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CAPÍTULO 02- CONSTITUIÇÃO

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Fonte: CRETELLA JUNIOR, J. e CRETELLA NETO, J. - 1.000 Perguntas e Respostas de 
Direito Constitucional – Editora Forense Jurídica (Grupo GEN). 
 
 
CAPÍTULO II - CONSTITUIÇÃO 
II.1. PODER CONSTITUINTE. REFORMA 
72) Em que consiste o Poder Constituinte? 
R.: Poder Constituinte é o órgão legislativo do Estado, dotado de autoridade política, cuja 
finalidade é criar ou rever a Constituição, e do qual derivam todos os outros poderes do Estado, 
não sendo instituído por nenhum anterior a ele. 
 
73) Em que época surge a noção de Poder Constituinte? 
R.: A noção de Poder Constituinte surge com o panfleto de Sièyès, do início da chamada Idade 
Moderna, sendo contemporânea da noção de Constituição escrita. 
 
74) Quem detém a titularidade do Poder Constituinte? 
R.: O detentor da titularidade do Poder constituinte é o povo. 
 
75) O que é Poder Constituinte originário? 
R.: Poder Constituinte originário (também chamado próprio) é o órgão legislativo 
incondicionado, dotado de autoridade política máxima, e que promove a criação de nova 
Constituição (em Estado que acabou de nascer), ou a substituição de uma Constituição por 
outra ou, ainda, dá origem a novo Estado. 
 
76) Quais os atributos do Poder Constituinte originário? 
R.: O Poder Constituinte originário apresenta os seguintes atributos: a) é causa de si, porque 
não se fundamenta em nenhum outro; b) é autônomo, porque não vinculado a nenhum outro 
poder, que o circunscreva, c) é incondicionado, porque não existe, em texto anterior, nenhum 
conjunto de normas que lhe dite o modo de agir; e d) é limitado, porque disciplinado por 
princípios de direito natural. 
 
77) O que é Poder Constituinte derivado? 
R.: Poder Constituinte derivado (também chamado impróprio, ou instituído) é aquele que, 
fundado e previsto no Poder Constituinte originário, pode modificar ou completar a 
Constituição, ou ainda, institucionalizar os Estados federados que dela derivem, sem qualquer 
tipo de ruptura com a situação jurídica e política anterior. 
 
78) Qual a natureza do Poder Constituinte? 
R.: A natureza do Poder Constituinte é a de poder de direito, anterior ao Direito Positivo do 
Estado, e superior a este, que é o Direito Natural, que é a base da liberdade humana para 
estabelecer as instituições que governarão a sociedade. 
 
79) De que fator decorre a legitimidade do governo estabelecido? 
R.: A legitimidade do governo estabelecido é amparada pelo desejo da opinião predominante 
(consensus), na sociedade. 
 
80) Qual a diferença entre legitimidade e legalidade de um governo estabelecido? 
R.: A legitimidade deriva do consenso (vontade da maioria); a legalidade tem origem na lei, 
justa ou injustamente promulgada. 
 
81) De que espécies pode ser o poder governamental? 
R.: O poder governamental pode ser: a) de fato, quando não têm legitimidade, mesmo que 
apoiado na legalidade; e b) de direito, quando fundado na legitimidade. 
 
82) Quem é agente do Poder Constituinte? 
R.: Agente do Poder Constituinte é o indivíduo ou grupo de indivíduos que elabora a 
Constituição do Estado, com fundamento nesse Poder, exercendo-o em nome do povo. 
 
83) Qual o veículo do Poder Constituinte originário? 
R.: Veículo do Poder Constituinte originário é, em geral, uma revolução (em sentido jurídico), 
que ocasiona a perda de eficácia da Constituição anterior, e permite a entrada em vigor de uma 
nova Constituição. 
 
84) Somente uma revolução em sentido jurídico (isto é, o rompimento da Constituição vigente) 
possibilita o surgimento de nova Constituição? 
R.: Não. É possível o surgimento de nova Constituição a partir de profunda reforma na anterior, 
de acordo com normas nela própria previstas, resultando em Carta Magna bastante diversa da 
existente; é, também, possível, que seja outorgada por um país colonizador ao colonizado, à 
época da independência nacional. 
 
85) Quais as características do Poder Constituinte originário? 
R.: O Poder Constituinte originário apresenta as seguintes características: a) é inicial, pois 
todos os poderes dele derivam; b) é ilimitado, dentro de um ordenamento jurídico positivo; e c) 
é incondicionado, pois as formas para sua manifestação não são previamente fixadas. 
 
86) De que formas pode uma nova Constituição ser editada? 
R.: Uma nova Constituição pode ser editada por meio de: a) outorga; b) convocação de 
Assembléia Constituinte; e c) plebiscito. 
 
87) Em que consiste a outorga da Constituição? Dar exemplo. 
R.: Outorga da Constituição é a imposição de um texto constitucional, elaborado sem consulta 
popular, e promulgado por um Poder Constituinte que age dentro da legalidade, mas não 
sempre com legitimidade. Ex.: Constituição brasileira de 1937 ("polaca"), elaborada por Ministro 
de Estado. 
 
88) Em que consiste a convocação de uma Assembléia Constituinte para estabelecer nova 
Constituição? Dar exemplos em que essa situação efetivamente ocorreu, no Brasil. 
R.: Consiste na eleição ou indicação de um grupo de indivíduos que discutem e elaboram um 
texto (projeto) constitucional, o qual pretendem ser representativo das aspirações populares, 
podendo ou não submetê-lo à votação popular. Ex.: Constituições de 1946 e de 1988. 
 
89) Em que consiste o estabelecimento de uma Constituição por meio de plebiscito? 
R.: O estabelecimento de uma Constituição por meio de plebiscito (método bonapartista) 
consiste em submeter à aprovação do povo o nome de determinado indivíduo para que, em 
seu nome, elabore e promulgue novo texto constitucional. 
 
90) Quais as características do Poder Constituinte derivado? 
R.: O Poder Constituinte derivado apresenta as seguintes características: a) provém do Poder 
Constituinte originário; b) é subordinado ao originário, sendo por ele limitado; e c) é 
condicionado, na medida em que somente se manifesta segundo formas preestabelecidas e 
fixadas. 
 
91) Quais as espécies de Poder Constituinte derivado? 
R.: O Poder Constituinte derivado pode ser: a) de revisão; e b) dos Estados-Membros, no caso 
de Estado Federal. 
 
92) Como a doutrina distingue os termos "reforma", "emenda" e "revisão", aplicados ao 
procedimento de alteração da Constituição? 
R.: A melhor doutrina considera que reforma é gênero, de que emenda e revisão são espécies. 
 
93) Como se diferencia a emenda da revisão constitucional? 
R.: Emenda consiste em modificação de norma contida na Constituição, considerada não 
estabilizada pelo legislador constitucional, por meio de procedimento formal; revisão consiste 
em alteração anexável ao texto constitucional, efetuada por meio de procedimento que exige 
maiores formalidades do que a emenda, para garantir maior estabilidade às normas alteradas. 
 
94) Em que consiste o poder de revisão? 
R.: Poder de revisão, a mais importante espécie de Poder Constituinte derivado, é o poder, 
constitucionalmente previsto, de promover alterações no texto da Constituição vigente, de 
forma a adaptá-la a novas exigências políticas, sociais ou econômicas. 
 
95) Em que consiste o Poder Constituinte dos Estados-Membros? 
R.: Consiste no poder, constitucionalmente estabelecido, de institucionalizar pessoas jurídicas 
políticas de Direito Público interno previstas na Constituição Federal, na forma estabelecida. 
 
96) O poder de revisão da Constituição é ilimitado? 
R.: Não. As limitações ao poder de revisão devem ser estabelecidas no próprio texto 
constitucional, que pode, até mesmo, prever a revisão completa da Constituição; à falta de 
previsão constitucional, considera-se que a Constituição não pode ser completamente revista. 
 
97) Que espécies de limitações existem ao poder de revisão da Constituição? 
R.: As limitações ao poder de revisão da Constituição podem ser temporais, circunstanciais ou 
materiais. 
 
98) Em que consistem as limitações temporais ao poder de revisão? 
R.: As limitações temporais consistem na imposição de datas determinadas para que se 
proceda à revisão da Constituição, não permitindo que sejam efetuadas em outras épocas. 
 
99) Em que consistem as limitações circunstanciaisao poder de revisão? 
R.: As limitações circunstanciais consistem na vedação a que se proceda à revisão da 
Constituição durante a ocorrência de determinados eventos, como estado de sítio, intervenção 
federal, guerra, ou ocupação estrangeira, situações que influem de modo negativo na vontade 
dos membros do órgão revisor. 
 
100) Em que consistem as limitações materiais ao poder de revisão? 
R.: As limitações materiais ao poder de revisão consistem em vedação a que determinadas 
matérias sejam objeto de alteração, como a forma de Estado, os direitos e as garantias 
individuais ou a separação dos Poderes. 
 
101) Que espécies de limitações prevê a Constituição Federal de 1988 ao poder de revisão da 
Constituição, e em que artigos se encontram? 
R.: A CF de 1988 prevê limitações temporais (art. 3.º do ADCT - Ato das Disposições 
Constitucionais Transitórias, após cinco anos de sua promulgação, pelo voto da maioria 
absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral), circunstanciais (art. 60, 
§ 1.º, durante a vigência de intervenção federal, estado de defesa ou estado de sítio) e 
materiais (art. 60, § 4.º, quanto à abolição da forma federativa do Estado, do voto direto, 
secreto, universal e periódico, da separação dos Poderes e dos direitos e garantias 
individuais). 
 
102) De que forma pode a CF brasileira ser reformada? 
R.: A revisão constitucional, prevista pela CF de 1988 no art. 3.º do ADCT, já foi realizada; 
doravante, somente se poderá reformar a CF por meio de emenda constitucional. 
 
103) De quem poderá ser a iniciativa para propor emenda constitucional? 
R.: De acordo com o art. 60, I, II e III, da CF, emenda constitucional poderá ser proposta por 
iniciativa de: a) um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados; b) um terço, no 
mínimo, dos membros do Senado Federal; c) do Presidente da República; e d) de mais da 
metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma 
delas, pela maioria relativa de seus membros. 
 
104) Como deverá ser discutida e votada a proposta de emenda constitucional, no Brasil? 
R.: Segundo dispõe o art. 60, § 2.º da CF, a proposta de emenda constitucional será discutida e 
votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se 
obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 
 
II.2. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. AÇÃO 
DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 
105) Em que consiste a denominada "supremacia constitucional"? 
R.: Entende-se por supremacia constitucional o fato de que a constituição é considerada a 
pedra angular do sistema jurídico-político do país, conferindo validade e legitimidade aos 
poderes do Estado, dentro dos limites por ela impostos, não podendo ser contrariada por 
qualquer texto ou dispositivo legal do ordenamento jurídico, sob pena de ser considerado 
inconstitucional. 
 
106) Quais as possíveis espécies de inconstitucionalidade previstas em nossa Constituição 
Federal? 
R.: Nossa Constituição Federal prevê duas espécies de inconstitucionalidade: a) por ação, 
prevista no art. 102, I, a e III, a, b, e c; b) por omissão, prevista no art. 103, §§ 1.º, 2.º e 3.º. 
 
107) Quando ocorre a inconstitucionalidade por ação? 
R.: Ocorre inconstitucionalidade por ação quando atos legislativos ou administrativos 
contrariam normas ou princípios contidos na Constituição. 
 
108) Quando ocorre inconstitucionalidade por omissão? 
R.: Ocorre inconstitucionalidade por omissão quando deixam de ser praticados atos legislativos 
ou administrativos, exigidos pela Constituição, para permitir a plena aplicação da norma 
constitucional. 
 
109) Qual a técnica constitucional prevista para defender a supremacia constitucional, isto é, 
evitar que ocorram inconstitucionalidades? 
R.: A técnica prevista para defender a supremacia constitucional é denominada controle de 
constitucionalidade das leis. 
 
110) Que sistemas são utilizados para exercer o controle de constitucionalidade? 
R.: O controle de constitucionalidade pode ser exercido segundo os sistemas político (quando 
órgãos políticos verificam a ocorrência de inconstitucionalidades), jurisdicional (quando o 
controle é feito por intermédio do Poder Judiciário) ou misto (quando tanto órgãos políticos 
quanto o Poder Judiciário têm competência para coibir a ocorrência de inconstitucionalidades, 
sendo a competência de cada um determinada pela categoria do ato legislativo ou 
administrativo). 
 
111) Quais os critérios de controle de constitucionalidade utilizados pelos sistemas 
constitucionais existentes? 
R.: Existem sistemas de controle concentrado da constitucionalidade (quando somente o órgão 
máximo do Poder Judiciário ou uma Corte Constitucional têm competência para exercê-lo) e 
sistemas de controle difuso da constitucionalidade (quando diversos órgãos e instâncias do 
Poder Judiciário têm competência para exercê-lo). 
 
112) Quais os modos de exercer o controle de constitucionalidade, no sistema de controle 
difuso? 
R.: No sistema de controle difuso da constitucionalidade, pode-se exercê-lo: a) por via 
incidental, dentro de um processo judicial, em que a parte argüi, por meio de exceção, a 
inconstitucionalidade de determinada norma; b) por meio de ação direta de 
inconstitucionalidade, que pode ser proposta pelas partes legitimadas pelo ordenamento 
jurídico; e c) por iniciativa do juiz, de ofício, dentro de um processo judicial. 
 
113) Qual o sistema de controle de constitucionalidade previsto pela atual CF? 
R.: O sistema brasileiro atual é jurisdicional, combinando os sistemas de controle concentrado 
e difuso. A CF de 1891 instituiu exclusivamente o controle difuso, à semelhança do judicial 
review norte-americano; as Constituições posteriores agregaram novos elementos, que 
permitiram exercer o controle concentrado da constitucionalidade. 
 
114) Quem tem capacidade processual para propor ação direta de inconstitucionalidade? 
R.: Segundo o art. 103 da CF, podem propor ação direta de inconstitucionalidade: o Presidente 
da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa da 
Assembléia Legislativa, o Governador de Estado, o Procurador-Geral da República, o Conselho 
Federal da OAB, partido político com representação no Congresso Nacional e confederação 
sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
 
115) De que espécies pode ser a ação direta de inconstitucionalidade? 
R.: A ação direta de inconstitucionalidade pode ser interventiva, genérica ou supridora de 
omissão. 
 
116) Quando cabe ação direta de inconstitucionalidade interventiva? 
R.: Cabe ação direta de inconstitucionalidade interventiva quando se destina a promover 
intervenção: a) da União em algum Estado da Federação; ou b) de algum Estado, em 
Município situado dentro de seus limites territoriais. 
 
117) Quando cabe ação direta de inconstitucionalidade genérica? 
R.: Cabe ação direta de inconstitucionalidade genérica quando o autor deseja obter declaração 
judicial de inconstitucionalidade, em tese, de: a) lei ou ato normativo, federal ou estadual, em 
face da CF, ou b) lei ou ato normativo, estadual ou municipal, em face da Constituição 
Estadual. 
 
118) Quando cabe ação direta de inconstitucionalidade supridora de omissão? 
R.: Cabe ação direta de inconstitucionalidade supridora de omissão quando a responsabilidade 
pela edição da norma faltante prevista ou pela adoção das necessárias providências for, 
respectivamente: a) do legislador, ou b) do administrador. 
 
119) Qual o efeito jurídico da decisão judicial sobre ação de controle de constitucionalidade, 
exercida por via incidental, e acolhida pelo Poder Judiciário? 
R.: A decisão judicial fará coisa julgada e terá efeito somente entre as partes (incluindo, 
eventualmente, terceiros, que tenham interesse jurídico), não se projetando para fora do 
processo. 
 
120) A partir de que momento passa a surtir efeito a decisão judicial, no caso de ação de 
controle de constitucionalidade, exercidapor via incidental? 
R.: A decisão judicial, no caso concreto, terá efeito retroativo (extunc), invalidando qualquer 
relação jurídica fundada no ato reconhecido como inconstitucional, mas somente inter partes. A 
lei ou o ato permanecerão válidos até que sua executoriedade seja suspensa pelo Senado. 
 
121) Qual o efeito da suspensão de lei ou ato pelo Senado? 
R.: A lei ou ato passarão a não mais produzir efeitos somente a partir da data da suspensão de 
sua executoriedade (efeito ex nunc), permanecendo válidas as relações jurídicas neles 
fundadas, estabelecidas antes da suspensão. 
 
122) Qual o efeito jurídico da decisão judicial sobre a ação direta de inconstitucionalidade 
genérica? 
R.: A decisão judicial que acolhe a pretensão de ter declarada a inconstitucionalidade de 
qualquer lei ou ato, objeto de ação direta de inconstitucionalidade genérica, faz coisa julgada 
material, e se projeta para fora do processo, tendo efeito erga omnes, isto é, elimina do mundo 
jurídico o ato declarado inconstitucional e obriga as autoridades a não mais estabelecerem 
quaisquer relações jurídicas com fundamento na lei ou ato reconhecido como inconstitucional. 
 
123) Qual o efeito jurídico da decisão judicial sobre a ação direta de inconstitucionalidade 
interventiva? 
R.: A decisão judicial que acolhe a pretensão de ter declarada a inconstitucionalidade de 
qualquer lei ou ato, objeto de ação direta de inconstitucionalidade interventiva proposta pelo 
Procurador-Geral da República (ou pelo Procurador-Geral do Estado, conforme o caso) tem por 
efeito restabelecer a normalidade jurídica quanto aos atos praticados pelo órgão político 
público (União, Estados, Distrito Federal, Municípios) que estão descumprindo a Constituição. 
Declarada a inconstitucionalidade, será também decretada intervenção se não ocorrer imediata 
suspensão da lei ou ato reconhecido como inconstitucional. 
 
124) Qual o efeito jurídico da decisão judicial sobre a ação direta de inconstitucionalidade por 
omissão? 
R.: A decisão judicial que acolhe a pretensão de ter declarada a inconstitucionalidade por 
omissão tem por efeito produzir um comando, dirigido ao Poder Legislativo ou a órgão 
administrativo, para que elabore a lei ou o ato faltante no ordenamento jurídico (no caso de 
órgão administrativo, concede-se o prazo de trinta dias). 
 
125) Qual a conseqüência do não-cumprimento da decisão judicial, por parte do Poder 
Legislativo ou do órgão administrativo? 
R.: Em tese, a nova omissão caracterizará grave infração à ordem jurídica. Na prática, por não 
ter sido prevista na Constituição o suprimento, por parte do Poder Judiciário, da norma faltante, 
a declaração judicial de inconstitucionalidade, no caso de omissão, não ocorrerá qualquer tipo 
de sanção ao Poder Legislativo ou ao órgão administrativo omissos. 
 
126) Qual a natureza jurídica da decisão judicial sobre a constitucionalidade de determinado 
ato? 
R.: No caso de ação direta de inconstitucionalidade genérica, a decisão judicial terá natureza 
jurídica simultaneamente declaratória (porque o Poder Judiciário declara a 
inconstitucionalidade) e constitutiva-negativa (porque desfaz as relações jurídicas 
estabelecidas); no caso de ação de inconstitucionalidade interventiva, a natureza jurídica da 
decisão judicial é, também, declaratória, mas prepondera o efeito condenatório (o Poder 
Judiciário emite decreto de intervenção); e, no caso de inconstitucionalidade por omissão, além 
da natureza declaratória da decisão, tem ela, também, natureza mandamental (o Poder 
Judiciário emite uma ordem). 
 
127) O que é a ação declaratória de constitucionalidade? 
R.: A ação declaratória de constitucionalidade é inovação introduzida pela Emenda 
Constitucional n.º 3, de 17.03.1993, que a acrescentou ao texto do art. 102, I, a, da CF, e tem 
por objeto a rápida resolução de pendências judiciais, quando existe grande número de ações 
onde se argüi a inconstitucionalidade de determinada lei ou de ato normativo federal. 
 
128) Quem tem legitimidade para propor a ação declaratória de constitucionalidade? 
R.: A Emenda Constitucional n.º 3/93 legitimou como autores da ação declaratória de 
constitucionalidade: o Presidente da República, a Mesa do Senado Federal, a Mesa da Câmara 
dos Deputados e o Procurador-Geral da República, acrescentando o § 4.º ao art. 103. 
 
129) Quem tem competência para processar e julgar a ação declaratória de 
constitucionalidade? 
R.: Tem competência originária e exclusiva para o julgamento da ação declaratória de 
inconstitucionalidade o Supremo Tribunal Federal, conforme o art. 102, I, a, modificado pela EC 
n.º 3/93. 
 
130) Qual o efeito da decisão definitiva de mérito, proferida pelo STF, nas ações declaratórias 
de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal? 
R.: Segundo o art. 102, § 2.º, da CF, introduzido ao texto constitucional pela EC n.º 3/93, a 
decisão definitiva de mérito terá eficácia erga omnes e produzirá efeito vinculante, 
relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo. 
 
131) Poderá a ação declaratória de constitucionalidade ser utilizada de forma inconstitucional? 
R.: Sim. A doutrina aponta o efeito de paralisação de inúmeros feitos, em que são discutidas 
questões de interesse coletivo; se a decisão judicial for a de rejeitar a pretensão do autor, não 
haverá inconstitucionalidade, mas se a decisão judicial acolher a pretensão, o efeito será o de 
evitar que se discutam questões jurídicas, objeto de grande número de ações em curso, 
ofendendo os princípios do contraditório e da ampla defesa. No último caso, a doutrina 
reconhece que, sem que se atenda a esses princípios constitucionais, poderá haver 
inconstitucionalidade. 
 
132) Qual a posição majoritária, no STF, acerca da finalidade da ação declaratória de 
constitucionalidade? 
R.: A posição majoritária no STF é a de considerar a ação declaratória de constitucionalidade 
como inserida no sistema de controle abstrato da constitucionalidade de normas, visando a 
defesa da ordem jurídica, e não se destinando diretamente à tutela de Direitos Subjetivos. 
 
133) Leis ou atos normativos estaduais ou municipais podem ser objeto de ação declaratória 
de constitucionalidade? 
R.: Não. A EC n.º 3 somente previu a possibilidade de ser objeto de ação declaratória de 
constitucionalidade, lei ou ato normativo federal. 
 
134) Qual a função do Advogado-Geral da União, no julgamento de ações envolvendo controle 
de constitucionalidade, processadas e julgadas pelo STF? 
R.: O Advogado-Geral da União deverá ser previamente citado quando o STF apreciar a 
inconstitucionalidade em tese, de norma legal ou ato normativo, devendo defender o ato ou o 
texto impugnado; no caso de ação declaratória de constitucionalidade, não atuará no processo, 
pois não estará exercendo defesa relativa a ataque à constitucionalidade de qualquer norma 
legal ou ato normativo. 
 
135) Qual a função do Procurador-Geral da República, no julgamento de ações envolvendo 
controle de constitucionalidade, processadas e julgadas pelo STF? 
R.: Segundo o que dispõe o art. 103, § 1.º, da CF, deverá o Procurador-Geral da República ser 
previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de 
competência do STF. 
 
II.3. O ESTADO E SEUS TIPOS. O ESTADO BRASILEIRO 
136) O que é Estado, na concepção clássica? 
R.: Entende-se por Estado, na concepção clássica, um ordenamento jurídico geral e 
centralizado de poderes. É a síntese dos poderes soberanos. 
 
137) Quais os elementos constitutivos do Estado, na concepção clássica? 
R.: O Estado é constituído pelos seguintes elementos: a) território, porção geográfica onde 
exerce sua soberania; b) população, conjunto de seres humanos convivendo em comunidade 
historicamente estabelecida e definida; e c) poder, que consiste na capacidade, legalmente 
conferida à autoridade pública, para que cumpra e faça cumprir as normas estatais. 
 
138) Quais os fenômenos atuais, que desafiam a concepção clássica de Estado? 
R.: No mundo atual,a globalização e a transnacionalização econômicas, ambientais e dos 
Direitos Humanos, colocam em questão o Estado como centro de poder político; criam-se, por 
meio de empresas transnacionais e de Organizações Não-Governamentais - ONG's, 
mecanismos alternativos de auto-regulação e controle da sociedade, descentralizados e pouco 
ou nada dependentes do Estado. 
 
139) O que é o paradigma do Estado Constitucional informal? 
R.: O paradigma do Estado Constitucional informal reflete uma nova e moderna interpretação 
política jurídica e da função e atuação do Estado e da sociedade. 
 
140) Em que consiste essa nova e moderna interpretação jurídica e política da função e 
atuação do Estado e da sociedade? 
R.: A nova interpretação jurídica e política da sociedade e do Estado consiste em levar em 
consideração mecanismos alternativos de produção e aplicação das normas, tais como: a) 
desoficialização, que consiste na diminuição da importância das fontes do direito formal, em 
especial do Estado; b) descodificação, que é o atenuamento da idéia de que o direito deve, 
obrigatoriamente, vir expresso em um código formal; e c) desregulamentação (ou 
deslegalização), que consiste na substituição progressiva do direito formal estatal pela 
autonomia dos sujeitos e das comunidades. 
 
141) Em que consiste a soberania do Estado? 
R.: A Soberania do Estado consiste em que não se sujeita a nenhum outro ordenamento 
jurídico que não seja o seu próprio. Significa que, por exemplo, uma ordem judicial prolatada 
em país estrangeiro não vincula qualquer outro Estado a seu cumprimento. Soberano é, assim, 
o Estado que pode editar seu direito, no mais alto grau, ou seja, editar sua Constituição. 
 
142) Não se sujeitam os Estados a nenhuma ordem jurídica que não as internas? 
R.: Os Estados não se sujeitam a normas jurídicas de outros Estados, seguindo a máxima 
"pars in parem non habetjurisdictionem". No entanto, devem submeter-se à chamada ordem 
internacional, estabelecida por meio de organizações internacionais (como a ONU, por 
exemplo) ou pelos tratados internacionais de que são signatários. 
 
143) Em que consiste a descentralização das atividades do Estado? 
R.: O Estado, para poder atuar nas diversas áreas de sua competência, descentraliza 
administrativa e politicamente seu poder de governar. A descentralização serve para aumentar 
a eficácia governamental, e também para limitar o poder do Estado. 
 
144) Quais as formas de Estado, segundo o critério do grau de descentralização da atividade 
governamental? 
R.: Segundo o critério do grau de descentralização da atividade governamental, o Estado pode 
ser unitário ou constitucionalmente descentralizado. 
 
145) Quando se diz que o Estado é unitário? 
R.: Diz-se que o Estado é unitário quando a descentralização de seus poderes está submetida 
ao controle de um Poder Central, que pode ampliar ou reduzir o grau de descentralização, 
podendo até mesmo suprimi-lo; é unitário o Estado que tem um só impulso governamental, do 
centro para a periferia, como a França. 
 
146) O Estado pode ser considerado como unitário e descentralizado? 
R.: Sim. Exemplo dessa forma de Estado é o sistema existente no Brasil, entre 1822 e 1889, 
que tinha características de Estado unitário (havia um Poder Central, o Imperador) e 
descentralizado (a descentralização era política). 
 
147) Quando se diz que um Estado é constitucionalmente descentralizado? 
R.: Diz-se que um Estado é constitucionalmente descentralizado quando a descentralização 
política consta expressamente da Constituição desse Estado, não estando o grau de 
descentralização sujeito à atuação de um Poder Central. 
 
148) Em que consiste o Estado Federal? 
R.: Estado Federal é o constituído por coletividades públicas (Estados federados), dotadas de 
autonomia político-constitucional, sendo representados por um órgão cameral (Senado), que 
assegura sua participação junto ao Poder Central. A estrutura federativa é constitucionalmente 
garantida, como norma absolutamente estável (cláusula pétrea). 
 
149) O Brasil é um Estado Federal? 
R.: Sim. Desde o Decreto n.º 1, de 15.11.1889, data da Proclamação da República, passou o 
Brasil a ser uma Federação, com a transformação das Províncias em Estados, que gozavam 
de autonomia; a CF de 1891 adotou o modelo de federalismo dualista. As Constituições 
posteriores deram ênfase ao papel da União, pela adoção do modelo federalista cooperativo, 
que foi levado a seu ápice pela CF de 1967, que adotou o chamado federalismo de integração. 
A CF de 1988, art. 1.º, dispõe que o Brasil é uma República Federativa. 
 
150) Qual o modelo de federalismo adotado pela atual Constituição? 
R.: A CF de 1988 substituiu o federalismo de integração da Carta anterior, restabelecendo o 
federalismo cooperativo, mediante um sistema de repartição de competências, que visa ao 
restabelecimento do equilíbrio das relações políticas entre o Poder Central e os Estados 
federados. Essa mudança de modelo permite afirmar que a CF atual conferiu feição mais 
nitidamente federalista ao Brasil. 
 
151) Qual a forma do governo brasileiro? 
R.: O governo brasileiro tem a forma de República, conforme dispõe o art. 1º da CF ("A 
República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito..."). 
 
152) De que forma é descentralizado o poder, no Estado brasileiro? 
R.: O poder é partilhado (descentralizado) entre a União, os Estados-Membros, o Distrito 
Federal e os Municípios, por meio da atribuição de competências, exclusivas, complementares, 
suplementares ou concorrentes. Assim, por exemplo, a arrecadação de tributos e a repartição 
de rendas são atividades delegadas a todas essas pessoas políticas de Direito Público, que 
exercem poder dentro dos limites de suas respectivas competências. 
 
153) Em que difere, historicamente, a formação dos Estados Unidos da América da do Brasil, 
como Estados Federais? 
R.: Nos EUA, o Estado Federal foi formado por 13 Estados que já anteriormente existiam, 
processo denominado federalismo por agregação; no Brasil, o Estado era unitário, tendo sido 
desmembrado (descentralização política) em Estados-Membros, que não existiam 
anteriormente, num processo denominado federalismo por segregação. 
 
154) Qual a distinção entre Estado Federal e União Federal? 
R.: O Estado Federal é uma unidade nas relações políticas e jurídicas internacionais, ou seja, é 
dotado de personalidade jurídica de Direito Público internacional, detentor exclusivo da 
soberania nacional, que é o poder de autodeterminação; a União Federal é pessoa jurídica de 
Direito Público interno, formada pela reunião dos Estados-Membros. 
 
155) Em que sentido goza o Estado-Membro de autonomia, no Estado Federal? 
R.: A autonomia significa que o Estado exercita poder político dentro dos limites de 
competência fixados pela Constituição. Exemplos de suas atividades são: instituição de 
tributos, criação de órgãos administrativos estaduais, e descentralização de seus próprios 
poderes, para os Municípios situados dentro de seu território. 
 
156) Quais os princípios que regem as relações internacionais do Estado brasileiro? 
R.: Segundo a CF, art. 4.º, o Estado brasileiro rege-se, nas suas relações internacionais pelos 
seguintes princípios: a) independência nacional; b) prevalência dos direitos humanos; c) 
autodeterminação dos povos; c) não-intervenção; d) igualdade entre os Estados; e) defesa da 
paz; f) solução pacífica dos conflitos; g) repúdio ao terrorismo e ao racismo; h) cooperação 
entre os povos para o progresso da humanidade; e i) concessão de asilo político. 
 
157) Qual a fundamental diferença entre o modelo de Estado Federal adotado no Brasil e os 
modelos de outros Estados Federais? 
R.: A principal diferença reside na existência de três ordens de competência (União, Estados-
Membros e Municípios), enquanto que os Estados Federais normalmente adotam somente 
duas ordens (União e Estados-Membros). 
 
158) Em que consiste a intervenção federal? 
R.: A intervenção federal é ato de naturezapolítica, excepcional, praticado pela União Federal, 
que consiste em assumir, temporariamente, as competências do Estado-Membro ou do Distrito 
Federal. 
 
159) A União tem poderes para intervir nos Estados-Membros e no Distrito Federal? 
R.: Sim, porém somente em casos extremamente graves de ameaça à desagregação do 
Estado-Membro ou do Distrito Federal e, ainda assim, de forma temporária. A CF de 1988 
previu nos arts. 34 e 36, a intervenção da União nos Estados-Membros e no Distrito Federal. 
 
160) A União tem poderes para intervir nos Municípios? 
R.: Não. A CF não prevê intervenção da União nos Municípios, nos quais a intervenção 
somente pode ocorrer por parte dos Estados-Membros. 
 
161) De que modo se processa a intervenção da União nos Estados-Membros? 
R.: O Presidente da República submeterá o decreto de intervenção ao Congresso Nacional, 
extraordinariamente convocado para tal, para que em 24 horas o aprecie, aprovando-o ou 
rejeitando-o. Em outros casos, a decisão sobre a intervenção será de competência do STF, do 
STJ ou do TSE. 
 
162) Qual a natureza jurídica do decreto da intervenção? 
R.: O decreto de intervenção tem natureza jurídica de ato administrativo complexo. Para 
Manoel Gonçalves Ferreira Filho trata-se de "competência vinculada", pois pode originar-se de 
decisão ou requisição judicial, de requisição do Procurador-Geral da República, de requisição 
do Poder Legislativo ou do Poder Executivo ao Presidente da República, que simplesmente 
formalizará o decreto. Pode constituir-se, ainda, em ato administrativo discricionário, quando, a 
juízo do Presidente, ocorrer ameaça à integridade nacional, intervenção estrangeira ou de 
Estado em outro, perturbação grave à ordem, coação ao Legislativo ou ao Executivo estaduais 
e reorganização financeira do Estado-Membro. 
 
163) Em que casos pode ocorrer intervenção dos Estados-Membros em Município situado em 
seu território? 
R.: Conforme dispõe o art. 35 da CF, pode o Estado-Membro intervir em município situado em 
seu território nos seguintes casos: a) falta de pagamento, por dois anos consecutivos, da dívida 
fundada; b) falta de prestação de contas devidas, na forma da lei; c) não tiver sido aplicado o 
percentual mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino, 
atualmente fixado em 25%; e d) se o TJ do Estado der provimento a representação para 
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a 
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. 
 
II.4. AS DESCENTRALIZAÇÕES DO ESTADO BRASILEIRO 
164) Em que consiste a autonomia dos Estados-Membros, no Brasil? 
R.: Os Estados-Membros dispõem de autonomia, isto é, do direito à auto-organização, 
conforme as limitações impostas por sua própria Constituição Estadual, que não pode, 
evidentemente, afrontar a Constituição Federal, devendo adaptá-la às peculiaridades locais. 
 
165) O que são Territórios? 
R.: Considerados embriões de Estado, no plano político, são os Territórios, no plano jurídico, 
divisões administrativas da União, cuja tendência é ganhar autonomia e transformar-se em 
Estado-Membro; o Governador é nomeado pelo Presidente da República, devendo ser 
previamente aprovado pelo Senado Federal; não elegem Senadores, somente Deputados 
Federais; todas as competências estaduais são exercidas pela União, dentre as quais a 
arrecadação de tributos. A CF de 1988 dispõe sobre os Territórios no art. 33, mas, no Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT - arts. 12 a 15, extingue essa espécie de 
pessoa jurídica pública política, da organização política do país. 
 
166) Qual a situação dos antigos Territórios Federais brasileiros, após o advento da CF de 
1988? 
R.: Até 1988, o Brasil tinha Territórios Federais, que foram transformados, pela nova 
Constituição, em Estados-Membros da federação, exceto Fernando de Noronha, que foi 
incorporado ao Estado de Pernambuco. 
 
167) Qual a situação do Distrito Federal no quadro político-constitucional, após a CF de 1988? 
R.: A atual situação político-constitucional do Distrito Federal é semelhante à dos Estados-
Membros, reconhecido como entidade federativa (art. 1.º) gozando de autonomia para auto-
organização administrativa, conforme dispõe o art. 32 da CF; ao Distrito Federal, pessoa 
jurídica pública política, atribuiu a CF competências legislativas reservadas aos Estados e 
Municípios (art. 32 parágrafo único), e competência legislativa concorrente com a da União, 
nos termos do art. 24; o DF pode instituir os impostos previstos no art. 155 e perceber receitas, 
de acordo com o art. 157, 159, I e II, caput e §§ 1.º, 2.º e 3.º, e art. 160. 
 
168) Qual a situação do Município no quadro político-constitucional, após a CF de 1988? 
R.: A CF de 1988 confere ao Município o status de entidade federativa (art. 1.º), regido por Lei 
Orgânica Municipal (nos termos do art. 29), dotado das competências previstas no art. 30, 
podendo instituir os impostos previstos no art. 156 e receber as rendas de acordo com o art. 
158, 159, II, caput e §§ 1.º, 2.º e 3.º, e art. 160. 
 
169) O que são Regiões Metropolitanas? 
R.: Regiões Metropolitanas são entidades administrativas, instituídas pelos Estados-Membros 
(no regime anterior, a competência era da União), por Lei Complementar (art. 25, § 3.º), 
consistindo em agrupamentos de municípios limítrofes, todos pertencentes ao mesmo Estado, 
para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse 
comum (tipicamente nas áreas de saneamento, transportes públicos, abastecimento de água, 
etc., atividades que devem ser equacionadas de forma conjunta), visando seu desenvolvimento 
sócio-econômico. 
 
170) O que são Regiões de Desenvolvimento? 
R.: Regiões de Desenvolvimento são entidades federais destinadas a promover o 
desenvolvimento de determinadas áreas, dentro de um mesmo complexo geoeconômico e 
social do Brasil, e que recebem expressiva dotação orçamentária, e incentivos regionais, tais 
como igualdade de tarifas, fretes e seguros de responsabilidade do Poder Público, juros 
favorecidos para financiamento de atividades prioritárias, isenções, reduções ou deferimento 
temporário de tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas, além de prioridade nos 
investimentos de infra-estrutura em áreas sujeitas a secas periódicas. A Região de 
Desenvolvimento mais conhecida é a SUDENE - Superintendência do Desenvolvimento do 
Nordeste, criada pela Lei n.º 3.692/59.

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