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Georg Elias MüIIer (1850-1934) Fisiologista e filósofo por formação, homem que nunca ia dormir antes da meia-noite, Georg Müller tinha um forte interesse pela psicologia, que manifestou numa carreira de quarenta anos na Universidade de G Alemanha. Entre 1881 e 1921, seu bem equipado laboratório rivalizou com o de Wundt em Leipzig, atraindo muitos alunos da Europa e dos Estados Unidos. Müller fez um trabalho considerável acerca da visão cromática, tendo criticado ampla mente, bem como reformulado, o trabalho de Fechner no campo da psicofísica. Suas contribuições de pesquisa foram tão substanciais que E. B. Titchener retardou por dois anos o segundo volume do seu manual de psicologia experimental para poder incorporar informações do último livro de Müller. Müller foi um dos primeiros a trabalhar na área iniciada por Ebbinghaus, o estudo experimental da aprendizagem e da memória, e suas pesquisas verificaram e ampliaram muitas das descobertas de Ebbinghaus. A abordagem deste último fora estritamente objetiva; ele não tinha registros de introspecções sobre os seus processos mentais enquanto estava voltado para suas tarefas de aprendizagem. Müller, contudo, acreditava que a abordagem de Ebbinghaus tendia a fazer o processo de aprendizagem parecer demasiado mecânico ou automático. Ele achava que a mente tinha um envolvimento mais ativo no processo. Os resultados que obteve confirmaram que a aprendizagem não se produz mecanicamente. Seus sujeitos tinham um envolvimento ativo no agrupamento e na organização conscientes do material, e até encontraram significados nas listas de sílabas sem sentido. Com base nessas pesquisas, Müller concluiu que a associação por contigüidade não explica adequadamente por si a aprendizagem, já que o sujeito parece buscar ativamente relações entre os estímulos a serem assimilados. Ele sugeriu que um conjunto de fenômenos mentais, tais como prontidão, hesitação e dúvida (as chamadas atitudes conscientes), tem influência decisiva sobre a aprendizagem. Logo se seguiram descobertas semelhantes, como veremos, a partir do trabalho de Oswald Külpe, na Universidade de Würzburg. Müller foi o primeiro a propor e a demonstrar no laboratório a teoria do esquecimento por interferência. A seu ver, o esquecimento era menos uma função da decadência de memória ao longo do tempo do que da interferência de novos dados na recordação de material aprendido antes. Uma contribuição final para o estudo da aprendizagem merece menção. Junto com Friedrich Schumann, seu assistente de laboratório, Müller desenvolveu o tambor da memória, um tambor giratório que permite a apresentação uniforme do material a ser aprendido. Hoje, comum nos laboratórios, esse aparelho é significativo por ter aumentado a precisão e a objetividade da pesquisa sobre aprendizagem e memória.