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1 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 INTRODUÇÃO – LITÍASE BILIAR • 9,3% da população com mais de 20 anos de idade tem litíase biliar. • Aumenta incidência a partir dos 50 anos: − 30% das mulheres; − 20% dos homens; • Apresenta hereditariedade (anamnese: perguntas de na família têm alguém com história de colelitíase). • Mais frequente no sexo feminino, multíparas e na obesidade. • Dois tipos de cálculos: − Colesterol: 70-80%; ▪ 70% colesterol monoidratado; ▪ Cálcio, sais biliares, ácidos graxos, proteínas e fosfolipídeos. − Pigmentares: negros ou castanhos. ▪ < 25% de colesterol. ▪ Bilirrubinato de cálcio / ácidos graxos / sais de cálcio. ▪ Doenças hemolíticas crônicas / estase biliar (diabetes, hipotireoidismo) / infecção. FISIOLOGIA DA LITÍASE Composição da bile: • Água; • Colesterol; • Fosfolipídios; • Sais biliares; • Bilirrubina conjugada; • Proteínas; • Eletrólitos. Colesterol, fosfolipídeos e sais biliares: responsáveis pela manutenção da solubilidade do conteúdo biliar → quando há variação nas características e proporções entre esses elementos ocorre a formação do cálculo. Alimentação aguda, jejum prolongado, ressecção ileal diminuindo absorção enteral dos sais biliares do círculo enterohepático → Alteração do equilíbrio → Bile hipersaturada em colesterol. CASO CLÍNICO Paciente de 82 anos, sexo feminino, procura atendimento por azia e náuseas, predominantemente após comidas gordurosas, há cerca de 8 meses. HMP: • HAS e dislipidemia. • Revascularização miocárdica há 3 anos. Exame físico: • PA 150x100mmHg, FC: 88bpm. • Peso: 102kg, altura 1,66m, IMC:37,01. • Ausculta cardíaca e pulmonar normais. • Abdome: RHA+, indolor à palpação superficial e profunda, livre. EDA: esofagite erosiva Los Angeles B, HP negativo. USG: vesícula biliar normodistendida, com presença de 3 cálculos móveis. Lembrar: azia é dor epigástrica em queimação. Já na pirose a dor é retroesternal. 2 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 LITÍASE BILIAR − 80% são assintomáticos. − Complicações: 3 a 10% nos sintomáticos (20%). DIAGNÓSTICO • USG: 95% de sensibilidade e especificidade, para cálculos maiores que 3mm. • Colangiorressonância – melhor que TC. • CPRE: colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE)*. Melhor que TC. Usada, hoje em dia, mais para terapêutica, pois além de diagnosticar, pode retirar as pedras. • Ecoendoscopia - melhor exame para cálculos menores que 3mm e lama biliar. Entretanto, é mais invasiva. • TC: sensibilidade de 78 a 83%, é mais invasiva em relação a contraste e mais cara. COMPLICAÇÕES • Cólicas biliares. • Colecistite aguda. • Colecistopatia crônica calculosa. • Coledocolitíase. • Colangite aguda – inflamação do ducto colédoco. • Síndrome de Mirizzi: coalescência inflamatória do infundíbulo da vesícula com a via biliar, ou seja, quando o cálculo comprime o ducto cístico, faz icterícia. Não está no ducto; está na VESÍCULA, comprimindo o ducto. • Pancreatite aguda biliar. • Íleo biliar. • Obstrução gástrica (síndrome de Bouveret): coalescência inflamatória da confluência do infundíbulo da vesícula com o duodeno. Cálculo grande que impacta a drenagem do estômago. • Câncer de vesícula. Consideramos as clínicas de cólica biliar como uma complicação, pois 80% dos pacientes são assintomáticos. CÓLICA BILIAR: • Padrão inicial preservado (crises frequentes ou espaçadas). • Complicações: 1 a 2% ao ano. • Após complicação (colecistite/pancreatite): 30% em 3 meses tem recorrência. • Dor intensa, contínua, podendo ser em cólica, com períodos de exacerbação. • Localizada em epigástrio ou hipocôndrio direito. • Irradiada para região dorsal ou interescápulo-vertebral (geralmente esquerda por causa da irradiação nervo frênico). • Ocorre mais no período noturno. • Apresenta náuseas ou vômitos associados. • Paciente tem intolerância a comidas gordurosas. • Dispepsia. • Pirose. • Cefaleia. • Plenitude pós-prandial, distensão abdominal e eructações. TRATAMENTO Expectante (que espera em observação): assintomáticos. Clínico: ácido ursodesoxicólico (de colesterol < 1cm) – para cálculos de colesterol menor que 1cm. Apresenta 50% de falha e 25 a 50% de recorrência. Cirúrgico: quando for sintomático, complicado ou vesícula biliar em porcelana (pode ser fator de risco para malignização). Indicações discutíveis nos assintomáticos: cálculos maiores que 3cm (pode ser câncer – risco para neoplasia na vesícula), DM (risco de precipitação de cálculos de colesterol), doenças hemolíticas (risco de precipitação de cálculos pigmentares), jovens e pacientes com múltiplos cálculos vesiculares menores que 5mm (sobretudo em jovens). Cálculos menores que 5 mm têm uma chance maior de migrar da vesícula e ficar no colédoco fazendo uma colangite ou impactar na papila e fazer uma pancreatite. CASO CLÍNICO 42 anos, feminina. Há 3 meses iniciou com dor epigástrica em HCD e epigástrio, por vezes relacionada à ingesta de frituras, durando cerca de 1 hora, associado à náuseas e vômitos. • Multípara, obesa (IMC: 33). • Exame físico sem alterações. COMO PROCEDER? USG ABD. DIAGNÓSTICO: LITÍASE BILIAR. TRATAMENTO: CIRURGIA – colecistectomia. E se o mesmo paciente apresentasse FEBRE, SINAL DE MURPHY +, na USG vesícula de paredes espessadas (indica inflamação) com múltiplos cálculos no interior? COLECISTITE AGUDA → tratamento cirúrgico. COLECISTITE AGUDA CALCULOSA: obstrução do canal cístico por um ou mais cálculos biliares. ACALCULOSA: neoplasias, áscaris, linfonodomegalias (compressão extrínseca), artérias anômalas, aderências, vólvulo da vesícula (quando gira em torno de si), NPT (nutrição parenteral total) prolongada. TRATAMENTO • Analgesia (AINE, opioides). 3 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 • Antibiótico de amplo espectro (cefalosporina de 1ª geração) – prevenir infecção secundária. • Colecistectomia na mesma internação. • Colecistostomia percutânea guiada por USG ou TC (drenagem), com posterior colecistectomia (em pacientes com inabilidade e muito sintomáticos: idosos, más condições clínicas). COLANGITE AGUDA E se a mesma paciente apresentasse DOR ABDOMINAL, FEBRE e ICTERÍCIA – TRÍADE DE CHARCOT? COLANGITE AGUDA. • Tríade de Charcot: 50 a 75% dos casos. Colangite aguda por coledocolitíase • Pêntade de Reynolds: tríade de Charcot (febre, dor abdominal e icterícia) associada a hipotensão e confusão mental. • Outras causas: estenoses benignas e câncer. • Mortalidade: 30 a 50% → é uma urgência. TRATAMENTO • Antibiótico; • Drenagem biliar; • Endoscópica – CRPE; • Cirúrgica. CPRE: Paciente que já tinha diagnóstico de uma neoplasia da árvore biliar e depois fez uma colangite. Promoveu drenagem biliar. Colangite por origem biliar. É feito a cauterização e injeta contraste onde vai aparecendo os cálculos. Puxa os cálculos com balonetes para a luz do intestino. É realizado um colangiograma de oclusão para conferir se a árvore biliar está limpa. LITÍASE RESIDUAL CÁLCULOS DEIXADOS NA VIA BILIAR NO MOMENTO DA OPERAÇÃO. • Ocorre em 10% dos casos. • Geralmente quando não se realiza colangiografia transoperatória. • Ou diagnosticados no transoperatório e deixados propositalmente (médico solicita uma CPRE). • Paciente recebe alta no mesmo dia. LITÍASE PRIMÁRIA OU RECORRENTE Paciente retira a vesícula e mesmo assim continua formando cálculos. Pode gerar estase e infecção (pigmentares). 4 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 Mais comum em pacientes diabéticos, hipotireoidismo → por estase que precipita cálculos de colesterol. *Cálculos pigmentares: doenças hemolíticas. CPRE – paciente que já havia realizado uma colecistectomia. Cálculos pigmentares.CASO CLÍNICO • Apesar de indicada cirurgia, paciente optou por não operar. • Dois meses depois, procurou PS com dor em abdome superior, em faixa, de forte intensidade, com início há 6 horas, irradiada para dorso, associada a náuseas e vômitos. • Exame físico com RHA negativos, dor abdominal à palpação difusa, sem sinais de irritação peritoneal. • Diagnóstico: PANCREATITE AGUDA. Leucócitos: 18500 (500 bastoes) → leucocitose (> 16000) Ureia: 45 Creatinina: 1,3 AST: 210 ALT: 202 Amilase: 2120 LDH: 312 PCR (proteína C reativa): 178 → critério de gravidade: maior que 150 Glicose: 215 Amilase menos sensível e especifica que a lipase, porém se eleva antes e cai antes. PANCREATITE AGUDA É um processo inflamatório agudo focal ou difuso do pâncreas, com acometimento variável das estruturas peripancreáticas e órgãos à distância, resultante da autodigestão pelas enzimas pancreáticas ativadas no seu interior. • Importante causa de hospitalização: > 275.000 (EUA). • Incidência: 5-30/100.000. • Mortalidade: 5-20% (necrose pancreática/severa). • Grande custo agregado: $2,62 bilhões. • Acomete somente 3-7% dos portadores de colelitíase. • Fatores de risco: sexo masculino e cálculos menores que 5mm. O sexo masculino é pior porque um dos fatores de risco é o etilismo. ETIOLOGIA • Litíase biliar: 28-40%; • Álcool: 19-40%; • Idiopática (microlitíase/lama biliar) = 80% até 30%; • Drogas: 2-4,8%; • Hipertrigliceridemia (> 1000mg/dL) / secundária a medicamentos como estrogênio: 1-4%; • Pós CPRE: 5-7% (quando cateteriza a via biliar, pode realizar uma pancreatite aguda); • Hipercalcemia (hiperparatireoidismo, paraneoplásica, toxicidade vitamina D): 1,5%; • Trauma: 1%; • Infecciosa (caxumba, hepatites virais, HIV); • Vascular (doença reumatológica/choque); • Auto-imune; • Genética; • Estruturais (disfunção do esfíncter de Oddi, tumores). 5 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 Lamivudina: utilizada para tratar hepatite B. Rifampicina: tuberculose. FISIOLOGIA – FATOR DESENCADEANTE CLASSIFICAÇÃO PANCREATITE Leve: Somente alterações intersticiais do pâncreas (sem complicações locais e sistêmicas). Sem necrose... Moderadamente grave: complicações locais ou sistêmicas transitórias ou falência transitória de órgãos (<48 horas). Grave: falência orgânica persistente. QUADRO CLÍNICO Dor abdominal – principal queixa: • Intensidade variável, contínua, localizada no epigástrio ou andar superior do abdome – em faixa. • Irradiação para dorso (principalmente de origem biliar), mas também pode atingir flancos. • Alívio na posição genupeitoral. Associada a náuseas e vômitos em 90% dos casos. Icterícia em até 25% dos casos. Principalmente quando tem uma migração do cálculo da vesícula para a luz duodenal, mas nessa passagem pode fazer pancreatite. Exame físico depende da intensidade do quadro inflamatório: • Ílio paralítico → RHA ausente. 6 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 • Pode ocorrer hemorragia digestiva. • Úlcera de estresse. • Mallory-Weiss: paciente vomita muito e tem laceração superficial da mucosa. SINAIS CLÍNICOS DE GRAVIDADES: Grey-Turner: equimose na região de flancos. Significa que está tendo muita inflamação, perdendo líquido para o terceiro espaço e geralmente indica necrose pancreática. Cullen: equimose periumbilical. Paniculite: região da perna. ACHADOS LABORATORIAIS AMILASE: • Eleva-se 6 a 12 horas após o início dos sintomas, com pico em 48 horas e normalização em 3 a 7 dias. • Sensibilidade 72% e especificidade 93%. • Amilasemia pode ser normal em pacientes com pancreatite crônica agudizada e pancreatite hiperlipidêmica. • Se eleva um pouco depois da lipase e normaliza antes. LIPASE: • Eleva-se 4 a 8 horas após início dos sintomas, com pico em 24 horas, mas persiste elevada por um período mais prolongado, de 8 a 14 dias. • Sensibilidade 79% e especificidade 89-99%, sendo mais específica que a amilase. Amilase e lipase não têm nenhum critério prognóstico da pancreatite aguda. Não indica severidade. EXAMES INESPECÍFICOS: • Leucocitose, hiperbilirrubinemia, elevação das escórias nitrogenadas, elevação da fosfatase alcalina, distúrbios de coagulação, hipocalcemia, hemoconcentração, altos níveis de proteína C-reativa (gravidade), proteinúria (gravidade), hiperglicemia, hipertrigliceridemia (etiologias de pancreatite aguda). USG, TOMOGRAFIA E RNM: • USG: sensibilidade de 62 a 95% e especificidade de 95%. É mais útil para diagnóstico de pseudocistos e litíase biliar. É prejudicado por gases (pancreatite crônica: USG com sensibilidade menor). • TC: sensibilidade de 90% e especificidade de 100%. De preferência helicoidal e com contraste (necrose / infecção). MELHOR. • RNM: na suspeita de litíase, principalmente. ECOENDOSCOPIA: 7 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 • Sensibilidade de 88 a 100% (CPRE de 79 a 90%). • Valor preditivo negativo: 97%. É útil quando o paciente tem suspeita de litíase biliar, iríamos mandar para CPRE. Se tem disponível, faz o ultrassom endoscópico e se tiver microlitíase faz a CPRE, mas se não tiver é contraindicado a CPRE. • US endoscópico negativo evitaria CPRE ou colangiografia intraoperatória. • Principalmente microlitíase. PREDITORES DE SEVERIDADE • APACHE maior ou igual a 8 na admissão; • Derrame pleural; • IMC > 30; • Evidência de necrose à TC; • PCR > 150mg/l no 3º dia de admissão; • Hematócrito > 44% - fator de risco independente para necrose pancreática; • Procalcitonina – exame laboratorial mais sensível para infecção pancreática; • Não há prognóstico “padrão-ouro” para predizer pancreatite aguda grave. SCORE DE RANSON: Na admissão: • Idade > 55 anos; • Leucócitos > 16000; • LDH > 350Ul/l; • Glicose > 200mg/dl; • AST > 250Ul/l. Cada um soma 1 ponto. Nas próximas 48h: • Queda do hematócrito > 10%; • pO2 arterial < 60mmHg; • Cálcio < 8mg/dl; • Aumento da ureia > 10mg/dl; • Déficit de base > 4mEq/L; • Sequestro hídrico > 6L; • Faz gasometria arterial. Mortalidade: • < 3: 0-3%; • 3-5: 11-15%; • ≥ 6: 40%. SCORE DE BALTAZAR: Leva em consideração as imagens tomográficas do paciente. Score de Baltazar: relacionado a exame de imagem – TC. GUIDELINE DIAGNÓSTICO Presença de dois dos três critérios seguintes: • Dor abdominal consistente com a doença. • Amilase e/ou lipase maior do que três vezes o limite superior do normal. • Os achados característicos de imagem abdominal. 8 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 TC OU RNM: Pancreatite leve • Não irá necessitar de TC na maioria dos casos. • Indicação: paciente com piora indicando complicação (febre, dor, intolerância a medicação oral, hipotensão, queda do hematócrito, etc). Pancreatite moderadamente grave/grave: • Indicação: paciente com pancreatite grave na avaliação, sem melhora após 72 horas de tratamento (rotina). • Você não pede já na admissão, pois ainda terá muita inflamação e então é difícil a visualização. TC de FOLLOW-UP (7-10 DIAS): contraindicada. MANEJO INICIAL • Avaliação do estado hemodinâmico deve ser IMEDIATA. • A avaliação de riscos deve ser realizada. • Os pacientes com falência de órgãos devem ser internados em UTI. • Hidratação agressiva: 250 a 500ml por hora de solução cristaloide isotônica. − Deve avaliar comorbidade renal e cardiovascular. − É mais benéfica se iniciada nas primeiras 12 a 24 horas da admissão. − Não existe mais preferência por Ringer Lactato*. − Reavaliação a cada 6h (nas primeiras 24 a 48h). • Fazer cateter venoso central em pancreatite severa e em doença cardiopulmonar. • Fazer controle sintomático, de acordo com sintomas. • Dieta zero nas primeiras 24h •IBP ou bloqueador H2. ANTIBIOTICOTERAPIA SEM INDICAÇÃO: • Uso profilático de rotina em casos severos. • Prevenção de desenvolvimento de necrose infectada em paciente com necrose estéril. INDICADA: • Para uma infecção extrapancrática: colangite, infecções de cateter, ITU, pneumonias. • Para pacientes com necrose pancreática ou extrapancreatica com piora clínica ou que não apresenta melhora após 7 a 10 dias de hospitalidade. • Faz imiopenem + cilastatina 500mg 3x por dia por duas semanas (em casos de necrose). SUPORTE NUTRICIONAL • Nos casos leves, alimentação via oral pode ser iniciada imediatamente, se não houver náuseas/vômitos e dor abdominal (FOME). Nestes casos: dieta sólida com baixo teor de gordura parece tão segura quanto uma dieta líquida restrita. • Nos casos severos, a nutrição enteral é indicada para evitar complicações infecciosas (SNE guiada por EDA). • Eficácia igual para SNG e SNE (usa mais SNE). • NPT deve ser evitada (devido ao custo e morbidade). CPRE INDICAÇÃO: • Colangite aguda concomitante: fazer CPRE no prazo de 24h da admissão. • Pancreatite aguda biliar com obstrução do colédoco. SEM INDICAÇÃO: • Em casos de pancreatite aguda biliar leve sem evidência de obstrução biliar. SE GRANDE SUSPEITA DE COLEDOCOLITÍASE: • COLANGIORNM e/ou ultrassom endoscópico. • Paciente ictérico sem colangite. COLECISTECTOMIA INDICAÇÃO COLECISTECTOMIA ABERTA OU LAPAROSCÓPICA NA ADMISSÃO: • Pancreatite aguda biliar leve INDICAÇÃO NA MESMA INTERNAÇÃO: • Pancreatite aguda biliar moderadamente grave/grave. • Deve ser adiada até que as coleções de líquidos se resolvam ou se estabilizem e a inflamação aguda cesse. COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS • Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS). • Insuficiência respiratória. • Insuficiência renal aguda. • Hemorragia digestiva alta. • Confusão mental/coma. • Coagulopatia/CIVD. • Necrose gordurosa. 9 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 COMPLICAÇÕES TARDIAS • Fístula (ruptura ductopancreática, criando contiguidade). • Abcesso. • Pseudocisto (após 4ª semana, 50% de resolução). • Vasculares (compressão da veia mesentérica superior ou esplênica, erosão direta de artéria ou veia com sangramento, formação de pseudo-aneurisma arterial). Pseudocisto: coleção de líquido envolto por uma cápsula (não é tecidual). PANCREATITE CRÔNICA – CASO CLÍNICO Paciente de 48 anos, etilista há 25 anos (1 garrafa destilado/dia), procura ambulatório por episódios de dor abdominal após alimentação gordurosa de forte intensidade em mesogástrio, associado a náuseas e vômitos e esteatorreia. Emagrecimento de 12kg no último ano. • Refere DM há 2 anos. • Exame físico: desnutrição. • Traz exames laboratoriais com hemograma, amilase e lipase normais. USG normal. Pancreatite crônica: condição inflamatória irreversível do pâncreas, levando a graus variados de disfunção exócrina e endócrina. PATOGENIA A patogenia ainda está sendo estudada, acredita-se que há um aumento das proteínas nos ácinos pancreáticos. FATORES DE RISCO • Álcool. • Dieta hiperproteica. • Anormalidades anatômicas (estenoses, pseudocistos, lesões periampulares, esfíncter de Oddi, pâncreas divisum). • Fibrose cística. • Tabagismo. • Desnutrição proteicocalórica – pancreatite tropical. • Hiperparatireoidismo. • Obstrução. • Hereditariedade. QUADRO CLÍNICO • Dependente da função endócrina: diabetes. • Dependente da função exócrina: diarreia e emagrecimento. • Dependente da exacerbação aguda: dor. • Dependente da causa: icterícia. Para o paciente ter a manifestação endócrina e exócrina é preciso ter 90% do tecido pancreático destruído. RX Sinal da flecha com múltiplas calcificações pancreáticas. Quadro avançado de pancreatite crônica. 10 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 TC Irregularidade do ducto de Wirsung com calcificações. CPRE Uso terapêutico. Observamos algumas áreas de estenose e calcificações no ducto pancreático. Alguns cistos. ECOENDOSCOPIA Calcificação do pâncreas. TESTES DE FUNÇÃO PANCREÁTICA EXÓCRINA Direta: • CCK: estimulação da célula acinar – dosar lipase e tripsina. • Secretina: colangiopancreatografia magnética com estímulo por secretina ou teste endoscópico. Não temos no Brasil. Indireta: • Dosagem sérica de tripsinogênio e tripsina; • Elastase fecal (pouco sensível)*; • Pesquisa gordura fecal*. Nível Brasil: elastase fecal e pesquisa de gordura fecal. PADRÃO OURO: TUBAGEM DUODENAL COM ESTÍMULO HORMONAL. COMPLICAÇÕES • Pseudocistos. • Ascite pancreática. • Fístula pancreática. • Trombose de veia esplênica. • Icterícia obstrutiva. • Neoplasia pancreática. TRATAMENTO DOR: Opioides é discutível por causa da dependência. Não se utiliza mais enzimas pancreáticas como analgesia. SEMPRE: CESSAR TABAGISMO E ETILISMO. Utilizamos mais: analgesia, bloqueio neurológico e cirurgia. MALABSORÇÃO: • Dieta pobre em gorduras. 11 Natália Oliveira – Turma XLII – 2021.1 • Enzimas pancreáticas – CREON: 10000-25000 UI antes de refeições + IBP (IBP ou H2-I são usados para prevenir úlceras por estresse). TRATAMENTO DE DM: • Hipoglicemiantes orais. • Insulina (doses menores). TRATAMENTO DE PSEUDOCISTOS: • Quando ficam presentes por mais de 6 semanas, grandes e sintomáticos. • Pode fazer ressecção (cauda, gerando perda de tecido funcional); • Pode fazer drenagem interna (cirúrgica ou endoscópica). • Pode fazer drenagem externa (cirúrgica ou por cateter percutâneo – infecções e fistulas).