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Resumo da Malu – 2020.1 Farmacocinética Introdução • Fármaco – Deve ser capaz de atravessar as barreiras fisiológicas que existem no corpo para limitar o acesso das substancias estranhas • A absorção dos fármacos ocorre através de vários mecanismos capazes de explorar ou romper essas barreiras • Após ser absorvido o fármaco terá sua distribuição feita pelo organismo, vasos sanguíneos e linfáticos, até alcançar o se órgão-alvo em uma concentração apropriada • A capacidade do fármaco de acesso ao alvo é limitada por dois processos, são eles: 1. Metabolização – Onde o organismo inativa o fármaco através da degradação enzimática, que ocorre primeiramente no fígado 2. Excreção – Consiste na eliminação do fármaco do corpo (principalmente pelos rins, fígado e fezes) Barreiras Fisiológicas • O fármaco precisa vencer barreiras físicas, químicas e fisiológicas para alcançar seus locais de ação moleculares e celulares - Revestimento epitelial do TGI e membranas mucosas - São encontradas outras barreiras após a penetração do fármaco no sangue e nos vasos linfáticos • A maioria dos fármacos circulantes devem se distribuir para os tecidos locais - Esse processo pode ser impedido por estruturas ex: barreira hematocefálica • Os fármacos abandonam o compartimento intravascular → nos locais que existem lacunas maiores entre as células endoteliais ele irá passar • A distribuição se dá por difusão passiva • A velocidade de difusão é afetada por condições iônicas e celulares locais Membranas Biológicas • Todas as células são compostas por uma membrana de bicamada lipídica - Contém lipídios hidrofóbicos no seu interior - Possui uma superfície hidrofílica nos seus ambientes extracelular e intracelular aquosos • Componentes lipídicos da membrana: - Moléculas anfílicas – fosfolipídios, colesterol, etc • Componentes hidrofílicos: - Fosfato – presente na cabeça dos fosfolipídios - Grupo hidroxila polar do colesterol – presente na superfície externa e interna da membrana - Caudas hidrofóbicas dos lipídios – voltadas para o interior da membrana • As membranas contem numerosas proteínas diferentes - Podem estar expostas na superfície extracelular ou na intracelular - Podem estar atravessadas na membrana → Proteínas Transmembrana Absorção • A natureza da resposta do fármaco após sua administração no indivíduo vai depender das propriedades farmacológicas do fármaco no seu local de ação • Existem diversos fatores que interferem na ação, intensidade e tempo de duração da ação desse fármaco - Taxa de extensão da absorção no local de administração - Distribuição para os tecidos - Local de ação - Taxa de eliminação • Farmacodinâmica – Consiste na ação do fármaco no seu local de ação • Farmacocinética – Ações do organismo ao levar o fármaco até o local de ação - São influenciadas por alguns processos básicos 1. Administração: » O medicamento sólido sofrerá desintegração e desagregação, seguido por uma dissolução (entra em solução com os líquidos corporais) → Esse processo se chama Farmacêutica » Após ser dissolvido ele passa pelos processos da farmacocinética 2. Absorção: » Transferência do fármaco do local administrado para a circulação sistêmica 3. Distribuição: » Transferência do fármaco da circulação sistêmica para os órgãos e dos órgãos para a circulação » Está sempre buscando o equilíbrio 4. Eliminação: » Remoção do fármaco do organismo por órgãos com capacidade excretora Resumo da Malu – 2020.1 → Fármaco no local de ação: • No local ele irá interagir com o receptor, gerando um efeito farmacológico que poderá gerar uma resposta clínica - Essa resposta pode ser a que eu desejo (eficácia) ou aquela acima aos efeitos desejados (toxicidade) • No local de administração esse fármaco está geralmente na sua forma livre • Fármaco Livre – Será absorvido e entrará na circulação sanguínea - É a molécula do fármaco livre (sem ligações) - Pode interagir com PTNs plasmáticas ou teciduais • Na circulação sistêmica os fármacos possuem características próprias e vão interagir com diversas proteínas - O grau de interação depende de cada fármaco • O fármaco livre não tem capacidade apenas de interagir com as proteínas, como também de atravessar a membrana e se acumular em resíduos teciduais, se ligar no seu sítio de ação (enzima, receptor ou carreador), ser eliminado e biotransformado (ser metabolizado para que ele seja mais facilmente excretado, geralmente na forma de um metabólito mais solúvel com uma polaridade maior) • Absorção – É a passagem de uma substancia no seu local de administração para o plasma → Fatores que influenciam na absorção: • Propriedades químicas dos fármacos: - Natureza química – ácido, básico, sal, éster → responsável por gerar um grau de lipossolubilidade e hidrossolubilidade - Grau de ionização do fármaco: pKa X pH do meio - Tamanho das partículas e formulação farmacêutica • Fatores fisiológicos: - pH e fluxo sanguíneo no sítio de absorção → é uma característica do indivíduo + comorbidades, fármacos, alimentação - Área de superfície disponível para absorção - Tempo de contato com a superfície de absorção → tempo do fármaco no local de ação - Espessura da membrana - Eliminação pré-sistêmica = Metabolismo de Primeira Passagem • Fatores relacionados ao paciente: - Obesidade - Idade - Doenças - Medicamentos – podem competir pelo mesmo local de ação ou podem interagir entre si → Fatores que influenciam na forma de absorção: • Forma de apresentação do fármaco • Tamanho da partícula Forma de Apresentação • Após a administração ocorre a desintegração do fármaco em grânulos • Os grânulos vão sofrer desagregação formando pequenas partículas • Que serão dissolvidas formando uma solução com os líquidos corpóreos, que será por fim absorvido → Fatores que alteram a dissolução/desintegração: • Volume do diluente – se bebe pouca ou muita água na hora da administração do fármaco • pH do meio – se o pH corporal está ácido ou básico, se está ingerindo o fármaco com outro liquido que não seja água • Temperatura – do líquido, do ambiente, do corpo • Grau de compactação – que foi feito na indústria • Tamanho dos cristais – definido no momento de síntese da molécula do fármaco Estabilidade das Substâncias → Fatores físico-químicos: • Substancias instáveis em meio acido - Não administrar V.O pois o ácido estomacal vai degradar o fármaco - Usar revestimento gastro-resistente é uma solução nesse caso → por isso não pode quebrar, amassar ou diluir o medicamento • Moléculas ativadas pelo pH ácido - Clorazepam – metabólito ativo - Tetraciclinas – a dissolução desse fármaco ocorre apenas em meio ácido • Algumas substancias possuem melhor absorção em pH ácido, por isso, estimula a ingestão do fármaco com substancias acidas • Influenciam na forma que os fármacos vão atravessar a membrana • Propriedades que definem a travessia desses fármacos na membrana: - Solubilidade – lipossolúvel ou hidrossolúvel - Velocidade de dissolução – tempo que o fármaco demora a entrar em solução e ser absorvido - Grau de ionização - • Substancias Solúveis – sua absorção será limitada pela velocidade de dissolução • Substancias Pouco Solúveis – absorção será limitada pela característica individual dela e a solubilidade Resumo da Malu – 2020.1 Transporte por Membranas Biológicas → Transporte Passivo: • Ocorre por difusão lipídica - Atravessa a camada fosfolipídica - Necessita de um certo nível de solubilidade - Quando os meios entram em equilíbrio a substancia para de passar • Ocorre a difusão por poro aquoso: - Ocorre com compostos iônicos - Depende do gradiente eletroquímico e do pH dos dois lados da membrana» Dificilmente o equilíbrio é atingido pois há redistribuição, excreção, utilização da substancia, então a movimentação dessa substancias entre as membranas sempre vai estar ocorrendo, tentando entrar em equilíbrio » Quem dirige o gradiente de concentração é a Primeira lei de difusão de Fick: - A constante de difusão (K) será determinada pelo tamanho da molécula, grau de ionização e lipossolubilidade da mesma → Transporte Ativo: • Presença de carreador • Há gasto de energia • O fármaco se acumula de um lado da membrana, se liga à um carreador e é transportado contra o gradiente de concentração usando a energia da quebra de um ATP → Transporte Facilitado: • Presença de um carreador • Não há gasto de energia • O fármaco se liga ao carreador e é transportado a favor do gradiente de concentração → Filtração: • Transporte passivo através dos poros da membrana • Poros aquosos: - Permitem que passem moléculas de 4-40 Angstrom de diâmetro - Deixam passar compostos hidrofílicos, íons e eletrólitos de até 60 000 daltons de PM - São canais de caráter proteico como fenestrações → Endocitose: • Fagocitose – englobamento de uma partícula sólida através de pseudópodes formando um fagossoma • Pinocitose – englobamento de uma partícula liquida formando uma vesícula • Endocitose mediada por receptor – reconhecimento de uma partícula por receptores presentes na membrana, e formação de vesículas com PTNs Grau de Ionização e pH do meio → Fármacos: • São ácidos ou bases fracas • Tendem a se ionizar quando estão em solução • Fármacos ionizáveis – possui carga na sua molécula, logo, estão ionizadas em solução - Maioria deles - Substâncias muito ionizáveis são de difícil absorção - Tendem a se acumular ao redor de moléculas de H2O • Fármacos não-ionizáveis – não possuem carga em solução - São lipossolúveis → sabendo que a membrana é rica em fosfolipídios essas moléculas terão mais capacidade de fazer a difusão pela membrana celular • pKa – característica da substancia que define o grau de ionização da molécula - É o pH no qual 50% do fármaco está na forma ionizada e 50% do fármaco está na forma não-ionizada Ex: ácido acético possui pKa = 4,5 → então quando ele estiver solução com pH = 4,5 ele estará 50% na forma ionizada e 50% na forma não-ionizada • Esse grau de ionização é definido pela Equação de Henderson-Hasselbalch: - Usando o pH do meio e pKa da substância é possível calcular a diferença de concentração de molécula ionizadas e não-ionizadas - Substancias ácidas em pH básico – tendem a estar mais ionizadas → tende a ser absorvida - Substancias ácidas em pH ácido – tendem a estar não- ionizadas → consegue atravessar a membrana V = K. 𝐴 (𝐶1−𝐶2) 𝑑 ▪ V – veloc. de difusão ▪ A – superf. de absorção ▪ C1-C2 – grad. de concent. ▪ d – espessura da membrana ▪ K – const. de difusão pH = pKa + log 𝐼 𝑁𝐼 Resumo da Malu – 2020.1 Absorção e Superfícies → Tratro Gastrointestinal: 1. Estômago: • Membrana espessa com muito muco • Elevada resistência elétrica – grande quantidade de bicabornato no muco e HCl no fluido gástrico • Baixa capacidade de absorção • Alta função digestiva • O tempo de esvaziamento varia de: - 5 min à 3 hrs – jejum - Até 12hrs – com alimentos • Por esse motivo, há medicamentos que devem ser administrados em jejum e outros com a refeição - Medicamentos que dependem de pH ácido para serem ativados devem ser ingeridos com alimentos que aumentem a concentração de ácido estomacal - Substancias que precisem chegar rápido ao intestino é ideal devem ser ingeridos em jejum para ela ser absorvida rapidamente • Esse tempo de esvaziamento depende de diferentes fatores: - Pressão osmótica - Volume de alimento ou líquido no estomago - Temperatura - Composição do bolo alimentar • pH = 3,5 ~ 4 2. Intestino: • Possui uma membrana delgada • Baixa resistência elétrica – possui pouco muco (baixo quantidade de bicarbonato para proteção da parede intestinal) • Função absortiva • Alto fluxo sanguíneo - ↑ circulação = ↑ absorção • pH = 5 ~ 7 • ↑↑ superfície de contato com muitas vilosidades - Possui dobras de Kerckring – 3x - Villi – 10x - Borda em escova (1000 microvilli) – 20x • Geralmente a absorção é melhor no intestino devido o longo tempo que os fármacos ficam ali - Mesmo sabendo que, fármacos ácidos sejam mais absorvidos em pH ácido e fármacos básicos sejam absorvidos em pH básico Efeito de Primeira Passagem • Consiste na metabolização do fármaco na primeira passagem pelo organismo • Dependendo da via de administração isso vai variar • Via Oral: - É absorvido pelo TGI - Quando chega no estomago e intestino, é absorvido e entra na circulação sanguínea - A circulação que sai do intestino vai direto para a veia porta hepática e passa primeiro pelo fígado - No fígado ele será metabolizado → alguns fármacos são mais suscetíveis que outros à essa metabolização • Pode ocorrer o efeito de primeira passagem em outros órgãos, porém, é mais comum uma maior metabolização pelo fígado - Pode ocorrer na saliva • Provoca alteração na biodisponibilidade do fármaco • Biodisponibilidade – Grau com que uma preparação terapêutica é absorvida e torna-se disponível no local de ação da substancia - Da quantidade total administrada, é o quanto chegou à circulação sistêmica e está disponível para exercer sua função - Só é possível calcular a quantidade de fármaco que chega na circulação sistêmica → não tem como saber a quantidade que vai chegar no sítio de ação - Será apresentada na forma de porcentagem - Pode ser calculada pela curva de absorção do fármaco: - Pelo cálculo da área da curva é possível calcular a biodisponibilidade do fármaco - Via intravenosa – não há absorção visto que o fármaco é diretamente introduzido na circulação sistêmica → a biodisponibilidade será muito maior que na via oral • Bioequivalência – Responsável por determinar se um fármaco é equivalente ao outro - Irá definir se um fármaco é genérico ou similar de outro - Teste de bioequivalência – Feitos com fármacos com o mesmo princípio ativo, mesma formulação, que na mesma dose e ambiente, quando testados possuem curvas de disponibilidade iguais - Genérico – São fármacos que foram feitos o teste de bioequivalência e foram aprovados pela ANVISA - Similar – Fármacos com o mesmo princípio ativo, na mesma dose, porém que não foi realizado o teste de bioequivalência Fatores Relacionados ao Paciente → Idade: • pH gástrico: adultos < idosos/crianças → Idosos: • Menor superfície intestinal • Menor débito sanguíneo → apesar de possuir uma maior pressão arterial, há um menor grau de perfusão 1 2 3 • Curva 1 – A > E • Curva 2 – A = E • Curva 3 – A < E - A (absorção) - E (excreção) Resumo da Malu – 2020.1 → Gravidez: • Menor motilidade devido aos hormônios que possuem o objetivo de ter uma maior absorção de nutrientes • Aumento do pH estomacal • Alteração no fluxo sanguíneo → Doenças: • Gastrectomia – perda de um pedaço do estômago por alguma doença no TGI ou por redução do estômago • Herpes e edemas – provoca alteração no tecido e afeta o grau de absorção e distribuição • Úlceras duodenais e gástricas – qualquer alteração no TGI irá afetar a absorção por via oral • Alterações na flora – os microorganismos da flora intestinal irão influenciar na absorção, degradação e metabolização de alguns fármacos • Hepatite e icterícia – há alteração do funcionamento do fígado, afetando a quantidade de fármaco que vai chegar no sitio de ligação • Insuficiência cardíaca – altera o fluxo sanguíneo, afetando a circulação sanguínea e a consequente absorção dos fármacos → Alimentação: • Diminuição da absorção:- Pela complexação do fármaco com outra substância, promovendo modificação dele e diminuindo sua absorção → Fármacos quelantes possuem a capacidade de aprisionar íons dentro da sua estrutura, logo, quando ingeridas com leite que possui Ca2+, esse irá se complexar com o leite, precipitando e diminuindo a sua absorção - Competição por transportadores → 2 substancias que utilizam o mesmo transportador para serem absorvidas irão competir e alguma delas será absorvida em menor quantidade, e será eliminada do organismo - Aumento da secreção ácida → ocorre a degradação de substancias sensíveis ao pH ácido - Esvaziamento gástrico lento → a substancia fica em contato com o ácido gástrico por mais tempo, aumentando a degradação, diminuindo a quantidade de substância ativa disponível para a absorção • Atraso e modificação da velocidade de absorção: - Lentidão do esvaziamento gástrico → pode ocorrer por alimentação, doença, alterações hormonais, problemas gastrointestinais, fazendo com que haja alteração na absorção do fármaco • Aumento da absorção: - Aumento da produção de bile → por ter a capacidade de emulsificar gorduras, frente a um fármaco muito lipossolúvel, a bile vai aumentar a solubilidade da gordura no meio, facilitando a absorção da gordura - Emulsifica substâncias → Formas de retardar a absorção: • Adrenalina: - Causa vasoconstrição extrema - Quando administrada com um anestésico local ela evita que esse anestésico vá para a circulação sistêmica através da diminuição da circulação promovida pela vasoconstrição • Formulações de liberação prolongada: - Alterando a estrutura do fármaco, tipo de cápsula, formulação farmacêutica, etc. • Esterificação de hormônios e antipsicóticos: - Sais complexos de cadeia extremamente longa que possuem dificuldade de difusão fazendo com que a absorção seja bastante lenta • Alterações de características físicas: - Mudando a estrutura do fármaco há diferença na absorção Vias de Administração → Via Oral: • A ingestão é o método mais comum e mais aceito • Vantagens: - Indolor - Mais seguro e conveniente - Mais econômico - Possui variedades de formas de apresentação • Desvantagens: - Pode causar irritação da mucosa gástrica - Interferência na digestão - Dificuldade de deglutir - Interação medicamentosa - Absorção irregular • Sofre efeito de 1ª passagem hepática • Depende da cooperação do paciente para tomar de forma correta • É afetado por: motilidade gastrointestinal, tamanho das partículas, fluxo sanguíneo e esplênico, tipo de formulação • Formas de Apresentação: - Solução aquosa e solução alcoólica (5-50 ml) - Emulsão, suspensão e soluções mistas (100-500 ml) - Cápsula – podem ser partidos - Comprimido revestido – Tem objetivo de liberar seu conteúdo em um momento específico. Não podem ser partidos - Cápsula com pellets revestidos – Esses pellets são dissolvidos em velocidades diferentes, sendo a mesma substancia absorvida em momentos diferentes - Comprimidos multiparticulados – Seu conteúdo é dissolvido lentamente tendo uma absorção diversa Resumo da Malu – 2020.1 • Formas de Administração: - Comprimido com revestimento entérico - Comprimidos e cápsulas - Solução efervescente e xarope - Comprimidos multiarticulares - Comprimidos de liberação prolongada → Via Sublingual: • Vantagens: - Absorção é muito rápida - O medicamento entra diretamente na circulação sistêmica - Ausência do efeito de 1ª passagem • Desvantagens: - Pode causar irritação local - Apenas administrado em pequenas doses - Absorção incompleta pois parte do fármaco vai para o TGI junto com a saliva - O fármaco precisa ser altamente lipossolubilidade pois ele vai atravessar a membrana diretamente → Via Intravenosa: • Vantagens: - Pode ser administrado grandes volumes - Baixa latência de efeito (tempo entre a administração e o efeito) - Biodisponibilidade de 100%, logo, tudo o que for administrado chega à circulação sistêmica - Utilizada em emergências - Pacientes inconscientes - Não sofre efeito de 1ª passagem • Desvantagens: - Irreversível - Não podem ser administradas soluções oleosas (extrema dor) ou insolúveis (causa embolia) - A substância administrada precisa ser estéril, com pH e pressão osmótica compatíveis - Causa desconforto - Maior risco de reações adversas pois o local de ação é atingido rapidamente - Depende de material e técnica adequada → Via Intravenosa: • Vantagens: - Absorção rápida - Podem ser administrados volumes moderados – até 5 ml) - Formulações e depósito e oleosas – são de lenta difusão fazendo efeitos por dias - Biodisponibilidade de 75-100% • Desvantagens: - Pode causar lesão tecidual (infecções e abcessos) - Pode causar irritação local - Causam desconforto e costumam doer bastante - Depende de material e técnica adequadas → Via Subcutânea: • Vantagens: - Possui absorção lenta, contínua e segura - Pode ser autoadministrada - Feita com suspensões insolúveis (depósito) e pellets (implantes cutâneos) • Desvantagens: - Pode causar lesão tecidual (necrose, fibrose, infecções e abcessos) - Causa desconforto - Depende de material e técnica adequadas - Há uma limitação de volume – até 0,3 ml Ex: insulina ou implante anticoncepcional → Via Intradérmica: • Administrada na derme (camada entre a epiderme e o subcutâneo) • Vantagens: - Possui absorção lenta e mantida - Usada em reações de hipersensibilidade (alergia) • Desvantagens: - Irritação local - Causa desconforto - Depende de material e técnica adequadas - Possui limitação de volume – 0,1 à 0,5 ml → Via Retal: • Vantagens: - Absorção rápida - Usada na pediatria - Pode ser usada em casos de êmese (vômito) - Feita em paciente com dificuldade de deglução – coma, estado febril e convulsivo - Sofre menos efeito de 1ª passagem – 50% da circulação vai para a via porta hepática e 50% vai para a circulação sistêmica • Desvantagens: - Irritação local - Desconfortável - Baixíssima adesão - Absorção irregular e incompleta - O fármaco precisa ter alta lipossolubilidade → Via Tópica: • A absorção ocorre através das mucosas - Conjuntiva, nasofaringe, orofaringe, vagina, cólon, uretra e bexiga • Altamente vascularizada • Via Transdérmica – absorção feita através da pele • Potencialização da absorção: - Pode ser por aumento da superfície de contato - Por lesões - Fármacos lipossolúveis ou veículos oleosos pois facilita a absorção na membrana Resumo da Malu – 2020.1 • Vantagens: - Efeito local ou sistêmico - Absorção rápida - Adesivos – liberação sustentada e fluxo contínuo • Desvantagens: - Irritação local – alterar o local do adesivo - Pele: íntegra X escoriada A pele integra absorve melhor o medicamento A pele escoriada a absorção será diferenciada - A absorção depende de: Fluxo sanguíneo – pessoas obesas, alta sudorese Grau de hidratação da pele • Formas de Administração: - Gota oftálmica – deve ser estéril, isotônica e possuir pH neutro - Gota nasal – solução viscosa - Supositório e óvulo vaginal - Cremes, pomadas e pó → Via Inalatória: • Administrada pela inspiração por inalador ou spray • Vantagens: - A absorção ocorre através do epitélio pulmonar e membranas mucosas - Efeito local ou sistêmico - Absorção rápida e de baixa latência (efeito rápido) - Não sofre efeito de 1ª passagem - Podem ser administrados fármacos que não são absorvidos pelo TGI • Desvantagens: - O fármaco deve ser gasoso ou volátil - Ou deve ser capaz de atomizar as partículas (produzir partículas de um tamanho especifico e pequeno) - Só é absorvido apenas 10% do fármaco inalado → Via Intra-arterial: • Administrada na artéria do órgão alvo • Necessita de especialistas• Não sofre efeito de 1ª passagem • Depuração pelo pulmão • Usada em pacientes em choque ou no caso de câncer → Via Intratecal: • Administrada no espaço subaracnóideo • Raquianestesia • Usada quando há infecções agudas do SNC e o medicamento não atravessa a barreira hematocefálica • Possui efeito local e rápido nas meninges ou no eixo cérebro-medular → Via Peridural: • Administrado no espaço delimitado pela dura-máter que circunda a medula • Possui maior risco de efeitos sistêmicos que a via Intratecal → Via Intraperitoneal: • Administrada na cavidade peritoneal • Utilizada em laboratório em camundongos e ratos • Possui absorção rápida devido a grande área de superfície e vascularização • Sofre efeito de 1ª passagem pelo fígado • Há risco de infecção e aderência → Via Intra-articular: • Administrada diretamente nas articulações • Comum em atletas (infiltração) • Tratamento paliativo Distribuição • Uma vez que o fármaco entra na circulação tem-se um fármaco livre, onde ele pode: - Interagir com proteínas, lipídios ou outras moléculas, formando um fármaco ligado - Ser metabolizado pela biotransformação - Interagir com receptores dos locais de ação - Se acumular em reservatórios teciduais - Pode ser excretado • Não ocorre de forma igual por todo o organismo • É um processo reversível de transferência do fármaco da circulação sistêmica para os tecidos, e dos tecidos para a circulação sistêmica • Tende a entrar em equilíbrio → o processo termina quando as concentrações do fármaco livre no sangue e nos tecidos se igualam, o que nunca ocorre pois o corpo está sempre em alteração (ingestão, absorção, excreção, etc) • O fato de o fármaco ter sido absorvido não significa que ele está disponível para agir - Quando ele está ligado a qualquer proteína ou receptor, ele não pode interagir com o local de ação • As distancias entre os órgãos são grandes, levando tempo para o fármaco chegar no seu local de ação e desempenhar a sua função • O organismo é dividido em diferentes compartimentos bem delimitados pelas membranas biológicas • Difusão – principal mecanismo envolvido no deslocamento de moléculas em solução - Nem todas as substancias possuem características favoráveis a essa difusão Resumo da Malu – 2020.1 → Sistema Circulatório: • Terá muita importância na difusão dessas substancias • Na microcirculação ocorre a troca de substancias entre os tecidos (água, nutrientes, O2) assim como os produtos de degradação (metabólitos) são carregados dos tecidos para o sangue para serem excretados • Essas trocas ocorrem nos capilares - Distribuição – ocorre da circulação para os órgãos - Absorção – ocorre a partir do TGI, pele ou outra via de administração para a circulação sistêmica • Os capilares possuem condições ideais para as trocas: - Paredes finas e simples - Velocidade lenta do sangue - Grande área de superfície • A microcirculação possui características estruturais e funcionais que variam de órgão pra órgão em função da: - Relação capilares/arteríolas - Densidade capilar no tecido - Tipo de capilar - Barreiras adicionais - Demanda metabólica do tecido → Fatores que influenciam a distribuição: • Taxa de perfusão do órgão: - Consiste no fluxo sanguíneo que passa por aquela massa tecidual - Órgãos com demandas metabólicas maiores costumam ser melhor perfundidos - Órgãos bem perfundidos – As substancias chegam em grande concentração e tendem a diminuir ao longo do tempo (pulmão, glândulas adrenais, rins, fígado e coração) - Órgãos pouco perfundidos – A concentração da substância começa baixa e tende a aumentar e atingir um platô (pele, tecido adiposo, tecido conjuntivo e musculo esquelético) - O fármaco chega primeiro nos órgãos mais perfundidos - Reperfusão ou Redistribuição – Movimento de chegada da substancia em órgãos bem perfundidos em grande quantidade e depois passando para órgãos pouco perfundidos, podendo levar de minutos à horas dependendo da substancia e do tecido - Substancias lipossolúveis – tendem a se acumulam nos tecidos pouco perfundidos, sendo liberadas muito lentamente - Substancias pouco lipossolúveis – possuem dificuldade de atingir tecidos pouco perfundidos • Ligação das substancias às proteínas plasmáticas: - Sabendo que a maioria dos fármacos são ácidos ou bases fracas, eles têm a tendência de fazer ligações com outros ácidos ou bases - Substancias ácidas – tendem a se ligar à albumina - Substancias básicas – tendem a se ligar à glicoproteína α1-ácido - Como a maioria dos fármacos são ácidos fracos, veremos ele ligado a albumina em grande quantidade no sangue - Alguns fármacos como os glicocorticoides possuem PTNs específicas, como por exemplo a globulina de ligação aos glicocorticoides - O fármaco ligado à PTNs plasmáticas não está disponível para interagir com os tecidos, para ser biotransformado ou eliminado → fica mais tempo no plasma tendo uma duração maior do seu efeito - O fármaco livre está disponível para interagir com os tecidos, para ser biotransformado, e eliminado → entra em alta concentração no plasma, mas é rapidamente eliminada - Fatores envolvidos na ligação à proteínas: ▪ Afinidade fármaco X proteína: - Ligação de baixa afinidade, fraca e reversível - Processo rápido e saturável ▪ Concentração do fármaco: - A alta concentração do fármaco frente à baixa concentração de proteínas faz com que haja muito fármaco livre disponível, aumentando o efeito desse fármaco ▪ Concentração da proteína: - Crianças desnutridas com hipoalbulinemia devem ter a concentração do fármaco reduzida, por ser um processo saturável parte da substancia se liga às proteínas presentes e o resto fica livre para interagir com os tecidos, tendo mais efeito de determinado fármaco, sendo necessário reduzir a dose do fármaco para que ele fique em equilíbrio com a quantidade de proteínas no organismo ▪ Há competição entre os ligantes devido à baixa especificidade da ligação - Bilirrubina X sulfonamidas em crianças – ocorre competição pelo sitio de ligação à albumina, logo com alta concentração de sulfonamidas, a bilirrubina fica livre no plasma causando icterícia • Ligação tecidual do fármaco: - Depende da característica química da substancia em relação às proteínas do organismo ▪ Rins: - Proteína metalotioneína – possui alta afinidade por metais → promove acúmulo de cádmio, chumbo e mercúrio causando certa toxicidade ao rim ▪ Olhos: - Há presença de melanina na retina, que tende a acumular clorpromazina e cloroquina → causa coloração amarela nos olhos e cegueira em indivíduos mais suscetíveis Resumo da Malu – 2020.1 ▪ Ossos: - São compostos por cristais de cálcio, podendo ocorrer acúmulo dessas substancias na superfície cristalina ou elas podem ficar presas no arcabouço do cristal ósseo (tetraciclinas, cisplatina, estrôncio e chumbo) - Quando o indivíduo envelhece e começa a perder massa óssea, há liberação desses metais presos, havendo casos de intoxicação em idade avançada - É um reservatório de liberação lenta – a pessoa pode vir a liberar essa substancia ao longo dos anos ▪ Tecido Adiposo: - Ocorre o acúmulo de fármacos muito lipossolúveis (drogas de abuso, anestésicos e ansiolíticos) - Possui distribuição lenta pelo baixo fluxo sanguíneo – 3ml/100g/min - É um reservatório de liberação lenta - Pessoas obesas: É difícil fazer anestesia por conta do peso corporal e da distribuição que é difícil pois o tecido adiposo é muito alto, necessitando de uma dose maior, pois o fármaco tende a se acumular no tecido adiposo não chegando no SNC. Após algumas horas ou dias depois da cirurgia essa pessoa pode ter alguns efeitos como turvação mental, esquecimento, alentecimento do indivíduo, etc • Permeabilidadecapilar do tecido: - Variam de um tecido para o outro, fazendo com que a distribuição dos tecidos varie também - Tipos de capilares: ▪ Contínuos – Uma célula é contínua à outra, não havendo passagem entre as células, apenas através das células - Só passam substancias lipossolúveis e moléculas menores que 10nm - Presentes em tecidos com função de proteção - SNC, músculos, tecido adiposo ▪ Fenestrado – possuem fenestras, espaços entre as células, que permitem a passagem de substancias - Passagem de moléculas de 10-100nm - Presentes em órgãos com função de detoxificação, filtração e produção de células → pois precisam que substancias e outras células atravessem as fenestras - Glomérulo renal (filtração), intestino (absorção) e pâncreas (produz substancias e libera hormônios) ▪ Sinusóides – possuem grandes espaços entre as células endoteliais (> 200nm) - Presentes em órgãos com capacidade de produzir outras células - Medula óssea (produz céls sanguíneas), baço (degradam céls sanguíneas) e fígado (detoxicação do organismo) • Barreira hematoencefálica: ▪ Sistema Nervoso Central: - Tecido contínuo com junções “tight” – são junções oclusivas que agregam uma célula à outra impedindo a passagem entre elas - Redução do nº de poros do tecido - Astrócitos circundantes que possuem a função de proteger a barreira hematoencefálica - Caso uma substancia consiga atravessar, há a presença de transportadores (proteínas de fluxo), como a glicoproteína P e transportadores de ácidos orgânicos → fazem a expulsão dessas substancias para fora para proteger o tecido - Pode haver o aumento da permeabilidade no caso de inflamações (meningite ou encefalite) → fazem com que as células se afastem por conta do edema, deixando algumas substancias passarem - Alguns antibióticos só podem ser usados em caso de inflamação, para ele conseguir atravessar a barreira hematocefálica e ter seu efeito - Fármacos deixam o cérebro por: » Difusão para o plasma » Transporte ativo no plexo coróide por meio de transportadores » Por eliminação no liquido cérebro-espinhal ▪ Placenta: - Permite a passagem de fármacos lipossolúveis - Fluxo sanguíneo lento para uma maior troca de substancias - Há uma maior tendência de substancias básicas se acumularem na placenta devido a diferença de pH plasmático que faz com que haja um sequestro de substancias básicas ✓ fetal = 7,3 ✓ materno = 7,44 → levemente mais ácido - Potencial toxicidade devido essa tendência das substancias em se acumulares, caso ocorra a passagem de substancias - Possui transportadores de efluxo, como: Glicoproteína P Transportador de ácidos orgânicos (BCRP) • Características específicas das membranas do tecido: - Sua espessura, polaridade, etc • Mecanismos de transporte: - Se a substancia irá atravessar a membrana por difusão ou através de fenestras - Se essa substancia irá usar proteínas carreadoras ou não • Lipossolubilidade da substancia: - Determina se a substancia vai conseguir se difundir pela membrana fosfolipídica ou não → Curva de concentração plasmática X tempo: • Geralmente o pico do fármaco corresponde à faixa terapêutica desejada, que corresponde à concentração média desejada (CME) • A CME que gera o efeito terapêutico (efeito desejado) • Caso aumente muito a dose do fármaco e ele passe dessa faixa terapêutica, ele irá entrar na faixa tóxica • A faixa terapêutica varia de um fármaco para o outro Resumo da Malu – 2020.1 • Há fármacos com uma faixa terapêutica pequena e com grande capacidade de gerar efeitos tóxicos (lítio) • Há outras substancias mais seguras que se pode aumentar a dose sem ter efeitos adversos ou indesejáveis • O efeito sempre será proporcional à concentração plasmática do fármaco Modelo de Distribuição 1. Modelo de um compartimento: • Definido como se o corpo fosse um único compartimento • Após a administração da substancia, ela se distribui pelo organismo de forma homogênea • O fármaco se encontra no compartimento central e sua distribuição é instantânea através do volume do corpo • Não é um modelo real pois isso não ocorre biologicamente • Depuração do fármaco – Se dá quando sua eliminação ocorre de forma simples em cinética de 1ª ordem, ou seja, ele não produz metabólitos e não é eliminado em tempos diferentes • Em caso de depuração do fármaco esse modelo pode ser utilizado → ele não vai descrever a evolução temporal da concentração plasmática do fármaco • Alguns reservatórios teciduais podem ser diferenciados do compartimento central • Esse modelo é aplicado à maioria dos fármacos em situações clinicas, principalmente, quando não são utilizadas doses que possuem saturação das proteínas plasmáticas, não tendo taxas de eliminação diferentes 2. Modelo de dois compartimentos ou Bicompartimental: • Usado para modelos mais complexos • Considera que há um compartimento central (órgãos mais bem perfundidos) e o compartimento periférico (órgãos menos perfundidos) • Há uma cinética de 2ª ordem, onde há diferentes velocidades de distribuição e eliminação do fármaco • Utilizado para estudos mais profundos da cinética do fármaco (farmacocinética clínica, estudo clinico de toxicidade, desenvolvimento de fármacos, distribuição, concentração plasmática) Volume de Distribuição • Volume de distribuição (Vd) – Volume necessário para conter todo o fármaco na mesma concentração encontrada no sangue ou plasma - Relaciona a quantidade de fármaco no corpo com a concentração plasmática dependendo do liquido dosado • Esse volume não se refere necessariamente ao volume identificável no corpo • Existem volumes de distribuição muito maiores que o volume do corpo • A conta é feita pensando em qual seria o volume necessário no organismo para o medicamente atingir no corpo todo, a concentração que ele se encontra no plasma • Varia de acordo com: » Ligação às proteínas plasmáticas: - Substancias com alta afinidade à proteínas plasmáticas tendem a ficar em maior concentração no plasma - Como se quantifica a [plasmática], a dose administrada estará localizada em maior parte no plasma - Volume de distribuição próximo de 1 - ↑ [fármaco no sangue] = + próximo de 1 será o volume de distribuição - A [plasmática] será equivalente à dose administrada » Ligação aos tecidos: - Se o fármaco tende a se acumular nos tecidos, a sua concentração plasmática será muito baixa - A dose administrada será dividida por um valor muito baixo, logo o volume de distribuição será alto » Coeficiente de partição lipídica: - Se ele tende a se acumular em tecidos ou se tende a ficar no sangue » Idade, taxa de gordura corporal, doenças: Ex.1: Se a concentração plasmática do propranolol é 5mg/L, quanto fármaco há no corpo do paciente? (Vd = 250 L) Vd = Q/C → Q = V x C = 250L x 5mg/L = 1250 mg Ex.2: Se a concentração plasmática da teofilina é 10 mg/L imediatamente depois de administrar uma dose de 300 mg, qual é o seu volume de distribuição? Vd = Q/C → 300mg / 10mg/ml = 30 ml Vd = 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑓á𝑟𝑚𝑎𝑐𝑜 𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑝𝑙𝑎𝑠𝑚á𝑡𝑖𝑐𝑎 Resumo da Malu – 2020.1 Metabolização • É a transformação química dos fármacos em metabólitos → podem possuir, ou não, atividade farmacológica tóxica • Possui importância em diversos processos, como: - Efeito de 1ª passagem e biodisponibilidade - Na eliminação de fármacos lipossolúveis e no término de sua atividade • Principais locais onde ocorre a metabolização: - Fígado, TGI, sangue, pulmão e rins • Substâncias hidrofílicas – São altamente hidrossolúveis tendo dificuldade de atravessar as membranas biológicas - São facilmente excretados • Substâncias Lipofílicas – Possuem muita afinidade pelos tecidos, tendo facilidade paraatravessar membranas biológicas, para serem secretadas e reabsorvidas - Há uma grande dificuldade em excretá-las • Por isso, a metabolização ou biotransformação possui como principal função, transformar as substancias lipofílicas em substancias mais hidrossolúveis, para que dessa forma, elas sejam secretadas • Durante a metabolização, há substâncias lipofílicas que irão gerar metabólitos polares e substâncias hidrofílicas com facilidade de serem eliminadas • É dividida em 2 fases: 1. Fase 1: ▪ Ocorre reações de funcionalização → reação que insere uma função química na estrutura do fármaco gerando um metabólito oxidado, hidroxilado, dealquilado, deaminado ou hidrolisado ▪ Metabolitos gerados: - Será uma substancia mais lipossolúvel - Geralmente sua atividade irá variar → pode gerar um metabolito ativo, inativo ou tóxico, com mais ou menos atividade que a substância inicial - Possui uma hidrofilia maior ▪ As principais reações são: oxidação, redução e hidrolise ▪ Acontecem no sistema de citocromo P450 monooxigenase - Também chamado microssomas - É uma hemiproteína – superfamília de proteínas heme- tiolato com estrutura parecida com a da hemoglobina - Possui mais de 50 CYPs ativas no homem - Expressas no fígado, TGI, pulmão, rins e SNC - Forma um complexo com o CO - Absorve a luz no comprimento de 450nm - NADPH-citocromo P450 redutase – Responsável pela transferência de elétrons para o citocromo P450 → necessita de NADPH e oxigênio muscular - Nomenclatura: CYP + número (família) + letra capital (subfamília) + número (gene) - Responsável por mais de 75% das reações de fase 1 - Principais CYP – CYP2C, CYP2D e CYP3A4 - Os fármacos são metabolizados de formas diferentes por cada uma das CYPs ▪ CYP3A4: - Possui maior capacidade de degradação de um grande número de fármacos, alimentos e outras substancias toxicas - Realiza 60% das reações de oxidação - Responsável por 50% da metabolização de todos os fármacos → geralmente quando um fármaco é metabolizado por ele, haverá muitas interações medicamentosas com outros fármacos - Importante para o metabolismo sistêmico e para o efeito de 1ª passagem - Substratos formados geralmente são hidrofóbicos - Sua distribuição celular + especificidade é semelhante com a glicoproteína P - A ligação ao CYP não é específica - Pode ter uma variabilidade interindividual grande - Sua ação pode ser modulada, inibida ou induzida – por meio da poluição, cigarro, álcool, interação com outros fármacos 2. Fase 2: ▪ Ocorre reações de conjugação → ocorrerá a conjugação do metabolito formado na fase 1 ou do próprio metabolito original, à radicais glicuronídeos, sulfatos, acetilas, glutationa ▪ Gera compostos maiores e mais hidrossolúveis, com maior capacidade de serem excretados e geralmente inativos ▪ Se dá por ligações covalentes entre o fármaco ou seu metabolito de fase 1 + substrato endógeno ▪ Metabólitos gerados: - Terá uma hidrofilia sempre maior - Possui atividade geralmente menor ▪ Existem exceções como a morfina: - Morfina + ácido glicurônico = morfina-6-glicuronídeo ▪ Glicuronidação: - Ocorre principalmente no fígado e na parede intestinal Resumo da Malu – 2020.1 ▪ Sulfatação: - Limitada pela disponibilidade do substrato endógeno PAPs - Dose-dependente → uma substancia que precisa fazer muita sulfatação para ser metabolizada, e é ingerida em grandes concentrações, todo o PAPS será usado e vai ter excedente dessa substancia podendo gerar uma toxicidade ▪ Conjugação com glutationa: - Comum em substâncias que geram radicais livres - Gera proteção contra toxicidade - Seu substrato geralmente são substancias reativas → reagem com outras proteínas e são potencialmente perigosas → Metabolização do paracetamol: • Pode entrar em várias reações de fase 2 (conjugado com sulfato, glicuronídeos ou pode ser metabolizado gerando um intermediário tóxico – NAPQ1) • NAPQ1 (N-acetil-p-benzo-quinona imina) – produz radicais livres e possui alta toxicidade para o fígado • O paracetamol ingerido em grandes concentrações, a sulfatação e glicuronidação não são suficientes para metaboliza-lo, gerando o NAPQ1 que se conjuga com a glutationa (que pode ser usada totalmente) • O NAPQ1 é reativo e instável, podendo reagir com as proteínas presentes no DNA das moléculas do fígado, podendo causar cirrose hepática → Metabolização dos benzodiazepínicos: • Não necessariamente o fármaco precisa passar pelas duas fases → pode ir direto pra reação de fase 2 gerando um metabolito conjugado • O metabólito pode passar duas vezes pela fase 1, fazer diferentes tipos de conjugação • Um fármaco pode ter diferentes vias de metabolização → Metabolização do ácido acetilsalicílico: • Forma o salicilato → pode ser conjugado com glicina, pode ser oxidado, pode ser livre, pode ser conjugado com ácido glicurônico → Efeito de Primeira Passagem: • Primeira passagem do fármaco pelo fígado • O CYP fica localizado na mitocôndria dos enterócitos • Passando pela circulação porta-hepática, as substancias que foram absorvidas pelo TGI vão cair diretamente na circulação do fígado e vão sofrer certa detoxificação • Importância: - Quando se sofre grande efeito de 1ª passagem, há um decaimento grande da dose administrada → essa característica depende da substância, se ela será muito metabolizada ou não - As substâncias terão diferentes suscetibilidades ao efeito de 1ª passagem, diminuindo ou aumentando muito a sua concentração, quando chegar na circulação sistêmica BD Oral (biodisponibilidade oral) – É a dose administrada que efetivamente chega na circulação sistêmica • Geralmente, as substancias que sofrem muito efeito de 1ª passagem são administradas preferencialmente por vias que não sofram tanto efeito de 1ª passagem - Via intravenosa, subcutânea • Outra opção, é fazer um cálculo e administrar uma dose bem maior, para que a quantidade que chegue no plasma seja o suficiente para gerar o efeito desejado reação + comum Resumo da Malu – 2020.1 • Usado como estratégia farmacêutica → pró-fármacos • Pró-fármacos – São fármacos que não são os ativos para gerar o efeito clinico desejado - Essas substâncias devem sofrer conversão química ou bioquímica antes de exercer seus efeitos farmacológicos - Objetivos da utilização de pró-fármacos: » Melhorar a absorção » Melhorar a distribuição » Reduzir os efeitos adversos » Prolongar a duração do efeito » Melhorar o gosto do fármaco → Consequências da metabolização: • Fase 1: - Metabólito geralmente mais hidrofílico - Atividade variável • Fase 2: - Metabólito mais hidrofílico - Atividade geralmente menor • Prednisona – é administrada dessa forma pois não possui gosto, e seu metabólito ativo possui um gosto muito ruim • Enalapril – é administrado dessa forma por conta da sua solubilidade • Codeína, propranolol e diazepam – são ativos e geram metabólitos tão ativos ou mais ativos que ele - A codeína possui 30% do efeito da morfina • Paracetamol e sulfonamidas – geram metabólitos tóxicos → Fatores que afetam a metabolização: • Polimorfismo genético – São variáveis genéticas dentro de uma população ou de indivíduos → farmacogenética • Idade – dependendo dela há enzimas mais ou menos ativas - Neonatos – não possui enzimas maduras - Idosos – possuem enzimas com atividade baixa - Adulto – possui um pico de atividade enzimática • Sexo • Fatores ambientais – contato com poluição ou ambientes que tenha contato com substâncias que induzam ou inibam a ação dos citocromos irão gerar efeitos na metabolização • Doenças: - Hepatopatia – caracterizadas pela alteração no fígado - Insuficiência cardíaca severa/choque – caracterizada por ter um edema grande e dificuldade de circulação, quevai alterar a metabolização • Débito sanguíneo hepático: - Alto X Baixo coeficiente de extração – a circulação sanguínea alterada, vai interferir na velocidade da metabolização ou quantidade do fármaco metabolizado • Interações medicamentosas: - Outros fármacos podem induzir ou inibir os citocromos Eliminação • Depende de características físico-químicas da droga • Substâncias Lipossolúveis: - São facilmente absorvidas - Difícil excreção - São reabsorvidas e podem se acumular • Drogas mais facilmente excretadas: - São hidrossolúveis - Ionizadas no pH do meio → Excreção Renal: • A excreção pelos rins é uma das mais pronunciadas • Ocorre durante os seus 3 processos principais de produção da urina: 1. Filtração: » Depende da taxa de filtração glomerular (TFG) » Depende da proporção do fármaco ligado » Serão excretados apenas fármacos que conseguem atravessar a membrana das células renais – sais, moléculas pequenas 2. Secreção tubular: » Ânions anfipáticos e metabólitos conjugados serão secretados por meio de carreadores 3. Reabsorção tubular passiva: » Ocorre por transportadores de membrana ou por difusão iônica • A unidade funcional do rim é o néfron • O sangue arterial passa primeiro pelos glomérulos que filtram parte do plasma • Muitas substâncias são secretadas nos túbulos proximais • A maior parte da água é reabsorvida ao longo do néfron, principalmente pelos túbulos proximais, distais e coletores • Numerosas substâncias podem ser reabsorvidas pelo epitélio tubular e liberadas no líquido intersticial renal, e depois no plasma • A quantidade de fármacos que entra no túbulo, vai depender da taxa de filtração e da extensão da ligação do fármaco com proteínas plasmáticas • Se ele tiver ligado à essas proteínas, ele não será filtrado nem secretado → apenas fármacos livres serão filtrados Resumo da Malu – 2020.1 • No túbulo renal proximal vai ocorrer a secreção tubular ativa – permite acrescentar ao líquido tubular os ânions anfipáticos, metabólitos conjugados, bases orgânicas • Os transportadores de membrana são responsáveis pela reabsorção ativa, principalmente os localizados no túbulo renal distal - No entanto, a maior parte da reabsorção vai ocorrer por difusão não-ionizada - Substâncias não-ionizadas – Possuem a capacidade de serem reabsorvidas → ocorre com a maior parte das moléculas lipossolúveis • As células tubulares não são permeáveis às substâncias ionizadas - Bases e ácidos fracos quando estão ionizados não serão reabsorvidos - Basificando a urina, há aumento da excreção de ácidos que estão mais ionizados - Acidificando a urina, há aumento da excreção de bases • Drogas – sua maioria são removidas do corpo através da urina, na forma inalterada ou como metabólitos polares ionizados • Substâncias lipofílicas – Por serem apolares, não são eliminadas suficientemente pelo rim • Drogas lipofílicas – Sua maioria é metabolizada em produtos mais polares, que serão excretados pela urina Depuração (Clearance): » Mede a eficácia do organismo na eliminação do fármaco » É a taxa de eliminação normalizada com a concentração de um fármaco » Serve para um fármaco ser mantido dentro da janela terapêutica durante uma administração prolongada » Permite ser feito um esquema de administração – consiga saber qual a concentração necessária para ter uma eficácia terapêutica tendo uma toxicidade mínima, admitindo que a substância tem uma biodisponibilidade total e que dê para estabilizar a taxa de eliminação do fármaco » Depuração Renal - Mede o volume de liquido biológico (sangue ou plasma) que contém a quantidade da droga removida pelo rim » Depuração hepática – Mede o volume de líquido biológico ainda metabolizado pelo fígado » É extremamente relevante estabelecer a taxa de depuração para estabelecer a dose da droga usada para tal tratamento a longo prazo » É quantificada a partir do volume de sangue do qual o fármaco é completamente eliminado por unidade de tempo - mL/min ou mL/min/Kg (volume/tempo) » O cálculo de depuração total ou clearance sistêmico se faz somando a depuração de órgãos específicos » Possui uma reação com a curva de biodisponibilidade do fármaco: » Meia-Vida (T ½) – É o tempo necessário para que a concentração plasmática de determinado fármaco seja reduzida pela metade - Ajuda no planejamento de um esquema terapêutico e da concentração-alvo - A concentração-alvo que produz o efeito terapêutico desejado - Se leva em consideração a depuração, meia-vida, volume de distribuição e a disponibilidade do fármaco - Usa-se para determinar a dose e de quanto em quanto tempo o indivíduo deve tomar aquele medicamento - Feito antes do medicamento entrar no mercado (bula) - Terapia de doses repetidas – Utiliza-se esses fatores para calcular como vai se ter um efeito terapêutico duradouro - Ocorre o acúmulo na concentração plasmática porque sempre resta no organismo um pouco de fármaco das doses anteriores → Curva tipo “Dente de Serrote” - A acumulação continua até que um platô seja alcançado - Dessa forma, há uma dose de manutenção que faz com que consiga atingir o platô - Dose de ataque – É uma dose, ou série de doses, que pode ser administrada no inicio do tratamento com o objetivo de alcançar rapidamente a concentração alvo - Usada para uma enfermidade que precisa ser tratada com urgência, mas não pode se fazer uma dose alta contínua - Nesse caso, usa-se uma dose bem alta inicialmente, para chegar na concentração de platô, e depois faz doses menores para manter a dose de segurança - É boa por chegar rapidamente no efeito desejado Cl = 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑙𝑖𝑚𝑖𝑛𝑎çã𝑜 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 Clsist = Clrim + Clhep + Cloutros] Cl = 𝑑𝑜𝑠𝑒 á𝑟𝑒𝑎 𝑠𝑜𝑏 𝑎 𝑐𝑢𝑟𝑣𝑎 [fármaco]/tempo Dose de ataque = 𝑉𝑑 𝑥 𝐶𝑝 𝑎𝑙𝑣𝑜 𝐹 Resumo da Malu – 2020.1 - É perigosa, pois como é usada uma dose bem alta inicialmente, pode gerar efeitos adversos ♥ Dosagem Terapêutica: - Ocorre um crescimento gradual, e o somatório das doses entra na faixa terapêutica e mantém constante nele ♥ Dosagem Terapêutica com Dose de Ataque: - Ocorre um aumento rápido da droga na concentração plasmática e depois serão tomadas doses de manutenção ♥ Dosagem Tóxica: - Ocorre a ingestão de um medicamento em doses maiores que a necessária, ou em um intervalo de tempo menor que o necessário (indicado pela bula) - Vai ultrapassar a faixa terapêutica, podendo ter uma dose tóxica, que cause efeitos adversos Ex: anti-inflamatórios são tóxicos para os rins, pois eles causam vasoconstrição do seio renal, logo, quando tomados em doses maiores que as recomendadas ou em períodos de tempo mais curtos que os recomendados, ele pode levar à falência renal ♥ Dosagem Subterapêutica: - Consiste na ingestão de doses menores do que as recomendadas, ou em espaços de tempo maiores que os recomentados - O somatório das doses não chega na fase terapêutica, tendo um subefeito → Excreção Pulmonar: • Necessária principalmente para a eliminação dos gases anestésicos → Excreção Biliar / Fezes: • A excreção pelas fezes é uma das mais pronunciadas • Envolve principalmente a eliminação de fármacos que não sofreram absorção (via oral), de metabólitos excretados na bile ou secretados diretamente para o trato intestinal e que não foram reabsorvidos, sendo eliminados nas fezes • A conjugação, especialmente com ácido glicurônico, facilita a excreção biliar → Excreção pelo suor e saliva: • Possui uma função mais jurídica • Pode-se quantificar e avaliar se há presença de dopping ou drogas → Excreção pelo leite: • Importante pois tem relação com a toxicidade • Os fármacos excretados podem produzir efeitos indesejados no lactente
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