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F8-Protecao-social

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Prévia do material em texto

PROTEÇÃO 
À VIDA
Mônica Sillan de Oliveira 
8
GRATUITA
Esta publicação 
não pode ser 
comercializada
III
REALIZAÇÃOAPOIO
Ilustração de 
Carlus Campos
Todos os direitos desta edição reservados à:
Fundação Demócrito Rocha
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora 
CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará 
Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148
fdr.org.br | fundacao@fdr.org.br
Copyright©2021 Fundação Demócrito Rocha
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR)
Presidência Luciana Dummar
Direção Administrativo-Financeira André Avelino de Azevedo
Gerência Geral Marcos Tardin
Gerência Editorial e de Projetos Raymundo Netto
Análise de Projetos Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis
SECRETARIA DE PROTEÇÃO SOCIAL, JUSTIÇA, CIDADANIA, MULHERES E DIREITOS HUMANOS (SPS)
Secretária de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos - SPS Socorro França
Coordenação Técnica PROARES III SPS Maria de Fátima Lourenço Magalhães
Gerência Técnica do PROARES III Anete Morel Gonzaga
Gerência de Fortalecimento Institucional do PROARES III Selma Maria Salvino Lôbo
UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE)
Gerência Pedagógica Viviane Pereira
Coordenação de Cursos Marisa Ferreira
Design Educacional Joel Lima
Front-End Isabela Marques
CURSO PROTEÇÃO SOCIAL: PROGRAMA INTEGRADO DE EDUCOMUNICAÇÃO
Concepção e Coordenação Geral Cliff Villar
Coordenação de Conteúdo Ana Lourdes Leitão
Revisão Daniela Nogueira
Projeto Gráfico, Edição de Design e Coordenação de Marketing Andrea Araujo
Design Mariana Araujo, Miqueias Mesquita e Kamilla Damasceno
Arte-terapia Joana Barroso
Ilustrações Ana Luiza Travassos de Oliveira Carvalho, Anny Rammyli Nascimento da Silva, Antônia Travassos de Oliveira 
Carvalho, Bárbara Vazzoler Villar, Beatriz Vazzoler Villar, Bernardo Saraiva Pinheiro, Davi Bogea Caldas, Fernanda Vitória 
de Almeida Matos, Francisco Mateus Braga da Silva, Guilherme Araújo Carvalho, João Vazzoler Villar, João Victor Batista 
Veloso, Júlia Nogueira de Holanda, Luanna Madureira Marques, Lucas Mesquita Mororó, Lucas Sobreira de Araújo, Maia 
Alease Lima Oliphant, Maria Clara Negreiros Lobo, Maria Júlia Sousa de Oliveira, Mariana Negreiros Lobo, Mariana 
Vazzoler Villar, Mateus Saldanha Félix, Maurício Rafael Cipriano Gomes, Rafaela Microni Santos, Thalita Sophia Moreira 
da Silva, Yasmin Microni Santos, Yasmin Monteiro Gomes Bezerra, com intervenção de Carlus Campos
Análise de Marketing Digital Fábio Júnior Braga
Este curso é parte integrante do Curso de Capacitação sob o tema PROTEÇÃO SOCIAL na modalidade 
de Educação a Distância (EaD), em decorrência do Contrato celebrado entre a Fundação Demócrito Rocha 
e a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos - SPS , sob o nº 143/20.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD 
Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410
P967 Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação / vários autores; organizado por Ana 
Lourdes Maia Leitão; vários ilustradores. - Fortaleza : Fundação Demócrito Rocha, 2021.
192 p. : il.; 26cm x 30cm. – (Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação ; 12v.)
Inclui bibliografia e apêndice/anexo.
ISBN: 978-65-86094-76-3 (Coleção)
ISBN: 978-65-86094-83-1 (Fascículo 8)
1. Direitos Humanos. 2. Políticas Públicas. 3. Assistência Social. 4. Drogas. 5. Igualdade Racial. 
6. Segurança Alimentar e Nutricional. 7. Proteção à Vida. 8. Direito das Mulheres. 9. População 
LGBTQIA+. 10. Pessoas com deficiência. I. Leitão, Ana Lourdes Maia. II. Título. III. Série.
 2021-1549 CDD 341.4
 CDU 341.4 
Índice para catálogo sistemático:
Direitos Humanos 341.4
Direitos Humanos 341.4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 
2 REFLEXÕES SOBRE PAZ E PROGRAMAS DE PROTEÇÃO À VIDA
3 BREVE ESTUDO SOBRE A MOTIVAÇÃO PARA A AMEAÇA À VIDA NO BRASIL
4 OS PROGRAMAS DE PROTEÇÃO À VIDA NO BRASIL E NO CEARÁ
REFERÊNCIAS
116
117
118
121
127
Ilustração de 
Carlus Campos
1 
116 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Ilustração de 
Carlus Campos
A vida é o bem mais precioso. Ter vida digna é o que todos nós desejamos. Este fascículo nos permite refletir sobre as motivações para atos aten-
tatórios à existência humana, sejam crianças 
e adolescentes, sejam defensores e testemu-
nhas. Conheceremos ainda a política de en-
frentamento à violência letal, por meio dos 
Programas de Proteção à Vida, em âmbito 
nacional e no estado do Ceará. 
Esperamos que o presente conteúdo con-
tribua com a disseminação dos Programas de 
Proteção e possibilite que eles se tornem mais 
acessíveis à população cearense. Neste caso, 
conhecimento pode significar salvar uma vida.
INTRODUÇÃO
2
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 117
Antes de adentrarmos no conteú-do pertinente aos programas de proteção à vida, apresenta-mos uma breve reflexão acerca 
dos motivos pelos quais eles existem no 
Brasil e no mundo. Para tanto, é oportu-
no que comecemos essa reflexão a partir 
da leitura de parte do discurso proferido 
pelo atual Dalai Lama por ocasião do re-
cebimento do prêmio Nobel da Paz em 
1989, quando ele explicita sua concepção 
REFLEXÕES SOBRE 
PAZ E PROGRAMAS 
DE PROTEÇÃO À VIDA
de paz, inspirando o mundo acerca da ne-
cessidade de colaborarmos com nossas 
atitudes individuais para um mundo mais 
pacífico. Ele não está isolado nessa forma 
de pensar a construção de um mundo 
pacífico, outros juntam-se à ideia de que, 
para construir um mundo em que as pes-
soas vivam pacificamente, há de existir 
dignidade, ou seja, prescinde um conjun-
to de fatores estruturais e conjunturais 
para que essa paz se concretize. 
“A paz, por exemplo, começa dentro de cada um de nós. Quando temos a paz interior, 
podemos estar em paz com os que estão à nossa volta. Quando a nossa comunidade está num 
estado de paz, ela pode partilhar essa paz com as comunidades vizinhas, e assim por diante. 
Quando sentimos amor e benevolência para com os outros, isso não faz apenas com que eles 
se sintam amados e respeitados, mas nos ajuda a desenvolver felicidade e paz interiores.” 
(14º DALAI LAMA, Tenzin Gyatso, líder espiritual do budismo tibetano, Discurso do Prêmio Nobel da Paz, 1989)
O fato é que o mundo ainda não é esse 
local pacífico, como desejam os pacifistas 
e como sonhamos e a que aspiramos. Ain-
da estamos num planeta em que crianças 
e adolescentes que tiveram seus direitos 
ameaçados ou violados, inclusive em ra-
zão de sua conduta (Estatuto da Criança 
e do Adolescente), pessoas que defendem 
direitos ou que testemunharam situações 
de violações de direitos passam a ser víti-
mas de ameaça de morte.
Você, neste momento, deve estar se 
perguntando: como é possível que crian-
ças, testemunhas e defensores, para ter 
direito a viver, precisem mudar sua forma 
de vida, como abandonar convivência fa-
miliar, deixar casa, escola, trabalho, ami-
gos, familiares, seu município e até seu 
estado de origem para sobreviver? 
Acredito que você deve concordar que 
a vida é o bem mais precioso. Essa con-
cepção é o fundamento para a existência 
dos programas de proteção à vida: em pri-
meiro lugar, proteger e garantir a integri-
dade física das pessoas. Trata-se de uma 
política pública de alta complexidade no 
seu modo de estrutura e de operacionali-
zação. Portanto, podemos dizer que se tra-
ta de programas radicais, porque exigem 
mudanças radicais nas vidas protegidas, 
para cumprir com seus objetivos. Trata-se 
de fenômeno complexo, que requer me-
didas complexas. Popularmente falando, 
dizemos que é “um mal necessário.”
3
118 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
BREVE ESTUDO 
SOBRE A MOTIVAÇÃO 
PARA A AMEAÇA 
À VIDA NO BRASIL
Em razão da cultura de violência em que vivemos, a vida,para alguns, pode ser banalizada. Temos acompanhado, notadamente pela mídia, episódios que alimentam a triste estatística da violência letal, no nosso estado, no 
país e no mundo. É importante conhecermos um pouco do con-
texto geral em que se encontram os seres humanos destinatários 
dos programas de proteção à vida.
3.1 SOBRE VÍTIMAS 
E TESTEMUNHAS 
QUEBRAREM A 
“LEI DO SILÊNCIO”
Você já deve ter tido a oportunidade de as-
sistir a alguma série ou filme que retrata a 
temática das pessoas que precisam ser co-
locadas em programa de proteção à vida, 
como forma de garantir a integridade do 
informante. Em algumas situações, os pro-
tegidos chegam a mudar identidade e são 
colocados em locais longe da incidência 
do ameaçador, mudando totalmente sua 
rotina. Na ficção isso parece ser algo muito 
simples, não é mesmo? 
No Brasil, assim como em vários paí-
ses, a colaboração de vítimas e teste-
munhas com investigação criminal pode 
ser fator para que elas ou seus parentes 
sofram perseguição, ameaça, represália, 
assassinato. Por medo, as pessoas não 
falam o que sabem, prevalecendo a “lei 
do silêncio”. Por outro lado, a ausência de 
provas torna os crimes impunes.
Não encontramos dados oficiais do nú-
mero de pessoas ameaçadas de morte no 
país em decorrência de terem sido vítimas 
ou testemunhas de crimes. Os registros 
pertinentes a essa ameaça são os casos 
que estão nos programas de proteção.
O Programa de Proteção a Testemunhas 
e Vítimas foi criado e implementado no ano 
de 1998, em Pernambuco, pelo Gabinete de 
Assessoria Jurídica às Organizações Popu-
lares (Gajop), organização da sociedade ci-
vil, à luz dos programas já existentes na Eu-
ropa. Somente depois, o programa passou 
a ser implementado por meio da criação de 
núcleos nos estados, pelo Governo Federal 
em 1999. Essa proteção está prevista no ar-
tigo 245 da Constituição de Federal de 1988.
Ilustração de Mateus 
Saldanha Felix com 
intervenção de 
Carlus Campos
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 119
Preconceito, discriminação e perseguição 
a militantes, defensores e ativistas dos di-
reitos humanos é algo presente no mundo 
todo. As pessoas denominadas defensores/
as de direitos humanos são aquelas que 
se propõem a resistir contra as injustiças 
e exigir políticas governamentais que ga-
rantam direitos fundamentais individuais e 
coletivos, por meio da participação em mo-
vimentos políticos, sociais e humanitários. 
Muitas pessoas não compreendem que 
defender direitos humanos significa defen-
der que os seres humanos tenham seus di-
reitos garantidos, independentemente de 
origem, idade, sexo, cultura, posição social, 
orientação sexual ou religiosa.
De acordo com o relatório da organi-
zação Frontline Defenders (2020), o Brasil 
se mantém na 4ª colocação no ranking 
mundial dos países que mais matam ati-
vistas e defensores, com 24 assassinatos, 
ao lado de Colômbia (64) e Filipinas (43). 
Dentre as 24 vítimas letais, despontam 
10 indígenas, confirmando que a maioria 
dos atentados ocorreu contra defensores 
das questões indígenas, de direito à ter-
ra e meio ambiente, também constatado 
pelo Comitê Brasileiro de Defensoras e 
Defensores de Direitos Humanos (2017). 
O que significa ser defensor/a de direi-
tos humanos? De acordo com a Organiza-
ção das Nações Unidas (ONU):
“toda pessoa (física ou jurídica), grupo social, 
instituição/organização social ou movimento 
social que promove, protege e garante os Di-
reitos Humanos e que em função dessas ativi-
dades encontra-se em situação de risco e/ou 
vulnerabilidade” (1998). 
São as pessoas que aumentam o cír-
culo de proteção para além dos seus afe-
tos e familiares e passam a se dedicar à 
defesa de uma causa de relevância hu-
manitária e por justiça social, a exemplo 
das/os que lutam pelos direitos econô-
micos, sociais e culturais e combatem 
toda forma de iniquidade, toda forma de 
discriminação, militam pela garantia do 
direito à vida digna às crianças, pessoa 
idosa, povos tradicionais, quilombolas, 
mulheres, LGBTQI+, povos indígenas e in-
cessante luta pela efetivação de um esta-
do democrático de Direito. 
Marielle Francisco da Silva, conhe-
cida como Marielle Franco, socióloga e 
vereadora do Rio de Janeiro pelo Partido 
Socialismo e Liberdade (Psol), foi morta 
no dia 14 de março de 2018 por autoria, 
até a atual data, desconhecida e sem pu-
nição. A ativista lutava pelas pautas em 
defesa dos direitos da população LGBTI e 
das mulheres pretas e faveladas. O Caso 
Marielle junta-se ao de muitos outros ati-
vistas, que tiveram igualmente suas vidas 
ceifadas em decorrência das suas lutas: 
Chico Mendes, Irmã Dorothy, Emyra Wa-
jãpi, e mais cerca de 700 ativistas desde o 
início deste século.
A quem a luta dos defensores de di-
reitos humanos incomoda? Empresas 
transnacionais, grandes grupos econô-
micos (mineradoras, construtoras etc.), 
agronegócio, grupos de milícias, adep-
tos de grupos ultraconservadores e atu-
almente, grupos extremistas políticos, 
dentre outros. 
3.2 SOBRE A PERSEGUIÇÃO CONTRA 
DEFENSORES DE DIREITOS HUMANOS
Ilustração de Mateus 
Saldanha Felix com 
intervenção de 
Carlus Campos
120 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
A partir da década de 1980 as causas ex-
ternas (homicídio, acidente por transporte 
e suicídio) passaram progressivamente a 
ocupar as razões da mortalidade juvenil, 
responsáveis por mais da metade (52,9%) 
do total de mortes dos jovens do País. A 
partir de 2011, esse percentual só vem se 
elevando. Foram 18.436 crianças e jovens 
(de 11 a 19 anos de idade) mortos, ou seja, 
51 assassinatos a cada dia, o que represen-
ta oito chacinas da Candelária diariamente. 
Essa violência letal tem um público per-
fil “alvo” prioritário: sexo masculino, raça 
negra, faixa etária entre 15 e 17 anos, com 
ensino fundamental incompleto, morador 
da capital, que tem a genitora como prin-
cipal referência familiar, renda familiar de 
até um salário mínimo, e a ameaça se deve 
ao envolvimento com o tráfico e o desafio 
mais atual – as facções criminosas. A leta-
lidade da população adolescente/jovem 
“apresenta taxa de óbitos por agressão por 
100 mil habitantes de 30,0 para brancos, 
contra 82,0 para pretos ou pardos, uma 
taxa que chega a ser 2,7 vezes maior do que 
a para brancos em 2010.” (p. 219).
O Relatório sobre Violência Letal con-
tra as Crianças e Adolescentes do Brasil, 
elaborado pela Faculdade Latino-Ameri-
cana de Ciências Sociais (Flacso), Brasil 
(2015), relata que: 
“(...) a cada 24 horas, 29 crianças e adoles-
centes entre 1 e 19 anos de idade são assas-
sinados no Brasil. A grande maioria das víti-
mas é negra. Ao final de um ano, a contagem 
chega a 10.520 vítimas fatais. Se contarmos 
o período entre 1980 a 2013 este número 
cresceu 475%, e segue em tendência de 
alta”. (Fórum Social Mundial – 2018)
De acordo como a última edição do Ín-
dice de Homicídios na Adolescência (IHA), 
entre 1996 e 2017, 191 mil crianças e ado-
lescentes de 10 a 19 anos foram vítimas 
de homicídio no Brasil. A Região Nordeste 
apresentou o índice mais elevado: 6,50. 
Dentre os estados, destaca-se o Ceará em 
primeiro (1º) lugar no ranking nacional.
Esta letalidade é resultante da soma de 
inúmeros fatores de risco, como a fragili-
dade nas políticas públicas para infância e 
juventude em todas as setoriais (educação, 
lazer, cultura, emprego e renda), discrimi-
nações territoriais, desigualdade de ren-
da, e crise na saúde mental jovem, com o 
avanço do crack/outras drogas e do tráfico 
de drogas na capital, corroborando com a 
ótica apresentada pelo documento Juven-
tudes e infancias en el escenario latinoame-
ricano y caribeño actual (CLACSO, 2018). 
Essas e outras informações, de maneira signi-
ficativa, revelam que violência, em especial o 
homicídio por arma de fogo tem predominân-
cia entre jovens, negros, pobres e moradores 
de zonas periféricas. Por essa razão, fica evi-
dente ser o mesmo impeditivo que parcela 
significativa dos jovens brasileirosusufrua dos 
avanços sociais e econômicos alcançados na 
última década. Ao mesmo tempo, evidenciava 
o fracasso de toda sociedade em aproveitar o 
potencial de talentos desaparecido como a 
morte de jovens. (Feffermann et. al, 2018, p.71)
3.3 SOBRE A VIOLÊNCIA LETAL 
CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Figura 2: Índice de Letalidade de adolescentes por estado -IHA 2014
1º Ceará
2º Alagoas
3º Espírito Santo
4º Bahia
5º Rio Grande do Norte
6º Paraíba
7º Piauí
8º Sergipe
9º Maranhão
10º Goiás
12º Rio de Janeiro
25º São Paulo
8,71
8,18
7,79
7,46
7,40
6,44
5,57
5,38
5,01
4,71
4,28
1,57
Estados com IHA mais alto
4
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 121
OS PROGRAMAS 
DE PROTEÇÃO À VIDA 
NO BRASIL E NO CEARÁ
Os Programas de Proteção à Vida estão previstos tanto na Constituição Federal de 1988 como em decretos, leis fede-
rais e estaduais, que se fundamentam 
no Decreto Federal n.º 7.037/2009, o qual 
institui o Programa Nacional de Direitos 
Humanos 3 (PNDH 3):
“IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, 
Acesso à Justiça e Combate à Violência:
Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de 
crimes e de proteção das pessoas ameaçadas. 
Objetivo estratégico I: Instituição de um sistema 
federal que integre os programas de proteção.
Objetivo estratégico II: Consolidação da po-
lítica de assistência a vítimas e a testemu-
nhas ameaçadas.
Objetivo estratégico III: Garantia da proteção de 
crianças e adolescentes ameaçados de morte.
Objetivo estratégico IV: Garantia de proteção 
dos defensores de Direitos Humanos e de 
suas atividades.” (p. 130 – 133)
Por se tratar de um decreto, o PNDH 3 
tem caráter norteador e não obrigatório. 
Não se trata, portanto, de política de Esta-
do, podendo a qualquer tempo sofrer perda 
de efeito se assim desejarem o presidente 
da República e seus ministros ou ainda não 
ser cumprido na íntegra pelos governos es-
taduais. No estado do Ceará, o Sistema Es-
tadual de Proteção a Pessoas (Sepp) funda-
menta-se no referido Programa assim como 
nas demais normativas que embasam a 
existência dos programas de proteção.
Em nível federal, a organização dos 
programas de proteção também se dá 
dentro do Sistema Nacional de Proteção 
a Pessoas Ameaçadas, que se divide em 
três programas:
 • Programa Federal de Assistência 
a Vítimas e a Testemunhas Ame-
açadas – Provita (Lei Federal n.º 
9.807/1999, regulamentada pelo 
Decreto Federal n.º 3.518/2000);
 • Política Nacional de Proteção aos 
Defensores dos Direitos Humanos 
– PNPDDH (Decreto Federal n.º 
6.044/2007) e Programa de Prote-
ção aos Defensores de Direitos Hu-
manos – PPDDH (Decreto Federal 
n.º 8.724/2016);
 • Programa de Proteção a Crianças 
e Adolescentes Ameaçados de 
Morte – PPCAAM (Decreto Presi-
dencial 6.231/2007; Decreto Fede-
ral n.º 9.579/2018 -vigente) – Cria-
do em 2003.
Ilustração de Thalita 
Sophia Moreira da Silva 
com intervenção de 
Carlus Campos
122 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
ticas, atos normativos, projetos e programas 
destinados à prestação de proteção especiali-
zada, diferenciada, complementar e subsidiária 
às vítimas e testemunhas, aos defensores de di-
reitos humanos, às crianças e aos adolescentes 
ameaçados de morte, e aos seus familiares, aos 
servidores públicos civis e militares ameaçados 
ou vítimas de violência, e a suas famílias, e de-
mais pessoas ameaçadas, tendo como objetivo 
a integração e o fortalecimento dos Programas 
de Proteção e do Centro de Referência e Apoio 
à Vítima de Violência e o fiel cumprimento dos 
fins a que se destinam. (Art. 1)
O Sepp é composto pelos seguintes 
programas de proteção à vida:
 • Programa de Proteção a Vítimas e 
a Testemunhas Ameaçadas no Es-
tado do Ceará – Provita/CE;
 • Programa Estadual de Proteção 
aos Defensores dos Direitos Huma-
nos – PEPDDH/CE;
 • Programa de Proteção a Crianças e 
Adolescentes Ameaçados de Morte 
– PPCAAM/CE;
 • Programa de Proteção Provisória 
(PPpro). 
Além dos quatro programas de pro-
teção, o Sepp tem em sua composição o 
Programa Estadual de Apoio à Vítima de 
Violência e o Centro de Referência e Apoio 
à Vítima de Violência – Cravv (Lei Estadual 
n.º 14.215/2008). O Cravv tem por finali-
dade dar apoio psicossocial e orientação 
jurídica às vítimas, além de “apoiar ações 
governamentais que busquem a redução 
dos efeitos traumáticos da violência 
sofrida, com o intuito de romper os ciclos 
de violência”. (Art. 15)
O Sistema conta ainda com o Comitê 
Estadual de Proteção a Pessoas – Coepp, 
“órgão colegiado de caráter normativo, 
consultivo, articulador e orientador, 
responsável pelo fortalecimento do 
Sistema Estadual de Proteção a Pessoas” 
(Art. 7º). Esse Comitê é composto de for-
ma mista por representações, integrando 
secretarias, conselhos gestores dos pro-
gramas de proteção, entidades executo-
ras, coordenações das equipes, além dos 
conselhos estaduais dos direitos humanos 
e da criança e do adolescente.
Importante ressaltar que todos os pro-
gramas de proteção no Ceará, com exce-
ção do PPpro, são executados de forma 
tripartite, congregando a parceria entre 
governos Federal e Estadual e organização 
da sociedade civil.
O Sistema Estadual de Proteção a Pes-
soas do Estado do Ceará (Sepp), criado pela 
Lei n.º 16.962/19, além dos três programas, 
também existentes no sistema federal, tem 
um quarto programa de proteção em caráter 
provisório. O Sepp constitui-se como:
“[...] conjunto articulado de órgãos e entidades 
da Administração Pública direta e indireta e da 
sociedade civil, ações, serviços, planos, polí-
Ilustração de 
Bernardo Saraiva 
com intervenção de 
Carlus Campos
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 123
O Provita foi o primeiro programa a ser 
criado e implementado em nível nacional 
e estadual. No Ceará foi implementado, 
mediante Lei Estadual n.º 13.193, de 10 de 
janeiro de 2002, regulamentada pelo De-
creto Estadual n.º 26.721, de 20 de agosto 
de 2002, e suas alterações, tendo por fina-
lidade aplicar medidas de proteção para 
“vítimas ou por testemunhas de crimes que 
estejam coagidas ou expostas a grave ame-
aça em razão de colaborarem com a inves-
tigação ou processo criminal.” (Art. 2º)
Para inclusão, é procedida avaliação 
prévia, por equipe técnica qualificada (assis-
tente social, psicólogo e advogado) para esse 
fim, considerando os seguintes aspectos:
 • a gravidade da coação ou da amea-
ça à integridade física ou psicológi-
ca da vítima ou testemunha;
 • a dificuldade de preveni-las ou repri-
mi-las pelos meios convencionais e
 • a sua importância para a produção 
da prova no processo.
A inclusão é voluntária, mas as normas 
estabelecidas precisam ser cumpridas, so-
bretudo as de segurança. Do contrário, a 
pessoa não poderá permanecer no Progra-
ma. A proteção, além de atender à pessoa 
diretamente ameaçada, pode ser esten-
dida aos familiares e seus dependentes, 
desde que tenham convivência com a/o 
ameaçada/o. O Programa não se aplica a 
condenados em cumprimento de pena, in-
diciados ou acusados sob prisão cautelar. 
O ingresso pode ser feito pelas seguin-
tes vias: 
 • Interessado;
 • Ministério Público;
 • Autoridade policial que conduz a 
investigação criminal;
 • Juiz competente para a instrução 
do processo criminal;
 • Órgãos públicos e entidades com 
atribuições de defesa dos Direitos 
Humanos.
O Provita dispõe de nove medidas que 
podem ser aplicadas isolada ou cumulati-
vamente, dependendo de cada caso e de 
sua gravidade, conforme medidas cons-
tantes no Art. 8º, a seguir: 
I - segurança na residência, incluindo o con-
trole de telecomunicações;
II - escolta e segurança nos deslocamentos da 
residência, inclusive para fins de trabalho ou 
para prestação de depoimentos;
III - transferência de residência ou acomo-
dação provisória em local compatível com a 
proteção;
IV - preservação da identidade da imagem e 
dados pessoais;
V - ajuda financeira mensal para prover as des-
pesas necessárias a subsistência individualou 
familiar no caso de a pessoa protegida estar 
impossibilitada de desenvolver trabalho regular 
ou de inexistência de qualquer fonte de renda;
VI - suspensão temporária das atividades 
funcionais sem prejuízo dos respectivos ven-
cimentos ou vantagens quando servidor pú-
blico ou militar, do Estado do Ceará;
VII - apoio e assistência social, médica e 
psicológica;
VIII - sigilo em relação aos atos praticados em 
virtude da proteção concedida;
IX - apoio da Secretaria da Justiça e Cidadania 
para o cumprimento das obrigações civis e 
administrativas que exijam o comparecimen-
to pessoal; (CEARÁ, 2002)
O atendimento é feito processualmen-
te, seguindo o seguinte formato: (1) Pré-
-Triagem; (2) Inclusão (mediante Parecer 
Técnico Interdisciplinar da equipe técnica 
e deliberação do Conselho Deliberativo do 
Provita-CE – Condel-CE); (3) Atendimento 
aos usuários; (4) Desligamento. 
A inclusão no Programa depende da 
anuência da pessoa, ocorrendo a desis-
tência por causa das normas rígidas. De-
pendendo do grau de ameaça, pode ser 
necessária mudança de identidade, inclu-
sive com alteração do nome. Geralmente 
há mudança de endereço, e o protegido 
pode receber ajuda financeira mensal-
mente, nas situações em que esteja im-
possibilitado de trabalhar. Há ainda apoio 
social e assistências médica e psicológica.
4.1 PROGRAMA ESTADUAL DE PROTEÇÃO A VÍTIMAS 
E A TESTEMUNHAS AMEAÇADAS – PROVITA/CE
Ilustração de 
Bernardo Saraiva 
com intervenção de 
Carlus Campos
SAIBA MAIS
Conheça as principais 
garantias previstas na 
Constituição Federal, essenciais 
para o exercício da cidadania.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 
03/constituicao/constituicao.htm
124 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
4.2 PROGRAMA ESTADUAL DE PROTEÇÃO AOS DEFENSORES 
E DEFENSORAS DOS DIREITOS HUMANOS – PEPDDH/CE
Este Programa foi implementado no Cea-
rá, mediante Decreto Estadual n.º 31.059, 
de 22 de novembro de 2012 e suas altera-
ções, apresentando um diferencial e gran-
de desafio, em relação aos demais progra-
mas de proteção, porque visa: 
[...] garantir a continuidade do trabalho do 
defensor, que promove e protege os direitos 
humanos, e, em função de sua atuação e ati-
vidade nessas circunstâncias, encontra-se em 
situação de risco ou vulnerabilidade ou sofre 
violação de seus direitos. (Art. 2)
Garantir proteção para que a “voz” 
do/a defensor/a (pessoa física ou jurídica) 
continue a reverberar, quando ela/e é alvo 
de atos que atentam contra sua integrida-
de física, psíquica, moral ou econômica e 
contra suas liberdades e das pessoas do 
seu convívio, com a intencionalidade de 
impedir sua militância. 
O PPDDH executa uma dupla missão: a de 
proteger a vida da Liderança Política Comuni-
tária mais a proteção de seu trabalho e de sua 
atuação no próprio local de luta e defesa dos 
Direitos Humanos - que se estende também a 
comunidade onde atua e exerce a liderança. 
[...] (SEDH/MJC, 2016).
Considera-se ser “caso” do PEPDDH/CE 
a situação em que se constata gravidade da 
coação ou da ameaça, sem condições de 
prevenção ou repressão por esforços pró-
prios ou quando mecanismos convencio-
nais de segurança pública não solucionam.
Vejamos as medidas aplicadas pelo 
Programa:
“O PEPDDH/CE compreende, entre outras, 
as seguintes medidas, aplicáveis isolada ou 
cumulativamente, em benefício do defensor 
dos direitos humanos, de acordo com as es-
pecificidades de cada caso: 
I - articulação com os órgãos envolvidos na 
solução das ameaças; 
II - acompanhamento de investigações e de-
núncias; 
III - adoção de medidas visando à superação 
das causas estruturais que levaram à inclusão 
no PEPDDH/CE; 
IV - preservação do sigilo da identidade, ima-
gem e dados pessoais; 
V - viabilização de apoio e assistência social, 
médica, psicológica e jurídica; 
VI - ajuda de custo provisória, caso o defensor 
dos direitos humanos esteja impossibilitado 
de desenvolver trabalho regular em função 
das razões que motivaram sua inclusão no 
Programa, constatada a inexistência de qual-
quer fonte de renda; 
VII - apoio para o cumprimento de obrigações 
civis e administrativas que exijam compareci-
mento pessoal; 
VIII - suspensão temporária das atividades 
funcionais, sem prejuízo dos respectivos ven-
cimentos ou vantagens, quando servidor pú-
blico civil ou militar estadual; 
IX - transferência de residência ou acomoda-
ção provisória em local sigiloso, compatível 
com a proteção; 
X - promoção de capacitação do defensor 
para sua autoproteção; 
XI - articulação de audiências públicas para 
solução de conflitos; 
XII - divulgação do trabalho do defensor dos 
direitos humanos e do Programa; 
XIII - fornecimento, instalação e manutenção de 
equipamentos para a segurança pessoal, da sede 
da pessoa jurídica ou do grupo a que pertença; 
XIV - viabilização de proteção policial, em casos 
excepcionais;” (CEARÁ, 2012, Art.15, grifo nosso)
Essas medidas de proteção são exe-
cutadas a partir da articulação entre um 
conjunto de órgãos e sistemas (setoriais, 
conselhos e órgãos públicos) que devem 
atuar na origem e nas causas estruturais 
das ameaças, visando cessá-las. 
Importante ressaltar que um dos me-
canismos de fortalecimento do ativismo 
do defensor dos direitos humanos con-
siste em dar visibilidade, mobilizando a 
opinião pública, conquistando adesão e 
empoderamento da causa, e trazendo 
repercussão social impactante na 
vida da/o ativista (defensor/a).
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 125
4.3 PROGRAMA ESTADUAL DE PROTEÇÃO A CRIANÇAS 
E ADOLESCENTES AMEAÇADOS DE MORTE – PPCAAM/CE
O Programa Estadual de Proteção a Crian-
ças e Adolescentes Ameaçados de Morte – 
PPCAAM/CE foi o último programa de pro-
teção a ser implementado no Estado. Sua 
implementação foi fruto de esforços em-
preendidos pelos órgãos que compõem o 
Sistema de Garantia dos Direitos da Crian-
ça e do Adolescente (SGD), por meio de 
seminários e audiências públicas, dentre 
outros mecanismos. 
É o Programa que guarda mais espe-
cificidades, por se tratar de mecanismo 
de proteção à vida de crianças e adoles-
centes, considerando: (1) sua condição 
peculiar de pessoa em desenvolvimen-
to, (2) ser sujeito de direitos, (3) desti-
natária de proteção integral, (4) com 
absoluta prioridade, conforme Lei Fe-
deral nº 8.069/1990. 
Em âmbito federal, criado em 2003, 
como estratégia de enfrentamento à vio-
lência letal infantojuvenil. No Ceará foi 
instituído a partir do Decreto Estadual n.º 
31.190, de 15 de abril de 2013, e imple-
mentado por meio da parceria tripartite 
entre Governo Federal, Secretaria de Jus-
tiça e Cidadania (Sejus-CE), e organização 
da sociedade civil Frente de Assistência à 
Criança Carente (FACC), responsável pela 
gestão até o ano de 2020. 
O PPCAAM/CE tem por objetivo: 
[...] a proteção da integridade física e psico-
lógica, acompanhamento psicossocial e jurí-
dico, bem como a reinserção social em local 
seguro de crianças e adolescentes ameaçados 
de morte, ou em risco de serem vítimas de ho-
micídio, e de seus familiares, podendo rece-
ber casos de permuta de outros PPCAAM’s das 
Unidades Federativas. (CEARÁ, 2013, Art. 2º)
A “porta de entrada” da criança ou 
adolescente no Programa pode ocorrer 
pelos seguintes órgãos de defesa:
 • Conselho Tutelar;
 • Defensoria Pública;
 • Ministério Público;
 • Poder Judiciário.
Importante ressaltar que a atuação da 
Defensoria Pública, enquanto solicitante, 
é iniciativa do Programa no Ceará, sendo 
adotada posteriormente em nível federal. 
O Programa dispõe de uma equipe alta-
mente qualificada, composta por assisten-
te social, psicólogo, advogado e educador 
social, além de uma Coordenação Técnica, 
que acompanha as ações programáticas. O 
trabalho toma por referência os protoco-
los internacionais pactuados pelo Brasil, 
além das normativas nacionais, estaduais 
e Guias de Procedimentos estabelecidos 
pela Coordenação Nacional de Proteção 
de Crianças e Adolescentes Ameaçados de 
Morte, hoje incorporado ao Ministério daMulher, da Família e dos Direitos Humanos. 
Sob a responsabilidade dessa equipe, está 
a de analisar e emitir parecer acerca da in-
clusão ou não da criança ou do adolescen-
te, observando os seguintes critérios:
I - a urgência e a gravidade da ameaça;
II - a situação de vulnerabilidade do ameaçado;
III - o interesse do ameaçado;
IV - outras formas de intervenção mais 
adequadas;
V - a preservação e o fortalecimento do 
vínculo familiar.
(CEARÁ, 2013, Art. 6º) 
Dentre as ações do Programa, a primor-
dial diz respeito à retirada da criança e/ou 
adolescente (em situação de ameaça) do 
local de risco, colocando-o numa condição 
de proteção. Essa proteção precisa cumprir 
ao que preceitua o Estatuto da Criança e 
do Adolescente (Lei Federal nº 8.069/1990), 
ainda que, para que isso ocorra, faça-se ne-
cessária a perda de alguns direitos, como a 
convivência familiar e comunitária. 
Ilustração de 
Carlus Campos
126 | Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Embora a prioridade para inclusão 
no Programa seja a modalidade familiar 
(acompanhado de todos os membros da 
família), há casos em que a família apre-
senta impedimento e/ou implicações para 
essa mudança brusca de território, traba-
lho, vida escolar dos demais membros, 
fragilidade dos vínculos, dentre outras 
inúmeras situações que acarretam a colo-
cação na modalidade de acolhimento ins-
titucional, desde que não se obtenha êxito 
sequer na colocação em família extensa. 
A partir do momento em que é dado esse 
passo no fluxo de atendimento, considera-
-se que a criança/adolescente sai da situ-
ação de ameaça e passa a estar em prote-
ção e, portanto, em “reinserção social”. 
Para essa reinserção social acontecer 
de fato, o PPCAAM encaminha os protegi-
dos para equipamentos da rede de prote-
ção local, quais sejam: escola, Centro de 
Referência da Assistência Social, posto de 
saúde, rede de acolhimento institucional, 
emprego (nos casos elegíveis) etc. Nes-
se aspecto, configura-se grande desafio 
o atendimento qualificado, à luz do que 
apregoa o Estatuto, bem como a Resolução 
113/2006 do Conselho Nacional dos Direi-
tos da Criança e do Adolescente (Conanda), 
no que remete ao trabalho intersetorial 
que deve ocorrer entre os órgãos. Concebi-
da a intersetorialidade do seguinte modo: 
A política de atendimento dos direitos da crian-
ça e do adolescente far-se-á através de um con-
junto articulado de ações governamentais e 
não-governamentais, da União, dos estados, do 
Distrito Federal e dos municípios. (Art. 86).
O Sistema de Garantia dos Direitos da Crian-
ça e do Adolescente constitui-se na articu-
lação e integração das instâncias públicas 
governamentais e da sociedade civil, na 
aplicação de instrumentos normativos e no 
funcionamento dos mecanismos de promo-
ção, defesa e controle para a efetivação dos 
direitos humanos da criança e do adolescen-
te, nos níveis Federal, Estadual, Distrital e 
Municipal. (Art. 1º, grifos nossos)
No tocante ao acolhimento institucio-
nal de crianças e adolescentes incluídos no 
PPCAAM, por muitas vezes, dada a situação 
da ameaça, precisam ser atendidos em ter-
ritório diferente da sua origem. Para isso, 
busca-se a Central de Vagas de acolhimento 
institucional (Política Estadual da Assistên-
cia Social). Essa prática respalda-se na Re-
solução Conjunta nº 2, de 16 de setembro de 
2010, do Conselho Nacional da Assistência 
Social – CNAS/ Conselho Nacional dos Direi-
tos da Criança e do Adolescente – Conanda:
[...] podem ser firmados acordos formais en-
tre municípios de diferentes regiões, a fim de 
viabilizar a transferência da criança ou ado-
lescente ameaçado para outro município, de 
modo a possibilitar seu acolhimento em ser-
viços distantes de sua comunidade de origem 
e, assim, facilitar a sua proteção. (Art. 1º.) 
Ainda assim, algumas unidades re-
latam temor em receber os casos por 
questões de segurança na própria unida-
de. Todavia, seguindo o mapa de risco, a 
equipe técnica do Programa somente faz 
a colocação de um protegido numa uni-
dade de acolhimento quando aquele lo-
cal não oferece risco.
4.4 PROGRAMA DE PROTEÇÃO 
PROVISÓRIA (PPpro) 
O PPpro foi criado no fim de 2020, após 
amplo processo de debate com órgãos 
da garantia dos direitos humanos e prin-
cipalmente os envolvidos nos programas 
de proteção, que deparam com a proble-
mática do tempo de espera para aplica-
ção dos procedimentos avaliativos, que 
determinem ou não a inclusão nos pro-
gramas de proteção. 
A questão girava em torno de encon-
trar um mecanismo de proteção emer-
gencial para casos que prescinde o afas-
tamento urgente do local da ameaça, ao 
mesmo tempo em que, para ingressar em 
quaisquer dos três programas de prote-
ção, faz-se necessário seguir todo o pro-
tocolo dos guias e normativas. 
A solução foi a criação de um “progra-
ma que garante atendimento provisório 
e emergencial a pessoas em situação de 
ameaça de morte, independentemente do 
perfil (defensores; crianças e adolescentes; 
e vítimas e testemunhas)”. Trata-se de uma 
experiência piloto, jamais implementada 
no país, contando com recurso exclusiva-
mente do Governo do Estado do Ceará. 
O programa conta com uma equipe 
exclusiva, plantonista, que atenderá as 
demandas oriundas do Sistema de Jus-
tiça, autoridades policiais, conselheiros 
tutelares e órgãos de defesa dos direitos 
humanos. As situações serão avaliadas 
e os casos elegíveis serão colocados em 
proteção provisória durante 30 dias, 
prorrogáveis mediante parecer da equi-
pe. Durante esse intervalo, o caso será 
estudado pela equipe do Programa que 
a situação melhor se adapte. A previsão 
é de atendimento de 80 pessoas por ano. 
(https://www.ceara.gov.br/)
Ilustração de Yasmin 
Monteiro Gomes Bezerra 
com intervenção de 
Carlus Campos
Curso Proteção Social: Programa Integrado de Educomunicação | 127
INFORMAÇÕES 
IMPORTANTES
Na SPS, o Núcleo de Apoio aos 
Programas de Proteção (Napp), 
vinculado à Coordenadoria de 
Cidadania, é o setor responsável 
pela gerência dos programas que 
são executados por organizações da 
sociedade civil selecionadas por edital 
de chamamento público. 
O Núcleo de Assessoria dos Programas 
de Proteção tem por objetivo 
assessorar e fornecer suporte técnico 
para os programas de proteção do 
âmbito do Estado, fortalecendo o 
diálogo entre os programas para 
integrá-los com o Sistema de Segurança 
Pública e o Sistema de Justiça 
e a rede socioassistencial. 
A inserção nesses programas ocorre 
a partir de indicação da Ouvidoria 
Estadual de Direitos Humanos, 
Ministério Público, Defensoria Pública, 
pelo Centro de Referência e Apoio à 
Vítima de Violência e pelo próprio Napp, 
estes dois últimos ligados à SPS.
Informações: (85) 98895-5571 
e napp.sps@sps.ce.gov.br
BRASIL. Lei Federal Nº 8.069, de 13 de julho 
de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. 
1990. Brasília. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso 
em: 28 fevereiro 2021.
BRASIL. Secretaria Especial dos Direitos Humanos 
da Presidência da República. B823 Programa 
Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) / 
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da 
Presidência da República - Brasília: SEDH/PR, 
2009 224p.: il. 1. Direitos Humanos – Brasil I. Título
CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA 
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (Brasil). 
Resolução nº 113, de 19 de abril de 
2006. Dispõe sobre os parâmetros para a 
institucionalização e fortalecimento do 
Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e 
do Adolescente. Brasília, 2006. Disponível em: 
<http://www.mprs.mp.br/infancia/legislacao/
id2410.htm>. Acesso em: 20 maio 2014.
CEARÁ. Lei n.º 16.962, de 27 de agosto de 
2019. Dispõe sobre a criação do Sistema 
Estadual de Proteção a Pessoas do Estado do 
Ceará – SEPP. Fortaleza. 2019. Disponível em: < 
https://belt.al.ce.gov.br/index.php/legislacao-
do-ceara/organizacao-tematica/defesa-social/
item/6740-lei-n-16-962-27-08-19-d-o-28-08-19>. 
Acesso em: 28 fevereiro 2021.
Referências 
Ilustração de Yasmin 
Monteiro Gomes Bezerracom intervenção de 
Carlus Campos
CEARÁ. Decreto Estadual n.º 26.721, de 20 
de agosto de 2002. Regulamenta o Programa 
Estadual de Proteção a Vítimas e a Testemunhas 
Ameaçadas – Provita/CE, e suas alterações. 
Fortaleza. 2002. Disponível em: < https://www.
jusbrasil.com.br/diarios/5375637/pg-1-caderno-
unico-diario-oficial-do-estado-do-ceara-doece-
de-23-08-2002>. Acesso em: 28 fevereiro 2021.
CEARÁ. Decreto Estadual n.º 31.059, de 22 de 
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de Proteção aos Defensores e Defensoras dos 
Direitos Humanos – PEPDDH/CE. Fortaleza. 2012. 
Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/
diarios/43615518/doece-caderno-unico-27-11-
2012-pg-4 >. Acesso em: 28 fevereiro 2021.
CEARÁ. Decreto Estadual n.º 31.190, de 15 
de abril de 2013, que institui o Programa 
Estadual de Proteção a Crianças e Adolescentes 
Ameaçados de Morte – PPCAAM/CE. Fortaleza. 
2013. Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.
br/diarios/53304355/doece-caderno-1-18-04-2013-
pg-1 >. Acesso em: 28 fevereiro 2021.
ONU Brasil. Dez faces da luta pelos Direitos 
Humanos no Brasil. Brasília. 2012. Disponível 
em: <https://www.yumpu.com/pt/document/
read/14698417/dez-faces-da-luta-pelos-
direitos-humanos-no-brasil-onu-brasil >. Acesso 
em: 28 fevereiro 2021.
Fonte: https://www.sps.ce.gov.br/secretarias-
-executivas/cidadania-e-dh/coordenadoria-
-de-cidadania/programas-de-protecao-a-
-pessoa-ameacada/
III
REALIZAÇÃOAPOIO
Autora
Mônica Sillan de Oliveira
É graduada em Serviço Social pela Universidade 
Estadual do Ceará (1998), Mestra em Planejamento 
e Políticas Públicas – Uece (2014) e Especialista 
em Infâncias e Juventudes pelo Consejo 
Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO 
Buenos Aires, 2019). É coordenadora geral da OSC 
– Frente de Assistência à Criança Carente – FACC, 
consultora em Políticas Públicas para Garantia dos 
Direitos Humanos e Sociais e professora conteudista 
das Escolas de Conselhos do Ceará (Idesco/Uece) e 
da Amazônia Legal (Instituto Federal de Rondônia 
(2015-2019). É atual presidenta (2019-2021) e ex-
presidenta (2012-2014) do Conselho Estadual dos 
Direitos da Criança e do Adolescente-CE. Presidiu 
o Conselho Municipal de Assistência Social de 
Fortaleza. É consultora do “Diagnóstico da situação 
de atenção às crianças na primeira infância no 
Sistema de Justiça brasileiro”, pelo Programa das 
Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud/
ONU) e Conselho Nacional de Justiça (2020/2021), 
consultora do Sistema de Informação para Infância 
e Adolescência (Sipia CT Web) pelo Programa das 
Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud/
ONU) para a Secretaria de Direitos Humanos da 
Presidência da República (2013/2014) e ex-membro 
e coordenadora pela Região Nordeste e cofundadora 
do Fórum Nacional das Entidades Gestoras do 
Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes 
Ameaçados de Morte (PPCAAM). Membro do Comitê 
Estadual de Proteção a Pessoas (Coepp), e professora 
tutora do curso “O Conselho Tutelar no combate ao 
Trabalho Infantil”, pela Escola Superior do Ministério 
Público da União (2017 e 2018). É diretora de Projetos 
da Associação de Ex-Conselheiros e Conselheiros da 
Infância (AECCI) do Rio de Janeiro. 
Ilustradores (as)
Desenhos originais das crianças Ana Luiza Travassos 
de Oliveira Carvalho, Anny Rammyli Nascimento da 
Silva, Antônia Travassos de Oliveira Carvalho, Bárbara
Vazzoler Villar, Beatriz Vazzoler Villar, Bernardo 
Saraiva Pinheiro, Davi Bogea Caldas, Fernanda Vitória 
de Almeida Matos, Francisco Mateus Braga da Silva,
Guilherme Araújo Carvalho, João Vazzoler Villar, João 
Victor Batista Veloso, Júlia Nogueira de Holanda, 
Luanna Madureira Marques, Lucas Mesquita Mororó,
Lucas Sobreira de Araújo, Maia Alease Lima Oliphant, 
Maria Clara Negreiros Lobo, Maria Júlia Sousa de 
Oliveira, Mariana Negreiros Lobo, Mariana Vazzoler
Villar, Mateus Saldanha Félix, Maurício Rafael 
Cipriano Gomes, Rafaela Microni Santos, Thalita 
Sophia Moreira da Silva, Yasmin Microni Santos, 
Yasmin Monteiro Gomes Bezerra, que participaram 
da Oficina de Ilustração com Joana Brasileiro
Barroso, com intervenção artística de Carlus Campos.
Ilustração de 
Thalita Sophia 
Moreira da Silva 
com intervenção de 
Carlus Campos

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