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FARMACOCINETICA-APLICADA

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1 
 
SUMÁRIO 
 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 
2. INTRODUÇÃO À FARMACOCINÉTICA APLICADA .................................... 4 
3. ABSORÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS ........................................ 6 
3.1 Fatores que influenciam na absorção:....................................................... 8 
3.2 Portas de entrada ...................................................................................... 8 
3.3 Principais vias de administração ............................................................... 8 
3.4 Biodisponibilidade e Distribuição ............................................................. 11 
4. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE FÁRMACOS............................................ 14 
4.1 Administração sublingual ......................................................................... 14 
4.2 Administração oral ................................................................................... 15 
4.3 Administração retal .................................................................................. 16 
4.4 Administração cutânea ............................................................................ 17 
4.5 Administração por inalação ..................................................................... 17 
4.6 Administração por injeção ....................................................................... 18 
5. TRANSPORTE DE FÁRMACOS ATRAVÉS DAS MEMBRANAS .............. 19 
5.1 Transporte Passivo ................................................................................. 19 
5.2 Difusão passiva de drogas hidrossolúveis: .............................................. 21 
5.3 Difusão passiva das drogas lipossolúveis: .............................................. 21 
5.4 Transporte Ativo ...................................................................................... 21 
5.5 Endocitose ............................................................................................... 22 
5.6 Pinocitose e Fagocitose: ......................................................................... 23 
5.7 Exocitose ................................................................................................. 23 
5.8 Difusão Facilitada: ................................................................................... 23 
 
2 
 
5.9 Passagem através de lacunas intercelulares: ........................................... 24 
6.METABOLISMO E BIOTRANSFORMAÇÃO DE FÁRMACOS ......................... 25 
6.1 Metabolismo de fase 1 ............................................................................ 26 
6.2 Redução .................................................................................................. 27 
6.3 Hidrólise .................................................................................................. 27 
6.4 Metabolismo de fase 2 ............................................................................ 28 
6.5 Fatores que alteram o metabolismo ........................................................ 28 
7. EXCREÇÃO dos fármacos ......................................................................... 29 
7.1 Excreção Renal ....................................................................................... 30 
7.2 Excreção Biliar ........................................................................................ 36 
8. INIBIÇÃO ENZIMÁTICA ............................................................................. 37 
9. INDUÇÃO ENZIMÁTICA ............................................................................ 38 
10. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS ......................................................... 39 
10.1 Interações medicamentosas prejudicais .............................................. 39 
10.2 Interações medicamentosas benéficas ................................................ 39 
10.3 Interação Farmacocinética ................................................................... 40 
10 .4 Interações farmacodinâmicas............................................................... 41 
10.5 Interações de medicamentos com alimentos ....................................... 43 
10.6 Interações de medicamentos com álcool ............................................. 46 
11 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 49 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
 O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da 
sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se 
levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que 
seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a 
pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, 
é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao 
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina 
é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações 
propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier 
para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida 
e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
4 
 
2. INTRODUÇÃO À FARMACOCINÉTICA APLICADA 
 
Fonte: pixabay.com.br 
A farmacocinética estuda o caminho percorrido pelo medicamento no organismo, 
desde a sua administração até a sua eliminação. Pode ser definida, de forma mais exata, 
como o estudo quantitativo dos processos de absorção, distribuição, biotransformação e 
eliminação dos fármacos ou dos seus metabólitos. 
A farmacocinética está inserida na dinâmica de interação entre fármaco e corpo. 
Consiste na absorção, distribuição, biotransformação e excreção de fármacos. Estes 
fatores, associados à dose, determinam a concentração da droga em seus locais de ação 
e, portanto, a intensidade dos seus efeitos em relação ao tempo (GOODMAN; GILMAN, 
2012). 
O fármaco não cria ações no organismo, ele atua aumentando ou diminuindo o 
metabolismo em determinada situação. 
Existem conceitos básicos na farmacocinética cuja compreensão é fundamental 
para a utilização dos medicamentos. O primeiro deles refere-se ao que é chamado de 
biodisponibilidade: taxa e extensão na qual uma molécula ativa (fármaco ou metabólito 
ativo) é absorvido e se torna disponível no sitio de ação da droga. 
Cmáx: indica a máxima concentração de fármaco atingida na circulação. 
 
5 
 
Tmáx: indica o tempo que leva para que a máxima concentração de fármaco seja 
atingida na circulação. São aspectos do comportamento das drogas dentro do organismo 
utilizados como parâmetros que definem as doses terapêuticas, as reações adversas e 
as intoxicações com medicamentos. 
A bioequivalência é um parâmetro usado entre fármacos, que usa parâmetros 
farmacocinéticos para seu cálculo. É o estudo comparativo entre as 
biodisponibilidades do medicamento de referência e, do genérico 
correspondente, sob a mesma forma farmacêutica, e, contendo idêntica 
composição qualitativa e quantitativa de princípio(s) ativo(s) (KATZUNG, 2006 
apud CAVALHEIRO, 2016). 
Dois fármacos são bioequivalentes quando apresentam biodisponibilidades e 
concentração máxima semelhantes. 
Volume de distribuição (Vd) é todo o fluido corpóreo, tanto dentro dos órgãos 
quanto a corrente sanguínea. Fatores como ligação a proteínas plasmáticas e ligação em 
tecidos, interferem no volume de distribuição. O tempo de meia vida refere-se ao tempo 
gasto pelo organismo para eliminar metade da concentração do fármaco administrada. 
Ka e pKa são utilizados para quantificar a acidez e basicidade. A relação entre o 
Ka e a acidez é direta, quantomaior o Ka mais forte é o ácido. Já a relação entre acidez 
e pKa é inversa, quanto maior o pKa mais fraco é o ácido. Quando o pKa é menor que 1 
se tem um ácido muito forte, quando o pKa vai de 1 a 5 se tem um ácido forte, com pKa 
entre 5 e 15 sem tem um ácido fraco e quando o pKa é maior que 15 o ácido é muito 
fraco. 
 
6 
 
3. ABSORÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 
 
Fonte: certara.com 
A absorção consiste na passagem da droga do seu local de aplicação até a 
corrente sanguínea. Raramente, o fármaco é administrado diretamente em seu tecido 
alvo como acontece, por exemplo, na aplicação tópica de um agente anti-inflamatório na 
pele ou na membrana mucosa. O mais comum é a administração em um compartimento 
diferente do corpo. Exemplo: um fármaco com ação no SNC, que foi administrado por 
uma via oral, necessita que a substância seja absorvida no intestino, e ao chegar no 
sangue, seja distribuída para seu local de ação, permeando através das barreiras que 
separam esses compartimentos. 
A maioria das membranas são permeáveis a água. Devido a esta propriedade, a 
água pode arrastar consigo alguns fármacos que encontram-se dissolvidos. Essa 
permeabilidade pode ser observada pela difusão ou pelo fluxo resultado das diferenças 
hidrostáticas ou osmóticas através da membrana celular. Os fármacos atravessam as 
membranas por processos passivos ou por mecanismos envolvendo a participação ativa 
de componentes da membrana. No primeiro caso a molécula do fármaco, geralmente, 
transpassa por difusão passiva (simples ou facilitada) a favor de um gradiente de 
concentração e devido a sua solubilidade compatível com a membrana plasmática. Esta 
passagem é diretamente proporcional à amplitude de gradiente de concentração através 
https://www.certara.com/
 
7 
 
da membrana, ao coeficiente lipídio: água da substância e à área de superfície celular. 
Logo o tamanho da molécula do fármaco influência de forma direta o seu transporte 
transmembrana. 
Após alcançar o estado de equilíbrio a sua concentração é a mesma nos dois lados 
da molécula, porém este fenômeno só acontece quando o fármaco não estiver em seu 
estado ionizado em um dos lados da membrana, devido ao pH do meio. 
 O pH: A maior parte dos fármacos são ácidos ou bases fracas presentes tanto na 
forma não-ionizada como na ionizada. Tais moléculas possuem diferenças significativas 
no que se refere a lipossolubilidade. Via de regra os fármacos não-ionizados são mais 
lipossolúveis que fármacos ionizados, porém outros fatores devem ser levados em 
consideração como tamanho da molécula e estrutura química. 
Contudo a distribuição transmembrana vai depender da afinidade fármaco-
membrana. A distribuição é determinada pelo seu pKa e pelo gradiente de pH. Por 
definição o pKa é o pH no qual metade do fármaco (eletrólito fraco) está ionizado. 
É um processo que influencia o início e a magnitude de efeito dos fármacos, sendo 
um dos determinantes da escolha de vias de administração e doses. Se um fármaco é 
inadequadamente absorvido, seus efeitos sistêmicos inexistem. 
Segundo Silva, 2010 a absorção é influenciada pelas seguintes propriedades dos 
fármacos: 
• Lipossolubilidade, a solubilidade do fármaco na bicamada lipídica das 
membranas biológicas, permitindo facilmente a travessia dessas por 
difusão passiva; 
• Hidrossolubilidade, permite absorção quando existem nas membranas 
sistemas transportadores específicos ou canais e poros hidrofílicos; 
• Estabilidade química da molécula do fármaco; 
• Peso molecular, tamanho e volume da molécula do fármaco; 
• Carga elétrica da molécula do fármaco (polaridade, ionização; pH do 
meio); 
• Forma farmacêutica (comprimidos, cápsulas, soluções etc.) em que o 
fármaco é administrado; 
 
8 
 
• Velocidade de dissolução do fármaco, quando administrada por via oral, 
compatibilidade com as secreções gastrointestinais; 
• Concentração do fármaco no local de absorção. 
3.1 Fatores que influenciam na absorção: 
• Fatores físico-químicos; 
• Transito gastrintestinal; 
• Tamanho das partículas e tipo de formulação; 
• Fluxo sanguíneo esplâncnico. 
3.2 Portas de entrada 
• Trato gastrointestinal; 
• Parede capilar (sangue). 
3.3 Principais vias de administração 
Vias de administração correspondem ao local que o fármaco entra em contato com 
o organismo, liberando a quantidade adequada do medicamento para que ocorra o efeito 
terapêutico desejado. A resposta terapêutica depende de fatores como a concentração 
do princípio ativo, seu transporte pelos líquidos corporais através das membranas 
biológicas, bem como a resistência à degradação metabólica. 
A forma farmacêutica e a via de administração podem influenciar a seletividade 
de um medicamento e, portanto, suas indicações clinicas. As três principais vias 
de administração são: Oral ou per os, parenteral e retal (MAGALHÃES, 1985 
apud MONTANHA 2013). 
Via Oral: A absorção a partir do trato digestivo é regulada por diversos fatores 
como: área de superfície de absorção, fluxo sanguíneo local, estado físico do fármaco 
(solução, drágea, comprimido, etc.), sua solubilidade em água e concentração no local 
de absorção. Como a maior parte da absorção dos fármacos é feita a partir de processos 
 
9 
 
passivos, ou seja, a favor de um gradiente eletroquímico, quanto mais lipossolúvel um 
fármaco for mais rapidamente ele será absorvido. Por esta via o fármaco irá encontrar 
diversas dificuldades nos mais variados compartimentos antes de alcançar a circulação 
sistêmica. Temos como primeiro exemplo o estômago com concentrações apreciáveis de 
ácido clorídrico e outras enzimas como pepsina, originadas do pepsinogênio secretado. 
Ao passar pelo estômago o fármaco cairá no intestino, sofrendo ações metabólicas de 
um pH mais elevado e de enzimas intestinais. Existem, também, bactérias que 
biotransformam, boa parte de seus componentes. Com o intestino bem perfundido de 
sangue, o fármaco chega finalmente ao sistema portal hepático. No fígado ele vai 
encontrar os hepatócitos e o sistema microssomal P450 (conhecido por ser um dos 
principais focos de biotransformação do corpo) para então alcançar a veia cava inferior e 
chegar ao coração. Nesse processo podemos notar que o fármaco necessita superar 
várias dificuldades antes de chegar a circulação, porém, mesmo assim, a via oral é a 
principal via utilizada para administração de fármacos. A absorção de fármacos 
lipossolúveis aumenta com a ingestão de alimentos ricos em gorduras. O aumento do pH 
do suco gástrico dificulta a absorção de ácidos fracos no estômago. Retardo e aceleração 
do esvaziamento gástrico, afeta a velocidade de absorção nos primeiros segmentos 
intestinais. 
Muitos dos medicamentos que são administrados por via oral também podem ser 
administrados por via retal em forma de supositório. Nesse formato, o medicamento é 
misturado com uma substância cérea, que se dissolve ou liquefaz depois de ter sido 
introduzida no reto. A absorção do medicamento é rápida, uma vez que o revestimento 
do reto é fino e a irrigação sanguínea é abundante. São indicados quando um indivíduo 
não pode tomar um medicamento por via oral devido a náuseas, impossibilidade de 
deglutir ou restrições alimentares, como acontece antes e depois de muitas intervenções 
cirúrgicas. Os medicamentos que podem ser administrados por via retal incluem 
acetaminofeno (para a febre), diazepam (para convulsões) e laxantes (para a 
constipação). 
A administração por injeção (administração parenteral) inclui as seguintes 
principais vias: 
• Subcutânea (sob a pele); 
 
10 
 
• Intramuscular (no músculo); 
• Intravenosa (na veia); 
• Intratecal (ao redor da medula espinhal). 
Na administração por via subcutânea, insere-se uma agulha no tecido adiposo 
logo abaixo da pele. Após um medicamento ser injetado, ele percorre os pequenos vasos 
sanguíneos (capilares) e é transportado pela corrente sanguínea. 
A via intramuscularé preferível à via subcutânea quando são necessárias maiores 
quantidades de um produto farmacêutico. A rapidez com que o medicamento é absorvido 
na corrente sanguínea depende, em parte, do suprimento de sangue para o músculo: 
Quanto menor for o suprimento de sangue, mais tempo o medicamento demora para ser 
absorvido. 
Na administração por via intravenosa, insere-se uma agulha diretamente na veia. 
Assim, a solução que contém o medicamento pode ser administrada em doses únicas ou 
por infusão contínua. Em caso de infusão, a solução é movida por gravidade (a partir de 
uma bolsa de plástico colapsável) ou por uma bomba infusora através de um tubo fino 
flexível (cateter) introduzido em uma veia, geralmente no antebraço. A via intravenosa é 
a melhor maneira de disponibilizar uma dose precisa por todo o corpo de forma rápida e 
bem controlada. Ela também é utilizada na administração de soluções irritantes, que 
causariam dor ou danificariam os tecidos se fossem administradas por injeção 
subcutânea ou intramuscular. 
Via intratecal, insere-se uma agulha entre duas vértebras na parte inferior da 
coluna vertebral dentro do espaço ao redor da medula espinhal. Neste caso, o 
medicamento é injetado no canal medular. 
Via nasal, caso um medicamento deva ser inalado e absorvido através da fina 
membrana mucosa que reveste as fossas nasais, ele precisa ser transformado em 
pequenas gotículas no ar (atomizado). Uma vez absorvido, o medicamento entra na 
corrente sanguínea. 
Via inalatória, os medicamentos administrados por inalação pela boca devem ser 
atomizados em partículas menores do que os administrados por via nasal, para que seja 
possível que o medicamento passe pela traqueia e entre nos pulmões. 
 
11 
 
As vias transmucosas ou tópicas são utilizadas normalmente para a obtenção de 
efeitos terapêuticos não sistêmicos, isto é, localizados, no entanto pode haver absorção 
de certos medicamentos pela pele integra. 
3.4 Biodisponibilidade e Distribuição 
 
Fonte:www.bonde.com.br 
A biodisponibilidade indica a fração absorvida do fármaco, resultado da via de 
administração, de propriedades físico-químicas e de certos fatores presentes nos 
pacientes. A dose, a forma farmacêutica e a via influem na biodisponibilidade (SILVA, 
2010). 
O conceito de biodisponibilidade, no sentido restrito, é o termo empregado para 
descrever a fração da dose administrada de um produto farmacêutico capaz de 
alcançar a circulação sistêmica e exercer ação terapêutica. Este parâmetro 
expressa a extensão e a velocidade das fases biofarmacêutica e farmacocinética 
da substância ativa (REYNOLDS, 1993, apud MOURA, 2002). 
Após ser absorvido ou injetado na corrente sanguínea, o fármaco distribui-se para 
os líquidos intersticial e celular. Padrões de distribuição dependem de determinados 
fatores fisiológicos e propriedades físico-químicas das substâncias. Pode ser 
diferenciada uma fase inicial de distribuição que remete o débito cardíaco e o fluxo 
sanguíneo regional. O coração, o fígado, os rins, o cérebro e outros órgãos bem 
 
12 
 
perfundidos, recebem a maior parte dos fármacos durante os primeiros minutos após a 
sua absorção. 
A passagem do fármaco do plasma ao interstício depende do débito cardíaco e do 
fluxo sanguíneo regional, da permeabilidade capilar, do volume do tecido, do grau de 
ligação do fármaco às proteínas plasmáticas e tissulares e da lipofilicidade relativa 
(WHALEN, 2016). 
Quando o fármaco entra na circulação sistêmica, ele vai encontrar proteínas com 
perfeita afinidade por eles. Como principais exemplos podemos citar a α1 – glicoproteína 
ácida e a albumina (que possui uma concentração de 4g / 100 ml (cerca 0,6 mmol / l de 
sangue). Enquanto o fármaco estiver ligado a uma proteína plasmática ele torna-se 
“inativo” devido a não especificidade com o alvo molecular, logo, apenas a fração livre 
possui atividade farmacológica. A albumina tem maior afinidade por fármacos ácidos 
(como o ácido acetilsalicílico) e a α1 – glicoproteína ácida por fármacos básicos. Relata-
se em literatura que a albumina também carreia certos fármacos básicos, porém em 
menor quantidade no que comparado a gama de fármacos ácido que a mesma 
transporta. 
Doenças como câncer, artrite e doença de Crohn aumentam os níveis plasmáticos 
da α1 – glicoproteína ácida, podendo-se esperar, em termos clínicos, alterações no 
tempo de resposta da atividade farmacológica de fármacos básicos. 
Os fármacos podem ser encontrados na forma ionizada e não-ionizada no plasma, 
dependendo do pKa deles. Certas áreas do corpo possuem variações grandes de pH, 
fato este que causa o chamado aprisionamento iônico. Isso explica alguns mecanismos 
de ação de fármacos, como por exemplo, o da Cloroquina. É de conhecimento científico 
que este fármaco possui atividade contra o agente causador da malária, agindo no 
processo digestivo da hemoglobina do mesmo. A cloroquina tem caráter básico, ao 
penetrar no parasita, ela adentra o vacúolo digestivo de meio ácido, acumulando-se ali, 
devido ao aprisionamento iônico. Com isso ela altera o processo de digestão da 
hemoglobina (fator crucial para a sobrevivência do parasita). 
Os fármacos, dependendo do seu coeficiente de partição, podem ligar-se a certos 
tecidos do corpo e formar reservatórios. O tiopental é um exemplo clássico. Fármaco de 
ação ultracurta, barbitúrico não seletivo, possui efeitos que começam a aparecer após 30 
 
13 
 
~ 40 segundos da administração endovenosa. Distribui-se por todo o corpo se 
acumulando no tecido adiposo devido a sua alta lipossolubilidade. Em uma única 
administração não causa maiores problemas (em doses posológicas), porém se 
administrado várias vezes pode trazer sedação excessiva devido à liberação gradativa 
do fármaco armazenado. 
Outro exemplo são alguns antibióticos que, devido a afinidade por cátions di e tri 
valentes, criam reservatórios nos ossos. As tetraciclinas são exemplo neste caso, assim 
como os metais pesados que podem acumular-se nos ossos por adsorção na superfície 
dos cristais ósseos e finalmente pela incorporação do arcabouço do cristal. 
A redistribuição também é uma característica importante na cinética da 
distribuição. Quando este fenômeno ocorre a ação do fármaco começa a ser diminuída, 
pois boa parte da fração que está fazendo efeito no sítio alvo será realocada para outras 
partes do corpo. Isso ocorre devido ao fator equilíbrio. É de conhecimento comum que os 
fármacos, assim como várias outras substâncias, ao adentrar o nosso corpo tendem a 
manter um equilíbrio em termos de concentração. Admitindo-se o equilíbrio, a 
concentração de um fármaco tende ser a mesma do lado interno e externo da membrana 
plasmática. Sendo assim, a medida que o fármaco alcança a circulação sistêmica ele vai 
tentar manter o equilíbrio entre a fração livre e ligada. 
A velocidade e extensão da distribuição dependem do fluxo sanguíneo tecidual, 
propriedades físico-químicas do fármaco, características da membrana através da qual 
será transportado e sua ligação a proteínas plasmáticas e teciduais. 
Volume de distribuição: O volume de distribuição aparente, Vd, é o volume de 
líquido necessário para conter todo o fármaco do organismo na mesma concentração 
presente no plasma. O Vd é calculado dividindo-se a dose que alcança a 
circulação sistêmica pela concentração no plasma no tempo zero (C0): Vd = quantidade 
de fármaco no organismo / C0. Embora o Vd não tenha base física ou fisiológica, pode 
ser útil para comparar a distribuição de um fármaco com os volumes dos compartimentos 
de água no organismo. 
Fluxo sanguíneo: A taxa de fluxo de sangue para os capilares dos tecidos varia 
amplamente. Por exemplo, o fluxo de sangue para os órgãos ricos em vasos (cérebro, 
 
14 
 
fígado e rins) é maior do que para os músculos esqueléticos. O tecido adiposo, a pele e 
as vísceras têm fluxo sanguíneo ainda menor. 
4. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DEFÁRMACOS 
 
Fonte: docsity.com 
A via de administração é determinada primariamente pelas propriedades do 
fármaco (hidro ou lipossolubilidade, ionização) e pelos objetivos terapêuticos 
(necessidade de um início rápido de ação, necessidade de tratamento por longo tempo, 
ou restrição de acesso a um local específico). As principais vias incluem as enterais como 
oral, sublingual, bucal e retal e as parenterais, como endovenosa, muscular e outras 
(WHALE, 2016). 
4.1 Administração sublingual 
A área bucal por completa possui uma rica rede de vasos sanguíneos o que 
proporciona uma irrigação significativa nesta região. Os fármacos que são administrados 
por esta via são formulados para possuir um coeficiente de partição elevado, garantindo 
assim um caráter lipossolúvel a molécula. A alta lipossolubilidade é que vai permitir com 
que o fármaco consiga atravessar, com maior facilidade, a membrana celular presente 
https://www.docsity.com/
 
15 
 
nas células dos vasos sanguíneos atingindo a circulação sistêmica. Uma das vantagens 
mais importantes que se tem nesta via é que o fármaco não passa pelo metabolismo 
hepático antes de chegar na circulação sistêmica, logo ele não sofre o metabolismo de 
primeira passagem (GOODMAN & GILMAN, 2012). 
Essa via é utilizada quando é necessária uma resposta rápida na ação do fármaco, 
uma vez que a região sublingual extremamente irrigada e conectada aos vasos de bom 
calibre, especialmente se o fármaco é instável ao pH gástrico ou é metabolizado 
rapidamente pelo fígado. 
4.2 Administração oral 
É a via mais comum utilizada dentre as demais vias, isso porque o ato de engolir 
é algo natural ao ser humano, portanto ele não necessita, na grande maioria das vezes, 
da ajuda de um profissional especializado para ingerir o fármaco. A VO possui várias 
vantagens, porém possui também desvantagens em relação as outras vias, como por 
exemplo: A ação do pH estomacal sobre o fármaco, a possibilidade do fármaco sofrer 
metabolismo de primeira passagem, a interação com alimentos e substâncias ingeridas, 
dentre outras. 
 
Fonte: etcetera.com 
 
16 
 
 Via de regra cerca de 75% de um fármaco oralmente administrado são absorvidos 
em 1-3 h. 
Deve-se considerar a motilidade gastrintestinal, o fluxo sanguíneo esplâncnico, o 
tamanho das partículas, a formulação e fatores físico-químicos. 
As formas de administração por via oral, como comprimidos, drágeas, cápsulas, 
xaropes são simples e práticos, conferindo comodidade ao usuário. 
Devido às necessidades terapêuticas, as preparações farmacêuticas são 
formuladas normalmente de modo a produzir as características de absorção desejadas. 
Assim, as cápsulas podem ser elaboradas de modo a permanecerem intactas por 
algumas horas após a ingestão, para retardar sua absorção ou os comprimidos podem 
ter um revestimento resistente com a mesma finalidade. Pode-se ter incluído numa 
cápsula uma mistura de partículas de liberação lenta e rápida, para produzir absorção 
prolongada. Essas preparações podem reduzir a frequência de administração 
necessária, e diminuir os efeitos adversos relacionados com elevadas concentrações 
plasmáticas logo após a administração. 
4.3 Administração retal 
Trata-se de uma via desconfortável na maioria dos casos, porém ela é 
extremamente útil em muitos quadros clínicos. A região retal possui poucas áreas de 
absorção devido à falta das vilosidades intestinais, fazendo com que a absorção seja 
mais lenta, porém algumas das principais veias retais (inferior e média) desembocam na 
veia cava inferior por intermédio da veia hipogástrica, ocasionando assim a liberação do 
fármaco na circulação sistêmica. A via retal também possui a vantagem de driblar quase 
que por completo o sistema portal hepático, evitando que aproximadamente 50% do 
fármaco sofra o metabolismo de primeira passagem, porém é de conhecimento clínico 
que parte do fármaco, mesmo quando administrado por esta via é direcionado ao fígado. 
Várias são as classes de fármacos que possuem administração por essa via, por 
exemplo: antieméticos, anticonvulsivantes e antipiréticos. 
 
17 
 
A absorção por via retal muitas vezes não é confiável, mas esta via pode ser útil 
em pacientes incapazes de tomar medicações pela boca (apresentando vômitos, 
crianças, idosos, portadores de transtornos psiquiátricos ou em estado de coma). 
4.4 Administração cutânea 
Esta é utilizada principalmente quando se quer um efeito local sobre a pele. A 
absorção é considerável, podendo levar aos efeitos sistêmicos. Muitas drogas são mal 
absorvidas pela pele devido à baixa solubilidade das mesmas. 
É uma via utilizada apenas para fármacos que não causam danos ao tecido 
aplicado. Em caso de administração com um fármaco que não obedeça esse critério ele 
poderá causar irritação, dor intensa, descamação e até necrose, logo não são todos os 
fármacos que possuem essa via como opção de uso. 
Tem-se aumentado o uso de formas de administração transdérmica, em que o 
fármaco é incorporado a uma embalagem presa com fita adesiva a uma área de pele fina. 
Essas embalagens adesivas produzem um estado de equilíbrio estável e têm diversas 
vantagens, especialmente a facilidade de retirada no caso de efeitos indesejáveis. 
Contudo, o método só é adequado para certos fármacos relativamente lipossolúveis, e 
essas preparações são caras. Vários anticoncepcionais estão sendo produzidos na 
forma de adesivos transdérmicos, promovendo um efeito prolongado. Cremes, loções e 
pomadas são exemplos de veículos de fármacos para uso tópico. 
4.5 Administração por inalação 
O fármaco inalado entra em contato com a superfície da membrana mucosa do 
trato respiratório e também do epitélio pulmonar, onde será difundido por todo o corpo. 
A inalação é a via usada para anestésicos voláteis e gasosos. Para esses agentes 
o pulmão serve como via de administração e eliminação, e as trocas rápidas que são 
possíveis em consequência da grande área de superfície e do grande fluxo sanguíneo 
permitem a obtenção de ajustes rápidos na concentração plasmática. 
 
18 
 
4.6 Administração por injeção 
A injeção endovenosa é a via mais rápida e mais precisa para administração de 
um fármaco. A concentração máxima eficaz que chega aos tecidos depende 
fundamentalmente da rapidez da injeção. 
Na administração endovenosa não ocorre absorção, apenas distribuição. A injeção 
subcutânea ou intramuscular de fármacos produz geralmente um efeito mais rápido que 
a administração oral, mas a taxa de absorção depende muito do local de injeção e de 
fatores fisiológicos, especialmente do fluxo sanguíneo local. Os fatores que limitam a 
velocidade na absorção a partir do local de injeção são: difusão através do tecido, 
remoção pelo fluxo sanguíneo local, formação de complexos entre fármacos (ex: insulina 
+ protamina, benzilpenicilina) ou injeções oleosas (para hormônios). 
As drogas comumente utilizadas apresentam um tamanho molecular pequeno e 
portanto essas drogas deixam facilmente a circulação por filtração capilar, embora isso 
possa ser modificado pela extensão de ligação da droga às proteínas plasmáticas como 
a albumina. Em presença de ligação às proteínas, a concentração de droga livre é menor, 
a atividade farmacológica diminui, e a depuração da droga por filtração glomerular e por 
processos ativos também está diminuída. A proteína ligada serve como reservatório de 
fármaco. Uma droga extensamente ligada às proteínas plasmáticas pode ser deslocada 
de forma competitiva por outra droga que também apresente ligação extensa. 
Após absorção o fármaco se distribui nos líquidos corporais podendo ser 
armazenado nos tecidos, metabolizado ou excretado diretamente. O volume de 
distribuição é um volume aparente, pois a distribuição não se dá de forma homogênea 
nos líquidos corporais, e este parâmetro é definido como o volume de líquido necessário 
para conter a quantidade total dofármaco no corpo na mesma concentração presente no 
plasma. 
A via intramuscular tem a vantagem de absorção relativamente rápida, sendo 
adequada para administração de volumes moderados, de veículos aquosos, oleosos, 
suspensão ou preparação de depósitos. Suas desvantagens são a dor e o aparecimento 
de lesões musculares pela aplicação de substâncias irritantes ou de pH distante da 
neutralidade, promovendo o aparecimento de processos infamatórios. 
 
19 
 
5. TRANSPORTE DE FÁRMACOS ATRAVÉS DAS MEMBRANAS 
 
Fonte: docplayer.com.br 
A absorção, a distribuição, a biotransformação e a eliminação de uma substância 
envolvem a sua passagem através das membranas celulares. Por conseguinte, é 
essencial conhecer os mecanismos pelos quais os fármacos atravessam as membranas 
e as propriedades físico-químicas das moléculas e das membranas que influenciam esta 
transferência. A capacidade da droga em atravessar as paredes capilares, membranas 
celulares e outras barreiras, para circular livremente, depende em grande parte do 
tamanho e forma moleculares e da sua solubilidade em meios aquosos e lipídicos (VILAS 
BOAS, 2004). 
5.1 Transporte Passivo 
O transporte passivo é a passagem de moléculas e íons obedecendo a tendência 
natural, sem que haja consumo de energia. Isto ocorre em virtude da diferença de 
pressão de difusão entre os líquidos que estão nos lados da membrana. O transporte 
passivo pode ser por difusão e osmose. 
 
20 
 
Osmose é a difusão da água através de uma membrana semipermeável, do local 
de menor concentração de água para o local de maior concentração, ou seja, a água flui 
do meio hipotônico para o meio hipertônico. 
 A osmose não é influenciada pela natureza do soluto, mas pelo número de 
partículas. Quando duas soluções contêm a mesma quantidade de partículas por unidade 
de volume, mesmo que não sejam do mesmo tipo, exercem a mesma pressão osmótica 
e são isotônicas. Caso sejam separadas por uma membrana, haverá fluxo de água nos 
dois sentidos de modo proporcional. 
Quando se comparam soluções de concentrações diferentes, a que possui mais 
soluto e, portanto, maior pressão osmótica é chamada hipertônica, e a de menor 
concentração de soluto e menor pressão osmótica é hipotônica. Separadas por uma 
membrana, há maior fluxo de água da solução hipotônica para a hipertônica, até que as 
duas soluções se tornem isotônicas. 
A osmose pode provocar alterações de volume celular. Uma hemácia humana é 
isotônica em relação a uma solução de cloreto de sódio a 0,9% (“solução fisiológica”). 
Caso seja colocada em um meio com maior concentração, perde água e murcha. Se 
estiver em um meio mais diluído (hipotônico), absorve água por osmose e aumento de 
volume, podendo romper (hemólise). 
A difusão é um processo que pode ser observado em qualquer tipo de partículas. 
Em física, a lei da difusão diz que “as partículas tendem a se mover da área de maior 
concentração para a área de menor concentração, até que as concentrações se igualem” 
(SOARES, 1992). 
A célula procura estar sempre em isotonia com o meio extracelular. Isso quer dizer 
que ela deve ter uma concentração de solutos em água semelhante à do meio em que 
vive. 
• A favor do gradiente de concentração; 
• Não envolve carregador; 
• Não é saturável; 
• Sem gasto de energia. 
 
21 
 
5.2 Difusão passiva de drogas hidrossolúveis: 
Depende, em grande parte, do tamanho molecular da droga. Isto se deve ao fato 
de canais aquosos da membrana celular terem aproximadamente 8 Å e restringirem a 
passagem de qualquer molécula maior do que as que possuem peso molecular de 150. 
Esses canais da membrana celular consistem em vias através das proteínas. 
Não é o principal mecanismo de transporte de drogas. 
5.3 Difusão passiva das drogas lipossolúveis: 
Principal mecanismo de transporte dos fármacos. A velocidade de difusão 
depende dos seguintes fatores: 
• Concentração da droga; 
• Coeficiente de partição óleo/água; 
• Concentração de prótons (pH); 
• Área para difusão da droga. 
5.4 Transporte Ativo 
Ocorre entre membranas neuronais, células tubulares renais e hepatócitos. As 
características do transporte ativo: 
• Seletividade Inibição competitiva 
• Demanda de energia 
• Saturabilidade 
• Movimento contra um gradiente eletroquímico 
• Contra o gradiente de concentração; 
• Envolve proteínas transportadoras específicas; 
• Depende de energia (ATP). 
Neste processo, as substâncias são transportadas com gasto de energia, podendo 
ocorrer do local de menor para o de maior concentração (contra o gradiente de 
concentração). Esse gradiente pode ser químico ou elétrico, como no transporte de íons. 
 
22 
 
O transporte ativo age como uma “porta giratória”. A molécula a ser transportada liga-se 
à molécula transportadora (proteína da membrana) como uma enzima se liga ao 
substrato. A molécula transportadora gira e libera a molécula carregada no outro lado da 
membrana. Gira, novamente, voltando à posição inicial. A bomba de sódio e potássio 
liga-se em um íon Na+ na face interna da membrana e o libera na face externa. Ali, se 
liga a um íon K+ e o libera na face externa. A energia para o transporte ativo vem da 
hidrólise do ATP. 
A bomba de sódio e potássio é importante no seguinte aspecto: 
• Manutenção da alta concentração de potássio dentro da célula, importante 
na síntese de proteínas e nas etapas respiratórias. 
• Manutenção do equilíbrio osmótico. 
• Estabelecimento de diferenças de cargas elétricas na membrana. 
Um ciclo apresenta três íons sódio para fora e dois íons potássio para dentro. 
Enquanto que a difusão simples e facilitada e o transporte ativo são mecanismos 
de entrada ou saída para moléculas e íons de pequenas dimensões, as grandes 
moléculas ou até partículas constituídas por agregados moleculares são transportadas 
através de outros processos. 
 
 
Fonte: cadernodefarmacia.com 
5.5 Endocitose 
Este processo permite o transporte de substâncias do meio extra- para o 
intracelular, através de vesículas limitadas por membranas, a que se dá o nome de 
vesículas de endocitose ou endocíticas. Estas são formadas por invaginação da 
 
23 
 
membrana plasmática, seguida de fusão e separação de um segmento da mesma. Há 
três tipos de endocitose: 
5.6 Pinocitose e Fagocitose: 
 
A pinocitose envolve a invaginação de uma parte da membrana celular e o 
encerramento, no interior da célula, de uma pequena vesícula contendo componentes 
extracelulares. O conteúdo da vesícula pode então ser liberado na célula ou expulso pelo 
outro lado desta. Este mecanismo parece ser importante no transporte de algumas 
macromoléculas, mas não há nenhuma evidência de que contribua de modo apreciável 
para o movimento de moléculas pequenas. 
5.7 Exocitose 
Enquanto que na endocitose as substâncias entram nas células, existe um 
processo inverso: a exocitose. 
Depois de endocitado, o material sofre transformações sendo os produtos 
resultantes absorvidos através da membrana do organito e permanecendo o que resta 
na vesícula de onde será posteriormente exocitado. 
A exocitose permite, assim, a excreção e secreção de substâncias e dá-se em três 
fases: migração, fusão e lançamento. Na primeira, as vesículas de exocitose deslocam-
se através do citoplasma. Na segunda, dá-se a fusão da vesícula com a membrana 
celular. Por último, lança-se o conteúdo da vesícula no meio extracelular. 
5.8 Difusão Facilitada: 
Transporte mediado por transportadores, no qual não existe demanda de energia 
e o movimento da substância é a favor do gradiente eletroquímico. A difusão facilitada 
ocorre principalmente para substâncias endógenas, que têm baixa velocidade de difusão 
simples pelas membranas. 
 
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Fonte: cadernodefarmacia.com 
5.9 Passagem através de lacunas intercelulares: 
Nos capilares o fluxo maciço através dos poros intercelulares é o principal 
mecanismo de passagem de fármacos, comexceção do Sistema Nervoso Central. 
Estas lacunas intercelulares são suficientemente grandes para que a difusão 
através da maioria dos capilares seja limitada pelo fluxo sanguíneo e não pela 
lipossolubilidade ou pH (não precisa ocorrer passagem pelas membranas). Isto é um fator 
importante na filtração pelos glomérulos nos rins e na absorção de drogas administradas 
por via IM e SC. 
 
25 
 
6. METABOLISMO E BIOTRANSFORMAÇÃO DE FÁRMACOS 
 
Fonte:interacaomedicamentosa.com 
A maioria das drogas é metabolizada antes da catabolização no organismo. Após 
as reações de metabolização, todos os compostos formados tendem a ser mais 
hidrossolúveis e com menor atividade biológica. As reações de metabolização das drogas 
foram classificadas em duas categorias com processos de fases 1 e 2. 
Os processos de fase 1 envolvem oxidação, redução, e hidrólise. Essas reações 
fornecem um grupo funcional que aumenta a polaridade da droga, e um sítio que 
é utilizado em reações para o metabolismo de fase 2. Nessa fase ocorre 
conversão do fármaco original em um metabólito mais polar através de oxidação, 
redução ou hidrólise (RANG, 2004 apud VILAS BOAS, 2004). 
O metabólito resultante pode ser farmacologicamente inativo, menos ativo ou, às 
vezes, mais ativo que a molécula original. 
Quando o próprio metabólito é a forma ativa, o composto original é denominado 
pró-droga (enalapril). Assim, as pró-drogas são compostos químicos convertidos em 
substâncias farmacologicamente ativas após a biotransformação. 
Os processos de fase 2 envolvem a conjugação ou reações sintéticas em que um 
grupamento químico grande é ligado à molécula. Isto também aumenta a solubilidade em 
água e facilita a excreção do metabólito. 
 
26 
 
Deve-se ressaltar que um mesmo fármaco pode sofrer várias vias de 
metabolização no organismo, e que não necessariamente ambas as fases ou na ordem 
que elas se apresentam. 
As enzimas que metabolizam as drogas apresentam uma multiplicidade de formas 
e diferenças interindividuais na expressão genética que podem contribuir para as 
diferenças interindividuais no metabolismo das mesmas. 
A síntese enzimática elevada como resultado da presença de um composto 
químico exógeno é referida como indução, e pode ser decorrente de alterações nos 
ácidos nucléicos, ou nos processos pós-tradução, por exemplo. Esta estimulação pode 
ser produzida por certas drogas e constituinte s alimentares, álcool e tabagismo. 
Embora o fígado seja considerado o órgão máximo de metabolização das drogas, 
a maioria dos tecidos é capaz de metabolizar drogas específicas, isso vai depender da 
expressão genética da enzima no tecido. 
 
 
Fonte: WHALEN, 2016 
6.1 Metabolismo de fase 1 
Oxidação: Grande parte do metabolismo oxidativo das drogas é catalisada pelos 
citocromos P-450, que constituem uma superfamília de isoformas enzimáticas das 
proteínas. 
As enzimas do citocromo são susceptíveis à indução enzimática. Os fármacos são 
catalisados por um grupo importante de enzimas oxidativas que fazem N- e O- 
 
27 
 
desalquilação, hidroxilação de cadeia lateral e de anel aromático, formação de sulfóxido, 
N- oxidação, N-hidroxilação, desaminação de aminas primárias e secundárias e 
substituição de um átomo de enxofre por um de oxigênio (dessulfuração). 
A maioria das reações oxidativas é realizada por um grupo de hemoproteínas 
estreitamente relacionadas denominadas de Citocromo P-450 que são encontradas 
principalmente no retículo endoplasmático hepático, porém podem ocorrer também no 
córtex adrenal, nos rins, na mucosa intestinal, os quais são locais de metabolização de 
droga. 
Outras enzimas oxidativas incluem a Monoaminoxidase (MAO) e a 
Diaminoxidase (DAO) que são mitocondriais e desaminam oxidativamente 
aminas primárias e aldeídos. A MAO está envolvida no metabolismo das 
catecolaminas e alguns antidepressivos são seus inibidores e podendo interferir 
no metabolismo de outras drogas. A DAO metaboliza histamina (RANG, 2004 
apud VILAS BOAS, 2004). 
6.2 Redução 
As reações de redução são muito mais raras que as de oxidação, mas algumas 
delas são importantes, por exemplo as que envolvem a conversão de um grupo cetona 
em hidroxila. Os glicocorticoides são administrados como cetonas que devem ser 
reduzidas a compostos hidroxilados correspondentes. 
Existem reações de redução que também envolvem enzimas microssômicas. O 
fármaco warfarina é inativado por conversão de um grupo cetônico em um grupo hidroxila. 
6.3 Hidrólise 
As reações hidrolíticas podem envolver enzimas microssômicas hepáticas, ou 
ocorrerem no plasma e em muitos tecidos. 
Tanto ligações éster, como amida são susceptíveis à hidrólise, as primeiras mais 
facilmente que as últimas. 
As proteases hidrolisam os polipeptídios e proteínas e têm grande importância na 
aplicação terapêutica. 
 
28 
 
6.4 Metabolismo de fase 2 
Conjugação: Se houver um sítio adequado, que pode decorrer da fase 1 ou que 
ela já pode possuir naturalmente, a molécula do fármaco é susceptível à conjugação, isto 
é, a fixação de um grupo substitutivo. 
Os grupos mais frequentes envolvidos na formação de conjugados são: glicuronil, 
sulfato, metil, acetil, glicil, e glutamil. 
6.5 Fatores que alteram o metabolismo 
• Genéticos; 
• Idade; 
• Diferenças individuais; 
• Fatores ambientais (fumar); 
• Propriedades químicas dos fármacos; 
• Via de administração 
• Dosagem; 
• Sexo; 
• Alterações entre fármacos durante o metabolismo. 
 
 
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7. EXCREÇÃO DOS FÁRMACOS 
 
Fonte: depositphotos.com 
Entende-se por excreção a passagem do fármaco da circulação sanguínea para o 
meio externo, sendo então removidos de nosso organismo. Vários órgãos podem estar 
envolvidos neste processo, e que incluem os rins, pulmões, glândulas lacrimais e 
salivares e o tubo digestivo (fezes e secreção biliar). Os medicamentos também podem 
ser eliminados através do suor e leite materno em menores quantidades, sendo que a 
principal via de excreção de fármacos é a via renal. 
Características físico-químicas, como a solubilidade e pH de um fármaco 
interferem diretamente em seu comportamento no organismo. Fármacos com 
característica lipossolúvel tendem a sofrer melhor absorção, enquanto que os 
hidrossolúveis são facilmente excretados. Em pH do meio igual ao seu, o fármaco tende 
a ser melhor absorvido, porém, ao encontrar um meio com pH diferente, tende a sofrer 
ionização, tornando-se hidrossolúvel e aumentando sua taxa de eliminação. Muitos 
fármacos são ácidos ou bases fracos, sendo, portanto, lipossolúveis e de difícil 
eliminação. Para que ocorra a excreção, tais compostos sofrerão biotransformação, ou 
conjugação com substâncias polares (hidrossolúveis), favorecendo a eliminação. 
https://pt.depositphotos.com/
 
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Desta forma, quando administrados por via oral os fármacos serão absorvidos e 
direcionados ao fígado, principal local onde ocorre a biotransformação. Neste processo, 
os fármacos poderão sofrer reações, que irão resultar em: 
• Ativação de sua estrutura, caso tenha sido administrado em sua 
forma inativa (pró-fármaco); 
• Inativação para ser excretado; 
• Formação de metabólitos ativos, com mesma atividade ou 
superior, que caem na circulação sistêmica para exercerem sua 
ação. 
Os fármacos podem ser eliminados em sua forma inalterada (forma original), 
inativa (metabólitos polares obtidos durante a biotransformação) ou polar e hidrossolúvel 
(composto parenteral). No sistema circulatório, esses fármacos se apresentam ligados 
às proteínas plasmáticas ou podem circular livremente (não ligados). 
Os compostos são removidos do organismo para o meio externo. Fármacos 
hidrossolúveis, carregados ionicamente, são filtrados nos glomérulos ou secretados nos 
túbulos renais, não sofrendo reabsorção tubular, pois tem dificuldade de atravessar 
membrana. 
A velocidade do processo depende da fração livre do fármaco, taxa de filtração 
glomerulare fluxo plasmático renal. Os que são essencialmente secretados pelos túbulos 
renais utilizam a difusão simples (quando lipossolúveis) ou sistema de transporte ativo. 
7.1 Excreção Renal 
Na excreção renal, temos três importantes e distintos processos fisiológicos, 
conhecidos como filtração glomerular, reabsorção tubular passiva e secreção tubular 
ativa. Durante a filtração, as drogas que não estiverem ligadas às proteínas plasmáticas 
sofrem passagem para dentro dos túbulos renais, através de poros presentes nos 
glomérulos. Nos túbulos renais dos néfrons, as drogas ainda podem sofrer reabsorção 
passiva e voltar para a corrente sanguínea, envolvendo transportadores de membrana 
presentes nas células epiteliais renais. Neste processo, moléculas de ácidos e bases 
fracas não ionizadas sofrem a reabsorção, ao passo que as moléculas no estado ionizado 
 
31 
 
são passíveis à eliminação. Esta característica pode ser utilizada no manejo de drogas, 
frente a uma intoxicação, modificando o pH do meio para facilitar a excreção do fármaco 
em excesso no organismo. Como exemplo temos o fosfato de potássio e ácido ascórbico 
(Vitamina C), utilizados para acidificar a urina, e o citrato de potássio para tratamento da 
litíase urinária provocada pelo excesso de ácido úrico, que ao alcalinizar a urina, promove 
a ionização e eliminação do ácido úrico. 
Os produtos do metabolismo de fase 1 e de fase 2, são quase sempre eliminados 
mais rapidamente que o composto original. Há três processos responsáveis por essas 
grandes diferenças na excreção renal: 
• Filtração glomerular 
• Reabsorção ou secreção tubular ativa 
• Difusão passiva através do epitélio tubular 
 O pH compatível com o da urina: a influência do pH na excreção de drogas é 
notória. O pH final da urina, entretanto, pode variar de 4,5 a 8 de acordo com a acidez ou 
alcalinidade da urina. 
 Se esta estiver ácida, teremos reabsorção de ácidos fracos (salicílico, barbitúrico, 
sulfonamidas.); se estiver básica, teremos a reabsorção de bases fracas (anfetamina.). 
 A presença de nefropatias pode prejudicar a excreção de algumas drogas. As 
interações entre drogas podem alterar a velocidade de eliminação das drogas por 
qualquer uma das vias excretoras (por exemplo fezes, bile, suor, lágrimas e 
pulmões). Todavia, as únicas interações desse tipo que foram alvo de estudos 
cuidadosos são as que envolvem a excreção renal (VILAS BOAS, 2015 apud 
FÁRMACIA BRASILEIRA, 2015). 
As unidades anatômicas funcionais do rim são os néfrons. O sangue arterial passa 
em primeiro lugar pelos glomérulos, que filtram parte da água plasmática e seu conteúdo. 
Muitas substâncias também são excretadas nos túbulos proximais. 
A maior parte da água é reabsorvida ao longo do néfron, sequencialmente pelos 
túbulos proximais distais e coletores. 
Numerosas substâncias também podem ser reabsorvidas pelo epitélio tubular e 
liberadas no líquido intersticial renal e, a seguir, no plasma. 
Consequentemente, a excreção renal de drogas resulta de três processos: filtração 
glomerular, secreção tubular e reabsorção tubular. 
 
32 
 
Já durante a secreção, algumas poucas substâncias, como ácidos e bases 
orgânicas, são secretadas do sangue capilar peritubular para o líquido tubular (espaço 
de Bowman) e, assim como na reabsorção, a secreção envolve transportadores de 
membrana. Com isto, tanto a filtração como a secreção oferecem mecanismos para que 
ocorra a excreção de substâncias através da urina. 
Em relação ao tempo de eliminação, ou seja, quanto tempo o medicamento levará 
para ser excretado do organismo, dependerá das características próprias deste fármaco. 
A meia-vida é determinada como o tempo necessário para que a concentração de um 
fármaco no organismo seja reduzida à metade, após ter entrado em contato com a 
corrente sanguínea. De acordo com este parâmetro, devemos também considerar o 
tempo que o fármaco leva para alcançar a circulação sanguínea, ou seja, ser absorvido, 
para só então estimar o real tempo de eliminação do composto de nosso organismo. Com 
isto, podemos entender que fármacos administrados por via endovenosa e, portanto, que 
não sofrem a etapa de absorção, terão como cálculo somente o tempo de meia-vida. 
Pacientes com função renal e hepática prejudicada podem ter um aumento no tempo de 
meia vida, devido ao comprometimento da atividade metabólica. 
Filtração glomerular 
 
Fonte:biomedicinapadrao.com.br 
 
33 
 
A filtração renal é a primeira etapa, que ocorre quando o sangue passa pelo rim, 
mais especificamente no glomérulo. A diferença de pressão, faz com que as substâncias 
saiam dos vasos do glomérulo e passem para a cápsula de Bowman, formando o filtrado 
glomerular. Esse processo não é seletivo, passando todas as moléculas e substâncias 
pequenas e ficando retidas as macromoléculas. 
O sangue arterial é conduzido sob alta pressão nos capilares do glomérulo. Essa 
pressão, que normalmente é de 70 a 80 mmHg, tem intensidade suficiente para que parte 
do plasma passe para a cápsula de Bowman, onde as substâncias pequenas - água, 
sais, vitaminas, açúcares, aminoácidos e excretas - saem do glomérulo e entram na 
cápsula de Bowman. Somente as células sanguíneas (não é possível filtrar) e as 
proteínas (devido ao seu alto peso molecular e à sua carga, que é igual à da barreira de 
filtração) não vão ser filtradas. Esse processo resulta em um líquido que recebe o nome 
de filtrado glomerular. 
A filtração glomerular é limitada pelo tamanho dos poros no endotélio capilar e pela 
membrana de ultrafiltração (400 – 600A°). Desse modo, somente as pequenas moléculas 
são filtradas pelos glomérulos no líquido tubular. As macromoléculas, inclusive a maioria 
das proteínas, não podem atravessar o filtro. Assim somente as drogas livres que não 
estão ligadas às proteínas plasmáticas podem ser filtradas. 
O processo de filtração é passivo e relativamente lento, é limitado pela velocidade 
de difusão através do filtro e fluxo sanguíneo. 
 
Secreção tubular 
 
A secreção tubular atua em direção oposta à reabsorção. As substâncias são 
transportadas do interior dos capilares para a luz dos túbulos, de onde são eliminadas 
pela urina. Os mecanismos de secreção tubular, à semelhança dos mecanismos de 
reabsorção, podem ser ativos ou passivos, quando incluem a utilização de energia pela 
célula para a sua execução ou não. 
Os processos de secreção mais importantes estão relacionados à secreção tubular 
de íon hidrogênio, potássio e amônia. Determinadas substâncias são eliminadas do 
organismo pelos mecanismos de secreção tubular, após metabolização no fígado. 
 
34 
 
Os processos de reabsorção e de secreção ativa dos túbulos distais são 
influenciados por hormônios, pela quantidade total de solutos, pela dieta, pelo equilíbrio 
ácido-base e pelo fluxo do filtrado. 
As células dos túbulos contornados proximais transportam ativamente certas 
substâncias do plasma para a urina tubular. Neste local, a transferência das 
drogas ocorre contra o gradiente de concentração pois as drogas tornam-se 
relativamente concentradas no interior da luz tubular (RANG, 2004 apud VILAS 
BOAS, 2004). 
A secreção tubular ativa é um processo relativamente rápido, que depura 
rapidamente toda a droga do sangue. 
Existe pelo menos dois mecanismos de transporte, um para substâncias ácidas e 
outra para substâncias básicas. 
Os ácidos orgânicos (como a penicilina) e metabólitos (como os glicuronídeos são 
transportados pelo sistema que secreta substâncias endógenas (como por exemplo o 
ácido úrico). 
Bases orgânicas, como o tetraetilamônio, são transportadas por um sistema 
separado que secreta colina, histamina e outras bases endógenas. 
Do mesmo modo que existem moléculas que devem retornar à circulação, existem 
as que precisam ser eliminadas, mas não são filtradas. O papel da secreção é remover 
essas moléculas. A remoção de íons hidrogênio, potássio e amôniaestão entre os 
processos de secreção mais importantes. Medicamentos e macromoléculas também são 
secretados. 
 
Reabsorção tubular 
O papel da reabsorção é de recuperar as moléculas que foram filtradas, mas são 
essenciais ao organismo e devem retornar para a circulação. Esse processo acontece, 
principalmente, no túbulo proximal do néfron. São exemplos dessas moléculas: 
aminoácidos, glicose, ureia, sódio e água. 
Pode ocorrer via transporte ativo principalmente para substâncias endógenas 
como a glicose e ácido úrico. A maioria dos fármacos são reabsorvidos pelo processo 
passivo. Essas substâncias deixam o filtrado para penetrar nas células tubulares e devem 
 
35 
 
ser capazes de sair novamente da célula para circular no sangue. Desse modo, devem 
atravessar pelo menos duas membranas lipídicas. 
Como devemos lembrar as substâncias lipossolúveis são capazes de atravessar 
as membranas celulares e, por que motivo, sofrem reabsorção passiva. 
Em geral, as moléculas com cargas não têm capacidade de atravessar as 
membranas das células epiteliais tubulares e, por isto, são excretadas na urina. 
Foram observados os seguintes tipos principais de interações ao nível de 
excreção. A filtração glomerular de drogas aumenta em consequência de seu 
deslocamento da albumina. 
A secreção tubular de drogas é diminuída por competição pelos sistemas de 
transporte ativo (por exemplo, a probenecida bloqueia a secreção de penicilinas), com 
consequente prolongamento de sua meia-vida no organismo. 
A reabsorção tubular das drogas é diminuída em alguns casos por diuréticos. As 
drogas ácidas (salicilatos, barbitúricos) têm sua reabsorção diminuída por alcalinizantes 
da urina como NaHCO3, acetazolamina, etc. 
As drogas de caráter básico (anfetaminas, metadona, quinidina e procainamida) 
têm sua reabsorção diminuída por acidificantes da urina como por exemplo, ácido 
ascórbico, NH4Cl. 
Esses processos decorrem de alterações na ionização da droga, modificando 
consequentemente a sua lipossolubilidade e a sua capacidade de ser reabsorvida no 
sangue a partir dos túbulos renais aumentado assim a depuração renal da droga. 
A alteração significativa da eliminação do fármaco por causa de mudança do pH 
urinário depende da magnitude e da persistência dessa mudança. 
Em alguns casos a alcalinização da urina pode produzir uma elevação de quatro 
a seis vezes na excreção de uma droga ácida como o salicilato, enquanto a cimetidina e 
amiodarona podem inibir a excreção de drogas básicas como a procainamida. 
Um exemplo da exploração deste tipo de interação é a utilização de bicarbonato 
como alcalinizante da urina para aumentar a eliminação de barbitúricos em casos de 
intoxicação. 
 
36 
 
7.2 Excreção Biliar 
Em um adulto normal, a taxa de fluxo sanguíneo que passa pelo fígado é de 1,5 
litro/minuto. O fármaco que tiver total biotransformação hepática será removida do 
sangue em passagem pelo fígado, e, caso for administrada por via oral sua 
biodisponibilidade sistêmica será zero, tendo em vista o metabolismo de primeira 
passagem (ou pré-sistêmico). O fígado e o intestino, para muitas drogas criam um 
“reservatório” do fármaco circulante que pode atingir cerca de 20%, além de prolongar 
sua ação, constituindo a circulação êntero-hepática (ou reservatório fígado-intestino). O 
fármaco, no fígado é excretado pela bile até o trato gastrintestinal. Posteriormente, este 
mesmo fármaco é absorvido pela corrente sanguínea (pois, a bile é reabsorvida no curso 
da digestão), e, volta ao fígado sendo excretado novamente pela bile, repetindo-se o ciclo 
(isto ocorre com o fármaco que não é inicialmente ou posteriormente alterado pelo fígado 
ou que geram metabólitos ativos). Clinicamente, o ciclo êntero-hepático resulta em um 
aumento no período de tempo da ação do fármaco. As células hepáticas transferem 
diversas substancias, incluindo as drogas, do plasma para a bile através de sistemas de 
transporte semelhantes àqueles do túbulo renal e que também envolvem a glicoproteína 
P. Assim, vários conjugados de fármacos concentram-se na bile e são levados até o 
intestino, sendo reabsorvidos pelo intestino, repetindo-se o ciclo. Ocorrendo patologia 
hepática e/ou estase biliar, o metabolismo e a eliminação das drogas podem ser 
alterados, inclusive modificações do débito cardíaco também podem limitar o fluxo 
sanguíneo hepático, alterando o clearance hepático de alguns fármacos frequentemente 
utilizados na prática médica. Existem substancias que são inibidores (ou indutores) 
enzimáticos do fígado, provocando alterações na depuração (clearance) total das drogas, 
como o fumo e alguns pesticidas. Assim, estas drogas-tóxicas inibindo as enzimas que 
levam a biotransformação de algum fármaco utilizado retarda a depuração total do 
medicamento biotransformado no fígado (OLIVEIRA, 2008). 
 
37 
 
8. INIBIÇÃO ENZIMÁTICA 
 
Fonte:portalsaofrancisco.com.br 
A inibição das enzimas microssomais: 
• Diminui a velocidade de produção de metabólitos; 
• Diminui a depuração total; 
• Aumenta a meia vida da droga no soro; 
• Aumenta as concentrações séricas da droga livre e total; 
• Aumenta os efeitos farmacológicos se os metabólitos forem inativos. 
Os inibidores clinicamente importantes da biotransformação de drogas incluem: 
• Exposição aguda ao etanol; 
• Cloranfenicol e alguns outros antibióticos; 
• Cimetidina; 
• Dissulfiram; 
• Propoxifeno; 
• Metronidazol. 
O dissulfiram inibe a enzima mitocondrial acetaldeído desidrogenase e provoca 
acúmulo de acetaldeído após o consumo de álcool. 
 
38 
 
Dentre as numerosas enzimas que sofrem interferência de inibidores, assumem 
especial importância as colinesterases, a monoaminoxidase (MAO), aldeído 
desidrogenase, álcool desidrogenase e o citocromo P450. 
9. INDUÇÃO ENZIMÁTICA 
A estimulação da atividade das enzimas microssomais por medicamentos e outras 
substâncias representa importante problema clínico. Centenas de drogas, inclusive 
analgésicos, anticonvulsivantes, hipoglicemiantes orais, sedativos e tranquilizantes, 
estimulam a sua própria biotransformação e a de outras drogas. 
A indução enzimática: 
• Aumenta a velocidade de biotransformação hepática da droga; 
• Aumenta a velocidade de produção dos metabólitos; 
• Aumenta a depuração hepática da droga; 
• Diminui a meia-vida sérica da droga; 
• Diminui as concentrações séricas da droga livre e total; 
• Diminui os efeitos farmacológicos se os metabólitos forem inativos. 
As drogas que produzem aumentos significativos das enzimas envolvidas na 
biotransformação de drogas no ser humano incluem os barbitúricos (por exemplo, 
fenobarbital), hidrocarbonetos da fumaça de cigarro, carbamazepina, ingestão crônica e 
excessiva de etanol e rifampicina. 
No caso dos barbitúricos são necessários cerca de 4 a 7 dias para que surja algum 
efeito clinicamente significativo e podem ser necessários duas a quatro semanas para 
que desapareça a indução enzimática. 
Muitas enzimas são capazes de aumentar em quantidade e em atividade, 
respostas a certas substâncias conhecidas como indutoras. 
Um indutor pode estimular ativamente a síntese de uma enzima. Em muitos casos, 
um indutor é também um substrato para a enzima que ele induz, porém alguns substratos 
não são bons indutores e alguns indutores não são substratos. O citocromo P450 é 
rapidamente induzido por muitas drogas. 
 
39 
 
10. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
Interações medicamentosas são tipos especiais de respostas farmacológicas, em 
que os efeitos de um ou mais medicamentos são alterados pela administração 
simultânea ou anterior de outros, ou através da administração concorrente com 
alimentos (FONSECA, 1994 apud SECOLI, 2001). 
As respostas decorrentes da interação podem acarretar potencialização do efeito 
terapêutico, redução da eficácia, aparecimento de reações adversas com distintos graus 
de gravidade ou ainda, não causarnenhuma modificação no efeito desejado do 
medicamento. Portanto, a interação entre medicamentos pode ser útil (benéfica), causar 
respostas desfavoráveis não previstas no regime terapêutico (adversa), ou apresentar 
pequeno significado clinico. 
Os medicamentos podem interagir durante o preparo; no momento da absorção, 
distribuição, metabolização, eliminação ou na ligação ao receptor farmacológico. Desta 
forma, os mecanismos envolvidos no processo interativo são classificados de acordo com 
o tipo predominante de fase farmacológica em que ocorrem, farmacêutica, 
farmacocinética e farmacodinâmica. 
10.1 Interações medicamentosas prejudicais 
Na maioria das vezes, as interações medicamentosas são prejudiciais ao paciente. 
Esse tipo de interação geralmente é provocado por um erro de prescrição ou por 
automedicação. 
10.2 Interações medicamentosas benéficas 
Esse tipo de interação medicamentosa é intencionalmente provocado pelo 
prescritor devido às ações benéficas trazidas ao tratamento do paciente. Os principais 
efeitos provocados pela interação medicamentosa benéfica são a otimização do efeito 
terapêutico do medicamento ou a anulação de suas reações adversas. 
 
40 
 
Existem algumas interações medicamentosas que são comuns entre usuários de 
medicamentos. Conheça a seguir alguns exemplos de cada tipo de interação 
medicamentosa. 
10.3 Interação Farmacocinética 
As interações deste tipo interferem no perfil farmacocinético do medicamento, 
podendo afetar o padrão de absorção, distribuição, metabolização ou excreção. 
São interações difíceis de prever, porque ocorrem com medicamentos de 
princípios ativos não relacionados. Modificam a magnitude e duração do efeito, 
mas a resposta final do medicamento é preservada (FONSECA, 1994 apud 
SECOLI, 2001). 
Interações que modificam a absorção 
 
Absorção é o processo de transferência do medicamento do local de administração 
para a corrente sanguínea. Fatores como o fluxo sanguíneo do trato gastrointestinal 
(TGI), pH, motilidade, dieta e presença de outras substâncias e o tipo de formulação 
farmacêutica interferem nesse evento. Medicamentos com ações anticolinérgicas como 
a atropina e seus derivados, os antidepressivos tricíclicos, os analgésicos opióides que 
inibem a motilidade do TGI tendem a reduzir a absorção dos agentes coadministrados. 
O retardo da absorção de medicamentos pode representar uma situação clinica 
indesejável, especialmente na vigência de sintomas agudos como por exemplo, a dor. 
Por outro lado, os laxativos, os antagonistas dopaminérgicos como a metoclopramida, a 
domperidona e o haloperidol tendem a aumentar a absorção de outros medicamentos, 
porque aceleram o trânsito do TGI. 
 
Interações que modificam a distribuição 
 
Distribuição é o evento de deslocamento do medicamento da circulação sistêmica 
para os tecidos. Esta fase depende do Volume de distribuição aparente (Vd) e da fração 
de ligação dos medicamentos às proteínas plasmáticas. Medicamentos que possuem 
grande afinidade pelas proteínas plasmáticas quando associados com outros, podem agir 
 
41 
 
como deslocadores e aumentar a concentração sérica (livre) do segundo, acarretando 
manifestações clínicas nem sempre benéficas. Por exemplo, a aspirina e a fenilbutazona 
quando administradas de modo concomitante com o warfarin, elevam a concentração 
sérica do anticoagulante e o potencial hemorrágico. 
 
Interações que modificam a metabolização 
 
No processo de metabolização os medicamentos são transformados pelas 
enzimas microssomais hepáticas em frações menores, hidrossolúveis. As interações que 
ocorrem nesta fase são precipitadas por medicamentos com capacidade de inibirem ou 
induzirem o sistema enzimático. A inibição enzimática de sistemas como, por exemplo, 
do citocromo P450, das colinesterases e monoaminoxidase (MAO), acarreta lentificação 
da biotransformação do próprio medicamento e de outros que tenham sido administrados 
simultaneamente. A consequência desse atraso é um maior tempo de ação 
farmacológica do (s) agente(s), situação às vezes indesejada, especialmente em doentes 
com distúrbio hepático ou renal. 
Interações que modificam a excreção 
 
A maioria dos medicamentos é eliminada quase que totalmente pelos rins. Desta 
forma, a taxa de excreção de vários agentes pode ser modificada através de interações 
ao longo do néfron. As alterações do pH urinário interferem no grau de ionização de bases 
e ácidos fracos afetando as respostas farmacológicas, por exemplo, o bicarbonato de 
sódio é utilizado para aumentar a excreção de ácidos fracos em casos de intoxicação por 
barbitúricos. 
10 .4 Interações farmacodinâmicas 
A interação farmacodinâmica causa modificação do efeito bioquímico ou fisiológico 
do medicamento. Geralmente ocorre no local de ação dos medicamentos (receptores 
farmacológicos) ou através de mecanismos bioquímicos específicos, sendo capaz de 
causar efeitos semelhantes (sinergismo) ou opostos (antagonismo). 
 
42 
 
 
Sinergismo 
 
Sinergismo é um tipo de resposta farmacológica obtida a partir da associação de 
dois ou mais medicamentos, cuja resultante é maior do que simples soma dos efeitos 
isolados de cada um deles. O sinergismo pode ocorrer com medicamentos que possuem 
os mesmos mecanismos de ação (aditivo); que agem por diferentes modos (somação) 
ou com aqueles que atuam em diferentes receptores farmacológicos (potencialização). 
Das associações sinérgicas podem surgir efeitos terapêuticos ou tóxicos. Estes últimos 
são frequentes nas combinações de medicamentos com toxicidade nos mesmos órgãos, 
por exemplo, aminoglicosídeo e vancomicina (nefrotoxicidade) ou corticosteróides e anti-
inflamatórios não esteroidais (ulceração gástrica). 
 
Antagonismo 
 
No antagonismo a resposta farmacológica de um medicamento é suprimida ou 
reduzida na presença de outro, muitas vezes pela competição destes pelo mesmo sítio 
receptor. São tipos de interações que podem gerar respostas benéficas, por exemplo, no 
caso da utilização do naloxone (antagonista opióide) nos quadros de depressão 
respiratória causados pela morfina, ou acarretar ineficácia do tratamento, por exemplo, 
no caso da associação indevida entre o propranolol (bloqueador de receptores β) e do 
salbutamol (agonistas de receptores β). 
 
43 
 
10.5 Interações de medicamentos com alimentos 
 
Fonte: cemedmg.wordpress.com 
O alimento pode causar alterações nos efeitos farmacológicos ou na 
biotransformação do fármaco e este, por sua vez, pode modificar a utilização do nutriente, 
com implicações clínicas tanto na eficácia terapêutica medicamentosa como na 
manutenção do estado nutricional. A ocorrência dessas interferências progride ao longo 
do trato gastrointestinal, sendo desprezível ao nível da boca, garganta e esôfago, maior 
no estômago e intensa durante a passagem pelo intestino. 
As interações são dependentes de: 
• Natureza dos nutrientes; 
• Elementos que compõem o alimento; 
• Características do fármaco; 
• Tempo de trânsito nos diferentes segmentos do tubo digestivo; 
• Frequência de contato com as vilosidades intestinais; 
• Mecanismos de absorção intestinal; 
Fatores como o volume, a temperatura, a viscosidade, a pressão osmótica, o 
caráter ácido básico dos alimentos, modificam o tempo de esvaziamento gastrintestinal 
e as condições de solubilização devido a formação de quelatos ou complexos e, 
consequentemente, altera a absorção de fármacos (VILAS BOAS, 2004). 
https://cemedmg.wordpress.com/
 
44 
 
De forma semelhante, os fármacos modificando a motilidade gastrointestinal, o pH 
intraluminal, a morfologia celular da mucosa e a atividade de enzimas intestinais, a flora 
bacteriana e formando complexos mais ou menos insolúveis, alteram a solubilização e a 
absorção de nutrientes. 
Os alimentos alcançando o intestino após um período de tempo variável de acordo 
com a natureza do bolo alimentar, estimulam maisou menos a secreção da bile. Os 
ácidos e sais biliares pelas suas propriedades tenso ativas e a capacidade de formar 
meio coloidal, aumenta a dissolução e favorecem a absorção de nutrientes e de fármacos. 
Esse mecanismo explica o aumento da absorção de certos fármacos lipossolúveis 
quando administrados durante uma refeição gordurosa. 
O estado nutricional, por exemplo, aumenta ou retarda as funções digestivas, 
hepáticas e pancreáticas, influenciando o metabolismo ou a biotransformação tanto na 
mucosa intestinal, como no fígado. Desta forma, a meia-vida plasmática de muitos 
fármacos pode ser reduzida quando dietas forem predominantes proteicas ou aumentado 
com dietas ricas em açúcares e gorduras, uma vez que os aminoácidos aumentam a 
atuação enzimática do sistema citocromo P450 hepático, enquanto os glicídios e ácidos 
graxos exercem efeitos opostos no mesmo sistema enzimático. 
As interações por competição pelas proteínas plasmáticas podem ser 
intensificadas em estado subnutricionais devido a hipoalbuminemia. 
Do ponto de vista clínico, as interações entre os alimentos e fármacos são 
importantes quando houver diminuição da eficácia terapêutica, aumento de efeitos 
tóxicos ou quando resultarem em má absorção e utilização incompleta de nutrientes, 
comprometendo o estado nutricional ou acentuando a desnutrição já existente. Tais 
situações despertam interesse particularmente em pacientes com idade avançada, 
devido à presença muitas vezes de doenças crônicas e utilização de múltiplos 
medicamentos. 
Existem situações em que, recomenda-se a administração de determinados 
medicamentos com o estômago cheio, a fim de minimizar a ação irritativa destas drogas 
sobre a mucosa gastrointestinal. 
Em muitos casos, a própria ação pretendida do medicamento exige que ele seja 
administrado de forma sequencial com as refeições. Tal seria o caso dos digestivos 
 
45 
 
(eupépticos ou antidispépticos) e muitas vezes dos antieméticos, medicamentos 
utilizados no tratamento da hiperacidez gástrica e úlcera péptica, antiflatulentos 
(antifiséticos), hepatoprotetores, vitaminas, etc. 
O tipo de alimentação ingerida pode dificultar ou impedir a ação de medicamentos 
como, por exemplo, a ingestão excessiva de açucares em pacientes fazendo uso de 
antidiabéticos ou dieta inadequada no caso de doentes usando medicamentos 
hipocolesterolemiantes, antigotosos, anti-hipertensivos e diuréticos etc. 
Considera-se que a ingestão de um medicamento longe, próximo, imediatamente 
antes ou depois e durante as refeições pode influenciar na obtenção do efeito desejado. 
 
Exemplos de interações entre alimentos e medicamentos: 
 
Medicamentos ácidos fracos: 
Como ácido acetilsalicílico, aminoglicosídeos, barbitúricos, diuréticos, penicilinas, 
sulfonamidas, podem ter sua excreção aumentada por dietas predominantemente 
alcalinas, devido à alcalinização da urina pelos resíduos alcalinos dos alimentos. 
Bases fracas: 
Amitriptilina, anfetamina, cloroquina, morfínicos, teofilina podem ter sua excreção 
aumentada por dietas predominante ácida ou que gerem metabólitos ácidos (como a 
ameixa, carnes, frutos do mar, pães, biscoitos, bolachas) devido à acidificação da urina. 
A tiramina presente em alimentos com queijos fermentados, iogurte, chocolate, vinho 
tinto, cerveja, carnes e peixes embutidos ou defumados, atuam liberando noradrenalina 
nas terminações adrenérgicas, o que pode potencializar os efeitos dos Inibidor da 
monoamina oxidase (IMAO) causando crises hipertensivas. 
A Piridoxina (Vit. B6) acelera a conversão da L-Dopa em dopamina plasmática pela 
ativação da Dopa descarboxilase. 
O ácido tânico presente no café, chá-mate, frutas e vinhos pode precipitar vários tipos de 
medicamentos como clorpromazina, flufenazina, prometazina, alcalóides, entre outros. 
As tetraciclinas, apesar de irritarem o estômago, devem ser administradas longe das 
refeições, pois além de formar complexos insolúveis com o cálcio de leite e derivados, as 
 
46 
 
tetraciclinas são instáveis em meio ácido e a diminuição da motilidade gastrointestinal 
pelos alimentos diminui a sua absorção. 
10.6 Interações de medicamentos com álcool 
 
Fonte:conteminformacao.com.br 
O álcool etílico, cuja fórmula é C2H5OH, é um líquido encontrado em bebidas 
alcoólicas. O Álcool causa depressão no sistema nervoso central, e difere da 
maioria dos outros depressores, porque é relativamente disponível para os 
adultos, uma vez que é legal e aceito nas sociedades. A alta disponibilidade de 
álcool está associada a grandes custos sociais e pessoais pela prática abusiva 
de consumo, com centenas de milhões de pessoas dependendo cada vez mais 
deste produto, ou seja, alcoólicos crônicos. O álcool é capaz de mudar o equilíbrio 
entre as atuações excitatórios e inibitórios do cérebro, resultando em desinibição, 
ataxia e sedação após o uso. (GOODMAN & GILMAN, 2012 apud SILVA, 2017). 
Existem certas classes de medicamentos que podem ter seus efeitos potenciais 
através do uso simultâneo de álcool, enquanto outros podem ser inibidos. No entanto, 
todas essas interações não são clinicamente significativas e os efeitos sobre uma pessoa 
não podem ser totalmente previstos pelos dados da literatura. 
Existe uma contraindicação específica ao uso de álcool simultâneo com certos 
antimicrobianos, como metronidazol, sulfas e cloranfenicol, pois causam uma reação 
semelhante ao dissulfiram na presença de álcool. O dissulfiram é um fármaco utilizado 
no tratamento do alcoolismo, sua ação é exercida quando existe ingestão simultânea de 
 
47 
 
álcool. Este medicamento inibe de maneira irreversível a enzima aldeído-desidrogenase 
(ALDH) responsável por metabolizar o álcool, promovendo o acúmulo de acetaldeído, 
provocando a reação etanol-dissulfiram (RED). Causando efeitos como sudorese, 
cefaleia, tonturas, náusea, dispneia. 
Os anestésicos gerais, anticonvulsivantes, antidepressivos, hipnosedativos, 
ansiolíticos, entre outros psicotrópicos, podem apresentar interações sinérgicas com o 
álcool, fazendo com que a depressão central seja aumentada. Outro fato indiscutível é 
que o uso simultâneo de etanol com outros depressores do sistema nervoso central 
acentua efeitos como sedação, agravo de coordenação motora e comprometimento da 
memória, risco de quedas, entre outros. 
O álcool potencializa a ação da loperamida e ivermectina frente ao sistema 
nervoso central. Aumenta a tendência de hemorragia gástrica resultante do uso de AAS 
e anti-inflamatórios não esteroides, devido destruir a mucosa gástrica e eleva a 
retrodifusão de íons hidrogênio (H+). 
Se ingerido de forma crônica, o álcool pode levar a biotransformação de fármacos 
que metabolizam-se pelo sistema citocromo P450 e é através deste mecanismo 
que o álcool pode intervir no metabolismo do paracetamol, o que leva a 
metabólitos hepatotóxicos reativos aumentados. (KATZUNG, 2014 apud SILVA, 
2017). 
O uso simultâneo de AAS e álcool causa irritação da mucosa estomacal, podendo 
elevar o tempo de hemorragia e predispor à inflamação e hemorragia gástrica. Já o uso 
associado com dipirona o efeito do etanol pode ser potencializado. 
Os efeitos ansiolíticos dos benzodiazepínicos são amplamente aumentados pelo 
álcool e a ingestão de álcool com estes medicamentos tende a aumentar o efeito sedativo 
do fármaco podendo levar uma pessoa a insuficiência respiratória e também risco de 
coma. Portanto, o uso concomitante de bebida alcoólica e benzodiazepínicos torna-se 
uma intoxicação grave. 
O álcool é um contribuinte frequente para as mortes que envolve o uso de 
medicamentos benzodiazepínicos. O álcool aumenta a taxa de absorção destes fármacos 
e a depressão do SNC a eles associada. (GOODMAN & GILMAN, 2012). 
Em diabéticos que usam medicamentos que elevam a quantidade de insulina no 
organismo, ou mesmo em diabéticos que aplicam insulina, quando ingerem álcool, o 
 
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fígado fica sobrecarregado

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