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História da Educação dos Surdos no Brasil EDUARD HUET O Instituto Nacional de Educação (INES) foi a primeira instituição que ofereceu ensino a pessoas surdas no Brasil e teve sua fundação por iniciativa de Eduard Huet. Eduard foi um conde francês, nascido no berço de uma família nobre no ano de 1822 em Paris, que com a idade de 12 anos foi acometido pelo sarampo, e devido a complicações dessa doença ficou surdo. Apesar das dificuldades impostas por possuir essa deficiência naquela época, Huet aprendeu espanhol e ingressou no Instituto Nacional de Surdos de Paris. Sempre dedicado, aos estudos, com o tempo, conquistou a formação, e começou a atuar como docente, e após alguns anos de atuação foi nomeado como diretor do Instituto de Surdos de Bourges. Em 1855 Huet mudou-se com sua esposa Catalina para a Corte de Portugal no Brasil, com intuito de criar um instituto na qual pudesse reproduzir e aplicar as suas metodologias de ensino, para que pudesse fazer com que pessoas surdas obtivessem acesso à educação. Após poucos anos desde a sua chegada na cidade do Rio de Janeiro, foi fundado o Imperial Instituto Nacional de Surdos-Mudos. Figura 01. Retrato de Eduar Huet. Fonte: LIBRAS, De academia. Ernest Huet – O Homem Que “Inventou” a Libras. INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (INES) O Collégio Nacional para Surdos-Mudos, foi criado em meados do século XIX por iniciativa do surdo francês E. Huet que no ano de 1855 enviou à D. Pedro II um relatório apresentando a intenção de fundar uma escola para surdos no Brasil decorrente da sua experiência com a educação, tanto na função de professor, quanto no cargo de diretor do Instituto dos Surdos-Mudos de Bourges. Em 1º de janeiro de 1856, foi inaugurado, tendo como disciplinas: Língua Portuguesa, Aritmética, Geografia, História do Brasil, Escrituração Mercantil, Linguagem Articulada, Doutrina Cristã e Leitura sobre os Lábios. Disciplinas estas, elaboradas e instituídas pela proposta de ensino de Huet. A instituição a priori aceitava apenas alunos do sexo masculino, mas com o passar dos anos, começou a disponibilizar que meninas compusessem o grupo de alunos. Figura 02. Foto do INES antigamente. Fonte: LIBRAS, de academia. Ernest Huet – O Homem Que “Inventou” a Libras. Desde a sua fundação em 1856 até o ano de 2020, o INES já possuiu diversos nomes, sendo o primeiro “Collégio Nacional para Surdos-Mudos” – que mudou no ano de 1857, para “Instituto Imperial para Surdos-Mudos”, mas durou apenas um ano, tendo uma pequena mudança no ano de 1958 para “Imperial Instituto para Surdos- Mudos”. Em 1865 obteve-se uma nova alteração sendo “Imperial Instituto dos Surdos-Mudos”, que durou até o ano de 1874 na qual mudou-se para “Instituto dos Surdos-Mudos”. Foi no ano de 1957 que o instituto apresentou a mudança mais significativa em seu nome, pois substituiu a palavra MUDO pela palavra EDUCAÇÃO, influência da modernização e avanço na década de 50 nos estudos e discussões sobre os surdos no Brasil. Permanecendo até o ano de 2020 como Instituto Nacional de Educação de Surdos. O atual INES, sempre foi um centro de referência no quesito de ensino aos surdos. E atualmente tem vinculação com o Ministério da Educação, possui atividades em diversas áreas, tais como: • Informática • Prevenção à surdez • Fonoaudiologia • Cidadania • Orientação profissional • Prevenção às drogas • Orientação familiar • Libras (Língua Brasileira de Sinais) • Biblioteca infantil • Artes • Audiologia. Gerando desenvolvimento e conhecimento tanto tecnológico quanto cientifico sobre surdez. Figura 03. Foto do INES atualmente. Fonte: LIBRAS, De academia. Ernest Huet – O Homem Que “Inventou” a Libras. LIBRAS O INES recebia estudantes de todos os bairros do Rio Janeiro, de cidades vizinha, bem como de outros estados, sendo assim a LIBRAS foi sendo aprendida aos poucos pelos brasileiros, pois os surdos voltavam a seus estados de origem quando concluíam os estudos e ensinavam a outros surdos o que haviam aprendido. Outro contribuinte para a expansão da Libras foi a publicação do livro Icobographia dos Signaes dos Surdos-Murdos, tendo como autor um ex aluno do INES, José da Costa Gama. A obra foi feita na forma de desenhos litográficos com 382 estampas, compostas por imagens referentes aos sinais que foram escolhidos para compor o léxico e pelos verbetes em língua portuguesa correspondentes aos significado desses mesmos sinais. Três anos após o lançamento, no ano de 1977 foi criada a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS) através da qual os surdos passaram a reivindicar a presença da Língua de Sinais em locais públicos e em espaços educacionais. Figura 04. Imagem do Livro livro Icobographia dos Signaes dos Surdos-Murdos. Fonte: MAXWELL. PUC. RIO. Figura 05. Página do Livro livro Icobographia dos Signaes dos Surdos-Murdos. Fonte: MAXWELL. PUC. RIO. A partir das reivindicações do FENEIS houve o reconhecimento e oficialização da Língua de Sinais como meio de comunicação e expressão dos surdos brasileiros. Foi sancionada a lei 10.436, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e regulamentada pelo decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005. A lei ficou conhecida como Lei de Libras, que garante a inclusão nos sistemas educacionais público e privado, nos âmbitos estaduais, municipais e federais da educação básica ao nível superior. Figura 06. Print do site onde está disposto o decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Fonte: BRASIL, 2005. PROPOSTAS DIDÁTICAS PARA MELHORIAS NO APRENDIZADO DE SURDOS No que se diz respeito a educação, fizemos grandes progressos como pode ser visto no decorrer deste trabalho, mas ainda precisam ser implementadas diversas melhorias para que se tenha uma educação de qualidade no Brasil, principalmente na educação de alunos surdos. Ressaltando essa realidade foi realizado um estudo com alunas surdas e pode-se perceber alguns empecilhos para que a educação das mesmas pudesse ter uma boa qualidade, garantindo o aprendizado. As mesmas apresentaram os pontos negativos, e o estudo apresentou como proposta: Escrever o conteúdo no quadro ou em folha separada para entregar a todos os alunos Durante a explicação do professor os surdos precisam olhar para o intérprete, diferentemente dos estudantes ouvintes, que não necessariamente precisam olhar para o professor enquanto fazem anotações em seus respectivos cadernos. Se a explicação é apenas oral os estudantes surdos não terão registros visuais das mesmas, o que dificultará o estudo posterior. Dar tempo para os alunos copiarem Mais uma vez, enquanto o professor explica os surdos precisam olhar para o intérprete, logo não conseguem copiar o conteúdo que está registrado no quadro. Muitos professores não esperam tempo suficiente e logo apagam o quadro, o que se torna um fator desmotivador tanto para estudantes surdos quanto para ouvintes. Dar tempo para que o intérprete interprete Se as aulas fossem realizadas em uma Língua estrangeira, por exemplo, o professor falaria, esperaria a tradução ser feita e então voltaria a falar. Obviamente, quando a “tradução” (destaca- se as aspas, já que há muitas palavras que não possuem tradução do Português para a Libras e por isso têm seu sentido explicado e não traduzido. Some-se isto ao fato de a cultura surda ser bastante diferente da cultura ouvinte, e de que isto também é considerado pelo mediador, tem-se um intérprete e não um tradutor) é feita para a Língua Brasileira de Sinais, oprocesso é simultâneo em seu sentido mais preciso, porém o intérprete não leva o mesmo tempo para interpretar que o professor leva para falar. De tempos em tempos é interessante o professor olhar para o intérprete e ter a sensibilidade de dar uma pausa quando necessário, para que a explicação em Libras seja feita sem correria. Utilização de recursos visuais Imagens, modelos, objetos… Recursos relativamente simples de serem incorporados às aulas e que fazem total diferença, tanto para estudantes surdos quanto para ouvintes. Figura 07. Foto de aluno surdo em sala de aula com intérprete. Fonte: BRASIL, 2019. PANORAMA GERAL DE ALUNOS SURDOS NO ENSINO SUPERIOR Com o sancionamento da lei que dispõem o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais, e insere a Libras como disciplina obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério e a obrigatoriedade da formação do docente para o ensino da Língua Brasileira de Sinais na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, comunidade surda tem a oportunidade de diversas conquistas passam a ser asseguradas para a Comunidade de formar professores surdos e ouvintes para o ensino da Língua Brasileira de Sinais nos diferentes níveis de ensino, e profissionais para a área de tradução e interpretação em diversos contextos sociais. Nos anos de 2000 e 2006, a população de pessoas surdas no Brasil com a faixa etária de 0 a 24 anos era de 776.884, sendo que desses, 91,07% não faziam parte do sistema de ensino brasileiro. E, em relação ao ingresso de surdos no ensino superior, o índice era muito baixo: menos de 1% da população, em comparação aos 17,8% de ouvintes. Desde o sancionamento da lei ocorreu um avanço significativo em relação ao ingresso das pessoas surdas nas faculdades, obteve-se um aumento de 705% de surdos nas universidades brasileiras. Alunos como o Nilton César dos Santos Júnior que tem 25 anos e ficou surdo após estímulos sonoros inadequados aos 9 anos de idade. Mas atualmente está no ensino superior cursando fisioterapia, e já está no terceiro período. Figura 08. Foto do Nilton em uma apresentação acadêmica. Fonte: BRASIL, 2019. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Prefeitura de Santos. Libras nas escolas de Santos: inclusão da sala de aula para a vida, 2019 .Acesso em: 17 de dezembro de 2020. Disponível em: <https://www.santos.sp.gov.br/?q=noticia/libra s-nas-escolas-de-santos-inclusao-da-sala-de- aula-para-a-vida BRASIL. Presidência da República. DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005. Acesso em: 17 de dezembro de 2020. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004 -2006/2005/decreto/d5626.htm>. CESMAC. Inclusão de um aluno surdo no ensino superior foi tema de Relato de Experiência no curso de Fisioterapia do CESMAC. Acesso em: 17 de dezembro de 2020. Disponível em: <https://www.cesmac.edu.br/noticias/inclusao- de-um-aluno-surdo-no-ensino-superior-foi-tema- de-relato-de-experiencia-no-curso-de- fisioterapia-do-cesmac>. GLOBO. Inscrições de concurso do Ines para 148 vagas começam dia 15. Acesso em: 17 de dezembro de 2020. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/emprego/i nscricoes-de-concurso-do-ines-para-148-vagas- comecam-dia-15-11229110>. LEICHSENRING,Thaylis Leitzke. Educação de surdos brasileiros: de Dom Pedro II aos desafios atuais. XVIII Encontro Nacional de Ensino de Química (XVIII ENEQ) Florianópolis, SC, Brasil – 25 a 28 de julho de 2016. Acesso em: 17 de dezembro de 2020. Disponível em: <http://www.eneq2016.ufsc.br/anais/resumos/ R1932-1.pdf>. LIBRAS, De academia. Ernest Huet – O Homem Que “Inventou” a Libras. Acesso em: 17 de dezembro de 2020. Disponível em: <https://academiadelibras.com/blog/ernest- huet/>. MAXWELL. PUC. RIO. Acesso em: 17 de dezembro de 2020. Disponível em: <https://www.maxwell.vrac.puc- rio.br/13970/13970_7.PDF>. ROCHA, Solange Maria da Rocha. História do INES. Acesso em: 17 de dezembro de 2020. Disponível em: <http://jornaldosurdo.comunidades.net/fundac ao-do-ines>.
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