÇÕES
Descrição das imagens: a imagem representada divide as partes do CÓRTEX PRÉ-FRONTAL 
DORSOLATERAL
Não é de surpreender que o aumento do volume cerebral corresponda ao 
crescimento acelerado da cabeça (ou seja, maior perímetro cefálico), pelo menos 
em crianças pequenas com autismo (LINDLEY et al., 1999). De fato, o perímetro 
cefálico aumentado, cerca de dois desvios padrão acima da média geral da 
população, é um dos achados clínicos mais replicados no autismo (CHASTE et 
al., 2013). No entanto, um estudo recente da população norueguesa sugere que 
é a variabilidade da circunferência da cabeça, e não a média, que é maior em 
meninos com autismo em relação a crianças neurotípicas (SURÉN et al., 2013). 
 
Pouco se sabe se a macrocefalia contribui para outras características 
coexistentes conhecidas do autismo, como epilepsia ou cefaleia. No entanto, 
demonstrou estar relacionado ao excesso de líquido cefalorraquidiano. Em 
um recente estudo prospectivo de bebês em risco de transtorno do espectro 
autista, as ressonâncias magnéticas foram realizadas em três momentos (8-11, 
14-17, 20-26 meses de idade) (SHEN et al., 2013). Os bebês posteriormente 
identificados com autismo mostraram significativamente maior fluido extra-
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CONSIDERAÇÕES
axial (ou seja, excesso de líquido cefalorraquidiano no espaço subaracnóideo, 
principalmente sobre os lobos frontais) em todos os períodos de teste. Também 
houve uma correlação positiva entre a quantidade de fluido extra-axial e a 
gravidade da sintomatologia.
FIGURA 3 – RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE UM BEBÊ DE SEIS MESES DIAGNOSTICADO COM TEA AOS DOIS 
ANOS(À DIREITA) E CÉREBRO DE UM BEBÊ NEUROTÍPICO (À ESQUERDA)
FONTE: Carolina Institute for Developmental Disabilities (UNC-Chapel Hill). Disponível em: <shorturl.at/
fgDJ5>. Acesso em: 2 mar. 2020.
Descrição da imagem: a imagem é uma ressonância magnética de um bebê de seis meses 
diagnosticado com TEA aos dois anos (à direita) e cérebro de um bebê neurotípico (à 
esquerda).
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NEUROBIOLÓGICOS 
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NEUROPSICOLÓGICOS 
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CONSIDERAÇÕES
Os dados de autópsia também revelam um excesso de neurônios no 
córtex pré-frontal entre crianças pequenas com autismo. Crianças pequenas 
com autismo também exibem mais substância branca cortical (18%) e cerebelar 
(39%) do que os controles (AKSHOOMOFF; PIERCE; COURCHESNE, 2002). A 
superprodução de células e axônios cerebrais acaba diminuindo à medida que a 
criança autista se desenvolve (SHUMANN et al., 2010).
Embora a superprodução de neurônios seja uma característica normal do 
desenvolvimento cerebral, o desenvolvimento típico envolve a poda subsequente 
do excesso de neurônios e sinapses. A eliminação progressiva das sinapses é 
um dos princípios gerais da plasticidade cerebral. Em última análise, melhora 
o funcionamento do circuito neural e coincide com o aumento das habilidades 
cognitivas e motoras na criança em desenvolvimento típico. No caso do autismo, 
no entanto, a poda normal do excesso de neurônios e suas conexões parece estar 
comprometida, levando a uma conectividade anormal da substância branca na 
adolescência e na idade adulta jovem (COURCHESNE; CAMPBELL; SOLSO, 2011). 
Juntos, os déficits neurais específicos que causam crescimento prematuro 
do cérebro podem estar subjacentes à base neural do autismo. Embora não esteja 
claro o que causa esse crescimento excessivo de substância cinzenta e branca, 
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NEUROPSICOLÓGICOS 
DO AUTISMO
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CONSIDERAÇÕES
um resultado parece ter menos conexões ou conexões anormais entre áreas do 
cérebro envolvidas no controle inibitório e no reconhecimento facial, a saber, o 
córtex frontal, o córtex temporal e a amígdala.
3.2 CONTROLE INIBITÓRIO E 
CONECTIVIDADE CEREBRAL
 
Caro estudante, sabemos que indivíduos com autismo geralmente 
apresentam comprometimento do funcionamento executivo, incluindo 
inflexibilidade e déficits de reciprocidade social. No nível neural, essas 
características têm sido associadas a problemas no córtex frontal e aos circuitos 
que levam e partem do lobo frontal. 
 
As funções executivas incluem planejamento, memória de trabalho, 
atenção, resolução de problemas, raciocínio verbal, flexibilidade mental, alternância 
de tarefas e monitoramento de ações e controle inibitório. O controle inibitório 
permite que indivíduos retenham respostas dominantes ou ignorem estímulos 
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NEUROBIOLÓGICOS 
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ASPECTOS 
NEUROPSICOLÓGICOS 
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CONSIDERAÇÕES
perturbadores, a fim de fornecer uma resposta apropriada. Em situações do mundo 
real, o controle inibitório é importante, pois nos impede de executar uma ação 
potencialmente inadequada quando sentida a necessidade (por exemplo, uma 
explosão emocional extrema). A retenção de impulsos inadequados é um critério 
necessário para a realização de comportamentos socialmente adequados.
 
Déficits de controle inibitório e comportamento repetitivo fazem parte 
das principais características do autismo. A comunicação e a integração de redes 
cerebrais específicas são vitais para a execução bem-sucedida das funções 
motoras e executivas. O controle inibitório, em particular, requer sincronização 
das redes neuronais principalmente no lobo frontal (giro cingulado anterior, giro 
cingulado médio) e áreas posteriores do cérebro, como o estriado, os gânglios da 
base e a ínsula (que está localizada bem no fundo do sulco lateral, separando o 
lobo temporal dos lobos frontais).
 
Pesquisas usando uma variedade de técnicas mostraram que a 
conectividade das regiões posteriores ao córtex pré-frontal é atípica em pessoas 
com TEA. Por exemplo, a imagem por tensor de difusão (DTI), que mede a 
conectividade da substância branca, indica que aqueles com autismo mostram 
anatomia anormal dos tratos frontoestriatais da substância branca (LANGEN et al., 
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NEUROBIOLÓGICOS 
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NEUROPSICOLÓGICOS 
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CONSIDERAÇÕES
2012). Ressonância magnética funcional (fMRI), capaz de medir a conectividade 
funcional entre as áreas do cérebro durante o desempenho de uma tarefa, 
corroboram as descobertas estruturais. O circuito de inibição é subativado e 
menos sincronizado em indivíduos com autismo em comparação com controles 
neurotípicos (KANA et al., 2007). A ressonância magnética funcional em repouso 
ou a gravação eletroencefalográfica (EEG) podem medir a sincronização cortical 
na ausência de desempenho de tarefa. A conectividade cortical anormal no 
estado de repouso entre as regiões frontal e posterior também foi encontrada 
em indivíduos com autismo (MURIAS et al., 2007). 
 
Curiosamente, a via frontoestriatal também é prejudicada em indivíduos com 
transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) (WU et al., 2014) e déficits 
no funcionamento executivo estão entre as principais características do TDAH. 
Como existem altas taxas de comorbidade entre o autismo e o TDAH (TALKOWSKI; 
MINIKEL; GUSELLA, 2014), agora precisamos saber como essa via funciona em 
indivíduos com apenas uma ou ambas as condições (VISSERS; COHEN; GEURTS, 
2012). Anteriormente, o manual de diagnóstico do DSM não permitia o codiagnóstico 
de TEA e TDAH. O DSM-V removeu essa proibição de comorbidade. Assim, indivíduos 
com transtorno do espectro autista também podem ter um diagnóstico de TDAH. 
Uma melhor compreensão da etiologia do autismo e de suas condições associadas 
ajudará nas estratégias de diagnóstico e tratamento mais precoces.
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CONSIDERAÇÕES
3.3 PROCESSAMENTO DA FACE E 
CONECTIVIDADE CEREBRAL
Caro estudante, embora exista uma grande variabilidade na gravidade 
dos sintomas e no funcionamento intelectual do TEA, todos os indivíduos 
com autismo têm dificuldades sociais envolvendo contato visual, interações 
recíprocas e resposta a sinais emocionais. Esta seção descreve pesquisas que 
sugerem que essas dificuldades sociais podem ser o resultado da natureza do 
processamento da face no autismo. As áreas do cérebro envolvidas em nossa 
capacidade de atender e processar informações das faces (área ou giro fusiforme 
– também conhecido como occipitotemporal gyrus, em latim – e amígdala) podem 
estar prejudicadas em pessoas com autismo.
 
Crianças com TEA apresentam um desempenho pior em tarefas de 
processamento de faces, incluindo discriminação e reconhecimento de faces. Em 
crianças muito pequenas, a capacidade de usar informações faciais (por exemplo, 
envolver-se em atenção articular) é considerada um marcador crítico inicial do TEA. 
Os indivíduos com TEA também processam faces usando estratégias anormais. 
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ESPECTRO AUTISTA
REFERÊNCIAS
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ASPECTOS 
NEUROPSICOLÓGICOS 
DO AUTISMO
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CONSIDERAÇÕES
Eles prestam menos atenção às principais características da face, como os olhos 
e o nariz, em relação aos adultos em desenvolvimento típico (ZWAIGENBAUM et 
al., 2005).
 
Robert Schultz foi um dos primeiros a descobrir através da ressonância 
magnéticaque, no nível neural básico, uma face é apenas outro objeto para 
pessoas com autismo. Sua metodologia típica era pedir às pessoas com autismo 
e controles neurotípicos que pressionassem um botão para indicar se pares de 
faces ou objetos (por exemplo, xícaras, cadeiras) eram iguais ou diferentes. Os 
resultados revelaram que indivíduos neurotípicos usam principalmente o giro 
fusiforme (conhecido como área fusiforme da face) ao processar faces e o giro 
temporal inferior para processar os objetos. Por outro lado, os participantes com 
autismo usaram o giro temporal inferior para os objetos e as faces (SCHULTZ, 
2005). 
 
Além de negligenciar a área fusiforme da face ao responder às faces, 
indivíduos com autismo apresentam conectividade prejudicada entre o giro 
fusiforme direito e a amígdala. A própria amígdala também é anormalmente 
grande em crianças autistas (SCHUMANN et al., 2004). A amígdala mede 
apenas uma polegada de comprimento, reside profundamente dentro do cérebro 
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CONSIDERAÇÕES
e tem o formato de uma amêndoa. Ela desempenha um papel significativo 
na expressão facial e no processamento emocional (SKUSE, 2003) e, se a 
amígdala é danificada, há dificuldade em reconhecer emoções fortes como o 
medo (ADOLPHS; BARON-COHEN; TRANEL, 2002). Em indivíduos neurotípicos, 
a amígdala é significativamente mais ativada quando uma face medrosa é 
percebida em oposição a uma face neutra (MORRIS et al., 1998).
Kleinhans et al. (2008) descobriram que o grau de comprometimento social 
naqueles com autismo estava associado à diminuição da conectividade entre a 
amígdala e a área fusiforme da face. O comprometimento social foi medido com 
o escore social da Entrevista Diagnóstica para Autismo Revisada (ADI-R). Essa 
correlação negativa entre a conectividade da amígdala e a área fusiforme da 
face e o escore da ADI-R sugere que anormalidades nas conexões entre o centro 
emocional do cérebro e a área de processamento da face desempenham um 
papel importante nas dificuldades das habilidades sociais no autismo. 
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NEUROPSICOLÓGICOS 
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CONSIDERAÇÕES
3.4 RESPOSTA NEURAL AO 
TRATAMENTO DO TEA
 
Caro acadêmico, agora que falamos sobre as bases neurobiológicas do 
autismo, quais seriam as aplicabilidades destas descobertas para tratamento do 
TEA? Vamos agora responder brevemente a esta pergunta. 
Dado que o bem-estar a longo prazo das comunidades é cada vez mais 
determinado pelo comportamento social dos indivíduos, agora está claro que 
a dificuldade social é uma fonte essencial de deficiência. Embora os estudos 
de neuroimagem tenham demonstrado diferenças anatômicas e funcionais 
nas áreas sociais do cérebro em indivíduos com autismo, quando comparados 
aos controles, a pesquisa sobre a base neural para resposta à intervenção em 
pessoas com autismo está em sua infância. Dois desses estudos investigaram 
recentemente a resposta neural ao tratamento do TEA (DAWSON et al., 2012; 
GORDON et al., 2013). Esses estudos refletem uma tendência mais ampla de 
buscar medidas objetivas, ou biomarcadores, para ajudar a avaliar os efeitos do 
tratamento do TEA.
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CONSIDERAÇÕES
Dawson et al. (2012) usaram o EEG para medir a atividade cerebral de 
crianças com TEA (idades de 4 a 6 anos) enquanto visualizavam imagens de 
faces e brinquedos desconhecidos em uma tela. Quinze dos participantes 
com TEA haviam completado um programa de dois anos do Modelo Denver de 
Intervenção Precoce (ESDM), 20 horas/semana, 14 com TEA haviam recebido 
outras terapias comportamentais baseadas na comunidade, e havia 17 controles 
com desenvolvimento típico. Os investigadores usaram um biomarcador baseado 
em EEG que indica a resposta ao tratamento (o potencial evocado N170 reflete a 
resposta precoce do cérebro, pois reconhece que uma face é uma face). Ambos os 
grupos de intervenção mostraram respostas típicas do N170 após o tratamento, 
mas aqueles que receberam ESDM tinham outros indicadores de EEG que eram 
mais comparáveis às crianças controle.
 
Gordon et al. (2013) mediram as alterações na ressonância magnética em 
17 crianças com TEA após administração intranasal de ocitocina. As atividades 
de escaneamento incluíram julgamentos de figuras socialmente significativas 
(olhos) e figuras não socialmente significativas (veículos). A terapia aumentou 
a atividade no estriado, núcleo accumbens, sulco temporal superior esquerdo e 
córtex pré-motor esquerdo durante julgamentos sociais, e diminuição da atividade 
durante julgamentos não sociais. As ativações durante o processamento de 
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CONSIDERAÇÕES
estímulos socialmente relevantes foram as mesmas dos controles. Os autores 
sugerem que a ocitocina pode melhorar o funcionamento social de crianças com 
TEA.
 
Em ambos os estudos, crianças com TEA processaram informações sociais 
de maneira mais semelhante ao desenvolvimento típico de crianças após a 
terapia (comportamental no primeiro, ocitocina no segundo). Isso sugere que a 
extensão da neuroplasticidade é tal que seus cérebros foram capazes de avançar 
para "normalizar" o processamento de informações sociais.
4 ASPECTOS NEUROPSICOLÓGICOS DO 
AUTISMO
Caro estudante, agora que já estudamos um pouco sobre o diagnóstico 
e as bases neurais do TEA, vamos aprofundar nosso estudo sobre os aspectos 
neuropsicológicos do autismo. 
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CONSIDERAÇÕES
Sabemos que a avaliação neuropsicológica e a neuroimagem são dois 
métodos para entender as relações cérebro-comportamento no TEA. Embora esses 
métodos não sejam usados com frequência na avaliação individual, os resultados 
de estudos usando essas técnicas produziram inúmeras informações sobre o TEA. 
Ao identificar um grande número de funções neuropsicológicas comprometidas 
no TEA, bem como um grande número de regiões cerebrais associadas ao TEA, 
ambas as técnicas destacaram a complexidade do TEA na sua relação com muitos 
sistemas neurais diferentes (DAWSON, 1996; VIA et al., 2011). Espera-se que 
uma melhor compreensão do funcionamento neural no autismo e a capacidade 
de medir o funcionamento neural individualmente levem a futuras melhorias no 
diagnóstico e tratamento (ECKER; BOOKHEIMER; MURPHY, 2015).
4.1 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
 
Caro estudante, a avaliação neuropsicológica inclui a avaliação de 
diversas funções cognitivas, incluindo raciocínio verbal e visuoespacial, atenção, 
memória, velocidade de processamento, aprendizagem e funcionamento 
motor (LARRABEE, 2014). Na avaliação do TEA, o funcionamento intelectual 
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CONSIDERAÇÕES
e da linguagem são frequentemente avaliados, pois seus comprometimentos 
são listados como dois especificadores do TEA no DSM-5 (2014). A avaliação 
desses domínios é importante, pois geralmente ocorre no TEA e está associado 
a resultados funcionais (OZONOFF; GOODLIN-JONES; SOLOMON, 2005). Além 
disso, muitas outras funções neuropsicológicas foram estudadas no TEA e os 
resultados mostraram que o padrão de comprometimento neuropsicológico pode 
variar significativamenteentre os indivíduos (TONN; OBRZUT, 2005). No nível de 
grupo, o desempenho de indivíduos com TEA é claramente distinguível de outras 
condições de desenvolvimento (MINSHEW et al., 1992).
 
Dado o tempo e o custo da avaliação neuropsicológica, geralmente é 
recomendado apenas quando for útil entender os pontos cognitivos fortes e 
fracos de um indivíduo para responder a uma pergunta de referência específica e 
orientar o tratamento ou o planejamento educacional (KLIN et al., 2005). Ozonoff 
et al. (2005) dão o exemplo de problemas com o funcionamento executivo, 
levando a problemas comportamentais que afetam o desempenho escolar. O 
funcionamento neuropsicológico também está relacionado aos sintomas do TEA 
e pode sugerir comprometimentos neuropsicológicos subjacentes à expressão 
dos sintomas. Por exemplo, o desempenho em tarefas neuropsicológicas de 
aprendizagem por recompensa está associado à atenção conjunta (DAWSON et 
al., 2002).
 
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CONSIDERAÇÕES
É importante observar que, embora muitos déficits neuropsicológicos 
tenham sido associados ao TEA, muitas áreas de funcionamento geralmente 
apresentam pouco ou nenhum déficit quando estudadas em nível de grupo. 
Dentro de um domínio de funcionamento, certas habilidades geralmente são 
mostradas intactas. Por exemplo, dentro do domínio do funcionamento da 
memória, além das áreas de déficit, foi encontrado desempenho normal em 
tarefas de memória de reconhecimento e memória para informações repetidas 
com frequência (SANDERS et al., 2008). Dentro do domínio da atenção, o 
desempenho normal foi encontrado em medidas de atenção sustentada, apesar 
dos déficits na capacidade de orientar a atenção para novos estímulos (SANDERS 
et al., 2008). Em indivíduos com TEA sem comprometimento da linguagem, os 
aspectos do processamento fonológico e da sintaxe estão intactos, apesar dos 
déficits na comunicação social (DAWSON, 1996).
 
Dentro do domínio do desempenho intelectual, o raciocínio visuoespacial 
pode estar intacto com prejuízos simultâneos na capacidade verbal (OZONOFF; 
PENNINGTON; ROGERS, 1991). Dado o desempenho normal no TEA em uma 
medida não verbal de inteligência fluida frequentemente usada, a adequação 
das medidas de funcionamento intelectual comumente usadas que encontram 
comprometimentos no TEA tem sido questionada. No entanto, observou-se 
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CONSIDERAÇÕES
que os déficits encontrados em medidas mais abrangentes do funcionamento 
intelectual que incluem habilidades verbais provavelmente capturam déficits 
de comunicação reais no TEA (NADER et al., 2016). Além disso, o tamanho da 
discrepância entre as habilidades verbais e não verbais pode ser clinicamente 
útil; por exemplo, está relacionado ao funcionamento social. 
 
O TEA está associado a comprometimentos em diferentes aspectos do 
funcionamento executivo, incluindo alternância de tarefas e inibição (SANDERS 
et al., 2008). Esses comprometimentos podem ser encontrados em crianças 
e adultos com TEA e não são atribuíveis ao baixo funcionamento intelectual. 
A avaliação clínica dessas funções pode ser útil, pois está associada ao 
funcionamento adaptativo (OZONOFF et al., 2004). As escalas de classificação 
dos déficits do funcionamento executivo do mundo real têm alguma utilidade 
na distinção entre indivíduos com e sem TEA (LEUNG; ZAKZANIS, 2014). 
O funcionamento executivo no TEA também está associado a sintomas de 
comportamento repetitivo e interesses restritos (LOPEZ et al., 2005).
 
Déficits de memória no TEA foram encontrados em tarefas de memória de 
trabalho, memória de curto prazo e memória de longo prazo (DAWSON, 1996), 
embora nem todos os estudos encontrem consistentemente deficiências em 
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CONSIDERAÇÕES
todos esses domínios (TONN; OBRZUT, 2005). A memória para informações 
sociais, como faces, está associada ao TEA (BARRON-LINNANKOSKI et al., 2015). 
Em um estudo, constatou-se que pouca memória de trabalho espacial discriminava 
indivíduos com e sem TEA (WILLIAMS; GOLDSTEIN; MINSHEW, 2006).
 
Entre as várias teorias para descrever o déficit neuropsicológico no TEA, 
existe uma que identifica o déficit neuropsicológico central no TEA como um 
déficit generalizado no processamento e integração de informações complexas 
(MINSHEW; GOLDSTEIN, 1998). Como evidência dessa teoria, Minshew et 
al. (1992) demonstraram em vários estudos que, dentro e entre domínios do 
funcionamento cognitivo, indivíduos com TEA são prejudicados em tarefas 
complexas, mas podem mostrar desempenho intacto em tarefas simples 
(MINSHEW et al., 1992; WILLIAMS; GOLDSTEIN; MINSHEW, 2006). Este déficit no 
processamento de informações complexas foi considerado como uma das causas 
para o comprometimento funcional no mundo real (WILLIAMS; GOLDSTEIN; 
MINSHEW, 2006).
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4.2 LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO
 
Os déficits de linguagem no TEA variam muito em gravidade; variando de 
indivíduos com TEA que nunca desenvolvem linguagem a pessoas que só têm 
dificuldades com aspectos pragmáticos de ordem superior. A variabilidade dos 
déficits de linguagem combinada com os desafios do ambiente de neuroimagens 
resultou na maioria dos estudos de imagem funcional envolvendo a população 
adulta com TEA de alto funcionamento.
4.2.1 Atenção ao Discurso
 
No geral, os indivíduos com TEA são menos atentos às vozes e à fala 
humanas em geral (KUHL et al., 2005). De maneira semelhante, indivíduos 
com TEA não apresentam ativação aprimorada do sulco temporal superior em 
resposta a sons relacionados à voz (sons de fala e não fala), mas mostram 
processamento normal de sons não vocais (GERVAIS et al., 2004). Esse padrão 
anormal de atividade neural também foi associado à capacidade prejudicada 
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CONSIDERAÇÕES
de recuperar os sons da voz. A conectividade funcional do estado de repouso 
sugere que isso pode estar relacionado à subconectividade entre áreas seletivas 
da voz do sulco temporal superior direito e às regiões relacionadas à emoção 
e recompensa, incluindo o núcleo accumbens, córtex orbitofrontal e amígdala 
(ABRAMS et al., 2013). Isso sugere que indivíduos com TEA podem não achar 
as vozes humanas inerentemente gratificantes e, portanto, indivíduos com TEA 
podem prestar menos atenção a elas. Além disso, essa conectividade reduzida 
previu significativamente a gravidade das deficiências de comunicação no ADI-R 
e ADOS (ABRAMS et al., 2013).
4.2.2 Processamento Semântico
 
O processamento semântico básico, ou a capacidade de entender o 
conteúdo de uma frase com base no significado das palavras, é poupado em 
muitos adultos com TEA de alto funcionamento (NOENS; BERCKELAER-ONNES, 
2005). No entanto, certos déficits no processamento semântico relacionados à 
memória foram mostrados nos estudos comportamentais e de imagem funcional 
do TEA. Por exemplo, indivíduos com TEA não apresentam um benefício de 
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memória ao aprender palavras semanticamente relacionadas (TAGER-FLUSBERG, 
1991) ou aousar conhecimento semântico (TOICHI; KAMIO, 2002). 
Em uma tarefa simples de processamento semântico, em que os 
participantes tiveram que classificar as palavras como positivas ou negativas, 
os participantes com TEA apresentaram ativação reduzida na área de Broca, 
mas maior ativação na área de Wernicke (HARRIS et al., 2006). Um achado 
semelhante de ativação reduzida da área de Broca foi encontrado ao categorizar 
palavras com base em suas características semânticas (GAFFREY et al., 2007). 
No entanto, alguns argumentaram que a modulação da atividade da área de 
Broca pode depender do desempenho da tarefa, pois foi encontrada uma maior 
ativação da área de Broca, que foi menos lateralizada ao hemisfério esquerdo, 
em uma tarefa de nomeação de respostas semânticas em que os participantes 
com TEA realizavam com alta precisão (KNAUS et al., 2008).
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4.2.3 Compreensão
 
Durante a compreensão de uma frase, indivíduos com TEA mostram menos 
ativação confiável no giro frontal inferior esquerdo (área de Broca) e diminuição 
da conectividade entre as áreas relacionadas à linguagem (JUST et al., 2004). 
A redução na atividade da área de Broca foi interpretada como um déficit na 
capacidade de integrar e interpretar palavras individuais no contexto de toda a 
sentença. De acordo com essa interpretação, ativações reduzidas semelhantes no 
giro frontal inferior esquerdo também foram encontradas em uma tarefa em que 
informações contextuais eram necessárias para compreender adequadamente 
uma frase (TESINK et al., 2011). 
Outra pesquisa sugeriu que indivíduos com TEA usam mais imagens 
mentais, como refletido pelo aumento da ativação nas regiões occipitais, ao 
tentar compreender frases que normalmente não requerem imagens mentais 
(KANA et al., 2006). Apesar disso, a compreensão de sentenças com imagens 
mentais elevadas foi associada à conectividade funcional reduzida das regiões 
frontal e parietal envolvidas no processamento espacial e da linguagem (KANA 
et al., 2006). Em suma, os resultados dos estudos de processamento semântico 
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e de compreensão sugerem que regiões típicas relacionadas à linguagem (por 
exemplo, a área de Broca) podem não ser tão especializadas para o processamento 
de linguagem no TEA quanto em indivíduos típicos.
4.2.4 Linguagem Pragmática
Linguagem pragmática é a capacidade de usar pistas extralinguísticas (por 
exemplo, tom de voz) para entender e usar a linguagem no contexto, além de 
simplesmente entender o significado literal das palavras. Os ouvintes geralmente 
precisam entender o significado subjacente da linguagem usando sugestões de 
contexto, conhecimento do ambiente e experiências passadas com o falante. A 
linguagem pragmática inclui o uso de ironia, sarcasmo, metáfora e trocadilhos. 
A ativação aumentada no giro frontal inferior direito em participantes com TEA 
em relação a participantes com desenvolvimento típico foi encontrada ao fazer 
inferências sobre um falante com base no contexto (TESINK et al., 2009) e ao 
interpretar declarações irônicas (WANG et al., 2006). 
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Da mesma forma, os pesquisadores descobriram um aumento da 
atividade distribuída do hemisfério direito ao tentar entender trocadilhos (KANA; 
WADSWORTH, 2012) e fazer inferências sobre estados e intenções emocionais 
(MASON et al., 2008). O aumento no processamento do hemisfério direito no 
TEA foi considerado como refletindo um processamento mais trabalhoso da 
linguagem pragmática.
 
Um aspecto específico da linguagem pragmática é a prosódia, ou o ritmo 
e a entonação da linguagem. A prosódia pode ter significado acima e além do 
conteúdo da fala, permitindo que o ouvinte obtenha significado sobre o estado 
emocional do falante, a natureza gramatical do enunciado (como uma pergunta) e 
as intenções e o significado subjacente do falante, incluindo ironia e sarcasmo. A 
pesquisa apoiou a ideia de que a compreensão de pistas prosódicas é prejudicada 
no TEA, e isso está associado a uma ativação mais inespecífica no TEA, tanto na 
prosódia de formas gramaticais quanto emocionais (EIGSTI et al., 2012). Outros 
sugeriram que a inibição reduzida da rede de modo padrão (RMP) pode contribuir 
para interrupções nas tarefas de prosódia (HESLING et al., 2010).
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CONSIDERAÇÕES
4.2.5 Lateralidade
 
Consistente com a literatura, talvez o achado de neuroimagem mais 
notável e replicado no TEA relacionado ao processamento da linguagem 
seja a lateralidade reduzida do processamento neural no TEA em relação aos 
participantes com desenvolvimento típico. Por exemplo, Kleinhans et al. (2008) 
encontraram redução da lateralidade esquerda em uma tarefa de fluência 
verbal e aumento da ativação do hemisfério direito em participantes com TEA. 
Um estudo combinado de fMRI e DTI também relatou redução da lateralidade 
do hemisfério esquerdo para indivíduos com TEA, e aqueles com lateralidade 
atípica da linguagem também apresentaram valores reduzidos de anisotropia 
fracionada (AF) no fascículo arqueado, o trato da substância branca que liga as 
áreas de Broca e Wernicke (KNAUS et al., 2010). Outro estudo combinado de 
conectividade funcional e estrutural encontrou redução da ativação de regiões 
frontais em uma tarefa de linguagem e conectividade estrutural reduzida entre 
regiões frontais inferiores e regiões temporais (SAHYOUN et al., 2010).
 
Além disso, há evidências de que essa alteração na lateralidade da 
linguagem ocorre no início do desenvolvimento. Crianças entre 12 e 48 meses, 
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CONSIDERAÇÕES
que estavam em risco ou diagnosticadas com TEA, participaram de um estudo 
de ressonância magnética enquanto dormiam com uma história simples contada 
(EYLER; PIERCE; COURCHESNE, 2012). As crianças com TEA tinham a lateralidade 
temporal esquerda reduzida e atividade do hemisfério direito aumentada à fala, 
e essas rupturas foram mais pronunciadas em crianças mais velhas. Além disso, 
crianças com TEA também mostram conectividade funcional reduzida entre áreas 
relacionadas à linguagem, como giro frontal inferior e giro temporal superior, e a 
força da sincronização se correlacionou significativamente com as habilidades de 
linguagem (DINSTEIN et al., 2011). Esses resultados sugerem que interrupções 
precoces da conectividade podem levar a uma especialização funcional reduzida 
das regiões do cérebro relacionadas à linguagem, incluindo os resultados vistos 
anteriormente relacionados à compreensão e ao processamento semântico.
4.2.6 Comunicação não verbal
 
Pesquisas comportamentais mostraram uma relação forte entre 
comunicação não verbal precoce, especificamente gestos, e linguagem verbal 
expressiva e receptiva em crianças com desenvolvimento típico (IVERSON; 
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CONSIDERAÇÕES
GOLDIN-MEADOW, 2005). Da mesma forma, os gestos também são preditivos 
de resultados posteriores da linguagem em crianças pequenas em risco de TEA 
(GORDON; WATSON, 2015). Embora se saiba que a produçãode gestos no TEA 
é interrompida (CARPENTER; PENNINGTON; ROGERS, 2002), existem evidências 
recentes de neuroimagem de que o reconhecimento e entendimento de gestos 
também podem ser interrompidos por causa do processamento neural alterado. 
Hubbard et al. (2012) descobriram que, ao ver uma pessoa falando 
enquanto usa gestos ritmados (gestos rítmicos de co-speech), crianças em 
desenvolvimento em geral exibem atividade aumentada em regiões auditivas 
secundárias, incluindo regiões temporais superiores direitas. O participante com 
TEA não apresenta atividade em regiões temporais superiores, mas apresenta 
atividade aumentada no córtex visual, e essa atividade correlaciona-se 
positivamente com a gravidade dos sintomas de comunicação social na ADOS e 
na Escala de Responsividade Social (ERS). Isso sugere que indivíduos com TEA 
podem não integrar efetivamente informações comunicativas multimodais em 
situações sociais complexas.
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CONSIDERAÇÕES
4.3 COGNIÇÃO SOCIAL E EMOÇÃO
 
Interrupções no processamento social e emocional são características 
marcantes do TEA. É claro que regiões específicas do cérebro humano são afinadas 
para reconhecer e processar estímulos sociais. O termo “cérebro social” tem sido 
usado para se referir a esse conjunto de estruturas, incluindo o sulco temporal 
superior, a amígdala, o córtex orbitofrontal e o giro fusiforme (BROTHERS, 1990). 
As evidências sugerem que uma combinação de desenvolvimento 
interrompido de estruturas neurais envolvidas no processamento social pode 
prejudicar o comportamento e, da mesma forma, a falta de experiência precoce 
com interações sociais pode prejudicar a especialização funcional adequada e o 
desenvolvimento de estruturas neurais (PELPHREY et al., 2011). Aqui, revisamos 
as evidências de comprometimentos nas estruturas neurais envolvidas na 
cognição social e no processamento de emoções no TEA.
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CONSIDERAÇÕES
4.3.1 Processamento de emoção
 
A capacidade de indivíduos com TEA de reconhecer e entender emoções 
tem sido mais frequentemente estudada usando expressões faciais de emoções 
ou posições emocionais do corpo. Os achados de neuroimagem relacionados à 
prosódia emocional e tom de voz foram revisados anteriormente na seção de 
linguagem pragmática deste tópico. 
 
A capacidade de reconhecer emoções de expressões faciais é fundamental 
para interações sociais bem-sucedidas. A maioria dos relatos sugere que o 
reconhecimento das emoções faciais é prejudicado no TEA; no entanto, há evidências 
de que essa capacidade pode depender da capacidade intelectual (HARMS et al., 
2010). Embora alguns estudos tenham encontrado um reconhecimento básico 
de emoções intacto em indivíduos com TEA de alto funcionamento, também 
existe a possibilidade de que mecanismos compensatórios e dicas de tarefas 
que não são encontradas em situações sociais do mundo real possam beneficiar 
esses indivíduos, por exemplo, tarefas de emparelhamento nas quais rótulos 
emocionais são fornecidos (HARMS et al., 2010). 
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CONSIDERAÇÕES
Semelhante a estudos de processamento facial básico, as evidências 
de neuroimagem sugerem que indivíduos com TEA usam mecanismos 
compensatórios ou alternativos para reconhecimento de emoções faciais, como 
visto pela ativação reduzida na área fusiforme da face e na amígdala e no 
aumento da ativação no córtex cingulado anterior e precuneus (ASHWIN et al., 
2007) em relação a indivíduos com desenvolvimento típico. 
O cingulado anterior e o precuneus estão envolvidos no processamento 
cognitivo, como o monitoramento do desempenho e da atenção, apoiando a ideia 
de que o reconhecimento de emoções é um processo mais trabalhoso e baseado 
cognitivamente para indivíduos com TEA (ASHWIN et al., 2007). Também foi 
encontrada conectividade funcional reduzida entre as áreas da amígdala e do 
córtex visual durante o reconhecimento de emoções faciais no TEA (RUDIE et al., 
2011). Além disso, a atividade reduzida na área fusiforme da face e na amígdala 
ao visualizar faces, incluindo expressões emocionais, pode estar relacionada à 
fixação do olhar nas faces, de modo que o tempo gasto na fixação se correlaciona 
positivamente com a atividade da amígdala e da área fusiforme da face em 
indivíduos com TEA (DALTON et al., 2005). 
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CONSIDERAÇÕES
Como os indivíduos com TEA costumam passar menos tempo olhando para 
as faces, isso pode afetar negativamente a capacidade de desenvolver e processar 
adequadamente esses sistemas neurais envolvidos no reconhecimento de faces. 
Além disso, o reconhecimento de expressões faciais que descrevem emoções 
sociais complexas (por exemplo, culpa, inveja) representa uma dificuldade maior 
para indivíduos com TEA, incluindo indivíduos com alto funcionamento, e isso 
está associado à atividade reduzida na amígdala (BARON-COHEN et al., 1999).
 
Outras formas de comportamento não verbal, incluindo a postura corporal 
e o olhar, também podem transmitir informações comunicativas e emocionais 
importantes. Os pesquisadores sugerem que os participantes com TEA têm 
dificuldade em reconhecer posturas emocionais do corpo, e isso está associado 
à atividade reduzida na amígdala e no giro frontal inferior (GRÈZES et al., 2009). 
Outros estudos da posição emocional do corpo apoiaram o achado de atividade 
reduzida no giro frontal inferior, mas também encontraram atividade reduzida da 
ínsula (HADJIKHANI et al., 2009). Indivíduos com TEA têm dificuldade em entender 
a intenção transmitida pelo olhar, e isso está associado à modulação reduzida da 
atividade no sulco temporal superior (PELPHREY; MORRIS; MCCARTHY, 2005).
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CONSIDERAÇÕES
4.3.2 Movimento Biológico
 
A capacidade de entender e interpretar as ações dos outros é 
fundamental para o processamento social normal. De fato, os seres humanos 
podem entender muito facilmente as ações dos outros simplesmente através 
de padrões cinemáticos de luzes pontuais ligadas às principais articulações do 
corpo, denominadas de caminhantes pontuais (JOHANSSON, 1973). Com base em 
pouca informação perceptiva, podemos atribuir intenção, emoção, personalidade 
e gênero às luzes pontuais. 
Em participantes com desenvolvimento típico, a percepção dos sinais 
de movimento biológico envolve maior ativação do sulco temporal superior em 
relação ao movimento não biológico (GROSSMAN; BLAKE, 2002). Indivíduos com 
TEA têm dificuldade em reconhecer automaticamente o movimento biológico 
(BLAKE et al., 2003), e isso está associado à falta de atividade aprimorada no 
sulco temporal superior para o movimento biológico em relação ao movimento 
não biológico (CARTER; PELPHREY, 2006). 
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CONSIDERAÇÕES
4.3.3 Teoria da Mente
 
Pesquisadores há muito teorizam que um déficit central no TEA é 
um comprometimento na teoria da mente ou na capacidade de entender os 
pensamentos e crenças dos outros e de atribuir estados mentais a outros (BARON-
COHEN; LESLIE; FRITH, 1985). Múltiplas tarefas foram usadas para estudaros 
processos neurais envolvidos na teoria da mente no TEA. Alguns argumentaram 
que muitas dessas tarefas dependem muito da linguagem; portanto, outras 
tarefas não verbais foram desenvolvidas (CASTELLI et al., 2002). 
As tarefas verbais da teoria da mente geralmente envolvem histórias 
sobre os pensamentos e crenças dos outros. Um tipo comum de tarefa é uma 
tarefa de crença falsa, que exige que o participante entenda que duas pessoas 
podem ter conhecimentos diferentes de uma situação e que esse conhecimento 
pode estar incorreto e diferir do conhecimento do participante (BARON-COHEN, 
2000). Outras tarefas envolvem contos ou vinhetas que envolvem a compreensão 
de outros estados mentais (HAPPÉ, 1994). Muitas tarefas não verbais da teoria 
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CONSIDERAÇÕES
da mente dependem de desenhos animados ou animações que exigem que os 
participantes atribuam estados mentais a entidades não humanas, como formas 
geométricas (CASTELLI et al., 2002).
 
Em todos esses tipos diferentes de tarefas, os participantes com TEA 
mostram capacidade reduzida de atribuir estados mentais a outras pessoas 
(BARON-COHEN, 2000). Além disso, isso está associado à ativação reduzida 
em áreas como o córtex pré-frontal medial, sulco temporal superior e junção 
temporoparietal (CASTELLI et al., 2002). Um estudo combinado de conectividade 
estrutural e funcional encontrou redução da atividade da junção temporoparietal e 
do giro frontal inferior em participantes com TEA ao fazer atribuições intencionais, 
bem como uma integridade da substância branca reduzida no córtex temporal 
superior usando DTI (KANA et al., 2014). A conectividade funcional reduzida 
entre o sulco temporal superior e o córtex extrastrado também foi encontrada 
em indivíduos com TEA durante uma tarefa visual da teoria da mente (CASTELLI 
et al., 2002). 
Pesquisas adicionais também sugerem conectividade reduzida entre 
regiões frontais envolvidas na teoria da mente e regiões posteriores, como a 
junção temporoparietal (KANA et al., 2009). Em suma, vários estudos da teoria 
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CONSIDERAÇÕES
da mente apoiam a ideia de atividade e conectividade funcional reduzida entre 
áreas do lobo frontal, sulco temporal superior e junção temporoparietal no TEA. 
4.3.4 Hipótese do Neurônio Espelho
 
Ao tentar desenvolver uma teoria abrangente para as rupturas sociais 
e neurais no TEA, alguns têm a hipótese de que a disfunção dos neurônios-
espelho possa estar no coração do transtorno (RIZZOLATTI; FABBRI-DESTRO, 
2010). Os neurônios-espelho foram descobertos pela primeira vez em macacos 
e descobriram que disparam quando o macaco executa uma ação, bem como 
quando o macaco observa outra pessoa ou macaco executando a mesma ação 
(GALLESE et al., 1996). Pesquisas em humanos apoiaram a ideia geral de um 
sistema de neurônios-espelho, onde o mesmo cérebro envolve áreas tanto na 
observação quanto na execução de ações. As regiões cerebrais mais comumente 
encontradas com essas propriedades incluem o giro frontal inferior e o lóbulo 
parietal inferior (RIZZOLATTI; CRAIGHERO, 2004). 
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CONSIDERAÇÕES
Existem evidências de um sistema estendido de neurônios-espelho 
envolvido no processamento emocional (WICKER et al., 2003), estímulos 
somatossensoriais (KEYSERS et al., 2004) e processamento de linguagem 
(HAUK; JOHNSRUDE; PULVERMÜLLER, 2004). Como os estudos em humanos do 
sistema de neurônios-espelho baseiam-se em imagens funcionais, que não têm 
resolução para ver a atividade de neurônios individuais, é impossível saber se 
os mesmos neurônios individuais estão ativos nas condições de observação e 
execução, eles podem ser populações independentes de neurônios que estão 
localizadas em regiões semelhantes (HICKOK, 2009). Portanto, tem havido 
considerável ceticismo quanto à natureza e função do sistema de neurônios-
espelho em humanos.
 
Devido à implicação de que regiões do cérebro com propriedades de 
espelhamento respondem aos comportamentos de outras pessoas de maneira 
semelhante a ações autoexecutadas, muitos têm a hipótese de que esse 
pode ser o mecanismo usado para reconhecer, entender e empatizar com os 
comportamentos de outras pessoas (RIZZOLATTI; CRAIGHERO, 2004). Como o 
TEA é caracterizado pela dificuldade com comprometimentos sociais, incluindo 
imitação prejudicada, reconhecimento de emoções e empatia, foi levantada a 
hipótese de que a disfunção do sistema de neurônios-espelho pode contribuir 
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CONSIDERAÇÕES
para o TEA (RIZZOLATTI; FABBRI-DESTRO, 2010). Essa ideia tem algum apoio 
de estudos de ressonância magnética, por exemplo, imitação e observação 
de expressões faciais emocionais resultaram em menor ativação do giro 
frontal inferior em participantes com TEA, e essa redução na atividade foi 
significativamente correlacionada com a gravidade dos sintomas nas subescalas 
sociais do ADOS e ADI-R (DAPRETTO et al., 2006). 
No entanto, outros estudos não apoiam a noção de déficit primário no 
sistema de neurônios-espelho e sugerem que os déficits de processamento social 
e de imitação estão associados a diferenças em áreas como a amígdala, que não 
se acredita ser parte do sistema neurônio-espelho (GRÈZES et al., 2009). Em vez 
disso, as distinções claras na amígdala, giro fusiforme, sulco temporal superior e 
diferenças de conectividade global no TEA, analisadas ao longo desta Unidade, 
sugerem um déficit cortical mais amplo (DINSTEIN, 2008). No geral, há poucas 
evidências claras de ressonância magnética de uma disfunção dos neurônios-
espelho no TEA (HAMILTON, 2013). A ideia geral de um sistema de neurônios-
espelho comprometido foi recebida com resistência, e por ter sido entendido 
sobre a natureza e existência do sistema de neurônios-espelho humano, muitos 
argumentam que é prematuro usá-lo como um mecanismo explicativo do TEA 
(HAMILTON, 2013).
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CONSIDERAÇÕES
4.4 COMPORTAMENTOS REPETITIVOS 
E INTERESSES RESTRITOS
 
Caro estudante, apesar de ser um domínio central dos sintomas no 
diagnóstico do TEA, a pesquisa de neuroimagem sobre comportamentos 
repetitivos e interesses restritos (RRBs) não foi pesquisada no mesmo grau dos 
déficits na comunicação social e na linguagem (PINA-CAMACHO et al., 2012). 
A pesquisa nessa área é desafiadora, dada a probabilidade de que sintomas 
diferentes nesse domínio possam ter correlatos neurais funcionais e estruturais 
diferentes (LANGEN et al., 2011). As diferenças nos correlatos neurais entre os 
sintomas específicos estão alinhadas com outras evidências de que esses sintomas 
se agrupam menos fortemente do que os déficits sociais e de comunicação e 
variam em suas trajetórias de desenvolvimento e relacionamentos com variáveis 
de diferenças individuais, como QI (LORD; BISHOP, 2015).
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NEUROPSICOLÓGICOS 
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CONSIDERAÇÕES
4.4.1 Correlatos neurais
 
Apesar das diferenças nas descobertas específicas entre os estudos, 
um conjunto de regiões regularmente associadas aos RRBs são os gânglios da 
base (CALDERONI et al., 2014). O aumento do volumedo caudado, uma região 
envolvida no comportamento direcionado por objetivos, foi encontrado em vários 
estudos de crianças e adultos com TEA e vinculados a RRBs (LANGEN et al., 
2009). Enquanto a maioria desses estudos utilizou delineamentos transversais, 
com base nos resultados de um estudo longitudinal, Langen et al. (2009) 
sugeriram que provavelmente os sintomas de TEA estavam impulsionando o 
aumento do volume de caudado, um exemplo de comportamento modelando o 
desenvolvimento do cérebro.
 
Outra região frequentemente associada a esses sintomas em vários 
estudos é o cingulado anterior, uma região também envolvida no comportamento 
direcionado a objetivos. Por exemplo, foi encontrada uma maior ativação nessa 
região em crianças com TEA, em comparação com crianças em desenvolvimento 
típico ao visualizar imagens de interesses pessoalmente relevantes versus 
interesses não pessoalmente relevantes (CASCIO et al., 2014). Usando um 
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CONSIDERAÇÕES
paradigma de tarefa sacádica em que os indivíduos precisam alternar o olhar 
para um alvo, direcionando ou desviando do alvo, dependendo da tarefa, os 
adultos com TEA têm maior probabilidade de direcionar o olhar para o estímulo, 
independentemente da tarefa, levando a respostas corretas mais rápidas, mas 
mais erros antissacádicos, ou erros em desviar o olhar do alvo (THAKKAR et al., 
2008). Esse padrão de resposta foi estrutural e funcionalmente associado ao 
cingulado anterior. No mesmo estudo, as classificações diagnósticas dos RRBs 
realizadas na Entrevista Diagnóstica para Autismo Revisada (ADI-R) também 
foram associadas ao cingulado anterior.
 
Com base nos resultados dos estudos de imagem funcional, um grande 
conjunto de redes neurais foi identificado como relacionado à disfunção executiva 
e aos RRBs (PINA-CAMACHO et al., 2012). Essas redes incluem o sistema 
frontoestriatal, um sistema que conecta os gânglios da base a várias áreas 
frontais, incluindo o cíngulo anterior. Dada a sobreposição de correlatos neurais, 
muitos especularam como a disfunção executiva, o comportamento repetitivo 
e os interesses restritos estão relacionados. Não está claro até que ponto a 
disfunção executiva é causa, consequência ou correlato dos RRBs; no entanto, 
alguns argumentaram que, dado que os comportamentos repetitivos aparecem 
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REFERÊNCIAS
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CONSIDERAÇÕES
no início do curso de desenvolvimento do TEA, eles são mais uma causa do que 
uma consequência da disfunção executiva (LEEKAM; PRIOR; ULJAREVIC, 2011).
5 CONSIDERAÇÕES 
Caro estudante, o autismo é um distúrbio do desenvolvimento neurológico 
hereditário e ao longo da vida, com prevalência crescente. A descoberta 
neurológica mais robusta para explicar o autismo é o maior volume cerebral. O 
crescimento excessivo do cérebro e a disfunção relacionada são mais evidentes 
no córtex pré-frontal. Outros locais de crescimento regional de substância 
cinzenta e branca incluem o córtex temporal e a amígdala.
Muitas características do TEA podem ser descritas em termos de déficits 
cognitivos específicos, que juntos conspiram para dificultar a comunicação 
eficaz, o desenvolvimento e a manutenção de relações sociais. Pensa-se que 
o controle inibitório anormal (das habilidades cognitivas motoras e gerais) e 
o processamento atípico da face estejam subjacentes a essas características. 
Estes, por sua vez, podem ser parcialmente explicados pela conectividade atípica 
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CONSIDERAÇÕES
entre o lobo frontal e o estriado (incluindo os gânglios da base) e entre o córtex 
temporal e a amígdala. Outras regiões implicadas no processamento social 
incluem giro fusiforme, córtex pré-frontal medial e ínsula.
 
Os resultados dos dois estudos recentes que examinaram os mecanismos 
neurais subjacentes à resposta ao tratamento são promissores. Após o 
tratamento comportamental ou hormonal, os cérebros das crianças com TEA 
parecem "normalizar", respondendo de maneira mais semelhante à das crianças 
em desenvolvimento típico. Em ambos os casos, será interessante verificar se 
os biomarcadores permanecem normalizados em estudos de longo prazo e se os 
ganhos sociais persistem fora do laboratório. A pesquisa nessa área está de fato 
em seus estágios iniciais e esperamos um esforço maior para examinar a base 
neural da resposta ao tratamento do TEA.
A avaliação neuropsicológica e a neuroimagem são duas ferramentas 
úteis no entendimento do TEA com aplicações clínicas atuais ou futuras. A 
avaliação neuropsicológica identificou um conjunto de déficits cognitivos 
encontrados em alguns, mas não todos, indivíduos com TEA, incluindo déficits 
em aspectos do funcionamento intelectual, funcionamento executivo, memória, 
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CONSIDERAÇÕES
atenção e linguagem. A identificação desses déficits pode ser clinicamente útil, 
dada sua relação com o funcionamento adaptativo. Embora exista variabilidade 
significativa no nível individual, o padrão geral de déficits neuropsicológicos 
no TEA é distinto do de outros distúrbios do desenvolvimento neurológico. O 
padrão de déficits encontrado no TEA pode refletir um déficit mais generalizado 
no processamento de informações complexas.
Embora atualmente não seja usado como parte da prática clínica, 
espera-se que, no futuro, a neuroimagem melhore o diagnóstico do TEA e 
facilite o desenvolvimento de tratamento individualizado e biologicamente 
fundamentado. Há muito trabalho a ser feito, mas vários estudos que utilizam 
diferenças na estrutura cerebral em regiões individuais ou diferenças na 
conectividade estrutural ou funcional para distinguir entre indivíduos com ou 
sem TEA, apresentam altas taxas de precisão de classificação. 
 
Estudos funcionais de neuroimagem identificaram diferenças na ativação 
e recrutamento de regiões do cérebro para executar tarefas específicas naqueles 
com TEA em comparação com indivíduos em desenvolvimento típico. Em termos 
de processamento de linguagem, o TEA está associado ao processamento 
anormal de sons relacionados à voz, menos ativação nas regiões tradicionais 
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CONSIDERAÇÕES
de processamento de linguagem para tarefas como compreensão de sentenças 
e lateralidade reduzida do processamento da linguagem. Indivíduos com TEA 
também apresentam processamento alterado de sinais extralinguísticos, como 
prosódia e gestos.
 
O processamento neural anormal de estímulos sociais e emocionais 
foi identificado em indivíduos com TEA, mostrando ativação reduzida da área 
fusiforme da face ao visualizar faces. Essa redução na ativação da área fusiforme 
da face está relacionada à gravidade dos sintomas do TEA. Ativação reduzida 
nesta área e na amígdala tem sido demonstrada na dificuldade do reconhecimento 
de emoções faciais. A teoria da mente também é prejudicada no TEA e, no nível 
neural, os indivíduos com TEA apresentam atividade neural e conectividade 
funcional reduzida nas regiões de processamento social ao concluir as tarefas de 
teoria das mentes. 
 
Embora menos estudados e compreendidos do que a linguagem, 
comunicação e interação social, estudos de neuroimagem de comportamentos 
repetitivos e interesses restritos (RRBs) mostraram queesses sintomas 
estão relacionados a regiões envolvidas no planejamento e comportamento 
direcionado a objetivos, como os gânglios da base e o cíngulo anterior. Maior 
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CONSIDERAÇÕES
gravidade dos sintomas de RRBs está associada ao funcionamento executivo 
comprometido. Estudos de neuroimagem também mostram uma relação entre 
RRBs e funcionamento executivo.
 
Recomenda-se que, para entender a variabilidade nos achados, pesquisas 
futuras dividam indivíduos com TEA com base em fatores genéticos ou 
apresentação clínica para procurar diferenças que possam ser específicas de 
certos subgrupos com TEA. Estudos que examinam dimensões contínuas, como 
gravidade dos sintomas em vez de diagnóstico binário, também podem ser úteis, 
dada a variabilidade entre indivíduos com TEA na expressão dos sintomas. Em 
termos de prática clínica, independentemente da natureza contínua dos sintomas 
do TEA, sempre haverá a necessidade de classificação diagnóstica. Se algoritmos 
de classificação baseados na estrutura e função do cérebro forem utilizados no 
futuro, é necessário replicar descobertas anteriores em amostras novas e maiores 
e usar amostras diversas que reflitam melhor os tipos de indivíduos encontrados 
em contextos clínicos. Será importante estabelecer que os classificadores não 
apenas distinguem com sucesso aqueles com TEA daqueles com desenvolvimento 
típico, mas também que eles podem distinguir entre aqueles com TEA e aqueles 
com outros transtornos neurodesenvolvimentais ou psiquiátricos.
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NEUROPSICOLÓGICOS 
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CONSIDERAÇÕES
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4
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NEUROPSICOLÓGICOS 
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2
DO AUTISMO AO 
TRANSTORNO DO 
ESPECTRO AUTISTA
REFERÊNCIAS
1
INTRODUÇÃO
60
3
ASPECTOS 
NEUROBIOLÓGICOS 
DO AUTISMO
4
ASPECTOS 
NEUROPSICOLÓGICOS 
DO AUTISMO
5
CONSIDERAÇÕES
BARON-COHEN, S. et al. The autism-spectrum quotient (AQ): evidence from 
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https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/09297049.2013.873781?mobileUi=0&journalCode=ncny20
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/09297049.2013.873781?mobileUi=0&journalCode=ncny20
2
DO AUTISMO AO 
TRANSTORNO DO 
ESPECTRO AUTISTA
REFERÊNCIAS
1
INTRODUÇÃO
61
3
ASPECTOS 
NEUROBIOLÓGICOS 
DO AUTISMO
4
ASPECTOS 
NEUROPSICOLÓGICOS 
DO AUTISMO
5
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https://journals.sagepub.com/doi/10.1111/1467-9280.01434
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https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24816251
2
DO AUTISMO AO 
TRANSTORNO DO 
ESPECTRO AUTISTA
REFERÊNCIAS
1
INTRODUÇÃO
62
3
ASPECTOS 
NEUROBIOLÓGICOS 
DO AUTISMO
4
ASPECTOS 
NEUROPSICOLÓGICOS 
DO AUTISMO
5
CONSIDERAÇÕES
CARPENTER, M.; PENNINGTON, B. F.; ROGERS, S. J. Interrelations

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