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O Trabalho do Assistente Social na Área de Educação Especial

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Associação Brasileira de Formação e Desenvolvimento Social - ABRAFORDES
www.CursosAbrafordes.com.br
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Curso O Trabalho do Assistente Social na
Área de Educação Especial
Lição 01: Introdução
1. Introdução
Um estudo acerca da relação entre Serviço Social e os direitos das pessoas com deficiência deve
partir do pressuposto de que é pela via da garantia dos direitos, que o assistente social manifesta
seu compromisso com a democratização do Estado e da sociedade, enfatizando, portanto, temáticas
como movimentos sociais e assessoria.
É importante ressaltar que no processo de assessoria, o Serviço Social busca fortalecer uma prática
que vise contribuir para a emancipação das classes subalternas, contribuindo, assim, para a
participação efetiva da população usuária na perspectiva de promoção da autonomia e politização
dos mesmos.
 Para ilustrar o desenvolvimento da Educação Especial no Brasil, este artigo inicia com um
breve histórico da Política de Educação Especial no país e levanta uma discussão sobre a
importância da inserção da família no ambiente escolar, buscando focar a intervenção
do profissional de Serviço Social nesse processo. Para tal, tomamos como exemplo o Instituto
Nacional de Educação de Surdos – INES, onde o Serviço Social, a partir de recursos teórico-
metodológicos, ético-políticos e técnico-operativos; realiza um trabalho de assessoria às famílias
para organização em associações e incentiva sua participação em discussões junto aos Conselhos de
Direitos
Lição 02: Breve Histórico da Política de Educação Especial
1. Breve Histórico da Política de Educação Especial
O primeiro passo concreto no Brasil para garantir o direito à cidadania à pessoa com deficiência foi
a criação do Instituto Benjamin Constant pelo Imperador D.Pedro II, através do Decreto Imperial n.º
1.428, de 12 de setembro de 1854, tendo sido inaugurado, solenemente, no dia 17 de setembro do
mesmo ano, com o nome de Imperial Instituto dos Meninos Cegos.
Uma análise da trajetória das políticas públicas que atendem à pessoa surda suscita uma
investigação das transformações ocorridas no campo da assistência, saúde e educação desde a
fundação do Instituto Imperial de Surdos Mudos – RJ, manifestada na produção e reprodução das
relações sociais, e assim entender as transformações ocorridas no período compreendido entre a
criação do Instituto e os dias atuais.
Entendendo as políticas sociais como respostas do Estado às questões sociais sob forma de políticas
públicas, temos como primeira intervenção pública em forma de política social para os surdos no
Brasil, a criação do Instituto Imperial dos Surdos Mudos, por D. Pedro II, em 1857, hoje, Instituto
Nacional de Educação de Surdos – INES. A caracterização de política social da-se na medida em que
os surdos, antes tratados com caridade, passam a ser pessoas com acesso a educação e socialização.
http://www.CursosAbrafordes.com.br
Ressaltamos que, no seu período de fundação, apenas surdos homens tinham acesso a essa política
pública, visto que, naquele momento histórico, a mulher ainda não era contemplada com os direitos
sociais, que eram reservados aos homens.
É só em 1883 – 26 anos após a criação do Instituto Imperial dos Surdos Mudos –, durante o
Congresso de Instrução do Rio de Janeiro, que se fala pela primeira vez na importância de oferecer
ao surdo, instrução para torná-los economicamente produtivos e socialmente viáveis.
A idéia da caridade vai sendo substituída por necessidades econômicas e sociais, um dos discursos
que caracteriza esta idéia é de um dos diretores do Instituto Imperial de Surdos Mudos, no final do
século XIX, Dr. Tobias Leite: “educação de surdos para não atacar à propriedade, não afrontar a
moral, nem entregar-se ao vício.” Portanto, já no início do atendimento ao surdo pela política de
educação, a questão da ordem, da propriedade, da manutenção do status quo já vem sendo definido
e, ao mesmo tempo, contraditoriamente propicia à uma população “castigada por Deus”, o acesso à
educação; atendendo às necessidades do capital e possibilitando o acesso de uma parcela da
população “incapaz” a um espaço de socialização e início de construção da cidadania.
Em 1901, o financiamento do Instituto passa a ser feito pelo setor público com gratuidade para a
população indisponibilizada de recursos financeiros. Ainda ficando a cargo das famílias abastadas a
manutenção de seus filhos surdos. Nesse período já há a discussão da necessidade de formação de
professores especializados para surdos, financiados pela municipalidade e auxiliada pelos Estados e
províncias.
O Código Civil de 1916 considerava incapaz o surdo-mudo (denominação vigente à época) que não
conseguia expressar sua vontade. Destarte, apesar da existência de um Instituto nacional garantindo
a escolarização de alguns surdos – ainda como política social restritiva, considerando a
territorialidade brasileira e o contingente de surdos –, a legislação não reflete os direitos dessa
população, mesmo esta já se constituindo mão-de-obra para o mercado.
Apenas em 1925, com a organização do Departamento Nacional de Ensino, é que o INES passa à
classe de estabelecimento de ensino profissionalizante. Em 1931 foi criado o externato feminino com
oficinas de costura e bordado. Tais mudanças ilustram o processo de reorganização estrutural
ocorrida no campo educacional, principalmente a partir dos anos 20 e 30 com a necessidade de se
formar um trabalhador em sintonia com o processo de industrialização ocorrido à época, bem como
o início da inserção feminina no cenário econômico-político brasileiro.
Em 1926 temos como produção discente na área uma tese de doutorado de Arnaldo de Oliveira, que
realiza um breve histórico da surdez e do surdo, pontuando os temas: etiologia, anatopatologia,
prevenção, legislação e instituições brasileiras de atendimento ao surdo. Nesse momento histórico, o
Instituto é considerado como asilo de reclusão e abandono para infelizes.
Durante a ditadura de Vargas o Instituto Imperial de Surdos Mudos passa por um período
conturbado, com troca de direções e poucos alunos e, segundo jornais da época, com desperdício de
dinheiro público. Cabe ressaltar que as políticas para o surdo neste momento ainda situam-se no
âmbito do Instituto para todo o Brasil. Embora o Welfare State fosse uma realidade nos países
europeus, no Brasil ainda tínhamos políticas residuais para o surdo. É o período do pós-guerra que
traz um novo pacto social entre as classes e mudanças no processo de trabalho.
Duas instituições surgem no final da década de 40 e no início da década de 50. Em 1948 é criada a
Fundação Pestalozzi de Niterói, sob a inspiração da educadora Helena Antipoff. Esta instituição tem
como base três ações distintas e complementares: a assistência médico-social, a assistência
educacional aos portadores de deficiência e a formação de recursos humanos. Já em 1954, foi
fundada a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE, no Rio de Janeiro. Esta se
caracteriza por ser uma organização social, cujo objetivo principal é promover a atenção integral à
pessoa com deficiência, dando prioridade àquela com deficiência intelectual e múltipla.
A campanha para a educação do surdo brasileiro (1957), tem por objetivo promover a educação e
assistência dos deficientes da audição e da fala, fornecendo-lhes material técnico, material
necessário à abertura e funcionamento de escolas especializadas em todo o país. O momento
histórico desenvolvimentista é propício para o avanço dessas duas políticas públicas – formar mão-
de-obra, assistir ao surdo para a não contestação de stabilishment e ao mesmo tempo garantir o
direito de todos os surdos do Brasil ao acesso à educação e assistência. Como vemos, toda política
social é contraditória, resultado da luta de classes, resultado da mediação Estado/mercado.
No plano internacional, a Organização das Nações Unidas e a Organização Internacional do
Trabalho, já em seus relatórios, criam medidasespeciais para a garantia de emprego à pessoa
deficiente, emprego e oficinas protegidas. A UNICEF, UNESCO e Organização Mundial da Saúde
têm papel de promoção à saúde e reabilitação, ou seja, o Estado de Bem-Estar Social buscando
atender e assegurar direitos mínimos à população para o atendimento à nova lógica.
Surge, também no período desenvolvimentista, a Educação Especial com enfoque clínico, atuando
nas dificuldades geradas por distúrbios de aprendizagem e da fala, ou seja, os indivíduos são vistos
como problemas individuais e não nas suas relações sociais. A surdez nessa concepção não é
determinada socialmente, mas sim um “problema clínico” de pessoas surdas.
Com a Ditadura Militar acentuam-se os processos de exclusão da população nas decisões sobre as
questões que envolvem a sua vida, e a questão social é vista através de programas assistenciais,
despolitizando as discussões e utilizando mecanismos de repressão a organizações sociais.
Em 1973 é criado o Centro Nacional de Educação Especial, com o objetivo de “promover em todo o
território nacional a expansão e melhoria do atendimento aos excepcionais”. Mais uma vez,
desqualificando as pessoas deficientes como excepcionais, mantêm-se as mesmas sob a tutela do
Estado. Pessoas sem direitos, portanto, sem organização política; e como toda política social é uma
mediação do Estado, abre-se novamente a possibilidade de atender ao surdo em todo o território
nacional, apesar da desqualificação da pessoa surda.
 As políticas de assistência, educação e saúde nesse período revelam-se, no que tange às
pessoas portadoras de deficiência, pontuais e diluídas entre Legião Brasileira de Assistência – LBA,
Ministério da Educação, Ministério da Saúde e instituições filantrópicas para os excluídos pela
diferença, dentro do sistema de exclusão social pela questão da classe.
 A LBA cria, em 1978, o Programa de Assistência do Excepcional, com o objetivo de reabilitar
portadores de doenças físicas, mentais, sensoriais, congênitas ou adquiridas e promover a prevenção
de deficiências, tendo como usuários a população pobre com deficiências físicas e mentais. Sua
gestão era feita pelo Conselho de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social, e o
financiamento pelo Fundo de Previdência e Assistência Social, pelo Fundo de Desenvolvimento e
Apoio Social e através de doações e convênios da própria LBA.
 No âmbito internacional temos como marco o ano de 1977, que institui o Ano Internacional
dos Portadores de Deficiência (1981). Esse fato gerou uma necessidade de resposta institucional à
pressão internacional que veio sob forma de política pública, servindo também para atender à
camadas da população excluídas do processo formal de educação – já atendidas pelo INES,
Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, Pestalozzi e salas de recursos. Acreditamos
também que, devido ao movimento político que começa a se instaurar no país, a organização dos
movimentos populares, a democratização e um novo olhar para a questão da deficiência começa a
costurar-se no Brasil.
 A conjuntura dos anos 80 dá um novo enfoque à questão da deficiência. Avançam-se os
movimentos sociais e, dentre eles, os movimentos em defesa das pessoas portadoras de
necessidades especiais (nomenclatura abarcada pelo poder público). Começa-se a construção de
uma legislação que garante direitos básicos, como acesso à transporte, educação, saúde e à
organização dos portadores de deficiência em espaços próprios de discussão (no caso dos surdos,
cria-se a FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos e Associações de
Surdos).
A intercessão entre a Educação, Saúde e Assistência da Pessoa Portadora de Deficiência (definição
constitucional) têm seu marco na Constituição Federal de 1988, quando coloca a garantia do acesso
e inclusão da Pessoa Portadora de Deficiência no contexto sócio-econômico-cultural do país. A partir
deste pressuposto constitucional, a legislação vigente, conforme veremos a seguir, vem reafirmando
esta articulação entre Educação, Saúde e Assistência.
A política de saúde, no tocante à surdez, prevê: a proteção à vida e saúde; assistência à saúde;
prevenção às deficiências; atendimento prioritário nos serviços de saúde; diagnóstico precoce;
doação de próteses (A.A.S.I.); tratamento e reabilitação nos serviços de saúde; orientação aos
pais/familiares; profissional capacitado em LIBRAS e/ou intérprete de LIBRAS nos0, serviços de
saúde; municipalização do atendimento; controle social; inclusão social.
Na área da Assistência temos como pressupostos legal, a existência de programas de Renda Mínima
(Bolsa-Família, Benefício de Prestação Continuada), profissional capacitado em LIBRAS e/ou
intérprete de LIBRAS nos atendimentos sociais, a municipalização do atendimento, o controle social
e a inclusão social.
 
A educação, política fundamental que tem em seu bojo a produção e reprodução das relações sociais,
preconiza, para os portadores de deficiência, recorte à questão da surdez: igualdade de acesso e
permanência na escola; escola próxima à residência; atendimento especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; atendimento com programa suplementar
de material didático de acordo com as necessidades do aluno; mecanismos de articulação,
acompanhamento e atendimento de crianças de 0 a 3 anos (saúde, educação e assistência); serviço
de estimulação precoce; ensino de LIBRAS para alunos, familiares e profissionais de educação;
professores bilingües de Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental; escolas
bilingües ou escolas comuns da rede regular de ensino para alunos surdos e ouvintes, para os anos
finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio ou Educação Profissional com a presença de tradutor
e intérprete de LIBRAS – Língua Portuguesa; atendimento educacional especializado em turno
diferencial do atendimento; controle social; inclusão social.
Lição 03: A Inserção da Família no Ambiente Escolar e o Trabalho do Serviço
Social no INES
Um primeiro passo para analisarmos a inserção da família no ambiente escolar é entender de que
família estamos falando, ou seja, perceber a definição legal de família. Segundo a Política Nacional
de Assistência Social:
... as novas feições da família estão intrínseca e dialeticamente condicionadas às transformações
societárias contemporâneas, ou seja, às transformações econômicas e sociais, de hábitos e costumes
e ao avanço da ciência e da tecnologia. O novo cenário tem remetido à discussão do que seja a
família, uma vez que as três dimensões clássicas de sua definição (sexualidade, procriação e
convivência) já não têm o mesmo grau de imbricamento que se acreditava outrora. Nesta
perspectiva, podemos dizer que estamos diante de uma família quando encontramos um conjunto de
pessoas que se acham unidas por laços consangüíneos, afetivos e, ou, de solidariedade. Como
resultado das modificações acima mencionadas, superou-se a referência de tempo e de lugar para a
compreensão do conceito de família. (PNAS, 2004:25).
 
Partindo dessa premissa, o Serviço Social do INES se propõe, a partir de situações concretas do
cotidiano dos usuários surdos e de seus familiares, associá-las as novas expressões da Questão
Social, saindo da questão individual (culpa, castigo, pecado, falta de comida, desemprego, falta de
dinheiro para remédios) para as novas expressões da Questões Social (precariedade nas relações de
trabalho, não acesso à políticas públicas e dificuldades socioeconômicas).
Nesta conjuntura é importante ressaltar que a Política Nacional de Assistência Social (2004) se
traduz num importante mecanismo de interferência estatal, no sentido de dar subsídios a família
para a provisão de seus membros. Esta política tem como objetivo a provisão de proteção social
básica ou especial a quem dela necessitar, contribuindo com a inclusão e a equidade e ampliando o
acesso a bens e serviços sócio-assistenciais, numa constante preocupação em assegurara
centralidade familiar no âmbito das ações desta política.
Contudo, o que presenciamos é uma redução à rotulação das famílias em capazes e incapazes pelos
programas de apoio sócio-familiar, predominando concepções estereotipadas da família e dos papéis
familiares. O fenômeno de reconhecimento das transformações na família em relação à estrutura e
organização que preserva a expectativa quanto suas funções, gera uma tendência à soluções
residuais aos problemas da família, trabalhando em situações limite e não no cotidiano. Ou seja,
instaurou-se uma cultura assistencialista a fim de dar sustentabilidade à família, através de políticas
que pontuam que a satisfação das necessidades dos cidadãos devem ser providas pelo mercado e
família e que o Estado só intervém temporariamente na falha destes.
Essa política, portanto, se revela extremamente contraditória no sentido em que tem como diretriz a
matricialidade sócio-familiar, mas só atua em famílias em situação de vulnerabilidade social.
Ademais, uma das condições para encaminhamento aos programas sociais é matricula e freqüência
escolar.
No caso específico da assistência social, é com Constituição Federal de 1988 que esta passa a ser
reconhecida como direito social que compõe o tripé da Seguridade Social. Assim, quanto à inserção
em programas assistenciais, se faz necessário destacar que as políticas sociais atuam em situações
de vulnerabilidade familiar.
A esse respeito é de fundamental importância destacar que a articulação entre SUS e educação, no
caso específico da surdez, se faz indispensável, a fim de que após o diagnóstico pela unidade de
saúde, que exista um intercâmbio entre o SUS e as escolas – sejam estas inclusivas regulares ou
especiais. As famílias têm o direito de conhecer os métodos de educação das escolas, se são escolas
bilíngües ou não, a fim de que possam escolher que escola querem para seus filhos.
Dito isso, é necessário pontuar que na articulação entre as políticas sociais de assistência social e
educação, a escola passa a ser apenas mais um meio de obter acesso aos benefícios e cumpre
simplesmente exigências impostas: garantia de matrícula e freqüência escolar. Isso ocorre ao passo
que deveria ter como função a prevenção de situações de risco e ser um espaço de prevenção,
informação e formação de cidadãos.
É fato, portanto, que apesar do cerne das políticas sociais serem a inclusão social e de todo o
aparato legal exposto anteriormente, as políticas de assistência, educação e saúde, que tangenciam
a questão dos portadores de deficiência, são residuais, pontuais e diluídas entre as diversas esferas
de poder – Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Ministério de Desenvolvimento Social e
Combate à Fome e Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, Educação e Assistência –, e o
controle social também é compartimentalizado pelos respectivos Conselhos de Direito.
 No que tange a interface entre Estado e família na provisão da educação, temos como importante
marco na redemocratização do país a promulgação da Constituição Federal de 1988, fruto de lutas
da sociedade civil organizada. A chamada Constituição Cidadã traz a noção ampliada de educação
realizando uma interface entre Estado e família na provisão da mesma, representando um avanço no
que tange a Constituição de 1967, que apregoava apenas como função estatal a provisão da
educação quando provada a insuficiência de meios da família e da sociedade para tal.
Como reflexo das lutas sociais na área de educação dos anos 80 temos ainda a promulgação da nova
LDB (1996) que, no entanto, reflete também a política neoliberal brasileira. Em comparação com a
LDB anterior (Lei nº 4024/61), ela avança na ampliação do conceito de educação, incluindo os
processos formativos que ocorrem nas várias instâncias sociais – como no trabalho e na educação –,
além de incorporar os fundamentos do artigo 206 [1] da Constituição Federal de 1988. Contudo, a
questão orçamentária denota a preocupação no barateamento da implantação da política
educacional e, a flexibilização do financiamento da educação abre brecha para investimentos
privados que colocam esta política setorial refém de empresas privadas, demarcando os retrocessos
desta lei.
 A participação da família no ambiente escolar assim como na provisão da educação em
parceria com o Estado, já proposta na Constituição Federal de 1988, é reforçada tanto no Estatuto
da Criança e do Adolescente – ECA, quanto na LDB; respeitando-se, é claro, os avanços e retrocessos
da preconização desta participação.
Em comparação com a Constituição de 88, a LDB mantém a interface entre Estado e família, porém
reverte a prioridade do dever de provisão da educação, que passa a ser, em primeiro lugar, da
família em detrimento do Estado. Tal mudança reproduz uma visão política sobre a questão dos
direitos de transferência de responsabilidade, bem como de culpabilização da família, já citada
anteriormente.
Destarte, e tendo em vista a realidade do Estado mínimo, que ocasiona a transferência ao seio da
família de questões de ordem pública para a privada, faz-se necessário uma articulação dos usuários
com os movimentos sociais, visando formas de participação social e política, de modo a exercer o
controle social.
Inicialmente, é a partir da liberalização da educação familiar, que a família transfere para a escola o
aprendizado da vida em sociedade. A família se revela incapaz no cumprimento deste papel, já que a
educação é voltada para a vida pública (educação para o trabalho) e o espaço familiar é estritamente
privado.
Essa mudança ilustra o processo de reorganização estrutural ocorrida no campo educacional,
principalmente a partir dos anos 20 e 30, com a necessidade de se formar um trabalhador em
sintonia com o processo de industrialização ocorrido à época e reforçado com o surgimento de
estabelecimentos voltados para a formação e capacitação de mão-de-obra especializada nos anos 40;
processo que vai culminar com as escolas técnicas das décadas de 60 e 70, fruto da complexificação
e crescimento industrial. Assim, podemos afirmar que há uma forte vinculação entre educação e
trabalho fortemente presente no nosso país [2] , manifestada nas transformações na organização
educacional em consonância com as mudanças no processo produtivo.
 Na atualidade, observamos o financiamento da educação pública pelo Banco Mundial,
firmado a partir do estabelecimento de metas que elevam o nível de escolarização da população e
reduzem a evasão escolar a qualquer custo, transformando o direito à educação numa categoria de
atenção às necessidades do mercado. Tais mudanças são ilustrativas do Estado mínimo neoliberal.
Contudo, no rol de mudanças ligadas ao modelo neoliberal estão não só a redefinição do papel do
Estado, como também uma revalorização do poder local. Disto resultam transformações de
responsabilidades e competências pelas instâncias locais advindas da descentralização estatal, que
acarretam profundas mudanças no que se refere ao sistema de decisões municipais bem como à
pratica dos atores políticos. A descentralização transfere para o âmbito local as competências e
recursos públicos capazes de fortalecer a participação e o controle social. (SANTOS JR., 2001).
Deste modo, o processo de descentralização pode ser entendido como um “instrumento da lógica
democrática”.
 Neste ínterim é de fundamental importância destacar o papel dos Conselhos de direito
enquanto mecanismos de controle social e que têm como meta a gestão democrática das políticas
sociais. Os Conselhos Municipais são compostos por representantes do poder público e da sociedade
civil organizada – ONGs, organizações comunitárias, sindicatos, associações, etc. – tendo caráter
deliberativo e/ou consultivo e criando condições para fiscalização da gestão pública.
 Vale ressaltar que, respeitando o aparato jurídico-legal, há um movimento no interior das
escolas voltado para a participação social, qual sejam: os Conselhos Escolares. Os Conselhos
Escolares, compostospelo poder público, profissionais da educação e responsáveis, têm como papel
a luta pela efetivação do direito à educação, ou seja, pela garantia do acesso à escola, pela melhoria
da qualidade do projeto político-pedagógico e pela garantia do financiamento da educação,
fortalecendo-se como instância de controle social e auxiliando a escola no cumprimento da sua
função social.
 Com ação semelhante a dos Conselhos Escolares podemos incluir as associações de pais –
APAs que, enquanto instituições autônomas, revelam a família como ator político na luta pela
garantia do direito à educação. Além de atuarem junto ao planejamento, implementação e avaliação
das ações da escola, as APAs buscam a participação na elaboração e implementação do projeto
político-pedagógico – PPP, entendendo que é através dele que as ações da escola se materializam [3]
. Portanto, participar da elaboração do PPP é discutir e delimitar o tipo de educação para torná-la
democrática.
 Desse modo, a necessidade dos pais se organizarem em associações ilustra o movimento de
sair da esfera privada para a esfera pública. Nesse movimento, as associações de pais devem ter a
responsabilidade de conhecer e divulgar os direitos da pessoa surda, além de participar nos
Conselhos de Direitos e Conselhos Escolares.
 Estamos em nosso momento na política educacional brasileira, com a realização da
Conferência Nacional de Educação de março de 2010 e a definição de um novo Plano Nacional de
Educação para 2011 a 2020 que deverá contemplar as especificidades da educação inclusiva.
 
[1] Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei.
[2] Esta vinculação está expressa também, e principalmente, na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (1996) que regulamenta em seu artigo 1º parágrafo 2º “a educação escolar deverá
vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social”.
[3] É no projeto político-pedagógico que são estabelecidos os conteúdos, metodologias e avaliações
a serem desenvolvidas na escola, tendo como eixo a formação humana e construção da cidadania.
Lição 04: A Assessoria como Proposta de Intervenção
A Assessoria como Proposta de Intervenção
No rol de suas ações, o Serviço Social do INES realiza um trabalho de assessoria às famílias para
organização em associações e participação de discussão junto a Conselhos de Direitos, saindo da
questão individual para a questão coletiva, a fim de construir uma nova realidade e um novo olhar
para a questão da surdez como uma das expressões da questão social. Essas ações justificam-se no
processo de construção da idéia de cidadania.
A idéia de cidadania, que tem como cerne a educação em sentido ampliado, expressa um conjunto de
direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar da vida e do governo de seu povo, e envolve
valores como solidariedade, democracia, direitos humanos, ecologia e ética. A cidadania pressupõe,
portanto, acesso amplo a informações e capacidade de refletir sobre elas, além de uma prática de
reivindicação e apropriação dos espaços de organização, para defesa, ampliação e consolidação de
direitos.
Assim, é com o avanço dos movimentos sociais, dentre eles, os movimentos em defesa das pessoas
portadoras de necessidades especiais [1] na conjuntura dos anos 80 que a questão da deficiência
ganha novo enfoque. Começa-se a construção de uma legislação que garante direitos básicos, como
acesso a transporte, educação, saúde e à organização dos portadores de deficiência em espaços
próprios de discussão.
A esse respeito é importante pontuar que o trabalho do Serviço Social junto aos movimentos sociais
data de um período histórico recente, se tivermos em conta que se inicia com a revisão curricular de
1979 e vai se consolidar efetivamente ao longo dos anos 80, culminando no arcabouço legal
sustentáculo da atividade profissional: Projeto Ético-Político do Serviço Social, Lei de
Regulamentação da Profissão e Código de Ética Profissional.
A Lei de Regulamentação da Profissão de assistente social pontua como competência deste
profissional “prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas
sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade” (art. 4º inciso
IX). Ademais, destaca como atividade privativa da profissão “assessoria e consultoria a órgão da
administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de
Serviço Social” (art.5º inciso III).
Do mesmo modo, o Código de Ética Profissional do assistente social, em seu artigo 12 alínea b
garante como direito do assistente social “apoiar e/ou participar dos movimentos sociais e
organizações populares vinculados à luta pela consolidação e ampliação da democracia e dos
direitos de cidadania”. Dito isso, cabe ao assistente social, ao oferecer o seu trabalho de assessoria,
problematizar junto aos usuários a necessidade de sua organização política dentro e fora da
instituição, mas nunca realizar relação de tutela ou empreender ações em nome dos usuários.
Assim, o assistente social que se quer prestador de assessoria deverá intentar uma mudança da
realidade posta. Contudo sua atuação não é interventiva, mas capaz de propor ações exeqüíveis,
devendo propiciar a autonomia do assessorado. Para tanto, é necessário tomar essa realidade a
transformar como objeto de investigação, através de conhecimento da instituição, região geográfica,
condições de vida e de trabalho dos assessorados, entre outros. Além disso, deverá preocupar-se
com a produção sobre essa experiência, seja pela sistematização dessa prática ou capacitação dos
assessorados.
Entendemos que esta assessoria deve privilegiar o trabalho com os usuários dos serviços das
instituições, visando o fortalecimento daqueles, ou seja, é um desdobramento daquilo que
supostamente já fazemos: buscar viabilização dos direitos dos usuários e intermediar o seu acesso
aos serviços e/ou políticas sociais. (BRAVO e MATOS apud CFESS, 1997).
A esse respeito é importante considerar que no processo de assessoria, o Serviço Social busca
fortalecer uma prática que vise, junto com as classes subalternas, contribuir para sua emancipação.
Neste sentido, é dever do assistente social nas suas relações com os usuários, contribuir para a
viabilização da participação efetiva da população usuária na perspectiva de promoção da autonomia
e politização dos mesmos, entendendo ser esta pré-condição ao exercício pleno da cidadania.
A partir dos pressupostos teórico-metodológicos, ético-políticos e técnico-operativos, foi no primeiro
semestre letivo do ano de 2007, onde os alunos surdos foram surpreendidos com o cancelamento de
alguns dos passes-livres municipais (garantia do direito ao transporte público gratuito), que o
Serviço Social, foi mediador da relação destes com o Rio Ônibus (Associação dos Empresários de
Õnibus Municipais do Rio de Janeiro). No entanto, houve necessidade da mobilização de alunos e
familiares em passeatas e eventos públicos para retomada da garantia do passe-livre para todos os
surdos alunos do CAP-INES e de outras instituições de ensino do município do Rio de Janeiro.
Logrando êxito nesta ação, os pais sentiram a necessidade de permanecerem organizados, e o
Serviço social interveio no sentido de que essa organização se efetivasse de maneira orgânica. Isso
posto, houve a mobilização de uma comissão de pais na reativação da Associação de Pais do INES –
APINES. Neste movimento o Serviço Social buscou, através de assessoria à comissão de pais,
orientá-los, primeiramente, quanto à responsabilidade das associações de pais conhecerem e
divulgarem os direitos da pessoa surda, além de participarem de Conselhos de Direitos e Conselhos
Escolares.
Posteriormente seguimos com a revisão do Estatuto da APINES, que apresentava uma defasagem
quanto ao aparato legal por datar da década de 80, não contemplando, portanto, as disposições do
Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), bemcomo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(1996). Após a realização de Assembléia Geral Extraordinária, com aprovação por aclamação do
novo Estatuto, assessoramos a então eleita Comissão Eleitoral a respeito do processo de eleição da
nova Diretoria da APINES.
Uma vez concluído o processo eleitoral, a chapa Geração Eleita fora eleita para o biênio 2007/2009
com 96% do total de votantes. Em seguida, orientamos quanto à alteração junto ao Cartório de
Registro de Pessoas Jurídicas da nova diretoria, bem como das modificações do Estatuto da APINES
e registro das Atas que compuseram o processo da eleição, para garantia da legitimidade da APINES
junto a organizações públicas e privadas que têm interface com a pessoa surda.
Como principais ações da nova Diretoria destacamos sua integração na comissão organizadora do I
Encontro Estadual de Associações de Pais, em parceria com o Colégio Pedro II, bem como a
representatividade no Conselho Diretor do INES, promovendo o debate junto aos pais acerca da
importância de sua participação na elaboração e implementação do projeto político-pedagógico. No
primeiro semestre de 2008, a APINES participou do I Fórum Interno do INES, cujo tema era a
Política de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, e que contou com a
participação da Secretaria de Educação Especial do MEC – SEESP.
Tendo em vista que o fato de que o Brasil é signatário da ONU, o eixo de toda a questão da política
inclusiva no Brasil, passa pelos documentos que o país compromete-se a implantar sob forma de
legislação em todo território nacional. Nesta conjuntura, surge o PNE (Plano Nacional de Educação)
que tem no seu arcabouço o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), gerando, portanto, o
PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação). A meta é melhorar a qualidade da educação básica
objetivando a melhoria da qualidade de formação do trabalhador brasileiro, para atender aos
interesses do capital. É preciso ter mão de obra para o capital e essa mão de obra precisa ser
qualificada dentro do contexto de inovações tecnológicas atendendo as exigências do mercado atual,
num contexto de Estado neoliberal.
A definição da política de educação inclusiva terá a sua materialidade sob forma de decreto no
Ministério da Educação, e é fundamental a importância da participação dos diferentes atores (pais,
profissionais de educação, alunos) na busca de contribuir na formatação desta política de uma
maneira que atenda aos interesses da Pessoa com Deficiência, não ficando o mesmo decreto
somente com a ótica governamental. O INES, a partir deste fórum, encaminhará à SEESP
indicações, a partir de grupos de discussão envolvendo os diferentes atores, para verificar a
possibilidade das mesmas no decreto ministerial.
 Para além dos estudos e pesquisas realizados e socializados sobre a realidade institucional
no âmbito escolar, a questão do projeto político-pedagógico é outro ponto retomado a partir da
assessoria à APINES, e que tem como objetivo a sua reformulação. Neste movimento, a APINES,
com a assessoria do Serviço Social, passa a integrar, desde abril de 2008, a comissão organizadora
dos Encontros Estaduais de Pais de Surdos do Estado do Rio de Janeiro,. O eixo central de
discussão é o projeto político-pedagógico, numa preocupação com a qualidade de ensino e a
educação inclusiva, enfatizando todas as implicações que este projeto representa no âmbito escolar
e a participação dos surdos na discussão das políticas e na construção do projeto político-
pedagógico..A APINES indica os temas a serem discutidos nos Encontros, bem como os
expositores,cabendo ao INES somente a questão logística.
O IV Encontro de Pais de Surdos do Estado do Rio de Janeiro, realizado no dia 23 de outubro de
2008, teve como objetivo central discutir com os pais de alunos surdos e profissionais da área,
diferentes projetos político-pedagógicos na área da surdez, visando à participação dos pais na
construção de propostas educacionais que atendam a realidade da pessoa surda no Estado do Rio de
Janeiro. O V Encontro de Pais teve como o tema:”Alfabetização e Letramento”;Elaborando um
Projeto de Vida e VI encontro será sobre o tema:Ëducação de Qualidade e a Participação da
Família¨, aprofundando as discussões sobre a escola ,diferentes projetos e a participação dos pais 
na política de educação de surdos no estado do Rio de Janeiro.
 No ano de 2010,após intensa discussão, a APINES garantiu no Conselho Diretor do
INES(órgão máximo de deliberação da instituição) a proposta de alteração do regimento interno(já
enviada ao MEC) que permiti aos pais participarem como eleitores na consulta pa –ra eleição do
Diretor Geral do INES.Prática já há muito instituída no Colégio Pedro II, garan-tindo assim isonomia
com os pais de alunos de outra instituições federais de ensino.
 A APINES também faz-se presente na comissão que está discutindo o Projeto Politico
Pedagógico da escola,um espaço de luta de ¨várias vozes¨ da instituição,tentando garantir que
o PPP reflita os interesses dos usuários da escola (pais e alunos) e não somente dos profissionais e
gestores da educação.
 
[1] Nomenclatura abarcada pelo poder público à época.
Lição 05: A Interface entre Educação e Assistência Social no Cotidiano
Escolar
A Interface entre Educação e Assistência Social no Cotidiano Escolar
As transformações no mundo do trabalho e as novas expressões da questão social operam mudanças
significativas na sociedade brasileira que, de igual maneira, se aplicam à população usuária do INES
e produzem as demandas sociais apresentadas para o Instituto.
O balanço das atividades realizadas no Instituto mostrou como, quantitativamente, as principais
demandas postas foram a solicitação por cesta básica, auxílio da Caixa Escolar [1] e por
encaminhamento ao programa Bolsa Família. Esse panorama revela a materialização da interface
educação/assistência posta hoje frente ao processo de trabalho do assistente social no campo
educacional. Nesta medida, segue quadro informativo sobre os benefícios sócio-assistenciais que
atendem a pessoa surda.
Benefício de Prestação Continuada
(BPC)
O surdo incapaz que ganhar menos do
que R$ 127,50 por pessoa da família, tem
direito a receber um salário mínimo por
mês (R$ 510,00).
Bolsa Família A família que ganha menos de R$ 70,00
por pessoa pode ganhar de R$ 68,00 até
R$ 200,00. A família que ganha entre R$
70,01 e R$ 140,00 por pessoa, pode
ganhar de R$ 22,00 até R$ 132,00.
 
Assim, tendo por base empírica a realidade do alunado do Colégio de Aplicação do Instituto Nacional
de Educação de Surdos – CAP-INES, buscamos compreender como a questão social interfere no uso
dos programas de renda mínima do governo federal. Para tanto, uma pesquisa foi elaborada
recentemente a partir de entrevistas realizadas com 40 responsáveis de alunos deste INES, usuários
do Programa Bolsa Família (PBF) e/ou beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC). A
fim de alcançarmos este público, foi feito um levantamento a partir do formulário de freqüência do
PBF e dos beneficiários do BPC que procuram o Serviço Social do INES para atendimento.
É importante ressaltar que atualmente não temos dados precisos sobre a quantidade de usuários do
Benefício de Prestação Continuada matriculados neste Instituto. Isso ocorre porque nem todos os
beneficiários do BPC nos informam sobre o seu recebimento, visto que anteriormente ele estava
relacionado à incapacidade do mesmo e não participamos do preenchimento do laudo para a
incapacitação de nossos alunos [2] .
Com a publicação do Programa BPC na Escola [3] e sua interface com o Bolsa Família, entendemos
ser papel do Serviço Social do INES mapear, através de entrevista junto aos usuários beneficiários, a
relação do benefício principalmente com a freqüência escolar, analisando sua utilização em benefício
dos alunos deste Instituto.
Foram entrevistados 40 responsáveis de alunos [4] . Os beneficiários dos programas têm entre 0 e
16 anos, sendo que 64% dos beneficiáriosentrevistados têm entre 11 e 16 anos, 28% estão entre 7 e
10 anos e 8% , entre 0 e 6 anos.
Quanto ao número de residentes, 58% das famílias são compostas por 4 a 6 pessoas, 4% por até 3
pessoas e 15% por mais de 6 pessoas.
No gráfico referente à Renda Familiar, mais da metade dos usuários (56%) declaram que esta é
composta de um até dois salários mínimos, o que pode ser explicado pelo fato da maior parte dos
usuários possuírem o Benefício de Prestação Continuada (39%), cujo valor corresponde a um salário
mínimo. Soma-se a isso os casos em que tanto o BPC quanto o benefício do Programa Bolsa Família
compõem a renda familiar dos beneficiários (53%).
A tendência atual à flexibilização das relações de trabalho, característica do capitalismo monopolista
que toma como ponto central o tripé: qualidade, produtividade e competitividade, acaba por
fragilizar ou até extirpar os vínculos empregatícios, o que acarreta o surgimento de modalidades de
trabalho em que ocorre a não-proteção do trabalhador, ou seja, a precarização do trabalho. No
gráfico de Composição da Renda Familiar essa tendência se materializa na medida em que a
porcentagem relativa às pessoas que configuram sua renda com vencimentos da renda formal
acrescida do benefício (41%) 
se aproxima da parcela que compõem sua renda com o montante da renda informal somada ao
benefício (37%), mesmo sendo maior o percentual de pessoas na amostra vivendo com renda formal
adicionada ao benefício. Ainda no gráfico, existe uma parcela da amostra (22%) cuja renda é
composta somente pelos recursos oriundos dos benefícios.
A esse respeito devemos considerar que o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome
anunciou recentemente que, a partir de setembro deste ano, ocorrerá um cruzamento de dados cujo
objetivo é o de identificar famílias que não declararam devidamente a renda recebida, incluindo
casos em que famílias do PBF que recebem também o BPC e não declararam o recebimento deste no
Cadastro Único para Programas Sociais (CadUnico). Tal fato provavelmente poderá ocasionar o
cancelamento de benefícios de parte dos usuários entrevistados.
Tendo como carro-chefe o Fome Zero, o atual Governo desde o seu primeiro mandato, deu ênfase a
reestruturação/aglutinamento de programas sociais. Isso aparece quando, em 2004, o Governo
unificou quatro programas sociais constituindo o PBF. Tal fato não se esgota até os dias atuais, visto
que a associação Programa/Governo é freqüente entre as falas dos usuários devido à massiva
propaganda. Essa ênfase pode ser elucidada nos gráficos do tempo de recebimento do PBF e do
BPC, pois os maiores índices, conforme os resultados obtidos na pesquisa, datam a partir do ano de
2004. Dentro da amostra 43% recebe o benefício do PBF no tempo máximo de um ano e com relação
ao BPC 39% recebem o benefício no tempo de um a três anos. Do mesmo modo o elevado número de
beneficiários do BPC no período se deve a flexibilização nos critérios que caracterizam a invalidez da
pessoa com deficiência.
O PBF utiliza uma tabela de classificação a fim de estabelecer o valor do benefício a ser recebido
que oscila entre R$ 22,00 a R$ 200,00, de acordo com a renda mensal por pessoa da família e o
número de crianças e adolescentes até 17 anos. No gráfico sobre o valor do benefício, a
porcentagem referente aos beneficiários que recebem de R$ 70,00 a R$ 140,00 se iguala a dos que
recebem de R$ 101,00 a R$ 140,00, o que acarreta um aumento do poder de compra. Assim, é na
perspectiva de critérios de elegibilidade é que o paradigma da cidadania invertida aparece, onde
para se ter acesso a um bem ou serviço deve-se mostrar o quanto se ganha.
A seguridade social brasileira dos dias atuais é determinada pela relação entre a crise econômica
dos anos 80 e os mecanismos adotados para o seu enfrentamento (MOTA, 2008). Esses processos
estão relacionados às mudanças no mundo do trabalho e as mudanças na intervenção do Estado,
marcados pela crise do keynesianismo e pela emergência do neoliberalismo. Sendo assim, o trabalho
teria centralidade na constituição dos sistemas de seguridade social e a grande tendência
atualmente é a de privatizar os programas de previdência e saúde e ampliar os programas
assistenciais.
No Brasil, os sistemas de proteção social são implementados pelo governo através de ações
assistenciais direcionadas àqueles “impossibilitados de prover o seu sustento por meio do trabalho,
para cobertura de riscos do trabalho, em casos de doenças, acidentes, invalidez e desemprego
temporário e visando a manutenção da renda do trabalho, seja por velhice, morte, suspensão
definitiva ou temporária dessa atividade” (Idem, ibid.). Exemplificando as idéias da autora, podemos
citar a elaboração de programas como o Benefício de Prestação Continuada pelo governo federal,
que disponibiliza um salário mínimo mensal a pessoas com 65 anos de idade ou mais, a pessoas com
deficiência consideradas “incapazes” para a vida independente e para o trabalho e a pessoas com
deficiência menores de 16 anos.
Ao serem perguntados sobre a concepção que tinham do Benefício de Prestação Continuada e do
Programa Bolsa Família, 48% dos responsáveis de alunos do INES que foram entrevistados
responderam que entendem os programas como benefício e 34% como ajuda do governo. A forma de
entender os benefícios, aqui, está relacionada à forma como se referem ao valor que recebem
mensalmente por meio do programa.
Outras formas de conceber o BPC e o Bolsa Família, mas que obtiveram menor número de
ocorrência nas entrevistas foram: aposentadoria (3%), pensão (3%), auxílio (3%), direito (3%) e
salário (3%). Essas denominações que surgiram na fala dos entrevistados significam que a sua
maioria (52% do total) não percebe estas respostas do governo às demandas sociais como um
benefício, o que pode caracterizar uma distorção dos usuários quanto à concepção dos programas
oferecidos pelo governo e do entendimento do que seja direito. Apesar de um número significativo
de usuários entender o BPC e o PBF como benefício, os demais 52% dos entrevistados ainda não o
compreende como tal. Não só não os reconhecem pelo nome oficial, mas também, não sabem do que
tratam, nem como funcionam.
De acordo com Sposati (1999), no campo da seguridade social a assistência social é proteção,
portanto, deve operar de forma preventiva e protetiva nas situações de risco social, não podendo ser
vista como “caridade” ou “benesse”. Assim, essa autora acredita num sistema de assistência que não
se resume a benefícios. Fazendo sua crítica ao programa Bolsa Escola e do Salário Família, a autora
sinaliza a ausência de debate a respeito do valor dos benefícios dos programas governamentais que
atendem a população que se encontra em situação de risco e sugere que a Previdência Social reveja
esses valores.
Conforme afirmado anteriormente, para 22% das famílias entrevistadas esses benefícios se
convertem na única fonte de renda. Se analisarmos a forma como são utilizados, para 22% os
benefícios são direcionados para complementação da renda e para 36% esse dinheiro é investido na
alimentação e vestuário dos filhos/alunos. Concluímos também que, no universo das famílias
entrevistadas, os benefícios constituem, pelo menos, 50% da renda das famílias de seus usuários. Se
considerarmos que cada família é formada, em média, por quatro pessoas essa situação se agrava.
Outras formas de emprego da quantia, citada nas entrevistas, foram compra de medicamentos (7%)
e de material escolar (9%). Vale ressaltar que no INES esse tipo de suporte é viabilizado aos alunos
através da Caixa Escolar [5] . Lazer (2%) e investimento na caderneta de poupança (2%) são as
opções menos citadas pelos usuários como formas de utilização dos benefícios.
O governo tem tido a preocupação de incorporar alguns critérios, requisitos ou condicionalidades
para a inscrição em determinados programas de renda mínima. Uma das exigências mais fortes é a
regularização da freqüência escolar. Uma forma do governo se manter a par da freqüência escolar
dos alunos é o Educacensorealizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep). Este censo escolar, realizado anualmente através de um sistema via internet
desde 2007, é um instrumento importante para que o MEC conheça melhor o Sistema Educacional
[6] .
Atualmente, tanto o BPC (na Escola) quanto o Bolsa Família estão relacionando o recebimento do
benefício à freqüência escolar dos beneficiários com até 18 anos de idade. A intenção seria promover
a elevação da qualidade de vida das pessoas com deficiência, garantindo-lhes acesso e permanência
na escola. Porém, segundo os responsáveis de alunos do INES (65%), o que mantém os alunos na
escola não é exigência de 85% de freqüência que impõem os programas, mas a seriedade com que os
pais tratam à questão da educação. Apesar de reconheceram que o dinheiro recebido através do BPC
ou PBF possibilitou melhorias em suas condições de vida e, conseqüentemente no
rendimento/desenvolvimento escolar dos alunos, a maioria afirma que, mesmo antes de ingressarem
nos programas, seus filhos já costumavam freqüentar as aulas regularmente, com baixo número de
faltas. Alguns pais completam que o benefício é um incentivo, mas que, em situações que possam
apresentar perigo ou que possam ameaçar a segurança de seus filhos, eles não hesitariam em faltar,
mesmo que essa falta não fosse abonada/ justificada posteriormente [7] .
Dentre as condicionalidades que compõem o processo de acompanhamento das famílias
beneficiárias do Bolsa Família, a questão da saúde também merece destaque. A área da saúde
assume caráter de compromisso das famílias que precisa ser cumprido para que elas continuem a
receber esse benefício. O acompanhamento do calendário vacinal, crescimento e desenvolvimento de
crianças menores de 7 anos, pré-natal das gestantes e acompanhamento das nutrizes, se dá através
do repasse de informações semestral entre municípios, Ministério da Saúde (MS) e Ministério de
Desenvolvimento Social (MDS) via SISVAN – Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional.
Os profissionais de saúde realizam o preenchimento do mapa diário de acompanhamento quando do
atendimento dos membros da família e/ou realização de visita domiciliar. O gestor municipal é
informado dos dados (segundo recomendações do SISVAN, diária ou mensalmente) e realiza o
cadastro destes no SISVAN-Web. Essa atualização semestral junto ao Ministério da Saúde é
repassado em seguida para o Ministério do Desenvolvimento Social, gestor do Programa, para que
sejam prosseguidas possíveis sansões. Contudo, atualmente o MDS está criando o Sistema de Gestão
de Condicionalidades para que não apenas o acompanhamento, mas também a gestão desses
benefícios fique sob a responsabilidade do município.
Dados do Departamento de Gestão do Ministério do Desenvolvimento Social (DEGES/SENARC/MDS)
sobre a primeira vigência de 2008 do Bolsa Família na Saúde informa que houveram 57,6% de
famílias acompanhadas em nível nacional. Todavia, os dados relativos ao estado do Rio de Janeiro
(área geográfica onde está situado o INES e local de residência da sua população usuária) apontam
para um acompanhamento de 39% das famílias beneficiárias. Essas informações nos fazem indagar
acerca de algumas questões.
É fato que 45% dos entrevistados declararam não possuir o cartão do SUS (Sistema Único de
Saúde), apesar disso 76% afirmam realizar atendimento nas unidades básicas de saúde. Entre estes,
são recorrentes os relatos de atendimentos de urgência e não de acompanhamento vacinal e
nutricional, conforme prevê o programa.
Tais dados apontam quer para o descumprimento, quer para o não acompanhamento das
condicionalidades, ou ainda para o não-alcance dos objetivos do Bolsa Família na saúde. Segundo o
DEGES, no estado do RJ, o acompanhamento da saúde das famílias beneficiárias no primeiro
semestre deste ano é da ordem de 39% contra 88% da educação. Apesar de uma evolução de 11%
esse acompanhamento na saúde ainda é frágil. Ainda mais se observarmos que 99% dessas famílias
cumpriram totalmente as condicionalidades, o nos faz supor que o acompanhamento vem sendo
realizado apenas quando do atendimento à demanda espontânea nas unidades básicas de saúde.
Quando indagados sobre o cumprimento das condicionalidades destes programas, 16% dos
entrevistados afirmaram já terem sofrido sansões referentes aos benefícios. Dentre os quais 66%
sofreram bloqueio, fato que denota uma reincidência no descumprimento das condicionalidades.
Porém, os principais motivos apontados foram evasão escolar (25%) e ausência da documentação
exigida (25%).
No caso do cumprimento das condicionalidades, as sansões são gradativas e vão desde a notificação
da família, passando pelo bloqueio por 30 dias, em seguida pela suspensão do benefício por trinta e
sessenta dias, podendo chegar ao cancelamento se o descumprimento for repetido em cinco
períodos consecutivos. A esse respeito é importante ressaltar que a partir do cruzamento de dados
realizado pelo MDS das informações do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) (dados
extraídos em 30/04/2008) com a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2006 e com a base
de dados do Benefício de Prestação Continuada (BPC) de 2006, foram detectadas famílias com renda
per capita superior a R$ 120,00 que, portanto, terão o benefício bloqueado a partir de setembro de
2008.
Essas informações suscitam um esforço de análise sobre a questão da condição socioeconômica
(renda familiar per capita) como fator preponderante de acesso aos programas sócio-assistenciais.
Desta forma, podemos concluir que a lógica destes programas é a da cidadania invertida, ou seja, o
acesso a programas implica comprovação do fracasso não só dos indivíduos, mas da família.
Tendo em vista o grau de pobreza da população, há um aumento significativo no número de
demandatários por benefícios, fato que coloca para o sistema capitalista a preocupação sobre como
distribuir auxílios sem gerar um processo de desestímulo para o trabalho. Nesta medida, a relação
entre trabalho e família, tão presente na classe trabalhadora brasileira, constrói uma noção de
respeitabilidade, honestidade e dignidade do trabalhador; é nessa medida que o mercado mostra sua
dimensão perversa, fonte de sofrimento moral. É sob a égide da dignidade pelo trabalho que
discussão sobre a porta de saída dos programas de corte assistencial merece destaque.
Ao serem indagados sobre a necessidade da existência ou não de uma porta de saída para esses
programas, 84% disseram que deveriam prever alternativas. Dentre as sugestões apresentadas, a
maioria apontou para a capacitação profissional (23%) e o encaminhamento para o mercado de
trabalho (48%), o que corrobora com o sentimento de fracasso pela incapacidade de provisão da
família pelo próprio trabalho e pela dependência do auxílio financeiro estatal.
 A realização deste estudo aponta para algumas questões centrais, principalmente quanto ao
acompanhamento das condicionalidades e a questão da centralidade do trabalho na vida dessa
população. Sobre a educação, podemos afirmar que o controle da freqüência escolar é realizado com
eficácia, garantindo com isso acesso e permanência de crianças, adolescentes e pessoas com
deficiência na escola, conforme prevê a Constituição Federal (art.206 inciso I) e a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (art.3º inciso I).
 No que tange à saúde, o mesmo não acontece. Isso porque o cartão do SUS não é
universalizado bem como o Programa Saúde da Família, ocasionando uma falha no acompanhamento
do calendário vacinal, crescimento e desenvolvimento de crianças menores de 7 anos, pré-natal das
gestantes e acompanhamento das nutrizes. A carência do atendimento preventivo nas unidades
básicas de saúde e da realização de visitas domiciliares com esse fim faz com que o programa não
atinja os objetivos previstos quando da sua criação.
Outro ponto importante diz respeito à centralidade do trabalho. Essa questão é posta no contexto da
composição da renda familiar da população usuária ecomo sugestão de porta de saída, fato que
revela a força ainda hoje presente do paradigma da “dignidade do trabalho humano”.
 
[1] A Caixa Escolar é composta de recursos provenientes de doações ou de verbas extraordinárias,
como taxas pela confecção de segunda via de carteira escolar, percentual da cantina existente no
Instituto, receita advinda de eventos promovidos pela Escola etc. Ela pode ser acessada pelos alunos
do INES para eventualidades como compra de medicamentos, óculos e confecção de moldes para
aparelhos auditivos, dentre outros.
[2] Esse fato, porém, foi modificado com o Decreto nº 6.214 de 26/09/2007, que prevê a dispensa de
proceder à avaliação da incapacidade para o trabalho para pessoas com deficiência menores de 16
anos.
[3] O BPC na Escola é um programa de acompanhamento do acesso e permanência das pessoas com
deficiência na escola.
8 É importante ressaltar que cada responsável entrevistado corresponde a um aluno beneficiado pelo
PBF e/ou BPC. Além disso, a amostra pesquisada corresponde à totalidade de beneficiários aos quais
temos ciência.
 
[6] As informações, também, são utilizadas por outros órgãos como: Ministérios (Saúde e Esporte),
organismos internacionais, (Unesco e o Unicef) além de pesquisadores e estudantes do País e do
exterior.
[7] Casos de tiroteios e enchentes são motivos com justificação de faltas previstos pelo Programa
Bolsa Família na categoria “Fatores Impeditivos da Liberdade de ir e vir”.
Lição 06: Considerações finais
 Considerações finais
A partir da discussão levantada concluímos que a proposta de trabalho do Serviço Social objetiva um
atendimento que favoreça a inclusão e a conscientização; visando a efetiva participação da
população usuária nas questões que envolvam a surdez, e entendendo ser esta pré-condição ao
exercício pleno da cidadania.
 
Entendemos, ainda, que trabalhar junto aos movimentos sociais favoreça a um projeto de sociedade
mais democrática e a luta da garantia dos direitos. Porém, o Serviço Social, ainda, pelas condições
de vida da população das classes subalternas, continua a atender demandas de ajuda concreta, tais
como: cesta básica, medicamentos, óculos, próteses, etc. ...; e encaminhamentos a outras
instituições , atendimentos pontuais e paliativos, e que não podemos e não devemos deixar de
atender, sem que com isto percamos de vista o objetivo da emancipação dos sujeitos e do direito a
ter escolhas para a sua vida cotidiana.
Lição 07: Bibliografia
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