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____________________________________________________________ ¹ Acadêmica de Direito pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA ² Acadêmica de Direito pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA ³ Acadêmica de Direito pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA 4 Acadêmica de Direito pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA 5Acadêmica de Direito pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA RESPONSABILIDADE PENAL NOS TRANSTORNOS MENTAIS: A INIMPUTABILIDADE E SEUS REFLEXOS Ana Karolina Nogueira Portela¹ Elane Aguiar Costa² Lara Leite Fernandes³ Regina Carla Gonçalves de Azevedo4 Thais Cristina Freitas5 RESUMO A inimputabilidade é uma das questões mais discutidas no direito penal, tendo em vista que ela é capaz de responsabilizar ou não um indivíduo por um crime segundo a sua capacidade. O presente artigo tem o propósito de esclarecer as características que esse tipo de pessoa possui, bem como as dificuldades sofridas na execução penal desses tipos de caso. As metodologias utilizadas foram as pesquisas bibliográficas, o uso da letra da lei e de dados processuais, bem como a pesquisa em matérias jornalísticas e textos acadêmicos já publicados. Diante disso, foi possível obter dados e esclarecimentos de como evoluiu o sistema penal brasileiro no tratamento das pessoas com transtorno mental, bem como esclarecer a maneira que são impostas as medidas de segurança para os inimputáveis e as falhas que problematizam a situação. Portanto, foi possível expor as dificuldades e os desafios que os inimputáveis sofrem e de como o direito penal, em alguns casos,é falho na execução de seu papel e no tratamento adequado para com os inimputáveis. Palavras-chave:Direito Penal. Inimputabilidade. Psicopatologia.Tratamento adequado. ABSTRACT Unimputability it’s one of the most discussed issues in criminal law, given that it is able to charge or not an individual for a crime according to his ability. This article has 2 the purpose of clarifying the characteristics that this type of person has, as well as the difficulties suffered in the criminal execution of these types of case. The methodologies used were bibliographic research, the use of the letter of the law and procedural data, as well as the research in journalistic articles and academic texts already published. Therefore, it was possible to obtain data and clarifications on how the Brazilian penal system evolved in the treatment of people with mental disorders, as well as clarify the way in which security measures occur for the unimputable and the failures that problematize the situation. Therefore, it was possible to trace the difficulties and challenges that the unimputable suffer and how criminal law, in some cases, is flawed in the execution of it’s role and in the appropriate treatment of the unaccountable. Key words: Criminal Law. Unimputability. Psychopathology. Adequate treatment. 1 INTRODUÇÃO É de conhecimento geral que, no presente ordenamento brasileiro, a análise do caso concreto é fundamental para estabelecer se determinada conduta compõe um fato típico, antijurídico e culpável. No presente artigo, será feita uma análise de um dos elementos que excluem a culpabilidade: a inimputabilidade, bem com sua definição, seus desdobramentos, suas consequências e como esta é e deve ser tratada pelo sistema penal. No que tange à inimputabilidade e suas peculiaridades dentro do Direito Penal, a pesquisa objetiva analisar os elementos que assumem o papel imprescindível no exercício da aplicação legislativa, certificando a responsabilidade penal para com os indivíduos que apresentam transtornos mentais diagnosticados, bem como perturbações na saúde mental. De tal modo, cabe investigar o vínculo que se forma entre as ciências jurídicas e a psicopatologia, uma vez que para fins de aplicação penal justa nos casos concretos em que se observa a necessária exclusão de culpabilidade, faz-se presente, de maneira fundamental, a atuação de profissionais da psiquiatria e da psicologia. Desse modo, será possível analisar como atua o direito penal diante de atos cometidos por inimputáveis de maneira minuciosa, analisando como o sistema se comporta desde o reconhecimento desse tipo de réu, até a execução da sentença imposta. O estudo nesse artigo visa mostrar como os portadores de transtornos mentais são e devem ser tratados pelo direito penal quando cometem um ato reprovável, ressaltando alguns casos em que esse procedimento não é realizado da maneira mais adequada, fato que pode ocasionar, em alguns casos, na aplicação de medidas inadequadas para indivíduos sem domínio de suas faculdades mentais. Imperioso destacar que portadores de psicopatologias não devem cumprir sentenças de encarceramento comuns como ocorre com os penalmente imputáveis, 3 pois essa forma de punição está desacordo com as necessidades básicas desses indivíduos e com o próprio código penal, ocasionando uma violação aos seus direitos fundamentais. 2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PSIQUIATRIA NO BRASIL E OS INIMPUTÁVEIS Desde a origem das civilizações, o comportamento da sociedade é objeto de observações e estudos e assim, é possível identificar os processos de mudança em geral em tal comportamento. A figura da pessoa que sofre com transtornos mentais já passou por diversos olhares com o passar do tempo, inclusive no Brasil, chegando a sofrer com as mais diversas formas de maus tratos e preconceito até que sua real condição começasse a ser estudada e compreendida. Entre meados do século XVI no Brasil, a loucura não causava incômodo e fazia parte do cotidiano social e assim continuou até a chegada do século XIX (BATISTA, 2014). Tendo início o século XIX e um grande processo de urbanização e mudanças sociais e políticas, surge então um processo de “higienização social” com o intuito de retirar essas pessoas que se tornaram indesejáveis à sociedade, sendo consideradas perturbadoras para a paz social. As elites letradas referiam-se às imundícies físicas e morais, estas relacionadas às várias personagens urbanas, como “leprosos, loucos, prostitutas, mendigos, vadios, crianças abandonadas, alcoólatras”. Foi nessa situação que surgiu, segundo Machado, Loureiro, Luz e Muricy (1978), a Medicina social, mais preocupada com a saúde do que com a doença, com a prevenção do que com a cura, pautando-se nos ideais de normalização e higienização social, com vistas à eliminação da desordem e dos desvios, sendo proposta, nesse sentido, a higienização de hospitais, cemitérios, quartéis, bordéis, prisões, fábricas e escolas (ANTUNES, 2012, p. 50). Sendo assim, os “loucos” foram retirados do contexto social e foram adotadas ideias e práticas excludentes e segregantes apoiadas pela maioria dos profissionais da área da saúde. Uma das primeiras personalidades brasileiras a questionar e posicionar-se contra esses métodos, dentre eles o castigo físico, foi o médico baiano Abílio Cesar Borges, conhecido como Barão de Macahubas (ANTUNES, 2012, p. 52). Consequentemente, depois de reivindicações, aos poucos estas pessoas em sofrimento mental passaram a ser retiradas das prisões públicas e porões das Santas Casas de Misericórdia e passaram a receber um novo local de tratamento. Portanto, o Hospício de Pedro II foi fundado por decreto imperial em 1841 (BATISTA, 2014, p. 396). Apesar da mudança de ambiente, o novo modelo não apresentou muitas mudanças de imediato, a forma de tratamento e desumanização persistiram, tendo em vista que os mesmos continuaram isolados e sendo submetidos à superlotação, falta de higiene e terapias tortuosas. A jornalista Daniela Arbex pesquisou e 4 documentou, em seu livro “Holocausto Brasileiro: vida, genocídio e 60 mil mortos no maior hospício do Brasil”, relatos sobre a realidade cruel de um hospício brasileiro, o Hospital Colônia de Barbacena, fundado em 1903. Destarte, essamodalidade dos hospícios se manteve por um prolongado período, mesmo que ao longo do tempo tenha sofrido alterações, de acordo com o crescimento e a disseminação dos saberes psicológicos no país e no mundo. Por conseguinte, o surgimento desses ideais foram construindo um cenário propício à inserção da reforma psiquiátrica, que traz uma possibilidade de pôr novas lentes sob o cuidado com o indivíduo em sofrimento psíquico além do isolamento manicomial, buscando uma visão mais humana para com essas pessoas, em um processo denominado desinstitucionalização. No Brasil, tal movimento só chegou a ganhar forças pela década de 80, apesar de já existirem debates de profissionais sobre o assunto anteriormente. No Brasil, em 1978, o Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental, ligado ao movimento de Reforma Sanitária, provocaria a derrocada da denominada “indústria da loucura”, numa época em que os hospitais privados se multiplicavam pelo país e, com eles, a precariedade nos serviços prestados à população (Fonte, 2011). A discussão da desinstitucionalização entra no meio acadêmico-intelectual. Já no final da década de 1980, articulados e influenciados pelo pensamento de Basaglia, técnicos de saúde, acadêmicos, militantes sociais e organizações comunitárias conseguem provocar o fechamento de alguns manicômios e a abertura dos primeiros Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Vários desses atores dão origem ao Movimento da Luta Antimanicomial, uma ação coletiva em prol de “uma sociedade sem manicômios” (BATISTA, 2014, p. 400). Conforme o Movimento da Luta Antimanicomial crescia no Brasil e já se consolidava em outros países, como França e Itália, um marco histórico facilita a solidificação desse sistema no país, ocorrido na Conferência Regional para a Reestruturação da Assistência Psiquiátrica, realizada em Caracas, em 1990. Ficando conhecido como “Declaração de Caracas” o documento que oficializa o compromisso dos países latino-americanos de reestruturar e descentralizar o sistema de assistência psiquiátrica e “salvaguardar os direitos civis, a dignidade pessoal, os direitos humanos dos usuários e propiciar a sua permanência em seu meio comunitário” (HIRDES, 2009). Então a partir de tal oficialização o arquétipo de assistência que é conhecido em dias atuais foi sendo modelado, como por exemplo com a inserção de “ [...] redes de atenção à saúde mental, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), leitos psiquiátricos em hospitais gerais, oficinas terapêuticas, residências terapêuticas, respeitando-se as particularidades e necessidades de cada local.” (HIRDES, 2009). Logo, no dia 06 de abril de 2001 é sancionada a Lei n° 10.216, também conhecida como Lei Paulo Delgado, que redireciona juridicamente o modelo assistencial psiquiátrico e consolida direitos da pessoa portadora de transtorno mental. Assim, o Brasil, paulatinamente, passava a investir oficialmente em uma reforma no setor responsável pelo cuidado com a saúde mental. Pode-se observar que a prática mais adotada para efetuar a desinstitucionalização foi a de distribuição 5 de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) por todo país, mas é necessário que o cuidado com essa temática vá além disso. Apesar de ser inegável a evolução positiva quanto aos direitos e deveres como cidadão da pessoa em sofrimento psíquico, faz-se mister o aprimoramento constante desse sistema, é necessário compreender que “A reforma, portanto, não pode ser entendida apenas como a melhora e a humanização dos serviços, mas sobretudo como uma mudança no discurso científico, em especial na noção do que é a doença mental.” (BATISTA, 2014, p. 401). Assim como todos, os portadores de transtornos mentais também estão sujeitos ao nosso ordenamento jurídico, estando sujeitos também a respeitá-lo ou não. Logicamente, o ordenamento jurídico dispõe de mecanismos para evitar que seja desrespeitado ou punir quem o tenha feito. Mas para um processo justo, o Direito Penal conta com diversos conceitos a serem analisados, dentre eles a imputabilidade. Masson (2013, p. 468) conceitua imputabilidade como “[...] a capacidade mental, inerente ao ser humano de, ao tempo da ação ou da omissão, entender o caráter ilícito do fato e de determinar- se de acordo com esse entendimento.” Assim, dependendo de dois elementos, intelectivo e volitivo. Sendo aquele o perfeito estado de saúde mental e integridade biopsíquica que permita o entendimento, e este o domínio da vontade e a capacidade do agente de controlar suas ações. Sem a presença de algum desses elementos, o indivíduo deve ser tratado como inimputável. O Código Penal discorre sobre os casos de inimputabilidade penal nos art. 26, caput, art. 27 e art. 28, § 1°. Existe também a possibilidade de aplicação de medidas de segurança especiais para esses indivíduos regulamentadas pelo art. 97/CP. No caso, os inimputáveis por doença mental, sendo esta permanente ou transitória e interpretada em sentido amplo (MASSON, 2013, p. 472), são definidos pelo art. 26/CP que define: “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- se de acordo com esse entendimento.” Conclui-se então que as pessoas em sofrimentos psíquicos são abrangidas e asseguradas por esse artigo. O Código Penal, no artigo citado acima, ao adotar um sistema biopsicológico faz com que seja necessária uma comprovação formal do transtorno mental, salvo nos casos de menoridade, utilizando-se da perícia médica para avaliação do critério biológico e do juiz para a análise psicológica, consequentemente a causa e o efeito do fato ilícito (MASSON, 2013, p. 476). Porém, é necessário olhar quais partes da lei realmente concretizam-se, o que acontece cotidianamente com essas pessoas dentro do sistema penal brasileiro e como esse cenário pode acabar por prejudicar mais ainda a condição mental dos portadores de doença mental. Em virtude disso, o referido artigo compromete-se a abordar e elucidar a realidade dessas pessoas e a responsabilidade do Direito Penal para com as mesmas. 3 DIREITO PENAL E OS INIMPUTÁVEIS 6 No âmbito da legislação penal brasileira, a teoria do crime é responsável por trazer a compreensão de o que seria o crime, uma vez que não se tem uma definição específica para tal conceito. De tal maneira, tem-se o aspecto formal, o material, o social e o analítico para entender em que consiste o crime e poder distingui-lo das contravenções penais. Majoritariamente, a doutrina atual adota o aspecto analítico para analisar o ato infracional delituoso, de modo que a compreensão se dá através da separação de elementos constituintes para que um ato se configure como um crime. De acordo com esse aspecto, “[...] para que se possa falar em crime é preciso que o agente tenha praticado uma ação típica, ilícita e culpável.” (GRECO, 2013, p. 144). Uma ação típica, ou seja, um fato típico, é formado por quatro elementos, a saber: a conduta (dolosa ou culposa), o resultado, o nexo de causalidade e a tipicidade. A ilicitude do crime configura-se como a tendência antijurídica do comportamento do agente para com o ordenamento jurídico. Por fim, o último elemento necessário para a concretização de um crime é a culpabilidade, como sendo “[...] o juízo de reprovação pessoal que se faz sobre a conduta ilícita do agente.” (ibidem, p. 145) Um dos fatores determinantes da culpabilidade, a saber, a imputabilidade, traz consigo um critério que impossibilita a atribuição do fato típico e ilícito ao agente que o provocou, como uma exceção à regra: a inimputabilidade. De acordo com o artigo 26 do Código Penal, os inimputáveis são aqueles que ainda não atingiram a maioridade penal, aqueles que se encontram em estado de embriaguez completa e aqueles que apresentam algumadoença mental diagnosticada ou desenvolvimento mental retardado ou incompleto ao tempo em que foi cometido o ato ilícito. Os indivíduos inimputáveis por critérios biopsicológicos não podem responder pelo que fizeram porque no momento em que cometeram o ato não estavam em condições de entender a gravidade e as consequências que seriam acarretadas. Nessa lógica, a inimputabilidade, para ser reconhecida, exige a presença dos requisitos causal (doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado), cronológico (ao tempo da ação ou da omissão) e consequencial (inteira incapacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com ele). (MALCHER, 2019) Assim sendo, tais indivíduos são excluídos da capacidade de culpa, ficando sujeitos às medidas de segurança que devem ser estabelecidas com aval jurídico para se alcançar o tratamento, a prevenção e a possível reintegração social. Afirmar que um indivíduo tem capacidade de ser responsabilizado pela infração típica cometida é assegurar que havia um discernimento sobre a natureza e as consequências do comportamento. No entanto, os indivíduos que apresentam transtorno mental não conseguem estar em condições mentais que configure uma consciência totalmente sã durante a prática um ato infracional voluntário, fazendo com que seja injusto que um indivíduo em tais condições vulneráveis seja julgado penalmente da mesma maneira que as pessoas de sanidade mental completa. A 7 psicopatologia é o ramo da ciência que trata da natureza essencial das doenças ou transtornos mentais, definindo quais são suas causas, quais as mudanças estruturais e funcionais associadas a elas, bem como as suas formas de manifestação (CAMPBELL, 1986 apud DALGALARRONDO, 2019). Acerca disso, percebe-se que o campo da natureza do critério da inimputabilidade por doença mental está intrinsecamente associada ao âmbito da psicologia e da psiquiatria, de tal modo que os indivíduos que são diagnosticados com algum transtorno ao tempo em que cometeram determinado ato delituoso devem ser tratados através de medidas específicas condizentes com seus estados de saúde mental. Dentro do campo da inimputabilidade há também determinadas restrições acerca da gravidade da situação de vulnerabilidade e do nível de sofrimento mental da pessoa. De acordo com o parágrafo único do art. 26 do Código Penal, A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (BRASIL, 1940) Assim, pode-se perceber a diferenciação que a legislação penal faz diante do grau de sofrimento psicológico em que um indivíduo se encontra. Quando se tem o diagnóstico de uma doença ou de um transtorno mental, há a absolvição completa, uma vez que o indivíduo era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato típico ou de estabelecer-se de acordo com esse entendimento (GRECO, 2013, p. 389). Entretanto, o diagnóstico psicológico também pode apontar para perturbações na saúde mental, que não absolvem totalmente o indivíduo da penalização, pois tais condições não são capazes de retirar do agente a capacidade total de entender a gravidade da situação delituosa. Desse modo, o agente em situação de alguma perturbação mental no período em que cometeu infração pode ter a sua pena reduzida de um a dois terços, mas mantém uma capacidade de atribuir-se a culpa mesmo que de forma reduzida. Vale ressaltar a importância da atividade de profissionais especialistas na área de atuação da saúde mental, a fim de que não haja erro nos diagnósticos, por causa das linhas tênues de peculiaridades que permeiam a mente humana. A necessidade de vincular o campo do Direito Penal com as ciências psicopatológicas mostra-se notória ao fato de que muitos erros judiciais acontecem por falta de experiência e de conhecimento sobre a natureza da saúde mental dos infratores por parte dos operadores do Direito. A confusão entre os conceitos de doenças mentais, de transtornos mentais, de anomalias advindas de desenvolvimento mental retardado e de desvios de personalidade, os quais apresentam diferentes origens, tais como biológica, biopsicossocial, psicossocial etc, acarretam vários episódios de prejuízo para com o réu (MARCHEL, 2019). Cabe, de maneira imprescindível, que se tenha uma análise diagnóstica adequada a fim de não cometer injustiças no âmbito penal, uma vez que o Estado é responsável por assegurar a saúde e a vida de todos os indivíduos de maneira igualitária, de acordo com as necessidades especiais em que cada um se encontra. É fundamental a 8 aplicação do que se prevê no art. 41 do Código Penal, assegurando, assim, o recolhimento das pessoas em situação de doença mental em hospitais de custódia para tratamento psiquiátrico e psicológico. Até mesmo os semi-inimputáveis devem ser tratados de acordo com suas necessidades psicológicas dentro do ambiente em que se encontram reclusos de liberdade. A atenção necessária dentro da legislação penal para os inimputáveis por doença mental faz-se presente desde o Código Criminal do Império do Brasil, trazendo no texto de seu artigo 10 e salientando no seu segundo parágrafo que não se julgarão como criminosos “os loucos de todo gênero, salvo se tiverem lúcidos intervalos e neles cometerem o crime” (BRASIL, 1830). No entanto, nesse período histórico os cuidados necessários com tais indivíduos eram precários, de modo que não tinham ainda atenção e assistência adequada para serem tratados. O primeiro Código Penal da República também trouxe a pauta da inimputabilidade por condição mental abalada, salientando em seus artigos 27 e 29 quais os traços para a adequação em tais condições e para onde os indivíduos isentos de culpabilidade deveriam ser encaminhados após a determinação jurídica e o diagnóstico psiquiátrico. Entretanto, até determinado momento, a legislação penal trazia como conceituação da inimputabilidade por doença mental uma atribuição muito ampla, de modo que muitos indivíduos com simples perturbações na saúde mental acabavam totalmente isentos de atribuição da culpa, por englobar qualquer abalo psíquico como uma doença mental. Ademais, com o passar dos anos e com vários projetos para modificar o Código e adequá-lo principalmente aos avanços dos entendimentos e conhecimentos acerca da natureza biopsicológica dos comportamentos e dos estados mentais. Acerca disso, o decreto-lei n° 2.848 de 1940 traz em seu art. 22 e em seu parágrafo único considerações pertinentes sobre o tratamento jurídico aos indivíduos que apresentam doenças mentais ou perturbações na saúde psicológica. Assim, para o Código de 1940, as “causas biológicas são as únicas capazes de suprimir a capacidade de entendimento e determinação, quando deixa de existir a responsabilidade” (HUNGRIA; FRAGOSO apud PERES; FILHO, 2002). Dessa forma, com o desenvolvimento e aperfeiçoamento da legislação penal, a atenção e o estudo sobre a inimputabilidade que isenta de culpa as pessoas com transtornos mentais diagnosticados também se moldou de acordo com os avanços dos estudos psicopatológicos. É necessário que os operadores do Direito apliquem de maneira adequada, em conjunto com especialistas das áreas de saúde mental, o que está previsto na lei, bem como é de fundamental importância dar assistência e encaminhar às medidas de tratamento oferecidas pelo próprio Estado, órgão responsável por preservar tanto a segurança social, como também a segurança e a vida individual, independente das circunstâncias em que o indivíduo se encontre. 4 O ENCARCERAMENTO DOS INIMPUTÁVEIS A Organização Mundial da Saúde (OMS), através da Classificação Internacional das Doenças (CID), que é o registro estatístico que reúne e organiza as mais diversas doenças e sintomas conhecidos pelo homem em gruposou 9 categorias, reúne quase uma centena de doenças e transtornos mentais. O Código Penal, por sua vez, trata dos casos de inimputabilidade penal por doença mental, nos termos do artigo 26, prevendo que o doente mental ou ainda o portador de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, que ao tempo da conduta delituosa não possuía condição alguma de compreender as consequências de seus atos ou caráter ilícito daquela conduta, seja isento de pena. Pena e Medida de Segurança são sanções penais, porém, muito distintas e com clientela muito mais diferenciada do que se possa perceber pelo senso comum. A pena tem caráter repressivo e seu fundamento é a culpabilidade do agente, isso pressupõe a capacidade para o direito penal do sujeito que praticou o injusto. A medida de segurança, apresenta em sua essência o caráter preventivo, visando o tratamento do agente acometido por doença mental. Os inimputáveis, em cumprimento de Medida de Segurança, são considerados como insanos perante a sociedade e ainda, cometeram um ilícito penal que por si só, já os colocaria à margem social. Mesmo com os avanços para a determinação das capacidades e incapacidades com critérios mais objetivos e taxativos, pouco se vê, na prática, respeito aos direitos daqueles que são marginalizados socialmente, sobretudo para os considerados inimputáveis no Direito Penal. A Lei nº 7.209, de 1984, alterou alguns dispositivos do Código Penal de 1940, entre eles o regime das medidas de segurança, estabelecendo como regra, a internação em hospital de custódia e tratamento, mas abriu a possibilidade de sujeição do agente apenas a tratamento ambulatorial para os fatos previstos como crimes sujeitos a detenção, e não a reclusão, explícitos nos artigos 96 e 97 (BRASIL, 1984). A referida lei estabeleceu como direito do internado o seu recolhimento a estabelecimento dotado de características hospitalares e a sua submissão a tratamento. Quanto a isso, cabe a crítica feita por Cezar Roberto Bitencourt: Essa espécie também é chamada de medida detentiva [...] A nova terminologia adotada pela reforma não alterou em nada as condições dos deficientes manicômios judiciários, já que nenhum Estado brasileiro construiu os novos estabelecimentos. (Bitencourt, 2017, p.895) A construção dos Manicômios Judiciários, hoje chamados de Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, demarca o lugar conferido ao indivíduo portador de transtorno mental e infrator, que fica duplamente à margem da sociedade, tanto por sua violação ao Código Penal, quanto por sua violação à ordem moral. Isto porque homens e mulheres são mandados para tratamentos dos seus transtornos mentais até que acabe sua periculosidade, mas a maioria dos casos é de transtorno crônico, não há fim da doença. Percebe-se assim, que os pacientes acabam permanecendo nas instituições por longos anos, de fato internados, e nem sempre recebendo tratamento terapêutico adequado. Apesar de leis que explicitam as instituições em que essas pessoas devem ser encaminhadas para cumprimento de internação, a reclusão 10 desses indivíduos a lugares inadequados e de constante violência, ainda se mantém em costume. Há um senso comum que a pessoa com transtorno mental que cometeu algum crime (o chamado louco infrator) deve cumprir a sua condenação, de preferência longe da sociedade, passando toda a vida num manicômio judiciário. Este pensamento, no entanto, é equivocado. O louco infrator não é um condenado da justiça, como as pessoas que cumprem penas nas penitenciárias. Na realidade, a sentença proferida pelo juiz foi de absolvição. Ou seja, a pessoa que cometeu o crime é considerada inocente por causa da sua incapacidade de compreender a gravidade ou ilegalidade do ato que cometeu. A antropóloga Débora Diniz ao realizar o primeiro mapeamento dos doentes mentais em custódia, através do Censo 2011, concluiu que a periculosidade não é elemento intrínseco do doente mental, como menciona o trecho a seguir transcrito: Não há evidências científicas na literatura internacional que sustentem a periculosidade de um indivíduo como uma condição vinculada à classificação psiquiátrica para o sofrimento mental. Periculosidade é um dispositivo de poder e de controle dos indivíduos, um conceito em permanente disputa entre os saberes penais e psiquiátricos. É em torno desse dispositivo, no meu entender antes moral que orgânico ou penal, que o principal resultado do censo se anuncia. Diagnóstico psiquiátrico e tipo de infração penal não andam juntos: indivíduos com diferentes diagnósticos cometem as mesmas infrações. (Diniz, 2013) Sobre o reconhecimento do requisito da periculosidade pelo incidente de insanidade mental, Salo de Carvalho faz os seguintes apontamentos: O reconhecimento do estado de periculosidade produz significativos efeitos sancionatórios. Em razão de a periculosidade ser entendida como um estado ou atributo natural do sujeito – o indivíduo carrega consigo uma potência delitiva que a qualquer momento pode se concretizar em um ato lesivo contra si ou contra terceiros -, a resposta estatal não pode ser determinada ex ante. (Carvalho, 2015, p. 502) Com o exposto, podemos entender a periculosidade como uma espécie de juízo futuro e incerto sobre as condutas dessas pessoas tidas como criminosas e perigosas, e compreende-se a necessidade da individualização da pena para uma aplicação correta desta ou da medida de segurança, o que pode ser considerado um elemento que evitaria o encarceramento inadequado dos inimputáveis por doença mental, tornando-os únicos e distintos dos demais infratores. O problema que pode ser observado, é que a medida de segurança tem em seu núcleo a periculosidade do agente, e é essa periculosidade que sustenta a promoção de um controle social, que se utiliza do Direito Penal para punir os atos futuros do inimputável por doença mental e legitima sua segregação. No entanto, parece fundamental que as respostas jurídicas ao delito punível, encontrem 11 correspondências mais específicas ao utilizar-se do discurso de prevenção e de mecanismos disciplinadores. Obviamente, mesmo com toda sua tecnicidade na aplicação destes mecanismos, é necessário ainda, por coerência legal e humanidade, manter o inimputável separado do preso provisório, e, mais acertadamente do apenado. Segundo Diniz: Tão significativos quanto a desconstrução do estigma de que a loucura seria violenta por uma expressão essencial do indivíduo são os dados que mostram a estrutura inercial do modelo penal-psiquiátrico do asilamento. (Diniz, 2013, p 16) Assim, é inegável que haja a atenção necessária vinda dos órgãos competentes, que assegurem os direitos das pessoas com transtorno mental, principalmente as que cometeram algum crime. Proporcionar-lhes um tratamento apenas punitivo, submetendo-as a um encarceramento que lhes nega um tratamento de saúde adequado, é uma situação que precisa ser revista e trabalhada, pois essas pessoas são consideradas inimputáveis e, portanto, inocentes. 5 ADRIANO AMARO GERALDO: UM ESTUDO DE CASO Conforme já foi explanado no presente artigo, as pessoas com diagnóstico de transtorno mental são tuteladas de forma especial pelo Direito Penal. Entretanto, esse procedimento, em alguns casos, não é cumprido da maneira mais adequada, prova-se isso através da análise do caso de Adriano Amaro Geraldo. Adriano Amaro Geraldo, de 44 anos, em novembro de 2001, foi acusado de atentado violento ao pudor, hoje chamado de crime de estupro, contra uma criança de 8 (oito) anos de idade, situação na qual a criança foi segurada pelo pescoço enquanto Adriano esfregava nela seu órgão genital, conforme consta nos autos do processo nº 9209212-64.2007.8.26.0000. O ato em questão ocorreu enquanto Adriano brincava de esconde-esconde no quintal de sua vizinha com a vítima, mas no momento em que percebeu que um vizinho observava a cena, soltou a criançae fugiu do local. Após apurações, constatou-se através de testemunhas, provas periciais e exames médicos (conforme consta em laudo pericial de fls. 43/46 do apenso em Apelação Criminal nº 9209212- 64.2007.8.26.0000) que Adriano é possuidor de retardo mental e “instintos libidinosos exacerbados e sem autocontrole (sic) eficiente” (fls. 46 do apenso). Gilberto Geraldo, pai de Adriano, afirmou em entrevista para a “Ponte Jornalismo” e “Rede TVT” que o filho possui encefalopatia crônica, deficiência mental diagnosticada, que causa retardamento mental, possuindo idade mental de aproximadamente 6 anos, inclusive sempre foi visto pelos vizinhos brincando com as crianças da rua, e tratado como tal por sua família e amigos. 12 Devido aos fatos supracitados, não tardou para que fosse concedida sua absolvição imprópria, tendo em vista seu enquadramento na classificação de inimputável, presente no texto do art. 26 do Código Penal. Portanto, foi imposta a aplicação de uma medida de segurança de internação no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) com tempo de tratamento de, no mínimo, 1 ano. Entretanto, a execução da referida sentença acaba por não seguir as medidas impostas. Adriano Amaro foi levado no dia 6 de agosto de 2018 para o 1º Distrito Policial de São Bernardo do Campo, onde foi mantido durante uma semana, após isso, foi transferido para Ala Especial do Centro de Detenção Provisória de Pinheiros (CDP), permanecendo sem previsão de saída, onde dividia um pequeno espaço com outros detentos numa área sem estrutura para atender adequadamente suas demandas, tendo em vista seu transtorno mental. A família, indignada com a situação em que Adriano se encontrava, buscou equipes de jornalismo para levar a público o que estava ocorrendo. Na matéria produzida pela Rede TVT, é possível observar a situação delicada em que Adriano se encontrava, visto que este necessita do auxílio de seu pai, Gilberto, para executar diversas ações cotidianas e necessidades básicas. Em alguns casos, além de contar com ajuda dos detentos para alimentar e acalmar Adriano, Gilberto chegou a dormir na delegacia do lado de fora da cela para poder auxiliar o filho a se alimentar, tomar banho e se vestir. O advogado de Adriano, Rafael Lacerda, entrou com o pedido de habeas corpus (processo nº 2207820-28.2018.8.26.0000) para concessão do alvará de soltura para tratamento ambulatorial em casa ou transferência para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, entretanto, o juiz da 5ª Vara de Execuções Criminais da comarca de São Paulo não concedeu o pedido, afirmando que, apesar do recolhimento no CDP, Adriano se encontrava em ala especial e adequada, recebendo os devidos tratamentos com equipe multidisciplinar adequada, enquanto aguardava uma vaga no HCTP, sendo esta uma situação estritamente provisória, não caracterizando constrangimento ilegal, além disso, também alegou que o processo já havia transitado em julgado, não cabendo mais pedido de habeas corpus, em regra. Entretanto, apesar da provável inexistência de ilegalidade no trâmite, percebe-se uma inobservância de sensibilidade da decisão judicial frente ao caso concreto, fato que estimulou a família de Adriano a dar visibilidade ao caso através da mídia. Jefferson Amaro Geraldo, irmão de Adriano, relatou em entrevista: “O Adriano emagreceu, só chora lá. São os presos que dão força para ele, a parte dos carcerários nunca foram lá vê-lo, mas falam que vai. E tem médico que assina, mas o preso que cuida disso falou que nunca chamaram meu irmão”. Além disso, também afirma que até o funcionário responsável pela ala especial lamenta a situação de Adriano, visto que este não recebe nenhuma assistência médica e psiquiátrica adequada. Por fim, o Ministério Público interveio com um pedido no TJSP que ocasionou na soltura condicional de Adriano no dia 28 de novembro de 2018, que após ser comprovada sua ausência de violência e periculosidade por meio de novas perícias, deverá ser tratado em casa através de acompanhamentos do CAPS e comprovar 13 exercício de ocupação lícita ou comprovar a impossibilidade para fazê-lo, atestando sempre a eficácia de seu tratamento. Com isso, percebe-se que a maneira de tratar o inimputável foi inadequada, visto que o encarceramento em presídios não é a medida adequada para o indivíduo que não possui capacidade de compreender a gravidade de seus atos. Na situação em que Adriano se encontrava, seria adequado que ele recebesse o devido suporte médico em local apropriado, tendo em vista sua condição. Na teoria, afirmou-se que o CDP estava suprindo as necessidades básicas de Adriano e que a medida de segurança estava sendo devidamente cumprida, entretanto, deve-se levar em consideração a análise da situação prática. No caso em questão, há relatos da família do réu e de alguns funcionários que afirmam as condições inadequadas que o sentenciado se encontrava, fato que ocasionou na intervenção do Ministério Público, ato que por si só já comprova que Adriano estava recebendo uma punição inadequada. Os inimputáveis devem ser tratados adequadamente em qualquer situação e a justiça deve ofertar de imediato a medida imposta para o réu, visto que sem esta não é possível a realização do tratamento adequado e o cumprimento da medida de segurança imposta para a sua reinclusão social. A situação em que o réu portador de transtorno mental se encontrava no momento em que foi colocado em um ambiente inadequado para o seu tratamento, é a realidade vivenciada por muitos brasileiros que cometem um ato socialmente reprovável e que, por mais que tenham sua inimputabilidade comprovada, ainda são submetidos à situações degradantes de um presídio comum e não têm a execução adequada da sentença proferida. O jornal O Globo, em 2012, realizou um levantamento junto às secretarias de administração penitenciária e ao sistema judiciário para apurar qual a situação em que se encontravam os detentos que possuíam transtornos psiquiátricos. Os dados revelados foram que no país, havia pelo menos 800 réus inimputáveis absolvidos que ainda cumpriam pena em presídios comuns, em muitos casos dividindo celas com detentos. Com isso, pode-se ressaltar que a situação vivida por Adriano, não é um caso pontual, mas uma falha presente na realidade do sistema penal que merece a devida atenção para que casos como esse não se tornem recorrentes na sociedade. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em virtude dos fatos estudados, foi possível realizar uma análise temporal de como o tratamento para com as pessoas com transtornos psíquicos evoluiu no decorrer das mudanças nas técnicas de tratamento e com as alterações que ocorreram no ordenamento jurídico brasileiro, tendo hoje uma maneira muito mais adequada para lidar com tais situações. Ainda assim, percebe-se que o sistema penal brasileiro, apesar de suas muitas evoluções, é passível de falhas na execução 14 das medidas impostas aos inimputáveis, como foi exposto no estudo de caso apresentado no tópico 5. Nessa perspectiva, foi possível perceber que o direito penal e seus operadores precisam estar sempre vigilantes para que os portadores de transtornos psíquicos não sejam tratados de forma errônea, considerando a recorrência de tais práticas. Com isso, é possível destacar a importância do que foi pesquisado para a compreensão de quem são os inimputáveis e de como estes podem ter seus direitos desrespeitados, mostrando as falhas do sistema e ressaltando as necessidades que tais indivíduos possuem. Portanto, quando um ato reprovável é cometido por um indivíduo que não está dentro de suas faculdades mentais, uma série de fatores devem ser analisados para que seja imposta a medida mais adequada, desde a sentença até a sua aplicação, devendo sempre levar em consideração a análise do caso concreto e a real situação em que o sentenciado se encontra, a fim de resguardar seus direitos e aplicar de forma correta a medidade segurança imposta para o caso. REFERÊNCIAS ANTUNES, M. A. M. 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